Encanto Multi-Dimensional: a Cidade do Cabo (e do Vinho), um Chacra da Terra

A ‘Mesa-Montanha’ – um Chacra da Terra – é conectada ao Centro e ao resto da cidade pelo moderno sistema de transporte.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 20 de fevereiro de 2018

Quase todas as imagens de minha autoria. O que for baixado da internet eu identifico com um ‘(r)’, de rede. Créditos mantidos quando impresso nas fotos.

Seguindo nossa série sobre a África do Sul, hoje vamos falar mais a fundo sobre a Cidade do Cabo.

Joanesburgo, sobre quem escrevi com mais detalhes em postagem específica, é a maior metrópole do país, e seu epi-centro econômico e político.

Uma cidade muito rica: mansão nos ‘Subúrbios da Zona Norte’ ostenta Audis prateados – “um é pouco, dois é bom“.

Os destinos políticos do país são basicamente decididos em ‘Joburgo’. Fato.

A luta pra derrubar o ‘apartheid’ (desde a ápoca de Gandhi), por exemplo, foi centrada ali.

Mas em múltiplas dimensões o Cabo é principal cidade da África do Sul. Citemos algumas:

– Pra conversa começar, é certamente a cidade mais bonita do país, e uma das mais bonitas do mundo, espremida entre o morro e o mar;

Mas de altíssima concentração de renda: entre as Zonas Norte e Leste, flagrei essa favela, um das muitas da cidade.

– É disparado o principal destino turístico sul-africano. E acredito que o 2° de toda África atrás de Cairo no Egito;

Sediando o Congresso, é uma das capitais da nação (O Chile tem 2 capitais: Santiago executiva e judiciária, Valparaíso parlamentar.

Na África do Sul são 3: em Pretória o Palácio Presidencial, o Cabo capital legislativa, o Supremo Tribunal é na pequena cidade de Bloemfontein);

É a cidade mais integrada da África do Sul hoje. Ali, negros e brancos convivem em (relativa) harmonia. Entre parênteses o ‘relativa’ porque claro que nem tudo no Cabo é um mar-de-rosas.

Castelo do Cabo, feito pelos holandeses em 1679, primeira construção europeia na África. Pra compensar tantos séculos de domínio caucasiano, em abril de 17 havia uma exposição de “História Des-Colonizada da 2ª Guerra”.

Mas nas outras metrópoles sul-africanas a coisa é pior. Muito pior, nos Centrões de Durbã e Joanesburgo há um ‘apartheid invertido’: simplesmente não há brancos;

A Cidade do Cabo é tri-língue. Toda comunicação oficial é em inglês, africâner e xhoza.

Veja a direita a porta de um ônibus, ao fundo belo pôr-do-sol: integraram os negros, mas sem oprimir os brancos.

No resto da África do Sul, lamentavelmente, não houve essa sensatez:

Ali eles sumariamente eliminaram o africâner da maior parte da comunicação governamental.

Substituindo-o pelos idiomas negros nativos. Novamente vemos o ‘apartheid invertido’ em ação;

– Mas não é só questão de raça, e sim também de classe: o Centro da Cidade do Cabo é civilizado.

O ponto mais marcante do Cabo é que não importa onde você esteja na cidade, você sempre enxerga as montanhas ao fundo. Aqui o Centrão.

Portanto, frequentado – e habitado! – pela classe média, tanto brancos quanto a nascente burguesia negra.

Nos Centrões de Durbã e Jonesburgo, mais uma vez, não funciona dessa forma, abaixo explico melhor;

– Pela corrente de mar gelada que vem do Polo Sul, a Cidade do Cabo tem no geral temperatura amena, contando com verões suaves e invernos frios, em plena costa africana.

Região de classe média-alta próxima ao bairro ‘Woodstock’, Zona Central.

O que a torna diferenciada da maioria das grandes cidades do continente, nesse quesito também;

– Somando clima e herança europeia: a Cidade do Cabo também é uma “Cidade do Vinho”.

Nisso se parece com Mendonça, na Argentina (que visitei um mês antes e sobre a qual igualmente escrevi, em matéria ricamente ilustrada);

O sistema de transporte por ônibus da Cidade do Cabo é exemplar, certamente o melhor da África e um dos melhores do mundo.

Indo pra Zona Norte, em primeiro plano o ‘Distrito Industrial’.

Muito bom mesmo,  no mesmo nível dos mais avançados da Europa, Ásia e América –  e eis um assunto que entendo a fundo;

– Por último, mas não menos importante: a Cidade do Cabo é um ‘Chacra da Mãe-Terra:

A Mesa-Montanha cumpre um papel fundamental na rede etérica que equilibra a Energia do planeta.

Bairros “Ponta Verde” e “Ponta do Mar“, colados ao Centro (com famoso trenzinho de brinquedo do parque de diversões).

Quem conhece Ciência Oculta sabe o que estou falando;

Assim, eis a Cidade do Cabo: um epi-centro de suma importância, na 3ª e igualmente na 4ª e 5ª Dimensões.

…………..

Então falemos um pouco mais sobre a cidade, com isso recapitulando um pouco do que já foi escrito nas outras mensagens da série e adicionando novas impressões.

A Cidade do Cabo foi construída, como seu nome já entrega, ao redor de um cabo.

E o que é um ‘cabo’, geograficamente falando? Um península onde a terra avança sobre o mar.

Como esse cabo é montanhoso, a cena mais marcante da Cidade do Cabo é essa (como a legenda já falou):

Não importa em que parte da cidade você esteja, sempre enxerga a serra emoldurando ao fundo.

Bairro (de elite, veja mais um Audi) ‘Campo da Baía’, começo da Zona Sul.

Os primeiros europeus a pisarem na África do Sul foram os portugueses, a caminho da Índia.

A cidade de Durbã foi fundada como ‘Porto Natal’.

Os ingleses, quando conquistaram a região, a denominaram – numa hibridização dos idiomas – de ‘Port Natal’.

E o estado a qual ela pertence se chamou ‘Natal’ até o fim do ‘apartheid’.

Aí houve a incorporação do bantustão de KwaZulu, e o estado atualmente se denomina KwaZulu-Natal, pra agradar negros e brancos.

Extremidade da Zona Sul, bairro ‘Baía Hout’, que igualmente é de alto padrão.

Veja que a palavra ‘Natal’, em português mesmo, permanece até hoje.

Mas da Costa Leste sul-africana trataremos outro dia. Hoje nosso tema é a Costa Oeste.

Até a metade do milênio passado não havia como ir da Europa ao Oriente por via marítima.

Assim as elites europeias, pra importar as especiarias e demais produtos orientais, tinham que recorrer a intermediários árabes.

Nesse mesmo ‘Baía Hout’, outra favela.

Esses comerciantes operavam pela ‘Rota da Seda’ (que agora a China está fazendo uma nova versão).

No século 15, Portugal foi a primeira nação a chegar a Índia pelo mar, contornando a África – obviamente o Canal de Suez não existia.

E pra isso tiveram que passar pelo ‘Cabo da Boa Esperança’, que separa os Oceanos Atlântico e Índico.

Khayelitscha (r), bairro de periferia (com várias favelas) na extremidade da Zona Leste.

Exatamente onde hoje está a Cidade do Cabo, já voltamos pra ela.

Aqui, traçando mais um paralelo histórico, pouco depois os portugueses foram os primeiros europeus a chegarem a América.

