INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO“
Por Maurílio Mendes, O Mensageiro
Publicado em 1º de julho, 2017.
Maioria das imagens de minha autoria. As que baixadas da internet identifico com um ‘(r)’, de ‘rede’.
Vamos falar da rede de transportes na África do Sul. Esse é um país de contrastes, de paradoxos. Faz parte da África, como até o nome indica, e é de maioria negra.
Ainda assim, de certa forma ir a África do Sul é também como ir a Europa (os brancos de lá são brancos de verdade. Pele, cabelos e olhos muito claros. 90% são loiros, os olhos azuis e verdes predominam).
Sendo uma ponte entre Europa e África, a África do Sul não poderia escapar de escapar de ter em si os dois mundos, com todos os conflitos que isso traz.
Em outra mensagem já falamos do infame ‘apartheid’, que findou em 1994 com a eleição de Mandela presidente.
No transporte esse paradoxo se manifesta da mesma forma.
Encontramos desde os moderníssimos sistemas de ônibus e trens até gente sendo transportada em caçambas de caminhões.
E o pior: muito sangue correu. No período após o ‘apartheid’, os negros explodiram numa revolta que ficou conhecida como “as Guerras do Transporte”, ou ‘Guerra dos Táxis’ no original.
Eles queriam o direito de gerir seu próprio transporte coletivo, e assim incendiaram centenas de ônibus.
E – é triste mas tenho que dizer – balearam e mataram diversos motoristas.
E quase todos os que foram metralhados pelos negros eram também negros, em Durbã alguns indianos, que igualmente têm pele escura e igualmente foram vítimas do ‘apartheid’.
Quando estava em vigor o macabro regime racista, os negros não eram vistos como seres humanos, e isso dentro de sua própria terra.
Os bairros e favelas que os negros moravam muitas vezes não eram servidos por ônibus, haviam algumas linhas de trem – que eram e ainda são péssimas.
Porém da estação pra sua casa, e muitas vezes eram vários kms, eles tinham que ir a pé.
Nos bairros que contavam com ônibus, a situação não mudava muito.
Os busões passavam pela rodovia (ou pela avenida principal em zonas mais urbanizadas) mas não entravam nas vilas.
Resumindo que a situação era a mesma do trem, uma longa caminhada do pouco transporte coletivo disponível até em casa.
Por isso, mesmo quando o ‘apartheid’ ainda vigia, os negros começaram uma rede de transportes própria:
Vans percorriam os meandros das vilas, favelas e em Durbã também os morros.
E deixavam os moradores na estação de trem ou na rodovia;
Onde passava ônibus pro Centro, ou pras áreas industriais, ou pros subúrbios abastados.
Resumindo, primeiro a massa trabalhadora usava uma van operada informalmente também por um negro.
Ao descer dela acessava enfim o transporte oficial pra seguir viagem pra onde estavam seus empregos.
O ‘apartheid’ tolerava essa situação, pois não prejudicava em nada os brancos, e amenizava um pouco o sofrimento da massa negra.
Entretanto, e entenda isso claramente, as vans não podiam sair do gueto.
Da vila ao estação de trem ou ao trevo na rodovia, ok. Mas ali é o limite.
O transporte operado e gerenciado pelos próprios negros em hipótese alguma podia chegar ao Centro da cidade.
E muito, mas muito menos, aos bairros ricos onde os brancos viviam.
Enquanto o ‘apartheid’ vigorou, os negros não tinham escolha.
Pois qualquer contestação era respondida de forma extremamente violenta pelo regime racista.
Extremamente. Vocês viram o ‘caveirão’ que a polícia usava pra entrar nas favelas quando haviam distúrbios.
Pense que esse verdadeiro tanque de guerra era usado contra pessoas desarmadas pois os negros não podiam ter armas de fogo por razões óbvias.
Só que quando o ‘apartheid’ caiu, gradualmente desde o fim dos anos 80 e em definitivo em 1994, os negros bradaram:
“Agora é nossa vez! Queremos que nosso transporte seja gerido e gere receitas pro nosso próprio povo”.
Portanto os negros exigiam que suas vans, os ‘táxis’ em seu jargão, pudessem ir até o Centro.
Pra que dessa forma o negro usasse e pagasse uma condução só, ademais fizesse a viagem sentado.
Os donos das viações de ônibus resistiam, sejam brancos ou em Durbã muitas delas eram (e ainda são) de propriedade de indianos.
Sejam de que raça for, quem se beneficiava do ‘status quo’ naturalmente iria se opor a sua modificação.
Aí os negros partiram pra revolta armada. Incendiaram centenas de ônibus, em várias cidades do país.
Em casos mais extremos, metralharam os veículos em movimento, com os passageiros dentro.
Dezenas de pessoas morreram nos levantes, centenas mais ficaram feridas. A princípio o estado reprimiu. Mas a massa negra não iria ceder.
Após mais de um século de ‘apartheid’, sem nenhum direito em seu próprio continente, os negros decidiram que teriam direito em usar seu próprio meio de transporte.
Foi o poder público quem acabou cedendo. Era inevitável, que os negros conduziriam mesmo suas vans pelo itinerário que quisessem sendo legal ou não.
Assim as prefeituras resolveram legalizar as vans, optando pelo mal menor e cessando o banho de sangue que já estava grande demais.
Com isso, várias viações menores quebraram, em Durbã várias empresas operadas de pai pra filho pelos indianos há 3 gerações acabaram saindo de atividade.
No país inteiro a situação se repetiu, embora aí os donos tivessem outras etnias.
De fato assim é. Ocorreram ríspidos embates entre prefeitura, viações e perueiros, como muitos protestos, fechamento de avenidas e rodovias, e locautes.
O que se repetiu em diversos países da América Latina.
Sempre que o poder público tentou melhorar o sistema de ônibus, os operadores independentes dos micros protestaram, fecharam avenidas e garagens, entoaram palavras de ordem.
Presenciei esse movimento pessoalmente em Acapulco, México, 2012.
No Chile ocorreu o mesmo, na Colômbia e Peru foi ainda pior:
Muitas vezes sindicatos aliados a grupos criminosos incendiaram ônibus, do Transmilênio em Bogotá e da finada estatal peruana Enatru respectivamente.
Feita essa ressalva, em nenhum lugar da América a situação se compara ao que ocorreu na África do Sul.
Lá o termo “Guerras do Transporte” não é força de expressão, foi uma guerra mesmo com vários mortos.
A situação se amainou um pouco desde o pico na virada do milênio, mas não se encerrou.
As “Guerras do Transporte” continuam ceifando vidas, nesse país que é tão belo, mas também tão conflagrado, dividido, injusto e violento.
Veja, em 2015 (somente dois anos atrás portanto no momento que escrevo) mais uma vez os motoristas de vans partem pro ataque:
Fazem barricadas, apedrejam ônibus e mesmo disparam contra um ônibus em movimento, acertando uma passageira e segundo um relato também o motorista, que teria falecido no local.
……
Então há gravíssimos problemas com violência política. Fato.
Isto posto, inquestionavelmente as coisas melhoraram muitíssimo na África do Sul.
Na época do ‘apartheid’ as janelas dos ônibus e trens tinham que ser protegidas por grades (veja as fotos um pouco mais pra baixo na página).
