“Tempo Bom”: de Fortaleza a Porto Alegre, eis o Monobloco em ação

curitiba-zona-sul

A.V.N.S. Carmo, Zona Sul de Curitiba. Veja matéria completa dos ônibus da cidade na década de 80.

INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO

Por Maurílio Mendes, “O Mensageiro”

Publicado em 10 de agosto de 2014

Mais uma mensagem mostrando ônibus antigos. No pé da mensagem, e ao longo dela, ligações pra outras com o mesmo tema.

Aqui não vamos ver não qualquer ônibus, e sim o “Clássico dos Clássicos”, o Monobloco Mercedes-Benz.

carris poa porto alegre monob anos 70 buso livre t1

Anos 70, Porto Alegre: M1 da Carris ainda na pintura livre. Na linha T1 (Transversal 1) que equivale ao Interbairros 1 de Ctba., liga os bairros sem passar pelo Centro.

………

Imagens baixadas da internet, mantive os créditos sempre que impressos nas mesmas.

……….

Vamo que vamo.

Houveram 3 modelos de Monobloco.

Houve mais, mas me atenho aos que foram produzidos a partir dos anos 70.

Goiânia, 1977, 1ª padronização de pintura. Monobloco da Araguarina (ao lado de uma jardineira da Transurb). Nessa outra matéria, além ônibus, centenas de caminhões Mercedes em todos os continentes. A direita: Mono da HP na mesma cidade e época.

E portanto circularam até os anos 80, me sendo então possível ver ao vivo, e não somente por fotos.

Há um modelo mais redondo, com dois faróis de cada lado.

Fabricado no fim dos anos 60 e por boa parte dos 70, a Mercedes o chama de 0-362.

Por esse critério é o ‘Monobloco 1’, visto ao lado e nas duas fotos acima.

O que tem apenas um farol de cada lado é o ‘Monobloco 2’, oficialmente numerado 0-364 e 0-365.

Aquele feito do finzinho da década de 70 até quase toda a década de 80, visto abaixo em Maceió.  

O povão não gostou do desenho da Mercedes, e mudou por conta.

Houve ainda o 3, com dois faróis quadrados de cada lado, a Mercedes o denominava 0-371.

(Houve ainda uma última leva que tinha o mesmo desenho de carroceria, mudava apenas o farol que era redondo, esse era o 0-400.)

Tanto o 0-400 quanto o 0-371 são o ‘Monobloco 3’, repetindo.

Esse não retratei nessa mensagem porque é mais recente, feito do fim da década de 80 até o meio da de 90. Mas você pode vê-lo nessa outra postagem.

Brasília: ônibus executivos (modelos de viagem) nos anos 80. Vários Monoblocos, e ao centro um Marcopolo. Os ‘Faixa Azul’ ficavam no Plano Piloto, os de faixa laranja/marrom iam pras cidades-satélites (nesse momento a pintura dessa categoria especial, mais cara, já era a padronização EBTU, igual as linhas convencionais: fundo branco, a faixa indica a parte da cidade que a linha serve).

(Nota: depois eu atualizei a postagem e há fotos do M3.)

Note que essa classificação em 1, 2 e 3 é minha.

A numeração oficial é outra e mais complexa, e se refere ao motor e chassi, e não a carroceria.

Sou eu quem adoto esse critério mais simples, porque a carroceria é o que chama mais a atenção num ônibus.

……….

Anteriormente eu havia escrito: “Maceió-AL, fim da década de 80: Mono 2 da Piedade indo pro bairro de Feitosa”. Recebi uma retificação (veja nos comentários abaixo), que é a que se segue: “Primeiro que a data da foto não é fim da década de 80 e sim começo da de 90, mais exatamente por volta de 1992/93, na década de 80 a empresa Piedade ainda não existia, tendo seu início mais precisamente já em 1990 e ele não estava indo para o bairro do Feitosa, estava estacionado no local que era tido como terminal naquele bairro.” Está corrigido.

Chega de falação a vamos de uma vez as imagens. Lembre-se, nem sempre a descrição corresponde a cena que está mais próxima.

