A “Barra Curitibana”, do ‘Champagnat’ ao ‘Ecoville’ – ou seria ‘Bigorrilho’ e ‘Mossunguê’?

Região entre os Terminais Campina do Siqueira e Campo Comprido, na Zona Oeste de Curitiba.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 20 de abril de 2023

Maioria das fotos de minha autoria; as que forem baixadas da internet identifico com um ‘(r)’, de ‘rede’ – créditos mantidos sempre que impressos nas mesmas.

O Terminal de ônibus do Campina do Siqueira, na Zona Oeste, marca segundo alguns o limite entre os bairros “Champagnat”, “Ecoville” e “Barigüi”.

Ei, espera lá. Na verdade nenhum desses bairros existe.

Bairros de elevado padrão financeiro, de verticalização intensa e urbanização recente; e na Zona Oeste, numa parte até a pouco esparsamente habitada: os paralelos com a Barra da Tijuca no Rio são inevitáveis.

Como conseguiram determinar uma divisa entre lugares imaginários?

Só mesmo em Curitiba seria possível esse paradoxo.

Explico: o que chamam de ‘Champagnat‘ (pronuncia-se ‘Champanhá’, pra quem não é daqui) é de fato o bairro do Bigorrilho, e a parte das Mercês que lhe é vizinha.

Enquanto que o ‘Ecoville’ é o Campina do Siqueira, Mossunguê, Campo Comprido e uma porção da Cidade Industrial – a ‘CIC Norte’ (no sentido do Centro pro oeste).

Os prédios foram erguidos as margens da ‘canaleta‘ (corredor) do ônibus Expresso – como é o padrão urbanístico curitibano.

Além disso, Curitiba não tem bairro “Barigüi”, certamente não perto do parque de mesmo nome. Se referem ao Santo Inácio e parte do Campina do Siqueira.

Rio abaixo a vários quilômetros dali há a Vila Barigüi na Cidade Industrial, uma vila de periferia (algumas partes foram invadidas, atualmente em diferentes graus de urbanização).

E logo a seguir, no vizinho município de Araucária, aí sim há um bairro chamado oficialmente ‘Barigüi’.

Ao contrários dos outros eixos do transporte coletivo, entretanto, aqui não há comércio no térreo dos edifícios, é estritamente residencial (foto no exato mesmo local da tomada anterior, agora sem o bi-articulado – em compensação vemos as pessoas usando a pista desse como se fosse um parque).

Você pode ter certeza que não é nenhum desses que a classe média-alta se refere quando diz ‘Barigüi’, e sim ao entorno do parque.

Trata-se de uma mania ‘curitiboca’, o de ‘corrigir’ o nome dos bairros pra outra denominação mais pomposa a seu agrado – abaixo falamos mais dessa parte linguistica.

Seja como for, a segunda metade do Eixo Oeste do ônibus Expresso se verticalizou recentemente, dos anos 90 pra cá.

E é uma espécie de “Barra da Tijuca curitibana”, tem um perfil bem similar a Barra original carioca.

Apenas em Curitiba sem o mar, evidente. Malgrado essa diferença, o perfil urbanístico é bem parecido:

Prédios de alto padrão, nas calçadas não existe qualquer tipo de comércio – digo, algumas quadras sequer possuem calçadas!

Quadras e quadras sem uma padaria, farmácia etc. ; as calçadas margeiam apenas os muros e grades dos prédios.

Fazem o que podem pra que os pedestres não se sintam em casa caminhando por ali.

Como estamos no Brasil, entretanto, as margens do Rio Barigüi há uma favela, chamada ‘Bom Menino’ ou ‘Favela do Campina‘.

Pois o Rio divide os bairros Campina do Siqueira e Mossunguê. A pequena favela se espraia pelas duas margens. Há trechos, nos dois bairros, já urbanizados.

Onde há calçadasEm algumas quadras ela é simplesmente interrompida, a intenção é que não se passe a pé alicomo nos EUA e outros países, fotografei o mesmo nos subúrbios de classe média-alta da África do Sul.

Entretanto do lado do Mossunguê existe um pedaço que não passou por qualquer urbanização.

Barracos se espremem nas barrancas, ao lado dos apartamentos que têm um dos metros quadrados mais caros da cidade.

É a realidade do nosso país, que se repete em SP, no Rio, BH-MG, Florianópolis-SC, Recife-PE, Salvador-BA, Fortaleza-CE e toda parte.

Com essa exceção, de resto todo o Eixo Oeste é de um padrão financeiro elevado. Porém ele é dividido em duas partes bastante distintas.

Do Centro até o Terminal Camp. do Siqueira o Eixo Oeste é similar aos outros eixos do Expresso curitibano:

Repetindo, pra verem que é a regra e não a exceção: espaço dos pedestres eliminado sem cerimônia – mas a ciclovia está bem demarcada: de carro e bicicleta você é bem-vindo, mas não caminhando.

Ou seja, mesmo que os empreendimentos sejam de elevado padrão financeiro o térreo dos edifícios fervilha com estabelecimentos comerciais, oferecendo todo tipo de produto e serviços.

É entendido que é a intenção de quem planeja o bairro que os moradores façam suas pequenas compras a pé nas redondezas.

É assim no começo do Eixo Sul-1 na Av. Sete de Setembro.

Mesmo que o bairro seja o Batel, que é o de renda mais alta da cidade, porque nesse caso é Zona Central.

Prédio comercial é no Campina do Siqueiraisso é a Zona Oeste de Curitiba.

E é assim também, digo de novo, na parte inicial (tendo a Praça Rui Barbosa como referência) do Eixo Oeste.

Mesmo em bairros como Mercês e Bigorrilho – que é a região que alguns chamam de ‘Champagnat’:

O valor de muitos apartamentos atinge fácil o milhão, alguns vários milhões (escrevo em 2023, quando US$ 1 custa R$ 5,07, e uma passagem de ônibus é 6 Reais).

Ainda assim, se você quer pão, remédios, ir ao banco ou a academia tudo está ali na esquina, no máximo num raio de 2 ou 3 quadras.

Aqui e a dir. Favela do Bom Menino, ou ‘Favela do Campina’ – o nome mostra que é no mesmo bairro: isso também é a Z/O! Segura!!!

No entanto entre os Terminais C. do Siqueira e Campo Comprido (e deste até o CIC Norte) a situação é bem distinta:

Não há nenhum tipo de comércio, apenas um prédio emendando no outro, mas não é possível comprar nada ali.

Alias a intenção é que as pessoas não caminhem pela região, ou no máximo somente até o ponto de ônibus; por isso em alguns trechos sequer há calçadas.

Claro, há algumas esquinas em que nas transversais há lojas – num modelo não muito diferente das Super-Quadras de Brasília/DF.

Ainda assim, o quadro geral é esse. Pra comprar alguma coisa é preciso pegar o carro.

As margens do Rio Barigüi que também nomeia o Parque; alias não muito longe dele.

O adensamento urbanístico da região é recente, se deu nas últimas 3 décadas (texto de 23, não custa frisar de novo).

E foi claramente inspirado na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, que se desenvolveu poucas décadas antes, a partir dos anos 70:

O ônibus quase não para em sinais, pois há trincheiras/viadutos em quase todas as esquinas – isso é ‘BRT’ de verdade; quando vier o Ligeirão Leste-Oeste ficará melhor ainda.

Um bairro até então pouco habitado a ocidente da metrópole, próximo dela mas ainda com grandes áreas livres.

Onde a urbanização podia ser feita desse modo, mais ‘reservada’ se quiser ver assim pros moradores.

Perto da cidade, usufruindo do que ela oferece de bom, mas de certa forma a parte dos problemas dela.

Quando escrevi sobre o Parolin, na Zona Central, disse que ele é a “Copacabana Curitibana”.

Perto do Terminal Campo Comprido (não sou membro dessa igreja e não estou fazendo propaganda dela; mostro apenas como um marco geográfico do bairro).

Pois esses bairros, no Rio e aqui, concentram em seu território todas as classes sociais.

Seguindo esse paralelo com a ‘Cidade Maravilhosa’, a região do Mossunguê e Campo Comprido só pode então ser ‘a Barra de Curitiba‘.

E a comparação tem ainda mais propriedade, pois o desenvolvimento de ‘Copa’ no RJ e do Parolin aqui foi de certa forma orgânica:

Ou seja, tudo foi acontecendo meio que naturalmente.

Sem ter sido muito planejado com antecedência, inclusive nos dois casos com o surgimento de favelas nas encostas.

Conhecida como “Rua das Árvores Vermelhas”, já que no outono as folhas dos plátanos escurecem e caem, formando um tapete (abaixo veremos uma foto); como fui lá no inverno, os galhos estavam secos.

Na Barra da Tijuca original e na sua ‘cópia’ paranaense, ao contrário, o processo de ocupação foi direcionado – o que não significa que tudo tenha saído exatamente como se esperava.

Curiosamente presenciei o mesmo em Córdoba/Argentina: no extremo da Zona Oeste o surgimento de prédios de alto padrão, pra um público que só locomove de automóvel.

Voltando a nosso tema de hoje, até o fim do século 20 Curitiba havia crescido pouco pra oeste do Rio Barigüi, que era de certa forma a ‘fronteira ocidental’ de sua área urbanizada.

Aérea do Mossunguê perto do ano 2000, hoje há bem mais prédios nesse local (r).

Nos anos 80 já haviam bairros relativamente populosos “da ponte pra lá”, evidente.

Santa Felicidade, Campo Comprido, São Braz e boa parte do CIC Norte e CIC Central, entre outros bairros, tinham nessa época seus núcleos e algumas vilas urbanizados há muitas décadas.

No entanto mesmo nesses boa parte do território ainda não estava ocupado. E outros bairros da Zona Oeste então eram formados mais por bosques e chácaras.

Foto na “Rodovia do Café”, a BR-277: ao fundo os prédios do que chamam “Ecoville”; a placa mostra o nome correto, ‘Mossunguê’ e ‘Campo Comprido‘ (pra chegar neles você passa por baixo da rodovia na trincheira; já o Conjunto Saturno é no Santo Inácio, nessa mesma margem que estou).

Entremeados a algumas porções onde haviam sim moradias urbanas, porem de baixa densidade por km2.

A Rua Eduardo Sprada no Campo Comprido abrigou um haras até depois da virada do milênio.

A lista telefônica (só quem tem certa idade pra lembrar desse livro ‘jurássico’) de 1994 trazia a imagem de satélite de Curitiba.

Hoje há o ‘Google Mapas’, então basta você ter acesso a internet pra ver tomadas aéreas via satélite de milhares de cidades ao redor do mundo.

No século 20 não era assim, então era bem mais difícil ter acesso a esses dados visuais.

Pois bem. Exatamente pela raridade a lista de 94 trouxe uma informação relevante ao pôr na capa a foto da área urbanizada de Curitiba vista de cima. E ali se percebia claramente o que acabei de afirmar.

Essa e a seguir exatamente no Stº Inácio, vendo ao fundo os arranha-céus do Bigorrilho, Mossunguê e Cpº Comprido – notam como boa parte da Zona Oeste é cheia de ladeiras, a região mais íngreme da cidade.

No corredor (‘canaleta’ no jargão local) do Expresso a mesma situação se repetia, muito verde e pouca urbanização.

Precisamente o que permitiu o surgimento da ‘Barra Curitibana’ perto da virada do milênio.

……..

Emendo agora com um texto publicado (via ‘emeio’) em 6 de outubro de 2011 – quando haviam muito menos prédios na região que hoje.

“Anoitece na Zona Oeste” (essa imagem é de autoria de um colega, que cedeu o material).

“   Curitiba passou por grande mudança a partir dos anos 70.

Simbolizada pelo fechamento da Rua XV de Novembro ao tráfego no já distante ano de 1972.

Nos bairros também houveram intensas transformações.

Essa e a foto a dir. mostram a região perto da virada do milênio: aqui tomada de 1999 (r). O Mossunguê já era verticalizado, mas o Campo Comprido estava como veem aqui.

Quando era jovem – por isso me refiro as décadas de 80 e começo de 90 – e andava pelo eixo do expresso da Zona Oeste algo me intrigava.

(Como já dito acima, a área retratada hoje, entre os terminais Campina do Siqueira e Campo Comprido, e mesmo após esse até a praça do CIC Norte) .

Falta um tubo pro Expresso chegar ao Term. Campo Comprido, visível na parte superior dessa imagem de 2002 (r): na panorâmica dimensionamos bem o quanto a urbanização precedeu a ocupação da região.

Não sei você conheceu a região nessa ocasião, pra se lembrar como era.

Simplesmente havia toda uma enorme estrutura aparentemente ociosa. Um excelente complexo viário.

Faixas segregadas de ônibus secundadas por pistas locais a seu lado e um binário de ‘vias rápidas’ uma quadra adiante.

Porém cortando uma espécie de ‘deserto verde’.

Não entendia porque o poder público gastou uma fortuna pra fazer uma obra dessa monta que só cortava uma região muito pouco urbanizada.

Só que a prefeitura sabia o que estava fazendo, ainda nos anos70.

Agora (texto de 2011, repito) 3 décadas e meia depois a região está sendo ocupada num ritmo frenético.

Uma imagem vale por mil palavras, 20 anos depois está bem diferente (r): a trincheira é a mesma da foto anterior – mas o ângulo é invertido, aqui miramos pro leste, lá pro oeste.

A “Dubai Americana”. E a infra-estrutura está toda pronta, ‘é só chegar‘.

Exageros a parte, o fato é que o poder público viu muitas décadas a frente .

Outro processo, interligado a esse da estrutural do expresso, foi o de ter levado a classe média-alta pra Zona Oeste.

Explico. A Zona Oeste é a mais montanhosa de Curitiba, se destacando por esse quesito numa cidade em geral plana.

Prédio giratório no Mossunguê: cada morador controlaria o ritmo e sentido da rotação de seu apê; a iniciativa não deu muito certo.

E a Z/O havia se desenvolvido menos que as outras partes até os anos 60.

Só que a prefeitura conseguiu fazer um planejamento eficiente, sabendo que essa situação não perduraria pra sempre.

Até os anos 70 Curitiba como um todo havia crescido em ritmo menor que outras capitais do país.

Antes cedo que tarde essa situação seria revertida, a capital receberia enorme leva de imigrantes do interior do Paraná e também de outros estados.

Diz pomposamente “Ecoville”, mas esses prédios são no CIC (na divisa com o Campo Comprido que nomeia o cartório) – certamente notou a viatura de segurança particular.

Ocorreriam invasões na cidade, fatalmente. Não tinha como evitar, e de fato assim se deu, tema que já abordei em outros textos.

A Zona Oeste tendo muitos terrenos vagos próximos ao Centro e sendo montanhosa, o que ocorreria? Se formariam inúmeras favelas em morros.

Nem é preciso se estender sobre os problemas que viriam daí, basta ver o noticiário sobre o Rio de Janeiro.

O que o planejamento municipal fez? Investiu pesado na Zona Oeste, então desocupada. Muitos, inclusive eu, não entendemos totalmente na época.

O Terminal Campo Comprido – e todos esses prédios ao fundo – já estão dentro da Cidade Industrial; e pensar que pouco mais de uma década (escrito em 23) atrás a CIC não tinha nenhum prédio com elevador, mesmo sendo o maior bairro de Ctba. em todos os quesitos (população, área e também no PIB).

O ápice desse processo foi a criação do Parque Barigüi, também em 1972, numa região que era naquele momento no limite da cidade, já de chácaras.

Tudo somado, o expresso, o parque, e mais, levou a classe-alta pra lá.

Se aproveitando que o Batel já era mesmo praquele lado.

Ou seja uma expansão natural do bairro de mais alto padrão financeiro da cidade.

É claro que as invasões vieram, como viriam.

Passeando com os cachorros, a pista de ônibus faz as vezes de parque.

Só que não em morros. Ou ao menos minimizou bastante.

Curitiba tem poucas favelas em morros – aqui me refiro ao município, RM excluída (nos subúrbios a Norte e Oeste esse problema é mais frequente que na capital).

3 das maiores (já urbanizadas) são de fato na Zona Oeste, duas na CIC (Vila Sandra e Conquista/Sabará) e uma no Butiatuvinha, a 3 Pinheiros.

Ainda assim amenizou muito do que ocorreria não tivesse a prefeitura intervido.

Praça do CIC Norte, que de 1980 a 84 foi servida por uma linha de Expresso; nos 8 anos seguintes só por Alimentadores; e desde (aprox.) 1992 é ponto final do Ligeirinho.

Disse que Lamenha Lins criou a Zona Oeste, na década de 1870. Bem, um século depois a prefeitura complementou o serviço.

Com poucas invasões em morro, ficou infinitamente mais fácil pra cidade urbanizar sua periferia.

Passe hoje pela Vila Capanema (Zona Central), Vilas Verde e Xapinhal (Zona Sul), Trindade (Leste), entre muitas outras, poderia citar dezenas.

Entrada de um condomínio, que tem duas portas sequenciais: a 2ª só abre quando a 1ª se fecha completamente; em SP isso é o padrão em toda classe média-alta, aqui em Curitiba nem de longe é tão generalizado.

Já foram favelas de fato e direito, hoje não são mais – ao menos na maior parte de seu território, as vezes há re-invasões nas bordas de áreas já urbanizadas.

De qualquer forma no geral muitas das antigas favelas curitibanas são bairros de classe trabalhadora.

É certo, a densidade é alta. E determinadas questões como a violência permanecem complicadas, ainda que já tenha diminuído muito.

A oferta de serviços públicos, embora já presente, as vezes segue bem abaixo do ideal.

Mais prédios de alto padrão sendo erguidos; mas é possível morar de graça no mesmo endereço: embaixo do viaduto há um colchão de sem-teto (logo abaixo da data na imagem principal, ampliado no detalhe)

Só que não são mais favelas. Ruas abertas e com nome oficial, na maioria até asfaltadas, casas com escritura e luz e água regularizadas.

Ando sempre por todas essas vilas de Curitiba. Hoje em sua maioria são locais que contam com relativa infra-estrutura.

A imensa maioria que é honesta hoje vive nas antigas favelas de Curitiba sem envolvimento com criminosos.

Morei 15 anos em uma dessas áreas (de 2002 a 2017, no Canal Belém, Boqueirão, Zona Sul).

O processo ainda não está concluído. Ressalvo que ainda há locais que são favelas mesmo. E mesmo onde já houve urbanização há re-invasões.

Desse lado da rua BMW preta; do outro não apenas um mas 2 ‘Jeep Cherokees‘ – um boa amostra do bairro, eu diria.

No dia anterior ao que escrevi essas linhas (em 2011, repito) mesmo fui a Terra Santa, Tatuquara, Zona Sul.

Seu processo de urbanização está quase concluído. Só que o de suas expansões ainda não. A Terra Santa, agora urbanizada, é de 1999.

As favelas Cantinho do Céu (de 2002) e Bela Vista (2004, ambas invadidas pouco antes de eleições), suas vizinhas, ainda não foram urbanizadas (quando escrevi essas linhas) .

E outras partes da cidade a situação se repete. Mas estão sendo urbanizados.

No entanto veja: na foto de cima a BMW e a ‘Cherokee’ escuras; no mesmo local uma velha Kombi de reciclagem encostou pra aproveitar algo do lixo alheio (destaquei em ambas o mesmo ‘Jeep’, pra mostrar que estão frente-a-frente). Uma cidade de PIB bastante elevado, mas também cheia de contrastes – é Curitiba em preto-&-branco, irmão.

Diria que 80% das favelas que Curitiba tinha até a virada do milênio atrás já se tornaram bairros integrados a cidade. Muito há por fazer, mas muito já foi feito.  

Retorna a parte escrita em 2023. As coisas mudam, não? E como mudam, nem sempre pra melhor.

Desde o lançamento do Real, no meio dos anos 90, até o começo do novo milênio o Brasil viveu um intenso processo de urbanização de favelas.

De norte a sul: pra dar um exemplo famoso, a emblemática favela de Brasília Teimosa, no Recife, se tornou um bairro normal nessa época.

O mesmo aconteceu em diversas capitais, muitas de suas invasões mais problemáticas receberam intervenções do poder público.

Curitiba ficou 3 anos e meio sem ter uma nova invasão que vingasse, do começo de 2007 ao final de 2010.

Perto dali outro Jipe – esse clássico, quando ‘Jipe era Jipe‘, inclusive escrito em português.

Quando fiz esse texto, em 2011, parecia até que a cidade deixaria de ter favelas com mais uma ou duas décadas de trabalho.

Porém do meio da década de 10 pra cá a situação se alterou radicalmente, na cidade e no país como um todo.

As extremidades Sul e Oeste do município passaram por grandes ondas de invasões:

As duas maiores favelas que surgiram são a Caximba na Zona Sul e o São Miguel (próximo ao CIC) na Zona Oeste.

5 aparelhos de ar-condicionado na mesma casa? Vi isso bastante no Recife e Salvador: no Nordeste esse é o padrão (entre quem pode arcar com a conta, evidente); em Ctba. – que tem o clima bem diferente, as vezes até nevaé a primeira vez.

Nos demais bairros igualmente as invasões retornaram. Inclusive re-invasões em locais que haviam sido urbanizados anteriormente.

Por exemplo no Parolin (Zona Central), Iguape (no trilho de trem, no Boqueirão) e uma as margens desse mesmo Rio Barigüi e da Rodovia do Xisto/BR-476 no Tatuquara (ambas na Zona Sul).

Pelo ‘Google Mapas’ ou em alguns casos pessoalmente constato que outras cidades brasileiras vivem a mesma realidade.

Então no começo do novo milênio parecia que a situação das favelas estava se resolvendo, e certamente se amenizando.

No início da 3ª década parece que o problema voltou com força total. Que situação . . .

Céu limpo, sol se pondo: bonito fim-de-tarde, era inverno mas de tempertatura agradável.

……….

Como o paralelo com o Rio de Janeiro é óbvio, reproduzo aqui o que constatei ‘in loco’ quando visitei essa cidade, em setembro de 2020.

Vocês sabem que a Barra é uma espécie de ‘subúrbio estadunidense’: um lugar afastado dos bairros centrais.

O local foi escolhido justamente por ser distante do resto da cidade.

De novo as árvores sem folhas.

Até algumas décadas atrás a vida política e econômica do Rio se concentrava ainda no Centro, Zona Sul e nos bairros mais centrais da Zona Norte, ao redor do Maracanã.

Na Zona Oeste já haviam bairros diversos bairros operários e populares as margens do trem de subúrbio que sai da Central e da Avenida Brasil. 

Aqui e a dir. os prédios do Eixo Oeste vistos de outras parte da Z/O: nessa estou no S. Inácio.

(Alias a famosa Av. Brasil chegou a ser chamada de BR-01 antes da base de numeração das rodovias federais ser transferida pra Brasília, nos anos 70.)

A orla da Zona Oeste, entretanto, ainda era pouco urbanizada, e certamente bem menos aburguesada.

Do lado oposto: R. Eduardo Sprada, Campo Comprido, em 2016 – vê que a Zona Oeste ainda tinha vários lotes grandes vagos.

Em 1970 ainda haviam chácaras mesmo perto do mar, e poucas casas, quase nenhum prédio alto no bairro.

Quando o fim do século passado foi se aproximando a situação mudou.

A região era pouco urbanizada e não tinha grandes favelas por perto.

Portanto podia ser remoldada mais livremente, o que era impossível na Zona Sul

Em Copacabana, Ipanema e entorno a densa urbanização, inclusive com ocupações irregulares nas encostas, tornavam impossível “recomeçar do zero”.

Enquanto que na Barra da Tijuca havia mais espaço disponível.

Então a alta burguesia começou a moldar o bairro claramente inspirados nos ‘subúrbios’ ianques.

Apenas na Barra as moradias de luxo eram muitas vezes em prédios, e não em casas como nos EUA.

Ressalvada essa diferença, as semelhanças são evidentes. Como já escrevi antes:

A alta burguesia foi pra Barra da Tijuca pra estar longe e próximo do Rio ao mesmo tempo

Poder aproveitar ao máximo a extensa vida cultural da cidade, ir a jogos no Maraca.

E ainda assim ficar afastado dos problemas cariocas, não o menor deles a violência. ”

O Expresso é ‘praia’ de Ctba., no sentido que os prédios mais caros são erguidos as suas margens (só em Londres/Inglaterra com seus 2-andares os ônibus – igualmente vermelhos – têm igual prestígio como símbolo da cidade).

………….

Isto posto, voltemos a capital paraense. O vizinho Bigorrilho (na divisa entre as Zonas Oeste e Central) deve seu nome a uma ‘casa da luz vermelha’.

Era de propriedade de uma cafetina e prostituta, chamada popularmente de ‘bigorrilha’.

Essa palavra é uma ofensa, quer dizer pessoa incômoda.

E um puteiro é exatamente isso pra maioria das pessoa, algo incômodo, que perturba a vizinhança.

Nomes fictícios a parte, placas mostram os bairros do Eixo Oeste (a partir do Centro): Mercês, Bigorrilho (aqui), C. Siqueira, Mossunguê, C. Comprido (esq.) e CIC Norte.

Esse estabelecimento incomodava os moradores do bairro, que por isso apelidaram sua dona de ‘bigorrilha’.

Com o tempo masculinizaram a palavra, ‘a Bigorrilha’ virou ‘Bigorrilho’, como se ela fosse um homem…

Também na Zona Oeste há um outro bairro em que o homenageado também mudou de sexo de forma póstuma.

Guarita de segurança na via pública, outra cena comum em S. Paulo mas rara aqui.

O bairro da Augusta começou como colônia Dom Augusto, que era um neto varão de Dom Pedro 2º.

Augusta e Bigorrilho têm em comum o fato que as pessoas que lhes deram origem tiveram seus sexos invertidos, e ambos são na Zona Oeste mas em pontas opostas dela:

O Bigorrilho faz divisa com o Centro, e poderia ser classificado também na Zona Central.

É densamente verticalizado (28 mil habitantes), têm uma das taxas mais altas de moradores por km quadrado.

Por ser de renda muito elevada é importantíssimo polo de empregos, muitas milhares de pessoas acorrem ao bairro no horário comercial.

Nas proxs. 7 imagens o Campina do Siqueira; nesse local há uma fileira de pinus (visto melhor na tomada a seguir), daquela espécie comum no Hemisfério Norte.

a Augusta é na extremidade do município, fazendo divisa com Campo Largo.

Ainda tem a maior parte de sua área formada por propriedades rurais.

Vivem na Augusta 6 mil curitibanos (os dados populacionais são do Censo de 2010).

……

Voltando ao Bigorrilho: alguns insistem em chamar o bairro de Champagnat, denominação que não reconheço até que se torne oficial.

Já houve um projeto de mudar o nome do bairro, mas não passou na câmara.

Talvez porque ao invés de simplesmente propor a alteração de Bigorrilho pra Champagnat eles ainda queriam redefinir os limites:

Pretendiam engolfar também uma área que pertence ao bairro das Mercês.

Realmente boa parte do que é conhecido por Champagnat está além do Bigorrilho.

O mesmo local retratado com mais de 8 anos de diferença: nessa e a seguir o prédio em 1º plano (agora pronto, foto datada) é no C. do Siqueira, os ao fundo no Mossunguê.

A antiga sede de uma universidade (hoje o terreno está vago, após um incêndio) e a Praça 29 de Março, por exemplo, estão de fato nas Mercês.

Então os que defendem a mudança não queriam apenas alterar o nome de um bairro mantendo os limites atuais.

E sim redesenhar o mapa da cidade, alterando as delimitações de dois bairros vizinhos, o Bigorrilho e as Mercês. 

A questão é que isso criou um complicador, o que talvez tenha sido determinante pra derrocada dessa iniciativa.

"Lamenha Lins Criou a Zona Oeste"

Em 2014 em obras.

A prefeitura não se opõe que um bairro troque de nome, se esse for o desejo expresso de seus moradores.

Tanto que o antigo Capanema se tornou Jardim Botânico em 1992.

Entretanto, a prefeitura veta qualquer iniciativa que vise re-desenhar os limites entre os bairros.

Outras cidades, por outro lado, não têm problemas com isso.

Recentemente (essa parte do texto é de 2010), uma parte do bairro São Cristóvão, no Rio de Janeiro, foi desmembrada.

Parque Barigüi com os prédios do Bigorrilho ao fundo.

Passando a se chamar Vasco da Gama, pra homenagear o clube de futebol.

Alegou-se que Flamengo e Botafogo já eram bairros cariocas.

A questão é que nesses dois casos foram os bairros que nomearam os clubes, e não o contrário.

Falando no Bigorrilho, nessa esquina (quase em frente ao Term. C. do Siqueira) será erguido o prédio mais alto de Curitiba, com 50 andares.

Enfim, o fato é que o projeto foi aprovado, e agora existe o bairro Vasco da Gama na Zona Norte do Rio.

Em Porto Alegre-RS, o bairro Mário Quintana foi separado do bairro Protásio Alves pra homenagear o poeta gaúcho.

Ambos (V. da Gama e M. Quintana) surgiram no mesmo ano, 1998, e foram seccionados de seus originais.

No caso respectivamente São Cristóvão e Protásio Alves – eles ainda existem, embora menores.

Viaduto em frente ao terminal C. Comprido, onde os ‘manos’ assinaram suas insígnias.

Foi o que tentaram fazer aqui, desmembrar uma parte do Bigorrilho e das Mercês.

A questão é que o que é praxe em outras cidade é interdito em Curitiba.

Se a população estivesse de acordo, o Bigorrilho poderia virar Champagnat, mas é isso:

O nome pode mudar, o espaço físico que o bairro ocupa não pode. Não se permite alterar fronteiras de bairros e nem fundi-los.

Em frente ao Terminal C. do Siqueira cartaz anuncia a “chegada de Hercólubus, que irá causar catástrofes, alterações climáticas, vulcanismo, terremotos, crises, guerras, fome mundial, epidemias“: não estou referendando a doutrina da Gnose, cada um que julgue como quiser; de qualquer forma, vendo o panorama mundial a impressão é que Hercólubus já está aqui, eu diria (fotografei o mesmo aviso no Chile e nas duas maiores cidades do interior de SC – Joinville e Blumenau, evidente).

Assim o Bigorrilho continua sendo uma homenagem a uma prostituta e não ao padre Marcelino Champagnat, como alguns gostariam.

Eu não defendo e nem me oponho a mudança, mas só a adotarei depois de oficial, como já falei.

O Jardim Botânico é o ‘Jardim Botânico’, eu não chamo pelo nome antigo, porque foi um plebiscito que determinou a mudança.

No Bigorrilho, e também no vizinho Mossunguê (e partes do Campo Comprido e Cidade Industrial), não houve nenhum processo oficial.

Então chamar a região é de ‘Champagnat’ e ‘Ecoville’ permanece sendo ficção, e enquanto o for será grafado entre aspas.

……..

Mais imagens do bairro Campina do Siqueira:

Convencional “L-455 – Campina do Siqueira“: nos anos 80 era comum em Curitiba o nº das linhas vir grafado assim, com a letra ‘L’ antes dos algarismos – tanto no municipal (esse) quanto nos metropolitanos; a viação Curitiba gostava de Monoblocos, teve muitos, desde esse modelo até o ‘3’ (‘0-371’).

A HISTÓRIA DO EIXO OESTE DO EXPRESSO:

1980 – PRESENTE

A partir dessa foto ao lado até o fim todas as fotos oriundas da internet, créditos mantidos sempre que impressos nelas.

Isto esclarecido, começamos nossa breve retrospectiva do transporte na Zona Oeste de Curitiba com um Monobloco ‘1‘ (0-362 ou 364) a esquerda.

Da extinta viação Curitiba, que atendeu essa parte da Z/O até que veio a “licitação” de 2010.

É um Convencional, ou seja, a linha não é integrada – vai direto do Centro pros bairros sem entrar em terminais, se quiser colocar assim.

Expresso Campina do Siqueira em 1981: atrás dele Monobloco ‘1’ ainda na pintura livre.

Essa linha é muito antiga, e antes da implantação da ‘Rede Integrada de Transporte’ (‘RIT’) era feita na pintura livre, com o mesmo trajeto e também sem integração.

(Alias antes da RIT nenhuma linha tinha integração, é exatamente isso que o nome ‘Rede Integrada’ quer dizer.)

O que quero chamar a atenção é pro nome: “Campina do Siqueira”.

No início a linha circulou com “Expresso” no letreiro, ressaltando a nova categoria – veja que o “C. Siqueira’ vinha numa placa sobre a porta; outro detalhe: o busão é a álcool; na verdade é ‘flex’, tanto a dísel quanto álcool.

Nos anos 80 haviam 2 linhas com essa idêntica denominação – vistas nas tomadas acima.

Uma, como acabamos de mostrar, Convencional, que ia pelas ruas normais dividindo o espaço com os carros.

Não entra entra em terminais e não era integrada, ou seja, quando descer desse busão pra subir em qualquer outro paga de novo.

E outra de Expresso, proTerminal Campina do Siqueira – onde você pode pegar outra condução sem desembolsar outra passagem.

O trajeto é pela canaleta exclusiva pra transporte coletivo, portanto livre de congestionamentos.

Começo do sistema Expresso, eixo escrito na lataria, nesse caso o ‘Oeste’ obviamente, que tinha 2 linhas: “Campina do Siqueira” visto acima e “Campo Comprido” aqui; nos Expressos, e somente neles, os busos tinham um prefixo: no eixo Oeste (operado pela viação Curitiba) era o ‘8’, daí o busão ser o 8-98; o Eixo Norte (da Glória) tinha o prefixo Zero, seus veículos eram ‘0-28’, ‘0-45‘, etc,  o Leste (viação Cristo Rei) com prefixo 4, por ex. 4-36, o Sul (da Redentor, na época não havia a Cidade Sorriso) prefixo 3, há na página a foto do 3-48 em ação – a Carmo ficou com o Eixo ‘Boqueirão‘ (também Zona Sul) e deveria usar o prefixo ‘2’, mas se recusou, seus veículos só vinham identificados como ’50’, ’53’, ’61’, etc; voltando a foto acima o nº 8-98 vem no letreiro menor, costume há muito abandonado, mesmo no tempo da lona esse espaço trazia o nº da linha e não o do ‘carro’, a identificação do veículo passou a vir pintada na lataria sob o para-brisas.

Feita por ônibus maiores, no caso da Zona Oeste desde o início com 3 portas (como a foto a esquerda mostra).

O mesmo nome pra linhas distintas, e uma integrada e outra não.

Só que como as cores são diferentes (vermelho e amarelo respec.) e elas não dividiam em momento algum o mesmo trajeto nunca paravam no mesmo ponto não tinha como confundir.

Então na década de 80, a 1ª funcionamento da RIT e do Expresso, ficou assim.

Nos anos 90 a linha Convencional teve o nome alterado pra “Jardim Esplanada.

(Que em 2021 foi estendida pra cobrir um trecho que a linha “Rua XV/Barigüi” deixou de atender quando foi seccionada e se tornou somente “Barigüi.)

Então do Convencional já falamos. Vamos agora focar nos vermelhões.

As décadas de 70 e 80 foram um período conturbado, política e economicamente.

Em compensação houveram grandes transformações, na cidade e no país. O governo federal investiu bastante em urbanismo e transporte.

Em 1988 a numeração dos ônibus mudou, não há mais prefixos e todos os veículos passam a ter quatro dígitos (antes haviam veículos com 3 dígitos e prefixo, como acabei de mostrar, e sem prefixo com 4, 3 e 2 dígitos convivendo simultaneamente): o 1º identifica a categoria, os Expressos receberam o nº ‘6’; o 2º identificava a viação, a Curitiba segue com o ‘8’; e os dois últimos eram a numeração do ‘carro’ dentro da frota da empresa; por isso o ‘6897’: veículo 97 da viação Curitiba, operando como Expresso (provavelmente ele foi o 8-97 na codificação anterior); ainda há a indicação da região, nesse caso ‘Oeste’ – breve esse detalhe também desapareceria.

O metrô de São Paulo, 1º de nosso país, é de 1974, enquanto que o do Rio veio a seguir, em 1979.

Surgiu o projetos do ônibus ‘padrão (‘padron’ como alguns preferem chamar), o ônibus de verdade‘. Não é difícil entender o porque dessa denominação.

Os ônibus produzidos no Brasil até os anos 70 eram ‘caminhões encarroçados’, ou seja carrocerias de ônibus sobre chassi de caminhão.

Resultando que eram muito altos em relação ao solo (dificultando o embarque de idosos), teto baixo e 2 portas estreitas, corredor igualmente estreito e com o motor a dificultar o acesso na dianteira.

Os veículos ‘padrão’ tinham motor traseiro (ou no caso dos Volvo central, melhor ainda), portas largas (de preferência 3), piso mais próximo do solo e teto mais elevado.

Tudo facilitando embarque, desembarque e circulação interna.

Aqui e a seguir: após encerrarem seu ciclo como Expressos os bichões foram repintados e deslocados pra outros modais. Na virada pros anos 90 todas as categorias passaram a ser escritas na lataria (até então era só Inter-Bairros e Circular-Centro [hoje extinto] que eram assim – Expressos, repito, vinham com o seu eixo, e Convencionais e Alimentadores [ambos na cor amarela] não tinham nada escrito na lateral); nessa um ‘Convencional’, cujos busos tinham o primeiro dígito ‘1’ ou ‘2‘.

Ao mesmo tempo vem o programa “ProÁlcool“, desenvolvendo a tecnologia e financiando a construção de usinas e postos pros carros funcionarem a álcool (hoje chamado ‘etanol’).

Não foram muitos, mas alguns ônibus ‘padrão’ chegaram a funcionar a álcool.

Quanto a Curitiba, dando continuidade a grande transformação iniciada no começo dessa década de 70, em 1973 é criado o bairro da Cidade Industrial de Curitiba, a ‘CIC’.

O maior bairro curitibano, tanto em área quanto população (moram no CIC 10% do curitibanos, cerca de 180 mil pessoas no Censo de 2010) e PIB.

Foi formado a partir do território desmembrado de vários bairros das Zonas Oeste e Sul.

A prefeitura incentivou dessa forma a instalação de várias fábricas em Curitiba, porém longe da área central.

Agora um Inter-Bairros (primeiro dígito ‘3‘) – em todos os casos o segundo dígito é sempre ‘8’, pois se trata da mesma viação Curitiba.

Até então o polo industrial de Ctba. era o Rebouças, ao lado do Centro.

A Volvo apostou no projeto, e quando decidiu abrir uma filial no Brasil escolheu a Cidade Industrial de Curitiba.

Em 1977 foi aberto um escritório no Centro, dois anos depois saiu da linha de produção o primeiro ônibus, e a seguir, em 1980, vieram os camihões.

Curitiba até hoje não tem nenhum modal sobre trilhos, seja metrô, trem de subúrbio ou VLT.

Voltamos ao Eixo Oeste, nosso tema aqui: no começo da década de 80 (por isso o nº ainda tem o prefixo) logo no início do Expresso outro Torino ‘1’ da Curitiba, quando a linha Camp. Siqueira tinha ponto final na Pç. Rui Barbosa.

Em compensação, nesse mesmo ano de 74 surge aqui o sistema “Expresso” (hoje chamado pela sigla em inglês ‘BRT’).

Com pintura padronizada, entrada pela frente, corredores exclusivos e integração (usar dois ou mais ônibus desembolsando uma tarifa).

Inaugurando todas essas características em nosso pais.

Foto de 1991: o 6882 (prov. ex-8-82) na 802-Campo Comprido; o de trás na linha C.Siqueira/C.Imbuia, que falaremos abaixo.

Até então era universal a pintura livre, embarque traseiro, o transporte coletivo dividir espaço com os carros.

Além de óbvio o passageiro e ter que pagar novamente a cada novo re-embarque.

O Expresso já chega com integração com os Alimentadores, afinal o sistema surgiu pra isso.

Só que no início sem os terminais, simplesmente gradearam as praças que eram ponto final dos Expressos. Um improviso evidente.

Por pouco tempo foi assim; a partir de 1978 até 82 (aprox.) foram construídos 15 terminais, divididos em 5 eixos.

Como regra geral três em cada eixo, com duas exceções:

O Eixo Oeste que estamos falando, que era bem menos habitado e portanto foram 2, o Campina do Siqueira e Campo Comprido.

Na 1ª metade dos anos 80 linhas de Expresso eram identificadas por siglas, não por números – no letreiro “802-Campo Comprido”, mas a placa de itinerário atrás da porta era antiga, e ainda trazia no título “ECC-Expresso C. Comprido” (no detalhe, resolução está longe da ideal mas dá pra ler); fora isso, o busão tem as características adotadas na 2ª metade da década; desde 1986 todos os ônibus têm 3 portas, e em 1988 várias mudanças: número com 4 dígitos; Expressos laranjas, mesmo na frota das viações particulares; não há mais o eixo (“Oeste”) na lataria, todos os busos trazem escrito o modal, “Expresso” obviamente no caso – foto da virada pros anos 90, pois a chapa ainda é de 2 letras.

E a Zona Sul, desde então a mais populosa, recebeu 2 eixos e 7 terminais.

Praticamente metade do total (além dos dois maiores, o Boqueirão e o Pinheirinho).

O Eixo que se chamou ‘Sul‘ (eu denomino de ‘Sul-1’ – já entenderão o porque desse sufixo numérico) foi o único agraciado com 4 terminais: Portão, Capão Raso, Pinheirinho e CIC.

(Sim, muita gente não sabe, mas de 1980 a 1995 o Terminal CIC tinha ônibus Expressos.)

(Apenas nos anos 90, quando veio o bi-articulado e os Ligeirinhos é que o Expresso deixou de servir esse terminal, julgaram que os Ligeirinhos eram suficientes);

E os terminais Vila Hauer, Carmo e Boqueirão no Eixo Sul-2 (termo não-oficial, na lataria vinha grafado ‘Boqueirão’. Mas Hauer e Boqueirão também são Zona Sul).

Alias nesse Boqueirão além do terminal de mesmo nome – evidente – também fica o Terminal do Carmo;

Entre 1987 e 88 veio a ‘Frota Pública’, com articulados laranjas, foi aí que fizeram todos os Expressos dessa cor, mesmo os ‘pitocos’ e/ou de viações particulares; em mais uma foto de 1991, o Urbanus Busscar vermelho a esquerda acaba de deixar o ponto final no Terminal Campina do Siqueira visto ao fundo, e irá cruzar o Centro rumo ao Capão da Imbuia, na Zona Leste – por isso é operado pela viação Cristo Rei; ao lado um articulado ‘frota pública’ da Urbs vindo de mais longe, do Campo Comprido, em compensação encerra a viagem no Centro (sabem que a primeira letra é a categoria, ‘6’ é Expresso, e ‘8’ são os articulados [que no início eram sempre Expressos, de qualquer forma]; quanto ao segundo dígito, ‘4’ é da Cristo Rei e o ‘0’ ficou pra Urbs, os ônibus de propriedade estatal).

E pra completar Cabral, Boa Vista e Santa Cândida no Eixo Norte; e Capão da Imbuia, Vila Oficinas e Centenário no Eixo Leste (os 2 últimos no bairro Cajuru).

Na foto em preto-&-branco um pouco mais pro alto na página tudo isso se ‘casou’ numa única imagem:

Trata-se de um ônibus ‘padrão’ Volvo – movido a álcool – Expresso do modelo Torino ‘1’.