Pra pelo menos o motorista não ser atingido por pedras e desgovernar o veículo.
Já que quando rolavam revoltas, atacavam ferozmente o transporte coletivo.
Repito porque é importante, e já entenderão porque de tanta ênfase:
Atualmente os busos e trens da África do Sul não são mais assim, não é mais necessário.
Agora é que virá o choque: nos dias de hoje, a Argentina está igual a África do Sul no seu período mais sombrio.
Estão apedrejando ônibus e trens o tempo todo em Córdoba, Buenos Aires e demais cidades grandes de nossa vizinha nação, linhas estão sendo canceladas pra evitar os locais mais quentes.
E, sim, hoje os trens da Argentina têm grades na janelas, como nos seus tempos mais difíceis a África do Sul também os teve, mas não mais a muito.
Rolou uma ‘reversão de polaridade’. A África do Sul era sinônimo global de problemas políticos, e lá as coisas se acalmaram um pouco, tiraram a grade.
A Argentina, que era conhecida como uma nação próspera e tranquila, passou pela ‘ascensão e queda’, e precisou colocar as grades.
Claro que as coisas estão muito longe de serem perfeitas na África do Sul. Veja a foto a direita:
Interior de um ônibus da Golden Arrow, de linha não-integrada.
Aqui se paga em dinheiro, e o motorista é também o cobrador.
Ele fica numa cabine blindada, pra evitar assaltos (infelizmente comuns lá).
Há uma pequena janelinha pra ele pegar o dinheiro e te dar o troco e bilhete, como acontece nas casas lotéricas (esq.).
O motorista entra e sai por uma porta de uso exclusivo, a direita do veículo.
…………
Apesar das ‘Guerras do Transporte’, Durbã ainda conta com dezenas de viações independentes.
Boa parte delas de propriedade de indianos, e eles adoram decorar seus ônibus.
É uma obra de arte: pintada a mão, cada buso tem uma gravura diferente, não é produção em série. Merece ser apreciada.
Entre os povos morenos e mestiços (africanos, asiáticos e americanos) os donos gostam de personalizar ao máximo cada veículo.
Por exemplo vi ‘in loco’ 3 ‘carros’ da viação Dehal’s (de indianos). Cada um tinha nome próprio, como se cada veículo fosse vivo e tivesse sua própria personalidade.
Um deles é o ‘o ‘Esperto’, outro o ‘Sonhador’ e mais um o ‘Riquinho’ – ao lado (‘Play Boy’ no original).
Na foto a esquerda destaquei: nome do bichão, repetido sobre a porta e também no para-brisas, itinerário, nome e endereço da viação, e diversos símbolos religiosos.
Os donos são hindus, e colocaram além do ícone de sua própria fé também os do cristianismo, islamismo, judaísmo, entre outras.
Na galeria abaixo dezenas de viações independentes clicadas no Centro de Durbã:
Outra coisa. Repare que o letreiro está sempre desativado, a linha vem numa placa no para-brisas.
Nos EUA, Anglosfera e Europa Ocidental a linha sempre vem no letreiro, nunca no para-brisas.
Em vários pontos da América Latina, África, Ásia e Europa Oriental o oposto, letreiro apagado, informação no vidro como aqui.
E no Brasil e outros países uma transição, a linha no letreiro mas o itinerário no para-brisas. Há lugares como a África do Sul em que os dois modelos convivem.
………
Falando agora especificamente do modal ferroviário: todas as grandes metrópoles do país têm extensa rede de trens de subúrbios.
Só que a qualidade é ruim, pra dizer o mínimo. Por isso não são usados por ninguém exceto os depauperados, que realmente não podem arcar outra condução.
Lembram os similares que existem na Índia, Egito e Bangladesh, e todos foram construídos pelos ingleses.
Por outro lado, a capital administrativa do país (Pretória) é ligada a maior metrópole da nação (Joanesburgo) – e ambas ao aeroporto internacional da região – pelo moderníssimo Gautrem.
Esse sim parece um pedaço da Suíça, Suécia, China, Japão ou Alemanha transplantado pro solo africano.
Pra lembrar que estamos mesmo na África, o modal mais usado são as vans.
Que eles chamam de ‘táxi’, e que são quase todas brancas, embora existam as coloridas também.
Pra que as vans tivesse trânsito livre em toda parte, falando literal e figuradamente também, é que o sangue correu.
Deu certo, as vans se impuseram como escolha da massa.
………..
Vamos resumir a situação:
– Vans (quase sempre) brancas chamadas de ‘táxi’:
Oni-presentes, o modal mais usado em todas as cidades da África do Sul e, aqui podemos generalizar, da África como um todo.
Quase todas são Toyota (tanto as antigas quanto as novas), e quase todas são brancas.
Claro, existem outras cores e marcas – em Pretória especificamente há muitas Volkswagen, e nas outras cidades também há variações.
Na tomada a esquerda, em Joanesburgo, vemos 3 verdes.
Ainda assim, se você vir uma van, a chance que seja alva e dessa montadora japonesa é 90%.
“Em terra de gente negra, o transporte é branco”. Não só na África do Sul, em boa parte do continente é assim, é uma vibração africana.
E isso se refletiu na mais africana das cidades brasileiras, que é Salvador óbvio.
Durante 2 décadas (anos 90-quase meio da década de 10) a capital baiana passou por uma ‘padronização informal’.
Sem que o poder público exigisse, nem todas mas voluntariamente a maioria das viações de ônibus adotaram pinturas em que o branco cobria a maior parte da lataria.
Haviam detalhes (na ‘saia’ e em faixas) que as diferenciavam, ainda assim no veículo predominava o alvo.
Depois que estudei a África entendi o porquê, esse modelo veio de lá.
Voltando a RAS (“República da África do Sul”), o custo médio de uma viagem em van é 17 Rands.
Com o câmbio é quase 4 Rands pra 1 Real, isso dá R$ 4,30.
A passagem de ônibus em Curitiba é R$ 4,25, portanto você vê que é equivalente. Os valores são sempre de maio.17, quando estive lá.
Claro que varia conforme a cidade, e dentro da cidade conforme a linha. Mas a média é essa.
EM GAUTENG, LINGUAGEM DE SURDO-MUDOS –
Em Durbã e na Cidade do Cabo, o cobrador vem gritando na janela o destino da van, como também ocorre na América.
No Cabo, em todos os para-brisas há também uma placa com a mesma informação (comprovamos tudo isso a direita acima).
Portanto não há como confundir, até um estrangeiro pode pegar uma van lá, e foi o que eu fiz.
Em Durbã, algumas poucas vans tem a placa com itinerário no vidro, a maioria não.
De qualquer forma o cobrador anunciando aos brados não falha nunca, de qualquer forma não tem como errar.
Também andei de van em Durbã, mas não por minha vontade, foi uma situação atípica.
Eu fui pra periferia de trem, aquele que funciona precariamente.
No decorrer da matéria descrevo incluso com fotos como foi minha ‘descida as trevas’, e não é modo de falar, é literal.
Desembarquei numa periferia, e subi um morro (de periferia, com algumas favelas) a pé.
Quando estava quase entrando na estação pra voltar pro Centro, a polícia me abordou. Conto essa história com detalhes em outra postagem.