A legenda está sempre correta, então se baseie nela.

Comecei logo no topo da página em amarelo com o que é mais perto de casa:

M1 da Viação Carmo, Zona Sul de Curitiba, onde morei por 15 anos.

Anos 80. Nessa época os alimentadores ainda eram amarelos, como os convencionais.

Esse bichão da foto parece cumprir a linha São Francisco, que sai do Terminal do Hauer, e atende o bairro do Boqueirão e o vizinho Xaxim.

A cor laranja só surgiria na reformulação de 1988, que trouxe outras mudanças:

Desmembrou a Cidade Sorriso da Viação Redentor, e aí surgiu a numeração alfa-numérica, ou seja, composta de letras e números.

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Z/S de Curitiba, começo dos anos 80.

Até então, como notam na foto, os ônibus de Curitiba só tinham números, como é na maioria das cidades.

A Carmo numerava seus veículos com o ‘2’, ou seja, de 200 a 299. O expressos eram 2 ponto alguma coisa, ou seja, de 2.01 a 2.99.

Último detalhe: essa foto foi tirada entre 1986 e1988. Sei disso porque o ônibus está adesivado com a frase:

monobloco carris

Porto Alegre, década de 80: Monobloco ‘Jurássico’ da Carris fabricado na virada dos 50 pros 60 ainda na ativa, com 20 anos de pista. Mesmo caso dos Monos de Curitiba, o veículo é mais velho mas a foto é mais nova que o Carris no topo da página.

“Veículo com vida útil vencida”. E foi nessa época que a prefeitura impôs esse aviso nos busões mais velhos.

Lembre-se, até aqui estou falando da 1ª foto da matéria, logo no topo, e não da que está mais perto, a esquerda.

Agora sim descrevo o ônibus amarelo que veem logo acima. Trata-se, claro, de um M2 da mesma Carmo.

Embora o ônibus seja mais novo, a foto é mais velha, pois repare que o “Carmo” está escrito abaixo do “Cidade de Curitiba”.

sao jose

Várias imagens da A.V. São José dos Pinhais; aqui frota de Monoblocos ‘3‘. A nomenclatura das linhas era diferente de hoje: no caso dessa viação, além do ponto final o letreiro indicava parte do trajeto. A maioria era “via Av. das Torres”. Em um dos busões diz “Pedro Moro via Uberaba” – depois essa linha virou “Prado Velho/Pedro Moro”; por uns meses foi seccionada na Vila Hauer (o bairro, não entrava no terminal de mesmo nome), chamando “P. Moro/Hauer”; e por fim foi extinta, hoje pra ir a Pça. Pedro Moro você pega alimentador no Term. Boqueirão.

Configuração da primeira metade dos anos 80, logo após a padronização da pintura.

Do meio dessa década até hoje, a viação está sempre abaixo do número, no fundo do veículo (compare com a outra imagem).

Outro detalhe que deixou de existir: antigamente haviam flechas de entrada e saída pintadas nos vidros das portas, na mesma cor do ‘carro’.

Abriu o baú, né truta. Se você tem mais de 30 e morava em Ctba nos anos 80, essas imagens  irão tocar seu coração.

Continuamos em Curitiba, mas veremos agora a região metropolitana.

Dois M2 da Castelo zerados, sendo entregues na concessionária. Ainda na pintura livre. A foto está no pé da página, bem mais pra baixo.

Ou seja, anterior a padronização que o governo do estado promoveu nos metropolitanos em 1992.

Executivo’ da Viação São José dos Pinhais, Monoblocos de padrão rodoviário (1 porta, sem catraca, banco estofado reclinável). Faziam duas linhas do Centro de Ctba. a S. José: uma pro aeroporto (‘via Av. das Torres’); e outra – chamada Pedro Moro – pro Centro de SJP (‘via Boqueirão’, ou seja pela Mal. Floriano). Esse na P. Moro, no ponto final na Rua Dr. Murici: a linha não existe mais e hoje não há mais pontos nessa rua.