(Sim, eu sei, a Marcopolo diz que é ‘São Remo’ [‘San Remo’ no original, eu traduzo tudo pro português];

Oras, ele é muito mais parecido com o Torino que veio a seguir que com o São Remo que encerrava sua produção; então classifico como Torino mesmo.)

Nomenclatura a parte, no início ele circulou escrito “Expresso” no letreiro.

A linha “C. Siqueira” vinha numa placa sobre a porta.

Já que ele não dividia o trajeto com outras linhas de Expresso (nem com o Convencional de mesmo nome, como já explicado acima) não tinha como confundir, essa informação bastava.

Nessa tomada em p&b ele ainda está num barracão, provavelmente em exposição.

No entanto ele chegou a circular nas ruas exatamente assim:

Com o “Expresso’ no letreiro e o ‘bi-combustível’ sob o para-brisas.

No início dos anos 90 vêm novos articulados, esses das viações particulares – os Expressos voltam a ser vermelhos (último ônibus com 2 letras na chapa e número com 4 dígitos; o primeiro ‘8’ pois é ‘sanfonado’, e o segundo ‘8’ é o da viação Curitiba, vocês já sabem).

Repetindo mais uma vez, o Eixo Oeste recebeu 2 terminais, o Campina do Siqueira e o Campo Comprido.

Pra marcar todos esses avanços, a prefeitura encomendou uma grande leva desses Torinos ‘1’ Volvo pra operar no Eixo Oeste do expresso, pela viação Curitiba. Detalhe: com 3 portas!

De 1980 a 85 esses foram os únicos veículos 3 portas de toda a cidade (com exceção dos articulados).

Monobloco na “C01-C. Siqueira/C. Imbuia”: o código alfa-numérico é herança do fim dos anos 80, quando essa linha começou, unindo Eixos Oeste e Leste (especificamente 1989); de resto características já dos anos 90, quando a foto foi feita: Expressos vermelhos, chapa de 3 letras e numeração do veículo também alfa-numérica, adotada em 1992: 1ª letra mostra a viação, a Curitiba ficou com o ‘L’; a 2ª é a categoria, ‘E’ são os Expressos, logicamente.

Pois até então toda a frota curitibana, como alias praticamente toda frota brasileira, era 100% composta por veículos com somente 2 portas.

Em 1986 se tornou obrigatório que os novos busões que fossem rodar em Curitiba tivessem sempre três portas.

Porém, evidente, até renovar toda a frota tivemos veículos com 2 portas circulando aqui até o meio pro fim dos anos 90.

Tem mais um detalhe sobre essa leva de Volvos do Eixo Oeste: até 1984 a Praça do CIC Norte era servida pro Expressos.

Na verdade eu não sei se era uma linha a parte com seu nome no letreiro ou somente um ramal da linha Campo Comprido.

Final da década de 90: Campo Comprido com muitos bosques, menos prédios que agora; nessa codificação ‘F’ é a Urbs e o ‘R’ indica ônibus articulados, repetindo.

(Nesse segundo caso os ônibus passavam pelo terminal de mesmo nome mas seguiriam mais alguns pontos.)

Seja linha específica ou ramal de outra linha, o fato é que os Expressos chegavam até a referida praça do CIC Norte.

Que fica a cerca de 500 metros somente da fábrica da Volvo, também no CIC Norte. Parecia que os bichões estavam “voltando pra casa“.

Até que em 84 o Expresso foi seccionado no Terminal Campo Comprido, o CIC Norte por quase uma década foi servido somente por alimentadores.

Por volta de 1992 veio esse Ligeirinho, que a princípio só ia até o Capão da Imbuia – a linha era portanto municipal e se chamava ‘Leste/Oeste’.

No ano 2000 foi estendido até Pinhais, no novo terminal recém-inaugurado – foi aí que veio o bi-articulado no Eixo Leste-Oeste.

Term. C. Comprido em 1999, meses antes da implantação do bi-articulado no Eixo Oeste – o último veículo é articulado ‘Frota Pública’, o FR057; o que diz ‘Ferraria’ vai pro vizinho município de Campo Largo: a integração com a região metropolitana, implantada nos anos 90, é o ponto forte do transporte curitibano.

Mais que isso, Na verdade foi aí que os Eixos Leste e Oeste foram fundidos de fato.

E viraram o “Eixo Leste/Oeste”, termo usado atualmente.

Até o fim dos anos 80 eles não tinham nenhuma integração.

Cada um servia sua região, as linhas terminavam no Centro.

(Ao contrário dos Eixos Norte e Sul, que foram integrados já perto de 1980 com a linha Cabral/Portão.

Em 2000 vieram os tubos e bi-articulados com embarque pré-pago e em nível, as linhas então existentes do Eixo Leste e Oeste foram unificadas na 303-Centenário/Campo Compridoas viações que as operavam, a Curitiba e a Cristo Rei, não puderam comprar todos os bi-articulados necessários – por exemplo, esse é um ex-Carmo, emprestado portanto seu número é VD033, é o isso que a letra ‘V’ quer dizer, que não está operando pela viação que é sua proprietária; a 2ª letra ‘D’ indica exatamente que tem 2 sanfonas (agora há Inter-Bairros, Alimentadores e Convencionais articulados; mas naquela época e até hoje bi-articulados são somente os Expressos).

Atenção: me refiro a antiga Cabral/Portão, que existiu até 1995, era de Expresso e ia pela ‘canaleta’ das Avs. J. Gualberto, 7 de Setembro e Rep. Argentina.

Não confunda com a atual Cabral/Portão, que é Alimentadora e foi criada por volta da virada do milênio.)

Em 1989 veio a linha Campina do Siqueira/Capão da Imbuia, que por pouco mais de uma década era a que integrava as Zonas Oeste e Leste da cidade.

As demais linhas (802-Campo Comprido na Z/O e 302-Oficinas e 303-Centenário na Z/L) continuaram a finalizar no Centro.

A partir de 2000 com o bi-articulado o Eixo Leste-Oeste passou a ter apenas 2 linhas:

303-Centenário/Campo Comprido e a C01-Pinhais/Rui Barbosa (nos horários de pico há linhas menores de reforço, como as fotos mostraram).

No começo adaptaram com 2 portas elevadas alguns antigos articulados que operaram no modal anterior, com embarque ao nível do solo – não apenas no Eixo Leste/Oeste, em outros eixos igualmente; o ‘L’ da viação Curitiba e o ‘R’ de articulado, com 1 sanfona (esse busão além de Expresso foi Inter-Bairros em Ctba., a seguir correu o mundo: foi pra Londrina e Maringá no PR [nessa última em dois modais, municipal e metropolitano/ suburbano] e na sequência pra Manaus-Amazonas).

A 303 é municipal e a que une de fato as Zonas Leste e Oeste, unificando seus eixos de Expresso.

Um ponto final é no Terminal Centenário, no populoso bairro do Cajuru, na Zona Leste como todos sabem. Após cruzar a Z/L, passa pelo Centro.

A seguir a Z/O, finaliza no Terminal Campo Comprido, que digo de novo fica na divisa da Cidade Industrial com o bairro que lhe nomeia.

Agora com o letreiro eletrônico não dá mais pra registrar o nome completo da linha, “303-Centenário/C. Comprido” numa única foto.

São preciso duas fotografias. Seguem nas duas próximas imagens.

A primeira logo abaixo, onde o letreiro diz “Centenário”, é a única dessa seção dos ônibus que é de minha autoria.

Isto posto, eu falava sobre as linhas do eixo Leste/Oeste.

Expresso Leste/Oeste, mas é preciso duas fotos pra lermos a linha inteira, e nesse belo pôr-do-sol no Campina do Siqueira em 2014 começamos o trabalho: “303-Centenário

Além dessa 303 há também a C01-Pinhais, que é o único bi-articulado metropolitano de toda Curitiba.

Passa apenas pela Zona Leste, seu ponto final é a Praça Rui Barbosa.

Quem vêm dos municípios de Pinhais e Piraquara, na Z/L, e quer seguir pra Z/O precisa trocar de ônibus.

Felizmente é bem fácil, isso pode ser feito em qualquer um dos tubos do trajeto descendo pela porta 3.

O EIXO LESTE –

Campo Comprido”. Ufa! Eis a linha-tronco do Eixo Leste-Oeste: aqui Caio/Volvo da viação Tamandaré (já no emplacamento Merco-Sul) – é por causa desse trecho que fica assim no outono que o Eixo Oeste é conhecido como “A Rua das Árvores Vermelhas“.

Nosso foco é o o lado oposto, a Z/O. Mas falar em “Eixo Leste” e “Eixo Oeste” separadamente é … como posso dizer?… “tão século 20”, se quiser colocar assim.

Desde julho do ano 2000 o Expresso nas Zonas Oeste e Leste de Curitiba foi unificado, formando agora o “Eixo Leste/Oeste”.

Então pra nossa breve radiografia do Eixo Oeste ficar mais completa preciso falar também da Z/L.

Afinal nesse novo milênio é possível ir do extremo oriente ao extremo ocidente do município e nem é preciso trocar de ônibus.

Recapitulando o Eixo Leste do Expresso – essa foto é do fim dos anos 80 – ainda há a região  grafada, o buso é vermelho e com placa de 2 letras; e a linha é identificada por uma sigla: na placa de itinerário lemos “EL-Centenário”, iniciais de ‘Expresso Leste‘; o nº do ‘carro’ é ‘6413‘ (indica que a foto foi entre 1988 e 92)

Inicialmente o Eixo Leste recebeu 3 terminais: Capão da Imbuia, Vila Oficinas e Centenário.

O Cajuru é bairro mais populoso da Zona Leste, e o terceiro de Curitiba.

Apenas 3 bairros de Curitiba têm mais de 100 mil habitantes: a CIC (Zonas Oeste e Sul) e o Sítio Cercado (Zona Sul) já a algum tempo.

Agora, saindo os resultados do Censo de 2022 acredito que o Cajuru adentrou oficialmente essa seleta lista, pois em 2010 já tinha 96 mil habitantes.

Bem o Terminal Campo Comprido já fica dentro da Cidade Industrial.

EO-Expresso Oficinas” na placa lateral, “Vila Oficinas” no letreiro; 2 mudanças em relação a foto anterior: da cor vermelha pra laranja (placa onde diz ‘E.O.’ ainda rubra, lembrança do ciclo anterior) e da inscrição ‘Leste’ pra ‘Expresso‘ (antes a região, agora a categoria); de resto igual, mesmo modelo Caio, nº de 4 dígitos e placa de 2 letras – em Ctba. sempre ‘CP’,  ao menos até esgotar essa combinação.

Assim, em suas duas pontas ele une diretamente 2 dos 3 bairros mais povoados da cidade.

Voltando a focar no Cajuru, não é difícil entender porque o Eixo Leste se centrou nesse bairro.

De 3 terminais 2 são dentro dele mesmo, o Centenário e o Oficinas.

E o Capão da Imbuia é exatamente na divisa do bairro que o nomeia com esse Cajuru que estamos falando.

Como aconteceu em toda Curitiba, no início do sistema Expresso havia uma linha pra cada terminal:

301-Capão da Imbuia, 302-VilaOficinas (depois somente ‘Oficinas’) e 303-Centenário.

301-Capão da Imbuia, código numérico e ponto final no Centro; volta a cor vermelha (agora inverte, placa de itinerário laranja como herança do passado), outro modelo mas ainda Caio com 3 portas e 3 letras na chapa; número do carro segue com 4 dígitos.

Todas compartilhavam o trajeto do Centro até o Terminal Capão da Imbuia.

Ali havia uma bifurcação: as linhas Oficinas e Centenário entravam no Cajuru.

A linha Capão da Imbuia não finalizava nesse terminal, curiosamente.

Passava por ele, mas seguia mais uns 3 pontos, até a Vila Nova, na divisa com Pinhais.

A operação ficava a cargo da viação Cristo Rei, como dito e é notório.

Que era grande cliente da Caio, 100% de sua frota de Expressos era do modelo Gabriela/Expresso.

Oficinas’ passou a ser linha 302 (sem o ‘Vila’) – quando o nº dos ‘carros’ mudou pro alfa-numérico a Cristo Rei recebe a letra ‘D‘.

Todos eles ‘pitocos’, afinal os Eixos Leste e Oeste só foram ter articulados quando chegou a “Frota Pública”, em 1988.

O Eixo Norte e os dois da Zona Sul contaram com ‘sanfonados’ desde 1980.

Esses três eixos também receberam antes os bi-articulados: o Boqueirão em 1992, o Eixo Norte/Sul em 1995.

O Eixo Leste/Oeste apenas em 2000. Mas já chegaremos lá. Voltemos ao anos 80.

303-Centenário no ponto final, que era na Praça Rui Barbosa antes do bi-articulado – como o autor da imagem já explicou.

Na primeira década do sistema Expresso não havia como ir da Zona Oeste a Zona Leste, ou vice-versa, pagando uma só passagem.

Em 1989, como já dito acima, veio a linha Campina do Siqueira/Capão da Imbuia pra suprir essa lacuna. Recebeu a princípio um código alfa-numérico, C01.

A linha 301-Capão da Imbuia deixou de existir, porque fora unificada com a 801-Campina do Siqueira.

Aparentemente ao adotar código numérico a C. Siqueira/C. Imbuia herdou o 302 – no momento da foto o bichão não opera mais, porém ainda conserva o letreiro da última linha que puxou.

Logo nova linha herdou a codificação, e passou a ser “301-C. Siqueira/C. Imbuia“.

As linhas 302-Oficinas e 303-Centenário permaneceram, ambas terminando no Centro, mais especificamente na Rui Barbosa como a foto acima mostra.

Quem vinha do Cajuru e precisava seguir pra Zona Oeste baldeava sem custos no Terminal Capão da Imbuia.

Na década de 90 a integração metropolitana avança. O governo do estado construiu diversos terminais de ônibus nos municípios da Grande Curitiba.

Existia a linha de reforço 306-Capão da Imbuia/ Centenário – desde antes do bi-articulado, quando os Expressos ainda  tinham catraca e embarque ao nível do chão.

Pro que importa pro Eixo Leste, em Pinhais foi feito o Terminal Autódromo, quase na divisa com Curitiba.

Que contou já em 1992 com articulados, o 1º ‘sanfonado’ metropolitano. Essa linha-tronca ia pela Avenida Vitor Ferreira do Amaral.

Pra que a população de Pinhais pudesse ter acesso ao sistema da capital sem pagar novamente veio a linha “Integrar Pinhais”, ligando os Terminais Capão da Imbuia e Autódromo.

Em 2000 surge o bi-articulado no Eixo Leste/Oeste.

Bi-articulado metropolitano Pinhais/Rui Barbosa.

Foi quando foi inaugurado o novo Terminal de Pinhais.

(Com isso tornando redundante o Terminal Autódromo, que acabou desativado.)

Pinhais contou com o primeiro articulado da região metropolitana, em 1992.

Agora na era das estações-tubo, as linhas de reforço do Capão Imbuia a outros terminais do Eixo Leste: C04-C. Imbuia/Pinhais e (já vista na foto acima a dir.) 306-C. Imbuia/Centenário; a 1ª é metropolitana e ainda circula, a 2ª não existe mais – quando existia era municipal, ambas após 2000 a cargo da Exp. Azul de Pinhais (as vezes viações municipais operam linhas inter-municipais e vice-versa)

E desde 2000 tem o único bi-articulado, mantendo o pioneirismo (esq.) .

Agora repetindo algumas informações pra finalizarmos a análise:

Assim o Eixo Leste/Oeste é unificado na linha 303-Centenário/Campo Comprido, sua linha-tronco.

Na Zona Leste há também o C01-Pinhais/Rui Barbosa, feita por bi-articulados (curiosamente repetindo o prefixo antes usado pela C. Siqueira/C.Imbuia).

Ambas sobrepõem o trajeto do Centro até o Terminal Capão da Imbuia.

Eis a atual 302, a “Centenário/Rui Barbosa”, reforço no pico que percorre a metade oriental da linha-tronco 303, tornando supérflua a 306-C. Imbuia/Centenário; Expressos voltaram a ter a 2ª letra ‘E’, independente se o veículo é articulado ou bi-articulado (essa informação, se tem 1 ou 2 sanfonas, é indicada agora pelo primeiro digito do número: no caso só uma, primeiro dígito ‘6’; com duas seria ‘7’ ou ‘8’).

De forma que o trecho mais carregado do Eixo Leste tem duas linhas de bi-articulados a servi-lo o dia todo, no momento de pico são 3. Isso me refiro as que chegam no Centro.

Ligando o Terminal Capão da Imbuia a outros terminais da Zona Leste há (ou houveram recentemente) outras linhas de reforço que só circulam nos horários de maior movimento, como a foto acima a direita mostraram.

Essa, resumidamente claro, é a trajetória dos Eixos Oeste e Leste do Expresso.

Desde a gênese até a atualidade (2023). Quando vier o Ligeirão Leste/Oeste eu atualizo a matéria. Promessa é dívida.

Deus proverá

2021: Ufa! 14 anos depois, enfim inaugurada a Linha Verde Norte/Leste (incompleta, por enquanto)

Expresso F. Varela/Pinheirinho deixa a Estação PUC na Linha Verde; ao fundo o bairro do Guabirotuba. Caio da viação Cidade Sorriso, desde 2019 Ctba. comprou grande leva de Caios. Quem tem idade lembra do saudoso Gabriela nos anos 70 e 80, que tinha essa janelinha oval sobre as portas. 4 décadas depois a Caio volta com o mesmo detalhe. Ideias são atemporais e nunca morrem!

INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO

Por Maurílio Mendes, o Mensageiro

Publicado em 12 de agosto de 2021

Quase todas as fotos de minha autoria. As que forem baixadas da internet identifico com um ‘(r)’, de ‘rede’- créditos mantidos sempre que impressos nas imagens.

Aleluia! Enfim uma linha de Expresso na Linha Verde Leste/Norte.

A F. Varela/ Pinheirinho, se iniciou em 17 de julho de 2021. Por enquanto incompleta, só ficaram prontas 3 novas estações:

No Term. Pinheirinho, Zona Sul, 1º dia útil de operação. Nos detalhes a placa eletrônica na plataforma e a marca do bichão, Caio/Volvo.

F. Varela mesmo que o nome da linha indica que é o ponto final, Vila Olímpica e PUC.

A F. Varela e a PUC são mini-terminais, e agregaram novas opções de integração, o que já ajuda bastante.

A Linha Verde é a antiga BR-116 no trecho urbano de Curitiba (atualmente renomeada BR-476).

Em 2007 a prefeitura lançou o projeto de construir mais um corredor de ônibus expressos ligando as Zonas Sul, Leste e Norte da cidade.

Outro ponto final, esse provisório (até a obra acabar no Atuba): tubo Fagundes Varela. Na divisa do Bairro Alto (Zona Leste) e Bacacheri (Zona Norte). Destaquei um Alimentador, tem porta também na esquerda pra integrar com o Expresso na estação-tubo.

Criando aí o nome “Linha Verde” (uma alusão velada as Linhas Vermelha e Amarela do Rio de Janeiro, aqui teria que ser ‘Verde’ porque tudo é “ecológico”).

O trecho Sul saiu bem rápido, ficou pronto em 2009, apenas 2 anos depois.

No embalo reformaram a canaleta da Av. Mal. Floriano Peixoto.

Por onde começaram a operar os Ligeirões 500-Boqueirão (só usa a própria Marechal) e 550-Pinheirinho/Carlos Gomes (Linha Verde e Marechal).

Eles ligam o Centro aos maiores terminais da Zona Sul – e também de toda cidade.

Alimentador Maracanã/L. Verde, “antecessor” do Expresso F. Varela/ Pinheirinho (r). Criado pra cobrir o trecho Norte/Leste da Linha Verde, enquanto obras do Expresso não avançavam. Ponto final era na Estação Fanny. Quando o F. Varela/ Pinheirinho foi inaugurado, a linha passou a se chamar Maracanã/PUC, como o nome indica vai até a Estação PUC.

Já que a Z/S é a mais extensa, a mais populosa e a mais popular, portanto onde mais se usa ônibus.

Além disso, na ocasião já foi entregue a canaleta pronta suficiente pra começar a operar o primeiro trecho da seção Leste/Norte da Linha Verde.

Da Marechal Floriano ao Centro Politécnico da UFPR no bairro Jardim Botânico.

Passando também pelo bairro Guabirotuba, ambos na Zona Leste.

Inclusive no espaço destinado a esse último tubo havia uma grande rótula, pra que os ônibus fizessem o retorno.

Poderia-se ter inaugurado ainda em 2009 mesmo (ou no comecinho da década de 10) uma linha Pinheirinho/Centro Politécnico.

Cartazes indicam o novo Expresso (parado na plataforma ao fundo) e opções de integração nos tubos. Na Fagundes Varela, a placa informa, há conexões com Alimentador Colina Verde – pro Term. Cabral – e Convencional Hugo Lange – liga o Term. Bairro Alto ao Centro. Começou a rodar sábado, 17 de julho de 21. Foto datada, conferi já na 2ª-feira seguinte (19/07).

E aí gradualmente a linha ia sendo estendida pela Zonas Leste (Cristo Rei, Tarumã e Bairro Alto) e Norte (Bacacheri, Vila Tingüi e Atuba).

Ou seja, recapitulando. Em 2009 o primeiro trecho da Linha Verde Leste/Norte estava pronto e poderia ter sido inaugurado.

Inclusive foram instaladas placas indicando ‘Estação PUC’ e ‘Estação UFPR’.

Além disso a obra até o Atuba já estava em andamento.

A previsão é que fosse concluída em poucos anos, até 2011 ou 12.

Mapa geral da cidade (desculpe o reflexo, a iluminação não ajudou): a nova linha de Expresso é aquela azul em diagonal mais pra direita na imagem, ampliada no detalhe. Pode ver que ela corta mais a Zona Leste que a Norte; por isso chamo de “Linha Verde Leste/Norte“, e não somente “L. Verde Norte”, como é a denominação oficial.

Bem antes da Copa do Mundo de 2014 (ocorrida no Brasil como lembram, e Curitiba foi uma das sedes).

Não foi dessa forma que aconteceu, lamentavelmente.

A Linha Verde avançou a passos de tartaruga – em alguns momentos parou mesmo.

Só agora, em 2021, foi entregue a primeira linha de Expresso que vem pela antiga BR-116 e entra nas Zonas Leste e Norte.

Nada menos que 14 anos e meio depois do início da construção.

Com cerca de 10 anos de atraso em relação ao cronograma original.

Quase uma década e meia pra entregar um corredor de ônibus??? Fala sério!!!!

Próxs. 4 imagens: Estação PUC. Articulado encostado, o tótem no detalhe. A seguir o mesmo Expresso visto de dentro do tubo.

Não resta dúvidas que não há mais em Curitiba o mesmo pique de antes, que a tornou famosa mundialmente nos anos 70, 80 e 90.

Tem mais, foi entregue incompleto. Apenas 3 estações novas estão funcionando:

PUC, Vila Olímpica (bairro Tarumã) e Fagundes Varela (divisa do Bairro Alto e Bacacheri, portanto no encontro da Z/L com Z/N), as outras ainda estão em obras.

Faltam ainda 5 estações, 2 (Solar e Atuba) a frente da parte que o ônibus passa, e 3 (Av. das Torres, Jd. Botânico e Tarumã) na canaleta que já está operando.

Resultando que o busão entre as estações PUC e V. Olímpica percorre 5 quilômetros sem fazer paradas.

O que não é bom pois quem mora por ali não pode utilizar.

Algumas estações da Linha Verde são mini-terminais. Nessa e a seguir as novas opções de integração na Estação PUC, aqui o Canal Belém (desde 2018 os Convencionais também são laranjas, o amarelo usado por décadas foi abandonado); a placa mostra, igualmente param ali as linhas Uberaba, V. S. Paulo e V. Macedo/ Guabirotuba.

Quando a Linha Verde for concluída, o que deve ocorrer em 2022, eu volto e atualizo a matéria.

Bom, por hora aceitemos “o que tem pra hoje”, então vamos focar pra agora “ver o copo meio cheio”.

Já é melhor que nada. Com 14 anos de atraso, pelo menos alguma coisa saiu do papel e começou a funcionar.

Não apenas pela linha de Expresso em si, a 350-Fagundes Varela/Pinheirinho.

Ela cria uma nova ligação entre diferentes partes da cidade mas a demanda pro seu trajeto não é tão grande assim.

O benefício maior pros usuários de ônibus é que nas Estações PUC e F. Varela é possível baldear gratuitamente com diversas outras linhas.

Interbairros 5 (por agora permanece verde).

Em outras palavras, elas são mini-terminais. Isso é um melhoramento concreto.

Vários bairros passaram a ter outras opções de integração.

Curitiba precisa muito disso, aumentar a rede integrada.

O novo Expresso começou a operar dia 17 de julho de 2021, num sábado como é natural.

No detalhe o validador no interior da estação: pra você usar a integração no tubo do sentido oposto você encosta o cartão nessa máquina (antes de sair do tubo pra provar que esteve nele); aí você atravessa a avenida e gira a outra catraca sem pagar de novo. Integração digital, resumindo. Pena que em Curitiba é muito pouco usada, os tubos da Linha Verde são a exceção ao invés da regra.

(Ampliações do transporte coletivo sempre começam no fim-de-semana.

Pra dar tempo de ajustar antes do primeiro horário de pico.)

Logo no primeiro dia útil dele eu já fui ver como a coisa funcionava.

Na segunda-feira a seguir, portanto. Notam que as fotos são datadas, foram batidas em 19/07/2021.

No dia 21/07 – ainda na 1ª semana após a inauguração da linha – um colega, ‘botando fé no meu taco’, me mandou um emeio, que reproduzo a seguir: 

Quase a mesma visão do motorista.

    Me diz uma coisa aí, penso que já andou no Fagundes Varela – Pinheirinho, assim qual o seu parecer técnico?

E agora uma dúvida, até para não perder a piada: não era para ser algo tipo Santa Cândida – Pinheirinho via BR-116? Falou irmão.  

Reproduzo publicamente minha réplica, que se chamou “Bem melhor que em 2019“.

Micrão Vila Macedo via Guabirotuba; só há 1 veículo pra 2 linhas, que foram unificadas; a próxima viagem só passa ali 1 hora e 20 min. depois (ao fundo o Circo Vostock, que ficou no Prado Velho por vários anos).

Nela, como era de se esperar, entro nos detalhes do que foi rapidamente resumido acima. Vamo que vamo:

Sim, você acertou, já andei e posso dar o parecer. Repetindo, a linha começou no sábado, 19/07.

Fui no primeiro dia útil dela, na segunda-feira a seguir, assim podemos descrever como ficou a Linha Verde.

O Expresso Pinheirinho/F. Varela ao menos une toda a Zona Sul ao trecho que já está pronto nas Zona Leste e Norte.

Horário das linhas Uberaba e Vila Macedo via Guabirotuba – a última tem intervalo de 1 hora e 20.

Estão operando do trecho novo 3 estações: PUC, Vila Olímpica e Fagundes Varela, como já dito e é notório. Duas delas oferecem novas opções de integração:

No futuro a linha será Pinheirinho/Atuba. No momento a estação que é ponto final é a Fagundes Varela.

Nela é possível integrar com o Alimentador Colina Verde (que vai pro Terminal do Cabral) ou o Troncal Hugo Lange (que liga o Terminal Bairro Alto ao Centro).

Na PUC o passageiro pode baldear gratuitamente pro 050-Interbairros 5 e quatro linhas Convencionais que vão pra Zona Leste via Avenida Salgado Filho.

O Interbairros 5, todos sabem, se dirige pro Centro Politécnico e Terminal Oficinas num sentido, e pros terminais Portão e Fazendinha no outro, portanto interliga as Zonas Leste, Sul e Oeste.

Os Convencionais servem os bairros Uberaba e Guabirotuba: são as linhas 472-Uberaba; 471-Vila São Paulo; 475-Canal Belém e 477-Vila Macedo/via Guabirotuba.

Próxs. 4 imagens: reportagens com a história da Linha Verde, tudo publicado em canais oficiais do município. Dito pela própria prefeitura, a obra começou em janeiro de 2007 e foi inaugurada (incompleta) em julho de 2021. Faça as contas, são 14 anos e meio pra entregar (parcialmente) um corredor de ônibus… Curitiba não é mais a mesma!!!

Um triste detalhe é que de todas essas apenas o Canal Belém tem mais de um veículo operando.

Atualmente são 3 ‘carros’ na linha, e o intervalo entre as viagens é de 23 minutos. Se não é perfeito ao menos é razoável.

As demais linhas Convencionais que seguem pela Salgado Filho parecem ter sido abandonadas pela prefeitura:

As 3 têm apenas um único veículo operando em cada uma – ou pior, nem isso.

Explico. As linhas Uberaba e Vila São Paulo contam com um solitário busão em cada no meio do dia.

Aqui e a esq.: notícias de 2019, quando a prefeitura fez a primeira tentativa de inaugurar um trecho da Linha Verde Leste/Norte. Na ocasião seria quase uma linha sem paradas entre V. Fanny e o Bairro Alto/ Bacacheri. Destaquei os poucos tubos que o busão iria encostar: Fanny, Mal. Floriano e F. Varela. Não teria público praticamente nenhum.

O intervalo entre as viagens é de 1h06. Confira a prova a direita acima, extraída do sítio oficial da Urbs (órgão da prefeitura que regula o transporte, evidente).

Sim, uma hora e seis minutos.Tive que pôr por extenso porque chega a ser surreal.

De manhãzinha e no final-de-tarde são 2 ‘carros’, aí são “apenas” 33 minutos de espera: mais de meia hora de intervalo em pleno no horário de pico!

Na linha Vila Macedo via Guabirotuba é ainda mais crítico, como se pudesse piorar mas pode.

Antigamente, como o nome indicam eram 2 linhas separadas, Vila Macedo e Guabirotuba.

Agora elas foram fundidas, um único micro-ônibus está fazendo o que até pouco tempo atrás eram duas linhas.

O intervalo entre as viagens é nada menos que uma hora e vinte minutos fora do pico!!!

A previsão inicial era pôr pra rodar no aniversário de 326 anos de Curitiba (29/03/19, portanto); adiaram pro meio de abril do mesmo ano, e a seguir cancelaram tudo sem explicações.

E quarenta minutos no pico! Um padrão de “qualidade” invejável, não é mesmo?

Depois a prefeitura não entende porque Curitiba é a capital do Brasil que mais vêm caindo o número de usuários de transporte coletivo, assunto sobre o qual me estenderei em breve.

(Esse processo dos curitibanos abandonarem o uso de ônibus é muito mais antigo que a epidemia de corona-vírus. Essa doença se iniciou em 2020 como lembram.

E a queda muito forte na quantia de passagens pagas por dia vem de pelo menos uma década antes, desde o princípio dos anos 10.

O corona-vírus agravou uma situação que já existia, não a criou.)

Tive que fotografar as tabelas horárias na página da Urbs, porque parece inacreditável.

A Estação PUC só ficou pronta em 2020, a princípio sem a linha de Expresso, integravam nela apenas o Interbairros 5 e Convencionais pro Uberaba e Guabirotuba. Agora, com a entrada em circulação do F. Varela/Pinheirinho, é que está funcionando como planejado.

Espero que no futuro as linhas Uberaba, Vila São Paulo e V, Macedo/Guabirotuba voltem a ter no mínimo 2 veículos em cada – o ideal seriam 3.

Em 2021 é assim que está. Infelizmente é a realidade. Esse é o ponto negativo, e está registrado.

Mais de uma hora entre as viagens, aí realmente está difícil se locomover de ônibus nessa cidade.

Volto a falar do ponto positivo, a integração criada nas novas estações da Linha Verde com a implantação da linha 350-F. Varela/Pinheirinho.

Está bem melhor que em 2019. Dois anos e pouco atrás (escrevo em 21, lembre-se) a prefeitura anunciou a linha Fanny/Fagundes Varela, que iria “ligar o nada a lugar algum“.

Seria uma linha direta, sem paradas, entre a Fanny e o Bairro Alto/Bacacheri, que não seria útil pra ninguém.

Digo, haveria uma única parada intermediária na Estação Marechal Floriano.

“No Lado Sul do Mapa”: vemos os terminais Angélica (esse em Araucária, os demais no município de Curitiba): Sítio Cercado, Cidade Industrial (CIC), Pinheirinho e o recém-inaugurado – de forma errada – Tatuquara.

Acontece que essa fica a somente 500 metros da Estação Fanny.

Ou seja, na prática iria ser mesmo Fanny/Bairro Alto Diretão sem paradas.

A própria prefeitura sabia bem que o movimento iria ser muito baixo.

Tanto que no sábado a linha seria operada por apenas um único articulado, com intervalo de 40 minutos entre as viagens, e iria ser encerrada as 2 da tarde.

Uma linha de Expresso com 40 minutos de espera? E que não circula sequer sábado a tarde nem muito menos domingo em qualquer horário? Evidentemente não tem utilidade.

Eis o Terminal Tatuquara, que também visitei logo no 1º dia útil funcionando.

Na ocasião as estações PUC e Vila Olímpica, agora funcionais, ainda não existiam. Apenas a F. Varela seria inaugurada do trecho novo.

Resultando que o busão iria direto da Vila Fanny/Vila Hauer pra estação F. Varela, sem paradas no caminho praticamente, como acabei de dizer.

Oras, quem iria usar essa linha? Muito pouca gente, ficaria mais vazia que o Terminal do Tatuquara (Zona Sul).

Da Zona Sul pra Zona Norte: pela 1ª vez o Terminal Roça Grande, em Colombo, foi incluído nos mapas da Rede Integrada de Transportes (‘RIT’). Esse é um terminal que luta pra existir: ficou pronto em 2006 mas passou 3 anos fechado; enfim inaugurado em 2009, porém de forma errada; apenas em 2016 o R. Grande passou a ser um terminal de verdade, com alimentadores próprios e linha Troncal feita por articulados; e só agora, 5 anos depois, ele passa a figurar nos mapas.

Pelo mesmo motivo, porque teria sido inaugurada só pra dizer que foi, sem agregar novas opções de integração

Era pra começar a operar no aniversário de Curitiba daquele ano, portanto 29/03 como você sabe.

Adiaram por duas semanas e anunciaram o início da linha pro meio de abril de 19. Já tinham até divulgado a tabela horária no sítio da Urbs, quando na véspera do início a linha Fanny/F. Varela foi cancelada sem explicações.

Abri a mesma página da Urbs e vi que as matérias de 2 anos atrás ainda estão no ar, fotografei-as e publico aqui.

A prefeitura nem se preocupou em tentar justificar porque uma linha que já tinha até tabela horária publicada de súbito deixa de existir.

Depois fiquei sabendo – extra-oficialmente – que ainda não haviam feito o ‘balão‘ (rótula) pros busões contornarem e retornarem pra Zona Sul após a Estação Fagundes Varela.

Estradas que cortam a capital: a Linha Verde está justamente em verde. A BR-116 (‘Rodovia Régis Bittencourt’) está em vermelho. Antigamente a BR-116 passava dentro de Curitiba (em tom verde como acabo de dizer). Construíram o Contorno Leste (em roxo), e esse se tornou o novo traçado da BR-116, cujo nome indica que é a leste do município da capital. O traçado original da BR-476 (‘Estrada do Xisto’ e ‘Estrada da Ribeira’) está em azul. Pois bem. Quando o Cont. Leste ficou pronto, o antigo trecho urbano da BR-116 foi incorporado a BR-476, e foi ele que se tornou a ‘Linha Verde’. Há um ônibus no Terminal Pinheirinho, antes chamado “Piratini/ BR-116”, agora no entanto “Piratini/ BR-476”, pra marcar essa mudança de nomenclatura.

Ainda bem que em 2019 a prefeitura não conseguiu inaugurar a linha Fanny/F. Varela. A demanda pra ela seria bem próxima do zero.

Pois sem outras paradas no caminho ela não seria útil aos bairros que corta, e quase ninguém iria direto de um ponto final a outro, não custa enfatizar mais uma vez.

Agora duas coisas são diferentes que em 2019. Primeiro, a linha sai do Pinheirinho.

Então a nova linha Pinheirinho/F. Varela ajuda a desafogar o trecho Sul da Linha Verde, que é o mais carregado.

A linha “que se foi sem nunca ter vindo” (pois deixou de existir jamais tendo existido) Fanny/F. Varela não oferecia essa possibilidade.

Era preciso baldear na Estação Fanny, dependendo do sentido era necessário validar o cartão e atravessar pra estação do outro lado da rua.

Agora ao menos você segue no mesmo busão até seu destino final. Tem mais.

A mudança mais importante foi a inauguração das Estações Vila Olímpica e PUC.

Mato a cobra e mostro o pau: o alimentador “631-Piratini/ BR-116” saindo justamente do Term. Pinheirinho pra puxar mais uma viagem (r). Carroceria Busscar, evidente.

Assim os moradores do Tarumã podem usar a nova linha na V. Olímpica (ela não oferece opções de integração).

Entretanto as estações F. Varela e PUC são integradoras, são mini-terminais.

As linhas que param na PUC, como disse acima, unem com uma só passagem várias regiões da cidade:

Parte das Zonas Oeste (Fazendinha), Sul (Portão), Central (bairros Água Verde, Vila Guaíra e Parolin) e Leste (Politécnico no Jardim das Américas e o vizinho bairro Cajuru) através do Interbairros 5.

Agora “Piratini/BR-476” (r): o trajeto é o mesmo, é a rodovia que alterou o nome  – a Cidade Sorriso ficou bom tempo sem comprar Caio, agora voltou a fazê-lo; idem muitas viações da Gde. Ctba. : Campo Largo, Tamandaré, Colombo, Piraquara, Mercês, Nobel, Castelo Branco (nesses últimos dois casos o veículo veio ‘semi-novo’); fora a Redentor e Santo Antônio, que eram e ainda permanecem clientes fiéis dessa marca.

E os Convencionais que ali param unem todo eixo da Salgado Filho, os ônibus que vão pro Guabirotuba e Uberaba de baixo na Zona Leste, pra um lado, e Zona Central (Prado Velho, Rebouças e o Centrão) do outro.

E na F. Varela há integração do Bairro Alto, Hugo Lange e Jd. Social na Zona Leste e Cabral, Bacacheri, Juvevê na Zona Norte com o novo Expresso.

Pois as linhas Hugo Lange (Centro/Term. B. Alto) e Colina Verde (Term. Cabral) estão integradas.

Enfim, finalizando, é bem melhor que em 2019. 2 anos atrás a prefeitura queria inaugurar uma linha direta, sem ter aprontado as estações no caminho.

Agora ao menos inauguraram 3 estações, e não apenas 1, e dessas 2 funcionam como mini-terminais, integrando diversas linhas.

Tomada antiga, prov. da 1ª década desse século 21, mostra o chamado “Trevo do Prado Velho” que existia no cruzamento da Av. Salgado Filho com a BR-116 (r). Ao fundo o bairro do Guabirotuba, o Horto Municipal a dir., o Rio Belém que aquelas pontes cruzam corre entre o Horto e a BR. Hoje ali fica a Estação PUC, onde vemos o estacionamento embaixo da imagem se estabeleceu o Circo Vostock.

Ainda faltam muitas outras estações, nos bairros Cristo Rei, Jd. Botânico, Bacacheri, Atuba, etc., pro negócio ficar bacana mesmo.

Melhor que nada. O que a prefeitura tentou entregar em 2019 era pior que nada.

E pra fechar creio que o Ligeirão não virá até Santa Cândida. O ponto final dele será no Atuba.

A ligação da Linha Verde com o Term. S. Cândida se dará com as linhas 030-Interbairros 3 e 341-Bairro Alto/S. Cândida.

Quem sabe o Convencional 361-Augusto Stresser e os Alimentadores 213-São João e 212-Solar (ambos saem do Cabral), e 343-Paraíso (Term. Bairro Alto) também terão seu ponto final estendido pras Estações Atuba ou Solar.

O Maracanã/Linha Verde passou a ter ponto final na PUC. Quando todas as estações estiverem prontas poderá ser seccionada ainda mais, no Atuba. Aí as pessoas vêm de Colombo e ali baldeiam pro Expresso.

No trecho sul da Linha Verde já há 2 linhas metropolitanas integradas:

O Ligeirinho Fazenda Rio Grande na Estação Marechal Floriano e a linha de Colombo chamada Maracanã/Linha Verde na Estação Fanny (vide atualização logo abaixo).

Na verdade essa última surgiu justamente pra percorrer a parte da Linha Verde em que as obras do Expresso iam muito devagar.

Por isso seu nome, Maracanã/Linha Verde, pra indicar que ele cobre o trecho Norte/Leste dessa via.

Linha N01-Jd. Paulista/F. Varela, interligando CGS a rede integrada da capital (r). Na região metropolitana o nome do município vem na lataria. No entanto, é a 1ª vez que os ônibus trazem a indicação “Campina Grande do Sul” – foto a seguir. Como a viação atende 2 municípios vizinhos (além desse também Quatro Barras, que é onde fica a garagem)  ficava em branco até então..

Um substituto longe do ideal, mas “na guerra o urubu é frango”: em tempos de escassez é preciso se virar com o que temos.

Bem, as coisas já começaram a mudar. Escrevi no texto original:

   Agora que veio o Expresso Pinheirinho/F. Varela o trajeto do Maracanã/Linha Verde é em boa parte redundante, pois paralelo ao Expresso.

Essa linha metropolitana pode ser seccionada na futura Estação Atuba.   ”

Dito e feito. Poucos dias depois foi anunciado que a antiga Maracanã/Linha Verde se tornou a ‘Maracanã/PUC (via F. Varela)‘.

Integrando em ambas as novas estações, como o mapa acima informa.

Assim ela não ‘concorre’ mais com o Expresso, o complementa.

Pega as pessoas na Linha Verde no trecho que as estações ainda não estão prontas.

Trevo do Atuba nos anos 90: quando ele era isso, um trevo. Pois bem antes do início das obras da Linha Verde ele já havia tido seu formato modificado pro que a prefeitura chama de ‘bolsão’: ali será a estação final do corredor de Expresso, ao concluírem a Estação Atuba adiciono sua foto na postagem (ao fundo a sede da Penha, tradicional empresa aqui de Curitiba. Sua garagem – que por décadas foi nesse local – nomeou até a vila a seu redor, nos anos 70 e 80 existia um Alimentador chamado justamente “Penha”, saía do Term. Boa Vista. A empresa foi fundada em 1961, comprada pela Itapemirim em 1973. Porém não foi incorporada, mantida como uma viação independente. Por isso na garagem há muitos busões verdes [Penha] e alguns amarelos [Itapemirim]. Em 2007 a Penha foi vendida ao grupo Constantino da cia. aérea Gol, sendo transferida pro Parolin [Zona Central]. A Itapemirim enfrenta serias dificuldades financeiras e judiciais e também mudou pra um terreno bem menor em outro bairro. A ‘garagem da Penha’, marco na história do Atuba, hoje está em ruínas).

Quando as obras forem concluídas até o Atuba, a linha pra Colombo poderá mesmo sair dali.

As demais linhas pra Colombo, e também as pra Campina Grande do Sul (‘CGS’) e Quatro Barras que usam as BR’s 116 e 476 também podem ser integradas as novas estações da Linha Verde no futuro.