Aqui, pra tornar curta uma longa aventura, eles não permitiram que eu voltasse de trem.
Me deram uma carona – no camburão! – até outra parte do bairro, onde me puseram numa van pra que eu fizesse a viagem de retorno.
Portanto mesmo sem ter planejado, andei de van em Durbã também.
Voltando ao que dizia antes, em Durbã e no Cabo o cobrador informa aos berros o destino, no Cabo sempre e em Durbã as vezes essa mesma informação vem no vidro.
No estado de Gauteng (Joanesburgo e Pretória), entretanto, não há os avisos nem o sonoro e nem o visual.
Nada. Não tem placa no vidro, nem ninguém te avisando o destino.
Você está no ponto de parada, passam dezenas de vans indo pra lugares diferentes.
E o empercilho – pra quem é de fora obviamente – é que você aparentemente não tem como saber qual linha cada uma delas cumpre.
Aquilo me intrigou. Oras, alguma forma de identificação teria que ter, obviamente.
Alguém sugeriu que em determinada avenida todas as linhas vão pro mesmo lugar.
Hipótese que descartei imediatamente. “Certamente não é dessa forma”, eu disse a pessoa.
“A cidade é enorme, e não há como fazer essa especialização, tem que haver troncos de transporte”.
“Portanto por boa parte do itinerário destinos diferentes compartilham do mesmo trajeto”.
A solução foi inquirir um morador local. Perguntamos ao taxista:
“Se não há placa nem cobrador indicando o itinerário, como o passageiro pode saber pra onde a van vai?”
Ele nos explicou: “É o passageiro quem informa ao motorista pra onde ele quer ir, com um sinal com os dedos”.
“O motorista para ou não conforme ele esteja ou não cumprindo aquela linha que o passageiro precisa tomar.”
E esses sinais são feitos na linguagem de surdo-mudos.
No cartaz acima eu estou exemplificando aleatoriamente (não são os signos corretos, é só pra vocês pegarem o jeito):
Se o passageiro levanta um dedo ele quer ir pro Centro; 2 dedos, até a estação de trens; se ele deita a mão na horizontal, vai pra determinada cidade da região metropolitana.
Loucura, não? Rolou uma reversão de polaridade, pois vai na mão inversa:
É o passageiro quem indica o trajeto, e o motorista quem precisa ler a comunicação.
O que torna o sistema impermeável pra forasteiros. Só quem pega a van todos os dias no mesmo local sabe o código.
Pois óbvio, ele não é único pra toda metrópole, varia pra cada corredor.
Por exemplo (mais uma vez, falo aleatoriamente só pra pegarmos o pé da situação), na Zona Oeste 1 dedo pode indicar que você vai pra Soweto.
Enquanto na Zona Norte pra Sandton, e na Zona Central pra Praça Gandhi, bem no Centrão da metrópole.
Assim, mesmo um negro que nasceu e morou toda a vida em Joanesburgo só conhece o sinal das linhas que ele pega cotidianamente.
Se ele é da Zona Oeste, e for pegar uma van nas Zonas Sul ou Leste, ou mesmo na própria Oeste mas em outro bairro, seu conhecimento não servirá de nada.
Pois cada corredor tem seu código próprio, evidente.
Terá que perguntar a quem já está no ponto. Felizmente esse é o menor dos problemas.
O sul-africano é extremamente cordial (sobre o que também falo melhor nesse texto), e está sempre disposto a ajudar os outros.
Quem tem boca vai a Roma, e quem tem boca não pega a van errada em Joburgo (apelido de Joanesburgo) e Pretória. Mas é preciso perguntar.
Pois a rede de vans desenvolveu uma linguagem própria, vedada a intrusos. Curioso, não?
Já estudei o sistema de transporte de muitas dezenas de países (alguns visitei, a imensa maioria pela internet) e nunca tinha visto um ‘sistema fechado’ como esse.
Entretanto assim é, tudo tem a 1ª vez. Se funciona bem pra eles, quem somos nós pra termos ideias ‘melhores’?
– Ônibus modernos: articulados, embarque pré-pago em nível em estações fechada, corredores exclusivos, especialização com linhas-tronco e alimentadores.
Existem na Cidade do Cabo, Joanesburgo e Pretória. Infelizmente Durbã ainda não passou por essa modernização.
Na Cidade do Cabo se chama no original em inglês ‘My Citi’, obviamente ‘Minha Cidade’, mas com ‘i’ no fim ao invés de ‘y’.
Você passa o cartão na entrada e na saída, pois paga por quilômetro utilizado (em várias cidades do mundo ônibus e metrôs são assim também, em Valparaíso/Chile comprovei pessoalmente, em Seul/Coreia do Sul li pela internet).
É de primeiríssimo mundo., e utilizado pela classe média, de todas as raças.
Nas linhas que servem os bairros mais abastados, você vê mais brancos que negros nos micro-ônibus, situação única na África do Sul.
Sim, o Cabo é a cidade mais branca da África do Sul e de toda África, 1/3 de seus moradores são euro-descendentes, em Durbã e Joanesburgo a participação deles é metade da do Cabo.
Ainda assim o Cabo é disparado a cidade mais integrada da África do Sul, você vê muitos brancos andando nas ruas do Centro.
Parece que está na Europa ou América (não me refiro aos EUA, ou pelo menos não somente aos EUA, América é um continente).
No Centro de Durbã e Joanesburgo não há brancos. Nenhum, nada, zero, inexistente.
Pois não é uma questão de quantidade, e sem de qualidade.
Embora menos que no Cabo, há mais de um milhão de brancos tanto em Durbã quanto Joanesburgo.
As praias de Durbã são integradas, ali você vê o quão numerosos são os caucasianos na cidade.
Nos subúrbios elitizados a moda ianque afastados da Zona Central, os brancos são maioria nas ruas, vi isso pessoalmente em Sandton, Z/N de Joanesburgo.
E, há exceções evidente, mas no geral você também vê pouquíssimos brancos nos ônibus urbanos de Joanesburgo e Durbã.
Pois o sistema não chega com a qualidade necessária aos bairros mais elitizados.
Claro, a linha que só percorre o trajeto entre o Centro e a orla em Durbã (da qual falo abaixo), nessa há vários euro-descendentes.
O mesmo vale pros alimentadores do Gautrem em Joanesburgo. São as exceções que confirmam a regra, até porque ambas são linhas integradas.
No geral, em Joanesburgo e Durbã, a classe média agora multi-racial usa carro, os trabalhadores braçais (quase todos negros, alguns poucos brancos, em Durbã há também indianos) usam ônibus.
No Cabo é diferente. Como seu sistema de ônibus é moderníssimo e não deve nada aos melhores da América e Europa, a classe média o utiliza.
Modernos articulados ligam o Centro a terminais na periferia, em corredores exclusivos e com estações com embarque em plataformas elevadas.
Eles têm 3 portas a direita (pois na África do Sul é mão inglesa, mas as estações são no fluxo contrário do tráfego, como os ligeirinhos de Curitiba).
Os que fazem linhas somente em corredores não têm portas na esquerda.
Mas em alguns pontos mais afastados da cidade ainda não há corredores exclusivos, então mesmo articulados têm que ter portas a esquerda, no nível da rua.