A Castelo serve aos municípios de 4 Barras e Campina Grande do Sul, entre a Zona Leste e a Zona Norte da Grande Curitiba.

O ônibus está torto na imagem porque essa foto não tirada ao vivo, e sim de um quadro. Por isso distorceu.

Na sequência horizontal abaixo o mesmo veículo em três pinturas.

É o M2 nº 241 da Auto Viação São José dos Pinhais, do município homônimo da Zona Leste da Grande Curitiba.

É um registro raro, por dois motivos: primeiro, dizendo de novo, flagramos o mesmo ‘carro’ em não apenas 2 mas sim 3 decorações diferentes do sistema municipal são-joseense. Confira:

Atual pintura das linhas internas são-joseenses: Mono ‘3’ também na linha pro Aeroporto, fechando a sequência da Viação São José.

Segundo, em duas dessas tomadas o veículo é marrom.

E na primeira cena o nome da viação está escrito em letra de mão, que era sua marca registrada.

Os metropolitanos, que ligavam São José a Curitiba, eram exatamente iguais, inclusive com a letra cursiva, porém laranjas.

Esse aqui retratado liga o Aeroporto Afonso Pena ao Centro de São José. Apesar de ser o “Aeroporto de Curitiba”, em verdade está localizado nesse vizinho município.

ctba expresso azul pinhais monob2 buso integração padrão anos 90

Exp. Azul, 1ª padronização metropolitana.

Pra fechar Curitiba, mais um M2 do serviço metropolitano, a esquerda.

Dessa vez um da Expresso Azul, que atende Pinhais, na Zona Leste, recém-pintado na 1ª padronização metropolitana que citei acima.

Quando ela foi adotada, a cidade foi dividida em regiões. Cada uma delas teria uma cor.

A faixa de Pinhais e Piraquara (então ambos eram um município só, Piraquara) era azul.

Teresina monob2 caio buso sem chapa transcol verde branco anos 80

Monos 2 e Amélia da Transcol, ainda sem placa: Teresina-PI, anos 80.

Em todas as regiões, algumas linhas especiais eram bege, como vê ao fundo.

Com o tempo, entretanto, todas as viações padronizaram todos os ônibus nesse bege, todas as linhas, todas as regiões.

A exceção é justamente a Viação São José dos Pinhais da foto anterior, que ainda mantém sua frota em vermelho-vinho, que era a cor de sua faixa.

Todas as outras empresas, repito, estão de bege, ou então do amarelo do município de Curitiba que transbordou pros subúrbios metropolitanos. Já fiz matéria específica sobre o tema, com dezenas de fotos.

Segura essa: em foto atual (matéria de 2014), Mono 2 e Amélia na ativa !!! Mandaguari-PR.

Último detalhe dessa imagem: veja que no vidro dianteiro há um adesivo informando o valor da tarifa. Foi uma característica copiada de São Paulo e outras metrópoles.

Adotada nos metropolitanos daqui quando da padronização da pintura. Não pegou e já foi abandonada.
…………..

Do Sul-Brasileiro vamos pro Centro-Oeste da Pátria Amada.

Suba a página e veja o Mono 1 em Goiânia, aquele branco com faixas laranja e azul. E a direita um Mono 2.

Trata-se da  H.P. Transportes.

Não, não me refiro a impressora do seu computador, e não sei se essa viação tem muitos inimigos.

O que sei é que os bichões ostentam a primeira pintura padronizada da Grande Goiânia – que por lá abrangeu não apenas os municipais mas também os metropolitanos.

Em Belo Horizonte-MG e Florianópolis-SC, também. Foram as 3 primeiras cidades a padronizar também a pintura dos ônibus que servem aos subúrbios metropolitanos.

Abriu o baú mesmo!!! Monobloco ‘Jurássico’ em Brasília, 1967. A cidade tinha apenas 7 aninhos. O motorista usa gravata. Veja um igual na Grande Curitiba.

Fiz mensagens a parte apenas pra mostrar como era antigamente o transporte em Floripa e outra em Belô.