Atualização: ainda em setembro/21 o Terminal Jd. Paulista (antigamente chamado de ‘Timbu’), em Camp. Gde. do Sul, ganhou linha conectando-o com a Estação Fafgundes Varela na Linha Verde (a esq.).

Com décadas de atraso, CGS enfim ganha acesso ao sistema integrado da capital, antes tarde que nunca.

Agora a Linha Verde começa a tomar forma e cumprir seu propósito.

O de não apenas ser mais uma linha de Expresso, mas sim suas estações serem mini-terminais.

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES”: Encerramos com uma foto de 12 de agosto de 2011. A Linha Verde toda florida. Essa foto é na Zona Sul, na divisa de Xaxim e Capão Raso, próximo a chamada ‘Vila do Papelão‘. O trecho Sul da Linha Verde ficara pronto a 2 anos, o trecho Norte/Leste, que esperávamos que chegaria breve, só veio 10 anos depois, e ainda assim incompleto. Enfim saiu alguma coisa. Ufa! Quem diria? Os que conheceram a Curitiba dos anos 80 e 90 jamais poderiam imaginar que um dia teríamos que escrever isso, mas eis a nossa dura realidade. É preciso lidar com ela.

E multi-modais, integrando Expressos, Convencionais, Alimentadores, Inter-bairros, Ligeirinhos e Metropolitanos.

Bom sinal. Pelo menos o negócio andou na direção certa, afinal.

Surgiram algumas novas opções de integração.

O que não aconteceu no Terminal Tatuquara (espero que esse também seja retificado em breve).

E agora a prefeitura vai se entusiasmar e entregar o final até o Atuba.

Além das estações que faltam no trecho que está pronto. Já é um certo avanço.

Depois de uma década e meia de marasmo, com 2 gestões catastróficas pro transporte, agora houve um movimento positivo.

Promessa é dívida: quando a Linha Verde ficar pronta e totalmente funcional eu volto e atualizo a matéria.

“Deus proverá”.

Água Verde, o maior bairro central (e o vizinho Portão)

Curitiba: os 10 bairros mais povoados da cidade, a Água Verde é o 9º e destes o único perto do Centro (em preto), alias Água Verde e Centro compartilham uma divisa de 1 quadra.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 20 de Abril de 2020

Maioria das imagens de minha autoria. As que forem baixadas da internet identifico com um ‘(r)’ de ‘rede’, créditos mantidos quando impressos nas mesmas.

Vamos falar hoje da Água Verde, e também de seu vizinho Portão.

A. Verde, com pouco mais de 50 mil habitantes, é o 9º bairro com mais moradores em Curitiba.

O mais povoado da Zona Central, e também o que tem maior população entre os que são de maioria de classe-média (fora da periferia portanto) – vide o mapa acima.

Av. 7 de Setembro, 2018 (no dia da inauguração do Ligeirão Norte): a direita na imagem a Água Verde, a esquerda o Batel.

Sua característica marcante é ser um bairro bastante arborizado e verticalizado.

As canaletas do Expresso (termo curitibano pros ‘corredores exclusivos’) são ladeadas por prédios altos.

Pois em termos urbanísticos essas seriam a ‘orla’ de Curitiba.

Quero dizer com isso o seguinte: onde são os prédios mais caros do Rio de Janeiro, e de todas as cidades que têm praia? Na Beira-Mar, óbvio.

Já nas ruas internas do bairro, o perfil típico é esse, prédios baixos

Onde são os prédios mais caros de Curitiba? Ao lado do corredor de ônibus.

Cada cidade tem sua ‘orla’ peculiar, e parece que essa é a nossa.

Nas vias menores, internas do bairro, edifícios mais baixos, muitos sem elevador.

Uma vez que ali o zoneamento não permite tantos andares em cada empreendimento.

e com muitas árvores, tanto na Água Verde como em partes de seu vizinho Portão.

Sempre bastante arborizadas. Não é só a “Água” que é “Verde”, suas ruas também o são.

Alias, o nome do bairro vem do Rio Água Verde, que tem sua nascente ali (abaixo falo melhor dele).

Além de tudo isso, a Água Verde sedia 2 cemitérios, um municipal e um ‘israelita’ (judeu).

E o estádio do Athletico, a Arena da Baixada, que foi sede da copa do mundo de 2014.

Arena da Baixada: próximo dela começa o Rio Água Verde que nomeia o bairro (r).

……..

O Portão, apesar de vizinho, já fica localizado na Zona Sul.

Sendo este, o Portão, bem mais heterogêneo que a Água Verde.

Claro que a A. Verde ainda tem algumas casas mais simples, várias delas de madeira pois é Sul do Brasil.

Em outra panorâmica, o Terminal do Portão (a esq. o Centro Cultural). É uma foto antiga, hoje há mais prédios na região (r). Na prox. imagem, voltando ao nível do sol e as fotos de minha autoria, o Centro Cultural do Portão.

Ela é bem grande em extensão territorial, especialmente considerando que é bairro central.

A Água verde inclusive faz divisa com o Centro, sabia disso?

Em apenas uma quadra: na Av. 7 de Setembro, entre as ruas Brigadeiro Franco e Des. Motta.

Indo no sentido Seminário, a direita está o centro comercial (“shopping”, pra quem prefere em inglês) Curitiba – que fica no Centro, e não no Batel como alguns pensam.

Do lado esquerda da Sete é Água Verde. Portanto existe uma divisa Centro/Água Verde.

Porém a Água Verde ‘desce’ bastante pro sul, tanto que chega até o Portão.

Na divisa desses dois últimos bairros (Portão/Água Verde) está a ‘Vila Temática’ dos Estados.

Onde as ruas têm nomes dos estados brasileiros, como o nome indica.

Ao lado, obviamente, a placa da Rua Maranhão, no Portão.

Alias essa ‘vila temática’ se estende por 4 bairros, além desses 2 também a Vila Guaíra e Parolin, ambos na Z/C.

Na mesma ‘vila temática’ dos Estados, esquina da Rua Goiás com Marquês do Paraná: placas antigas verdes, usadas nos anos 60 e 70.

Do Parolin já falei melhor outro dia, aqui nosso foco é a Água Verde.

Eu dizia antes, esse é um bairro relativamente grande em área.

Divide com o Centro. Mas tem trechos bem distantes dele.

Um dia, muitos anos atrás, eu estava na A. Verde, nessa ‘vila temática‘.

Agora cruzamento da mesma Mq. do Paraná com Av. Água Verde: um dos únicos casos em Ctba. que a avenida principal tem o nome do bairro (os outros dois são o vizinho Batel, também na Z/C, e o Ganchinho, no extremo da Z/S) – em SP e outras cidades é bem mais comum.

Mais precisamente na Rua Pará, se a memória não me trai.

Perguntei ao morador da casa se ele achava a Avenida 7 de Setembro muito longe dali (eu pedia uma carona, na verdade).

Ele respondeu sem margens a dúvidas: “Claro que é longe, é lá no Centro“.

Entendi que não iria ganhar uma carona até lá, até a República Argentina sim, mas até a Sete estava fora de questão.

E o que há nessa esquina mostrada na foto anterior? Os 2 cemitérios da Água Verde, o ‘israelita’ em 1º plano (no detalhe o portal) e ao fundo o Cemitério Municipal.

Isso não vem ao caso aqui, estou contando essa história só pra vocês dimensionarem.

Vale lembrar que tanto a Rua Pará quanto a Sete de Setembro ficam no mesmo bairro, a A. Verde que falamos aqui.

No entanto, parecem ser muito distantes uma da outra, e de fato são.

Por isso, a Água Verde tem uma extensão bastante considerável.

E até os anos 60 e mesmo 70 do século passado (o 20, claro) partes da Água Verde ainda eram periferia.

Comércio com nome do bairro em frente ao ‘campo santo’, emoldurado pelos edifícios da República Argentina.

Ainda há resquícios dessa época, vistos nas casas de madeira, e mesmo de alvenaria, mas de padrão mais modesto.

Dos anos 80 pra cá, entretanto, foram já 4 décadas de aburguesamento intenso.

Resultando que se sim, ainda há algumas moradias mais humildes, elas são a exceção.

A Água Verde é majoritariamente de classe-média pra média-alta.

Enquanto que o Portão tem partes de classe-média, certamente.

Praça em frente ao cemitério.

Especialmente em torno do terminal e da canaleta de ônibus.

Ainda assim, ele também é um bairro extenso fisicamente.

E como já está mais afastado do Centro, tem um perfil distinto da Água Verde.

Digo, onde ambos os bairros se encontram eles são parecidos.

Igreja do Portão. Notam um bi-articulado chegando ao tubo. O ponto seguinte, no sentido bairro, é o terminal de mesmo nome – visto na próxima foto, agora ao nível do chão.

Na divisa com a Água Verde, o Portão é quase indistinto dela:

Prédios elegantes, de bom padrão, muitas ruas muito bem arborizadas.

No entanto, em seu extremo ocidental, no limite com a Fazendinha, ainda conserva algumas vilas que poderíamos classificar como ‘periferia‘.

É a região chamada ‘Portão Oeste’, que é diferente do ‘centrinho’ do Portão ao lado de seu terminal, onde ele encontra com Água Verde e Vila Izabel.

Além disso, o Portão tem algumas favelas, em graus diferentes de urbanização. Estou me refirindo, evidentemente, a Ferrovila e a Portelinha.

A primeira foi invadida no feriadão de 7 de Setembro, em 1991, e a segunda no “Março Vermelho” de 2007.

Abaixo contarei melhor a história de cada uma delas.

……….

Dê uma olhada na 1ª figura da matéria, aquele mapa – o Centro está pintado de preto como referência.

Aqui temos uma ideia do padrão econômico da Água Verde. Uma quitinete sai por quase R$ 200 mil, enquanto a cobertura está 730 mil (valores de fev.20. Como comparação, na ocasião tanto um Dólar estadunidense quanto uma passagem de ônibus de Curitiba custavam R$ 4,50. Já a tarifa em SP era 4,40).

Em cores, temos os 10 bairros mais populosos de Curitiba, pelo Censo de 2010.

Eram os que nessa contagem tinham mais de 50 mil habitantes (já falo melhor disso).

A disposição salta aos olhos: dos 10, nada menos que 9 são na periferia da cidade.

E todos eles são limítrofes entre si, reparou?

Formam um arco contínuo, do CIC na Zona Oeste, passando por 6 bairros da Zona Sul, e na outra ponta o Uberaba e Cajuru na Zona Leste.

Claro que ainda há casas mais simples na Água Verde (e comecinho do Portão que lhe é vizinho), várias delas de madeira. Aqui há uma na frente e outra nos fundos.

Apenas um deles é próximo ao Centro – trata-se da Água Verde.

Dos outros 9, vários são no limite do município, na divisa com os subúrbios metropolitanos.

Evidente que quase todos eles têm grandes porções de classe-média.

E até alguns bolsões de classe média-alta são encontrados nesses bairros.

VIAGEM NO TEMPO” – Agência de viagens (no Batel, divisa com Água Verde) tem na fachada logotipos de 3 cias. aéreas: TransBrasil (faliu em 2001), Vasp (fechou em 2005) e Varig (encerrou as atividades em 2007). Até 2020 a fachada ainda estava assim, ou seja, 13 anos depois da última delas acabar.

(Por exemplo, a região que chamam de ‘Ecoville’ na Cidade Industrial, e ‘Santa Bárbara’ no Uberaba.)

Ainda assim, no geral esses 9 bairros são majoritariamente de periferia.

A maior parte de suas populações é de classe trabalhadora.

Então. E a Água Verde tem um perfil diferente dos demais.

Primeiro, ela faz divisa com o Centro – em apenas 1 quadra, mas faz. Segundo, ela é bastante verticalizada. Nas canaletas do Expresso (Avenidas 7 de Setembro e República Argentina) com espigões mais altos.

Seguindo na mesma balada, oficina com os logotipos somente das montadoras que existiam no Brasil nos anos 80 e começo dos 90: Volks, GM, Ford e Fiat (essa até já mudou a logmarca). A Água Verde parece estar em uma dimensão paralela.

E nas vias internas com prédios mais baixos, vários deles de até 4 andares, sem elevador portanto.

(Há também os que oscilam entre 6 a 12 andares, e então contam com esse equipamento.)

Terceiro e mais importante, é um bairro de majoritariamente de classe-média e média-alta.

Natural, pois a Água Verde é vizinha do Batel, que é o bairro de renda mais elevada de Curitiba.

De forma que um pouco da riqueza do Batel ‘transborda’ pra ela.

Prédio tem como decoração a imitação de um poço. É só brincadeira, não sai água dali.

Assim é a Água Verde: muitos prédios, sendo na parte interna do bairro a maioria deles mais baixos.

Ruas muito arborizadas, tudo é muito bonito, mas o preço do metro quadrado é considerável.

10 bairros de Curitiba têm mais de 50 mil pessoas morando em cada um deles.

Sim, eu sei. A matéria sobe pra rede em abril de 2020. A contagem foi feita em 2010, já um pouco desatualizada.

No entanto, são os dados do último censo. E censo é a contagem mais fiel, a única que vai de casa em casa.

Aqui e a dir.: ainda há alguns terrenos antigos, enormes, com casas mais simples, que por enquanto não viraram prédios. Resistirão por quanto tempo?

Projeções as vezes erram feio, por isso nem busquei saber se havia alguma projeção mais atual.

Em 2020 haverá novamente um censo. Aí saberemos melhor qual é a população de cada bairro de forma mais atualizada.

Seja, como for, os números vão mudar um pouco, mas o quadro principal não se altera:

Os 10 bairros mais populosos são ao sul do Centro – pois “Curitiba Cresce para o Sul”.

9 na periferia, embora alguns deles tenham porções elitizadas.

E apenas 1 na Zona Central e de perfil majoritário de classe-média, justamente a Água Verde.

Além disso, o bairro abriga a Arena da Baixada, do Athletico Paranaense.

É um dos estádios mais modernos do Brasil, e não falo isso por paixão clubística.

Panorâmica da Zona Central (r): Centro em 1º plano, no meio da imagem Batel e Água Verde.

Eu certamente não sou atleticano (apesar de ter ido assistir um jogo do CAP pela Libertadores/2017 em Buenos Aires/Argentina.

Pra equilibrar, também já presenciei no estádio uma partida do Coritiba em Belo Horizonte-MG, contra o Cruzeiro em 2012.

Simplesmente eu gosto de futebol, quando viajo e tenho oportunidade vou ao estádio, independente de que time jogue).

Aqui e na próx. imagem: comecinho da Rep. Argentina, logo após a Pça. do Japão (r). Essa foto na 1ª década do século 21.

Não sou torcedor desse nem de qualquer time, não inicie aqui discussão clubística porque não é o espaço pra isso.

Estou falando do time pra falar da cidade. Isto posto, sigamos.

O Athletico tem sede nesse bairro, repetindo o que todos sabem.

O paradoxo é: o CAP fica na Água Verde, mas é rubro-negro.

Seu arqui-rival, o Coritiba (apelidado ‘Coxa’), é que é verde, verde-&-branco alias.

Agora na virada dos anos 70 pra 80 – haviam muito menos prédios; o Expresso havia acabado de começar. Vemos um Veneza-Expresso indo, e um Haragano vindo (fonte dessa e outra imagem: a Folha do Omnibus).

O Couto Pereira, estádio do Coxa, também é conhecido como ‘Alto da Glória‘, porque está localizado no bairro de mesmo nome.

Igualmente fica na Zona Central, mas do outro lado, ao norte do Centro – bem próximo ao Juvevê, que é onde moro atualmente.

Voltando a Baixada do CAP. Bem perto do estádio fica a nascente do Rio Água Verde, que nomeou o bairro.

O rio foi canalizado e corre subterrâneo a maior parte de seu percurso.

Agora bem na Praça do Japão, uma década mais tarde, fim dos anos 80: exceto os prédios e a própria praça, tudo aqui retratado não existe mais, vide explicação no texto (foto do sítio Ônibus Brasil).

Sua foz é no Rio Belém, o maior rio de Curitiba (nasce e tem sua foz dentro do município da capital do estado).

O Rio Água Verde deságua nele perto da Vila Capanema, antiga favela agora urbanizada, que fica entre os bairros Prado Velho e Jardim Botânico.

……..

Na Água Verde, próximo a divisa com o Batel, está a Praça do Japão, ícone desses 2 bairros. 

E essa praça é o ponto final da mais nova linha de Expresso de Curitiba (escrevo em 2020):

Próximas 4 tomadas: Praça do Japão, 2018.

200-Ligeirão Santa Cândida/Pça. Do Japão, criada em 2018.

Também conhecida como ‘Ligeirão Norte’, porque liga os terminais da Z/N (além do S. Cândida, o Boa Vista e o Cabral) a região central.

Ao lado o bi-articulado contorna a praça pra retornar a Zona Norte.

Posteriormente esse ligeirão será estendido aos terminais do eixo Sul-1: Portão, Capão Raso e Pinheirinho.

Totem quadri-língue (japonês, português, inglês e alemão) deseja ‘Paz na Terra‘.

Quando isso acontecer, ele passará a ser o Ligeirão Norte/Sul.

Disse na legenda da foto a direita acima que “tudo aqui retratado não existe mais“. De fato assim é:

Não há mais ponto de ônibus na praça, apenas perto dela;

Os Expressos começaram vermelhos, tinham virado laranjas, mas depois voltaram ao vermelho;

– Vemos articulado da ‘Frota Pública’ da Urbs, a única tentativa de Curitiba da história de ter ônibus com ‘chapa-branca‘ – me refiro a veículos de propriedade estatal.

Já se encerrou a muito, toda a frota voltou a ser propriedade privada;

A Ciferal, que fabricou essa carroceria, faliu e foi incorporada pela Marcopolo;

– E por fim vem que o busão vai pro Terminal Cidade Industrial (CIC):

No entanto, desde a implantação do bi-articulado em 1995, o Terminal CIC deixou de contar com Expressos, agora só com Ligeirinhos pra ligá-lo direto ao Centro.

Memorial da Imigração Japonesa (r). A seguir um desenho da mesma cena.

Nota: o termo “chapa-branca”, supra-citado, se refere a que por 5 décadas a frota que pertencia ao governo, em qualquer esfera, tinha a placa na cor alva pra indicar isso.

Foi assim no emplacamento que vigorou de 1970 ao começo da década de 90 (2 letras, 4 números) e no que o sucedeu, do início dos anos 90 a virada pra década de 20 do séc. 21 (3 letras, 4 números).

Os automóveis particulares tinham placa amarela no primeiro padrão, e cinza no segundo.

A frota pesada e comercia (caminhões, ônibus, táxis), contava com placas vermelhas nos dois padrões.

Agora, no atual emplacamento padrão ‘Merco-Sul’, todas as chapas têm o fundo branco.

Muda apenas a cor da letra pra indicar frota particular (preto), comercial (vermelho) ou oficial (azul).

Quem presenciou “aquele tempo” conhece a expressão ‘chapa-branca’, a explicação é pros mais jovens entenderem.

……….

Falei acima da Vila Capanema. A Zona Central de Curitiba tem 2 grandes antigas favelas.

Mapa mostrando a Ferrovila, falaremos bastante dele no texto.

Agora urbanizadas, mas alguns problemas permanecem como é notório:

Uma é a Vila Capanema, como acabamos de comentar. O Rio Água Verde tem ali sua foz, digo mais uma vez, mas o Capanema não é perto do bairro A. Verde. 

A outra grande “comunidade” (antiga favela) da Z/C é a Vila Parolin. Essa sim é vizinha da Água Verde.

Logo abaixo da Vila Parolin está o começo de outra vila, a Ferrovila que igualmente citamos mais pro alto no texto.

Essa, a Ferrovila, tem um trecho no Portão. Onde hoje é o centro comercial ‘Palladium’ inclusive era parte da invasão.

Já publiquei em outra matéria essa história:

Mapa russo do ‘Yandex’ ainda mostra Curitiba como se estivesse ativa a linha férrea que originou a Ferrovila – está ‘um pouco’ atrasado, essa ferrovia foi desativada no fim dos anos 80. Seja como for, aqui podem conferir o trajeto dela, onde surgiu a Ferrovila. Captei a tomada em julho de 18, note a temperatura de 5º, Curitiba estava tendo um inverno gelado – como sempre, alias.

A Ferrovila é a vila mais comprida de Curitiba, sem sombra de dúvidas.

Vai do Parolin (Zona Central), perto da Av. Marechal Floriano, até a CIC (nessa parte é Zona Sul), depois do terminal de mesmo nome.

Passando pelos bairros Vila Guaíra (Zona Central), Portão (Zona Sul) e Fazendinha (Zona Oeste).

Na verdade ela justamente divide a Zona Sul primeiro da Zona Central e depois da Zona Oeste. 

É o seguinte: até o fim dos anos 80 havia ali uma linha férrea, por isso o nome (vide mapa a esq.). 

Passe ali perto do terminal do Portão, verá ainda alguns trilhos remanescentes nos cruzamentos.

Alias, um trecho da rua que é o endereço da Ferrovila ainda é “Estrada de Ferro Curitiba-Araucária”.

O terreno NÃO está a venda” – aqui em Ctba. é a 1ª vez que vejo esse aviso. Na Colômbia é muito comum, na África também.

Evidente, não passam mais trens ali há tempos mas o nome ficou.

Essa estrada de ferro saía da Rodoferrovária, ia pela João Negrão (ao lado do Teatro Paiol mantiveram de recordação uma ponte ferroviária sobre o Rio Água Verde) e após cruzar a Marechal embicava a oeste.

Quando retiraram a linha férrea, a prefeitura almejava fazer conjuntos habitacionais no local.

Mamoeiro na via pública.

Tudo isso em convênio com grandes corporações, que financiariam os apartamentos a seu quadro funcional

Uma das empresas escolhidas pra parceria era o então existente Bamerindus.

Esse que chegou a ser o 3º banco privado do Brasil e que tinha sede aqui em Curitiba, como sabem.

E de fato alguns prédios foram erguidos, um desses conjuntos dá pra ver da Marechal Floriano, no Parolin (abaixo):

Aqueles pombais (prédios baixos, sem elevador) logo antes do viaduto sobre a Linha Verde (antiga BR-116).

Na Vila Guaíra, pouco a frente na antiga Ferrovila, há outro trecho com prédios.

Prédio no Parolin: projeto – em parceria com iniciativa privada – era ocupar toda Ferrovila com esses conjuntos; não deu tempo.

Porém, no feriadão de 7 de setembro de 1991, promoveram uma das maiores invasões urbanas da história de Curitiba, e certamente a mais famosa:

Justamente a Ferrovila, em todo o terreno vago antes ocupado pela ferrovia que ainda não tinha prédios.

E isso, amigos, do Parolin ao CIC. Passando, repito mais uma vez, pela Vila Guaíra, Portão e Fazendinha.

Próx. 2: fundos do Centro Cultural Portão, cuja frente é pra Av. Rep. Argentina (no detalhe a mesma flor roxa em melhor definição).

O trecho em branco no mapa na Guaíra é justamente onde não foi tomado.

Porque ali já haviam prédios, enfatizando ainda mais uma vez.

A Ferrovila tem um enorme trajeto (é fina mas muito comprida).

Assim ela fundiu-se com várias favelas – em graus variados de urbanização – que encontra pelo seu caminho.

Ampliando-as e tornando tudo ainda mais complicado do que já estava.

Bela praça, ampla e arborizada (lembra as praças do interior da Argentina, que sempre são bem grandes).

Hoje essas vilas foram urbanizadas, e melhoraram muito.

Só que em 1991 não era assim, ao contrário, era bem diferente.

Em vermelho no mapa um pouco mais pra cima a direita, a Ferrovila.

E na cor laranja desenhei as demais vilas que ela uniu e ampliou.

Aqui e a esq.: no Portão há uma ‘mini vila temática‘ com as cidades do Litoral do PR. 1º a Rua Paranaguá, a seguir Morretes.

Ela começa ampliando e fundindo-se com a Vila Parolin.

Uma das “comunidades” mais emblemáticas de toda cidade.

Ela fica no bairro de mesmo nome (óbvio) e também no vizinho Vila Guaíra, na Zona Central.

A seguir a Ferrovila entra no Portão, foi a primeira favela do bairro.

Conversei com pessoas que ali moravam quando a Ferrovila surgiu.

Ela mudou o perfil do Portão, que até então era homogeneamente de classe média.

Torino (ainda na época da placa de 2-letras) na extinta linha de Expresso Cabral/Portão – não confindir com a atual Cabral/Portão, que é alimentadora e vai por fora da ‘canaleta’. Época de transição, os Expressos eram vermelhos, ficaram laranjas na época da ‘Frota Pública‘ (a dir. um articulado Ciferal) e por fim voltaram ao vermelho. Bem, agora há a linha de Expresso Cabral/Capão Raso.

A convivência entre diferentes setores da população nem sempre é pacífica, como é sabido.

Especialmente quando surge uma invasão num bairro de padrão mais elevado.

Em 2007 em nova onda de invasões surgiram mais 3 favelas na divisa do Portão e Santa Quitéria.

O chamado ‘Complexo da Portelinha’ (falarei melhor disso logo abaixo):

3 vilas gêmeas que se fundiram a uma favela mais antiga que havia ali.

Porém a Portelinha, de 2007 como dito, é longe da Ferrovila. Voltemos a discorrer o trajeto dessa última

No Portão ela ia até a República Argentina e a Avenida Presidente Kennedy.

Garagem da Redentor: em 1º plano um Monobloco (adaptado pra 3 portas, veio de fábrica com 2). Note que está escrito ‘Convencional’: nos anos 90 era assim, vinha a categoria da linha na lateral, uma informação redundante, a cor do veículo já informa isso. Atrás, e por isso adicionei essa foto, um Amélia na linha convencional Portão (não confundir com o Expresso, essa não entra no terminal; e hoje é feita por micrões).

O terreno onde hoje está o centro comercial (“shopping”, pra quem prefere em inglês) ‘Palladium’ também foi ocupado, dizendo de novo.

Nunca esquecerei o dia, em 1994, que passei nessa esquina e vi a Ferrovila, eu não sabia que que no coração do Portão havia uma favela.

Então, essa quadra acabou sendo o único trecho até hoje removido da Ferrovila, todos os demais permaneceram. Está em azul no desenho.

Ainda no Portão mas já do lado ocidental da avenida do expresso, a Ferrovila retoma.

Na divisa com o Novo Mundo funde-se e amplia outra grande antiga favela (sendo urbanizada), a Vila Uberlândia. 

Triplex muito antigo na Água Verde, o porão tem até saída pra rua lateral.

Cada uma é num bairro, mas a fronteira é só teórica, na prática Ferrovila e Uberlândia são a mesma vila nesse trecho.

Quando a Ferrovila entra na Fazendinha, funde-se do outro lado da divisa (no Novo Mundo) com mais uma antiga favela, a Vila Maria.

Que é pertencente mas já um pouco separada do “Complexo” da Uberlândia.

Moradia em madeira, bem antiga.

Aí a Ferrovila segue seu rumo a oeste, passando pelo bairro da Fazendinha.

E depois Cidade Industrial, paralela a Rua João Bettega, principal via que une esses 2 bairros.

Em seu último trecho, ela ainda funde-se e amplia a Vila Nossa Senhora da Luz, justamente o trecho que esteve esse colega.

Conjunto moderno, de classe média-alta, com o nome do bairro.

A Nossa Senhora da Luz (N.S.L.) não é uma invasão, e nunca foi.

Exatamente ao contrário, é uma cohab, a 1ª cohab de Curitiba.

Feita justamente pra remover diversas favelas que então haviam na cidade.

Ainda assim a N.S.L. é uma vila de subúrbio, as casas têm escritura, mas é uma região de periferia, com tudo que isso acarreta.

Amigos, já disse muitas vezes e vou repetir: eu gosto da periferia.

Não falo com desprezo, nem um pouco. Exatamente ao contrário.

Aqui e na tomada seguinte, o contraste: residências antigas e mais simples em 1º plano, emolduradas pelos edifícios que surgem em ritmo elevado desde os anos 80.

“Moro numa invasão da Zona Sul“, escrevi quando fiz o texto. Atualizando em 2020, eu me mudei do Canal Belém em 2017.

Então temos que pôr o verbo no passado: eu morei 15 anos no Canal Belém, uma invasão do Boqueirão.

Morei ali porque eu quis morar, porque eu gosto de periferia.

Conheço milhares sobre milhares de favelas e subúrbios, pelos 4 quadrantes da América – e agora até da África.

Tem até rede na garagem. Isso é que é vida!

Leia minha minhas incursões nas favelas e periferias de  Argentina, Colômbia, México, Paraguai, Chile, Rep. Dominicana.

Agora no Brasil: Belo Horizonte-MG, Santos-SP, Florianópolis-SC, João Pessoa-PB, Belém-PA, Fortaleza-CE.

Bem como aqui em Curitiba: Rio Branco do Sul, Colombo e Cachoeira na Zona Norte.

As ruas da Água Verde/Portão são assim, sempre muito arborizadas.

Caximba, Tatuquara e Bairro Novo na Zona Sul, São Miguel e Augusta (ambas na divisa com a Cidade Industrial) na Zona Oeste, entre outras andanças.

Quando viajo, não vou a museus e muito menos aos centros de compras (‘shoppings’).

Nem faço os programas que as pessoas de classe-média adoram.

Ao contrário, vou de transporte coletivo ao subúrbio porque amo o subúrbio, digo mais uma vez.

Prédios mais baixos nas ruas internas (esse com a bandeira da Pátria Amada na janela).

Ainda assim, as coisas são o que são, que se pode fazer?

Eu não mudo o termo pra ‘comunidade’ tentando tapar o sol com a peneira grossa.

Isto posto, retomando. A Vila Nossa Senhora da Luz nunca foi uma favela.

Não muda o fato que é uma vila de periferia, sem sombra de dúvidas.

Entre as rápidas e canaleta surgem os edifícios mais altos.

E foi ali que a Ferrovila foi desaguar, após principiar no Parolin.

Taí cara, serpenteando por toda a Zona Sul e ainda pegando trechinhos das Zonas Central e Oeste, eis a Ferrovila.

Agora urbanizada, não mais favela, mas ainda nossa vila mais comprida.

………..

Portanto até 1991 o Portão não tinha grande favelas em seu território. De 1991 a 2007 houve apenas uma, a Ferrovila.

Vila com muitas casas no quintal, comum na periferia mas raro na Zona Central; ainda assim, existem algumas, como essa na Água Verde.

Pois em março de 2007 foram 4 invasões simultâneas na Zona Oeste e imediações. Uma, no Campo Comprido, foi retirada.

Bem próximo dali ocorreram outras três invasões na divisa entre os bairros Santa Quitéria e Portão.

(Sendo duas delas na S. Quitéria e uma outra no Portão).

As 3 são vizinhas e se configuram como uma massa só.

Sobrado de padrão relativamente elevado, prédio baixo e outro em construção ao fundo.

Muda apenas o lado da Rua Rezala Simão, que divide os bairros.

Pelo menos parte da invasão também se deu em terrenos de propriedade da falida construtora Cidadela.

Situação que alias se repete muito pela cidade, não é difícil entender o porque.

Pois os terrenos estão em um vácuo jurídico de massa falida.

Via Rápida na Água Verde (sentido Centro), quase na divisa com Portão.

O que dificulta bastante ações de reintegrações de posse.

O local é chamado de Portelinha, em homenagem a uma novela da Globo.

Na qual Antônio Fagundes vive um líder sem-teto que organiza uma ocupação com esse nome.

Também veio unir seu território com invasões mais antigas que existiam no local.

Final de tarde na Avenida República Argentina, Água Verde.

………

Agora, já que tocamos nesse tema, há de se acrescentar uma coisa.

Sim, o Portão pode não ter tido grandes favelas até 1991, e até 2007 só a Ferrovila.

No entanto, em bairros próximos ao Portão haviam sim invasões.

Uma era bem pequena, no bairro Santa Quitéria, Zona Oeste.

Aqui e a dir.: Pinheiro, árvore-símbolo do PR.

As 3 simultâneas que surgiram na divisa do Portão e Santa Quitéria, em 2007, vieram se somar a essa.

E no bairro Novo Mundo, na Zona Sul, há a Vila Uberlândia.

Ela não fica no Portão, mas por pouco. É na divisa entre esse bairro e o Novo Mundo, já no território desse último.

Tanto que o alimentador Uberlândia sai do Terminal do Portão.

Esse tem elevador, certamente.

A Vila Uberlândia se une com a Ferrovila, como já dito acima.

……..

Enfim, meus amigos, assim é a Água Verde, e a parte do Portão que lhe é próxima:

Uma região no geral com perfil de classe-média e média-alta.

Tudo isso se reflete na quantia de centros comerciais (‘shoppings‘).

Edifício novo e com muitos andares, no detalhe os varais na sacada.

São 3 num espaço de poucas quadras, muito próximos entre si.

O pioneiro, entre esses dois bairros, foi o Água Verde, em 1988.

Vieram depois e se instalaram ali perto, nas imediações do Terminal do Portão, o ‘Palladium’ e o Ventura (até 2017 chamado ‘Total’).

No entanto, A. Verde e Portão ainda têm resquícios de quando não haviam se aburguesado tanto, até os anos 70 e 80.

Se eu tivesse que definir a região em poucas palavras, diria isso:

Outra casa de madeira, com cactus na frente.

Ruas internas muito arborizadas, calmas e com prédios baixos.

Edifícios altos e um comércio muito desenvolvido na canaleta do Expresso e entre as rápidas.

Creio que essa imagem resume bem. Falando nisso, mais cenas desses bairros:

FLORES NO PORTÃO

(E ÁGUA VERDE):

Encerro com uma mensagem publicada em 17 de agosto de 2020.

Não é preciso dizer muito, as imagens valem por milhares de palavras. Basta apenas conferirmos a galeria abaixo:

Mais algumas flores, e achamos em pleno 2020 guerreira Belina Ford ainda na ativa.

Portais que essa matéria está ancorada, se você quiser conferir as reportagens sobre bairros próximos:

PORTAL DA ZONA CENTRAL

PORTAL DA ZONA SUL

Que Deus Ilumine a todos.

“Deus proverá”

Tatuquara, Zona Sul: o Terminal que não é terminal (já vi esse filme)

situação tensa: onda de invasões no extremo sul continua

Fui conferir logo no 1° dia útil de operações (31/05/21): o Terminal do Tatuquara não agregou novas opções de integração. Simplesmente as linhas que passavam perto agora entram no terminal. Resultado? Está vazio.

Por Maurílio Mendes, o Mensageiro

Parte principal da matéria, sobre o Tatuquara, publicada em 4 de junho de 2021

Quase todas as fotos de minha autoria. As que forem baixadas da internet identifico com um ‘(r)’, de ‘rede’. Créditos mantidos quando impressos nas imagens.

É surreal, mas é real. Depois de um longo atraso – em vários sentidos da palavra – em 29/05/2021 enfim foi inaugurado o Terminal do Tatuquara, populoso bairro da Zona Sul como todos sabem.

No entanto foi inaugurado errado. Não há alimentadores exclusivos desse terminal que sirvam as vilas da região nem linhas troncais pro Centro.

Pouco antes da eleição de 2020 grande invasão se formou no Tatuquara (note os ‘gatos’ de eletricidade). O processo ainda está em andamento, mais de um semestre depois do início da ocupação novas casas continuam sendo erguidas todas as semanas. Abaixo nessa mesma matéria falo mais disso.

No mínimo teria que haver uma linha Tatuquara/Pinheirinho Direto, sem paradas fora desses 2 terminais. Tampouco há.

Não se criaram novas opções de integração. Nem se ganhou tempo pra chegar ao Pinheirinho ou – que seria o ideal – direto aos bairros mais centrais.

Sendo assim, o Tatuquara não é um terminal, é somente um ‘ponto de parada de luxo’. Eis a única conclusão possível.

Estive no local logo no primeiro dia útil de operações, em 31 de maio de 2021, e comprovei os fatos.

Nessa e na próx. imagem as matérias publicadas no sítio da Urbs. Aqui pós-inauguração: “Terminal de Passagem”? Como assim, cara-pálida???? Que conceito é esse? O Tatuquara não agregou nenhuma nova opção de integração. Sendo assim e enquanto isso não for corrigido, foram R$ 8 milhões e anos de expectativas perdidos.

O que foi entregue não foi o que a prefeitura prometeu.

Em inúmeras oportunidades foi dito, o próprio prefeito empenhou a palavra dele várias vezes, que “não seria mais preciso passar pelo Pinheirinho“.

Foi propalado com alarde repetidamente que todas as linhas da regional Tatuquara (que inclui os bairros Campo de Santana e Caximba) se tornariam alimentadoras do Terminal Tatuquara.

Não foi cumprido. As pessoas percebem isso. O terminal estava vazio.

E não, não era porque era o primeiro dia útil de operação.

Não foi isso que a prefeitura prometeu muitas vezes, até o próprio prefeito deu a palavra sobre a integração metropolitana e que não seria mais preciso passar pelo Pinheirinho.

E sim porque ele não oferece as vantagem aos usuários que foram pomposamente anunciadas. Não precisa crer no que eu digo.

Entrei no sítio da Urbs, órgão municipal que gerencia o transporte coletivo como todos sabem, e fotografei as matérias ali publicadas.

Assim mostrando a contradição entre o planejamento que eles mesmos fizeram e o que acabou sendo executado. Uma passageira que estava na linha Rio Bonito definiu assim:

“É só pra dizer que tem terminal, porque na verdade ficou só como um ponto a mais. Não entrou nenhum ônibus novo“.

Caso a prefeitura não corrija e faça do Tatuquara um terminal de verdade, com alimentadores que só parem nele e troncais pros bairros e terminais mais centrais, ele continuará com movimento baixíssimo. Não existe mágica nem milagre.

Já vi isso acontecer antes. Uma vez aqui na Grande Curitiba mesmo, em 2009 no Terminal Roça Grande em Colombo, e outra em Florianópolis-SC, em 2003 (abaixo falo melhor dos 2 casos).

……….

Uma pena que tenha sido assim, afinal a espera foi bem longa.

Expresso Pinheirinho/F. Varela no Terminal Pinheirinho. Em julho de 2021 foi inaugurada a Linha Verde Norte/Leste. Com 14 anos de atraso, e por enquanto incompleta – Curitiba não é mais a mesma! Ao menos as estações- tubo PUC e F. Varela são mini-terminais, agregaram novas opções de integração, o que não ocorreu no Term. Tatuquara.

A construção começou em janeiro de 2019 e deveria durar um ano. Portanto deveria ter sido concluída em janeiro de 2020.

Acontece que o Terminal Tatuquara entrou em atividade nos últimos dias de maio de 2021. Quase um ano e meio de atraso.

Sendo que um ano já não é um prazo pequeno pra uma obra relativamente simples.

Não foi preciso fazer desapropriação nem nivelamento (o terreno já era da prefeitura e plano) ou trincheira sob a rua em frente. Tem mais:

Faziam nada menos que longos 22 anos que o município de Curitiba não ganhava um terminal de ônibus.

Filme repetido: o Terminal Roça Grande, em Colombo (Zona Norte metropolitana) teve as obras finalizadas em 2006, mas ficou 3 anos pronto e fechado. Só começou a operar em 2009, mas aí aconteceu exatamente o mesmo que vemos no Tatuquara agora, uma reprise de mal-gosto. O R. Grande foi planejado de forma errada, permaneceu 7 anos grosseiramente sub-utilizado. Com muito atraso em 2016 as linhas Ana Rosa e Santa Teresa viraram alimentadoras, deixando de ir ao Centro de Curitiba. Pra isso era preciso pegar o troncal R. Grande/ Guadalupe, recém-criado. Assim o terminal passou a ter demanda. Ainda assim, por um semestre a linha Ctba/Colombo – nos anos 80 chamada ‘Colombo Nova’ porque vai pela Rod. da Uva, a ‘Estrada Nova de Colombo‘ – continuava somente parando no terminal e seguindo viagem pro Centro de Colombo (a ‘Sede’). No início de 2017 também virou alimentadora. O Roça Grande enfim se tornou terminal de verdade.

O último fora o Caiuá, no CIC (Zona Oeste), que passou a operar em 1999, no milênio passado ainda.

Então esse é um sentido que o Tatuquara demorou pra ficar pronto.

Mais de 2 décadas é muito tempo pra uma cidade que não tem nenhuma opção sobre trilhos (nem metrô, tampouco trem ou VLT).

Curitiba aposta todas as suas fichas no modal do ônibus.

Mais: com exceção de umas pouquíssimas linhas, essa cidade não tem integração digital, no cartão. Só existe integração física, nos terminais.

Sendo assim, a rede tem que ser ampliada com novos terminais.

Entretanto levou 22 anos pra isso acontecer, e quando aconteceu aconteceu errado (pelo menos por enquanto).

Não foi isso que a prefeitura prometeu. Desde que o Terminal do Tatuquara começou a ser licitado, em 2018, a Urbs assegurou que haveria linhas troncais e alimentadoras.

Parece que Curitiba e região perderam a capacidade até de inaugurar as obras já concluídas. O Term. Roça Grande, dizendo de novo, ficou 3 anos pronto e sem funcionar. Voltando a falar do Tatuquara, no Viaduto da Vila Pompéia foi ainda pior: ele foi concluído em setembro de 2015, mas só pôde começar a operar em outubro de 19. Foram nada menos que 4 anos pronto mas fechado ao tráfego, servia apenas pros pichadores aprimorarem suas técnicas nele. Isso porque faltava a alça de acesso a BR-116, que vê a direita na imagem. No final de 2019 esse complemento foi feito e o viaduto liberado. Não é pedir muito.

O que deveria ter sido feito? Uma linha troncal e direta, sem paradas, de preferência até do Tatuquara até o Centro.

No mínimo até o Terminal Pinheirinho, ou um tubo da Linha Verde próximo.

Onde as pessoas pegariam o Ligeirão (‘BRT’, como agora é chamado pela sigla em inglês) e seguiriam a Zona Central de forma rápida.

Aí as linhas que vão pro Campo de Santana e Caximba (além da V. Tupi em Araucária) deveriam ter sido seccionadas no Tatuquara.

Estou me referindo aos alimentadores Rio Bonito/ Pinherinho, Rio Bonito/ CIC, Pompéia/ Janaína, Rurbana (antiga Pompéia/ Rurbana), Caximba/ Olaria e Tupi/ Juliana.

(Essa última entra em Araucária; no horário de pico há um reforço, a V. Juliana, que faz o mesmo trajeto até a divisa mas não a cruza, o ponto final é na beira do Rio Barigüi que separa os 2 municípios.)

Nenhuma linha teve seu trajeto seccionado no Term. Tatuquara, pra ser alimentadora exclusiva desse.

Joanesburgo, África do Sul, 2017. Tirei essa foto no horário de pico vespertino de um dia útil. Os ônibus e vans saiam totalmente lotados do Centro da cidade. Só que a estação de trens está absolutamente vazia, não há ninguém. Por que? A África do Sul conta, em todas as suas maiores cidades, com uma rede de trens suburbanos chamada ‘MetroRail’. No papel, se você olhar o mapa, é excelente. Mas na ‘vida real’ funciona de forma muito precária. Por isso praticamente não é utilizada. E vi o mesmo também na Cidade do Cabo e Durbã. O povo não é burro, meus amigos. Se um sistema de transporte não oferece vantagens a seus usuários, as pessoas o ignoram, não importa o que o poder público diga. Na África ou no Brasil funciona da mesma forma.