Ônibus de tamanho normal puxam as linhas de média demanda.
2 portas a direita pra usar nas estações, mas 1 a esquerda, pois eles também são usados nas linhas alimentadoras mais carregadas.
E os micros se encarregam das linhas menos movimentadas. 1 porta em cada lado, elevada a direita e rebaixada a esquerda.
Olhe, se a linha é servida por micro não é uma questão de tamanho do trajeto, nem se é central ou não.
E sim do número de passageiros, no caso da ‘Riviera’ e dos morros entram também outros fatores na logística.
Explico. Há linhas que servem os bairros centrais, abastados. Boa parte deles são em morros.
A Cidade do Cabo parece a Califórnia, a elite e alta-burguesia é que moram em ladeiras, os pobres ficam nas partes planas da cidade.
Você conhece (mesmo que somente por fotos e filmes) como é São Francisco ou ‘Hollywood/Beverly Hills’ em Los Angeles (obviamente ambas na Califórnia/EUA)?
Então, a Cidade do Cabo é exatamente igual.
No bairro ‘Baía do Campo’, de elite na Zona Sul do Cabo, eu me senti em Hollywood, só faltou me deparar com o Robert de Niro.
Fiquei hospedado em ‘Woodstock’, na Zona Central da mesma cidade.
Ali parecia demais que eu havia me tele-transportado pra São Francisco, porque é idêntico.
Então. As linhas alimentadoras que servem a Baía do Campo e ‘Woodstock’ naturalmente são servidas por micros.
Primeiro porque ficaria difícil ônibus grande fazer todas aquelas curvas em ladeira, muitas ruas são estreitas e sinuosas.
Segundo porque a demanda é menor. Como em todos os lugares do mundo uma parte dos burgueses sul-africanos usam transporte público se ele for eficiente.
Mas mesmo assim não em grande número, a maioria sempre irá preferir o conforto de seus próprios automóveis de bancos estofados e ar-condicionado.
Na orla da Zona Sul é o mesmo. Nesse caso a distância pega, é muito longe do Centro, poucos usam ônibus.
A região da ‘Riviera do Cabo‘ é belíssima, uma sinuosa estrada se espreme entre as montanhas e o mar.
Mansões dos multi-milionários (com teleféricos particulares) ocupam as íngremes ladeiras, muitos Porches pelas ruas.
Mas, não é difícil entender o porquê, ali não há como pôr ônibus grandes, os micros dão conta do recado.
Como dito, você passa o cartão quando entra. E quando sai de novo.
Como as catracas têm GPS, o sistema calcula a quilometragem que você percorreu, e cobra de acordo.
Essa cobrança multi-nivelada não é tão injusta como parece a primeira vista por nós brasileiros.
Vale lembrar que as cidades sul-africanas são diferentes das brasileiras, pois aqui seguimos o modelo americano (do continente América) de urbanismo.
Enquanto a África do Sul se espelha na escola anglo-ianque.
Portanto, na África do Sul os subúrbios mais distantes são abastados, como já disse muitas vezes e é notório.
Consequentemente, os mais pobres vivem em bairros relativamente centrais.
Assim a quilometragem que eles usam do ônibus não é tão elevada, a tarifa não sai cara pra eles.
Portanto você só embarca se possuir cartão com crédito, cada um tem que ter o seu.
Mas é feito na hora nas estações, fácil e rápido de conseguir e recarregar.
Nos pontos, em todos na Zona Central e nas principais avenidas na periferia, há uma tabela de horários.
Você chega e já sabe exatamente quantos minutos faltam pro busão aportar.
Assim se vê que ainda têm 20 minutos, pode ir a esquina tomar um sorvete, por exemplo, não precisa ficar de pé ali.
Em várias paradas há também mapas, locais e da rede como um todo.
O sistema de transporte ‘Minha Cidade’ do Cabo é amplo.
Vai até Atlântida, que fica a 40 km, já é uma pequena cidade do interior.
Próxima a metrópole mas não fisicamente ligada a ela, é preciso pegar estrada.
Atlântida é pobre, conjuntinhos humildes de casas e prédios, mas sem favelas.
Então, e mesmo esse distante pedaço da Grande Cidade do Cabo, já no limite entre subúrbio da metrópole e interior, é servido por ônibus integrado da rede.
Nos horários de pico há busos diretos do Centro pra Atlântida.
Nos demais horários e FDS é preciso baldear em um terminal no meio do caminho.
Em outros bairros ocorre o mesmo, linhas diretas quando há mais movimento, seccionadas nos horários de menor demanda. Mas isso é assim no mundo todo, óbvio.
Tudo somado, o sistema da Cidade do Cabo é excelente, eu tiro o chapéu.
Todavia, também por ainda estar no começo, há várias partes da cidade que ainda não são servidas por esse modal mais moderno, ou são servidas de forma insuficiente.
Ali, as vans ainda predominam, secundadas pelos ônibus não-integrados.
Falamos do “Minha Cidade” no Cabo porque é disparado o que melhor funciona, então me centrei nele.
Joanesburgo e Pretória têm sistemas similares.
Em Joburgo se chama chamado ‘Rea Vaya’ (“estamos em movimento” na gíria de um dialeto local).
Fomos até Soweto com ele, comprando a passagem unitária como relatado abaixo.
Não há problemas pra adquirir o bilhete como em Pretória, e onde existe a rede funciona bem.
Porém a rede é pequena. Diversos bairros de Joanesburgo não contam ainda com ela.
Proporcionalmente ao tamanho das cidades, o ‘Rea Vaya’ é bem menor que o ‘Minha Cidade’ do Cabo.
Estão corrigindo isso, há várias obras de ampliação do Rea Vaya em andamento, mas por enquanto é assim que tá.
Em Joanesburgo não sei se o cartão definitivo de plástico é feito ali.
Ainda assim, nas bilheterias das próprias estações é possível comprar um cartão de papel que vale só pra uma viagem.
É um pouco mais caro, mas você não fica na mão. Foi o que fizemos.
Ainda assim, igualmente você tem que apresentar o bilhete na catraca na hora de sair da estação ou do ônibus.
No Cabo também é possível comprar essa passagem pra só 1 deslocamento.
Em Pretória o sistema se chama Areyeng. Não há articulados. Sem problemas, a cidade é bem menor então se dispensam mesmo os sanfonados.
Entretanto, não é possível pagar a passagem na bilheteria da estação sem o cartão.
E ele não é vendido ali, nem o definitivo nem um provisório pra uma viagem. Isso é uma falha do sistema.
Nós indicaram onde se comprava, mas a fila virava a esquina, cena desanimadora.
Portanto em Pretória nós não pudemos testar o sistema de ônibus mais moderno, acabamos andando num ônibus alimentador do Gautrem, que é um sistema a parte.
NA ÁFRICA DO SUL, QUEM VIAJA DE AVIÃO SUBSIDIA O TRANSPORTE PÚBLICO –
Certamente o Gautrem é o transporte público mais moderno da África do Sul, pois ele seria moderno até na Alemanha!
Entre os ônibus, o posto é da rede “Minha Cidade” do Cabo, que também é de nível global, emparelhando com os melhores da Europa, América e Leste da Ásia.