De volta a Goiânia: os monstros de metal servem as linhas 275-Rio Formoso (o “carro” 2570) e 177-Parque Amazônia via Cruzeiro do Sul (o que é numerado 2075).

Repararam, claro, na calça boca de sino do irmão que posou pra foto. Estamos, nessa foto, ainda no fim da “década quente” de 70, afinal.

Podes crer, bicho. Paz e Amor pra você também.

Na outra imagem, já nos anos 80. Notem que os veículos tem suas numerações em anagrama, com variações dos mesmos algarismos.

Nada poderia ser mais místico, hein? Clima de Woodstock total. Que viagem. Na moral….

………

Agora a cidade que é a capital federal desde 1960: Brasília-DF.

Taí (direita) a pintura clássica que vigorou nos anos 80: branco com o logo em azul. Sabe-se lá porque é difícil achar fotos coloridas desse padrão.

M2 Carris com capelinha!!! Acessório no teto pro nº da linha, foi muito comum no Sudeste. Fora dali, em Belém-PA, Porto Alegre como vemos aqui, e em menor escala em Brasília-DF, Santos-SP e J. de Fora-MG. A foto mostra um Carris com capelinha, atrás um Veneza da Sentinela, depois Incasel da Carris, na retaguarda outro de viação particular. Lindo comboio! Saudades do tempo das R.U.s….

Se eu um dia conseguir uma imagem mais limpa, pegando a frente do buso, eu atualizo a postagem de novo.

Por hora, voltando ainda mais no tempo, chegamos a 1967.

O pai de todos os Monoblocos em ação pela T.C.B.: Transportes Coletivos de Brasília, viação estatal que já foi a maior da cidade.

Classifiquei os Monoblocos que foram fabricados dos anos 70 pra frente em 1, 2 e 3. Esse é anterior, portanto não entra nessa classificação.

Como esse modelo é anterior aquele que classifiquei como “Monobloco 1”, será chamado de “Monobloco Jurássico”.

‘Faixa Azul’ da TCB-DF.

Repare na placa: Brasília-DF (e não DF-Brasília como é hoje) 5-91-45.

É isso mesmo, galera. Pegamos aqui o modelo de emplacamento anterior ao alfa-numérico.

Que a maioria de nós só conhece por fotos, nunca presenciou na matéria. Eu disse que ia abrir o baú.

Voltando ao Mono Jurássico, esse cumpre a linha 13 e está indo pro Núcleo Bandeirante via Avenida W3. O motorista usa camisa social e gravata. Bons tempos….

A cor do bichão (me refiro ainda a foto de 1967 acima) é azul-escuro. Azul foi o arquétipo da T.C.B. por muito tempo.

E por isso mantido nos anos 80, como agora sim veem ao lado e abaixo (no destaque ambas as fotos colorizadas pelo computador).

A direita, Mono 2 também branco com faixa azul, na linha 114: Circular Rodoviária Plano Piloto (que nessa época já era o terminal de linhas urbanas)-Asa Sul. Vai pela L2, volta pela W3, uma de cada lado do Eixo Rodoviário.

Como a sigla indica, a W3 é a 3ª paralela a oeste (em inglês, daí o ‘w’) do Eixão, enquanto a L2 é a 2ª paralela a leste.

A T.C.B. não foi privatizada, embora tenha encolhido sensivelmente ainda existe. Enquanto que outras não tiveram a mesma sorte, se foram.

Entre as capitais a TCB e a Carris de Porto Alegre-RS foram as únicas viações estatais que sobreviveram a onda de privatizações dos anos 90.

Fechando o Centro-Oeste: este ônibus foi clicado em SP mas operou, com essa pintura, em Cuiabá-MT, anos 80.

Veja na foto acima, de Brasília, o emblema da EBTU, Empresa Brasileira de Transportes Urbanos, logo a frente da roda traseira.

Significa que essa frota foi comprada com dinheiro federal, no programa de modernização de transportes do fim do regime militar de que tanto já falamos em outros emeios.

Primeiro eles eliminaram vários sistemas de tróleibus, assim que assumiram o poder.