Do jeito que está o Tatuquara não é um terminal, e sim um empolado e exagerado ponto de parada.

Todos os terminais, mesmo os menores da rede, têm alimentadores próprios.

A Urbs, em teoria, sabe que é preciso, ou quase ninguém fará conexão ali.

Igual ocorreu em Colombo, na Zona Norte da Grande Curitiba.

O Terminal Roça Grande (esq.) foi inaugurado em 2009, igualmente só como um exótico ponto de parada.

As linhas que passavam em frente passaram a entrar nele, mas não haviam opções relevantes de integração.

Ficava vazio, e como seria diferente? Todo mundo viu que não tinha nenhuma utilidade. Levaram 7 anos pra corrigir.

No começo as linhas convencionais que usam a Rodovia da Uva continuavam indo das vilas de Colombo pro Centro de Curitiba, fazendo todas idêntico trajeto após o terminal.

Quem vai descer do ônibus que está pra esperar outro que vai exatamente pro mesmo lugar?

Do outro lado do Oceano, a mesma imagem que vale por milhares de palavras: o Terminal Tatuquara sem praticamente nenhum passageiro. A prefeitura diz que o terminal é útil “porque quem quer ir desse bairro pro Terminal Cidade Industrial (CIC) agora pode baldear ali, não precisa fazê-lo no Pinheirinho”. Trata-se de um contra-senso gigantesco e lamentável. Todas as 7 linhas do Tatuquara têm seu outro ponto final ou no Pinheirinho ou no CIC. 3 linhas fazem o trajeto Pinheirinho/Tatuquara: Santa Rita/ Pinheirinho, Dalagassa e Jd. Ludovica. Começam no CIC os alimentadores Santa Rita/CIC e Vizinhança/Santa Rita. Essas 5 têm ponto final no Tatuquara. 2 linhas começam no Rio Bonito, passam pelo Tatuquara e seguem uma pro Pinheirinho e outra pro CIC, respectivamente (e desculpe a redundância) Rio Bonito e Rio Bonito/CIC. Já passavam em frente, desde então entram no terminal como um ponto a mais. Portanto essas 2 são as únicas que cruzam o Term. Tatuquara e vão adiante, todas as demais terminam nele. Assim não é difícil ver que quem mora no Rio Bonito e quer ir pra Cidade Industrial já escolhe direto o Rio Bonito/CIC. Não irá descer no Tatuquara. As demais linhas tampouco mudaram o trajeto, exceto no máximo algumas poucas centenas de metros, pra entrarem no terminal. Quem as utiliza mora antes do terminal (tendo o Centro como referência). Pras essas pessoas igualmente o Terminal Tatuquara não lhes serve pra nada. Pois primeiro já há 3 linhas passando pelo bairro que vão pro CIC, o Rio Bonito/CIC, S. Rita/CIC e Vizinhança/S. Rita. Mesmo que elas não possam tomar nenhuma delas, não é vantagem voltar pra trás até o Terminal Tatuquara pra pegar um ônibus pro CIC. É bem melhor seguir ao Pinheirinho e baldear ali, pois assim esses trabalhadores já estão indo na direção de seus empregos. Ou seja, tudo segue como eles sempre fizeram. Os “técnicos” da Urbs e Ippuc não sabem disso, pois eles não moram na periferia nem usam o transporte coletivo que eles (mal) planejam. Mas no Tatuquara e Campo de Santana as pessoas acordam as 5 e embarcam no ônibus perto das 6 da manhã. Elas não podem se dar ao luxo de ir no sentido contrário pra fazer uma baldeação, pois aí teriam que ir pra ainda mais longe de seu trabalho, e percorrer de volta o trecho gasto pra chegar ao Tatuquara, esforço e muitos minutos preciosos perdidos e perdidos em dobro. Sair de casa ainda mais cedo, e chegar ainda mais tarde, sendo que o tempo delas nas suas residências já é bem escasso. Baldear no Tatuquara não é vantagem nem pra quem mora no Campo de Santana (Rio Bonito), depois do terminal, tampouco pra quem vive nas vilas do Tatuquara, antes dele. Virou um ‘elefante branco’, não está sendo útil pra ninguém, e por isso está vazio.

Evidente que ninguém faz isso, não sei de onde os ‘técnicos’ da Urbs cunharam o termo “terminal de passagem”.

Em 2016 o problema no Roça Grande foi solucionado, quando as linhas Ana Rosa, Santa Teresa e algumas menores enfim viraram alimentadoras do terminal. Aí ele passou a ter um movimento razoável.

Foi criada a linha troncal Roça Grande/Guadalupe, feita por articulados o tempo todo.

(Os primeiros vieram usados de Belo Horizonte-MG, inaugurando a tendência de importar esse tipo de veículo de 2ª mão.)

Em fevereiro de 17 a linha pro Centro de Colombo também foi seccionada ali.

E em 2020 a linha Parque Embu passou a ter um ‘carro’ só pra ela.

Foi criada nova linha pro Jd. Guarujá, que divide um busão com a linha pro César Augusto.

(Anteriormente não havia linha pro Guarujá, era um ônibus dividido entre Pq. Embu e C. Augusto.)

Desde 2020 também a Santa Fé só vai pro Guadalupe no pico.

Nos outros horários e fins-de-semana também é alimentadora do Roça.

Agora no Roça Grande há 4 alimentadoras de média demanda (intervalo das viagens menor que 1 hora), mais algumas alimentadoras menores (acima de 1 hora).

Fora do pico são 5 alimentadores com média demanda e várias outras linhas menores. É preciso descer ali e baldear pro troncal.

Não há opção de seguir no alimentador direto das vilas e Centro de Colombo pro S. Cândida ou o Centro de Ctba. .

O Roça Grande virou um terminal de verdade. Mas levou uma década.

Ficou 3 anos pronto mas fechado (2006-2009) e mais 7 anos funcionando errado (2009-2016).

Tal qual aconteceu em Florianópolis, em 2003: havia um terminal que era só um ponto de parada das linhas que passavam em frente a ele, não tinha linhas alimentadoras nem troncais

E nesse caso não houve correção, esse – o Term. Saco dos Limões, na Ilha – e outros 2 terminais no Continente – Capoeiras e Jd. Atlântico – eram redundantes e tiveram vida curta.

Até a virada do milênio a capital catarinense não tinha transporte integrado.

Se você precisasse usar 2 ônibus tinha que pagar 2 passagens integrais. Desceu de um e entrou noutro, pagava de novo.

Em 2003 enfim entrou em operação o que hoje é chamado ‘SIM‘ (Sistema Integrado de Mobilidade).

Fizeram 9 terminais integrados. Lá eles são conhecidos por siglas, no formato “Ti_____”.

‘T.I.’ significa ‘Terminal Integrado’. E no espaço em branco vem a 1ª sílaba do nome do bairro que está o terminal.

Exemplificando fica mais fácil entender. Pra quem não conhece Florianópolis, o Centro é na Ilha.

Assim, claro que o Terminal Central é na Ilha: ‘TiCen’, Term. Integrado do Centro.

Itinerário do Jd. Ludovica. A única alteração é que agora entra no “Terminal” Tatuquara, porque já passava em frente. Isso não é um terminal, mas um ponto de parada.

Nele param linhas municipais e metropolitanas, a integração é somente no cartão, pois ele não é fechado.

Na Ilha foram feitos mais 6 terminais: ‘TiCan’ (Canasvieras), ‘TiSan’ (Sto. Antônio de Lisboa), ‘TiTri’ (Trindade), ‘TiLag’ (Lagoa da Conceição), ‘TiRio’ (Rio Tavares) e ‘TiSac’ (Saco dos Limões).

No Continente eram 2, ‘TiCap’ em Capoeiras e ‘TiJar’ no Jardim Atlântico.

Esses e mais o TiSac na Ilha acabaram desativados pouco tempo depois, dizendo de novo, pois não agregaram nada ao sistema.

O ônibus Jardim Ludovica, que me levou do Pinheirinho ao Tatuquara. Esse, que é curto, e os 2 articulados a seguir são todos Caio/Mercedes-Benz da viação Redentor.

Logo nos primeiros dias de operação tive a oportunidade de conhecer a novidade.

Fui no TiCen, e nos Terminais Trindade e Saco dos Limões, ambos na Ilha e os mais próximos do TiCen.

O Terminal da Trindade (‘TiTri’) já nasceu sendo um terminal de verdade: fechado (tem catracas) e com várias linhas troncais e alimentadoras.

Sua missão é dividir com o TiCen as linhas alimentadoras pros bairros mais centrais.

Cartazes no posto de fiscalização da Urbs informam as muito pequenas mudanças nos trajetos. Pelo exemplo do Vizinhança/Santa Rita no destaque observa-se o que ocorreu: as linhas que já tinham seus pontos finais nas imediações do terminal agora entram nele. Mas seu outro ponto final não mudou, continua no Pinheirinho ou Cid. Industrial.

Por isso o TiTri, mesmo perto do Terminal do Centro, vingou.

Diferente era a situação do Terminal Saco dos Limões, o ‘TiSac‘.

Esse não era terminal no sentido pleno do termo, somente um ponto de parada.

Era ainda mais perto do TiCen, na verdade logo no começo da ‘Beira-Mar Sul’.

Você saía do Centro em direção ao Sul da Ilha. Logo após o túnel já estava o TiSac. Não tinha linhas alimentadoras nem troncais.

Simplesmente as linhas que passavam na avenida em frente entravam no terminal.

Obras do Terminal Tauquara em outubro de 19. A inauguração atrasou quase um ano e meio: prevista pra janeiro de 2020, só materializou em maio de 2021. Quanto levará pra adequarem as linhas? Espero que menos de 10 anos.

As vezes o ônibus nem sequer parava!!! Passei pela experiência pessoalmente, e foi inesquecível. Visualizem a cena:

Se ninguém pedisse pra subir ou descer, o buso entrava no terminal, contornava-o por dentro, voltava pra avenida e seguia viagem. 

E isso acontecia com frequência. Uma vez que não tinha alimentadores próprios, nem teria como.

O TiCen e TiTri já se encarregavam da região Central, o TiRio do Sul da Ilha, e o TiLag das praias e vilas do Leste de Fpolis. .

Nessa e a dir. vemos os ‘sanfonados’. Aqui o Rio Bonito, essa linha passa pelo terminal e segue em frente, rumo a vila de mesmo nome que fica no bairro Campo de Santana. Em Curitiba desde 1988 os articulados têm 4 portas; em várias cidades ainda são 3 – em Porto Alegre-RS até recentemente eram somente 2 portas!!! Sim, é isso.

Tampouco contava com linhas troncais, pois o TiSac era encostado no Terminal Central, repito.

Não haveria como fazer as pessoas desembarcarem nele e a seguir embarcarem em outro busão só pra atravessar o túnel e aí descerem.

Sem utilidade, o TiSac encerrou as atividades poucos meses depois.

Não pude ir nos terminais do Continente, mas sei porque eles também não deram certo.

A causa é a mesma: são muito perto do Centro. As pessoas tinham que trocar de ônibus só pra cruzar a ponte.

Agora o sta. Rita/CIC. Na renovação de frota de 2019 a Caio foi a escolhida por diversas viações, inclusive algumas que não adquiriam veículos dessa montadora paulista a décadas. A Glória que é a maior empresa do ramo não aderiu, se manteve fiel a Marcopolo. Mas a Zona Sul, a mais populosa de Ctba. e onde mais se usa ônibus, agora tem predomínio da Caio. Cheguei no Terminal Pinheirinho, o maior de Curitiba, e todos os alimentadores ali parados eram dessa marca, sejam articulados ou ‘pitocos’, das viações Redentor e Cidade Sorriso.

Toda a região metropolitana fica no Continente, no entanto a porção continental do município de Florianópolis é pequena.

E os terminais inaugurados em 2003 atendiam apenas o sistema municipal.

Assim, é mais vantagem pros moradores do Continente entrarem num ônibus perto de suas casas e seguirem direto pro TiCen.

Não fazia sentido uma baldeação extra no TiCap e TiJar. Quando eles estavam ativos você ficava mais tempo esperando o ônibus que dentro dele.

A solução seria transformar esses terminais pro modal metropolitano. Aí funcionaria.

Nesse caso as pessoas pegariam alimentadores nos bairros de São José, Palhoça e Biguaçu.

E no TiJar e TiCap trocariam pra um troncal pro Centro, de preferência esse troncal sem paradas e feito por articulados.

Mais 2 cenas do Terminal Tatuquara praticamente sem usuários de ônibus dentro dele. Pra disfarçar que ele não criou novas conexões a prefeitura botou um painel onde, presume-se, irá colocar as ‘Conexões‘ disponíveis, no melhor estilo ‘1984’ onde “guerra é paz, ignorância é sabedoria”.

Enquanto não entendem isso os Terminais Jardim Atlântico e Capoeras permanecem abandonados, assim como o Saco dos Limões.

(Esse último serviu um tempo de garagem de ônibus, depois foi invadido, virou moradia temporária pra uma tribo indígena.)

Pra fecharmos esse apêndice sobre Florianópolis, em 2014 a pintura dos ônibus foi repadronizada.

Dessa vez a mesma decoração pra todos os ônibus, todas as linhas. E o sistema foi rebatizado ‘SIM“.

……………

Precisa dizer alguma coisa?? A imagem é auto-explicativa. Encerro meu caso.

“A bola pune”, alguém definiu. Querendo dizer que se um time não converte suas chances de gol perde muitos jogos, e assim perde o campeonato.

A ‘Vida’, se quiser chamar assim, também pune. E pune com severidade.

Um terminal precisa oferecer novas opções de integração.

Próximas 5 imagens: ocupação irregular no Tatuquara, ao lado da Vila Zanon.

Tem que ter linhas alimentadoras só dele, onde as pessoas desçam e peguem um troncal.

Se um terminal é inaugurado “só pra dizer que fizeram”, como a moradora do rio Bonito definiu, mas, nas sábias palavras dela mesma, “não entra nenhum ônibus novo”, ele não serve pra nada.

Podem insistir em manter ele funcionando mesmo com movimento baixíssimo, como aconteceu em Colombo.

A invasão tem diversas fases: a casa da esq. já é de madeira, mas sem pintar; a do meio é a mais antiga, já pintada, e o morador compra tijolos pra mudar de modal; enquanto que a da dir. ainda está sendo construída, os moradores acabam de adentrar na vila.

Ou encerram a sangria e o desativam, como foi feito em Florianópolis.

O que não podem é esperar que o povo não perceba que o negócio foi mal-feito. O povo percebe.

A prefeitura tenta justificar seu erro inventando novos conceitos como ‘terminal de passagem’ (????).

Falem o que quiserem. “Até papagaio fala”, ensina a sabedoria popular.

Acontece que a realidade não muda. É preciso entender da dinâmica do transporte coletivo ao planejar as linhas que param num terminal.

A parte mais antiga da vila já conta com ruas transversais abertas, e mesmo rede de eletricidade (ambas clandestinas).

Curitiba já foi mestre nisso, e não por outro motivo o conceito de transporte integrado foi inventado aqui, em escala global.

Entretanto agora parece que a cidade perdeu essa capacidade.

Dá a impressão que os “técnicos” da Urbs e Ippuc não entendem mais como funciona um terminal integrado.

Conforme vamos nos afastando da Estrada Del. Bruno J. de Almeida, vamos vendo a parte mais nova. Aqui as residências ainda são barracos de madeirite, sem janelas nem demarcação clara dos lotes. A invasão leva alguns meses crescendo.

Algumas Leis Naturais são básicas, e não podem ser ignoradas.

Como está o Tatuquara não é um terminal e sim um grande ponto de parada.

Grande e  caro, custou R$ 8 milhões aos cofres públicos (ficou pronto em maio de 2021, quando uma passagem de ônibus é R$ 4,50, e US$ 1 = R$ 5,20).

Um terminal de ônibus é um local onde várias linhas terminam, e dali você pode baldear pra outra linha sem pagar de novo.

Mais uma vez captamos 3 estágios de casas na mesma imagem: a esq. já de tijolo, inclusive recebendo chapisco, portanto a mais antiga; a moradia do meio de madeira sem pintar, mas com janelas e ‘2 águas’ (telhado em forma de cume); a da dir. é ‘1/2 água’ (telhado inclinado só pra um lado) e sem janelas nem sanitário – note que há um banheiro químico, cena que vi muito nas favelas da África do Sul e também na ‘Cracolândia’ de SP.

Várias linhas terminam no Tatuquara, sim. No entanto todas seguem – parando em todos os pontos no caminho – pra outros terminais mais próximos do Centro.

Nenhuma foi seccionada ali pra ser alimentadora só desse terminal.

Obviamente, e desculpe a redundância, uma linha alimentadora tem seu ponto inicial no terminal e seu ponto final nas vilas desse bairro e dos bairros vizinhos.

As pessoas pegam o alimentador perto de suas casas e vão com ele até o terminal.

Dali pegam uma linha troncal – feita por articulados, e que seja sem paradas intermediárias e/ou por corredores exclusivos – pro polo de empregos (a Zona Central ou a orla, nesse último caso em cidades praianas).

Comboio de 5 Marcopolos 0km chegando a Araucária da fábrica no Rio de Janeiro – veja que no busão que vem atrás está escrito ‘Rio’ no letreiro. Imagens de outubro de 2019, logo a seguir tudo se modificou: um ano depois, em outubro de 2020, a Marcopolo fechou essa fábrica; e em junho de 2021 a Tindiqüera deixou de operar em Araucária, após décadas cuidando das linhas municipais; aproveitaram então e a pintura padronizada foi mudada (fotos pouco mais pra baixo).

O Terminal Tatuquara, digo mais uma vez, não tem linhas alimentadoras que sejam só dele, que partam dali pra vilas próximas.

Também não tem uma linha troncal, que seria um ligeirinho pro Centro.

Na falta desse, teria que haver um troncal que fosse sem paradas pro Terminal do Pinheirinho ou pra alguma estação-tudo próxima, onde as pessoas pegariam o Ligeirão.

Não há nem uma coisa nem outra. Os limentadores do Pinheirinho e CIC que passavam ali perto agora entram no terminal. Só que não se criaram novas opções de integração.

Todas as linhas continuam indo pro Pinheirinho ou CIC, fazendo paradas no caminho a cada 2 ou 3 quadras.

Clicados na Linha Verde, a antiga BR-116. Escrevi em 19 que “essa é pintura municipal do Triar”. Desde 21 não é mais, repetindo.

Oras, isso não funciona e nunca vai funcionar, por questão de lógica.

Lógica é algo que parece estar ausente do “planejamento” da prefeitura. Racione comigo.

Você já está dentro de um ônibus que vai pra determinado terminal.

Por que iria descer num outro terminal pra esperar um segundo ônibus que no entanto vai pro exato mesmo lugar que aquele que você já estava???

E outra condução tão lenta quanto, pois igualmente paradora. Ninguém vai fazer isso, não precisa ser gênio pra saber.

Há também a pintura metropolitana do Triar ‘(r)’. Até 2016 existia a linha Tupi/ Pinherinho (antigamente chamada ‘Integrar Tupi’, que chegou a ser operada pela viação Mourãoense, de Campo Mourão-PR), e ela tinha a pintura de Araucária, mesmo entrando no Term. Pinheirinho.

A coisa está difícil. A Grande Curitiba já passou pela exata mesma situação na Zona Norte.

Quando o Terminal Roça Grande entrou em funcionamento mas sem agregar benefício aos usuários.

Agora o mesmo se repete na Zona Sul. Em Colombo foram 7 anos até perceberem o óbvio.

Quanto tempo levarão pra transformarem o Tatuquara num terminal de verdade, com linhas alimentadoras e troncais?

O tempo dirá. Quando a  prefeitura de Curitiba corrigir o erro que fez e cumprir o que ela mesma planejou e prometeu inúmeras vezes, eu atualizo a matéria e os parabenizo.

Em 2017 surgiu a linha Pinheirinho/Angélica (Araucária) Direto. Cinza mas não é Ligeirinho: é porque esse ‘carro’ antes pertencia a Viação Tindiqüera (por isso a placa ‘AVT’) e não havia sido repintado, um improviso. O padrão nessa linha são busos beges na decoração da Comec – na sequência ilustro tudo com várias imagens.

No momento, infelizmente, a realidade é distinta – e amarga.

Toda a expectativa, toda a espera (foram 22 anos desde o último terminal no município, e esse veio com quase 1 ano e meio de atraso da previsão) se tornou apenas decepção.

INVASÃO NO TATUQUARA AS VÉSPERAS DA ELEIÇÃO:

LONGA TRADIÇÃO CURITIBANA QUE CONTINUA NA DÉCADA DE 20

Ver que o terminal não funciona como devia foi triste. Não foi, porém, o único choque da ida a Extremidade da Zona Sul.

No começo do século 21 criaram a linha 690-Vila Juliana, que só operava no pico, sendo reforço da Tupi/Pinheirinho – que existiu até 16 – e da Caximba/Olaria. Quando a Tupi/ Pinheirinho foi extinta, a Vila Juliana passou a circular o dia inteiro, mas não entrava em Araucária. Em 2019 foi criada a linha 772-Tupi/Juliana (digo, ‘Tupy’ c/ ‘y’), que na prática é a antiga Tupi/Pinherinho revivida. Agora feita por articulados (r). Aí a linha 690-Vila Juliana voltou a ser reforço, só funciona nos horários de maior movimento.

Já no bairro do Tatuquara mas antes do terminal constatei uma invasão surgindo. E bem grande, já deve estar perto de mil famílias.

Nota: não estou condenando ou defendendo o ato, apenas relatando-o.

Não estou tomando o partido nem da esquerda tampouco da direita.

Afinal os dois lados têm um pouco de razão nesse debate se é ou não justo ocupar terrenos alheios nas bordas da cidade.

A situação econômica no país está bem complicada. Então certamente ali há muitas famílias que não estão mais conseguindo pagar aluguel.

Realmente precisam disso, ou não estariam nesse ‘perrengue’.

Ponto final do Vila Juliana em 2017. Atrás vemos o começo da Favela da Caximba, grande invasão que se formou na ponta da Zona Sul de Curitiba a partir de 2010.

Por outro lado, é sabido que em toda invasão há aproveitadores, pessoas que não necessitam.

Aproveitam a oportunidade pra lucrar. Invadem pra depois revenderam, são atravessadores.

É uma questão polêmica, e certamente não pretendo apontar a solução.

Apenas registrar o que está ocorrendo, e é bem preocupante. Isso bem esclarecido, podemos prosseguir.

A atual favela que está surgindo fica começa na esquina da Estrada Del. Bruno de Almeida – a antiga “Estrada da Caximba” – com a Rua Antônio Zanon.

Vemos a traseira do busão no canto da foto. Ao fundo a triste realidade da Caximba: casas sendo construídas sobre um depósito clandestino de lixo. A situação no Extremo Sul está bastante tensa!

Fotografei uma placa artesanal que nomeia a região, ou parte dela, como ‘Vila Jardim Veneza’.

Porém segundo a imprensa os moradores chamam a ocupação de ‘Britanite‘.

Essa é uma indústria de dinamite sediada na BR-116 em em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, e que provavelmente seja a proprietária do terreno.

HISTÓRIA DO TRANSPORTE EM ARAUCÁRIA: essa mensagem começou, em 2019, falando sobre este subúrbio metropolitano da Gde. Ctba.; em 2021 ampliei por causa do Terminal do Tatuquara, que é perto de forma que entrou na mesma postagem, ainda assim na capital; agora numa 2ª ampliação em outubro de 2022 volto novamente pra Araucária, mostrando uma retrospectiva de seus ônibus municipais (‘Triar’) e metropolitanos (esses já foram de responsabilidade do governo do estado, da prefeitura de Curitiba, e agora novamente na esfera estadual); aqui um Torino ‘1’ da Tindiqüera, foto na virada dos anos 80 pros 90, pois a chapa só tem 2 letras (o PR foi o 1º estado do Brasil a adotar o emplacamento de 3 letras, em 1990); no letreiro escrito ‘Triar‘, a linha vem informada numa placa no vidro – como foi comum em Maringá-PR, Piracicaba-SP, e outras cidades do interior.

Os primeiros barracos foram erguidos pouco antes da eleição de 2020.

Acontece que está se multiplicando até hoje (escrevo em junho de 2021, pouco mais de um semestre depois).

Passando por ali você vê casas em todos os estágios.

Os moradores mais antigos já construíram suas moradias em madeira e alguns mesmo em alvenaria.

Nesse caso quem já investiu pra mudar pro tijolo é sinal que eles estão confiantes que irão ficar.

Ruas estão sendo abertas e nomeadas informalmente, e o comércio começa a se formar.

Enquanto isso, na parte mais nova da invasão ainda vemos muitos barracos de madeirite.

O que prova que quem vive ali é recém-chegado a região. A ocupação continua crescendo.

Assim, digo de novo, se houve uma estimativa de 400 famílias em janeiro de 21 (quando houve uma frustrada tentativa de reintegração de posse) agora você pode contabilizar o dobro ou triplo disso.

Num Torino ‘3’ (mais novo que o anterior, já com 3 portas) apreciamos a 1ª pintura do Triar: faixas grossas azuis e vermelhas (r).

Foram preciso 2 tentativas pra criar uma nova invasão no Tatuquara.

Em abril de 2020 já havia ocorrido a primeira invasão, malograda. Na ocasião um grupo de pessoas tentou ocupar outro terreno.

Que fica perto desse mas um pouco mais adiante (pra quem vai no sentido bairro), quase em frente ao novo terminal de ônibus.

Só que nesse caso a área que eles preparavam pra tomar posse era terreno público.

Nesse Torino ‘5’ vemos a decoração que veio a seguir, as faixas coloridas ficaram estreitas, o busão majoritariamente cinza – a Tindiqüera era cliente fiel Marcopolo, por décadas não havia Caio em Araucária (r).

Assim a Guarda Municipal agiu rapidamente e impediu a invasão.

Alguns líderes foram presos. Aí começou uma grande confusão.

Seguindo os protocolos da epidemia de Corona-vírus (assunto polêmico que não iremos discutir aqui), os guardas os levaram ao posto de saúde pra que se confira se estão contaminados com o vírus.

Pois bem. Um grupo de invasores cercou a Posto de Saúde 24h do Sítio Cercado e almejava resgatar a força seus integrantes.

Triar metropolitano; as linhas pra Contenda (essa) e a Tupi/ Pinheirinho eram de responsabilidade da prefeitura de Araucária, apesar de inter-municipais. Um paradoxo.

Foi preciso reforço policial e muita negociação pros ânimos se acalmarem.

Situação tensa na Zona Sul. Que reflete na micro-escala o momento que a cidade e o país estão vivendo, bem conturbado como não é segredo pra ninguém.

Desde 2010 o Extremo Sul de Curitiba passa por grande onda de invasões.

O mesmo se repete no bairro São Miguel (na divisa com o CIC), que é na Zona Oeste mas não muito longe do Tatuquara.

Por um tempo adicionaram verde no logotipo do Triar, e mais uma faixinha nessa cor– é mais um Torino, esse Torino ‘4’.

Nesse último caso, o do São Miguel/Cidade Industrial de Curitiba (C.I.C.), as invasões se deram de 2015 pra cá.

Inclusive num terreno as margens de um aterro sanitário.

Voltando a Zona Sul, houve grande ocupação irregular na Caximba.

As casas foram erguidas no banhado as margens do rio Barigüi, em 2010.

Em 2014 a PM retirou dali mil famílias. Entretanto, a situação na Caximba permanece complicada.

O Triar metropolitano também ganhou o detalhe em verde; a linha Tupi/ Pinheirinho antes se chamava ‘Integrar Tupi’ (r).

Talvez tenham ocorrido re-invasões na área desocupada.

O fato é que o ‘Complexo da Caximba’ (os mineiros preferem o termo ‘aglomerado‘) uniu várias favelas, algumas bem antigas e outras novas.

Essas últimas surgidas de uma década pra cá (escrevo em 21).

E o complexo/aglomerado está cada vez maior, abriga vários milhares de pessoas, talvez até perto de 5 mil.

Depois voltou ao original, só azul e vermelho, tiraram o verde portanto (r); usada até nos ‘Ligeirinhos‘ (esse veículo tem embarque/ desembarque normal a direita ao nível do solo e porta elevada a esquerda pra uso nas estações-tubos); foto de 2014, ao fundo filial da Lojas Coppel, cadeia mexicana que entrou com muita força na Gde. Curitiba no começo da década de 10 do séc. 21, mas logo faliu.

É uma região de várzea de rio. Resultando que os alagamentos são frequentes e severos.

Numa das enchentes a Defesa Civil precisou resgatar os moradores usando botes infláveis, pois o local se tornou totalmente inacessível por terra.

Alguns acham que Curitiba não tem favelas. Puxa vida….Tem, e as tem em profusão.

Resumindo tudo, a situação já era difícil antes, e nesse última década de 10 se tornou pior.

Com 2 grandes invasões na Caximba (desde 2010) e São Miguel (a 1ª em 2012, a onda maior a partir de 2015).

Agora, em 2020 e se estendendo em 2021, outra grande ocupação irregular no Tatuquara, mais ou menos no meio do caminho entre a Caximba e São Miguel.

A Tindiqüera ‘casava’ placa com o nº do buso, exatamente como a Cometa também fazia.

Caso essa do Tatuquara consiga permanecer, ficaremos com 3 grandes favelas aguardando urbanização.

Todas elas não muito distantes do Rio Barigüi (uma delas exatamente na várzea do mesmo).

Fora invasões menores, que também estão pipocando pela cidade como cogumelos no campo após o temporal.

Araucária tem seu próprio ônibus Expresso, assim era a pintura na era Tindiqüera (r).

E essa do Tatuquara aconteceu, como sói ocorrer em Curitiba, as vésperas de uma eleição.

Longa tradição curitibana que remonta desde a redemocratização nos anos 80, e que permanece forte no século 21.

……………………………………………

EXTRA: FROTA NOVA DE ARAUCÁRIA CHEGANDO –

Publicado em outubro de 2019.

Em 2021 saiu a Tindiqüera, 3 viações a substituíram, no início com ‘carros’ usando a pintura de outras cidades – “provisoriamente” a placa informa: esse Francovig é oriundo da Real de São José dos Campos-SP (r).

Na linha pontilhada se encerra a atualização escrita em 2021, que se tornou o corpo principal da matéria.

Vamos agora a postagem original. Mantive na mesma mensagem porque está relacionado.

Tatuquara e Araucária são muito próximos, separados apenas pelo Rio Barigüi já tão falado acima.

Evidente, o primeiro é um bairro da capital, o outro um município independente.

No entanto, espero que em breve o Terminal Tatuquara esteja funcionando corretamente.

Torino ‘5’ da Sharp, ex-Ponta Grossa-PR (r).

a linha Tupi/Juliana, que serve Araucária, sairá dele.

Curitiba, 29 de outubro de 2019. Flagrei na Linha Verde – antiga BR-116 – frota da Tindiqüera de Araucária chegando 0km (já vimos as fotos mais acima na página, busque pelas legendas).

São 5 veículos que vieram nessa leva, todos Torino 6 (oficialmente Torino ‘2014’), da Marcopolo.

Em frente a Refinaria da Petrobrás a nova pintura padronizada do Triar de Araucária, desde 2021 (r); usada pelas 3 empresas, a Francovig de Londrina-PR, a Imperial de B. Horizonte-MG e a Sharp da Faz. Rio Grande – município vizinho, também na Zona Sul da região metropolitana de Curitiba.

Já estavam no município de Curitiba (veja pela placa que estamos na Zona Leste da cidade, indicando saídas pro Bairro Alto e Jd.Social).

Ainda não haviam tocado o solo de Araucária, onde farão linhas municipais.

Foram fabricados na Marcopolo Rio, em Duque de Caxias, Grande RJ (antiga fábrica da Ciferal, que a Marcopolo comprou).

(E, vejam, a Ciferal ocupava instalações que um dia pertenceram a famosa Fábrica Nacional de Motores, F.N.M., popular ‘Fenemê‘)

Os Caios voltaram a Araucária (r); um leitor apontou algo muito importante: a tarifa do Triar, na contramão do resto do país, vem sendo reduzida – era R$ 4,25 em 2018 e em 2022 é somente 1,50, e isso dá direito a integração total municipal e metropolitana (veja na seção de ‘comentários’ mais detalhes e comparação com outras cidades).

Araucária tem sua própria pintura na frota que faz as linhas internas, de fato um privilégio pra poucos.

Como visto nas fotos e é notório, o sistema chama-se ‘Triar’.

Sigla que significa exatamente ‘Transporte Integrado de Araucária’.

Apenas 3 municípios da Grande Curitiba gerenciam seu transporte municipal: Araucária, São José dos Pinhais e Campo Largo.

Linhas metropolitanas seguem com a viação Araucária: assim era a pintura livre (r).

(Alias a pintura de C. Largo está se espalhando por todo Norte de SC, tema em que nos aprofundamos melhor outro dia, com muitas fotos.)

Nos demais municípios da Região Metropolitana da capital do estado é diferente.

Mesmo as linhas municipais, que ligam os bairros aos terminais do município, são gerenciadas pela Comec, órgão do governo estadual.

(Até 2015 pela prefeitura municipal de Curitiba, que havia assumido também boa parte do sistema metropolitano.)

Na padronização do começo dos anos 90 a cor indicava o município: Araucária ficou com o azul-claro (r); a Fazenda Rio Grande também compartilhava essa cor.

Em Colombo e Campina Grande do Sul vigora um sistema misto:

Quase todas as linhas são da alçada da Comec, há umas poucas exceções que são de responsabilidade da prefeitura.

Entretanto a imensa maioria das linhas é da Comec, ratificamos o afirmado acima (atenção, ‘ratificar’ é o contrário de ‘retificar’).

Desenho do ônibus visto na foto anterior (r), já que esta está em baixa definição.

Assim, somente São José, Campo Largo e Araucária (e mais as poucas linhas de exceção de C. Grande e Colombo) podem se dar ao luxo de escolher a pintura de seus ônibus; a de Araucária é como vimos em diversas fotos.

Mais: mesmo algumas linhas inter-municipais de Araucária são na pintura do Triar.

Próxs. 3 fotos: em 1996 boa parte das linhas metropolitanas adotou a mesma pintura por categoria do municipal de Curitiba, pois a prefeitura da capital assumiu o gerenciamento delas. Linhas não-integradas metropolitanas, ‘Convencionais‘ na nomenclatura curitibana, ficaram amarelas, nº com a letra ‘C’ indicando isso; obviamente aqui o Ctba/Araucária (r).

Não seguindo nem o padrão Comec (bege) nem o da Urbs (laranja, amarelo, etc).

Agora somente a linha Araucária/Contenda é inter-municipal e no padrão Triar.

Todavia até 2016 havia também a linha Tupi/Pinheirinho (visto mais pro alto nas página).

Ou seja Araucária/Curitiba, e ela era na decoração toda colorida da Triar.

Era engraçado ir no Terminal do Pinheirinho – o maior de Curitiba, na Zona Sul da cidade – e ficar observando:

Exceto uma, todas as linhas então tinham o padrão Urbs, eram laranjas no caso das alimentadoras.

As linhas integradas, que saem de terminais (esse é o Araucária/Portão), passaram a ser laranjas – até com o ‘A’ de Alimentador (r).

(Atualmente [escrevo em 2019] as linhas metropolitanas estão com muitos ‘carros’ ainda no padrão Urbs, e vários outros no padrão Comec, mesmo linhas integradas que saem de terminais.

Em breve, no entanto, todos os busos metropolitanos serão beges.

Ultimamente até mesmo os Ligeirinhos são comprados beges.

Os Ligeirinhos, identificados pela letra ‘L’, são cinzas iguais ao municipal de Ctba. (r).

A Comec decidiu eliminar os vestígios da época que o transporte metropolitano xerocava as cores do municipal da capital.)

Repito: até 2016, todas as linhas alimentadoras do Pinheirinho, municipais ou metropolitanas, eram laranjas.

Todas exceto a Tupi/Pinheirinho, que era no padrão Triar.

Ou seja, inverteu a polaridade – geralmente é a capital quem exporta seu padrão de pintura pros subúrbios metropolitanos.

Ligeirinho articulado ainda na padronização anterior. Anteriormente havia a linha direta Curitiba/ Araucária, que ia até a Praça Rui Barbosa no Centro da capital, e as que saíam do Terminal Capão Raso (vista acima); a do Centro foi eliminada, agora as Linhas Diretas pra Araucária têm ponto final no C. Raso; quanto a esse busão visto aqui, depois esse ‘carro’ foi pra Grande Florianópolis – seguindo a série “DE CURITIBA PRO MUNDO“.

A questão é que Araucária teve o poder de reverter esse regra:

Uma linha Curitiba/Araucária não tinha pintura de Curitiba, nem mesmo pintura metropolitana, mas ao contrário ostentava pintura de Araucária.

Enfatizando ainda mais uma vez, até o fim de 2016 o bairro da Caximba em Curitiba e a própria Vila Tupi em Araucária eram servidos por uma linha metropolitana, a Tupi/Pinheirinho.

(Isso bem após a separação dos sistemas municipal e metropolitano, que foi em fevereiro de 2015.)

Enquanto a Tupi existia, a linha municipal de Curitiba chamada Vila Juliana só operava nos horários de pico.

Era assim, entretanto não é mais. Em 2015 a Comec (governo estadual) retomou as linhas metropolitanas, e padronizou todas elas nesse bege-claro, independente da categoria; a frota agora é identificada apenas por números, eliminando o modelo alfa-numérico escolhido pela Urbs: Araucária/ Guadalupe em agosto de 2022 (r); até abril de 22 o ponto final era na Dr. Muricy, esquina com Visc. de Guarapuava..

Pois ela tinha um trajeto parecido, apenas não entrava em Araucária.

Seu ponto final era logo em frente a ponte do Rio Barigüi que é a divisa municipal como já dito e é notório.

Com o fim da linha metropolitana, a linha municipal de Curitiba Vila Juliana passou a circular o dia inteiro.

Os moradores de Araucária precisavam pegar o alimentador municipal até o Terminal Angélica, e dali baldear pro Pinheirinho.

Pra tornar um pouco mais curta essa longa viagem foi criada a linha Angélica/Pinheirinho (Direto), sem paradas na rua, só há embarque e desembarque nos 2 terminais.

Agora até os Ligeirinhos são beges (r). Os ônibus que têm portas elevadas a esquerda são os únicos metropolitanos que têm letras na numeração, no caso justamente o ‘M’ de metropolitano. Na verdade esses busões têm portas dos dois lados, então podem cumprir tanto linhas diretas (que usam os tubos) quanto as paradoras (com embarque a nível do solo). Por isso o letreiro diz “Linha Direta Araucária”, não há mais identificação automática pela cor do veículo.

Em 2019 (mais precisamente em 29/07/2019), a Vila Juliana foi estendida – passando a fazer o trajeto da antiga Tupi/Pinheirinho.

De forma que na prática a linha Tupi/Pinheirinho voltou.

Entretanto agora ela se chama Tupi/Juliana, e é operada – com articulados – pela viação Redentor, na pintura padronizada de Curitiba, unicolor laranja.

Ainda assim, a linha Angélica/Pinheirinho (Direto) permanece operando.

Quem mora na Vila Tupi não a utiliza mais, não é mais necessária.

Porém pros moradores das demais vilas de Araucária que não contam com linha pro Pinheirinho ela é bastante útil.

Centro de Curitiba (r).

No entanto ela, como todas as linhas metropolitanas, tem os busos pintados de bege unicolor padrão Comec.

Resultando que não existem mais linhas pra Curitiba no padrão Triar. Linha intermunicipal, só pra Contenda.

Evidente, as linhas municipais de Araucária continuam sendo pintadas como você vê nas imagens.

Alias a frota vai sendo renovada e continua na mesma decoração.

(Texto de 2019; repetindo o que todos sabem em 2021 a pintura mudou.)

A esquerda: o Centrão da capital, como a legenda informou. Final dos anos 70 (ou na virada pros 80):

São Remo da Araucária na pintura livre, atrás dele um Nimbus TR-3 da Marechal, também antes da padronização municipal de pintura.

E pra fechar com chave de ouro duas fotos da autoria de um colega:

O entardecer do primeiro dia de setembro de 2023 no Terminal Central de Araucária.

“Uma araucária em Araucária” . . . poético, não? Podemos passar a régua.

“Deus proverá”

“Expresso do Ocidente”: Caiuá e imediações (CIC, São Miguel e Augusta, Zona Oeste)

Terminal do Caiuá, Cidade Industrial, Zona Oeste.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 10 de junho de 2019

Desde 2015 (as 1ªs sementes em 2012) a Zona Oeste de Curitiba vem passando por grande onda de invasões.

É uma situação explosiva. Vocês devem ter visto na mídia, em dezembro de 2018 houve um incêndio criminoso numa favela da região.

Os bairros São Miguel (foto) e o vizinho Augusta ainda têm uma parte rural.

Em meio a um confronto com a PM, começou o fogo que destruiu cerca de 300 casas (felizmente sem vítimas fatais).

Localizada exatamente nessa região que vamos abordar hoje:

A parte que fica ‘do outro lado’ do Contorno Sul (BR-376), nos bairros Cidade Industrial, São Miguel e Augusta.

Mesmo sem essas explosões de ‘Fogo & Fúria’, a situação já é insalubre e perigosa por si mesmo:

No entanto grande onda de invasões modifica a paisagem (15). As fotos com o ‘(15)’ são de julho de 2015, logo após o surgimento da vila.

A favela – o complexo de favelas na verdade, pois são várias que se juntaram – fica nas imediações de um aterro sanitário.

Observe a imagem abaixo a direita. As casas no sopé do lixão.

O local recebe cerca de 100 toneladas de resíduos diariamente.

Grande concentração de urubus sobrevoa a vila permanentemente, e o odor é o característico.

Centenas de famílias morando numa área contaminada pelo lixão – abaixo em escala maior (19). As tomadas que tiverem o ‘(19)’ são de maio de 2019, logo após o 4º aniversário das vilas.

Além disso, não há serviços regulares de luz e água, obrigando a população a se virar com ‘gatos‘ – o que gera risco de choques elétricos.

É a mesma situação que se verifica na Caximba, no extremo da Zona Sul da cidade.

As duas maiores favelas de Curitiba hoje ainda não-urbanizadas são justamente os complexos (em Minas Gerais se fala ‘aglomerados’) da Caximba e do São Miguel.

………….…

Já voltamos ao ponto acima. Antes, falemos um pouco do contexto.

Existe uma rodovia urbana que é o Contorno de Curitiba (o que em São Paulo é chamado ‘Rodo-Anel’, e na Cidade do México o ‘Periférico’).

Dividida em Contorno Sul, Contorno Norte e Contorno Leste. A volta ainda não está completa.

Falta um trecho do Contorno Norte no município de Colombo pra circundar totalmente a Grande Curitiba.

Não existe portanto o ‘Contorno Oeste’. De qualquer forma, o Contorno Sul é o trecho urbano da BR-376 (estrada que vai da divisa PR/SC próxima a Joinville-SC até o Mato Grosso do Sul).

Aqui e a esquerda: incêndio criminoso na favela no bairro São Miguel (na reportagem de TV disseram ‘Cidade Industrial’ porque o São Miguel é pouco conhecido, quase uma ‘Cidade Oculta’ na Zona Oeste).