E o Gautrem e o ‘Minha Cidade’ têm algo em comum além de seu alto nível de excelência:
Ambos são integrados ao modal aéreo, têm estações nos respectivos aeroportos internacionais.
Atenção: pra usar essa comodidade é preciso abrir bem a carteira.
A passagem de quem usa a Estação Aeroporto tanto do Gautrem quanto do ‘Minha Cidade’ é muito, mas muito mais cara que a tarifa convencional.
E não é uma questão de distância, mas sim de uma opção mesmo de política pública de quem tem dinheiro pra viajar de avião ajudar a subsidiar o custo do transporte coletivo de quem não tem esse privilégio.
Sim, tanto no Gautrem como no Minha Cidade a tarifa é calculada conforme a distância e horário que você usa.
Porém pra usar a Estação Aeroporto em ambos há um asterisco na tabela de preços.
Ali, repito, não entra no cálculo o número de quilômetros rodados.
E sim o fato deliberado que o poder público decidiu que quem tem mais vai ajudar quem tem menos.
Pois você pode ir muito mais longe, mas se não for pro aeroporto pagará mais barato.
Exemplificando é mais fácil visualizar (um Real vale mais ou menos 4 Rands [maio.17], eu já fiz as conversões pra facilitar):
Do Centro de Joanesburgo ao subúrbio de Sandton sai 8 Reais no pico e R$ 5,75 fora dele.
Pra ir ao Aeroporto é muito mais caro, do Centro até ali são 37 reais.
No entanto, quase em frente ao aeroporto, apenas cruzando a rodovia, há estação Rhodesfield.
Se você descer nela, dá somente 12,50 reais, ou seja 1/3 do preço.
Muita gente faz isso, desce em Rhodesfield (de mala e tudo) e cruza a rodovia a pé, pela passarela. Economiza 50 reais na ida e volta.
No Cabo não tem Gautrem – obviamente, pois até o nome (‘Gautrain’ no original) indica que ele pertence ao estado de Gauteng. Enquanto a Cidade do Cabo fica no Cabo Ocidental.
Acontece que pra ir de ônibus ‘Minha Cidade’ ao aeroporto é o mesmo esquema, bem mais caro que a tarifa normal.
Estávamos em 3 pessoas. Pra chegarmos de busão pra Zona Central sairia 90 reais. Fomos de táxi, ficou 10 reais mais barato.
E aí de porta-a-porta, sentados, sem ter que fazer baldeação nem ficar carregando mala.
Ademais teríamos que parar no mercadinho pra pegar ali a chave da casa que alugamos, conforme combinado com a proprietária.
De ônibus seria uma complicação a mais, teríamos que ir da mercearia a casa a pé e com as malas.
Mesmo assim iríamos encarar. Mas o valor elevadíssimo da tarifa nos fez mudar de ideia.
Por que a diferença de preço? Por 2 fatores: primeiro, como dito em outra parte da matéria, na estação do Aeroporto, e somente ali, o ônibus é muito mais caro.
É dessa forma pela ideia de que quem pode viajar de avião subsidia o transporte público.
Segundo, o táxi era pirata. Sim, isso mesmo. Nós saímos do saguão de desembarque e um rapaz já nos aborda oferecendo táxi.
A principio descartamos, a preferência era usar o ônibus mesmo.
Porém, digo novamente, achamos muito caro. Tudo bem, ajuda os que necessitam mais, ok.
Boas intenções a parte, 30 reais por cabeça pra andar de ônibus urbano convencional (não era executivo, nada, bancos de acrílico, o famoso ‘toco-duro’ mesmo) salgou demais.
Voltando pro saguão pra ver outras alternativas, o mesmo rapaz nos abordou novamente.
Resolvemos aceitar. Então ele nos levou até o carro. Não estava ali na rua, o que já gerou suspeitas.
Entramos no estacionamento: seu táxi estava parado justamente na vaga reservada a viatura da fiscalização de trânsito!!!
Que ousadia! O cara oferece um serviço irregular, por baixo dos panos.
E se tudo fosse pouco usa a vaga de quem está ali pra fiscalizá-lo (ele não fez por provocação, e sim pra não pagar o estacionamento).
Como não nos cabe julgar isso, não posamos de falsos moralistas. Aceitamos o serviço dele, e no fim deu tudo certo.
Ele foi cordato, educado, e nos levou do aeroporto (que fica na Zona Leste) a nosso destino na Zona Central pelo preço combinado.
O carro estava asseado, ele parou na mercearia e esperou que pegássemos a chave, e nos deixou em casa.
Cumpriu a parte dele no acordo, foi honesto, ofereceu um serviço e o honrou pelo preço combinado, sem tentar nos ludibriar.
Por isso eu disse, não nos cabe julgar se ele burla ou não a fiscalização. Conosco ele foi correto.
Bem, em minha jornada a África experimentei várias marcas e modais automotivos inéditos.
Lá andei pela primeira vez num carro Mercedes, numa B.M.W., num Uber, num camburão, não perca a conta.
E, se tudo fosse pouco, num … táxi-pirata! Passa a régua e fecha a conta..
Voltando ao Gautrem, já que estamos falando de suas tarifas.
Como já dito e ilustrado no decorrer da página, essa companhia ferroviária opera seus próprios ônibus alimentadores.
Você pode usar só o ônibus, só o trem ou ambos. Só o trem já dei alguns preços acima como exemplos. Se você pegar somente o buso, custa R$ 5,25 no horário de pico e 3,50 fora dele.
Porém usando os dois modais, o ônibus sai por R$ 2 no pico, e apenas 30 centavos nos outros horários.
……..
Durbã ainda não revolucionou seu transporte coletivo, o negócio ali ainda está bastante atrasado.
Há ônibus grandes, até mesmo alguns poucos articulados.
Só que não há corredores exclusivos, integração, setorização entre linhas-tronco e alimentadoras, o trem é totalmente sub-utilizado pois funciona de modo que deixa bastante a desejar.
Resultado: algumas poucas vilas e bairros são servidos por ônibus em linhas radiais (Centro-bairro em linha reta).
Todos vão pro Centro, se sobrepondo nas grandes avenidas e portanto concorrendo entre si. Além de gerar congestionamentos e poluição.
Ainda assim, o grosso do transporte é por vans. Nessas obviamente todos os problemas se repetem ampliados:
Somente linhas radiais, nada de integração. Se você quiser ir de um bairro pra outro tem que pagar duas vezes. Além do custo ao passageiro, isso gera um custo a cidade.
Pois forma-se um caos na Zona Central. Ela fica apinhada com um mar de vans brancas disputando passageiros entre si e contra os poucos ônibus que há.
Digo, há em Durbã o sistema ‘People Mover’ (algo como ‘Move-o-Povo’).
É o começo da modernização dos ônibus na cidade. São todos novos, com piso baixo. E são as únicas linhas integradas:
Você paga mais caro, e têm que solicitar ao motorista (que também é o cobrador). Detalhe: é possível comprar um passe válido pro dia inteiro.
Aí você pode entrar em qualquer buso do ‘Move-Povo’, quantas vezes quiser, até a meia-noite.
(Nota: falei a ‘1/2 noite’ como força do hábito. Na verdade a última viagem do ‘People Mover’ é bem antes disso, no máximo as 22h, por ser um serviço mais elitizado.)