(Ao menos oficialmente, alguns dizem que os ‘vikings’ da Escandinávia já havia estado aqui milênios antes.

Nossa bandeira na África; ao fundo sempre as famosas montanhas do Cabo.

Porém como disso ainda não há registros incontestáveis, cristalizou-se no consciente coletivo que foi mesmo Portugal o pioneiro.)

Primeiros a contornar a África, primeiros a cruzar um grande Oceano como o Atlântico.

Definitivamente os lusos dominaram os mares na virada do milênio passado.

Trata-se da Honra-Maior de Portugal, seu próprio mito formador, e por isso em tudo que é português reproduz-se as caravelas.

Vinho sul-africano com rótulo escrito em português.

(Veja o escudo do Vasco da Gama, por exemplo, alias Vasco foi outro navegador.)

No caminho pra África, a Coroa Portuguesa deixou raízes na costa africana, é lógico.

E eles estiveram no Cabo, também. A ‘Mesa-Montanha’, símbolo-mor da cidade, era então chamada de ‘Taboa do Cabo‘.

Mais que isso: não é só uma curiosidade histórica, as sementes lusas germinaram e ainda rendem frutos na África do Sul.

Até hoje usam-se termos em português nas fachadas, no Cabo particularmente no ramo da alimentação. Não apenas ali:

prédios com nome em português, fotografei um deles no bairro da Costa Verde, Zona Central do Cabo, um dos mais ricos da cidade.

Em Pretória flagrei a palavra ‘Munitoria’ num espaço público. Portanto esse fenômeno está arraigado em toda África do Sul.

A rede de lanchonetes Nando’s (um ‘Mc Donald’s local’) está presente em todas as maiores cidades sul-africanas.

Linha-Turismo da Cidade do Cabo.

E, bem, Nando’s mesmo já é em português, e eles colocam ‘Bom Dia’ em todas as suas lojas.

Entretanto na Cidade do Cabo a presença de termos em português é especialmente forte, principalmente como nome de restaurantes.

Veja a colagem acima a esquerda. Especialmente restaurantes na Cid. do Cabo, repetindo.

Também exemplos em fachadas de estabelecimentos de outras atividades, e em outras cidades.

Estádio em que houve jogos da Copa/2010; no terreno ao redor um campo de golfe.

A direita um pouco acima rótulo de vinho. E, não, esse não está assim por ser ‘pra exportação‘.

É fato, a maioria dos alimentos produzidos na África do Sul têm rótulo tri-língue, em inglês, francês e português, pois assim pode ser exportado pra África inteira.

Aqui não é esse o caso. Até porque não foi exportado, fotografei-o dentro da África do Sul mesmo.

Subúrbios da Z/N: na parte rica da cidade, mulher branca se exercita numa bicicleta (atrás mais um campo de golfe).

Em Durbã cliquei frases em português no Centrão. Alguém me disse: “ah, deve ter sido um angolano ou moçambicano quem pichou”.

Pode ser. Aquela era a cracolândia de Durbã, não muito longe de onde um noiado me abordou e tive um diálogo tenso com ele.

Então pode ser que nas redondezas morem alguns trabalhadores braçais imigrantes dos países lusófonos africanos.

Não longe dali, mas na porção de periferia do Cabo, negros são transportados em caçambas e compram em feiras em que os produtos ficam expostos no chão. É a África do Sul em Preto-&-Branco, meu irmão . . . P.S.: na vitrine da concessionária 2 Fuscas, carro que a Cid. do Cabo adora!

Alias, em Durbã mesmo falei em português com um deles, eu entrei no elevador e havia 3 negros.

Pedreiros, reformavam o prédio. Eles dialogavam em inglês.

Me perguntaram, e quando informei ser brasileiro, conversei eu e um deles em português, ele era moçambicano.

Então, sim, há alguns falantes lusófonos na África do Sul.

Mas são pouquíssimos, e se concentram na classe operária.

Aérea da cidade (r). Ao fundo a Mesa-Montanha, a esquerda o Centro e depois o porto, aquela bola é o estádio, a frente dele o bairro da Ponta Verde.

Na classe média, porém, quase não há sul-africanos que saibam o idioma com o qual estou escrevendo esse texto.

E mesmo assim há prédios de luxo e muitos, muitos restaurantes que o utilizam. Por que? Porque é chique, oras.

Por isso: no Brasil falamos português, e os edifícios e as vitrines das lojas da burguesia são em inglês.

Bondinho sobe pra Mesa-Montanha.

Na África do Sul é inverso, eles falam (entre outras línguas) o inglês, mas dá ‘status’ usar alguns termos em português.

Como é a Vida, não? Deus é um cara Gozador, e por vontade Dele tudo mesmo é relativo no Universo

………..

Os portugueses passaram por ali, mas não ficaram. Visavam o Oriente, onde também estabeleceram colônias: Macau que só devolvida a China em 1999, Timor Leste se separou de Portugal em 1975 (e da Indonésia, que o anexou, em 2002).

Colagem (você percebe a emenda) mostra a cidade de cima. Onde há os edifícios altos (comerciais) é o Centro, lá chamado por isso pelo termo britânico ‘C.B.D.’, ‘Central Business District’. Vemos o estádio e logo após ele, encoberto pela montanha, a Ponta Verde/Ponta do Mar. A Cidade do Cabo é bela…

Mumbai, na Índia, era chamada até há pouco de Bombaim. Na verdade o nome não mudou, apenas a grafia. ‘Mumbai’ é como os indianos pronunciavam ‘Bombaim’.

E qual a origem do nome ‘Bombaim’? Por sua vez, já uma corruptela de ‘Boa Baía’, que é como os portugueses chamaram o entreposto que eles fundaram ali.

Falei tudo isso pra mostrar que os portugueses passaram pela África do Sul antes de qualquer outro povo europeu.

…mas também é fera!!! Agora filma as “Cidades de Lata” – o nome é porque nas favelas sul-africanas os barracos são de zinco, parede e telhados. Essa aqui eu cliquei do avião, portanto nas cercanias do Aeroporto, Zona Leste.

A questão é que ali eles não tiveram interesse em derrotar os nativos e fixar uma colônia. Miravam mais longe.

Assim os primeiros brancos a colonizarem a região foram os holandeses, subjugando os negros habitantes originais da terra.

Em 1679 a Coroa Holandesa concluiu o ‘Castelo da Boa Esperança‘ – pra guarnecer o Cabo da Boa Esperança, que ela considerava sua posse agora.

O Castelo, assim, é a primeira construção europeia de toda África, marcando assim o início da colonização caucasiana do Continente Negro.

Quando foi inaugurado, no fim do século 17, era um forte a beira-mar. Mas com sucessivos aterros hoje o Castelo está algumas centenas de metros terra adentro.

Caminhão 11-13 Mercedão que eu ainda consegui flagrar, mesmo estando num ônibus em movimento e sem estar com a câmera preparada (veja a janela do busão). O bichão é preto e bicudo, cena do passado. Hoje (quase) todos os caminhões da África do Sul são brancos e cara-chata.

Nisso o Cabo apenas imita a própria Holanda, afinal foi colonizada por holandeses – e pra isso subjugando militarmente os negros. 

Mas não tardaria, e os holandeses provariam de seu próprio remédio amargo: o Castelo da Boa Esperança garantiu a posse da Colônia do Cabo por um século apenas.

Em fins do século 18, a Inglaterra chega e exige a capitulação.