Ou seja a 376 é a famosa ‘Rodovia do Café’, que corta o Paraná de Sudeste a Noroeste, ligando a Capital ao Norte do Estado.

Nosso foco é seu trecho urbano, dentro do município de Curitiba.

Onde a rodovia se chama ‘Contorno Sul, repetindo mais uma vez,

Ele quem corta a Zona Oeste da cidade, que nesse trecho corresponde ao bairro Cidade Industrial.

Há poucas vilas a oeste do Contorno. Boa parte das terras da região ainda não foram urbanizadas, e abrigam chácaras e pequenos sítios.

Foi em dezembro de 2018, perto de 300 casas foram destruídas (essa imagem é baixada da rede, todas as demais de minha autoria)

Entretanto existem, claro, porções industriais e residenciais. Pra servir a região, em 1999 foi inaugurado o Terminal do Caiuá. Esse é o menor e mais novo terminal do município de Curitiba.

(Escrevi esse texto em 19, quando acrescentei: “Por enquanto, já que o Terminal do Tatuquara, na Zona Sul, será inaugurado em 2020″.

Bem, o Tatuquara só passou a operar em maio de 2021. E passou a operar de forma errada, não tem alimentadores próprios nem linhas troncais. Resultando que está bastante sub-utilizado, já que não agregou novas opções de integração.)

Da Zona Sul nos ocupamos em outras oportunidades. Eu falava do Terminal do Caiuá, CIC, Zona Oeste. Ao redor desse terminal há o Conjunto Caiuá, que o nomeia.

Próximas 6: ‘Complexo’ do S. Miguel em 2019.

O Caiuá é uma grande série de prédios sem elevador (‘pombais’). Foram construídos no fim do regime militar, entre o fim da década de 70 e começo da de 80.

Ao norte do Caiuá há outras vilas e conjuntos, como por exemplo Vera Cruz.

Seguindo chegamos ao bairro da Augusta, sobre o qual já fiz matéria específica.

Na divisa entre o CIC e Augusta surgiu em 2003 uma invasão.

A vila a princípio recebeu o nome de ‘Colina Verde’ (não confundir com a região servida pelo ônibus que sai do Terminal do Cabral, na Zona Norte).

Além disso, há ali algumas vilas antigas, simples, mas que nunca foram invasões, e sim loteamentos populares.

Já nesse milênio surgiram nas imediações várias cohabs (tanto de casas quanto de apartamentos) e mais um loteamento popular.

Uma das cohabs é a Moradias Aquarela, e o loteamento particular é as Moradias Passaúna.

Além de um grande fórum de Justiça. Por outro lado, o frigorífico que há décadas funcionava na região deixou de existir.

Por isso a linha de ônibus que atende a divisa entre Augusta e CIC em 2016 mudou de nome:

Próximas 3: grande quantia de urubus sobrevoa permanentemente a vila.

Deixou de ser Fazendinha/Caiuá/Frigorífico pra virar Fazendinha/Caiuá/Fórum.

Seguindo um pouco mais pra frente fica o bairro da Riviera.

O menor de Curitiba em termos de população, no Censo de 2010 a Riviera tinha somente cerca de 250 moradores

Voltando ao bairro da Augusta, lá fica o Parque Passaúna (já na divisa com o subúrbio metropolitano de Campo Largo).

Urubus no céu e ‘gatos’ nos postes.

Onde podemos apreciar o pôr-do-Sol mais bonito de Curitiba.

Por toda região, ao redor do parque e pelo bairro como um todo, como dito, ao lado das partes urbanas há muitos bosques e pequenas propriedades rurais.

………

Voltando ao Caiuá, seguindo agora pro outro lado, pro sul. Ainda no CIC há diversas vilas:

Como Diadema, Marisa e a seguir a região das Vilas Conquista, Sabará e imediações.

Nas placas do aterro sanitário mantras inspiradores como Unidades de Valorização ‘Sustentável’ e ‘Ambiental’ (dir.). Nos céus as aves negras e no solo as precárias casas desmentem esse sonho.

A Conquista e Sabará começou com algumas invasões.

Algumas delas muito antigas, das décadas de 70, 80 e 90.

Há muitas vilas no ‘Complexo’, algumas com nomes curiosos como ‘Morro do Juramento’.

Nos anos 80 e 90 a região era conhecida como ‘Vila Conquista‘.

Inclusive o alimentador que atendia o local se chamava ‘Jardim da Conquista’.

Mais recentemente, adotou-se o nome de Vila Sabará, inclusive pra linha de ônibus.

As casas se espraiam entre os bairros da Cidade Industrial e o vizinho São Miguel.

Essa parte mais antiga foi urbanizada, os moradores em área de risco foram transferidos pra cohabs.

Vamos ver agora algumas cenas da região, mas fora da favela. Aqui o Pq. dos Tropeiros.

Uma grande favela quase as margens da represa do Passaúna, no São Miguel, foi removida.

Surgiram várias cohabs, muitas de casas pra reassentamento de favelas.

Uma das cohabs que foram criadas chama-se Moradias Corbélia.

Que igualmente fica no bairro São Miguel.

E por toda a região do Diadema e Marisa a prefeitura ergueu cohabs de prédios.

Como no bairro da Augusta, no São Miguel e no CIC perto dele ainda há diversas chácaras, ao lado de muitos barracões industriais.

Assim as coisas iam acontecendo do ‘outro lado do Contorno’.

Com uma pequena invasão na divisa entre Augusta e CIC, datada de 2003, como dito.

Ligeirinho no terminal (foto de 2016). Embora o Caiuá seja bem dentro do CIC, até recentemente a linha venha erroneamente como ‘Fazendinha’. Agora corrigiram, se chama ‘Caiuá/Cachoeira‘ (a outra ponta da linha é em Almirante Tamandaré, na região metropolitana).

Todavia no geral até a virada pra década de 10 a região crescia ordenadamente:

Surgiam muitas cohabs, tanto de casas quanto de prédios baixos, como acabo de dizer.

Até que em 2012 veio uma invasão atrás das Moradias Corbélia – chamada ‘Nova Primavera’.

Surgiu em ano eleitoral, como é uma longa tradição em Curitiba.

Mais 3 anos se passaram. Chegamos a 2015 portanto.

Como é domínio público, então se desenrolaram os acontecimentos-chave que moldaram a situação como ela está hoje:

Próximas 3: Moradias Corbélia, cohab que a prefeitura fez no São Miguel. Aqui um comércio com o nome da vila.

UMA “NOVIDADE QUENTE”: A ‘FAVELA DO LIXÃO’ VOLTOU –

No primeiro semestre correu grande onda de invasões, com 3 ocupações-gêmeas em sequência.

Uma delas é a Vila 29 de Março, foi no aniversário da cidade, em 29 de março de 2015, batizada com a data que ocorreu

Outra delas foi menos de um mês depois, no dia 21 de abril, chamada então de Vila Tiradentes.

E a 3ª ocupação não sei a data exata, mas foi próxima das outras 2.

Estive no local em julho de 15, e agora novamente em maio de 19.

Digo, várias outras vezes também, mas nessas duas ocasiões munido de máquina pra fotografar.

E nesses últimos 4 anos (escrevo em 19, lembre-se) elas aumentaram consideravelmente.

Se fundindo entre si e com a de 2012 num único ‘complexo’ de vilas.

Quando a invasão surgiu, as vilas eram esparsas, havia área verde entre elas.

‘CIC Doido’, diz a pichação – ali é São Miguel, repito, mas esse bairro é pouco conhecido.

E as casas e travessas não iam muito além da rua principal, que é a Estrada Velha do Barigüi.

Invasões sub-sequentes uniram todas as vilas, as de 2015, 2012, e outras anteriores, algumas delas não eram invasões.

Além disso, o crescimento natural de cada vila fez com que elas fossem se aprofundando, ganhando ruas paralelas e transversais a principal.

Eis a prova. Placa artesanal feita pelos próprios moradores. Na verdade a via se chama ‘Rua dos Palmenses’, ‘S. José’ entrou por conta. Pro que nos importa, grafaram os dois bairros: ‘S. Miguel’ que é o real, e ‘Cid. Industrial’ que é maior e mais conhecido.

A região não tem qualquer infra-estrutura, as casas estão sendo erguidas onde antes era mata de araucárias.

Não há redes regulares de água e luz, e tampouco serviços suficientes de saúde e educação públicas.

O ponto positivo é que há uma linha de ônibus que serve a favela.

Chamada ‘Mário Jorge’ – antigamente um ramal da linha Vila Marisa, se tornou linha própria há alguns anos.

Mas o ponto mais preocupante é que, como as fotos mostram, a vila se localiza nos arredores de um aterro sanitário. Explico.

Depósito de lixo (esse clandestino, dejetos jogados ali por moradores da região) numa mata entre o Sabará e a Corbélia.

Até 2010 todo o lixo domiciliar da Grande Curitiba era depositado no aterro da Caximba.

Esse é exatamente o bairro da Zona Sul onde nesse mesmo ano de 10 surgiu a invasão nas margens do Rio Barigüi.

No entanto, da favela da Caximba (do complexo de favelas, porque lá também foram várias vilas, novas e antigas, que se uniram formando uma só) já falei outro dia, com muitas fotos.

O ônibus que serve as 2 vilas. Antes ele se chamava somente ‘Sabará’ e tinha ali seu ponto final. Agora se chama ‘Sabará/Moradias Corbélia’ e foi esticado mais alguns pontos.

Então agora só quero relembrar que nesse ano de 10 o aterro da Caximba foi finalmente interditado, tendo esgotado sua capacidade.

A maior parte do lixo agora é levada pra novo aterro no subúrbio metropolitano de Fazenda Rio Grande.

Ali são despejadas 2,3 mil toneladas diárias de lixo de toda região metropolitana.

No entanto, e é aqui que nossa história converge ao São Miguel, outras 100 toneladas diárias passaram a ser depositadas num aterro que fica no município da capital.

Em foto de 2015, o Sabará no seu antigo ponto final, quando nem todos os ‘carros’ seguiam até o Corbélia.

Justamente no São Miguel, próximo a CIC (Cid. Industrial).

Segundo algumas versões que circularam a época, esse aterro receberia também lixo hospitalar, mas não posso confirmar se é um fato. 

O que é fato é a região é insalubre, inadequada pra habitação humana.

Por maiores que sejam os cuidados da empresa que administra o aterro, e não estou colocando em cheque esses procedimentos.

Próximas 15 imagens: São Miguel, Zona Oeste de Curitiba. Um bairro cuja maior parte do território ainda é zona rural.

Mesmo que todos as providências legais sejam tomadas, ainda é um aterro sanitário – ainda é um lixão, falando o português mais tosco.

A enorme quantia de urubus que sobrevoa permanentemente o local e o odor característico não deixam dúvidas disso.

Sendo assim, não precisa ser um engenheiro ambiental pra saber que o entorno não deveria receber habitações.

………

Cavalos pastam, chácaras e bosques são o tom da paisagem (essa tomada e a anterior de 19).

Ilustro essa matéria com duas músicas. Andando pelo ‘Complexo do São Miguel’ em lembrei de ‘Relampiano’, de Zeca Baleiro.

Fala exatamente de como é a vida nas favelas. Diz a sua letra:

“Tá relampiano, cadê neném? Tá vendendo drops no sinal pra alguém”.

Próximas 3 imagens de julho de 2015, quando a ocupação começou.

E no final conclui: “A cidade cresce junto com neném”, ou seja, as favelas vão aumentando em todos os sentidos.

Tanto dentro dos barracos vão nascendo mais crianças como vão surgindo novos barracos.

De mais gente que vem engrossar o cinturão de misérias as bordas da cidade.

E outro dia eu voltava pro Centro com o ônibus Caiuá. No rádio tocou a canção ‘Uns Dias’, do Paralamas do Sucesso.

Ela começa falando do “Expresso do Oriente”. Pois bem. O Caiuá é o “Expresso do Ocidente”.

(Assim como o Ligeirinho Bairro Novo é o “Trem-Bala da Zona Sul” e o Canal Belém é o “Trem-Bala da Zona Leste”.)

Depois Paralamas acrescenta: “Eu nem te contei uma novidade quente”.

Lixeira coletiva.

Bem, no caso do São Miguel as novidades estão mesmo quentes.

Em dezembro de 2018, a polícia militar foi chamada na vila.

Supostamente pra atender uma ocorrência de “agressão doméstica”.

Os PM’s cumpriam seu dever exemplarmente, e adentraram a favela pra averiguar os fatos.

A questão é que era uma armadilha. Eles entraram no meio do beco.

O mesmo local em 2019. Com a vila consolidada, estão começando a subir até sobrados.

No momento que estavam com a visão e locomoção mais prejudicadas uma chuva de balas atingiu os policiais.

Apesar do colete a prova de tiros, um deles recebeu um disparo no pescoço e veio a falecer.

Na mesma noite um incêndio criminoso destruiu 300 casas da ‘comunidade’ (como a esquerda gosta de renomear as favelas).

Ar-condicionado??? Sim, isso mesmo. Trata-se de uma casa simples de madeira. Mas como o morador não paga luz (veja o ‘gato’ no detalhe) o aparelho estava ligado no máximo, mesmo aquela manhã de domingo de outono curitibano não estar tão quente.

Evidente que trata-se de crime gravíssimo o incêndio.

Moradores suspeitam que foi a polícia militar quem ateou fogo as casas, por vingança.

Caso tenha sido mesmo assim mesmo – o que não posso afirmar, evidente – trata-se de um espiral de vinganças.

Pois os criminosos já haviam executado o PM pra vingar a prisão de um membro do grupo ocorrida dias antes.

Evidente que nada justifica essa retaliação de destruir a vila, se essa versão conferir com os fatos.

Nova Primavera, invasão de 2012 ao lado da cohab Corbélia (foto de 2015, hoje está bem maior).

Pois prejudicou com essa ação mais de mil pessoas, sendo 99% delas inocentes da morte do PM.

Ainda assim, como toda história tem dois lados, é evidente que a polícia também já havia sofrido ato de covardia antes.

Afinal, os defensores das ‘comunidades’ reclamam que a PM não entra nas favelas pra proteger os moradores, apenas pra realizar grandes operações de prisões.

Outra placa de rua improvisada.

Pois bem. Nessa noite, a polícia havia entrado na favela não pra realizar uma ‘blitz’ e levar vários ‘robozinhos’ do tráfico presos.

Não. A polícia entrou na favela atendendo um chamado de agressão doméstica.

Nem era um caso de homicídio. Os PM’s foram, honravam sua profissão.

País do futebol: campo, também improvisado, no gramado em frente a uma indústria.

Entraram a pé num local onde ficavam vulneráveis a uma tocaia.

A noite, a favela tem becos estreitos e não há iluminação pública, tudo muito escuro.

Tudo pra proteger supostamente uma esposa que era espancada ou ameaçada pelo marido.

No fim era uma tocaia. Os criminosos do local executaram a sangue-frio o policial.

Sinalização oficial, da prefeitura, com o bairro correto: São Miguel (foto na Corbélia)

Isso não justifica, evidente, queimar centenas de casas. Nem precisaria ressaltar isso.

Pois 99% dos moradores nada tiveram a ver com o crime anterior, digo de novo e é óbvio.

A imensa maioria são trabalhadores honestos, que sobrevivem em duras condições.

A queima de casas prejudicou mais de mil pessoas, e o assassinato foi planejado e cometido por 5, no máximo 10 pessoas.

Pra alugar, parte superior não foi finalizada.

Seja como for, toda a história tem dois lados. Um pai-de-família foi morto cumprindo o dever.

E centenas, mais de um milhar de pessoas ficaram desabrigadas.

Por sorte não houve vítimas fatais, poderia ser bem pior, como não é difícil imaginar.

Já seguimos com o texto. Antes mais imagens do ‘Complexo do São Miguel’, maio de 2019.

Vila Conquista’: uma das vilas mais antigas, antes o ônibus tinha esse nome. Atualmente a região é mais conhecida por ‘Vila Sabará‘.

Voltando. Eu falava acima do incêndio a favela. Isso me fez lembrar da África do Sul.

Nesse país  frequentemente as diferenças são acertadas na base do fogo.

Tanto na época do ‘apartheid’ quanto agora na democracia.

Ou seja, quando possível muitas vezes simplesmente queimam vivos os adversários em qualquer contenda.

O famoso ‘micro-ondas’ (pôr uma pessoa entre pneus e incendiá-la ainda com vida), tão popularizado pelas quadrilhas de traficantes cariocas, foi inventado na África do Sul.

Vilas Conquista/Sabará, 2019.

E até hoje é amplamente usado por lá. Em maio de 2017, eu estava em meio último dia da viagem a esse outro continente.

Andei boa parte da Zona Norte de Joanesburgo a pé, pra decifrar seus contrastes.

Passei pelo bairro que tem o m2 comercial mais caro da África (Sandton).

A seguir me dirigi a uma favela próxima, chama-se Alexandra (eles pronunciam ‘Alec-Zandra’).

Trata-se de uma das ‘partes quentes’ da cidade, epicentro de conflitos violentos.

Pichação no CIC, Zona Oeste (embora o grupo autor, ‘Os Mocados’, seja da Zona Central).

E isso desde a época do regime racista, triste legado que ainda permanece.

Na praça antes da entrada de Alexandra, levei um choque:

Mais de 30 camburões policiais ocupam o local numa verdadeira operação militar. Embaixo do rodado de um deles havia um corpo coberto com jornal.

Aqui e a esquerda: invasão no Contorno Sul, CIC, 2016. Próximo da região que retratamos.

Pensei na hora que se tratasse de um jovem abatido a tiros num confronto.

Mas não. Depois li no jornal, uma viatura atropelou e matou uma menina adolescente, que voltava da escola.

Por isso um contingente policial tão gigantesco. Dezenas ali na praça mesmo.

Fora mais dois camburões fechavam cada uma das saídas da favela.

Uma operação pesada, porém há razões de ser de tantas precauções.

Em 2015, 2 anos antes desses fatos portanto, ali mesmo em Joanesburgo uma viatura atropelou fatalmente 2 jovens, dessa vez do sexo masculino.

A população não teve dúvidas, e fez justiça com as próprias mãos.

Próximas 7: o vizinho bairro da Augusta (em fotos de 2016), sobre quem já fiz matéria própria. Aqui a escola.

Cercou os policiais e ateou fogo neles, ainda vivos. Sem piedade.

Daí tamanha preocupação no dia que presenciei em 17, pro feito não se repetir.

Infelizmente, esse tipo de procedimento ainda é comum naquela nação de conturbada história.

E aqui voltamos ao Brasil, ao bairro São Miguel na Zona Oeste de Curitiba.

Novo Fórum na divisa com o CIC.

Na África em 2015 policiais foram queimados vivos numa retaliação.

Na nossa Pátria Amada, é o inverso, a suspeita foi de que policiais incendiaram uma favela em ato de vingança.

Seja como for, dos dois lados do Oceano o que é certo é que usa-se o fogo pra sanar as contendas.

Ainda há sítios e pequenas fazendas.

O avanço a civilização é lento. O retrocesso a barbárie é rápido”.

Alguém já disse essa frase, e constatamos que infelizmente é verdade.

………

Não para por aí o retrocesso. Nos anos 80 e 90 havia na Cidade Industrial de Curitiba uma ocupação chamada ‘Favela do Lixão’.

Ocupação na divisa entre Augusta e CIC, logo depois de uma cohab de prédios (dir.).

Se localizava bem ali perto, as margens do Contorno Sul.

Não é difícil entender o porque. Algumas décadas atrás existia um outro aterro sanitário na Cidade Industrial (não confundir com esse de agora).

Ficava, repito, as margens do Contorno Sul. E (provavelmente) no começo da década de 80 a área ao redor dele foi invadida.

Formando dessa maneira a primeira ‘Favela do Lixão‘ da cidade.

Acontece que o tempo passou, o aterro sanitário foi desativado e removido do Contorno. 

A vila ao redor foi urbanizada, e a ‘Favela do Lixão’ deixou de existir.

No entanto, o tempo continuou seguindo sua marcha implacável.

Vila antiga, em frente aonde era o Frigorífico.

Em 2010 novo aterro sanitário começa a operar perto do CIC.

E a partir de 2012 e muito mais a partir de 2015 grandes invasões ocupam o entorno.

Resultado: a “Favela do Lixão” voltou a Zona Oeste de Curitiba.

………

Parque Passaúna, melhor Pôr-do-Sol de Ctba. .

Estive no Paraguai, em 2013, viagem que apreciei muito.

Uma das coisa que mais me impressionou fui subir no Monte Lambaré.

Esse pequeno morro que é um parque fica na Zona Sul de Assunção.

Já quase na fronteira com a Argentina (que é do outro lado do Rio Paraguai).

De agora até o fim são imagens de 2015. Aqui Moradias Corbélia, São Miguel.

Tive impressões positivas e negativas. Trata-se de uma belo e agradável bosque.

De cima de seu cume constatei como Assunção é uma cidade arborizada.

Muito mesmo. Tanto quanto o são Curitiba e João Pessoa-PB.

Ou seja, todas são extremamente verdes. Nessas 3 metrópoles já presenciei algo incrível:

Contorno Sul. A partir dessa as fotos são no CIC.

Em alguns bairros você subir em pontos mais altos e enxergar praticamente só árvores, não ver casas.

Só que houveram visões tristes também. Observei bem o aterro sanitário de Cateúras, vi – e fotografei – uma favela que se ergue dentro dele.

Então amigos. Essa vizinha nação é o segundo país mais pobre da América do Sul.

Muitas indústrias na Rua Mário Jorge (a direita o ônibus que ela nomeia).

Pois até hoje não se recuperou da destruição do que nós brasileiros chamamos ‘Guerra do Paraguai’ – eles dizem ‘A Grande Guerra‘.

Assim, no Paraguai uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a essa situação:

As casas em meio aos dejetos, as margens de um riacho, com solo, água e ar contaminados.

A ‘Favela do Lixão’ de Assunção, não há como chamar de outra forma.

4 anos depois visitei a África, o continente mais pobre da Terra.

A África do Sul é uma das nações mais desenvolvidas africanas certamente.

Entretanto, ainda é parte e parcela da África, com tudo que isso acarreta.

E no ‘Continente Negro’, algo me impressionou profundamente de forma negativa:

Cidade da Laje‘ no Sabará e um Fuca.

A altíssima frequência com que algumas pessoas resolvem eliminar seus inimigos pelas chamas, queimando-os.

Triste constatar que, em pleno século 21, o Brasil de certa maneira também esteja vibrando nessa frequência.

Uma “novidade quente”: a “Favela do Lixão” voltou a Curitiba.

Bem quente. O negócio está pegando fogo!

Outra do Terminal (e conjunto) Caiuá.

Não é maneira de falar, infelizmente.

Que Deus Pai Ilumine muito a todos no planeta Terra.

Vamos precisar.

“Deus proverá”

Chegou o Ligeirão Norte/Sul – depois de 12 anos….Ufa!

Em março de 2018 começou o Ligeirão Norte – oficialmente a linha se chamava 200-Ligeirão Santa Cândida/Praça do Japão. Óbvio, o ponto final é o Terminal Stª. Cândida na Zona Norte (*).

INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro.

Publicado em 29 de março de 2018, 325 anos da fundação de Curitiba.

Atualizado em janeiro de 2014, quando o Ligeirão Norte enfim se tornou o Ligeirão Norte/Sul.

Maioria das tomadas baixadas da internet – créditos mantidos sempre que impressos nas mesmas. As que forem de minha autoria identifico com um asterisco ‘(*)’

Em 2018 enfim começou a rodar a linha do Ligeirão Norte – esse o apelido, o nome oficial era 200-Ligeirão Santa Cândida/Praça do Japão.

O tubo da Bento Viana, na Av. Sete de Setembro, era o ponto final na Zona Centralassim foi por 6 anos, de 2018 a 2024 (*).

A inauguração foi na véspera do aniversário de Curitiba (fundada em 29 de março de 1693 pela história oficial, que só conta desde a chegada dos europeus).

Em 2024 houve uma grande ampliação, o novo ponto final passou a ser o Terminal Pinheirinho. Com a isso a linha mudou de nome pra 250-Ligeirão Norte/Sul.

A matéria original é de 2018, quando funcionava apenas o Ligeirão Norte.

Vou dar umas pinceladas no decorrer do texto pra atualizá-lo a nova realidade. Isto posto, vamos lá. Como o nome indica:

Com a ampliação de janeiro de 2024 a linha passou a servir também a Zona Sul. Por isso foi renomeada 250-Ligeirão Norte/Sul; o novo ponto final é o Term. Pinheirinho – destaquei a comunicação visual na plataforma, pras pessoas se acostumarem com a novidade.

O Expresso 200-Ligeirão Stª. Cândida/Pç. Japão ia do Terminal S. Cândida, na Zona Norte, até a divisa da Água Verde e Batel, na Zona Central.

Passando e parando pelos Terminais Boa Vista e Cabral.

Bem como as estações-tubo Passeio Público, Central, Eufrásio Correia (onde há o “shopping” Estação) e Praça Osvaldo Cruz. 

Nos demais tubos o Ligeirão passa direto, sem encostar.

No tubo Bento Viana era o ponto final. Os passageiros desciam, o bi-articulado contornava (vazio) a Pça. do Japão.

Aqui e a seguir o Terminal Santa Cândida (*): o Ligeirão Norte/Sul já está operando, ainda não haviam retirado a placa da linha antiga (falo melhor disso na próxima foto).

A seguir encostava no tubo do outro lado da rua pro embarque de quem seguiria pro sentido oposto.

Em 2024 o projeto foi finalmente concluído. A linha 200 até a Praça do Japão foi desativada.

Em seu lugar surgiu, repito, o Expresso 250-Ligeirão Norte/Sul.

Do Term. S. Cândida até a estação Bento Viana o trajeto e pontos de parada permanecem os mesmos. Apenas ali não mais é compulsório o desembarque.

Comunicação visual no S. Cândida sobre a nova linha (*): os mesmos adesivos no solo; placa de metal ainda mostra a plataforma do bi-articulado 200-Pç. Japão, já desativado – o painel eletrônico, esse sim, está atualizado com a inscrição “250-Ligeirão Norte-Sul’.

Já que o busão segue viagem pelo eixo Sul, parando apenas nos Terminais Portão, Capão Raso e Pinheirinho.

Quando surgiu o Ligeirão S. Cândida/Pç. Japão foi divulgado que esse trecho que leva 40 minutos na linha paradora passa a ser feito em pouco mais da metade disso, perto de 25 minutos.

Com a extensão por todo o eixo Sul a economia de tempo será ainda maior.

Utilizei o trajeto completo da nova linha 250 no 3º dia útil de operações, ainda em janeiro de 2024.

O bi-articulado gastou mais ou menos 45 minutos de Santa Cândida até o Pinheirinho. Antes do novo Ligeirão era preciso 1 hora e meia.

Agora os cartazes nos tubos com o itinerário. Andei no novo Ligeirão no seu 1º dia de operações, 18/01/24, pra vir do Juvevê (onde eu morei por 3 anos) até o Term. Pinheirinho (agora vivo no Tatuquara) – mas infelizmente minha câmera estragou e não pude registrar. Retornei na semana seguinte, no 3º dia útil da linha, aí sim fiz o trajeto completo: do Santa Cândida a Estação Central foram somente 16 minutos, e dali ao Pinheirinho mais 31, totalizando 47 de ponta a ponta (*).

Pois além do 203-Santa Cândida/Capão Raso ser paradora, encostar em todos os tubos, como o nome indica finaliza no C. Raso. Quem segue até o Pinheirinho precisava descer e esperar outro ônibus.

Portanto aqueles usuários que atravessam toda a cidade estão economizando 1 hora e meia na ida e volta.

São bem poucas pessoas, verdade, que vão diariamente de um extremo a outro de Curitiba.

Então vamos falar do público, esse sim bastante numeroso, que foi mais beneficiado com a chegada do novo Ligeirão:

Os moradores da Zona Sul (‘Z/S’) que trabalham na Zona Central ou começo da Zona Norte.

Não é segredo, quem é curitibano sabe que a Z/S é a mais populosa e popular da cidade, portanto onde mais gente usa transporte coletivo.

A linha de Expresso paradora 603-Pinheirinho demora perto de uma hora pra ir desse terminal ao Centro. O novo Ligeirão faz o mesmo percurso em pouco mais de meia-hora.

Voltam as fotos feitas em 2018: também usei a nova linha no 1° dia de operação (*), e nesse caso deu certo fotografar. Coloquei a tabela só pra mostrar a comunicação visual – os horários estão desatualizados, evidente.

Portanto quase uma hora a menos dentro do busão por dia, somando os dois sentidos da migração pendular laboral. Um grande avanço.

O “Ligeirinho” 700-Pinheirinho/Cabral (e seu reforço, o X35-Pinheirinho/Prefeitura) não ajudam muito, porque precisavam ir pela Via “Rápida”- que de ‘rápída’ no horário de pico não tem nada, são muitos congestionamentos.

Resultando que o “Ligeirinho” leva cerca de uma hora a até o Centro, mesmo tempo do 603 que vai pela ‘canaleta’ (termo curitibano pra ‘corredor exclusivo de ônibus’).

Agora que as estações-tubo das Avenidas República Argentina e Winston Churchill foram desalinhadas, o Ligeirinho poderá utilizar a canaleta ao lado dos Expressos, afinal se tornando mais ligeiro de fato.

Próximas 2: a “Rua da Discórdia” na Praça do Japão, por onde o ônibus a contorna. Alguns moradores do Batel – bairro de renda mais alta da cidade, pra quem não é de Ctba. – tentaram impedir a obra, o que inviabilizaria o Ligeirão (*). Quem mora no Batel não usa transporte coletivo, óbvio. Ainda assim, o Ligeirão não prejudicou em nada a praça: os busos nem mesmo param nela. Bem, em toda parte acontece o mesmo, em São Paulo a alta burguesia tentou impedir o metrô em Higienópolis, também na Zona Central.

Estendendo a economia pra Zona Sul, que a Zona Norte já usufruía desde 2018. Escrevi na ocasião da inauguração do Ligeirão 200-S. Cândida /Pç. Japão:

Poupando 15 minutos na ida e o mesmo tempo na volta, permitindo ao trabalhador ganhar mais meia-hora pra ficar em casa com a família.

Sem pagar um centavo a mais por isso. Muito bom mesmo! E já não era sem tempo desse dia chegar.

Depois de 5 anos de atraso a linha foi enfim entregue, as obras começaram em 2012!

A previsão de inauguração era 2013. Já com um ano de atraso, ficou pronto em 2014, e a seguir 4 anos parado.

Sim, exatamente. Gastaram R$ 16 milhões (apenas no trecho Norte), que por muito tempo não tinham servido pra nada. Finalmente foi posto pra funcionar. Antes tarde que nunca, né?

Aqui vemos exatamente o bichão ladeando a praça pra retornar pra Z/N (*). Nos detalhes o letreiro e a inscrição ‘Ligeirão’ na lataria (que posteriormente acabou eliminada).

Por isso o título original dessa reportagem era “Chegou o Ligeirão Norte – Depois de 5 anos…. Ufa!” (esse ainda é o endereço eletrônico que hospeda a postagem).

Demorou mas quando saiu tornou possível ir do Norte de Curitiba a sua parte que concentra os empregos no setor de serviços muito mais rapidamente que antes.

Agora que a linha acaba de ser ampliada pros terminais da Zona Sul (o eixo Portão, Capão Raso e Pinheirinho) a economia será ainda maior.

Pois bem. 12 anos depois do início das obras chegou a hora do Ligeirão Norte/Sul estar na pista ….Ufa! Não era sem tempo!!!

……..

Já damos mais detalhes de como funciona, ainda no primeiro dia de operação fui conferir, e fotografei tudo. Antes vamos pôr no contexto. Começo pelo mais importante:

Ligeirão não prejudicou em nada a praça (*).

Não estou fazendo campanha pelos políticos que concluíram essas obras (já falo melhor disso), vou apenas citar os fatos.

Curitiba está vivendo uma boa era pro transporte, após muito tempo de abandono.

De uns tempos pra cá, essa é a segunda grande notícia.

Pois no meio de 2016 o Terminal Roça Grande, em Colombo, enfim foi reformulado e passou a operar como um terminal de verdade. Ele fica já na região metropolitana mas a poucas centenas de metros do S. Cândida na capital.

Depois de 5 anos de atraso, deu pressa pra inaugurar (*). Algumas obras de adaptação ainda eram feitas, aqui vemos onde os ‘sanfonados’ saem da canaleta na 7 de Setembro pra ao fazer o balão na Pça. do Japão voltarem por ela no sentido oposto.

O Roça Grande ficou pronto e fechado por 3 anos, de 2006 a 2009.

Aí foi inaugurado entretanto de maneira errada:

Simplesmente as linhas que já passavam em frente ao terminal passaram a entrar nele, mas o trajeto não foi alterado.

Assim não se criaram opções de integração onde contava, das vilas de Colombo pra Área Central da capital.

Portanto, de 2009 a 2016 o Roça Grande não era um terminal de verdade, com linhas troncais e alimentadoras.

Reportagem de T.V. no tubo da B. Viana (*).

Era, como podemos dizer?, um ‘ponto normal’ de luxo.

Se  não agregava opções de integração não era usado.

Pois quem iria descer de um ônibus pra pegar outro que dali pro Centro tem o mesmo trajeto? 

Em 16, isso mudou. Várias linhas foram seccionadas ali e viraram alimentadoras.

O troncal pro Centro passou a ser feito por articulados.

Do lado de fora do tubo, os colegas busólogos/repórteres por conta própria também cobriam o evento (*).

Logo no início de 2017 a coisa ficou ainda melhor.

Aí a até a linha pro Centro de Colombo foi seccionada no Roça, então ele passou a ter bastante demanda.

Nosso tema de hoje é Santa Cândida, evidentemente.

Faço essa recapitulação do Roça Grande porque ambos são muito próximos.

O novo Ligeirão nem sequer para na praça mas nem sempre foi assim. Antes dos tubos, quando era embarque no nível do solo (até 1995), havia um ponto bem na Praça do Japão – alias esse Volvo Ciferal Alvorada da Frota Pública ia pra Terminal do CIC, que hoje não é mais servido por Expressos. Portanto segue o baile, agora nem sequer há mais ponto na praça, enquanto que de primeiro havia.

E agora estão corretamente interligados, como  deveria ter sido desde o início.

Com enfim o Roça Grande funcionando como deveria passaram a formar um eixo.

Ou melhor, o Roça se integrou ao eixo que já contava com os Terminais do Cabral, Boa Vista e Santa Cândida.

Já fiz matéria específica sobre o Roça Grande com muitas fotos, confira.

Aqui, voltando a contar a história pelo alto, no meio de 2017 ficou ainda mais completo:

Foi inaugurado o alimentador Santa Cândida/Roça Grande.

Enfim integrando essa parte de Colombo (incluindo seu Centro, a ‘Sede’ no jargão) a rede da Grande Curitiba.

Aqui e na próxima: Term. do Cabral. Ressaltei os detalhes em escala maior (*).

E no fim desse mesmo ano de 2017 a linha passou a ser feita com articulados, novamente eu estive ali e documentei.

Portanto essa região da cidade foi olhada com carinho.

Os três maiores melhoramentos da rede em muito tempo foram ali. Como já dito:

Adequação do Roça Grande prum terminal de verdade.

Com linha troncal com articulados e as outras ex-convencionais viram alimentadoras – foi preciso esperar 10 anos;

O novos Ligeirões receberam uma numeração própria, o BE717 (da Glória) é o n° 9 (*). Em Curitiba isso é novo. Outras cidades fazem isso há tempos, em São Paulo sempre que chegam novas composições pra CPTM (trem de subúrbio) elas também são numeradas com destaque.

Integração do Roça com a rede municipal e metropolitana da capital.

Aqui foram nada menos que 11 anos de luta até virar realidade;

– Agora no municipal de Curitiba chegou o Ligeirão Norte.

Depois de 5 anos de espera. Pior, sendo 4 com a obra pronta inutilizada!

Foi criada a linha integrando o município de Quatro Barras (na Zona Leste da Gde. Curitiba, divisa com Zona Norte) ao mesmo Terminal Santa Cândida.

No Terminal Santa Cândida (*). Repare até a grande sinalização no solo, “até míope lê” (como dizia um propaganda ‘daquele tempo’), não tem como confundir mesmo.

Nesse caso então foram décadas de uma longa espera.

Nunca havia existido essa possibilidade dos quatro-barrrenses usarem a rede da capital sem pagar de novo.

Da mesma forma já reportei essa inovação com fotos;

Voltou a linha de Ligeirinho Colombo/CIC, que havia sido desmantelada em 2015.

Maio de 2021: Terminal Tatuquara no seu 1º dia útil operando (*). Está vazio porque não agregou novas opções de integração. Está chegando um articulado da linha Santa Rita/Pinheirinho. Desde que fora inaugurada a Rua da Cidadania do Tatuquara, o ponto final já era nessa praça. Apenas esticaram uns metros pra entrar dentro do terminal. O outro ponto final continua sendo o Term. Pinheirinho. Portanto o Term. Tatuquara não tem nenhuma linha alimentadora exclusiva dele. Não há novas opções de integração, repito. Por isso não é útil as pessoas.

E há ainda mais por vir (o texto é de 2018, e refletia a realidade da ocasião. Vou atualizando conforme novos desdobramentos vão ocorrendo):

Retomaram-se as obras da Linha Verde Norte/Leste.

(No jargão oficial apenas ‘Norte’. Digo Norte/Leste porque ela divide as duas regiões, Bairro Alto já é Zona Leste.)

O trecho Sul da Linha Verde foi inaugurado no já distante ano de 2009.

Portanto quando escrevo  (2018) são 9 anos de espera pela conclusão.

As obras ficaram paradas ou andaram a passos de cágado pelas últimas duas gestões, que pouco ou nada olharam pelo transporte coletivo.

Julho de 2021: inaugurado o Expresso na Linha Verde Norte/Leste (*). Registrei igualmente no primeiro dia útil rodando. Aqui e na próxima imagem a Estação-tubo PUC (como detalhe curioso, a partir de 2018/19 Ctba. voltou a comprar Caio em grande quantia, pra várias viações. E a Caio voltou a pôr uma janelinha oval sobre a porta, que caracterizava os busões que ela fabricava quase 50 anos antes. Tudo vai e volta).

Atualizando: a Linha Verde Norte/Leste foi inaugurada em julho de 2021, por enquanto incompleta.

Só 3 estações-tubo do trecho novo foram entregues:

PUC, Vila Olímpica e Fagundes Varela. Ainda faltam 5.

Por conta disso, entre as estações PUC e V. Olímpica o busão percorre 5 km sem paradas.

Dessa forma não sendo útil aos moradores dos bairros da Zona Leste (Cristo Rei e Jardim Botânico) que ele corta .

Convencional Canal Belém integrando gratuitamente com Expresso, Inter-Bairros e outros Convencionais na nova Linha Verde (*). Desde 2018 os Convencionais também são laranjas, como os Alimentadores. Medida pra economizar custos. A numeração dos busos de Ctba., desde 1992, é alfa-numérica. Esse é o EI008. A 1ª letra indica a viação. ‘E’ no caso é a antiga Carmo, agora ‘São José (dos Pinhais) Urbana’. ‘I’ significa ‘Inter-Cambiável’, busos laranjas que operam tanto de Convencionais como Alimentadores, ‘Inter-Cambiam’ entre ambos. Anteriormente esse veículo teria que ter cor amarela e número EC008, ‘C’ de ‘Convencional’ evidente.

Olhando pelo lado positivo agora: as estações PUC e F. Varela são mini-terminais.

Agregaram novas opções de integração com diversas linhas de Convencionais, Alimentadores e Inter-Bairros.

Além disso, agora temos certeza que em breve a Linha Verde será concluída. Quando isso ocorrer atualizo novamente a matéria.

E será feito o Terminal do Tatuquara, na Zona Sul, outro melhoramento que a cidade espera a duas décadas.

A região (além do Tatuquara os vizinhos Campo de Santana e Caximba) entrou num crescimento populacional explosivo desde os anos 90, que ainda continua.

Resultando que já comporta e demanda há muito um terminal. Os prefeitos anteriores sempre prometeram, mas nunca fizeram.

Próximas 3: Ligeirões azuis. Os novos Ligeirões da linha Santa Cândida/Pça. do Japão não são azuis, são vermelhos. Insiro aqui os “Azulões” (que fazem as Linhas Boqueirão e Pinheirinho/Carlos Gomes, ambas na Zona Sul) exatamente pra marcar o contraste. Essa imagem e a seguinte no Terminal do Boqueirão (*).

Em maio de 2021 foi inaugurado o Terminal do Tatuquara.

Entretanto de forma errada. Inversamente aos tubos da Linha Verde ele não agregou novas opções de integração.

Ao contrário do que a prefeitura prometeu inúmeras vezes, as linhas pro Campo de Santana e Caximba (além da metropolitana pra Vila Tupi em Araucária) não foram seccionadas ali.

O Term. Tatuquara não tem linhas troncais nem alimentadores próprios.

Todos os Alimentadores que param ali continuam tendo seu outro ponto final nos Terminais Pinheirinho e CIC.

29 de março de 2011 (*). Começam os ‘Azulões’ em Curitiba. Esse no Terminal Boqueirão ainda sem placas, como notam. Como no caso do Ligeirão Norte, fui a campo já no primeiro dia de operação registrar a novidade, e foram várias: 1°, esse modelo da Neobus chegou como ‘maior ônibus do mundo‘. 2°, Curitiba nunca havia tido busos celestes no sistema municipal, e quando esses chegaram já a quase uma década não tinham mais o metropolitano tampouco. Anteriormente os melhoramentos pra cidade eram entregues no aniversário da cidade, 29/03. Em 2018 optou-se pela véspera, dia 28/03. Não entendi o porquê.

Ou seja: as linhas que já passavam próximo do local afora entram no terminal.

Da forma como está, o “Terminal” Tatuquara não é de fato um terminal, mas um ‘ponto de parada normal mais empolado’.

Uma hora a prefeitura vai corrigir o erro e transformar o Tatuquara num terminal de verdade, como já ocorreu no Roça Grande

(No caso do R. Grande de responsabilidade do governo do estado, pois é terminal metropolitano.)

Quando agregarem novas opções de integração, igualmente eu atualizo a matéria. Espero que seja breve.

…….

Agora deixa eu concluir meu aviso que comecei lá em cima.

Alguns numa análise mais superficial poderiam achar que estou fazendo propaganda dos mandatários que tornaram isso realidade

Eu não estou, tanto que nem citarei no texto o nome deles. Eu voto nulo, desde 2010.

Marcopolo Azulão“, já viu isso? Todos os Ligeirões azuis são Neobus, e chegaram zero km de fábrica já configurados nessa cor – exceto esse da Cid. Sorriso e outro da Redentor do mesmo modelo. Como pode ver, repintaram de celeste antigos Marcopolos que eram vermelhos, já tinham uns anos de uso. Casos únicos, repito. Mais raro que “Marcopolo Azulão”, só se houver um “Caio Marcopolo”, não é mesmo?

Não votei no prefeito que inaugurou o Ligeirão, uma vez que anulei em 2016.

Tampouco votei nele em sua campanha de re-eleição, até porque eu estava no Recife-PE no dia do pleito.