Porém pouco antes de passar a faixa aos civis, pra compensar implantaram novas redes de ônibus elétricos e modernizaram as que já existiam.Porto Alegre poa buso monob 2 trevo r.u. padrão tv laranja ebtuanos 80 

Onde já não havia mais tróleibus (como Porto Alegre) ou onde eles nunca existiram (caso de Brasília) o investimento se concentrou na frota a dísel.

É exatamente pra capital gaúcha que vamos agora.

A direita M2 da Trevo de Porto Alegre. Veja o mesmo emblema da EBTU

Brasília, 1980: começam a operar as linhas executivas. Ônibus de viagem (1 porta, bancos estofados reclináveis), tarifa mais cara. O ponto final era na Esplanada dos Ministérios. No começo a pintura era própria, diferente das linhas convencionais – laranja nos ônibus que iam para o Gama, Guará e Núcleo Bandeirante, os pra Sobradinho e Planaltina vermelhos. Aqui Mono 2 da Viplan em frente ao Congresso.

Em verdade são 3 bichões da mesma empresa e modelo enfileirados.

O que serve de cenário pros irmãos posarem pra foto cumprem a linha 95-T.V. .

Já peguei essa linha. Sobe o Morro de Santa Tereza, na Zona Sul da capital gaúcha.

Lá de cima a vista do Rio Guaíba é inesquecível.

Também se vê a linha de prédios do Centro e o Estádio Beira-Rio.

Ainda falando da foto da Trevo, a linha chama-se T.V. porque o ponto final é em frente a sede de uma emissora, por ser um ponto alto.

Logo a seguir, como dito, os executivos foram pintados no mesmo padrão das linhas convencionais. Outro (ou talvez o mesmo) Mono 2 da Viplan: repete-se a cidade, viação e tipo de serviço que a foto anterior. Mas agora o bichão está branco, e a faixa indica pra qual parte da cidade ele vai, na 1ª padronização candanga dos anos 80. O Mono 2 do modelo rodoviário tinha 2 faróis em cada lado.

Há enorme contraste social, as encostas do morro tem mansões com piscinas, lado a lado com algumas favelas.

Nada diferente do que acontece em Curitiba, e em Florianópolis, e no Chile. É a América Latina, não amigos?

………

Fechando Porto Alegre, a “mais leal e valorosa cidade brasileira”:

Logo no começo da matéria há um Mono 1 da Carris na pintura livre dos anos 80.

Veja agora essa mesma safra na pintura padronizada, em ação rasgando as ruas de PoA.

Seguindo na mesma balada, logo acima dois Monos 2 na mesma padronização do começo dos anos 80.

Mato a cobra e mosto o pau. Mono 2 também da Viplan, na mesma padronização visual. Linha convencional, com 2 portas, catraca e bancos (na época) de acrílico, não-reclinável. Modelo urbano, com 1 farol de cada lado, embora a carroceria seja rigorosamente a mesma, no desenho, janelas, etc.

A Trevo adquiriu faixa laranja, a Carris se tornou branca com faixa bege, pois ela já era bege lá nos anos 60, como veem aqui.

Aí nos anos 70 ela manteve o bege numa faixa horizontal inferior, e adicionou duas faixas verdes, uma vertical e outra também horizontal bem fininha logo abaixo da janela.

Se a pintura de Porto Alegre e de Brasília te parecem parecidas, bem, não é impressão.

A Capital Federal, a capital gaúcha e Florianópolis padronizaram suas frotas de maneira idêntica na virada dos anos 70 pra 80:

Buso branco com uma faixa colorida indicando qual região da cidade serve – em Maceió 3 viações usaram essa pintura, embora nesse caso de forma voluntária, sem ser uma padronização.

Campinas-SP adotou uma padronização parecida em 1985, o desenho era um pouco diferente mas o esquema era a mesmo.

E vamos pro Nordeste. Um pouco mais pra baixo um M2 da Almeida que liga o Centro de João Pessoa-PB ao Aeroporto, que fica na divisa dos subúrbios metropolitanos de Bayeux e Santa Rita.