Os holandeses resistem, a Real Marinha Britânica reforça o ataque com enorme esquadra, e o Cabo cai, passando pra Inglaterra.

Parte dos holandeses migra pro interior, derrotando os negros e fundando colônias:

Estaleiro ao lado do Centro.

A do Estado Livre Laranja (a cor Real holandesa, lembre-se do uniforme da seleção de futebol) e do Trans-Vaal, como o nome indica após o Rio Vaal (conhecida como ‘República Sul-Africana’, não confundir com o país atual que é a ‘República da África do Sul’).

Na virada do século 19 pro 20, a rivalidade anglo-holandesa na África do Sul volta a ferver, e estouram as duas ‘Guerras dos Bôeres’.

Foi nessa ocasião que a Inglaterra inventa o campo de concentração, prendendo nele civis, os Homens não-combatentes, junto com as Mulheres, crianças e velhos.

O famoso farol dos bairros da Ponta Verde e Pontado Mar. Útil a noite. De dia, a Mesa-Montanha é um farol natural, vista a dezenas de kms mar adentro.

Viu? No consciente coletivo Hitler, Stalin, Mao e Pol Pot é quem estão associados a palavra ‘campo de concentração’, e de fato eles fizeram intensivo uso desse instrumento.

Mas quem o criou foi a Inglaterra, nunca te esqueças disso, porque isso a maioria das pessoas ignora.

No fim a Inglaterra bate novamente no campo de batalha os descendentes de holandeses, e unifica toda África do Sul como sua colônia.

Próximas 6: a orla próxima ao Centro. Aqui, a burguesia fazendo exercício no calçadão (“nem parece que estamos na África”, na definição de um morador negro local).

Isso cria um ressentimento intenso entre os ingleses e os bôeres (africâneres, os sul-africanos de ascendência holandesa), que persiste até hoje.

Apenas pra consolidar o ‘apartheid’ contra a resistência negra é que africâneres e ingleses se unem na África do Sul, enfim se descobrindo como ‘brancos’ em comum.

Ou seja, quando os negros foram dizimados no campo de batalha, os europeus brigaram ferozmente entre si, inclusive encerrando civis no campo de concentração.

Apenas quando os negros se levantaram de novo é que os brancos se uniram, subitamente valorizando mais as coisas que os uniam que as que os separavam.

Em escala maior, belo fim-de-tarde na Beira-Mar (opa, isso que é vida, não?). No detalhe uma escultura curiosa, um óculos.

Essa parceria entre os descendentes de europeus se acentuou mais ainda no fim do século 20.

A partir da ‘Revolta Estudantil de Soweto em 76′, que foi duplicada em 1984, o ‘apartheid’ entra na defensiva.

Os negros renovam sua ofensiva, agora apoiada pela opinião pública internacional e mesmo uma porção significativa dos brancos sul-africanos.

Aí, pra tentar impedir a queda do regime racista, as elites inglesas e africâneres juntam suas forças.

Nesse trecho não dá pra entrar direito no mar, a água é gelada e há musgos. Mas as pessoas aproveitam pra caminhar na areia.

Não adianta nada, o fim chegara, em 1990 Mandela é libertado, e em 1994 ele assume como 1º presidente negro da nação.

Alias Mandela estava preso, como sabem, num presídio de segurança máxima localizado na Ilha Robben, na costa da Cidade do Cabo.

Então o regime racista caiu, felizmente. Já contamos essa história com mais detalhes antes.

Um pai levou o filho pra molhar os pés, observados por uma colônia de gaivotas.

Aqui, é apenas pra reforçar o fato que os europeus brigaram violentamente entre si, na África também. Violentamente. E ficou até hoje um ressentimento.

Até hoje os africâneres lembram das crueldades que os ingleses fizeram contra eles.

Eles só não tocam no ponto que eles fizeram exatamente o mesmo contra os negros, mas essa já é outra história.

Ainda a orla central do Cabo, na África do Sul (como nos EUA) você pode personalizar a placa de seu carro – a verde que diz ‘ZN’ não é ‘Zona Norte’ óbvio, mas Zulu/Natal, ou seja, esse veículo cinza cruzou todo país de ponta-a-ponta. E o outro carro é um Novo Fusca.

Até porque, como dito, após os negros terem tomado o poder eles, os negros, se vingaram.

E impuseram algumas medidas de ‘apartheid invertido contra os brancos:

No Cabo não, mas nas outras cidades baniram o africâner da comunicação oficial.

E no Cabo e toda parte impuseram ‘cotas raciais’, mesmo na iniciativa privada e muito mais na governamental.

Cotas raciais era exatamente o que ‘apartheid’ fazia, porém a favor dos brancos.

Com essa colagem, fechamos (por hora) a Ponta Verde e imediações. Disse que o parque da Beira-Mar tem uma arte peculiar, veja a curiosíssima estátua de um rinoceronte, vide a próxima foto pra explicação; Depois observamos um casal, ele entrou no mar pra praticar um esporte em que você rema de pé num caiaque, modalidade muito popular (entre os brancos) na África do Sul. Sua esposa/namorada o espera na areia; E por fim placas, nos detalhes as cenas ampliadas.

Assim, quando os negros fazem o mesmo, ninguém chama de ‘apartheid’. Mas é.

O ser humano é sempre o ser humano, e o poder cega e corrompe. Negros, brancos, todos são iguais.

Não estou tomando partido de nenhum lado, apenas relatando o óbvio:

Quando oprimidos, todas as raças clamam por ‘justiça’.

Acontece que uma vez no poder todas as raças agem igualmente de forma desumana:

Você só identifica o paquiderme de longe (r). A estátua tem várias camadas, apenas quando alcança distância elas se encaixam pra fazer sentido (dir. na foto). De mais perto fica desconexo, abstrato (esq.).

Exigem e se possível impõem privilégios pra si mesmas. O poder corrompe.

…………

Enfim, contei tudo isso pra mostrar que a Cidade do Cabo é a Gênese e ainda hoje o Zênite dos africâneres (holandeses) na África do Sul.

A questão é que a língua africâner é um dialeto da holandesa.

As excentricidades continuam: ali perto, escultura de óculos gigante. Pode isso?

Então podemos dizer que o Cabo é a maior cidade holandesa fora da Holanda.

Assim como analogamente Durbã é maior cidade indiana fora da Índia.

Na Cid. do Cabo o africâner não foi banido, como já dito várias vezes.

“SOLO SAGRADO”: beijando o chão da África na orla central do Cabo – aparece a escultura do óculos (publicado em 11 de maio de 2017).

Até porque o africâner é a língua-mãe de 75% dos ‘mulatos’, os xhoza. Se você vê os xhozas e é leigo, pensa que são negros.

Acontece que eles se definem assim, como ‘mulatos’ e não como ‘negros’.

Ainda assim, na classificação brasileira eles seriam negros. E falam africâner, como sua primeira língua, veja você.

Nessa casa nos subúrbios mais um Fusca (pela renda do dono é uma relíquia, tem o carrinho antigo porque quer, logicamente não é seu principal meio de transporte) e lindas flores – nesse caso primaveras.

Há quase o dobro de ‘mulatosusando o africâner como idioma-materno, 4,8 milhões, que brancos, 2,7 milhões.

(Repetindo, aqui no Brasil esses mulatos nós consideraríamos negros, eles têm a pele bem escura.)  

Seja como for, não é apenas em números absolutos, mas proporcionalmente também há mais ‘mulatos’ que falam africâner que brancos.