Eu não voto em ninguém, não tenho qualquer partido.

Apenas acompanho a evolução do transporte coletivo na cidade.

Quem melhora o sistema de ônibus (e nas cidades que existem, também metrô, trem e VLT) eu reconheço.

Agora, quando os gestores não investem nesse setor tão vital ao conforto e bem-estar da população é preciso que seja dito.

1º dia de operação: plaquinha azul, sem nada escrito, pra indicar que era ‘Ligeirão’ (*).

As gestões que governaram Curitiba de 2010 a 2016 tiveram sim seus pontos positivos.

Ainda assim os ônibus curitibanos não foram olhados com a atenção merecida nesse período.

O que eu posso fazer? São fatos, não há como brigar contra eles.

Repito, não estou fazendo propaganda pro atual prefeito e governador.

Agora: plaquinhas azuis na frente e perto das portas, escrito textualmente ‘Ligeirão’ (*).

Não votei neles, não votarei (pra esses ou outros cargos), não cito sequer seus nomes.

A questão é que desde 2016 as esferas municipal e estadual promoveram essas ampliações que citei acima, e outras estão em andamento.

Quando melhora a rede de transporte eu divulgo, até por isso essa página se define como “Obsertvatório Urbano e do Transporte Coletivo”.

Joinville, terra da finada Busscar. Antigamente as ‘Linhas Diretas’ (os ligeirinhos deles, que só param em terminais e poucos pontos nas ruas – mas não há tubos, o embarque é por porta normal e o motorista cobra a passagem se não for direto terminal-a-terminal) eram azuis. Mas aí padronizaram toda frota em amarelo (lá como aqui, como economia de custos). No princípio, pro pessoal entender a transição, os busos que puxavam ‘Linhas Diretas’ vinha com um adesivo em azul. Agora foi eliminado, tem que olhar o letreiro mesmo.

Nem tudo são flores, faço importante ressalva.

O atual prefeito (no momento da publicação, ficou no cargo entre 2017 e 2024) prometeu voltar todas as linhas de Ligeirinho metropolitanas que foram cortadas em 2015.

Até agora, no entanto só voltou a Colombo/CIC.

A Barreirinha/São José e Fazendinha/Tamandaré ainda estão aguardando.

Ele também prometeu a integração no cartão, e até agora nada.

Atualização de outubro de 2019: a linha Fazendinha/Tamandaré também foi retomada, agora com o nome correto de Caiuá/Cachoeira.

Na Colômbia os alimentadores do sistema Trans-Milênio foram no início padronizados em verde. Depois mudou pro azul. Portanto aqui foi na mão contrária, os busos passaram a ser celestes, e não deixaram de sê-lo como no Sul do Brasil. Mas a técnica pros usuários se adaptarem aos novos tempos foi a mesma, adesivaram o bichão com o nome e a cor antigos de sua categoria.

A plataforma do Terminal S. Cândida, que falo abaixo, foi entregue.

Ainda estamos aguardando a integração no cartão e a volta da linha Barreirinha/São José.

Agora segue o texto original, onde relato o que constatei ‘in loco’ em março de 2018:

Além disso, houve pressa de inaugurar o Ligeirão Norte.

Ele foi implantado no Terminal Santa Cândida sem que o terminal fosse adaptado corretamente.

Tubo Bento Viana, ponto final do Ligeirão Norte, quase na Pça. do Japão (*). A esqerda na imagem o Batel, a direita Água Verde.

Quem passa no Santa sabe, há uma plataforma inteira ociosa.

Inicialmente pretendiam colocar ali os pontos dos ligeirões.

Ou esse que ficou pronto agora ou o da Linha Verde que ainda está por chegar.

Só que não foi feito. Empurraram o Ligeirão Norte pras mesmas estações do parador Santa Cândida/Capão Raso.

Antes: Começo da Av. República Argentina, logo após a Praça do Japão (curva na pista), fim dos anos 70 ou virada pros 80 – os 1ºs tempos do sistema Expresso.

Enquanto isso, onde deveriam parar os ligeirões está servindo apenas de um banco gigante pras pessoas sentarem.

Uma plataforma inteira ociosa, não custa nada repetir.

Onde os bi-articulados passam direto mas não param.

Enquanto isso os alimentadores se espremem na outra plataforma.

Especialmente depois que criaram novas linhas pra Colombo.

Depois: mesmo local no novo milênio – vieram os tubos, aumentou a renda, cresceram os busos em comprimento, prédios em altura.

E as ligações pros terminais Roça Grande e Maracanã, no vizinho município, agora são operadas por articulados no pico.

Um aperto totalmente desnecessário, já que a plataforma vizinha está vazia.

Assim, ressalto ainda mais um vez, não tapo sol com peneira.

Nem estou fazendo propaganda do prefeito, governador e seus grupos políticos.

Onde há problemas, aponto. Mas fatos são fatos.

HISTÓRIA DOS EXPRESSOS EM CURITIBA – Numa atualização de 2019, mostro em fotografias o desenvolvimento do modal na cidade, dos primórdios até hoje. Começo por essa cena histórica: anos 60, Avenida João Gualberto no Juvevê sem canaleta, em frente ao Hospital São Lucas – cujo prédio não mudou nada nesses mais de 50 anos.

O transporte de Curitiba, municipal e metropolitano, deu uma renascida após duas décadas de abandono, e isso tem que ser mostrado.

O FIM DOS “AZULÕES”: OS BUSOS CELESTES DURARAM POUCO NO SISTEMA MUNICIPAL DE CURITIBA.

Tudo isso bem esclarecido, voltamos então a falar do Ligeirão Norte. Primeiro, ele é vermelho.

E não mais azul como os Ligeirões da Zona Sul.

Me refiro claro aos Ligeirões 500-Boqueirão e 550-Pinheirinho/Carlos Gomes (ambos compartilham a Av. Marechal Floriano enquanto percorrem a Zona Central).

Foto entre 1974 e 1976: futuro Eixo Norte do Expresso em obras, estão implantando a canaleta exclusiva pra ônibus, e pistas laterais dos carros. A canaleta já é usada pelos busões, mas por enquanto pelos convencionais, subindo a ladeira um FNM/ Nimbus da Glória, ainda na pintura livre.

Azul é a cor de ônibus mais comum ao redor de nosso planeta.

Sei disso porque sou busólogo, estudo o tema a fundo em todos os continentes.

No entanto aqui em Curitiba o azul ‘nunca pegava‘.

Me refiro nesse caso somente ao sistema municipal.

Curitiba por muito tempo teve ônibus azuis metropolitanos.

Tanto antes quanto depois da padronização dos anos 90.

Pça. Generoso Marques, set.74: inauguram o sistema Expresso.

No entanto a partir do começo pro meio da primeira década do novo milênio não haviam mais metropolitanos azuis.

Aí, até 2011 não haviam mesmo coletivos celestes na capital do Paraná, nenhum modal.

(Falando óbvio só a linhas regulares, sem incluir escolar, fretamento e outros.)

Municipal nunca havia tido, e metropolitano antes sim mas não mais.

Até que em 2011 vieram os bi-articulados azuis, Neobus.

Além disso, dois Marcopolo já com alguns anos de uso foram repintados no mesmo tom, caso único (busque pela legenda, há foto dele na matéria).

Então nessa década de 10 Curitiba teve e tem ‘Azulões’.

E ainda os terá por alguns anos, os bi-articulados Neobus azuis ainda circularão até perto do meio da década de 20. 

A questão é que quando saírem de circulação uma era terá chegado ao fim.

Algumas coisas vem, outras vão… Paciência, é a vida, né?

Os 1ºs Expressos eram Marcopolo (do modelo que por isso se chamou ‘Veneza Expresso’), e não tinham o ‘Cidade de Curitiba’ escrito. No lugar havia o logotipo do ‘Sistema Trinário‘: 3 linhas, a do meio reta, das pontas com uma flecha pra cada lado, representava a canaleta exclusiva do ônibus e as pistas dos carros nas duas laterais. O veículo tinha uma pequena ‘saia’ (faixa inferior) negra, e vinha grafado ‘Norte’ ou ‘Sul’, conforme o caso – ainda não haviam os eixos Leste, Oeste e do Boqueirão. Não estava escrito o nome da empresa, e no começo nem o nº do ‘carro‘.

(Alias se serve de consolo Joinville está passando por uma transição mais aguda.

A maior cidade do interior catarinense está perdendo um símbolo maior de sua identidade no que toca aos ônibus…)

Os expressos de Curitiba sempre foram vermelhos, começaram assim nos anos 70.

Porém uma década depois, no fim dos nos 80, a ‘Frota Pública’ da Urbs veio na cor laranja.

No começo dos anos 90, tentaram mudar todos os expressos pra laranja.

Vários ‘carros’ (pitocos e sanfonados igualmente) foram re-paginados nesse tom mais claro.

Logo voltaram a serem vermelhos. Laranja ficou só pro Alimentadores.

A transição foi gradual. A primeira leva de ônibus unicolores em vermelho chegou em 74. Mas pelo menos até 76 ‘carros’ convencionais – em pintura livre – também puxavam linhas de ‘Expresso‘; Pra indicar essa ‘Tabela Trocada’ (quando um busão faz uma linha diferente da que foi programado, repetindo) colocavam uma plaquinha vermelha com logotipo do Expresso, a “Flecha Trinária”, e o eixo, no caso ‘Norte‘.

(Pra quem não lembra, até o fim dos anos 80 os Alimentadores eram amarelos como os Convencionais.)

Na mesma época, em 1992, foi inaugurado o bi-articulado pro Boqueirão, na Zona Sul, com embarque em nível pelos tubos.

Esses ‘carros’ (Ciferal e Marcopolo) eram cinzas, como os ligeirinhos que haviam começado um ano antes.

Não teve jeito, amigos. Novamente a mudança não pegou.

Vermelho mesmo é a cor-arquétipo do Expresso curitibano.

Confira nas fotos nas laterais a História do Sistema Expresso em Curitiba. 

Em 1976 chegam novas levas de Expressos (o que está saindo é outro Marcopolo, atrás 2 Nimbus Haragano) e o busos convencionais deixam as canaletas em definitivo. Foto também na Pç. Gen. Marques, repare no totem com o logo Trinário. Nos Eixos Norte (Glória) e Sul (Redentor) predominavam esses 2 modelos.

Logo o cinza ficou só pros Ligeirinhos, os Expressos voltaram ao rubro.

Tanto os novos já passaram a vir de novo assim de fábrica. 

Como mesmo os da finada empresa Carmo citados no parágrafo acima que começaram prateados foram repintados de escarlate.

E em 2011 surgiu o azul. A terceira tentativa da cidade de ter Expressos de outra tonalidade.

Como as outras duas anteriores, teve seu ciclo e veio a pique.

Vamos ver como eram os ônibus no começo dos anos 80, quando o nome do eixo (os 4 pontos cardeais e mais o termo ‘Boqueirão’ pro eixo da Marechal Floriano) vinha escrito na lataria. Os Expressos, somente eles, tinham prefixo, depois um ponto, depois o nº sequencial do carro. Pelo exemplo fica mais entender. Os da Glória, Eixo Norte, tinham prefixo ‘Zero‘. Na imagem o Haragano 0.35, sendo ultrapassado pelo Caio Gabriela Expresso 0.42 (prov. é articulado) e na frente segue um Caio Amélia, talvez o 0.44.

Ainda há Ligeirões azuis, e certamente estarão entre nós por um tempo, enfatizando de novo.

Não muda o fato que os novos Expressos serão sempre vermelhos.

Assim, dentro de alguns anos todos os veículos dessa categoria estarão novamente padronizados numa única cor.

Sempre rubros, independente da canaleta (corredor) que operem. 

E independente também de serem Paradores (encostando em todos os tubos) ou Ligeirões (pulam várias paradas e só encostam nos terminais e em alguns tubos selecionados).

Resultando que Curitiba voltará a não ter ônibus azuis de novo, nem municipais nem metropolitanos.

No Eixo Leste (Cristo Rei) o prefixo era 4, aqui vemos o 4.08. Nesse eixo não haviam articulados, e a frota era quase toda composta de Caios Gabriela Expresso.

Ao contrário da maioria das metrópoles do planeta. Coisas da vida!

………..

Os Ligeirões voltaram ao vermelho por economia.

Foi triste saber do fim dos Azulões, sentimentalmente (e ver esse ocaso se materializar em breve)

Porém racionalmente faz sentido, temos que reconhecer.

O bairro Boqueirão também é Zona Sul. Mas como o termo ‘Sul’ já estava ocupado pelo eixo Pinheirinho, escreveram ‘Boqueirão’ na lataria dos busos da viação Carmo. Aqui predominavam os Haraganos, vemos um já no fim dos anos 80 mas ainda com o logotipo do Eixo Trinário, sem o ‘Cidade de Curitiba‘.

Com uma cor específica só pros Ligeirões os custos aumentam.

Pois é preciso ter uma frota inteira diferenciada.

Falemos um pouco da logística. Existem os veículos que operam o dia todo.

Há também os que só rodam no pico, e mais os carros-reserva que ficam nas garagens e saem só quando outro quebra.

Com tudo isso tendo que ser azul somente pra poucas linhas, o gasto se amplia.

Outro Haragano no Terminal do Carmo, só que esse já com o ‘Cidade de Curitiba‘.

Claro, mesmo nas linhas que hoje são feitas pelos ‘Azulões’, no horário de pico entram alguns vermelhos.

Na busologia isso se denomina ‘Tabela Trocada’:

Quando um ônibus que deveria rodar em uma linha opera outra de forma improvisada.

E esse fato não passa desapercebido ao observador atento.

A Carmo tinha articulados, eram do modelo Torino (eu sei, oficialmente essa leva ainda é São Remo, mas o desenho é muito mais Torino que São Remo). A viação deveria usar o prefixo 2, esse buso tinha que ser o 2.61. Mas ela se recusou, ficou só 61 mesmo (em Porto Alegre-RS ocorreu caso igual); Nos 1ºs Expressos os bancos eram de costas pra janela, passageiros voltados pro salão do ônibus, e não pra frente.

Então sim, hoje (2018) nas linhas Ligeirão Boqueirão e Pinheirinho/Carlos Gomes no geral (a ‘Tabela Correta’) são feitas exclusivamente por veículos azuis no meio do dia.

Entretanto, nos horários de maior movimento alguns ‘carros’ vermelhos já acodem (‘Tabela Trocada’).

Daqui a um tempo, entretanto, as renovações de frota farão com que todos os veículos novamente estejam padronizados em rubro.

Assim não terá mais como haver ‘Tabela Trocada’.

Os ‘carros’ que ficarão fixos nas linhas de Ligeirão trazem essa indicação na lataria. Por isso serão fixos.

A Redentor, no eixo Sul, tinha o prefixo 3 e a frota de ‘carros’ curtos composta por Haraganos e Venezas Expressos, e alguns Gabrielas Expressos. Na imagem  ‘Galaxie’, depois Redentor Haragano 3.48 (ainda com o logotipo Trinário), um Gabriela Expresso não-identificado, e o Haragano 0.29 da Glória.

Entretanto a frota auxiliar (do pico e reserva) não tem nada marcado.

Assim pode puxar tanto linhas de Ligeirão como Paradoras, e ninguém vai se espantar.

(Atualização de 2019: repare em algumas fotos no decorrer da matéria que quando a novidade começou os ônibus tinham a palavra ‘Ligeirão’ escrita bem grande na lateral.

Isso mudou, não há mais essa inscrição adesivada na lataria.

Agora todos os articulados e bi-articulados vermelhos podem fazer qualquer linha. Seja de ‘ligeirão’ ou paradora, não há nenhuma diferenciação entre a frota titular e reserva).

Proxs. 2: garagem da Redentor. Os articulados dessa empresa – e os da Glória também – eram do modelo Caio Gabriela Expresso, sendo 2 em cada viação. Aqui um deles – placa quase no vidro, será que esse buso veio do Sudeste? Na foto a esq. um Haragano curto.

Como medida de transição, os Ligeirões trarão uma pequena plaquinha em azul, na janela perto da porta de entrada (imagens mais pro alto na página).

Isso indicará a transição. Pras pessoas entenderam que aquela linha é de Ligeirão (que elas ainda ligam ao tom celeste) apesar da lataria vermelha.

O mesmo já foi feito em muitas cidades, eu tenho publicado aqui na página exemplos em Joinville-SC e Bogotá-Colômbia:

Lá, como aqui, as linhas eram operadas por ‘carros’ de uma cor.

Quando mudou, adesivaram a frente do veículo com a cor antiga, pra ‘cair a ficha’ da galera.

Já vimos mais pro alto na página um ônibus adesivado como transição na maior cidade do interior catarinense.

O eixo Oeste (Viação Curitiba) era prefixo 8, e não tinha articulados. Na imagem o 8.98. A frota era 100% de Volvos Torino (eu sei, oficialmente ‘São Remos’). Em compensação, com 3 portas – na 1ª metade dos anos 80 eram os únicos 3 portas de toda cidade (exceto articulados). Mais uma vez, as pessoas de frente pro salão, de costas pra janela.

E o mesmo na Colômbia (busque pelas legendas).

Bem, no Piauí e no Rio Grande do Sul foi ainda mais intenso:

Ali bolaram uma pintura de transição entre o livre e padronizado.

……

Enfim amigos, voltando ao Paraná pra fecharmos.

Dos anos 70 aos 90, Curitiba foi modelo de transporte não só pro Brasil mas pra todo mundo.

O esquema de terminais e corredores exclusivos aqui criado deu muito certo. Como deu.

O modelo foi copiado por nada menos que 250 cidades, em todos os continentes. do planeta Terra

Todavia, a partir da segunda metade dos anos 90 houve estagnação.

Pararam de investir no setor de transporte coletivo como deveriam.

Pintaram também a frota particular de laranja, e tiraram a região da cidade mas escrevem ‘Expresso‘ na lataria, pra todos os eixos. Nesse tomada velho Haragano da Glória, e na próxima imagem da mesma viação Gabriela Expresso articulado, também veterano.

As consequências vieram, como não poderia deixar de ocorrer.

Outras metrópoles, por todo Brasil e mundo, se modernizaram.

Tiraram o atraso, algumas superaram Curitiba.

Entre outras a Cidade de São Paulo com certeza.

Foi um período bastante difícil na capital do Paraná.

Ficamos mais de duas décadas e meia com poucos investimento na rede no sistema municipal.

Vejamos quais foram em todo esse tempo as únicas ampliações em larga escala de integração:

– Primeiro Terminal Caiuá (fica no CIC, Zona Oeste) em 1999, que é o menor do sistema;

A mudança não pegou. Os Expressos voltaram a ser rubros, tanto a ‘frota pública’ quanto a particular. Alguns que chegaram laranjas foram repintados de vermelho, ex. aqui o FR033 (ex-8042) na Pç. Rui Barbosa.

– E uma década depois, a Linha Verde Sul de 2009.

Após esse último melhoramento (o 1° trecho da Linha Verde, que acabo de falar) veio um momento bastante difícil.

Com poucos investimentos nesse campo, infelizmente.

Onde não apenas não houveram avanços como se acelerou o desmantelamento do que já existia. 

A coisa ficou tão crítica que rolou uma situação curiosa:

"Viagem Pro Passado"

Em 1992 inauguram-se os 1ºs bi-articulados, da viação Carmo pro Eixo Boqueirão. Eles chegam cinzas. Pela segunda vez tentam mudar a cor dos Expressos de Curitiba.

Partes da África passaram a dispor de um sistema de ônibus e trem eficientes.

Enquanto alguns bairros do subúrbio de Curitiba contam agora com um padrão ruim de qualidade.

Em algumas linhas com ônibus circulando somente de hora em hora.

Não tem jeito. Os expressos ainda mais uma vez voltam a ser vermelhos. Alguns que chegaram prateados são repintaqdos em rubro, esse aqui numerado ED001 – o 1º bi-articulado do Brasil – é um bom exemplo.

Curitiba estagnou, até mesmo experimentando um retrocesso.

Depois de um tempo a cidade começa a enfim despertar novamente.

Levou uma longa década, porém o Roça Grande virou um terminal de verdade. não era sem tempo.

E passado mais um ano integrado a rede de Curitiba.

2011: é a vez do Ligeirão Azul Neobus, chamado de ‘maior ônibus do mundo’, entrar em operação. Pela terceira vez tentam que os Expressos deixem de ser vermelhos, ao menos parcialmente. Vai dar certo agora???

Depois de 9 anos (em 2018) parada ou praticamente, a Linha Verde Norte/Leste vai sair

Espera-se que nessa o Terminal Tatuquara vire realidade.

A conclusão da Linha Verde e o Terminal Tatuquara por hora são apenas promessas, é verdade – quando fiz a matéria em 18, não custa enfatizar mais uma vez.

Vamos então nos ater somente aos fatos palpáveis, atualizando o que mudou de lá pra cá.

– Houve a re-adequação do Roça Grande no sistema metropolitano, levando o transporte integrado a todo o município de Colombo.

"Portal da Z/N" "Juvevê, Nascente da Z/N" "Viagem Pro Passado"

Negativo. A partir de 2018 mesmo os Ligeirões voltam a sua cor. Expresso é vermelho, ponto final. Eis outra foto da estreia do Ligeirão Norte, no Juvevê (*). Quando os bi-articulados chegaram, eles tinham a inscrição ‘Ligeirão’ pintada na lataria, logo não podiam ser deslocados pras linhas paradoras. Não é mais assim, agora todos os ‘carros’ podem fazer qualquer linha.

Em 2023 o Terminal São Roque (no início chamado ‘Vila Macedo’) fez o mesmo com o município de Piraquara, na Zona Leste.

– Quatro Barras em 2017 e Campina Grande do Sul em 2021 também passaram a fazer parte da Rede Integrada.

E além disso o sistema municipal de Curitiba também renasce:

– Passados 5 anos e meio do início da obra, sendo 4 anos com ela pronta e sem uso, chegou enfim o Ligeirão Norte.

– Mais 6 anos de espera e ele virou o Ligeirão Norte/Sul.

– Em 2022, com décadas de atraso, o bairro do Pilarzinho, na Zona Norte, ganhou direito a integração no transporte; nesse caso de forma digital, com o cartão. Não foi preciso construir novo terminal.

O Eixo Leste/Oeste ainda aguarda seu Ligeirão, as obras começaram em 2024; foto no bairro Mossunguê, Z/O, em 2022 (*).

– As obras do Ligeirão Leste/Oeste começaram em 2024: espero que o busão esteja nas pistas antes de 2030, que os curitibanos não precisem esperar mais 12 anos por outro Ligeirão.

– A Linha Verde Norte/Leste e o Terminal Tatuquara chegaram em 2021, mas ambos precisam ser concluídos/re-adequados.

– Ainda falta também a integração plena no cartão entre todas as linhas. E a transformação do Ligeirinho Inter 2 em ‘BRT’, com pistas exclusivas segregadas dos carros.

Houve uma boa retomada. Mas é preciso continuar.

“Deus proverá”

Juvevê, a “Nascente da Zona Norte”

Hospital São Lucas, na ladeira do Juvevê: marco zero de duas das principais avenidas da Zona Norte: a Anita Garibaldi e a Munhoz da Rocha.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 10 de dezembro de 2017

Maioria das imagens de minha autoria. As que forem puxadas da internet identifico com um ‘(r)’, de ‘rede’.

…….

Nosso tema de hoje é o bairro do Juvevê, na divisa entre as Zonas Central e Norte de Curitiba.

Vamos dar uma pincelada também nos vizinhos Ahú e Centro Cívico. Uma boa oportunidade pra gente relembrar o passado da região.

Começando pelo nome. Há 2 versões pra origem: 1) ‘Juvevê’ é como os indígenas chamam a flor ‘paineira’.

Que pelo visto é comum na Zona Norte da cidade, pois há um ônibus Paineiras que passa pelo Juvevê e Ahú, e têm seu ponto final na divisa entre Barreirinha, Santa Cândida e Boa Vista;

Ahú, virada pros anos 70 (r). A esq. na foto Juvevê, ao fundo Alto da Glória e Centro.

2) Havia no bairro antes dele ter essa denominação uma cabeleireira chamada – ou apelidada – ‘Juve’.

E como boa comadre, ela cuidava da vida dos outros pra pode contar as novidades pras amigas/clientes.  Assim as pessoas diziam: “a Juve vê”.

Vê se a fulana tá de namorado novo, vê se ciclana deixou de fazer a sombrancelha ou relaxou na depilação…vê  e depois comenta, você sabe como é.

Seja qual versão for a correta, o que é fato é que ali começa a Zona Norte, é sua nascente. Mas mais que isso. No Juvevê estão também a nascente de 3 das principais vias da Z/N:

Esquina com 3 ruas formando estrela, traço do Juvevê (também do Boqueirão, Z/S). Foto via ‘Google Mapas’.

A Avenida Paraná começa na divisa do Juvevê com o Cabral.

Onde há a Igreja do Cabral e um tubo antes do terminal de mesmo nome. Isso muita gente sabe.

Agora vamos retornando mais um tubo em direção ao Centro. Assim veremos que o Juvevê justifica a alcunha de ‘Nascente da Zona Norte’ em mais uma dimensão:

A Erasto Gaertner (que começa Munhoz da Rocha e termina Monteiro Tourinho) e a Anita Garibaldi são duas das principais avenidas de Curitiba.

Ícone cai: em dezembro de 17 o Mercadorama do Juvevê deixou de existir. Por décadas foi um emblema do bairro, mas se tornou ‘Wal Mart‘ (corporação ianque que já era proprietária da rede a tempos). Flagrei o momento em que o logo do Mercadorama com o famoso ‘M’ foi jogado fora. Coisas da vida! Atualização: tudo vai e volta, não é mesmo?  Em 2019 volta a ser ‘Mercadorama’ por alguns meses: quando o Wal-Mart reduz muito as operações no Brasil retorna a antiga marca. Em 2021 assume o nome-fantasia de Nacional, que pertence a outra trans-nacional, a francesa Carrefour.

E elas cortam partes opostas e distantes da Zona Norte.

Só que pouquíssima gente sabe que elas nascem exatamente no mesmo ponto, uma em frente a outra:

Em frente ao Hospital São Lucas, no Juvevê. Você conhecia esse fato?

Se sim, você também é um ‘urbenauta’, um profundo conhecedor da urbe, da metrópole, em seus mínimos detalhes.

Entretanto, repito, a imensa maioria das pessoas não sabe. Mas assim é. Veja a 1ª foto da página. O hospital já citado. Destaquei nos detalhes:

A minha direita, a placa do marco zero da Avenida Anita Garibaldi. A esquerda, do outro lado da via do Expresso. a do marco zero da Munhoz da Rocha.

Ambas no mesmo ponto da João Gualberto, a quadra cuja sua numeração vai de 1770 a 1910, fato também realçado nas tomadas.

…….

Já voltamos a essa questão. Antes vamos, em tomadas antigas (várias delas ainda em preto-&-branco), voltarmos no tempo.

Viajaremos pros anos 60 e 70, antes e logo depois da construção do ‘Sistema Trinário’:

A via segregada do ônibus Expresso no meio, ladeada por duas estreitas pistas laterais de carros pro tráfego local.

E a uma quadra de distância pra cada lado, as ‘vias rápidas’, pro trânsito pesado de automóveis e demais linhas de ônibus.

Segura essa: rara foto da Av. João Gualberto ainda sem a canaleta nos anos 60 (r).

Curitiba e Lima no Peru disputam qual foi a cidade que inaugurou a primeira canaleta exclusiva pra ônibus do planeta.

Ambos os sistemas ficaram prontos no meio dos anos 70.  Depois a capital peruana parou de investir em transporte coletivo.

Assim por quase 30 anos (do fim dos anos 80 ao começo da década de 10) a coisa foi confusa em Lima, no transporte coletivo e múltiplas outras dimensões.

Típica rua interna do bairro.

Tanto que nessa década de 10 mesmo que ainda estamos (essa postagem é de dez.17) ainda circulavam lá Monoblocos produzidos nos anos 80.

Agora Lima despertou e modernizou seu transporte coletivo, concluiu seu metrô que estava inacabado e inoperante.

Também retomou a operação dos corredores de ônibus, reformando e modernizando o sistema que igualmente esteve mal-utilizado por décadas, após um início glorioso.

Início da Anita: a 1ª quadra é um calçadão, onde há uma feira livre nas 3ªs a tarde/noite.

Mostramos algumas dessas imagens, dos ônibus de Lima – os 1ºs. articulados de toda a América [EUA incluídos]-, resgatando a história do transporte peruano em outro dia. Aqui nosso tema é Curitiba.

Dei essa pincelada somente por isso, já que vamos falar da inauguração dos sistema Expresso, ressaltei que o Peru teve a mesma iniciativa na mesma época.

Vimos acima a descida da João Gualberto (pra quem vem do Cabral, a subida pra quem vem do Centro) ainda sem a canaleta. A tomada é dos anos 60.

E a foto que veio antes dela foi tirada um pouco depois no meio dos 70, a pista exclusiva já pronta mas ainda utilizada por ônibus convencionais.

O começo da Munhoz da Rocha: aberto aos carros mas veem que é quase sem trânsito.

Entre 74 e 76, ônibus convencionais operaram as atuais linhas de Expresso pela canaleta recém-inaugurada ou mesmo em fase de obras.

Esse busos ainda tinham entrada por trás, pintura livre (num padrão com listras horizontais em verde e amarelo) e motor dianteiro.

Nas obras da canaleta, e mesmo logo após a inauguração delas, eles primeiro fizeram improvisados as atuais linhas de Expresso.

Mesmo depois que chegaram os ônibus próprios do novo modal (vermelhos, embarque dianteiro, motor atrás e bancos de lado, costas pra janela e virados pro salão), por um tempo o velho e o novo co-existiram.

Quase no mesmo local, contraste entre o antigo e o novo. O casarão é tombado: no início do séc. 20 foi armazém. Até recentemente era funerária, que se mudou pro Centro. Agora está vago (mais ou menos: uma senhora reside no andar superior, e usam o térreo pra ajeitar as flores).

A partir de 77, quando aportaram ainda mais levas de Expressos propriamente ditos, é que foi tudo padronizado no vermelhão.

Já fiz matéria específica sobre o transporte de Curitiba nos anos 70, 80 e 90.

Onde tudo isso é explicado com imensa riqueza de detalhes, incluso com dezenas de fotos, confira.

…………

Isto posto, enxerto aqui o emeio de um colega que foi criado na divisa entre Ahú e Juvevê.

Como ele mesmo explicou, o prédio que ele morou fica no Ahú.

No entanto a ‘vida social’ de sua família (compras, etc.) era feita no Juvevê. Reproduzo parte de suas palavras:

”   A Manoel Eufrásio é uma rua muito agradável, apesar do movimento intenso.

No casarão há placa antiga, de quando o idioma português tinha outra grafia.

Nos anos 80, acredite, essa era também uma rua onde se jogava bola.

Exatamente no ponto em frente à entrada do Parque Pinheiros e do Chácara Juvevê (a propósito, o lançamento desse empreendimento foi nos anos 70).

A Rua Emílio Cornelsen, então, nem se fala. Até 1992, mais ou menos, era uma rua sem saída.

Ela acabava num terreno baldio logo depois do meu ex-prédio (que é um dos primeiros dessa via).

A foto panorâmica do Ahú (mais pro topo da página, a direita) capturei da internet há anos, do sítio da Construtora Galvão.

Ela foi a responsável por vários desses conjuntos de apartamentos dessa região.

As ruas em estrela – 3 vias se cruzam, ao invés de 2: onde há pouco movimento fizeram essas praças (flores violetas adornam a cena).

O primeiro deles foi justamente o que chamei de Parque Pinheiros.

Esse é famoso por sua torre grande de 15 andares e mais os quatro ou cinco menores de seis andares.

Creio que foram entregues em 1972 ou 1973.

Logo depois veio o Edifício Colibri e mais os dois menores ao lado.

Isso em 1976, com apartamentos construídos segundo a mesma planta do anterior.

Onde há mais trânsito é na raça – com 3 vias se encontrando, é perigoso cruzar as preferenciais. No meio da vemos a Via Rápida (sentido bairro). Destaquei com as flechas brancas: os dois carros que vêm nas transversais têm que cuidar não apenas dos que estão na preferencial, mas também um do outro. E ainda poderiam estar vindo carros em mais 2 lados. 3 ruas se encontram, sendo uma mão única e duas de mão dupla: pode acontecer de virem carros em 5 direções pra cruzar a mesma esquina simultaneamente. Quem planejou isso achou que era genial, mas se mostrou ser uma lambança daquelas!! Repito, no Boqueirão é igual. Em ambos os bairros aos poucos estão corrigindo (implantando rotatórias ou fazendo uma via sair em outra antes de ambas cruzarem a maior de todas), mas levará tempo até acertar tudo.

No fim dos anos 80, surgiram esses maiores da Manoel Eufrásio e aqueles azuis já no lado direito da Emílio.

Esses últimos sendo projetos para a elite da época, apartamentos de 4 quartos mais dependência de empregada.

Construído no mais alto padrão de acabamento e arquitetura disponíveis.

Os da Manoel Eufrásio, de cor avermelhada, já eram mais voltados para a classe média.

Pude comprovar uma vez que a planta dos apartamentos é praticamente a mesma dos dois conjuntos anteriores.

Apenas com uma ou outra modernização estrutural.

Voltando a falar da panorâmica em p-&b: imagino ser entre 1969 e 1970.

Pode-se notar que nem mesmo a Emílio Cornelsen está traçada, embora já exista uma clareira bem no início dela.

Restaurante homenageia a Pátria Amada.

Os edifícios do Parque Pinheiros já estão sendo levantados.

Estimei esses anos porque descobri que o Colégio Loureiro Fernandes foi inaugurado em 1968.

Pelo visto antes da própria Rua Marechal Mallet ser traçada na frente dessa citada escola.

 Além de que não se pode ver o Conjunto Residencial Juvevê, inagurado em 1970 na esquina da João Gualberto com a Constantino Marochi, já quase no Alto da Glória.

Próximas 2: casas de madeira pois é Sul do Brasil. Nota-se que no edifício ao fundo alguém também ostentou a bandeira brasileira.

O mais interessante dessa foto, no entanto é ver que a rápida que liga ao Centro ainda não existe.

Repare bem, a Anita Garibaldi termina na João Gualberto.

Bem em frente ao Hospital São Lucas (à esquerda na foto, ponto já tão comentado nessa matéria), e nada parece cruzar ela antes.

A Campos Sales, aparentemente, começava junto à Manoel Eufrásio.

Provavelmente a “rápida” cortou aquele mato só quando os expressos começaram a rodar ali, em 1974.   ”

Próximas 4: fotos feitas a partir do Juvevê, mas mostram casas e prédios no vizinho Ahú.

…………….

Aqui se encerram os preciosos apontamentos desse colega, volto eu, O. M. . Vamos a minha resposta a ele:

A rua que divide Juvevê e Ahú não é a Emílio Cornelsen como constatastes, mas a própria Manoel Eufrásio. 

Sim, é certo que na virada pros anos 70 as ‘Vias Rápidas’ não existiam, surgiram junto com as canaletas, e não por outro motivo Lerner chamou de ‘Sistema Trinário’.

Mais uma transição. Ainda existem velhas casas de madeira (em alguns casos com a fachada em alvenaria). Mas ao fundo já vemos subindo mais um prédio baixo de classe-média.

Lembra que nos primeiros Expressos (aqueles Marcopolo Venezas e Nimbus Haraganos) vinha a flecha tripla que mostrava justamente isso, antes do ‘Cidade de Curitiba’ surgir?

E por que essa matéria se chama “Nascente da Zona Norte”? 

Repetindo o que já foi dito acima (esse emeio circulou antes da postagem, foi o protótipo dela):

Oras, porque pouquíssima gente sabe, quase ninguém na verdade, que 3 das principais avenidas da Z/N nascem no mesmo ponto.

O conjuntos Chácara Juvevê e Pq. Pinheiros (ambos no Ahú, como dito) em 2014. O prédio que veem em obras já está pronto.

Gaertner e Monteiro Tourinho) têm seu marco zero no exato mesmo lugar.

Em frente ao Hospital São Lucas na esquina da Manoel Eufrásio com a João Gualberto.

Isso já foi amplamente analisado. Agora vamos as novidades:

Em sua primeira quadra elas quase não têm tráfego. Bem, a 1ª quadra da Anita é calçadão.

Na Chac. Juvevê, mais uma bandeira nacional. Foto em 2014, na Copa (antes do vexatório 7×1): a Zona Norte em dia de jogo do Brasil.

Aí então o fluxo de veículos motorizados é zero mesmo, excetuando o acesso as garagens.

No local há inclusive uma feira noturna as terças-feiras.

Do outro lado da J. Gualberto a situação não é tão diferente assim:

A quadra inaugural da Munhoz da Rocha é uma via calma, de paralelepípedos.

Mais uma das famosas ‘alamedas’ (ruas fartamente arborizadas) internas do Juvevê.

Ela contorna o Hospital São Lucas já tão citado. Ali os carros podem passar a vontade, mas pouquíssimos o fazem. É uma rua bem tranquila.

Se ela não fosse ladeira e nosso colega criado na Emílio Cornelsen ainda morasse na região, ele poderia até hoje jogar bola no comecinho da Munhoz da Rocha.

Agora que estou morando no Juvevê, eu me juntaria a ele: bota 4 pedras fazendo as vezes de traves, um time de camisas, outro sem, 5 vira, 10 acaba e vamos nessa!

Proxs. 2: divisa com Ahú. Estou no Juvevê, e os edifícios ao fundo também. Mas os prédios em 1º plano ficam já nesse vizinho bairro.

…….

Agora, se na 1ª quadra a Anita e a Munhoz da Rocha são calmas, calmíssimas, logo a seguir a situação se altera diametralmente:

Posto que aí a Anita e a Munhoz da Rocha são a Via Rápida por pouco mais de uma quadra (uma em cada Rápida, claro), antes de embicarem em rumos  opostos.

Você sabia disso, que a Anita Garibaldi e a Munhoz da Rocha são Vias Rápidas?

Nesse caso ainda estou no Juvevê mas só aparece o Ahú nesse ângulo da imagem.

Se sim, novamente você é a minoria, a imensa maioria desconhece esse detalhe.

A Anita Garibaldi é a Rápida que vem pro Centro, no trecho daquela descida em que no alto havia a fábrica da Tip-Top.

Já a Munhoz da Rocha é a Rápida que vai pro bairro, logo após a subida onde fica o asilo São Vicente de Paulo.

A João Gualberto testemunha a nascente compartilhada da Anita e da Munhoz.

Um rápido relance no vizinho Centro Cívico. Vemos na colagem, da esq. p/ dir.: 1- “Reforço Escolar” (o e-meio com a foto fez sucesso!); 2- Táxi de Pomerode, Santa Catarina, em frente ao ‘Museu do Olho’; e 3- a Rua Mateus Leme agora tem sentido único, em direção ao bairro. Inauguraram o binário com a Nilo Peçanha, que volta pro Centro – quando tirei essas fotos (dez.17), ainda estava na primeira semana da novidade.

Como já dito muitas vezes e aliás é notório. Isso em sua última quadra.

Aquela que leva a numeração de 1770 a 1910 como a placa comprovou, enfatizando novamente.

Ao concluir essa subida, chegamos a Praça São Paulo da Cruz. Onde está o tubo do Expresso chamado ‘Bom Jesus’.

Na praça é onde está a Igreja do Cabral, outro ícone da região.

Pois ali é justamente onde é a divisa entre o Juvevê e o vizinho Cabral.

Amanhece no Juvevê, 12 de fevereiro de 2014. De novo o Hospital São Lucas (essa foto é de autoria de um outro colega, não o mesmo que conta a história do bairro).

Muda o nome do bairro, a avenida permanece a mesma mas igualmente cambia de denominação:

A partir dali começa a Avenida Paraná, nome que ela manterá até a Igreja de Santa Cândida.

Quando então se tornará a Estrada Nova de Colombo (“Rodovia da Uva”).

……….

A Zona Norte é dividida basicamente em dois setores:

Pilarzinho e entorno, região por muitas décadas, até 2010, atendida pela finada Viação Marechal.

Ali as linhas de ônibus começam com ‘1’. Por exemplo, o Jd. Kosmos é a 169, o Primavera 171;

Boa Vista, Barreirinha, Santa Cândida, Abranches, Bacacheri e imediações.

Prédios do Juvevê num gelado “Anoitecer na Zona Norte“, ensaio feito em junho de 2014.

Até a “licitação” de 2010, essa era a área original de atuação da Viação Glória.

Onde as linhas começam pelo ainda pelo nº ‘1’ no Abranches, mas a partir da Barreirinha com ‘2’.

Por ex. o Cabral-Osório é a 201, o N. Sra. de Nazaré 280.

“Céu de Curitiba” emoldurando seus espigões. Em 1º plano Juvevê, onde estou. Ao fundo o Alto da XV e Cristo Rei, que ficam entre as Zonas Leste e Central (confira em qual ‘zona’ estão todos os 75 bairros de Curitiba).

Um dia ainda escreverei uma matéria mostrando o sistema na numeração das linhas de Ctba e São Paulo. Mas por hora de volta a nosso tema de hoje:

Pois bem. Como dito, as linhas pro Abranches embora já fossem da Glória desde décadas ainda começam com ‘1’.

Da parte ‘2’ da Z/N, as 3 principais avenidas são Munhoz da Rocha/E. Gaertner, Anita Garibaldi e Av. Paraná.

E dizendo ainda mais uma vez, todas começam juntas, no Juvevê, a ‘nascente’ delas.

Pôr-do-sol no Juvevê em dezembro de 2017.

Portanto o título está plenamente justificado. Digo, as duas primeiras juntas mesmo, frente-a-frente. E uma quadra depois somente a Av. Paraná.

No caso da Anita e M. da Rocha,  sua primeira quadra é calma, sua segunda quadra é via rápida (outro fato pouco conhecido).

A partir da 3ª quadra aí sim elas tomam a forma que são conhecidas da massa. Isso já foi dito.

Vista aérea do bairro em 1973 (r).

Recapitulei pra traçarmos um paralelo com a Zona Sul, onde residi mais tempo em Ctba. (15 anos).

A Av. Brasília – que divide o Novo Mundo do Capão Razo – é exatamente assim também:

Tem a nascente pouco conhecida e também na Estrutural do Expresso.

O Couto nos anos 60 (r).

Sua 1ª quadra é calma, é Via Rápida por umas quadras, depois embica pro bairro e toma sua forma conhecida.

1ª ATUALIZAÇÃO (AINDA EM DEZ.17) –

A direita: aérea do Juvevê, 1973. O ‘Sistema Trinário’ implantado no ano seguinte pela prefeitura já está pronto, ou ao menos em fase final de obras.

(O nome se deve que é constituído por uma canaleta exclusiva do Expresso, duas pistas laterais locais, e um binário de Vias Rápidas a uma quadra pra cada lado.)

Av. João Gualberto, 1939 (r). Não sei o que são essas motos, talvez um desfile militar – na época não existiam ‘moto-clubes’ como hoje.

Repare que o bairro praticamente não tinha prédios.

A Rua Euzébio da Motta (1ª paralela a Rápida pela direita, pra quem vai no sentido Centro) ainda tinha trechos de terra.