Porto Alegre poa buso monob 2 bege carris

Dois Monos2. Pintura padronizada nos anos 80, branca com uma faixa. A Carris, que ficou com o bege, ainda é estatal, e ainda é uma das maiores viações de Porto Alegre.

Já viram no topo da página Maceió.

Então nos focamos agora em Fortaleza, Ceará.

Hoje com pintura padronizada, por isso a “Cidade dos Ônibus Azuis“, pois todos os veículos, de todas as empresas, são nessa totalidade. Mas um dia não foi assim.

Vamos ver então alguns Monoblocos 2 do tempo que cada viação pintava sua frota como bem entendia.

João Pessoa.

A esquerda abaixo já filmamos um da Angelim.

Número do buso com o ’08’ em outra tonalidade: 5 dígitos, sendo os dois primeiros em outra cor.

Portanto o prefixo diferenciado do sufixo: modelo de numeração peculiar que foi adotado no fim dos anos 80 em Fortaleza.

E dali se espalhou pra mais 4 capitais da Costa Setentrional Brasileira, o eixo Fortaleza-Manaus e tudo que há no meio.

Ou seja, também ocorreu (em algumas ainda ocorre) em São Luiz-MA, Teresina-PI, Belém-PA e Manaus-AM. Bem-vindo a ‘Costa Norte Brasileira’.

fortaleza buso verde branco amarelo monob 2 angelim costa norte livre anos 80 entrada frente

Próximas 3: Fortaleza.

A direita, abaixo, um Transpessoa.

Essa foto é mais antiga que a da esquerda. Por isso a numeração só com 3 dígitos, todos na mesma tonalidade.

Esses dois abaixo a esquerda são da São José do Ribamar. Linha Aeroporto, na Zona Sul da cidade. Peguei essa linha também.

Atualização escrita em 2015: quero contar algo muito curioso que ocorreu com essa viação:fortaleza buso azul branco vermelho monob 2 transpessoa livre anos 80

Ela resistiu a padronização dos ônibus em Fortaleza por mais de duas décadas. 

No começo dos anos 90 todas as empresas tiveram que pintar sua frota no mesmo padrão imposto pela prefeitura, e assim o fizeram.

fortaleza buso monob 2 são josé ribamar livre anos 80 amarelo verdeExceto a São José. Sabe-se lá porque, ela escapou.

Quando estive em 2011 em Fortaleza, ela, e apenas ela, ainda tinha pintura livre, ou seja, exatamente essa que veem na imagem ao lado.

Agora no meio da década de 10 entretanto, enfim a São José teve que adotar a padronização. Mas demorooooooou . . . .

Curitiba

Curitiba, 2ª metade dos anos 80: Monobloco ‘Jurássico’, da virada dos 50 pra 60, a serviço da secretaria municipal de cultura – não está operando no transporte de linhas regulares, portanto.

Curioso é que o mesmo fenômeno já havia ocorrido antes na outra ponta da Pátria Amada.

No começo dos anos 80 Porto Alegre adotou a padronização que viram nas fotos acima:

Branco com uma faixa indicando pra qual parte da cidade a linha atendia. A Trevo ficou laranja (Zona Sul).

A Carris era, e ainda é, estatal, logo ela ia pra cidade toda, assim não recebeu cor de uma parte específica.

Também pintou seus ônibus no mesmo padrão, mas adotou a cor bege que usa desde sempre, como já falamos.

Curitiba1

Um prefeito pintou o busão com seu indelével símbolo, 2 flechas que se emendam em 1.

Trata-se do padrão conhecido na busologia por R.U.’s, pois dividiu Porto Alegre em ‘Radiais Urbanas’, cada qual com sua tonalidade.

Acontece que uma empresa simplesmente se recusou a adotar a padronização R.U.: a Cambará.

Seus ‘carros’ permaneceram com pintura livre por todos os anos 80, e primeira metade dos 90, a única viação da cidade a conseguir essa proeza.