3/4 do total dos xhoza têm nessa sua língua nativa, contra 60% dos caucasianos.

Entretanto, se considerarmos os que oficialmente se denominam ‘negros’, quase não há falantes se africâner como 1ª língua, só 1,5% deles, 600 mil pessoas.

Um pouco mais da periferia: foto na auto-estrada pra Atlântida, afastado município da Zona Norte. Mas aqui ainda é dentro da Cid. do Cabo. Nas dunas, entre a rodovia e o mar, miserável favela surgiu: casas de zinco no meio da areia, sem água, luz ou saneamento básico (aquelas caixas em verde são banheiros químicos que o governo instalou pra não ser ao ar-livre mesmo). Parecem os acampamentos dos beduínos na Palestina.

Esse é o outro ponto de atrito entre ‘negros’ e ‘mulatos’, abaixo falo mais disso.

Aqui dizíamos que as cidade do Cabo é mais integrada racialmente da África do Sul.

De fato, os brancos tampouco se auto-baniram do Centro, ao contrário de Durbã e Joanesburgo.

Na verdade não é uma questão só de raça, mas também de classe. A classe-média sul-africana é integrada, desde a classe média-baixa até a alta burguesia.

A elite ainda é majoritariamente branca, as favelas ainda são 98% negras (exceto quando indicado, quando eu uso o termo ‘negro’ eu quero dizer ‘africano nativo’, portanto isso inclui tanto os que se auto-definem como ‘negros’ oficialmente como os que se dizem ‘mulatos’).

Agora estamos em Atlântida, Grande Cid. do Cabo. Curiosamente, as casas proletárias da África do Sul lembram as do Paraguai.

No entanto na classe média, em todos os seus sub-estratos, negros e brancos (em Durbã também indianos) hoje convivem em razoável harmonia.

Trabalham juntos, e se casam entre si. Vimos vários casais inter-raciais na orla de Durbã.

O que mostra que se o nível de renda e educação é similar já não há mais aquele racismo arraigado e intrínseco da época do ‘apartheid’.

Agora a divisão é mais de classe que raça, repito. Na classe média há brancos, negros (em menor parte também indianos), inclusive marido-e-mulher compartilhando a mesma cama em alguns casos.

Ainda Atlântida, uma mercearia (‘tuck shop’ no termo local).

O ponto é que a burguesia, da raça que for e hoje todas estão presentes, em Joanesburgo e Durbã não frequenta mais o Centrão.

Ali só há povão, apenas negros em Joburgo, negros e indianos em Durbã.

Os burgueses, sejam brancos, negros ou indianos, moram e trabalham em seus subúrbios exclusivos, longe do Centro.

Na Cidade do Cabo é diferente. Essa é a única cidade mais integrada da África do Sul. Logo ao lado do Centrão há o bairro da Ponta Verde (‘Green Point’ no original).

Colagem mostra comércio em diversos bairros do Cabo. Algumas notas: 1) Há 3 termos pra ‘mercearia’ ou ‘mercadinho’: ‘Tuck Shop’, ‘Take-Aways’ ou ‘Superette’ – o termo ‘ette’ indica diminutivo, como ‘disquete’ é um disco pequeno, ‘superette’ é um mercado pequeno; 2) Os indianos dominam boa parte das mercearias da Cid. do Cabo, por isso os nomes com referência ao Islã (o que chamam de ‘indianos’ na África do Sul inclui também paquistaneses e bengalis, que são muçulmanos); 3) a Coca-Cola é oni-presente na África do Sul, seu nome estampa não apenas praticamente 100% das fachadas de mercadinhos, lanchonetes e restaurantes populares, como também está presente em estabelecimentos que nem vendem comida ou bebida, como floriculturas, fliperamas e farmácias; e 4) Pegando carona no ‘superette’, essa lavanderia (‘laundry’ em inglês) se denominou ‘laundrette’, a ‘pequena lavanderia’.

Um local da alta burguesia, com carros caros.

(Alias uma nota sobre isso. Eu não participo da fetichização dos automóveis, bem ao contrário.

Não tenho carro, e me desloco basicamente de ônibus e a pé.

Então aqui quando estou citando as marcas BMW, Audi, Porsche, Mercedes, não é pra cultuá-las, porque exatamente ao contrário já tirei todas do pedestal.

Mas cito apenas pra que dimensionem o padrão de renda. Me perguntaram se “existem ricos na África”. Respondi: “E como!!”)

Voltemos. O bairro da Ponta Verde é de alta burguesia, tipo a Gávea no Rio. E ele é vizinho ao Centro.

Em Durbã, que também é litoral, o bairro da orla colado ao Centro é exatamente o inverso:

Uma região periférica, totalmente proletária, que por isso apelidei de ‘Bronx a Beira-Mar, referência óbvia a Nova Iorque/EUA.

Em Durbã, a orla chique já é bem longe do Centro, não dá pra ir pé certamente, a não ser que alguém esteja disposto a caminhar entre uma hora e meia a duas horas.

Próximas 2: panorâmicas tiradas do alto da Mesa-Montanha. Aqui o Centro e Porto.

No Cabo não. Em 15 minutos andando você sai do Centrão e está num reduto extremamente elitizado.

Mais que isso: entre a ‘Ponta Verde’ e o Centro está surgindo um novo bairro de elite, com canais.

Num projeto similar ao de Porto Madeiro em Buenos Aires/Argentina.

Do outro lado do Centro está ‘Woodstock’, onde fiquei hospedado. O bairro é dividido ao meio pela Avenida Vitória.

Girando a câmera pra esquerda, o rico bairro de Campo da Baía (‘Camps Bay’ no original), em duas escalas – e no detalhe um roedor que vive nas pedras no topo da montanha.

Entre ela e o porto, onde está a linha de trem é bem popular, em alguns pontos quase um gueto, ou inclusive pode tirar o ‘quase’.

Tanto que na Vitória mesmo há bastante povão, a massa mesmo. Mas da Vitória pra cima é diferente.

E ‘pra cima’ tanto na geografia física quanto na humana. Topograficamente, é literal, você vai subindo um morro.

Em mais uma colagem, vamos ver alguns detalhes da África do Sul. Lá (e na Argentina também) os extintores são vermelhos, como no Brasil. Parece óbvio, não? Pensamos que é assim em todo lugar. Mas não é. Na Colômbia os extintores são multi-coloridos, há os verde, amarelos, e … até os vermelhos, depende da categoria. Agora um ponto em que os extintores da África do Sul (e, novamente, também os da Argentina) são diferentes dos do Brasil: nesses 2 países eles são tri-modais. Ou seja, categorias A, B e C num único aparelho. Você vê um fogo, não precisa se preocupar em saber se o que está queimando é papel ou a caixa de força do prédio, e nem precisa ler rótulo, qualquer extintor serve pra todos os tipos de incêndio. Bem mais inteligente, concorda? Falando de outra coisa, ‘rua-sem-saída’ na África do Sul e ‘Cul-de-Sac’. E, como já mostrei melhor antes, na ‘Riviera do Cabo’ as garagens de alguns prédios são no teto.

Porém, socialmente você também vai ascendendo. A parte alta de ‘Woodstock’ hoje é um bairro de classe média-alta, habitado por todas as raças mas majoritariamente por brancos.

Essa nova configuração é recente. Até depois da virada do milênio, todo ‘Woodstock’ (dos dois lados da Vitória, a parte alta e baixa igualmente) era proletário, um bairro de periferia.