Acima: estádio Couto Pereira sem os anéis superiores nas curvas, mas já em uso. Foto dos anos 60na época ele ainda se chamava Belfort Duarte, a mudança de nome foi em 1977.

Importante: como eu já expliquei antes, eu não torço pelo Coritiba F.C. .

Av. João Gualberto, 2006.

Portanto não inicie uma discussão futebolística que não é o caso aqui. Nosso foco é relembrar o passado da metrópole.

Já publiquei em outras matérias imagens da Baixada, Vila Capanema e Pinheirão.

Além de muitos outros estádios, cito esses pra ficarmos restritos a Curitiba .

Assim como eu, você pegava filmes na locadora? É, estamos ficando velhos…

As imagens acima e ao lado são de 2006, e de autoria daquele colega que colaborou com essa matéria.

Eu relatei que naquele casarão funcionou uma funerária. Aqui a fachada ainda está pintada.

E a direita: a apenas 11 anos atrás (a postagem é de 17) ainda era rentável ter uma locadora, olhe o tamanho da ianque ‘BlockBuster’ na ocasião. As coisas mudam . . .

ATUALIZAÇÃO DE ABRIL DE 2018:

Em 28/03/18 (véspera do aniversário de 325 de Curitiba pela contagem oficial que só marca desde a chegada dos europeus) foi enfim inaugurado o Ligeirão Norte. Depois de 5 anos de atraso….ufa!

Ao lado ele no Juvevê, fotografei logo no 1º dia de operação.

“Deus proverá”

a “Cidade Oculta” (e mais o Pq. Barigüi): Santo Inácio, Zona Oeste

Santo Inácio: casa de madeira, terreno enorme sem muro, bosque no fundo.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 30 de setembro de 2017

Depois de 15 anos morando na Zona Sul de Curitiba, me mudei pra parte oriental da cidade. Na verdade minha casa fica a 200 metros da antiga.

Só que como eu cruzei o Belém, troquei de bairro (do Boqueirão pro Uberaba) e também de ‘zona’. Estou lhes contando isso pelo seguinte:

No Santo Inácio fica o Parque Barigüi – digo, ele ocupa partes de 4 bairros. O S. Inácio é 1 deles.

Deus é mesmo o ‘Cara Gozador’, e quis Ele que minha primeira matéria publicada na Zona Leste fosse curiosamente retratando a Zona Oeste, a porção diametralmente oposta portanto.

(Atualização: primeira e uma das poucas. Não deu certo minha mudança pro Uberaba. Fiquei apenas 2 meses ali. Mas quando escrevi o texto não sabia disso, achei que permaneceria muito tempo. Não foi assim que se deu.)

Então chega dessa falação, e vamos ao nosso tema de hoje: Santo Inácio, Zona Oeste.

Um bairro pequeno (apenas 6 mil moradores no censo/10) e pouquíssimo conhecido.

A maioria dos curitibanos não sabe que um dos 75 bairros da nossa capital se chama ‘Santo Inácio’.

Por isso a ‘Cidade Oculta’ do título.

……..

fotografei e reportei a ‘parte alta’ dele, a divisa com Santa Felicidade, onde passa o busão Montana.

Já houveram bem mais, mas as grandes áreas verdes ainda são comuns.

Lá flagrei em pleno Brasil uma picape do Paraguai militando na eleição dos EUA. Pensa que é brincadeira mas não é, fotografei tudo, clica pra comprovar.

Tudo isso já está no ar, fui em 2014 lá. Agora de novo, dessa vez foi a ‘parte baixa’, onde passa o Saturno, divisa com o São Braz, perto da BR-277.

A Zona Oeste, por estar parcialmente desocupada até a década de 90, passa por intenso processo de urbanização e aburguesação desde então.

De quebra fotografei o parque mais famoso de Ctba. – o Barigüi óbvio. Alias a melhor referência é essa:

O Parque Barigüi fica (parcialmente, já detalho melhor) no Santo Inácio.

A Universidade Tuiuti e Faculdade Espírita também (essas de forma integral).

Por conta disso parte dos moradores do Santo Inácio dizem que moram “no Barigüi”.

Acontece que o Barigüi não é bairro: é o rio, e por conta disso um parque – o mais famoso da cidade, como o sabem.

Sintetizando a transição da Zona Oeste e do S. Inácio em particular: duas casas de madeira bem simples (uma delas secular), num terreno enorme. Ao fundo condomínio de elite com sobrados triplex, e depois um bosque.

E bem rio abaixo uma vila na periferia de Curitiba, que começa na Fazendinha e tem a maior parte de seu território na Cidade Industrial.

Já retratei a Vila Barigüi do subúrbio em 2 reportagens, que você acessa clicando nas ligações em vermelho.

Então bora de volta pro nosso tema atual, as imediações do Pq. Barigüi, região que nada tem a ver com a Vila Barigüi. Só compartilham o nome.

Porque são as margens do mesmo rio na Z/O (alias a postagem que originalmente só mostrava a Vila Barigüi e proximidades foi ampliada pra abarcar todo trajeto do Rio, do Pilarzinho a Caximba, de Tamandaré a Araucária), mas longe um do outro.

Voltando ao redor do parque, por causa dele muitos de seus moradores dizem que moram não no Santo Inácio, mas “no Barigüi” – só que esse bairro não existe.

Especialmente os ‘novos-ricos’ que se mudaram pra lá recentemente e vivem em condomínios fechados, já falo melhor disso. 

A Z/O é onde Curitiba mais se parece com Ponta Grossa-PR, ou (substituindo madeira por alvenaria) com B. Horizonte-MG.

Bom, a Zona Oeste é campeã de mudar nomes dos bairros, são vários casos:

O Bigorrilho e parte das Mercês eles chamam de “Champagnat”, o Mossunguê, partes do Campo Comprido e CIC eles dizem “Ecoville”.

Pois bem. Eu não reconheço e não ratifico esses modismos, ao contrário, retifico.

E não é que creia que as denominações sejam eternas, ao contrário.

Flores a margem do lago no Barigüi (mais abaixo muitas mais, no parque e entorno).

Até 1992 o atual Jardim Botânico (começo da Zona Leste) se chamava Capanema (nome que ficou preservado pelo estádio e pela vila perto dele, antiga favela agora urbanizada).

Em plebiscito, os moradores optaram pela mudança, eu respeito a vontade deles.

Porque houve uma votação oficial, cujo resultado foi chancelado pela prefeitura.

Assim, de fato e direito o bairro agora é o ‘Jardim Botânico’. Firmeza total. Bem distinto é o que acontece na Zona Oeste.

Ali, nunca houve plebiscito algum. Simplesmente ao arrepio da lei alguns decidem entre eles mesmos que o nome anterior é ‘brega’, e “corrigem” pra um mais ‘chique’.

Mais uma vez o contraste.

Que seja. Mas não com minha participação nessa trampa. Até que haja câmbio oficial, sigo usando os nomes corretos:

Santo Inácio, Bigorrilho, Mercês, Campo Comprido, Mossunguê e Cidade Industrial são referidos exatamente assim.

……..

Falar nisso, o Parque Barigüi – que foi criado nos anos 70 – ocupa território de nada menos 4 bairros da Z/O:

Santo Inácio, Cascatinha, Mercês e mesmo uma pequena porção do Bigorrilho.

Na tomada a esquerda e nas próximas 6 em sequência, veremos exatamente essa área verde de lazer que é a ‘menina dos olhos’ de Curitiba:

Os esportistas fazendo exercício ao redor do lago que represa o rio de mesmo nome;

Não sei se ainda é o caso, mas no passado ali foi o habitat de jacarés (não os únicos jacarés que vivem soltos em Ctba.) por isso hoje vemos a estátua de um deles (cena igual a que cliquei em J. Pessoa-PB);

No detalhe um leão (que também fotografei na capital da África do Sul) que guarda a entrada de um restaurante;

Restaurante esse cujas mesas são sobre as águas, note o píer a direita na imagem ao lado;

Vemos também uma capivara (cena que me lembrou a Pampulha, em BH, onde igualmente cliquei esses bichos);

Já que entramos na seção que mostra os animais em carne-&-osso do Parque:

Ao lado os gansos que se refastelam com as pipocas;

Abaixo são os seres humanos quem se congregam comendo: vários parques da cidade contam com churrasqueiras públicas.

Ir no fim-de-semana comer um churrasco com salada de tomate e cebola é algo que está na essência do povo curitibano.

(Ou até no meio de semana, por que não?, estive ali numa 3ª-feira e a galera marcava presença.)

Eu mesmo fiz isso muitas e muitas vezes, em minha infância.

Apenas, como eu fui criado na Zona Norte, íamos nas churrasqueiras do Parque da Barreirinha – mais eventualmente nas que existem na Estrada da Graciosa;

Abaixo o Centro de Exposições, um dos mais famosos da cidade.

Nota: ocultei o nome da corporação. Não tenho nada contra propaganda ou patrocínio, mas comprar até o nome é diferente, prática abusiva que enjeito. O nome dos lugares não deveria ser vendido;

Fechamos com o Barigüi com o Portal, onde começa a ‘Alameda Ecológica Burle Marx’, que o atravessa. Do Parque voltamos a falar de seu entorno.

Até o surgimento do parque 4 décadas e pouco atrás, a região era periferia.

E até os anos 90 permaneceu esparsamente habitada.

Por isso ainda há muitos bosques, muita área verde. De 2 décadas e pouco pra cá, entretanto, se urbanizou acentuadamente.

Quase dentro do parque a casa. A galera que assina como ”THC” (maconha) ‘decorou’ a cidade. Indicaram de onde são: CIC. Z/O – mais precisamente do Caiuá.

E quase sempre as novas moradias exibem um elevado padrão econômico.

Assim, no Santo Inácio, tudo convive: antigo e novo, proletariado e alta burguesia, madeira e sobrados triplex, algumas vilas densas com partes com muito verde e terrenos enormes, alguns ainda sem muro.

E, tristemente, pra dar lugar a novos conjuntos de sobrados, os bosques e as casas antigas com terrenos gigantes estão vindo abaixo.

…….

ATUALIZAÇÃO DE DEZEMBRO DE 2020:

O NATAL-LUZ NO PARQUE BARIGÜI –

De uns anos pra cá no Natal estão colocando uma linda árvore iluminada no lago do Parque Barigüi (esq.).

Em 2020 foi além disso: afora a árvore, o parque sediou o evento ‘Natal-Luz de Curitiba’.

Com várias atrações como coral das crianças, presépio vivo, portais de luz, estátuas cristãs, etc. .

Foto de autoria de uma colega.

Pra que o povo pudesse conferir tudo isso, foi criada a Linha-Natal. Que tem seu único ponto de embarque e desembarque no Terminal Campina do Siqueira.

Atendida pelos busões da Linha-Turismo (os de 1-andar, nesse caso não os mais famosos de 2-andares).

Independente se o veículo tem escada ou não, o fato é que a capital paranense definitivamente entrou na lista das cidades que decoram seus ônibus na ocasião do Natal.

Próximas 3: Conjunto Saturno, Santo Inácio. Aqui uma panorâmica.

Volta o texto original: até os anos 90, a mancha urbana de Curitiba basicamente terminava no Rio Barigüi.

Depois dele já haviam, claro, regiões urbanizadas nos núcleos do Campo Comprido, Santa Felicidade e partes do CIC.

Porém pra chegar até eles era preciso passar por áreas não-urbanizadas, ou se preferir em outras palavras, por bosques e chácaras.

Aqui e a esquerda: duas casas que não foram mexidas na arquitetura original.

Mesmo depois da virada do milênio ainda havia haras na Rua Eduardo Sprada, no Campo Comprido, por exemplo. 

Até hoje a Zona Oeste é a menos habitada da cidade. Mas até 20 e poucos anos atrás, a maior parte de sua área ainda era não-ocupada, ou esparsamente ocupada.

Por concentrar tanto espaço disponível perto do Centro, a Z/O foi a que mais cresceu de lá pra cá – e, digo de novo, recebendo gente de padrão elevado de renda.

Com Fiat Oggi na porta, lembra dele?

O que detonou boa parte dos bosques. Mesmo assim, eles ainda existem em bom número, mais que em qualquer outra parte da cidade, porém a devastação prossegue em ritmo acelerado.

……….

Foi uma pena a devastação ecológica (que ademais é universal em nosso planeta).

Entretanto não se pode negar que foi acertada a decisão de aburguesar a Z/O, processo que a implantação do Parque Barigüi foi um marco fundamental.

Se o tema é carro antigo, aqui vemos o ‘Fuscão de Rally‘. É mole ou quer mais?

Não é difícil entender o porquê. A Zona Oeste é a mais montanhosa de Curitiba.

E até os anos 70 a maior parte das encostas estava desocupada, com vegetação nativa.

Lerner e a equipe viram que esse vazio urbano não permaneceria eternamente. Óbvio que Curitiba iria inchar.

‘Dia do Fuca‘. Mais pra baixo falo mais disso.

Assim, se houvessem muitas invasões na parte mais central da Zona Oeste, uma boa proporção delas seria em morros não preciso gastar meu latim explicando o porquê essa situação é problemática.

Deu certo. Digo, de fato Curitiba inchou, e ganhou novas favelas nas décadas de 70, 80 e 90 – eu mesmo morei 15 anos no Canal Belém, Boqueirão, que foi re-invadido no ano de 1990.

Olha o tamanho do lote, e mais um Fusca.

Óbvio que devemos lutar pra que a sociedade seja mais justa, e que um dia não hajam favelas.

Ainda assim, enquanto elas existem, se puder não ser no morro é melhor.

E também evidente que não deu pra evitar 100% as invasões em encostas.

Até pouquíssimo tempo atrás o Santo Inácio não tinha prédios. Agora surgiram alguns, sempre baixos, sem elevador.

Nos extremos das zonas Oeste e Norte – e há até um caso na Zona Sul, a Terra Santa/Tatuquara – aconteceu.

Felizmente a parte mais central da cidade foi preservada. Eu não sou elitista, não sou contra as favelas.

Por isso por 1 década e meia residi numa delas, e residi porque que quis.

Não tenho nada contra as favelas, não me interprete errado, e, bom, basta ler a matéria sobre minhas voltas nas periferias da África do Sul que dirimará qualquer dúvidas.

Universidade Tuiuti, marco do Stº. Inácio.

Quando digo que foi adequado que os morros mais centrais da Z/O não se favelizaram, isso é bom até pra população pobre.

Pois favelas centrais em morros sempre criam tensão. E nesses choques os próprios moradores das comunidades são os que mais sofrem.

Basta ver o que está ocorrendo no Rio de Janeiro (o texto é de set.17, quando a ‘Cidade Maravilhosa’ está pegando fogo, infelizmente – faço votos pra que as coisas se serenem, mas hoje é assim que tá).

a cidade oculta”: em buenos aires, isolada fisicamente; aqui em curitiba apenas pouco conhecida

Aqui e a direita: casas mais simples do S. Inácio emolduradas pelos luxuosos prédios do Mossunguê ao fundo.

Como relatei na minha série sobre a Argentina, na Zona Oeste de Buenos Aires, no bairro Vila Lugano, há uma favela que é conhecida como ‘Cidade Oculta‘.

Isso porque nos anos 70 a ditadura de Rafael Videla mandou murá-la, pra que quem passasse pela auto-estrada não a visse.

Em Curitiba a coisa não foi tão dramática. Apenas existem alguns bairros nas periferias das Zonas Oeste e Norte que são praticamente desconhecidos da maioria da população.

São eles: São Miguel, Riviera, Butiatuvinha, Lamenha Pequena (homenagem ao ‘pai’ da Z/O) e São João no extremo da Zona Oeste.

Logo a seguir Taboão no extremo da Zona Norte. Todos eles formam uma área contígua na divisa do município.

É a Zona Oeste, caramba!!!

E o Santo Inácio. Esse não é no extremo da cidade, não se divide com outros municípios, todos os seus limites são com outros bairros da capital.

É Zona Oeste, mas relativamente central. Ainda assim, igualmente é desconhecido de boa parte da população da cidade.

…………

Um grande adensamento ocorreu perto da virada dos anos 70 pra 80. Como já escrevi muitas vezes antes:

Em seu apagar das luzes a ditadura militar investiu bastante em transporte coletivo e urbanismo.

Por acaso você sabia que que Curitiba tem uma rua chamada Mina do Ouro??? “Estrada da Mina do Ouro” !!!!, como se tudo fosse pouco. Só mesmo sendo um Caminhante pra minerar umas preciosidades dessas!!! Apesar que no Guabirotuba (Zona Leste) há uma ‘vila temática’ da mineração.

Surgiu o ‘Projeto Padrão’, que visava dar as grandes cidades ônibus mais confortáveis.

Já que até então os ônibus brasileiros eram produzidos sobre chassis de caminhão.

Ademais, foram financiados diversos corredores, terminais, redes de tróleibus (novos e reforma dos antigos).

E muitas cidades do Sudeste, Centro-Oeste e Sul tiveram a pintura padronizada. Tudo isso já descrevi alhures, com muitas fotos.

Falando agora da habitação, o governo militar construiu enormes conjuntos de cohabs nas periferias, e revitalizou o BNH (Banco Nacional da Habitação).

As cohabs de pombais (prédios baixos sem elevador) que são a marca registrada da periferia do Rio e São Paulo, por exemplo, são o cartão-de-visitas do projeto.

Em frente a Faculdade Espírita.

Em Curitiba foram também construídos alguns pombais. Cito de exemplo o grande conjunto conhecido como Atenas/Augusta, no bairro Cidade Industrial, também na Zona Oeste.

(Nota: o bairro CIC foi criado no começo dos anos 70, sendo desmembrado de vários outros.

Antes, onde fica o conjunto Augusta era no bairro Augusta, como o nome indica. Mas depois a C. Industrial surgiu engolfou essa porção.

Já o barracão está na BR-277.

Portanto, enfatizo, o conjunto Augusta não fica na Augusta mas na CIC, num paradoxo mas assim é.)

O Sítio Cercado, na Zona Sul, também ganhou vários pombais na época. Registro portanto que sim, foram construídas cohabs em pombais em Curitiba.

Bem menos que nas cidades do Sudeste, é o que quero apontar.

Condomínio de sobrados de alto padrão, mas quase sem quintal e com alto muro. Ao lado casa simples, mas quintal enorme e sem muro.

Até a virada do milênio, Curitiba tinha relativamente poucos pombais, proporcional a sua população.

Até que a prefeitura resolveu construir dezenas sobre dezenas de conjuntos de pombais.

Em todas as regiões da cidade, mas especialmente Sítio Cercado, Ganchinho (esses dois são vizinhos) e Tatuquara na Zona Sul e CIC na Oeste.

Então hoje eles são mais comuns na cidade, tornando sua periferia mais parecida com a do Sudeste. Porém até a virada do milênio eles eram mais raros.

Moradias humildes sem muro, terreno enorme em meio a bosque de pinheiros.

A razão é que em Curitiba deu-se preferência a conjuntos horizontais, de casas, disse tudo isso pra chegar nesse ponto.

Uma vez que pelo caráter mais europeizado do povo boa parte dos curitibanos prefere morar em casas (sejam térreas ou sobrados) que em prédios.

Assim, o regime militar em sua despedida construiu muitos e muitos conjuntos de casas na periferia.

Os exemplos são muitos: Parigot de Souza, no Sítio Cercado.

Exatamente vizinha a da foto acima: casinha simples, de madeira (ainda está lá, mas por pouco tempo). O terreno já foi desmatado e nivelado – você vê bem o tamanho dele. Breve um conjunto de sobrados de alto padrão.

E vários com nomes relacionados a astrologia: Conjuntos Mercúrio (Cajuru, Z/L), Solar (Bacacheri, Z/N) e Saturno, no Santo Inácio.

Curiosamente, o Parigot homenageia um político, que foi governador do Paraná. Mas suas ruas são uma ‘vila temática’.

Ou seja, uma vila em que as ruas são nomeadas seguindo um tema específico.

E qual o tema do Parigot: exatamente a astrologia. Suas ruas se chamam ‘Sol’, ‘Lua’, ‘Plutão’, etc.

Ao lado esse bosque a venda. Curitiba se torna cada vez menos verde, perde seu diferencial.

E a maior delas, que cruza todo Sítio Cercado (inclusive é a principal via da Vila Xapinhal do outro lado do bairro) é a Rua Marte.

Curioso não? Foram dezenas desses conjuntos em Curitiba, se eu for pensar com calma cito muito mais, em diversos bairros.

De qualquer forma, dos 4 que eu lembrei primeiramente de cabeça (1 em cada ‘zona’ da cidade) 3 são relacionados a astrologia.

Próximas 3: condomínios de elite, o novo perfil do Santo Inácio.

E aquele que não é no nome o é no nome das ruas (alias, em Maipu, Zona Oeste de Santiago do Chile, visitei e fotografei uma cohab cujas ruas também são relacionadas aos astros e astrônomos).

Muitos dos pombais que foram feitos no Sudeste (por exemplo Cidade Tiradentes na Z/L de Sampa, e vários na Z/N e Z/O do Rio) continuam sendo periferia, pois são muito distantes.

Em Curitiba ocorreu um fenômeno distinto.

A área do município da capital do Paraná é muito, mas muito menor que suas colegas paulista e carioca.

Assim, vários conjuntos foram feitos no fim dos anos 70 em regiões que eram quase desabitadas, eram no fim da cidade na época. Algumas no limite entre as zonas rural e urbana, e nada mais natural, né?

Obviamente na Mina do Ouro.

Já que buscaram-se os enormes terrenos (que abrigariam dezenas ou mesmo centenas de residências cada) onde eles eram abundantes e assim mais em conta, pois quem faria uma cohab no Batel ou Jd. Social?

Mas 4 décadas depois a cidade cresceu muito, e várias partes que então eram periferia se encareceram de maneira acentuada.

Resultando que vários dos conjuntos feitos pela ditadura se aburguesaram tremendamente.

Ao lado dessas mansões de gente rica há um barraquinho num terreno invadido.

Hoje são inacessíveis a classe proletária, viraram média ou mesmo média-alta burguesia.

O Solar e o Mercúrio são exemplos perfeitos. Bem, o Bacacheri é hoje um bairro de perfil mais elevado mesmo, até por ser vizinho do Jardim Social já citado e do Cabral.

O Cajuru ainda é periferia, em sua maior parte, incluso com grandes favelas.

Como o S. Inácio é íngreme, a diferença de altura do terreno e da rua (no detalhe a casa vizinha). Me lembrei de Blumenau-SC.

A maioria já urbanizadas, não são mais barracos com gatos, mas são ‘as favelas do século 21’.

O Cajuru é muito grande, ao lado do CIC e Sítio Cercado os únicos bairros de Curitiba com mais de 100 mil moradores. 

Sendo extenso e densamente povoado, o Cajuru é heterogêneo, abriga diversos perfis em suas vilas e conjuntos, alguns radicalmente distintos entre si:

Uma vila mais popular.

As vilas Autódromo, Trindade, Acrópole, São Domingos, Moradias Cajuru entre outras são ainda regiões bem populares.

Entretanto, no Conjunto Mercúrio esse está longe de ser o caso.

O Mercúrio e o Solar são exemplos, dizendo de novo, de conjuntos de cohab que se aburguesaram.

E os moradores modificaram muito suas residências, cada um a seu gosto, nessas últimas 4 décadas.

Vai pra Saturno. Seria um ônibus-espacial??

Passando ali você não percebe que um dia as casas foram todas iguais.

Tudo somado, não são mais cohab, não são mais periferia.

Um dia abrigaram a classe trabalhadora, mas hoje cumprem o papel de regiões aburguesadas.

Próximas 3: a BR-277, em frente ao Pq. Barigüi, onde a estrada termina. Tirei uma foto parecida em Guarulhos, Gde. S. Paulo.

E tudo isso também se aplica ao Conjunto Saturno, no Santo Inácio.

Ali, hoje mora uma média e média-alta burguesia.

Ainda assim, a metamorfose maior ocorreu nos terrenos que estavam vagos, ou que abrigavam apenas uma casa simples num espaço enorme:

Nesses as construtoras compraram e ergueram conjuntos de sobrados duplex ou triplex, aí não de média-alta burguesia, mas alta mesmo, e até de elite.

………..

Comentemos um pouco as imagens espalhadas pela mensagem.

Vocês sabem, nem sempre a foto corresponde ao texto a seu lado, busque pelas legendas. Vemos no decorrer da matéria

O ônibus (espacial???) que faz a linha Saturno

Na Gde. Florianópolis-SC pontos de ônibus em concreto são comuns. Em Curitiba só em rodovias, e olhe lá (destaquei a bandeira da Pátria Amada que há numa empresa nessa mesma BR-277).

Trata-se do veículo numerado BA010 da Viação Glória, ex-AA010 da Marechal. Em pleno bairro Santo Inácio, Zona Oeste de Curitiba.

Por décadas e até 2010 quem atendia essa região da cidade era a Viação Curitiba.

Na “licitação” a Marechal assumiu parte de suas linhas. Depois essa última também saiu de cena e a Glória encampou.

Eu cresci, como dito acima, na Zona Norte de Curitiba, bairro Santa Cândida mais especificamente, na fatia da metrópole então servida pela Glória.

Se você me dissesse então que um dia eu veria os busos da Glória nos confins da Z/O eu ia mandar te internar num hospício – mas aqui estão eles! O mundo dá voltas . . . .;

Na mesma BR-277 um barracão abandonado. Na verdade são vários em sequência.

Já fotografei a mesma cena na Cachoeira, Zona Norte de Curitiba, e em Guarulhos, Zona Norte igualmente mas da Gde. São Paulo;

Acima, um riachinho, afluente do Rio Barigüi;

Ao lado e abaixo: muitas casas de madeira, pois é Sul do Brasil – no 2º caso entremeadas por um sobrado mais novo;

– Aquele passeio no Santo Inácio foi “o Dia dos Fuscas“.

Como nós tocamos no assunto, confira matéria especial que fiz sobre esse carro, o mais querido da história da humanidade.

Voltando a minha incursão na Zona Oeste de Curitiba. Foram vários ‘Fucas’, como já dito.

Próxs. 3: pequena favela (ou ‘comunidade’) no final da Estrada da Mina do Ouro – já urbanizada, a prefeitura asfaltou e nomeou oficialmente a rua que corta a vila.

Na ocasião cliquei um amarelo todo preservado no estacionamento do Pq. Barigüi.

Depois o ‘Fuscão de Rally‘ numa casa de madeira na BR.

E mais dois nas ruas e garagens do bairro, esses sem serem fetiche, não estão preservados nem cheios de frases exóticas.

Simplesmente são ainda o meio de transporte da família.

Alias os dois são ‘Fusca Azul’ – eu não tive filhos, convivo pouco com crianças.

Por outro lado, quem tem filhos me informou que existe uma brincadeira chamada ‘Fusca Azul’.

Casa sem muro, com os prédios do Mossunguê (alguns dizem ‘Ecoville’) ao fundo.

Feita com duas ou mais pessoas, sejam só crianças ou as vezes entre crianças e um adulto:

Quando dois ou mais participantes estão juntos e aparece um carro dessa marca, quem vê primeiro grita “Fusca!!”, e ganha um ponto.

O de cor celeste é o trunfo, vale o dobro. Quem grita “Fusca Azul” ganha 2 pontos.

Bem, eu registrei 4 Fuscas, sendo 2 azuis. Marca aí meus pontos . . .

Vi mais um Fusca dentro de uma garagem, mas como teria que posicionar demais a câmera dentro da propriedade alheia, esse preferi pular.

Eu gosto de Fuscas, o carro mais vendido da história da Terra.

Já cliquei esses redondinhos no México (óbvio), Chile, Colômbia, Paraguai e África do Sul.

Aqui e a seguir no Pq. Barigüi.

Além de vários lugares de Curitiba e do Brasil em geral – aqui em nossa pátria só vou pôr duas ligações:

Desfile de comboios de Fucas que presenciei em Salvador-BA, em 2020.

E na Rodovia do Xisto (BR-476), entre Lapa e São Mateus do Sul-PR, em 2016.

Já fiz matéria sobre os Fuscas na República Dominicana (pois lá eles foram o ‘carro do terror’ da ditadura Trujillo), em Curitiba.

E já os desenhei no México, Curitiba e Rio de Janeiro.

FLORES DO BARIGÜI –

Emendo com outra postagem, publicada em 20 de outubro de 2017.

Repetindo o que a legenda já informou e além de tudo é óbvio, acima e ao lado no Parque Barigüi, daí o título.

As flores, o lago represado do rio, e os prédios (que já ficam no Bigorrilho, também Zona Oeste) ao fundo.

Aparece a Universidade Tuiuti ao fundo, ao menos uma pontinha do prédio.

A partir dessa a direita as tomadas foram feitas nas ruas do bairro Santo Inácio, imediações do parque.

Alias nela além do carro vermelho descendo a rua vemos também alguns pinheiros que acabaram ficando pra dentro de um condomínio de padrão elevado.

Uma florida árvore provem um tapete vermelho pra quem passa na rua.

Mais flores das ruas do Santo Inácio, Zona Oeste.

Ao lado na Avenida Manoel Ribas, logo atrás do Parque Barigüi e do Portal Italiano.

Bairro das Mercês. Nesse trecho a avenida também é chamada de ‘Via Veneto’.

Foto tirada de dentro de um ônibus 2-andares da famosa Linha Turismo.

Clicado em 17 de dezembro de 2016, publicado em 27/12/16.

Deus proverá.

a Curitiba que não sai na T.V.: Complexo da Caximba, ponta da Extremidade Sul

lado a, lado b: agora vejamos o ‘lado b’ da cidade

Ponto final do Vila Juliana na Caximba: olhe quanta quiçaça (lixo e entulho) atrás do busão. É um alimentador do Term. Pinheirinho – em 2021 deveria ter sido transferido pro Terminal Tatuquara recém-inaugurado, segundo a própria prefeitura planejou e anunciou muitas vezes. Mas isso não foi feito, a linha continua saindo do Pinheirinho.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 5 de junho de 2017

Maioria das imagens de minha autoria. As que forem baixadas da internet identifico com um ‘(r)’, de ‘rede’. – créditos mantidos sempre que impressos nas mesmas

Em dezembro de 2016, andei (mais uma vez) na Linha Turismo.

Que se concentra, além óbvio da Zona Central que foi onde a cidade começou, nas Zonas Oeste e Norte, as partes ricas da metrópole. Daí eu produzi uma matéria chamada Linha Turismo, a Curitiba que sai na TV.

Por trás do veículo: a região se tornou um lixão clandestino, pois estamos em uma das maiores e mais novas favelas da cidade, o ‘Complexo da Caximba‘ (no destaque em melhor definição, pra vermos que novas casas são erguidas o tempo todo no local).

Então agora pra fazer o contraste vamos ver exatamente o contrário, a Curitiba que não sai na TV.

Bem-vindo a Caximba, a extremidade da Zona Sul.

É o bairro mais distante da cidade, pois ele fica a cerca de 25 quilômetros do Centro.

As imagens dizem tudo: esse pedaço pouco famoso da cidade está passando por seguidas invasões.

Ainda há muitos sítios e fazendas no bairro: a foto é auto-explicativa, precisa dizer mais?

Isso já vem desde 2010, e o processo continua ainda em andamento.

Milhares de pessoas vivem sem nenhuma infra-estrutura.

A situação realmente é bem crítica e vem se agravando.

………

A Caximba não é só favela, evidente.Há também uma parte rural (esq.), mesmo dentro dentro da metrópole.

Carvão, na tomada a seguir terra pra jardim, ambos provenientes da Caximba: o ramo da extração gera bastante empregos no bairro.

A atividade econômica principal do bairro é a extração mineral e vegetal.    

Há na Caximba diversas olarias – esse fato nomeia até a linha de ônibus, aliás

Seu solo também fornece terra pra jardinagem e areia pra obras. Além disso há indústrias de carvão na região (ao lado e abaixo).

Na rua principal do bairro existem casas de alto padrão, provavelmente dos proprietários e gerentes dessas indústrias extrativas.

…………

Fiz uma postagem dizendo que o Tatuquara é a ‘Extremidade Sul’ de Curitiba.

Bem, entre os bairros que têm mais de 50 mil moradores e que já eram urbanos na virada do milênio ele certamente é o mais meridional.

Porém depois dele vêm mais dois, o Campo de Santana – até uma década e meia atrás (texto de 2017, lembre-se) a maior parte rural, poucas vilas urbanas.

Mapa do ‘Complexo da Caximba‘, em azul a parte antiga, laranja o que é mais recente.

No entanto hoje quase 100% urbano pois foi o que mais cresceu na década passada;

E a seguir a Caximba, que é o que mais cresce (ao menos em termos proporcionais) atualmente.

A Caximba e o vizinho Campo de Santana são os únicos bairros de Curitiba que distam mais de 20 km do Centro. Portanto a própria ponta da Extremidade Sul.

Até o começo dessa 2ª década do séc. 21 a Caximba ainda era basicamente uma parte rural, conhecida da maioria dos curitibanos somente por abrigar o aterro sanitário (lixão).

O aterro saiu dali, a maior parte de lixo doméstico foi pra região metropolitana.

Na tomada aérea dimensionamos o tamanho do ‘Complexo’ (r) – o Rio Barigüi no canto.

Depositado agora no município de Fazenda Rio Grande (que também é Zona Sul, alias perto da Caximba). Ali são despejadas 2,3 mil toneladas por dia.

E um outro aterro sanitário foi aberto no município de Curitiba, na Zona Oeste, na divisa entre CIC e São Miguel, nos fundos do ‘complexo’ das Vilas Conquista e Sabará.

Esse depósito recebe 100 toneladas diárias (segundo algumas fontes ali também é descartado o lixo hospitalar).

Os extremos Sul e Oeste de Curitiba ainda são rurais – nessa mensagem todas as fotos foram feitas na Caximba, evidente. Detalhe que o cara havia escrito “alho” corretamente, mas a seguir hesitou e ‘corrigiu’ pra ”alio”.

Alias, já falei sobre isso com muitas fotos: em 2012 e de novo em 2015 houve grande onda de invasões na região do Sabará e imediações.

E por isso as pessoas estão morando em solo e ar  contaminados.

As duas maiores favelas de Curitiba hoje (entre as ainda não-urbanizadas, ou seja, com gatos de luz, etc) são justamente o ‘Complexo do São Miguel na Zona Oeste e o ‘Complexo da Caximba’ na Zona Sul.

Aqui e a direita: embora hoje a Caximba seja mais conhecida pela favela, há partes de alto padrão. Na via principal do bairro (Estr. Del. Bruno de Almeida, antiga ‘Estrada da Caximba’) alguns desses sobrados, quase todos de descendentes dos pioneiros imigrantes da Itália, que acabaram ‘subindo na vida’.

Ambas são o resultado de várias vilas que se uniram numa só.

Da parte ocidental falamos outro dia. De volta a nosso tema de hoje. Dizendo mais uma vez, ainda existe uma Caximba em que as pessoas tiram o sustento da terra.

Onde bois e cavalos pastam despreocupadamente, e agricultores vendem hortaliças ‘direto da roça’.

Uma Caximba em que os terrenos são enormes, há várias olarias ativas.

E uma parte da população do bairro emergiu a média-alta burguesia, morando em elegantes sobrados.

Ao lado disso, a baixada do Rio Barigui (sim, o mesmo que rio acima abriga o parque mais famoso da cidade) vem sofrendo grandes invasões.

Olaria na Caximba. Nesse bairro e em vários outros no Extremo Sul (Campo de Santana, Umbará e Ganchinho) elas são muito comuns.

Como resultado abrigando em suas várzeas e entorno várias favelas.

Em 2010 houve a maior das ocupações do local. Batizada a princípio ‘Território Nacional’, depois foi rebatizada com uma data, “29 de Outubro”.

O dia em que ela foi fundada. Essa é uma forte tradição na Zona Sul de Curitiba.

Na própria Caximba, ali ao lado, há a vila ‘1º de Setembro’.

Uma característica tão marcante que até o ônibus se chama “Caximba/Olaria‘ – ele percorre toda a Delegado B. de Almeida  (r).

E na divisa do Ganchinho com o Sítio Cercado há a vila ’23 de Agosto’.

Na Caximba já haviam algumas pequenas ocupações irregulares:

Notadamente a 1º de Setembro que acabo de citar (do lado esquerdo da rua que liga Curitiba a Araucária).

E a ‘Sapolândia’ (do lado direito, essa já na margem do rio, e por isso o nome, pois obviamente a várzea alaga com frequência), além de outras menores.

O mesmo alimentador nos anos 80 , amarelo, e o “Cachimba” com ‘ch‘ – até recentemente a linha tinha ramal, a que se chamava somente ‘Caximba’ tinha ponto final na igreja de mesmo nome; o ‘Caximba/Olaria’ segue mais 2 km, até o fim da rua, quase na divisa com Araucária e Fazenda Rio Grande. Atualmente não existe mais ‘Caximba’, só o ‘Caximba/ Olaria’ – todos os ‘carros’ da linha passam pela igreja mas seguem até o final da rua (r).

Porém as vilas eram próximas mas não unidas, haviam grandes terrenos vagos entre elas. Terrenos que foram ocupados em 2010.

Assim todas essas vilas antigas e menores se fundiram com a nova e maior, formando o que os cariocas chamam de ‘complexo’, e os mineiros ‘aglomerado’.

Surgiu o Complexo da Caximba/Aglomerado da Caximba, pra usarmos o léxico do Sudeste do país.

Então, recapitulando. Em 2010 surgiu a invasão ‘Território Nacional, a seguir renomeada ’29 de Outubro’, nomes que os moradores usavam.

Mais onhecida pela população em geral simplesmente a ‘Favela da Caximba’.

Com a princípio 150 famílias (o que dá perto de 500 pessoas), logo a invasão inchou pra 4 mil moradores.

Na virada do milênio a Caximba era conhecida por abrigar o aterro sanitário de Curitiba (r): ativo de 1989 a 2010, quando foi desativado – falo do ‘lixão’ oficial, onde descarregavam os caminhões autorizados pela prefeitura, não dos lixões clandestinos que existem agora.

Acompanhamos tudo isso em nosso canal de comunicação, os pioneiros entre os leitores receberam os relatos ainda no modal do ‘e-meio’.

Com a promoção pro modal da página fiz uma grande matéria sobre as invasões em Curitiba, que englobou diversos emeios.

Em 2014 saiu com grande alarde na imprensa que foi feita a desocupação da área, sendo retiradas mil famílias. 

Proxs. 2: transição entre cidade e campo. Fora da favela os terrenos são enormes, ainda que as casas sejam simples, de madeira. Vale também pros vizinhos bairros do extremo Sul.

Eu pensei que era o fim do ‘Complexo da Caximba’, que toda a parte invadida havia sido removida.

Que o ‘Território Nacional’ havia tido apenas 4 anos incompletos de vida.

Imaginei que a maior parte do bairro tivesse voltado a ser de terrenos desabitados, com área verde.

Nada poderia ter sido mais distante da realidade.

Em fins de 2016, navegando pelo ‘Google’ Mapas, vi que a maior parte da região invadida em 2010 continuava ocupada.

Casas mais simples porém fora da favela, a maioria também de descendentes de italianos, mas esses não se aburguesaram.

Ou seja, continuava com um emaranhado de ruas de terra sem nome e sem iluminação pública.

E com casas (a imensa maioria de madeira pois é Sul do Brasil) muito humildes.

Quase todas sem pintura, em meio a lixo, esgoto a céu aberto, fiação clandestina de eletricidade (gatos).

Fui checar se a filmagem fora feita antes ou depois de 2014, portanto antes ou depois da desocupação.

Pois obviamente se estivesse datado entre 10, 11, 12 ou 13 retrataria uma situação que talvez não existisse mais.

Pinheiros e até pesque-pague (‘pesqueiro’).

Mesmo se fosse de 2014 eu iria conferir o mês, pra saber se antes ou depois da reintegração de posse.

A questão é que a rua principal foi filmada em “janeiro de 2016”. E nas esquinas se via que as casas continuavam lá, indo fundo no bairro.

Então a ocupação da Caximba não acabou. De fato retiraram mil famílias, mas já haviam muito mais de o dobro disso, e o restante ficou.

Outra tomada de uma Caximba e uma Curitiba ainda com gado pastando no campo.

Ademais, depois de 2014 novas invasões ocorreram, se re-assentando no espaço que havia sido desocupado.

Fui até o local, de carro, com familiares. Nesse dia não pude fotografar, demos apenas rápida volta na favela.

Suficiente pra ter certeza, agora com meus próprios olhos: sim, o ‘Complexo da Caximba’ ainda existe e está cada vez maior.

Como disse, a ocupação que começou com 150 famílias 4 anos depois já tinha mais de 2 mil. Metade saiu a força, metade ficou. A favela perdeu parte de suas quadras mas não se extinguiu. 

O ‘Dia dos Chevrolets’. Pude clicar 3 dessas antigas máquinas na ativa. Produzidos nos anos 70 (veja um deles quando novo em Curitiba, “naquele tempo” em que os ônibus ainda eram pintura livre), pois a décadas essa marca estadunidense deixou de fabricar pesados no Brasil na Colômbia permanece atuando. O da foto maior rodando, mais uma foto na Del. Bruno de Almeida, os outros 2 parados dentro do ‘Complexo da Caximba’. O marrom é o ‘Bigode Grosso’, e está a venda por 13 mil. Pechincha ou não?, você me diz. E o azul tem o para-choque amarrado com fio, certamente o encaixe já quebrou. Mas o bichão taí, lutando, nunca desiste ! Alma Forte!!!!

E como uma hidra em que se você corta uma cabeça surgem outras, de lá pra cá vários moradores desalojados em 2014 voltaram, e outros chegaram pela 1ª vez.

A invasão cresce a todo vapor, como as imagens deixam claríssimo. Agora enfim deu certo de eu ir a pé e sozinho pra poder captar essas cenas.

No meio de 2017 a própria prefeitura estimou a população do ‘Complexo da Caximba’ (somando as vilas novas e antigas) em 7 mil pessoas.

Fora do ‘Complexo’ devem morar mais quase mil pessoas na Caximba.

Somando portanto 8 mil, ou perto disso. Até 2020 serão bem mais de 8 mil, se houverem novas invasões 9 ou já beirando 10 mil.

Como a Caximba tinha somente 2 mil habitantes no Censo de 2010, sua população será quadruplicada, quem sabe quase quintuplicada, nessa década.

Configurando-se assim o bairro de Curitiba que mais cresce entre os censos de 10 e 20, pelo menos no quesito proporcional.

2010: surge a ocupação na Caximba, no início chamada ‘Território Nacional’ (daí a bandeira da Pátria Amada), depois ’29 de Outubro’ (r).

Natural. Curitiba cresce para o Sul, como eu já retratei em detalhes.

Na década de 90, os bairros da cidade que mais aumentaram sua população foram (os números são dos censos de 91 e 00):

Sítio Cercado (Z/S), de 52 pra 102 mil. Simplesmente dobrou, e olhe que a base não era tão pequena, mesmo assim ganhou nada menos que 50 mil pessoas.

Tudo por causa da implantação pela prefeitura (Cohab) do Bairro Novo, em 1992, que se consolidou nos anos seguintes. Assim vemos que o Sítio, nos anos 90, teve altíssimo crescimento tanto em termos absolutos como proporcionais;

Daqui até o fim todas as imagens retratam o ‘Complexo da Caximba’. Repare que a rua não tem iluminação pública, toda a fiação que puxa luz pras casas é clandestina.