Porém não há corredor exclusivo, articulados e muito menos estações com embarque pré-pago em nível.
São apenas 3 linhas, uma percorre as imediações da beira-mar e outras duas ligam a orla ao Centro.
– Ônibus não-integrados:
Todas as cidades sul-africanas ainda contam com esse modal.
Diversas viações com pintura livre, fazendo linhas radiais (Centro-periferia) não-integradas.
Portanto não há linhas circulares que interliguem as diferentes partes da cidade sem passar pelo Centro.
Se você precisa ir de um bairro a outro tem que pagar duas vezes.
Há viações enormes como ‘Golden Arrow’ (‘Flecha Dourada’) na Cidade do Cabo e a Putco em Joanesburgo, Pretória e diversas outras cidades da região.
Essas duas citadas acima têm centenas ou mesmo milhares de ônibus, atendem dezenas de linhas.
E outras bem menores, que só fazem uma ou duas linhas, e têm de somente 1 a 5 ou 10 veículos na frota, e tudo que há no meio entre esses extremos.
Não tem muito o que descrever, é pintura livre, ônibus de apenas uma porta, você compra a passagem do motorista que também é o cobrador.
Nesses busos você igualmente paga conforme a distância percorrida:
O motorista pergunta até onde você vai e cobra de acordo, te dá um bilhetinho de papel com essas informações impressas.
Há alguns articulados nas linhas de maior demanda, isso em nas 3 cidades, Cabo, Joanesburgo e Durbã.
– Trem de subúrbio com padrão de primeiro mundo:
Liga Joanesburgo a seus subúrbios ao norte, e até o aeroporto e a capital Pretória.
Não estou brincando nem exagerando. O Gautrem tem nada menos que 98,6% de pontualidade, ritmo norte-europeu ou leste-asiático.
As poltronas são anatômicas e estofadas, e não há super-lotação.
As cidades da África do Sul, urbanisticamente falando, são iguais as dos EUA.
Claro, há inúmeras favelas miseráveis que não existem nos EUA.
Mas o resto é igual, os ricos e a classe média-alta moram em subúrbios só de casas afastados do Centro.
A parte mais rica de Joanesburgo é a Zona Norte.
Na época do infeliz ‘apartheid’, os subúrbios elitizados eram 100% brancos.
Hoje são mistos, há numerosa classe média e média-alta negra.
O ‘apartheid’ político acabou, e por isso os bairros de elite hoje contam com numerosa participação negra.
Mas o ‘apartheid’ econômico permanece. Se preferir de outra forma, a África do Sul continua um país de 3º mundo.
Portanto uma ilha que é a minoria que pertence a burguesia (agora composta por brancos e negros) está cercada por oceano de pessoas da classe trabalhadora, a imensa maioria negros.
Pro transporte, que é que nos interessa aqui, a malha do Gautrem é pequena. Mas concentrada exatamente na parte rica da cidade.
Ademais, ônibus alimentadores ligam (com tarifa integrada) os bairros do entorno a estação férrea.
Portanto permite que agora a classe média e média-alta possa também usar trens pra ir trabalhar.
Isso é cidadania. País rico e justo não é o que pobre usa transporte individual, mas o que o burguês usa transporte coletivo.
Claro, é só um começo. Numa nação ainda extremamente injusta como a África do Sul, são poucos os casos que a burguesia usa trem e ônibus.
É um bom começo. Até 2010/2012 (anos da inauguração gradual do Gautrem) nem isso existia.
Tem mais: como já dito, o Gautrem tem sua rede de ônibus alimentadores. Esses também são novos
Óbvio que nem tudo é perfeito, a ‘revolução’ ainda está nos estágios iniciais.
O Gautrem é de primeiríssimo mundo, o verdadeiro ‘Estado de Arte’.
Infelizmente a malha é pequena, há somente duas linhas:
Uma grande linha norte-sul de Joanesburgo a Pretória (passando pelos subúrbios a moda ianque onde mora a classe média-alta na Z/N de Joanesburgo).
Ela e se interliga a um outro ramal leste-oeste, que une a linha-tronco ao aeroporto internacional e os subúrbios que ficam circunvizinhos a ele (na Z/L mas próxima a Z/N).
Obviamente é muito pouco pra uma metrópole que tem de 7 a segundo algumas fontes já 10 milhões de habitantes.
Isso somente na Grande Joanesburgo, e se adicionarmos a Grande Pretória (que é muito próxima) dá de pelo menos 10 a 12 milhões de pessoas nessa megalópole estendida.
Ademais o Gautrem se concentra na parte rica da cidade, ignora a periferia.
– Trens de subúrbio precários (‘Metrorail’): existem em todas as metrópoles, Joanesburgo, Pretória, Cidade do Cabo, Durbã, Porto Elizabete e Londres do Leste.
Mas em todas elas a qualidade é péssima. No Cabo e Durbã comprovei pessoalmente. É disso que falarei agora.
“DESCIDA A ESCURIDÃO”:
A SOMBRIA (LITERALMENTE) VIAGEM NO ‘METRORAIL’ –
Vou documentar minha viagem nos trens de subúrbio (‘Merorail’).
Eles são horríveis, em todas as cidades, ninguém usa exceto quem não tem escolha.
Já foi difícil comprar o bilhete, você tem que informar onde vai descer.
Mas eu e o bilheteiro não nos entendíamos, meu inglês não é tão bom – e nem o dele, eu acrescentaria.
Tive que mostrar o mapa, uma passageira na fila ajudou, no fim foi, entrei na estação.
Quando vi a escada pra descer a plataforma, achei que era engano:
Estava tão escura que parecia que a estação estivesse fechada.
Era ali mesmo. Chegando lá embaixo, veja (nas fotos mais pro alto da página) que breu total na plataforma ….
Eu era estrangeiro, tom de pele diferente dos nativos (portanto todos viam que eu era turista).
Estava praticamente sozinho naquele lugar que os próprios moradores locais não têm coragem de pisar.
Em partes da estação um forte cheiro de mijo pois os banheiros estavam trancados com cadeado.
Todo mundo falou pra eu não ir, porque era perigoso demais, era o retrato do inferno.
Ao chegar ali, vi que as pessoas têm razão em evitar o ‘Metrorail’. Pensei: “Caramba, é de fato macabro.
Mas não vou desistir, afinal, se não for perigoso, não é jornalismo.
Vou prosseguir e cumprir a missão que me propus, e Deus Pai e Mãe me ajudará e me Iluminará na tarefa”.
De fato Ele/Ela me Guiou e protegeu, poucos horas depois fui parar num camburão da polícia. Mas não me aconteceu nada de ruim, foi só uma experiência exótica, já está no ar a matéria em que dou todos os detalhes.
Bem, de volta a Estação de Central dos trens de Durbã, só mesmo o Criador pra Iluminar aquele local.
Porque se depender da Cia. Férrea da África do Sul (chamada ‘Prasa’, numa sigla em inglês) tá difícil.
Ela parece não achar necessário pôr mais lâmpadas na plataforma onde as pessoas esperam a condução.
Repito, é no subterrâneo. Pra alguém acessar tem que ir em sentido descendente pelas escadas.
E há pouquíssima iluminação artificial. Resultando que é literalmente uma ‘descida a escuridão’, não é modo de falar.