Na última década e meia passou por agudo processo de aburguesação, e verdade seja dita, o que também levou a um embranquecimento. Sim, hoje há burguesia negra, e ela está presente ali.

Porém os brancos ainda são mais numerosos nas classe elevadas, por isso ‘Woodstock’ hoje está mais caro, e mais claro. O perfil não é tão elevado quanto na Ponta Verde, verdade.

Seja como for, dos dois lados o Centro do Cabo é cercado por bairros burgueses, de alto padrão – e está surgindo mais um, e esse de altíssimo padrão.

Nas outras cidades sul-africanas isso não ocorre, jamais. A África do Sul, como já dito, tem o modelo anglo-ianque de urbanização:

A classe média fugiu da Zona Central a décadas, e vive em subúrbios afastados exclusivamente residenciais, algumas vezes em conjuntos que as casas são todas iguais (nem sempre, em muitos casos cada um faz a sua como deseja).

O que nunca se altera é que o deslocamento das pessoas se dá exclusivamente via automóvel, até mesmo pra comprar pão é preciso ir motorizado.

Na África do Sul os brancos adoram ‘rugby’, mas eles jogam também futebol. Os negros, por sua vez, adoram futebol, mas detestam ‘rugby‘, jogam basquete sim mas ‘rugby’ jamais, pelo menos entre o povão. O que gera uma situação curiosa. Você sabe a classe social de um bairro só olhando pra trave na sua cancha de esportes. Nas caras escolas particulares da elite e alta burguesia, os campos só tem trave de ‘rugby’ (aquele ‘y’, igual a do ‘futebol americano’). Nas periferias, os campos inversamente só tem a trave de futebol, como os nossos aqui. E na classe-média? Bom, aí a trave é mista, bi-modal, um ‘h’, que permite fazer tanto o gol do futebol quanto o de ‘rugby’.

Não preciso descrever como é. Se você já esteve nos EUA (ou Inglaterra), você já viu com seus próprios olhos.

E mesmo quem nunca cruzou o oceano conhece o padrão pelos filmes.

A África do Sul é assim também. Só que ainda mais agudo. Nos EUA/Inglaterra, os brancos vivem no subúrbio.

No entanto trabalham no Centro. Claro, há muitos ‘centros empresariais’ nos subúrbios também.

Os subúrbios ainda não sufocaram o Centrão. Durante o dia, no horário comercial, você vê uma multidão de brancos de classe-média no núcleo central das cidades anglo-ianques.

Sim, no fim do expediente (no máximo depois do choppinho de descontração no bar) eles pegam seus carros, geralmente novos e grandes, e vão embora, pela auto-estrada.

A noite e nos fins-de-semana são poucos os caucasianos no Centro.

Na Cidade do Cabo, em qualquer parte da cidade que você esteja, é comum as revoadas de pássaros, pois além do mar há inúmeras lagoas com vegetação natural em torno.

Todavia de segunda a sexta eles são muitos, em muitas cidades majoritários. Isso nos EUA/Inglaterra.

Na África do Sul é pior que isso, repito. Em Joanesburgo e Durbã, o Centro das metrópoles viraram guetos gigantes, e nem ninguém de classe-média (da raça que for) ousa pisar ali.

Ressalto de novo pra que fique claro. Uma geração após o fim do ‘apartheid’, surgiu uma ainda pequena mas extremamente pujante burguesia negra.

Próximas 10: o litoral da Zona Norte da Cidade do Cabo. Aqui na praia, obviamente. Ao fundo vemos os prédios do centro de um subúrbio da cidade (a moda dos subúrbios ianques, muita gente da burguesia não vai mais ao Centrão, vive e trabalha no subúrbio). E por que não tem ninguém na água (fora surfistas com roupa térmica)? Porque não dá pra entrar: por conta de uma corrente gelada que vem do Polo Sul, o mar na Costa Atlântica do Cabo é absurdamente gelado. Congelante mesmo, impossível ficar dentro. Entrei, mergulhei rapidamente 2 vezes somente pra sentir como é estar imerso no Atlântico em sua outra margem, e saí. Apenas nos meses mais quentes do verão talvez, mas fora isso sem chances (em Valparaíso no Chile é igual, e pelo mesmo motivo). De volta ao Cabo, isso é assim nas Zonas Norte e Sul. Na costa da Zona Leste é o Oceano Índico, e ali a água é quente. A Cidade do Cabo não tem Zona Oeste, pois (como em Porto Alegre-RS) o Centro está no ponto mais ocidental da cidade, a oeste dele só tem água.

Hoje, você vê negros dirigindo BMW’s, Audis, Mercedes, caminhonetes, utilitários, carros de alto calibre mesmo.

Mas os negros de padrão mais elevado, em Joburgo e Durbã, também se auto-segreram.

Eles tampouco querem contato com a massa:

Vivem em subúrbios a moda ianque (muitos com portões na entrada, só entra morador ou seus convidados).

E portanto essa burguesia negra não se mistura com a ralé no Centrão.

A classe fala mais alto que a raça, quanto de dinheiro cada um tem se sobrepõe ao fato que tem o mesmo tom de pele.

Perto do Centro e no próprio Centrão é a periferia deles, onde moram os pobres.

Bem, o próprio ‘Woodstock’ tinha esse perfil até pouco depois do ‘apartheid’.

Os ricos e mesmo a classe média-alta moram longe, muito longe.

Vimos a direita a “Praia do Pôr-do-Sol” (na Cidade do Cabo o Atlântico fica a oeste, então o Sol se põe no mar) – agora vamos ver as casas que são no bairro em frente a ela: a África do Sul tem o modelo de urbanização anglo-ianque, como dito. Os ricos moram em mansões (nunca em prédios, com raras exceções da Beira-Mar central), e sempre que possível sem muros – em se tratando da África do Sul, ressalte-se ‘sempre que possível’, muitas vezes não é. Mas essa não tem muro – e nem calçadas, ninguém anda a pé no bairro.

Bem protegidos pela distância – e na África do Sul também por patrulhas particulares armadas até os dentes.

Entretanto, enfatizo, a Cidade do Cabo é exceção – parcial, claro.

As imagens ao lado ilustram, mesmo no Cabo a imensa maioria dos burgueses vivem nos subúrbios a moda dos EUA.

Ainda assim, é a única cidade em que ainda existe burguesia no Centro.

Ali você vê muitos brancos, e também os negros que ascenderam na escala social.

Não apenas trabalhando, mas eles vivem ali, andam a pé fazendo compras, etc.

No resto da África do Sul (com exceção de Pretória, que é bem menor) isso seria uma miragem:

Essa aqui é em frente a praia mesmo, veja a areia no chão. Não há avenida beira-mar com barzinhos, comércio, trânsito, ônibus, porque o bairro é estritamente residencial de altíssimo padrão. Você só vê loiros de olhos claros na praia, parece que está na Suécia. O tráfego, transporte coletivo, comércio etc, são na avenida principal que é fora do bairro.

Em Durbã, os burgueses (de todas as raças) frequentam a praia, mesmo perto do Centro. Sim.

Só que eles moram bem distante, e vão de carro, param ao lado da areia.

E aí eles curtem o dia ali, entram no mar e também tomam sol, petiscam, almoçam/jantam nos bares e restaurantes, compram nos centros comerciais.

Com o porém que, estou falando de Durbã lembre-se, eles nunca saem da orla.