Cidade Industrial, de 116 pra 157 mil. Também acima de 50 mil curitibanos a mais nesse bairro.

A Cidade Industrial fica em sua maior parte na Zona Oeste, mas sua ponta austral está na Zona Sul.

No crescimento absoluto empatou com o Sítio Cercado, mas no proporcional foi bastante elevado (superando os 40%) porém ainda assim bem menos que o Sítio, já que em 1991 a CIC já tinha além do dobro de pessoas que o Sítio Cercado;

Uberaba, de 35 pra 60 mil, agregando 25 mil. Também em grande parte devido a volumosa onda de invasões ocorrida entre 1996 e 1998, com pico em 98.

Tampouco existe saneamento básico. Esgoto corre a céu aberto (cheiro forte num dia gelado como o que fui lá, imagine no calor).

Entre os bairros que já abrigavam pelo menos 5 mil moradores, teve o terceiro maior crescimento proporcional, 70%.

O Uberaba fica na Zona Leste, mas divisa com a Zona Sul, feita pelo Rio Belém. Eu moro no Boqueirão, Zona Sul. Estou a menos de uma quadra do Uberaba;

Tatuquara, Zona Sul, de 8,1 pra 36 mil, sendo acrescidas quase 28 mil pessoas.

Entre os com já no mínimo 5 mil, maior crescimento proporcional, mais que quadruplicou;

Acima falei dos bairros mais populosos, que já tinham pelo menos 5 mil moradores, e mesmo assim incharam muito nos anos 90, acrescendo entre 25 a 50 mil novos moradores cada.

Repetindo: sem rede de luz oficial – a noite um breu total -, fios clandestinos pras casas.

Malgrado a prefeitura negue de forma falsa, o município de Curitiba ainda conta com pequena Zona Rural em suas extremidades Oeste e Sul.

Como as fotos feitas na Caximba (Z/S) e Augusta e São Miguel (ambos Z/O) comprovem valendo mais que mil palavras.

Assim, obviamente haviam ali até o fim dos anos 80 vários bairros esparsamente habitados, com sua população contada em poucos milhares.

Ou mesmo na casa das centenas de pessoas em cada um.

E vários desses subúrbios que eram (e ainda são) a transição entre rural e urbano se tornaram mais urbanos na década de 90.

Lote a venda por 12 mil. Sem documentos, óbvio. Você não acha terreno escriturado no município de Curitiba por menos de 80 mil, mesmo nos bairros mais distantes.

Como a base inicial era baixa, eles tiveram logicamente altíssimo crescimento proporcional, malgrado terem ganho cada um apenas alguns milhares de habitantes.

O São Miguel teve o maior aumento em termos de porcentagem de toda cidade, de mil habitantes foi pra 4,9 mil, portanto praticamente quintuplicou.

Como já dito e é notório, S. Miguel é Zona Oeste. Mas não muito longe da Zona Sul, tanto que os alimentadores que o servem vão pra terminais da Z/S, ou ligam a Z/S a Z/O.

O Ganchinho, também Zona Sul, foi de 2,6 pra 7,3 mil. Bem mais que dobrou, não faltou muito pra triplicar.

Por toda a parte nova da invasão na baixada do rio se acham esses depósitos de entulho. Servem pra aterrar os terrenos, pois a terra ali é balofa (afunda ao pisar) e alagadiça. Natural, pois estamos na várzea do Barigüi.

A própria Caximba que vemos aqui triplicou na década de 90.

Tinha somente oitocentos e poucos moradores em 1991, ainda na casa dos 3 dígitos portanto. Em 2000 eram 2,4 mil caximbenses.

O Campo de Santana (que fisicamente fica entre Tatuquara e Caximba e assim obviamente também na Zona Sul) pulou de 4,1 pra 7,3 mil. Perto de 80% de aumento.

A base do C. de Santana já era bem maior que a da Caximba e S. Miguel. Enquanto esses outros dois oscilavam perto do 1º milhar, o Campo de Santana já tinha 4 vezes esse número.

Assim logicamente o crescimento proporcional foi menor.

Cena triste: pessoas reviram os resíduos, na busca de material reciclável. Mesmo nessas condições novas casas surgem o tempo todo, sinal que tem gente que necessita estar ali. Alguns dizem que Curitiba é de “primeiro mundo” . . . Piada sem graça! Alias, na Caximba me lembrei da Pratinha, uma das favelas que visitei em Belém do Pará.

Portanto dos 8 bairros que mais cresceram nos anos 90 (incluindo proporcional e absolutamente), 5 (Sítio Cercado, Tatuquara, Caximba, Ganchinho e Campo de Santana) ficam integralmente na Zona Sul.

Uberaba na Zona Leste, mas limítrofe a Sul. Cidade Industrial majoritariamente na Zona Oeste, mas um pequena porção também na Sul.

E São Miguel logo atrás da CIC, assim também na Z/O, mas não longe da Z/S.

Nenhum na Zona Norte, e nem mesmo na Z/O e Z/L mas próxima dela.

Próximas 2: sinalização não-oficial, feita pelos próprios moradores. Nessa placa imitaram o azul e o desenho da sinalização oficial, mas as letras são distintas.

…….

Após um grande pico nas décadas de 70, 80 e 90 (nesse ensaio analisamos somente a última dessas 3) o crescimento populacional de Curitiba arrefeceu bastante após a virada do milênio.

Essa situação que se repete na maioria das capitais do Centro-Sul. Falando especificamente da capital do Paraná:

Nos anos 90 dois bairros tiveram aumento de 50 mil pessoas cada, mais dois em pelo menos metade desse número.

Já na primeira década do milênio os quatro primeiros ganharam entre 12 a 20 mil, cada um deles. Respectivamente (nos censos de 2000 e 2010):

E aqui pintaram nas paredes. A rua principal da parte nova (de 2010) foi batizada “Av. do Comércio”. Aqui na esquina com a “1º de Setembro”. Essa, por sua vez, é a via principal de outra vila (nomeada com essa data) que já existia antes, e foi fundida com a nova invasão formando o ‘Complexo’. Detalhe: diz ‘cabeleireira’, mas dentro há uma mesa de sinuca.

Campo de Santana, pulou de 7 pra 27 mil. Maior aumento absoluto e proporcional.

O único que atingiu 2 dezenas de milhares de novos habitantes, nada menos que quase quadruplicando sua população.

A razão pra isso que a partir de 2003 ali foi implantado o Rio Bonito.

Uma fazenda foi fracionada em milhares de lotes urbanos, se tornando parte da cidade.

Trata-se de um projeto similar ao Bairro Novo da década anterior, a única diferença é que o Rio Bonito é um empreendimento particular, e não da Cohab. 

Próximas 5: eu subi a rua 1º de Setembro. Quando saí da parte nova e entrei numa vila mais antiga que tem esse exato nome como já dito, a via passa a se chamar “Rua Principal”.

O vizinho Tatuquara continuou crescendo bem, e foi de 36 pra 52 mil curitibanos ali residentes.

Portanto 16 mil novos tatuquarenses em 10 anos, superando os 40% de aumento.

A Cidade Industrial veio logo atrás com 15 mil habitantes a mais, de 157 pra 172 mil.

Se no absoluto quase empatou com o Tatuquara, no proporcional foi bem menor, por volta de 10%, pois a base era bem maior.

O auge do CIC foi antes, nos anos 80, quando o bairro ganhara impressionantes 70 mil novos moradores em apenas 10 anos.

Recorde que irá perdurar por toda história de Curitiba, e que também tornará o CIC por muitas décadas e mesmo séculos o bairro mais populoso da cidade, salvo uma hecatombe nuclear.

Digo, do lado a direito da rua é a parte antiga, e que por isso já conta com rede de eletricidade oficial. A esquerda da via outra invasão bastante recente. Aqui já estamos numa parte mais alta, que não alaga. São muitas invasões pela região, umas recentes e outras não. Tudo agora ‘junto & misturado’.

– O Uberaba igualmente manteve um ritmo elevado por mais uma década, e pulou de 60 pra 72 mil pessoas ali vivendo.

12 mil a mais portanto, fechando a lista dos que aumentaram superando a dezena de milhar. No proporcional já não impressiona tanto, 20% de acréscimo.

– Afora o Campo de Santana que liderou no absoluto e proporcional, em termos percentuais depois vem a Augusta (Zona Oeste, ao lado do CIC e São Miguel) que passou de 3,6 pra 6,5 mil, crescendo mais de 80% na década.

A causa é que a prefeitura implantou ali diversas Cohabs, além de loteamentos particulares.

Houve também em 2003 uma grande invasão na divisa com o CIC, chamada inicialmente ‘Colina Verde’.

Postes de luz oficiais, sim. Mas também sem saneamento básico.

Também na Zona Oeste, o Mossunguê passou bem perto, faltou pouco pra atingir 70% de crescimento. Subiu de 5,6 pra 9,6 mil.

E nesse caso o crescimento foi majoritariamente na alta burguesia, classe alta e média-alta.

Como é sabido, ali foi implantado o que é conhecido pelo pomposo nome de ‘Ecoville’.

Trata-se da ‘Barra da Tijuca Curitibana’, um subúrbio afastado na Zona Oeste de prédios caros.

Só aqui não tem praia, óbvio (por curiosidade já que traçamos paralelos com o Rio, a ‘Copacabana Curitibana’ é o Parolin, na Zona Central – também sem mar, infelizmente).

De volta a Zona Sul, o Ganchinho subiu 50%, de 7,3 pra mais de 11 mil.

Igualmente emplacou a segunda década consecutiva se expandindo fortemente.

Ainda a “Rua Principal” da Vila 1º de Setembro.

Resumindo: um bairro da Zona Sul liderou com sobras tanto proporcional quanto absolutamente.

No absoluto, os que vem a seguir são ou na mesma Z/S (Tatuquara) ou respectivamente nas Zonas Oeste e Leste mas adjacentes ou com uma parte na Sul (CIC e Uberaba).

No proporcional, o 2º e 3º de maior elevação são na Zona Oeste, esses bem longe da parte austral da cidade. Mas a seguir mais Zona Sul.

Volta a parte nova na baixada do rio. Alias aqui e na próxima tomada exatamente o Barigüi, note que as construções as suas margens seguem incessantes.

………

E, disse tudo isso pra chegar aqui, a década de 10 ainda está longe de findar.

O que é certo é que a Caximba, que quadruplicará sua população nesses 10 anos.

E assim irá liderar no crescimento proporcional entre os 75 bairros (no absoluto não será a Caximba, vamos aguardar pra ver qual bairro leva a taça).

A esquerda na imagem Araucária. A direita Vila Sapolândia, Curitiba, uma vila anterior a 2010, mas que se uniu a parte nova no ‘Complexo da Caximba’.

Crescimento esse da Caximba que é conturbado, não restam dúvidas.

No ‘Complexo da Caximba’ a infra-estrutura é precária, como notam e é notório pra quem conhece.

Mais 4 cenas da favela: sua alta densidade, os ‘gatos’, ruas de terra que enlameiam.

Bom, alguns acreditavam que Curitiba estaria se ‘gentrificando’.

Ou seja, se aburguesando demasiadamente, empurrando a classe trabalhadora pra região metropolitana.

Nada poderia ser mais distante da realidade, repito de novo.

Digo, sim, boa parte de Curitiba vem mesmo se aburguesando.

Entretanto na Caximba ainda há espaço pra pessoas das classes ‘D’ e ‘E’.

Aqueles que não podem pagar uma prestação habitacional e nem mesmo um aluguel barato.

Resumindo, aqueles que apenas sobrevivem primeiro, e depois, só depois de ter comida no prato, é que sonham em consumir qualquer supérfluo.

No Extremo Sul da cidade ainda há um local, apesar que bastante precário, que pode abrigar esses homens e que a sorte deserdou.

Curitiba cresce para o Sul. E nem sempre de forma ordeira, não custa enfatizar de novo.

Definitivamente, como dizem os ‘manos de rua’: “Zona Sul – aqui Curitiba é diferente”.

Vendo essas imagens, quem poderia duvidar???

Que Deus Pai Ilumine a todos.

“Deus proverá” 

Linha Turismo: a Curitiba que sai na TV

lado a, lado b: esse é o lado ‘a’ da cidade

outra postagem: "Linha Turismo, Curitiba Sai na TV" Parques mapa ctba desenho divisão zonas área verde itinerário roteiro traçadoPor Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 6 de janeiro de 2017

Maioria das imagens de minha autoria. As que forem baixadas da internet identifico com um ‘(r)’, de ‘rede. Créditos mantidos sempre que impressos nas mesmas.

Em dezembro de 16, andei novamente na Linha Turismo.

Fotografei os bairros pelos quais o ônibus passa pra produzir essa matéria.

Alias ela integra a ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO.

Bora de volta falar da Linha Turismo curitibana, que é pra isso que estamos aqui.

Museu Olho Centro Cívico z/c ctba oscar niemeyer escultura

Aqui e a esquerda o tótem: ‘Museu do Olho’ (Oscar Niemayer), Centro Cívico, Z/C.

No mapa vemos o trajeto do ônibus 2-andares. Como eu já disse antes e é notório:

A Linha Turismo concentra 95% do trajeto nas Zonas Central, Oeste e Norte.

Na Zona Leste ela entra rapidíssima (só o Jardim Botânico) e a Sul ela ignora por completo.

……..

Pois aqui, repetindo, é “a Curitiba que sai na TV”, o “Lado A” da cidade.

totemPra complementar essa matéria, veja o “Lado B”, exatamente o contrário, a “Curitiba “que não sai na TV”.

Além desse, em vários outros textos nós mostramos a parte da cidade que não é turística.

Por exemplo, eis o ‘Portal da Zona Sul’, que não foi contemplada com a passagem desse ônibus.

belem

Rio Belém, no Centro Cívico/Ahú.

Ali estão ancoradas diversos ensaios fotográficos que fiz em bairros periféricos da Z/S.

Quem não é daqui vai então ficar sabendo o porquê do roteiro ter sido assim traçado.

……….

A periferia, não apenas a austral mas de toda Curitiba e Região Metropolitana, é abordada em outros ensaios.

Portal Polonês na Rua Mateus Leme.

No tema de hoje nós vamos ver a porção turística, arborizada e de melhor padrão econômico da capital do Paraná.

Vou descrevendo o trajeto, bem ilustrado com fotos.

Quando eu já tiver feito outras postagens sobre aquele bairro, eu dou a ligação em vermelho.

Tudo isto posto, vamos lá. Eu comecei no ‘Museu do Olho’ (Oscar Niemayer), Centro Cívico, na Zona Central.

jd-schaffer-4

Aqui e na próx.: Jd. Schaffer.

Visto acima nas tomadas legendadas. A seguir cruzamos o Rio Belém (imagem logo a seguir).

Acima, entrando num pequeno trecho da Mateus Leme, passamos sob o Portal Polonês.

Bem próximo ao Bosque João Paulo 2° (agora canonizado pela Igreja Católica).

Esse parque é o Memorial da Imigração Polonesa, criado após a visita de J. Paulo a cidade em 1980.

jd-schafferFiz um desenho em que mostro o Belém, o Bosque do Papa e o Museu do Olho ao fundo.

Acima e nessa imagem a esquerda: Jardim Schaffer.

Uma região de alto padrão, como notam, onde está o Bosque Alemão.

Não pude fotografar esse parque porque ele ficou a direita do ônibus.

pedreira ctba z/n abranches rua portões portão entrada portal bosqueE como vocês notam em várias tomadas, eu me sentei a esquerda do busão.

Pelo mesmo motivo não cliquei o Parque Tanguá, Jardim Botânico, entre outras paradas.

Peço desculpas, mas não havia como ficar trocando de banco, tive que escolher um assento e me fixar nele.

ópera arame abranches Z/N bosque teatro ponte metal ferro árvore verde parque lago águaSeja como for, o Schaffer (cujas algumas ruas têm nome de compositores de música clássica) não é um bairro independente, mas uma ‘vila’.

Uma vila de alto padrão social, claro. Ainda assim, uma vila, e não um bairro.

Os bairros a que o Schaffer pertence são a Vista Alegre e Pilarzinho, na divisa entre as Zonas Oeste e Norte.parque são lourenço outra postagem: "Linha Turismo, Curitiba Sai na TV" z/n placa vertical ctba canal tótem totem árvore bosque banca lanchonete comércio trânsito avenida ladeira

Já pedi desculpas e expliquei porque não fotografei o Bosque Alemão e Parque Tanguá.

Nas duas fotos acima vemos o Abranches.

A direita acima é o portão de entrada da Pedreira Paulo Leminski.

geminado-pilarzinhoE passarela dá acesso aquela construção tubular redonda entre o verde que é a Ópera de Arame.

A passarela também é de arame, e portanto vazada.

Por isso criaram a ‘Faixa do Salto-Alto’ no canto.

Já fiz matéria específica sobre a região, onde eu explico melhor a história.verde-4-pil

Curiosidades calçadistas femininas a parte, a rua da Pedreira e Ópera (João Gava) desemboca no Parque São Lourenço. Acima a direita o tótem dele.

Depois o busão retorna ao Pilarzinho.

As próximas 8 imagens (contando a partir dos sobrados geminados a esquerda) são desse grande e populoso bairro da Zona Norte.

Alias como veremos por seu considerável tamanho o Pilarzinho tem uma heterogeneidade social muito grande.

Antigamente o bairro já tinha sua porção mais central bem aburguesada. madeira-pilarzinho-3

Por outro lado sua parte mais afastada do Centro, bem próxima de Tamandaré, era periferia mesmo.

Agora o aburguesamento avança rum ao subúrbio, então tudo convive:

pilarzinhoSobrados triplex de meio milhão de reais (ou mais);

Sobrados mais simples e prédios classe-média;

E ainda restam certas partes de periferia com casas simples de madeira e mesmo algumas favelas.

……..pilarzinho-5

Alguns detalhes se sobressaem:

Veja quanta área verde.

Nas Zonas Norte e Oeste Curitiba é uma das cidades mais arborizadas do mundo.

lote-pilarzinho-2Próximas 2 tomadas:

Ainda no Pilarzinho, vemos a periferia típica do Sul do Brasil. Como já falamos muitas vezes:

Casa de madeira;

lote-pilarzinho

Aqui se encerra a sequência do Pilarzinho.

Terreno enorme, dá pra fazer um campo de futebol;

– Muro baixo, ou mesmo uma cerquinha de madeira;

– Sem calçamento nem fora nem dentro do terreno.

Flagramos até um Fuca na ativa!, como você pode observar.

No entanto, tudo isso está mudando.

A Zona Oeste e em menor medida vários bairros da Norte concentram boa parte dos grandes terrenos ainda vagos dentro da cidade.taboao

Fora dali, isso só acontecia até recentemente também no Uberaba (Zona Leste) e Xaxim (Zona Sul).

Por isso todos esses bairros foram os que mais cresceram nesse século, nas últimas duas décadas e meia.

pq-tingui-3Exatamente por serem os que têm mais espaço disponível.

Repare que na foto acima da do Fusca o gigante terreno já tem placa de vende-se.

Logo será um condomínio, horizontal ou vertical.

A direita mais um prédio novo, no bairro Taboão, vizinho ao Pilarzinho. pq-tingui-7

……….

Vamos cruzar o Rio Barigüi.

E portanto saímos do Pilarzinho, Zona Norte, e voltamos a Vista Alegre e a Zona Oeste.

É a vez do Parque Tingüi, um dos muitos as margens do Barigüi.

pq-tingui-6Acima a esquerda exatamente a área verde ao redor do lago formado pelo represamento do Rio.

E depois duas pontinhas de madeira (uma pra pedestres e outra pra veículos) cruzando-o.

O Memorial Ucraniano (esq.) também fica no Pq. Tingüi.

Saindo do parque, vemos ao lado aquilo que te falei:

vista alegre z/o ctba sobrado condomínio fechado classe média alta moto céu nuvens eliteConstruções relativamente novas de classe alta e média-alta.

São recentes, como dito. A região era pobre antes do parque (pois é bem no subúrbio, a poucos metros de Tamandaré).

E ainda restam algumas casas bem humildes, onde se cria até galinhas, bordejando essa área verde.

A questão é que nada disso dá pra ver do ônibus.

madeira-vista-alegre-2

Vista Alegre: sobrado bi-modal (alvenaria/ madeira), comum no Chile e Santos-SP.

……

Digo, essa ao lado do Tingüi não dá mesmo.

No entanto logo a seguir a Linha Turismo entra em Santa Felicidade, e o mesmo se repete: 

Ainda há casas que criam galinhas, dentro da cidade.

Nas próximas duas tomadas abaixo (a mesma em escalas distintas) comprovamos o que falo.

Próximas 8: Santa Felicidade, Z/O.

Ressalto, aqui é Santa Felicidade, já longe do Pq. Tingüi.

O Extremo Oeste da cidade ainda mantém pequena área rural.

Em outros bairros da Z/O (não atendidos pela Linha Turismo) ocorre o mesmo, e nesses eu fotografei melhor.

galinha-sf……..

Mudou o bairro, e até a ‘zona’ (de Norte pra Oeste).

Mas muitas cenas em S. Felicidade são similares as que víramos no Pilarzinho:

– Muita área verde;

– Terrenos enormes;lote-santa-felicidade

– Várias dessas matas e lotes com casas humildes já a venda;

– Moradias humildes sendo muitas e muitas na madeira;

Adensamento, aburguesamento com o surgimento lote-santa-felicidade-2de condomínios;

– E até pequenas invasões.

…….lote-santa-felicidade-3

Agora vamos falar das características próprias de Santa Felicidade.

(Não apenas ela. Fotografamos e falamos também seu vizinho menor:

O bairro da Cascatinha, que fica no caminho pra Santa).

Esclarecido isso, vamos lá. É a região italiana da cidade por excelência.

vinicolaEntão a Av. Manoel Ribas concentra enormes restaurantes (onde se serve frango, polenta, maionese e massas), vinícolas e o comércio moveleiro.

Ao lado vemos uma casa de vinhos.madalosso

Mas a maior atração de S. Felicidade vem agora. ‘Maior’ não é figura de linguagem.

Eu disse que os restaurantes são enormes.

Pois bem. O Madalosso (dir.) é nada menos que o segundo maior do mundo.

buso-2Maior da América, maior de todo Hemisfério Ocidental, maior de todo Hemisfério Sul.

O Madalosso serve 4,6 mil pessoas, simultaneamente.

Isso em condições normais, aberto ao público em geral.

 

Segundo se diz, o recorde do Madalosso foi numa campanha eleitoral pra presidente, em que Maluf (sim, aquele Paulo Maluf) fechou a casa e pagou o jantar pra 5 mil pessoas.

Próximas 2: Av. Manoel Ribas, Cascatinha e imediações. Aqui o Portal Italiano.

Corre essa história, mas eu não posso confirmar se é verdade.

O que é fato comprovado é a capacidade normal de 4,6 mil. Maior que ele em todo planeta, só um restaurante que fica na Ásia, no Hemisfério Norte e Oriental.

Pra fecharmos a foto do restaurante, a direita mais pra cima: nota que os táxis em Curitiba são laranjas com quadriculado preto.

O subúrbio metropolitano de Tamandaré xerocou a pintura.

moveis-via-veneto

Loja de móveis.

A prefeitura de Curitiba não gosta dessa cópia que cheira a pirataria, mas não pode fazer nada.

Agora a imagem que aparece um busão amarelo, justamente voltando do Terminal Santa Felicidade:

Foi feita quase em frente ao Madalosso.

O que quero chamar a atenção aqui é que em seu trecho final a Manoel Ribas é de paralelepípedos, calçamento que já foi bem mais comum em Curitiba.

………..

Parque e Rio Barigüi.

As 2 acima, onde aparecem o carro vermelho (esq.) e o Portal (dir.) estamos na Manoel Ribas, mas antes de chegar a Santa Felicidade.

O Portal Italiano fica nos fundos do Parque Barigüi.

torre-teleparDiz “Santa Felicidade”. Estamos a caminho dela, mas ali naquele ponto ainda não é esse bairro.

E sim a divisa das Mercês com Vista Alegre.

Assim que cruzamos o Rio Barigüi que nomeia o mais famoso parque de Curitiba (acima), entramos na Cascatinha, onde foi clicada a loja de móveis a esquerda.merces

………

Depois de Santa Felicidade o buso começa a retornar ao Centro.

sao-francisco-largoPassa pelo Pq. Barigüi, como explicamos e clicamos acima.

E aí passa novamente pelas Mercês. É isso que vamos ver a partir de agora.

Desculpe o pleonasmo. Se estamos avistando a Torre da Telepar (acima a esquerda) é cristalino que estamos nos aproximando das Mercês.

A direita o trecho mais central da Manoel Ribas, também nas mesmas Mercês.

centrao-8

Próximas 11: o Centro da Cidade.

Óbvio que a estatal Telepar já foi privatizada a muito, e não existe mais.

Só que o nome ficou. Eu já fotografei esse mesmo monumento duas vezes, em outras duas matérias sobre a Zona Oeste.

Na tomada acima, onde aparece a galera curtindo no bar, estamos no comecinho da Manoel Ribas.

Quase no Largo da Ordem, em frente ao Relógio das Flores.

Nesse trecho inicial a Manoel Ribas se chama Jaime Reis, mas a rua é a mesma. Detalhe: também de paralelepípedo.

centrao-7Portanto ela tem cobertura empedrada nas duas pontas, o meio é de asfalto.

Ainda falando da foto acima a esquerda em que as pessoas bebem nas mesas no prolongamento do Lgo. da Ordem:

Ali é o bairro São Francisco, umbilicalmente ligado ao bairro que se chama ‘Centro’ mesmo, ambos juntos formam o Centrão da cidade.

………

A partir da tomada acima várias imagens do Centro de Curitiba.

Destaquei o topo do prédio marrom pichado.

Onde a cidade começou, ao menos oficialmente.

Porque na verdade a primeira povoação europeia de Curitiba foi no Bairro Alto, Zona Leste. Mas não deu certo.

Assim o núcleo primordial da urbe (aquilo que na América Hispânica se chama “Praça de Armas”, no México o “Zócalo”) foi transferido pra Praça Tiradentes.

ed-italiaNós já falaremos bem mais e mostraremos melhor a Tiradentes.

Na foto um pouco mais pra cima a direita, exatamente a que está legendada como “Próximas 12: o Centro…”, estamos perto da Rua 24 Horas.

A esquerda acima, onde há uma pichação em vermelho em primeiro plano, é a Praça Santos Andrade.

Onde ficam o Teatro Guaíra e o edifício-sede da UFPR.

Logo acima o Edifício Itália, por muitos anos foi o mais alto do Paraná.

……..

Agora sim: a  Praça Tiradentes. Na foto ao lado vemos a Catedral de Curitiba.

tiradentes

Próximas 4: a Pça. Tiradentes.

Tem dias que esse canteiro de flores fica todo colorido. Dessa vez está seco.

Toda quilometragem de e pra Curitiba tem esse ‘Marco Zero’ que fica na Tiradentes como referência.

Há um similar na Praça da Sé, no Centro de SP.

Portanto quando se diz que 408 km separam as capitais, mais especificamente se está dizendo que essa é a distância da Tiradentes a Sé.

Voltando ao marco daqui de Ctba.:

Em cima há um mapa pra lá de simplificado, mostrando as saídas da cidade.

E em cada ponto cardeal um desenho dizendo pra onde vai a estrada se você seguir nesse sentido.

Como notam, fotografamos a face ocidental: tem o desenho das Cataratas e está escrito “Iguassu”. Na grafia antiga, ainda.

Direita: a Tiradentes não é o marco zero apenas da cidade. É também o ponto inicial e final da Linha Turismo.

Digo, ele é circular, você não é obrigado a desembarcar em lugar nenhum.

Exceto, claro, quando ele completa a última viagem nessa exata Pç. Tiradentes.

Nas viagens intermediárias, ele estaciona porém você não precisa descer.

Só que ali ele fica mais tempo parado pra acertar o horário, é o que se chama ‘ponto de regulagem’ na busologia.

Atualizando: em 2021 o ponto inicial mudou pra Rua 24 Horas.

Pichações em prédio perto dessa praça.

A prefeitura jamais irá admitir publicamente, mas o motivo é a alta concentração de sem-tetos na Tiradentes.

Agora ele só fica nesse local o tempo necessário pros passageiros subirem e descerem. Pra acertar o horário é na 24 Horas.

A esquerda (também na Tiradentes) e em foto um pouco mais pro alto (em outra parte do Centrão, mais perto da Rui Barbosa), 2 prédios todo detonados pelos pichadores.

Fotografei a mesma cena ali pertinho, na Marechal Deodoro, e novamente em Caiobá (Matinhos-PR), Santos e Belo Horizonte-MG.

paco……….

Ao lado: Praça Generoso Marques, nos fundos da Tiradentes.

Em primeiro plano vemos o Museu do Paço Municipal.

rua-das-flores-palacio

Próximas 2: ‘Boca Maldita’ na ‘Rua das Flores’. Vemos o Palácio Avenida.

Ali foi a sede da prefeitura de 1916 a 1969. A frente há uma estátua.

E na base desta há um mapa do Brasil em que o Paraná faz divisa com o Rio Grande do Sul (????).

Espantoso, não? Paraná e Santa Catarina travaram a sangrenta ‘Guerra do Contestado’.

Que justamente contestava territórios. Dependesse da vontade paranaense, Santa Catarina só teria o litoral.

Todo o atual Oeste Catarinense deveria pertencer ao Paraná segundo essa versão, cristalizada no mapa que há estampado nessa praça.

rua-das-flores-2

O primeiro Mc Donald’s de Curitiba (de 1989) está na Luis Xavier. Aos fundos as copas das árvores da Praça Osório.

Ainda sobre a Praça Generoso Marques. Ali era o ponto inicial das primeiras linhas de expresso, quando esse modal começou em 1974.

Depois, quando vieram mais linhas pra outras partes da cidade essa primazia foi pra Pça. Rui Barbosa, que é bem maior.

…………

Já vimos a famosa ‘Boca Maldita’, as últimas (ou primeiras, depende do sentido que você vai) quadras da ‘Rua das Flores‘.

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Próximas 2: Prado Velho, Zona Central. Aqui na João Negrão pontes em dois modais (a de trem desativada) sobre o Rio Água Verde.

Em 1972, Lerner transformou em calçadão a parte mais central da Rua XV de Novembro.

A primeira quadra da XV a partir da Praça Osório se chama Avenida Luis Xavier, por seu tamanho diminuto conhecida como ‘a menor avenida do mundo’.

No ‘Palácio Avenida’, visto na foto a direita um pouco mais pro alto (vide legenda) é que há aquele famoso coral de Natal promovido por um banco.

Começou com o Bamerindus, depois HSBC, e agora é do Bradesco. Muda o patrono, a tradição continua.

……

paiol

Um pouco pra frente na mesma rua, o Teatro Paiol. Aos fundos avistamos a linha dos prédios do Cristo Rei, Zona Leste.

Saímos do Centro. Mas continuamos na Zona Central. Duas tomadas na Rua João Negrão.

A direita acima ponte sobre o Rio Água Verde (afluente do Belém, deságua nele na Vila Capanema a poucas quadras dali).

Até o fim dos anos 80 havia uma linha férrea que ligava Curitiba a Araucária.

Rio Belém atrás da Rodoviária, no Rebouças.

Desativaram-na, mas a ponte ferroviária permaneceu de relíquia.

É sobre o trajeto desativado dessa linha que em 1991 surgiu a invasão ‘Ferrovila’.

Cúpula do Jardim Botânico, cartão-postal mais famoso de Curitiba.

Que é estreita mas muito, muito comprida, vai do Parolin na Zona Central até a Vila Nossa Senhora da Luz no CIC, Zona Sul.

Acima já vimos o Teatro Paiol (tem esse nome porque originalmente era um depósito de armas do exército, um ‘paiol de pólvora’).

A esquerda na imagem o prédio pertence ao bairro Jardim Botânico. Já os espigões a dir. estão no Cristo Rei, e são os mesmos vistos atrás do Paiol, na foto pouco mais pro alto.

Logo após esse marco o busão vai rapidamente pro comecinho da Zona Leste.

Antes disso, vide foto logo acima, ele cruza novamente o Rio Belém.

Estamos no bairro Rebouças, Zona Central.

Essa cena foi captada atrás da Rodoviária, próxima ao estádio do Paraná Clube.

Que também se chama Vila Capanema como todos sabem.

Ali o Belém re-emerge, pois pra cruzar o Centro enfiaram ele pra baixo da terra.

……….anaconda

Na 2 imagens acima e ao lado, a Avenida Presidente Affonso Camargo,

Ela que divide os bairros Jardim Botânico do Cristo Rei.

Um dia tudo ali pertenceu ao Cajurú, mas não mais a muito.

centro-civicoA direita o tubo ‘Viaduto do Capanema. Vemos em segundo plano o prédio do moinho de trigo Anaconda.

…………

O ônibus da Linha Turismo acaba de deixar a Zona Leste, onde alias sua estada foi brevíssima. 

Nas duas últimas tomadas já vemos de novo o Centro Cívico, Zona Central.centro-civico-2

Acima quase na Avenida Cândido de Abreu, e ao lado um dos muitos prédios públicos do bairro.

Que foi alias criado pra isso como até o nome indica.

1-Pró-Parque: Jardineira (original) verde (r). A seguir os bancos, como os de praça (r).

Portanto estamos chegando ao mesmo ponto que havíamos embarcado, o Museu do Olho.

É hora de desembarcar e finalizarmos esse relato.

O roteiro de 2 horas e meia está enfim concluído.

Espero que vocês tenham gostado de nossa viagem. 

Ainda não acabou. Vamos a 1ª atualização, ainda em janeiro de 2017 :

HISTÓRIA DA LINHA TURISMO –

1-Volta ao Mundo: Jardineira (transgênica) em 2 tons de anil/turquesa; desenhos dos pontos turísticos na lataria (r); esse buso havia sido Expresso, virou o ‘Volta ao Mundo’ colorido e antes de sair do sistema ainda foi pintado todo alvo pra operar a Linha Turismo, onde virou o BT994, um pouco mais pra baixo mostro ele na nova roupagem.

Em 1990 foi criada a linha “Pro-Parque”, operada por jardineiras verdes.

Acima, em verde-escuro, jardineira em frente ao Passeio Público, de partida pra outro parque.

Depois de sair do serviço ativo esse veículo foi mantido exatamente como quando cumpria a linha.

Está preservado, servindo agora como um ‘museu vivo’.

Também nos anos 90 existia a linha “Volta ao Mundo”.

2-A linha ainda é “Volta ao Mundo“; repintaram de branco os ‘carros’ – mantém-se os desenhos das atrações turísticas (r); atrás uma ‘jardineira’ ex-Pro Parque.

Essa era feita por antigos ônibus normais, que quando venciam sua vida útil no sistema convencional eram adaptados pra novo uso:

Tinham sua janela ampliada pra virarem jardineiras.

Acima um desses Torinos adaptados. Numerado BV002.

A direita um veículo idêntico, de branco e renumerado, já na pintura da Linha Turismo – que ainda se chamava “Volta ao Mundo.

3-Renomeada ‘Linha Turismo’; continua feita por busos de 2ª mão, adaptados, que antes foram Expressos/Inter-Bairros, etc (r); mesmo local da foto anterior, a Praça Tiradentes.

Já falamos mais do tempo que a Turismo foi implantada.

Antes vamos voltar a gênese dela, a época das jardineiras.

Nas jardineiras que vieram assim de fábrica os bancos eram como nas praças, com tiras de madeira na horizontal (já vimos a imagem um pouco mais pro alto).

Nas ‘transgênicas’ (adaptadas, antes eram convencionais) não.

turismo

De novo veículo visto antes com nº BV002 (r).

Mantiveram-se os bancos de acrílico que os veículos já possuíam.

………..

Depois as linhas Pró-Parque e Volta ao Mundo foram fundidas pra originarem a “Linha Turismo”.

turismo-jardineira

Aqui e a dir.: transição pra etapa 3, a Linha Turismo implantada; repintadas de branco as antigas jardineiras verdes do Pro-Parque – ainda com desenhos dos pontos turísticos (r).

No começo, antes de virem os busos 2-andares, aproveitaram a frota das linhas-gênese.

Nas duas fotos ao lado e logo abaixo, jardineiras que antes eram verdes no ‘Pro-Parque’.

E foram dessa forma repintadas de branco ao mudarem de modal.

Logo abaixo na na Pça. Tiradentes, e ao lado em outro ponto da cidade.

jardineira1

Ponto ainda sem cobertura, só a placa (r).

A Linha Turismo pegou. Se tornou uma coqueluche, uma mania da cidade.

Assim começaram a vir ônibus zero km. No começo pintados de branco.

Depois, quando chegaram os 2-andares, toda a frota, incluso os de 1 andar, foi re-decorada nesse tom de verde.

Segue a transição: a frente ex-Inter-Bairros; o de trás veio 0km pra Linha Turismo (r).

Já mostraremos tudo isso. Nas fotos até aqui ainda estão os busos oriundos das linhas anteriores (Pro-Parque e Volta ao Mundo).

Aquelas que, não custa repetir, são a gênese da Turismo.

Portanto, até esse Monobloco ao lado os busões vieram usados, e foram repintados de branco.

A esquerda (na mesma Tiradentes) um Monobloco transgênico das Mercês, antes era Interbairros, e foi adaptado, aumentaram as janelas.

4- Consolidação: 1°s ‘carros’ Zero Km (r).

Agora sim vamos mostrar o que já falamos lá em cima:

Com o sucesso definitivo da Linha Turismo, passam a vir veículos novos pra ela.

Que dessa forma já saem de fábrica brancos e com as janelas nessa configuração.

Ainda estão presentes os desenhos dos pontos famosos da cidade na lateral.

mercês mt006 garagem Linha Turismo buso 1-and ctba verde árvore pinheiro prédios vidro alongado adaptado maior arco vermelho paralelepípedo hexagonal símbolo emblema lona letreiro jardineira comil motor atrás traseiro amarelo convencional

5– Ainda somente 1-andar, mas usando a pintura nesse tom entre verde e bege. Eliminam-se os ícones na lataria (r).

Um deles a direita, também na Tiradentes (ali era o antigo ponto final, atualmente é na Rua 24 Horas).

E a seguir adotou-se a nova pintura, bege com um aro vermelho.

Na tomada ao lado vemos numa garagem buso 1-andar.

……..

Alguns poderiam pensar que esses de pavimento único foram aposentados.

linha-turismo-curitiba

5- Como é hoje: a estrela principal, óbvio, são os 2-andares, mas nos dias de pico os de 1-andar estão na retaguarda, valentes (r).

E portanto eles não circulam mais na Linha Turismo.

Nada, entretanto, poderia ser mais distante de realidade.

Sim, nos dias de menor movimento só rodam veículos 2-andares. 

Entretanto no pico (férias e feriadões), quando o negócio bomba, a Linha Turismo opera em comboio:

Na frente um 2-andares, mas na retaguarda os bons e velhos de 1-andar vão na cobertura.

Novamente na Praça Tiradentes, um par deles, um tem escada dentro o outro não.

ATUALIZAÇÃO DE DEZEMBRO DE 2020:

O NATAL-LUZ NO PARQUE BARIGÜI –

De uns anos pra cá no Natal estão colocando lindas árvores iluminadas em várias partes da cidade.

Ao lado o lago do Parque Barigüi (notoriamente o parque mais famoso da cidade).

Em 2020 foi além disso: afora a árvore, o parque sediou o evento ‘Natal-Luz de Curitiba’.

Com várias atrações como coral das crianças, presépio vivo, portais de luz, estátuas cristãs, etc. .

Pra que o povo pudesse conferir tudo isso, foi criada a Linha-Natal.

Próximas 2: Porto Alegre-RS (r).

Que tem seu único ponto de embarque e desembarque no Terminal Campina do Siqueira (imagem acima).

Atendida pelos busões da Linha-Turismo (os de 1-andar, nesse caso não os mais famosos de 2-andares).

Independente se o veículo tem escada ou não, é fato:

A capital paranense definitivamente entrou na lista das cidades que decoram seus ônibus na ocasião do Natal.

Belo entardecer (r).

Usando pra isso os busões emprestados da Linha-Turismo.

Afinal, a Linha-Natal é uma filha, uma filial, da Linha-Turismo.

ATUALIZAÇÃO DE SETEMBRO 2022:

LINHA-TURISMO PELO MUNDO –

São Paulo.

Bem, nisso Curitiba tem bastante a aprender com os gaúchos.

No Rio Grande do Sul é tradição decorar a Linha Turismo com neon.

Nas duas imagens acima na capital Porto Alegre. Mais a frente veremos o interior.

Vamos pro Sudeste. Em janeiro de 2018 cliquei a Linha Turismo de São Paulo, lá chamada ‘Circular Turismo’ (esq.).

É um Volvo Marcopolo, flagrado no Bom Retiro, Zona Central.

A tarifa na ocasião era R$ 40. Ultrapassando um táxi na padronização paulistana, toda branca.

Nós cruzamos o oceano, mas o buso continua vermelho:

Ao lado Cidade do Cabo, África do Sul, abril de 2017.

Tribus, e com um detalhe curioso: pelo Brasil e América Latina, os busos ou têm cobertura (em alguns casos retrátil) ou não têm, por inteiro .

Na África é diferente: as primeiras fileiras são cobertas, do meio pro fim fica ao ar-livre, pra agradar todos os gostos.

Ainda vermelho a esquerda a Linha Turismo de Córdoba, Argentina, março de 2017.

Trouxeram um 2-andares direto de Londres/ Inglaterra (apenas cortaram a capota).

Daqueles antigos, fabricados nas décadas de 50 e 60, e que rodaram até a virada do milênio.

Na capital Buenos Aires é diferente, como vê a direita a Linha Turismo é servida por busos amarelos.

Busscar em Cuba, produzido no Brasil (r).

De fabricação argentina mesmo e que chegaram 0km ao modal.

O registro foi na Praça de Maio, epi-centro político como todos sabem da Argentina.

Subindo pro Caribe, agora a Linha Turismo de Varadeiro, famoso balneário de Cuba (esq.).

A seguir, duas belas imagens da Avenida da Reforma, Zona Oeste da Cidade do México, junho de 2012.

Clicadas de dentro da Linha Turismo local. A Zona Oeste é a parte que tem a maior renda da capital mexicana.

Tendo exatamente nessa Reforma sua espinha-dorsal.

Bem, notam o padrão dos edifícios corporativos ao redor.

Destaquei a estátua em homenagem a Cuitlahuac, comandante azteca no tempo da conquista espanhola.

……….

Voltando ao Brasil pra fecharmos com chave de ouro.

 O vermelho todo iluminado faz a Linha Turismo de Gramado e Canela, no interior do RS.

Também é Marcopolo, e, pensando bem, na Serra Gaúcha seria de que marca?

Segura essa, na última imagem da matéria: em Dois Irmãos-RS, um velho Veneza ainda circulava, no Natal de 2015.

dois irmaos-rsIluminado e adaptado pra operar apenas como uma linha turística, sazonal.

A ‘Kolonistenwagen’, como convém a um lugar de forte colonização germânica.

Pera lá: um velho Veneza de 40 anos, mas ainda na pista. Eu encerro meu caso.

“Deus proverá”