Veja (abaixo a esquerda) o Monobloco da Cambará. Do último modelo produzido no Brasil.

Joinville-SC também teve Monobloco (antes da Busscar fazer ônibus urbanos) – confira em postagem própria a história do transporte joinvillense.

Esse veículo chegou a frota de Porto Alegre na virada dos anos 80 pra 90.

Se fosse de qualquer outra viação da cidade, estaria na pintura das R.U.’s, que já vigorava a uma década. Mas como é da Cambará, pintura livre.

Nada dura pra sempre, e em 1994 veio a segunda padronização da capital gaúcha, que perdura até hoje (vide atualização abaixo): a famosíssima pintura ‘Eletro-Cardiograma’.

Aí, a Cambará teve que padronizar. E padronizada no Eletro-Cardiograma ela operou até que veio a falir em 2008 (atualização: na segunda metade da década de 10 veio a 3ª padronização de P. Alegre, que substituiu a ‘Eletro-Cardiograma’).

Monobloco da Cambará, viação que não adotou a padronização ‘R.U.’ em P. Alegre.

Contei essa história de novo (as rebeliões contra a padronização no Sul e Nordeste) na matéria específica sobre o transporte em Fortaleza.

Lá, além do registro fotográfico dessa ‘rebelião’ da S. J. de Ribamar, eu mostro como a capital do Ceará vem se modernizando a passos largos:

Construindo metrô e VLT, e os articulados voltaram, agora em corredores exclusivos com embarque em nível.

Brasília, anos 70 (prov. 1971, sendo mais específico): Monobloco da Viplan ainda na pintura livre, a frente da Torre de T.V. .

…………

Ainda não mostramos a Cidade de São Paulo. É porque os Monos paulistanos já foram mostrados aqui. Mas vamos dar mais uma pincelada.

E pra isso vou fundir dois emeios numa mesma postagem.

O emeio abaixo é curto e não demanda mensagem individual. Reproduzo aqui mesmo. Foi intitulado:

O TROVÃO AZUL É DEMAIS; MAS MONOBLOCO É MONOBLOCO


Por Maurílio Mendes, “O Mensageiro”caio volvo cmtc sp buso anos 80 trovão azul

Publicado em 1º de junho de 2014

Um colega, que morou em São Paulo, me escreveu o seguinte:

” Andei muito nesses da CMTC, carroceria CAIO. Coisa fina. “, visto na imagem a direita.

……….

Eis o que respondi:

Eu também andei bastante nos Caio CMTC, e mais nos Marcopolos que vieram na mesma época.

Os Caio foram mais pra Zona Leste.

Monob 1 cmtc sp buso anos 80 trovão azul

Próximas 2: CMTC-SP.

Enquanto que os Marcopolos, mais numerosos, foram pra cidade toda.

Não andei tanto quanto você porque sou mais novo (encarnei em 1977) e nunca morei em SP, só visitei.

Visitei o suficiente pra comprovar que, fato, o Trovão Azul é demais.

Verdadeiro ônibus Padrão. “Ônibus de Verdade:

Monob 2 cmtc sp buso anos 80 trovão azulMais longo e amplo, com portas mais largas e com motor traseiro ou central. Ou seja, só Scania ou Volvo, no milênio passado certamente.    “

Leia mais (e veja as fotos) sobre a pintura azul que consagrou a CMTC, depois reproduzida em outras capitais de Sul a Norte do Brasil, de Porto Alegre a Manaus.

Ainda assim, eu prefiro o Monobloco, que a CMTC teve aos montes.

ctba castelo branco monob 2 buso livre azul vermelho amarelo quadro divesa anos 80 livre

Curitiba, anos 80: quadro da entrega de dois M2 pra Viação Castelo Branco. Na revenda Divesa, que fica no Trevo do Atuba, onde a Linha Verde volta a ser a BR-116.

Aos montes, miríades deles. Eram, exatamente ao contrário, o próprio cabrito.

Veja como se define um ‘cabrito’: ” veículo de qualidade muito inferior, e por isso mais baratos:

Chassis de caminhões encarroçados, são curtos, apertados, portas estreitas e com motor dianteiro.