Cheguei e havia um trem parado. Mas não vi ninguém entrando, espiei pela porta não tinha ninguém dentro.
Então não seria eu o primeiro a entrar, eu era mais ‘peixe fora d’água’ impossível.
Vai que o trem ia recolher, sei lá. Ele partiu quase vazio, eu fiquei na plataforma, também quase vazia e muito escura.
Perto de meia-hora depois chegou outro. Aí já haviam mais umas 4 ou 5 pessoas nos bancos aguardando.
Entrei, vagão deserto, depois subiram mais algumas poucas pessoas, bem menos de 10.
O trem andou 2 estações e recolheu, todo mundo teve que descer.
O fiscal que deu essa informação era branco.
Sinal que há brancos pobres, que fazem trabalho braçal, nessa nação.
Na estação onde tive que ficar esperando mais quase uma hora por outro trem.
Novamente, não há ninguém nas plataformas.
Depois peguei o trem errado, porque na África do Sul o letreiro do trem não traz o destino, mas sim um código.
Um número, que só quem pega todo dia sabe pra onde está indo aquela composição.
Pelo menos aí o trem (errado) que tomei estava mais cheio, algumas dezenas de pessoas, pra não ficar tão sub-utilizado. Camelôs vendem de tudo lá dentro.
As estações assustam, principalmente as desertas e sem iluminação. Mas dentro do trem em si, olhe, não é nada diferente do que temos no Brasil.
Andei várias vezes nos trens de subúrbio de São Paulo nos anos 90 (eu era um adolescente), quando eles ainda não haviam sido modernizados.
A situação era idêntica da África hoje, quem podia evitava.
Atualmente os trens da CPTM melhoraram bastante, mas algumas linhas (as pra Franco da Rocha e Itapevi certamente) ainda estão longe do padrão ideal.
Tudo somado, nesse quesito também o Brasil está bem próximo da África do Sul.
……..
A rede de Metrorail é bem extensa no Cabo, Durbã e Joanesburgo/Pretória (nessas duas últimas é uma só rede, pois as cidades são próximas).
Todas com várias linhas que se cruzam formando uma malha.
Nas duas cidades que ficam no estado do Cabo Oriental (Porto Elizabete e Londres Leste) só há uma linha em cada.
O ‘Metrorail’ era o ‘trem dos negros’ na época do ‘apartheid’, agora é o ‘trem dos pobres’ – que no ‘Metrorail’ são todos negros então especificamente nesse caso nada mudou ainda.
Pois com o regime de segregação racial oficial, os negros (e indianos em Durbã) eram os pobres, os brancos eram a burguesia.
Como já dito muitas vezes, na era ‘pós-apartheid’, a burguesia é multi-racial, brancos, negros e indianos (esses últimos só são numerosos em Durbã).
Mas a periferia ainda é quase toda negra, as piores favelas 100% negras.
Mas mesmo nessas piores favelas quem pode vai de van (‘táxi’). Só usa o ‘Metrorail’ quem não tem mesmo dinheiro pra ir de van.
Alguns dizem que no modal ferroviário o ‘apartheid’ continua.
Fizeram o Gautrem que liga os subúrbios ricos de Joanesburgo e Pretória ao aeroporto.
Sinceramente, vendo o anúncio do Gautrem tive que dar alguma razão a esses críticos:
Como podem ver em foto mais pra cima na página (busque pela legenda), o cartaz só mostra as conexões pra Pretória e Sandton.
Portanto ignora o Joanesburgo e sua Estação Central, chamada “Parque”.
Oras, Sandton é digamos “o Novo Centro” de Joanesburgo.
Aqui, pra irmos adiantando, resumo que, as corporações retiraram suas sedes do Centrão.
E transferiram pra Sandton, um antigo subúrbio que acabou se tornando o novo núcleo econômico da cidade, ao menos pros brancos.
Em Sandton os brancos são maioria nas ruas, ou ao menos perto disso, pois é ali que eles trabalham. Pois bem.
Voltando ao transporte que é o que nos importa hoje, o anúncio do Gautrem só mostrava a conexão até Sandton e ignorava por completo Joanesburgo, que queiram ou não ainda é a maior cidade do país.
Há a linha até o Centro de Joanesburgo. Na hora de construir o Gautrem, a cidade não foi menosprezada.
Mas o foi na hora de anunciar o serviço. Só falam de Sandton, como se só Sandton importasse.
Bem, no trajeto Aeroporto-Sandton há muitos negros no Gautrem, mas os passageiros caucasianos são mais numerosos.
Em Sandton a maioria dos brancos desembarca, dali eles vão de carro (as estações têm estacionamento justamente pra atrair esse público) ou táxi pra suas casas que são em subúrbios elitizados próximos.
De Santon ao Centro de Joanesburgo os negros predominam amplamente no trem, e segundo esses ativistas é por isso que esse trecho não foi considerado digno de aparecer na propaganda.
Repito, não há como lhes quitar uma boa dose de razão.
………
Já que tocamos no ponto do ‘apartheid’. Viram acima que a região metropolitana de Pretória agora se chama “Tshwane”. Vamos entender o porque:
Quando o ‘apartheid’ acabou, os negros exigiram que os estados, ruas e cidades tivessem também nomes africanos, e não somente europeus.
Como não dava pra renomear todas as cidades, acharam um meio termo curioso:
A cidade continua sendo ‘Pretória’, mas a região metropolitana agora é ‘Tshwane’.
E na África do Sul como já dito a região metropolitana é a 4ª esfera administrativa (como o ‘condado’ nos EUA), tem sua própria prefeitura, ao contrário do Brasil.
Em Durbã é o mesmo, a cidade ainda é Durbã, mas a prefeitura metropolitana é de ‘eThekwini’.
O nome ‘Pretória‘ ao contrário do que alguns imaginam nada tem a ver com a palavra ‘preto’. Exatamente ao contrário:
Homenageia André Pretorius, um holandês (africâner) branco que massacrou os nativos zulus pra ajudar a estabelecer o domínio branco na África do Sul.
…….
Busque nas legendas mais pra cima a foto do trem executivo Pretória/Joanesburgo.
Alias, nem todo ‘Metrorail’ é ruim. Esse serviço específico (notem a locomotiva moderna) tem qualidade, pois ali é concorrência direta com o Gautrem:
As linhas têm os mesmos pontos inicial/final e correm lado-a-lado.
Então se o ‘Metrorail’ for péssimo como nos outros ramais aí que ninguém usa mesmo.
Esse ‘Metrorail’ é o único de padrão melhor, a exceção que confirma a regra.
Portanto:
Em Joanesburgo:
– Trem moderno com ônibus alimentadores (infelizmente malha pequena);
– Trem suburbano precário;
– Rede de ônibus integrada moderna (reduzida mas em ampliação);
– Ônibus 2-andares (isso não necessariamente é bom, leia abaixo o que achei da experiência);
Na Cidade do Cabo:
– Trem suburbano precário;
– Rede de ônibus integrada moderna (bastante ampla);
Em Durbã:
– Somente trem suburbano precário, não há outras melhorias exceto em semente;
Veja mais pra cima na página (busque pela legenda) fotos do Terminal Central (não-integrado) de Durbã:
Entre dois busos da empresa Umlazi, vários sem-teto dormem. Essa ainda é a realidade do transporte nessa cidade.