Circulam pelo calçadão, mas jamais, em tempo algum, andam pelo bairro – nem mesmo pela Beira-Mar.

Mato a cobra e mostro o pau. ‘Praia do Pôr-do-Sol’, Zona Norte da Cidade do Cabo. Ao fundo o Centrão, emoldurado pela Mesa-Montanha. A direita uma família curte a praia (de roupas pois a água é tão gelada que não dá pra entrar, mesmo em dia de sol forte). Todos os frequentadores da praia tinham a mesma alvíssima tez.

Eu fiquei a duas quadras da praia em Durbã. Todos os apartamentos têm grades nas portas, como nas piores favelas e guetos brasileiros. Alguns prédios vão mais além:

Chegam ao extremo de ter aquelas portas giratórias de metal que barram quem não é autorizado (iguais as que existem nas estações de trem de subúrbio no Brasil) – e isso na Beira-Mar!!!

Então, no Cabo é bem diferente. Ali a orla ainda é chique e elegante, reservada aos que podem pagar muito.

Outro exemplo: sem muro, e sem calçada.

Claro, eu disse que a exceção é parcial. A imensa maioria dos burgueses do Cabo também moram em subúrbios – estamos na África do Sul, afinal.

Ainda assim, há uma porção deles próximo ao Centro, e mesmo já dentro dele.

E eles andam nas ruas, sem o medo iminente de serem sequestrados ou assassinados.

Pra que não reste dúvidas: sem calçadas dos dois lados, não há comércio no bairro, pra tudo tem que ser de carro. E que carros, hein? BMW, nesses bairros só dá as máquinas alemãs, Porsches, Mercedes e Audi também.

Some tudo: uma grande proporção de europeus; clima frio por causa da corrente marítima polar, um vale protegido por uma serra.

Resultado: a Cidade do Cabo é um centro vinícola de primeira qualidade, de mesmo nível de seus congêneres europeu e sul-americano.

Como um negro (mulato na verdade, falo disso abaixo) definiu a duas meninas alemãs mochileiras, que conheciam a África sozinhas e a pé:

Uma Mercedes. Vemos o nome do praia (e do bairro), e o nome da rua numa pedra no solo, traço típico da África do Sul. O condomínio geo-referenciou seu endereço.

A Cidade do Cabo é África. Mas não parece”. Rááá!!! Gostou dessa definição?

………….

Durbã, do outro lado do país, é o reduto dos ingleses, ali há pouquíssimos descendentes de holandeses.

E também dos zulus. Evidente que há outras etnias negras, porém essa é a predominante. Não por outro motivo por estado se chama KwaZulu-Natal.

De novo sem muro.

No Cabo, inversamente, embora também hajam muitos ingleses, os africâneres que descendem dos holandeses são bastante numerosos e visíveis.

E, entre os negros, ali há poucos zulus, a maioria dos negros é de ascendência xhoza.

Alias, os xhoza nem mesmo se denominam ‘negros’, mas ‘mulatos’.

Essa bela casa tem muros, verdade. Mas calçada … nem pensar, né?

Se você que é leigo nesses nuances anda na Cidade do Cabo, os negros sul-africanos se parecem dessa forma, como ‘negros’.

Entretanto, lá se eles se auto-definem de maneira diferente, majoritariamente como ‘mulatos’.

Segundo o Censo, os negros, assim oficialmente denominados, predominam no Leste e Norte do país, o reduto dos zulus e sothos, respectivamente.

Pra fecharmos as praias da Zona Norte, uma feirinha estilo brechó. Essa é chique, a beira-mar, bem diferente da que vimos acima na periferia. Claro que há negros, não há mais ‘apartheid’ e surgiu uma burguesia negra. Mas a maior parte dos frequentadores é branco.

Nas províncias (estado) do Cabo (hoje foram divididas em 3 após o fim do ‘apartheid’, antes uma só que pegava mais da metade [55%] da área do país, em sua porção ocidental) os xhoza são majoritários, como já dito.

E os xhoza, não sei se por suas raízes étnicas distintas, se declaram mestiços (‘coloured‘ no original) e não somente negros puros.

Na Cidade do Cabo mesmo há um pouco mais de ‘mulatos’ que ‘negros’, 42 contra 38%.

Ressalto que entre esses que se chamam ‘negros’ muitos não são originalmente da região, migraram pra lá pra trabalhar, alias boa parte dos migrantes são de outros países africanos.

que

Há uma burguesia negra, sim. Mas a maior parte dos negros ainda é da massa, do povão. Veja as ‘feirinhas’ deles – na verdade são camelódromos com maior ou menor grau de organização. As duas primeiras no Centro, a esquerda na praça central que é o terminal das (por ordem de utilização) vans, ônibus e trens – as lojas são em latões de carga de navios. Destaquei uma cabelereira, como as negras precisam cuidar muito do cabelo pra ele crescer, há salões em plena via pública, esse ainda é no ‘container’, há os que só põe uma lona ou nem isso; a figura do meio no Centrão, e a última no bairro ‘Woodstock’, Zona Cenral.

Ainda assim no interior das 3 províncias (estados) do Cabo (Cabo Oriental, Ocidental e do Norte, até o fim do ‘apartheid’ eram 1 só, repetindo) os ‘mulatos’ dominam amplamente.

É comum eles serem de pelo menos 60 até 90% da população, e isso da população total que inclui os brancos.

Porém fora dos 3 Cabos, os ‘mulatos’ começam a diminuir.

Nos municípios e cidades perto da divisa com os 3 Cabos eles muitas vezes ainda são 20% da população.

E quanto mais pro leste você vai indo, menos ‘mulatos’ vão tendo, longe da divisa com os Cabos é raro eles chegarem a 5% dos habitantes de qualquer lugar.

Vibrando na mesma frequência, agora a passarela da estação de trens de ‘Woodstock’ num belo fim-de-tarde (veja o Sol refletido na montanha): a galera se vira como pode.

Não é uma questão apenas de linguagem:

Os brancos, na virada dos anos 70 pros 80 tentavam impedir a queda do ‘apartheid’.

Aí eles criaram 2 ‘parlamentos’ de fachada, sem poder real, um pros indianos e outro pros mulatos.

Até então, só euro-descendentes podiam votar.

Ao estender esse direito a indianos e mulatos, mas ainda negando aos negros, a estratégia do regime racista era claramente ‘dividir pra dominar’:

Voltando pro Centrão: terminal de vans, o camelódromo com ‘containeres’ é em frente.

Dividir os que têm pele escura em duas categorias, de um lado indianos e mulatos que não têm poder real mas aparentemente o têm, na narrativa;

E de outro os negros, esses sem poder tanto na teoria quanto na prática.

O ‘apartheid’ enfim caiu mesmo, mas a rixa entre ‘negros’ e ‘mulatos’, bem explorada, aumentou.

Próximas 5: mais cenas do Centro, o busão da ‘Golden Arrow’ (um dia foi dourado mesmo!) tenta fazer alguma concorrência as vans – a frente dele 2-andares da Linha Turismo.

Zulus e xhozas, grosseiramente falando os que se denominam ‘negros’ e ‘mulatos’ respectivamente, se mataram violentamente nos tumultuados anos da queda do ‘apartheid’.

Você vê: houve uma ocasião que os brancos brigaram violentamente entre si.

Pois bem. Os negros fizeram o mesmo. Como eu disse, o ser humano é sempre o mesmo, a pele não torna ninguém melhor ou pior.