Portanto estrovando o embarque (desembarque onde é invertido) e ainda detonam a longo prazo a audição do cobrador e motorista.

colombo (2)

Mesmo modelo sendo entregue pra Viação Colombo. Dessa vez na Savana, que ficava (até julho.15) igualmente na BR-116, na Vila Hauer. Porém a BR-116 saiu da cidade, virou o Contorno Leste. Depois a Savana saiu da Vila Hauer e foi pro Contorno, ou seja, continua na BR-116. Veja matéria sobre a garagem da Colombo nessa época.

Quase todos Mercedes-Benz, e mais recentemente também Volkswagennum passado remoto existiram até alguns Fiat e Ford.    “

Tirando o fato que nos Monos o motor era traseiro, de resto é o próprio, a descrição do cabritão velho de guerra berrando como um louco foi feita pra ele.

Assim, analisando friamente com a Razão, claro que o Trovão Azul (por isso me refiro ao ‘padrão’ alongado de 3 portas) é muito mais ônibus.

Mas eu sou busólogo, caramba. Por isso, sem nunca deixar de pesar os quesitos técnicos, vejo tambémm os bichões com o Coração.

E meu Coração me diz: “Monobloco é Monobloco, pôxa. Monobloco não se explica, se sente“.

Alias de nada adianta mesmo explicar. Se Sente, já entendeu. Se não sente, nunca entenderá.

Os automobilistas dizem: “Um Porsche é um Porsche, e é um Porsche“.

Eis a versão busóloga: Monobloco é Monobloco, e é Monobloco. Ponto final. Amor Eterno.

……..

Outras postagens de busologia dos anos 80/90:

– Rodoviária de Curitiba;

– Circular Centro;

– Primeiro articulado de Santa Catarina;

– “Romeu-&-Julieta”, o ‘pai’ do articulado.

“Deus proverá”

3 comentários sobre ““Tempo Bom”: de Fortaleza a Porto Alegre, eis o Monobloco em ação

  1. omensageiro77 disse:

    Um leitor comentou sobre os ônibus de Brasília. Como ele o fez diretamente na foto (ou seja, creio que acessou a imagem pelos sítios de busca através do que se chama ‘hotlink’, portanto sem abrir a matéria) o comentário dele não apareceu aqui. Assim eu, O Mensageiro, sou quem assino. Mas reproduzo as palavras dele, que foram:
    ” Laranja / Vinho: Ônibus e Branco com faixa (‘frills’).
    Este é Sobradinho por causa da faixa vinho. A laranja era usado como extra para Guará e Cruzeiro. “

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  2. Adailton Santos Moriarthy disse:

    Me desculpe falar, mas aquela legenda sobre o ônibus Piedade, 4570, de Maceió está com a descrição errada: ali fala no rodapé da foto “Maceió-AL, fim da década de 80: Mono 2 da Piedade indo pro bairro de Feitosa”, não! Primeiro que a data da foto não é fim da década de 80 e sim começo da de 90, mais exatamente por volta de 1992/93, na década de 80 a empresa Piedade ainda não existia, tendo seu início mais precisamente já em 1990 e ele não estava indo para o bairro do Feitosa, estava estacionado no local que era tido como terminal naquele bairro.

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    • omensageiro77m disse:

      Ok, amigo, obrigado pela retificação, está corrigido na legenda. Peço sua compreensão, eu não sou de Alagoas, sou do Paraná. Estive em Maceió por apenas 1 dia, no já distante ano de 1989, quando eu tinha apenas 11 anos de idade.
      Logo, baseio meus estudos pela internet, que não é exata. Pela foto não haveria como eu saber se o ônibus ainda vai partir pra Feitosa ou se acaba de completar a viagem, e nem tampouco quando a empresa iniciou as atividades.
      Repetindo, adicionei suas informações na legenda, quem ler a partir de agora verá o correto.
      Sempre que algum leitor tiver uma correção sobre uma postagem incorreta, a intervenção será muito bem-vinda.

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