A Riviera do Cabo; palavras não são necessárias

Todas as imagens são da orla da Cidade do Cabo, África do Sul, abril de 2017.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 10 de maio de 2017

Abrimos a Série sobre a África. E começamos bem, mostrando logo a parte mais bonita da África do Sul:

A ‘Riviera do Cabo’, ou seja, a orla da Zona Sul da Cidade do Cabo, espremida entre as montanhas e o mar, o que lhe confere uma beleza ímpar.

O funcionário do clube apara a grama do campo de polo. Mais tarde os sócios montam em seus cavalos de raça e disputam mais uma partida, com o mar ao fundo.

Batizei a série ‘O Mundo num só País’, porque exatamente isso é que é essa nação.

Uma mistura de África, Europa e (em menor medida) até mesmo Ásia.

Esse era o lema oficial nos tempos do ‘apartheid‘.

O regime racista caiu, felizmente; falemos agora sobre os desafios do novo milênio, sob democracia.

Ainda assim, a África do Sul continua sendo ‘O Mundo num só País‘.

Por África do Sul você se sente na Inglaterra ou nos EUA, porque as cidades são dessa escola de urbanismo. Com exceção das favelas, é claro.

No bairro que nos hospedamos na Cid. do Cabo – chamado ‘Woodstock’ – eu me sentia em São Francisco-EUA.

Eu nunca fui a essa metrópole ianque, mas de ver pelos filmes e ‘Google’ Mapas sei como é.

E no Cabo eu parecia que estava lá, de verdade. Pois era isso que meus olhos me diziam, pela sensação visual.

Eu precisava me lembrar ‘manualmente’, digamos assim, inserir na minha mente a informação racional que eu estava na África, porque a dimensão sensorial me dizia o contrário.

A garagem e a entrada são no telhado.

Curioso, não? Uma vez  eu estava na América – na República Dominicana – mas minha interpretação penta-sensorial (visual, térmica, sonora, olfativa, gustativa) me dizia que eu estava na África.

Dessa vez eu estava mesmo na África, mas parecia que estava aqui na América.

E a Cidade do Cabo é, primeiro, a cidade mais bonita da África do Sul, e uma das mais belas do planeta.

As moradias são bem abaixo do nível da rua.

Isso já disse. Segundo, a Cidade do Cabo é mais integrada em termos raciais.

Se preferir de outra forma, é a que há mais brancos pelas ruas do Centro e dos bairros de periferia.

Em Durbã e Joanesburgo, não há brancos no Centro nem na periferia.

Eles só ficam nos subúrbios de classe média-alta e na praia (no caso de Durbã, Joanesburgo não tem mar).

Pretória tem vários brancos no Centro, é bem menos segregada que as outras duas acima.

Esse é o acesso a uma praia pública, também por sinuosas escadarias. A placa avisa que há “tolerância zero pro crime” no local, que é vigiado por câmeras e seguranças armados.

Ainda são ínfima minoria, vemos com frequência mas ainda assim não é tão comum.

Já na Cidade do Cabo é diferente. O Centrão, o começo da periferia e a orla são plenamente integrados.

Você vê pessoas de todas as raças de forma abundante.

Não é que Joanesburgo e Durbã tenham poucos brancos, exatamente ao contrário.

Eles são muitos, viajei de avião entre essas cidades, e ali os de pele alva eram maioria.

Só que os caucasianos se impuseram uma auto-segregação, moram e trabalham em subúrbios a moda ianque afastados da cidade.

Próximas 2: é preciso subir muitos degraus pra acessar as casas. Dispensa a academia.

Nas praias de Durbã, como dito, não há auto-segregação.

Ali todas as raças convivem em harmonia. Mas só ali, os brancos não frequentam o Centrão.

Como Joanesburgo não tem mar, se você não for aos bairros que os brancos moram você não vê brancos.

Entretanto, em Pretória e muito mais na Cidade do Cabo, a coisa é bem mais harmônica.

Sempre com as montanhas o fundo, a cidade enfeitada de flores.

No Centro do Cabo você se sente na América (que é um continente, não me refiro aos EUA), ou na Europa.

Pois vê pessoas de todas as raças andando lado-a-lado e convivendo nas ruas.

Terceiro, pela topografia da cidade. Assim nos bairros a leste do Centro eu me sentia na Califórnia.

E nos a oeste dele a sensação exata é a de estar nas partes mais bonitas do Mediterrâneo, na Itália ou nas Ilhas da Grécia.

Vai uma B.M.W., vem um Porsche. Pouco antes, dois Porsches se cruzaram.

Não é difícil entender o porque dessa impressão tão aguda.

Ruas sinuosas se equilibrando na encostas, mansões e prédios de milionários se espremendo entre o morro e o Oceano. Eu estava na “Riviera do Cabo”.