Sempre com as montanhas ao fundo.

Quando afloram disputas pelo poder, não há qualquer solidariedade real, apenas interesses.

Seja como for, assim é a Cidade do Cabo: reduto dos africâneres (descendentes de holandes) e dos xhozas que se dizem ‘mulatos’.

Durbã, do outro lado da nação, é o oposto: o bastião dos britânicos e dos zulus que se auto-denominam ‘negros’ puros.

No Centro do Cabo existem brancos, as raças se mesclam melhor.

No antigo Trans-Vaal, cujo núcleo é hoje Gauteng onde estão Joanesburgo e Pretória, é um meio-termo, uma zona de transição.

Tanto entre os brancos quanto negros há um equilíbrio entre as etnias ali.

Nesse caso, nenhuma predomina absoluta como nas pontas do país.

“Do nada a lugar nenhum”, esse viaduto está parado, dinheiro jogado no lixo. Veja aquele rapaz a esquerda, devia ser um guardador de carro, mas ao ver a oportunidade surgir, se metamorfoseou em guia turístico: quando percebeu que éramos turistas, se ofereceu pra nos levar na parte nova do Centro, onde estão fazendo conjuntos residenciais e comerciais de alto padrão, a algumas quadras dali. Seus serviços são pagos, claro. Demos a ele alguns Rands pela orientação.

Vejamos: na área rural de Gauteng e no vizinho Estado Livre (antigo ‘Estado Livre Laranja’) há muitos brancos africâneres fazendeiros.

Em alguns municípios majoritariamente rurais os brancos chegam a 40% da população.

E nesses lugares no interior em que os brancos conseguem ser mais de 1/3 até quase metade da população, a maioria é africâner, a minoria inglesa.

Por outro lado, nas metrópoles os brancos, de todas as etnias, nunca passam de 15% (20% em Pretória, que é um pouco menor).

Em Joanesburgo não há predomínio nem inglês nem africâner, ambos se fazem presentes em bom número.

Ou seja, em Gauteng há muito mais africâneres que em Durbã, mas (considerando só as cidades maiores, excluindo o interior) bem menos que no Cabo.

A direita na imagem, essa é a parte nova do Centro que falei (ainda está em obras, fez sucesso e sendo ampliada), prédios caríssimos com canais em frente, assim os sul-africanos brancos podem praticar um de seus esportes preferidos (esse caiaque que você rema em pé) sem sair de casa. A esquerda um outro na mesma modalidade, esse até com roupa própria pro frio (eu disse que a água é gelada) e na praia.

Quanto aos negros, fora dos 3 Cabos os xhozas são mais raros. Mas isso não significa que os zulus sejam hegemônicos.

Em Gauteng os negros da etnia sotho são mais numerosos que os zulus, por exemplo.

Há bem mais zulus que no Cabo, mas bem menos que em Durbã.

Como disse, nas pontas do país a coisa é mais polarizada entre as etnias.

No centro geográfico da África do Sul (centro-leste, na verdade) há um equilíbrio maior.

Próxs. 4: ‘Woodstock’. Sua parte baixa, perto da linha do trem, ainda é periferia.

……..

A rivalidade leste-oeste na África do Sul respinga até na astronomia:

Em Durbã eles dizem: “o sol nasce aqui”. No Cabo respondem:

“Pode ser. Mas pelo menos pra se pôr o astro-rei escolheu um lugar agradável”….rs.

Aqui e a direita: na parte alta, subindo a montanha, houve tremendo aburguesamento.

…………

O que mais podemos dizer?

Falamos nas legendas que a Cidade do Cabo tem um sistema de transporte público exemplar.

Não há metrô nem bonde moderno (VLT), e o sistema de trens de subúrbio funciona muito mal, como sempre na África do Sul.

Mas os ônibus . . . que belezura !!! Não devem nada pros melhores sistemas da América, Ásia e Europa.

Já fiz matéria específica sobre o transporte, onde conto tudo em detalhes com centenas de fotos, confira.

Próximas 2: Av. Vitória, que divide as 2 metades.

O destaque negativo é que infelizmente a Cidade do Cabo se tornou a cidade mais violenta da África do Sul, e uma das mais violentas do mundo.

Foram nada menos que 2,4 mil assassinatos em 2015, uma tristeza.

Só que as mortes se concentram quase todas entre os negros (daqui pra baixo quando eu usar o termo ‘negro’ quero dizer ‘africanos nativos’, tanto os que se denominam ‘negros’ mesmo como os ‘mulatos’) do fundão da periferia.

De forma que ninguém se importa muito, nem mesmo a burguesia negra.

Rede nacional de mercados ‘Shoprite‘ (corruptela de ‘Shop Right’, ‘Compre Certo’).

OK, justiça seja feita, não é muito diferente do Brasil.

Apenas aqui nunca houve ‘apartheid’, então a questão é mais de classe que de raça.

Em São Paulo e no Sul do Brasil, a periferia sangra de maneira idêntica, e nessas partes a maioria dos mortos é branca.

Próxs. 2: clube na orla da Zona Central, com piscinas públicas usadas pela classe-média.

Mesmo nas porções mais quentes do país, onde a maioria da periferia é mulata (ou em algumas partes negra), ainda há uma grande proporção de brancos.

E de Norte a Sul, todos, de todas as raças, sofrem juntos com a violência urbana, sob indiferença das classes mais elevadas. Isso no Brasil. 

Enquanto que na África do Sul a questão envolve além de classe a raça: 97% das vítimas de violência são negros, muitas vezes mortos por outros negros.

Novamente, sob a indiferença das classes mais elevadas, e parte da burguesia agora também é negra.

Antigamente, nos tempos do ‘apartheid’, Joanesburgo concentrava o grosso da violência urbana no país.

Sim, ‘Soweto’ liderou a resistência contra o regime racista. Mas ‘Soweto’ era, também, sinônimo de crimes cometidos de negros contra negros.

Quando a África do Sul se agitou a partir da segunda metade dos anos 70 pra derrubar de vez o ‘apartheid’, os negros por um lado se uniram pra lutar contra o inimigo.

Próximas 7: na mesma região, a Beira-Mar dos bairros Ponta do Mar e Ponta Verde (puxando a fila uma BMW, atrás um Audi).

Sim, verdade. Mas também é verdade que, na convulsão que a nação mergulhou, os negros cometeram muitos massacres contra os próprios negros.

E isso também se concentrou em Joanesburgo, muitas vezes em Soweto e imediações.

Mas houve matanças nos bairros e favelas negros em outras partes da cidade.

Durbã e a Cidade do Cabo, principalmente essa, eram mais calmas, não participaram tão intensamente dessa catarse.

Mas desde a queda do ‘apartheid’, a praga da violência urbana engolfou a África do Sul como uma peste negra.

São milhares de mortos em cada metrópole, a cada ano.

Em Joanesburgo a violência sempre foi alta, aumentou mais, mas desde então caiu um pouco.

Em Durbã era menos que Joanesburgo e mais que no Cabo, igualmente explodiu na virada do milênio.

De lá pra cá também reduziu bem. Ainda bem alta, mas menos que já foi.

Na Cidade do Cabo, infelizmente, os índices de assassinatos ainda não baixaram desde que foram pra estratosfera duas décadas atrás.

Uma cidade tão linda, mas com uma periferia que sangra. Lembra muito o Rio de Janeiro, no melhor e no pior.

Também já fiz matéria específica sobre a periferia, onde falamos de tudo isso muito mais amplamente.