Como as pessoas se locomovem muito mais de vans (que eles chamam ‘táxis’), há pouca demanda pra ônibus.
Resultando que muitos busões no meio do dia ficam parados, o terminal serve mais de garagem, camelódromo, salão de bilhar (vi 3 mesas de sinuca).
E – como notam – abrigo dos moradores de rua. Fechamos Durbã.
Em Pretória:
– Trem moderno com ônibus alimentadores (infelizmente malha pequena);
– Trem suburbano precário;
– Rede de ônibus integrada moderna (adequada ao tamanho da cidade);
– Ônibus 2-andares.
Claro, todas as cidades têm vans e ônibus não-integrados, alguns até articulados.
Pra gente ir encerrando, como dito acima em Joanesburgo e Pretória ainda há algumas linhas de ônibus servidas por veículos 2-andares, mais uma herança inglesa.
Em Pretória só vi um desses veículos, e bem antigo. Mas em Joanesburgo ainda são vários, a maioria brasileiros, fabricados pela Marcopolo.
Vários sim, mas comparativamente ao tamanho da cidade são poucos. Felizmente.
Ônibus 2-andares é ideal pra linhas turísticas, quando são poucos passageiros endinheirados que estão passeando, sem horário a cumprir.
Aí só vai gente sentada, reduzindo os problemas de circulação.
Vou dizer com todas as letras: ônibus 2-andares não são adequados pro transporte de massas, de linhas carregadas usadas pendularmente pela classe trabalhadora.
Pra essas linhas é preciso articulados, que não têm escada, aí você dinamiza o fluxo no interior do veículo:
Todo mundo entra pela frente e vai se dirigindo pra trás, onde há muito espaço pra se acomodar e várias opções pra sair.
Pois num 2-andares a escada toma boa parte do espaço do salão interior, onde é feito o embarque/desembarque e cobrança de passagem.
Ademais, a própria escada já é um gargalo de circulação, se alguém está subindo e outro vem descendo, quem sobe tem que recuar.
Pra piorar mais ainda, a imensa maioria dos ônibus sul-africanos só tem uma porta. Você imagina o cenário: dia útil, 5 e pouco da tarde.
Praça Gandhi, onde fica o Terminal Central das linhas não-integradas de Joanesburgo.
Chega o busão 2-andares. O próprio motorista é o cobrador.
Ele tem que perguntar onde cada um vai (pois a tarifa é conforme a distância percorrida). Depois pegar teu dinheiro, devolver o troco e o bilhetinho que comprova que você pagou o valor certo.
Você vai lá pra cima, pois o vagão de baixo é minúsculo, o motorista a frente, a escada no meio e o motor atrás, quase não sobra espaço pros passageiros.
Chega a hora de descer e você tem que ir se espremendo no corredor e na escada.
Tem gente sentada nos degraus, o vagão de baixo está lotado até o limite, não cabe mais uma pessoas sequer.
E só tem uma única porta lá na frente, você tem que ir achando um espacinho, pedindo licença, empurrando.
Pra piorar, como só tem uma porta, tem gente que acabou de entrar e vem no sentido contrário.
Com muita luta você enfim desce. Ufa!!! A sensação é a de sair do inferno. Eu passei por isso, pra poder lhes contar como é.
Andar em ônibus 2-andares pra linhas de massa não é apropriado:
São Paulo e mais 3 cidades (o subúrbio metropolitano de Osasco, na Zona Oeste da Grande São Paulo, Goiânia-GO e Recife-PE) fizeram o teste.
Eu era criança, mas cheguei a andar várias vezes no 2-andares paulistanos.
A circulação na arte interna é complicada, e isso que no Brasil o buso tinha 3 portas. Imagine na África que é uma só.
Agora, por outro lado em 2015 pra ir do Centro ao Aeroporto de Santiago/Chile eu fui de 2-andares.
Trata-se de uma linha diferenciada, prum público de maior poder aquisitivo.
Aí sem problemas, o buso vai vazio, você sobe e desce com calma a escada.
Circula no salão sem atropelar ninguém nem ser atropelado.
O mesmo vale pras diversas ‘Linhas Turismo’, já andei várias vezes nesses 2-andares aqui em Curitiba, e em 2012 também na Cidade do México.
……..
Claro, muita gente é transportada ainda em caçambas de caminhonetes, sem nenhuma proteção.
Vi e fotografei o mesmo em vários países da América Latina, incluso no Brasil.
Tem mais, o modal mais antigo de transporte da humanidade ainda é amplamente usado na África do Sul: ir a pé.
Quem vive longe vai do trabalho pra casa (pela ordem de preferência) de van, ônibus ou trem.
No entanto quem mora até 10 km do trampo volta caminhando. Sim, caminhando.
Andar 1 hora a hora e meia, ralar o dia inteiro, e depois mais 60 a 90 minutos camelando é o padrão lá, muito mais comum que se pensa.
Presenciei isso pessoalmente. Fim de tarde, cheguei no subúrbio elitizado de Sandton. Na verdade trata-se do ‘Centro Novo’ de Joburgo.
Como dito acima, o Centrão enfrenta severa decadência urbana, assim as corporações transferiram suas sedes pra Sandton.
Os prédios comerciais que importam estão todos ali, no Centrão é só comércio popular.
Por isso fui conhecer Sandton, e dali iria pra favela de Alexandra, que fica próxima. “Próxima” eu quero dizer que são 6 km, 1 hora a pé.
E a pé a galera foi. Quando deixava Sandton, notei uma fila indiana enorme de trabalhadores negros.
Me juntei a eles, e lá fomos nós, caminhando, num agradável fim-de-tarde em Joanesburgo.
Acessamos a rodovia e continuamos, pelo acostamento.
Éramos uma fila de formiguinhas. Eu era o único de pele clara, o único turista.
Todos os demais era gente que pegou no pesado o dia todo.
E aí depois de ganhar o dia com o suor de seu rosto resolveram poupar o dinheiro do VT.
Qualquer trocado a mais no orçamento ajuda.
A África é pobre. Sim, Joburgo é uma das cidades mais ricas do continente.
Mas Alexandra é um de seus bairros mais pobres, em verdade uma grande favela.
Depois, em outra avenida, vi que muito mais gente fazia o mesmo.
Eles estavam em outros trajetos, indo pra outros bairros. O destino era distinto mas o meio de chegar lá ra o mesmo.
É, filho. Essa ainda é realidade de milhões. Caminhar, depender das próprias pernas.
Se a crise apertar no Brasil e outros continentes, eu vi o nosso futuro aquele dia em Joanesburgo.
……..
Pra arrematar: nenhuma cidade da África do Sul (e nem de toda África) tem tróleibus atualmente.
Tiveram no passado, e era tróleibus, 2-andares e Tribus tudo num só. Mas acabou.
E nenhuma cidade sul-africana tem metrô ou VLT, que é um ‘metrô leve’.
Esse modal existe em outras partes da África.
Inclusive a Etiópia, antigamente um exemplo negativo, como visto acima.
Portanto nesse quesito a desenvolvida África do Sul come poeira.
……..
Que Deus Pai Abençoe a África, e todos os homens da Terra.
Deus proverá.