 Sem nunca ter ido fisicamente a Califórnia, no Cabo eu estava na Califórnia. E sem nunca ter ido a Europa eu estava na Riviera, digo de novo.

Mais um Porsche. Um das maiores concentrações de milionários do mundo. Me perguntaram se na África existe riqueza. Respondi: “Viche! Você nem imagina quanto!!”

Então me calo, porque já falei demais. Nem é preciso dizer nada, as imagens dizem tudo.

A série sobre a África será longa: já fiz mais um desenho de mim mesmo beijando o solo da Cid. do Cabo, e de uma mulher indiana em Durbã. Nos demais textos descreverei com detalhes o que vi lá, em todas dimensões:

O transporte, futebol, urbanismo, favelas, o céu, as flores, os vários idiomas.

Contaremos sobre a campanha pra ‘impedir’ o presidente Zuma, a dolorosa luta contra o ‘apartheid’ e a difícil adaptação a democracia, a violência urbana.

Uma Mercedes preta. Só dá essas máquinas, você fica zonzo se tentar contar…..

Não acabou não: veremos Durbã, Pretória, Joanesburgo incluindo Soweto, o Oceano Atlântico, o Oceano Índico (que têm seu encontro no Cabo da Boa Esperança).

Conto com detalhes a ‘carona’ que eu ganhei no camburão. Já fiz matérias específicas sobre a Cidade do Cabo (mostrando seus outros bairros), Joanesburgo (que inclui Pretória, onde está o Palácio Presidencial do qual Zuma foi mesmo removido) e Durbã.

Hoje, pra começarmos bem, a ‘Riviera do Cabo’. Palavras não são necessárias. Como eles dizem na África do Sul, “Aproveite”.

Bairros Ponta Verde e Ponta do Mar, já na Zona Central. Planos (as montanhas se afastam um pouco do mar), verticalizados e de alto padrão.

Na chamada “Riviera“, a sinuosa avenida entre a montanha e o mar, já mais afastado do Centro, as casas e apartamentos custam alguns milhões de Reais.

(Em 2021, quando atualizo o texto, uma passagem de ônibus em São Paulo é R$ 4,40, e US$ 1 = R$ 5,60.)

Os bairros Beira-Mar, Ponta Verde e Ponta do Mar (“Water Front”, “Green Point” e “Sea Point”no original) são mais urbanos e centrais.

Assim o valor também é elevado mas menos que na ‘Riviera‘.

Veja acima e ao lado  gente se exercitando no fim-de–tarde no calçadão da ‘orla dourada’ da Cidade do Cabo.

Vamos apreciar a beleza das imagens, como o sol se pondo no Atlântico (a dir.) .

As fotos mostram algumas pessoas, sendo várias delas mulheres, correndo na beira-mar que tem o m2 mais caro da África.

Pra seguirmos vibrando na mesma frequência, fechando a postagem adiciono alguns desenhos retratando mulheres se exercitando, fazendo alongamento ou quem sabe ioga.

Ao lado foi publicado em dezembro de 17 (no último dia de 2017, sendo mais exato).

Não sabemos se ela é loira ou ruiva, porque faz mechas coloridas no cabelo.

Bem, essa da direita – de julho de 2017 – é loira com certeza.

E tem uma elasticidade impressionante, consegue facilmente fazer quase uma ‘abertura total’ nas suas pernas. Poderia dançar balé ou ginástica artística.

Pra compensar, a que se alonga no gramado abaixo é ruiva. Foi desenhada em dezembro de 2016.

……………

Os subúrbios da orla da Zona Norte da Cidade do Cabo são tão abastados quanto os da Zona Sul.

E tão caucasianos também, eu poderia acrescentar alias.

A foto a seguir foi tirada num parque com lagoa e campo de golfe (detalhe), próximo as praias do norte do Cabo.

Como todos percebem, mostra mais uma mulher branca se exercitando, dessa vez pedalando.

Parque no subúrbio da Zona Norte da Cid. do Cabo, longe da ‘Riviera‘ mostrada na matéria.

Voltando aos desenhos, abaixo, publicado em agosto de 2016, uma ‘bicicleteira‘.

Esse é o termo como na periferia alguns dizem o que na burguesia se chama ‘ciclista’.

Pelo canal ao fundo, com barcos e tudo, vemos que é em Amsterdã, na Holanda.

Bem, na Cidade do Cabo a imensa maioria dos brancos são ‘bôeres’ (‘africâneres’).

Logo, provavelmente as mulheres mostradas nas fotos são descendentes de holandeses. Tudo se alinhou perfeitamente.

………..

Está Aberta a Série sobre a África. Que Deus Ilumine a todos.

“Deus proverá”

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