……….

Voltando a parte riquíssima da orla, acima vemos um complexo no que eles chamam de ‘Beira-Mar’ (‘WaterFront’). Há restaurantes, comércio, espetáculos culturais, diversas atrações pros turistas e pros moradores locais.

Dali sai a balsa pra ilha Robben, onde fica fica o antigo presídio (agora museu) onde Mandela foi preso.

Mandela foi solto, o ‘apartheid’ acabou, ele se tornou presidente. Assim, chega da falar de conflitos. Vamos falar da resolução de conflitos.

Fechamos a orla da Ponta Verde. ‘SABC‘ (‘South Africa Broadcasting Corporation’) é a rede pública de TV, a BBC deles.

O ‘apartheid’ durou praticamente um século. Oficialmente iniciou-se em 1949.

Na prática desde que os brancos conquistaram todo o país – pois até século 19 eles se restringiam mais ao litoral.

Então. Ao adentrar o interior e pôr todos os negros sob jugo europeu, na prática começou aí o ‘apartheid’.

Porto.

Não nos esqueçamos que Gandhi (que morou 21 anos na África do Sul) já foi preso por causa disso.

E a ‘Grande Alma’ esteve lá na virada do século 19 pra 20.

Tudo isso gerou um ódio profundo, enraizado. Os brancos eram ensinados desde sempre a odiar os não-brancos, pois seu sistema de privilégios dependia disso.

Indo pra Zona Norte, o Pq. Industrial.

Ódio gera mais ódio, como não é difícil imaginar.

Obviamente não sendo santos, os negros e (principalmente em Durbã) indianos, e também (os poucos que haviam) chineses passaram a odiar os brancos no retorno.

Mais que isso, as raças também se odiaram entre si.

Só que isso não é natural, é artificial. Disse o grande mestre Nélson Mandela:

Próximas 2: o rico bairro de Campo na Baía (‘Camps Bay’), no começo da Zona Sul.

“As pessoas não nascem odiando. Elas têm que ser ensinadas a odiar, e é isso que a sociedade faz”.

Ele continuou: “mas não precisa ser assim. Assim como são ensinadas a odiar, as pessoas podem ser ensinadas a amar”.

Mandela dispensa apresentações. Ele também é uma ‘Grande Alma’, o ‘Pai Espiritual’ da África do Sul, arquétipo da moderna nação sul-africana.

Mandela esteve 27 anos preso no presídio que fica na Ilha Robben, no litoral da Cidade do Cabo, de segurança máxima, uma ‘Alcatraz africana’.

Fugir da Ilha Robben era impossível, além da segurança máxima em si mesma era numa ilha.

E como dissemos ainda contribui o fato que a água é congelante:

Próximas 3: uma parte de periferia na Zona Norte (na África do Sul os burgueses jamais moram em prédios altos, exceto em algumas partes da Beira-Mar.)

Se alguém ainda conseguisse driblar todas as grades e os guardas, provavelmente perecia de hipotermia caso conseguisse alcançar o continente a nado.

Então escapar era fora de cogitação. Mandela observava da cadeia a Mesa-Montanha, que é um chacra da Terra.

Mesmo quem não conhece Ciência Oculta entende o Poder dela – ao menos de dia a Mesa-Montanha é um farol natural:

Visível a dezenas de quilômetros, indica a todos os navios o caminho pro porto da cidade. Após semanas no mar, vê-la dá um alívio, a viagem chega ao fim.

O próprio Mandela declarou que a Mesa-Montanha lhe dava alento. Preso ali no ‘Cabo da Boa Esperança’, ele nunca perdeu a esperança.

Montanhas ao fundo, em qualquer parte da cidade.

E a vista do morro, ali, incólume, vencendo a passagem dos séculos, lhe mostrava que tudo um dia passa.

Portanto o ‘apartheid’ iria passar também.

Era preciso apenas aprender com o gigante de pedra a ter paciência.

………

A Mesa-Montanha é disparado o símbolo do Cabo.

Enorme é a fila pra subir em seu teleférico, e ter o privilégio de ver lá de cima toda a cidade, e o próprio cabo que divide Atlântico e Índico.

Próxs. 5: bairros de classe média-alta centrais. As casas têm muro pois é dentro da cidade, não dá pra patrulha armada intimidar a passagem de não-moradores.

Estávamos lá, num dia de sol lindo. De repente, vimos dois menininhos brincando.

Correndo um atrás do outro entre as pessoas da fila, fazendo esconde-esconde, essas coisas.

Riam do fundo de suas almas infantis um pro outro.

Numa cena que faria sorrir até o mais sóbrio dos adultos.

Um dos meninos era negro, o outro branco. Tinham entre 4 e 5 anos. Não se conheciam até então. Se viram na fila, e a identificação foi imediata.

Nem é preciso repetir que a Mesa-Montanha emoldura, sempre.

Se adoraram, pareciam mais amigos que se fossem primos e se conhecessem desde o nascimento.

Você via em seus olhares essa afeição mútua, essa afinidade sincera que só quem ‘pensa com o Coração’ pode identificar.

E um deles, repito, era escuro como o ébano, o outro era claro como marfim.

 No entanto pra eles a pele nunca importou, e sim a Sintonia de Almas.

Não tive como não me emocionar, e me emociono agora de novo, quase um ano depois, quando a cena me vem a mente mais uma vez.

Não tive como não lembrar e não prestar um tributo ao Grande Mandela. Bença, Mestre:

Ali, subindo a Mesa-Montanha, que é um Chacra da Terra, que Equilibra as Energias Sutis do planeta.

Em prédios mais baixos os burgueses moram (com 2 BMW’s o perfil fica óbvio).

Essa mesma montanha que deu esperança ao Mestre em seus dias mais sombrios.

Símbolo máxima da Cidade do Cabo da Boa Esperança que se formou a seus pés.

Realmente há esperança: as pessoas não nascem odiando. Elas são ensinadas a isso.

E elas podem ser ensinadas a amar.

Esses meninos já Sabiam. 

Em Verdade vos digo que aquele que não se fizer criança de novo não adentrará no Reino dos Céus.”

Que todos os Mestres Abençoem o planeta Terra.

Orla da Cid. do Cabo, um casal inter-racial: o ‘apartheid’ acabou, “Somos Todos Iguais”.

………

Depois disso nem há muito mais o que dizer.

Apenas mais imagens pra fechar. A “Riviera do Cabo”, que de tão bela já mereceu uma matéria específica, alias a que abriu a série.

E agora os subúrbios da Zona Norte, de classe média-alta a moda estadunidense.

As de burca só mostram os olhos. Outras de véu, cobrem a cabeça mas o rosto não.

RETRATO DOS MUÇULMANOS NA ÁFRICA DO SUL –

Há um número razoável de seguidores da religião islâmica nesse país.

Veja as imagens ao lado e logo abaixo, registradas em plena Praia Norte de Durbã: mulheres de burca.

Dos muçulmanos, alguns são imigrantes recentes de outras partes da África. Entretanto, boa parte deles já está na África do Sul há gerações.

Ela de véu, ele também cobre a cabeça.

São os chamados “indianos”. Porém como dito acima, esse termo abrange também muitos paquistaneses e bengalis.

Pois Paquistão e Bangladesh pertenciam a Índia quando o Império Britânico fez a transferência forçada dessas pessoas de uma de suas colônias pra outra.

Mais cenas captadas em diversas cidades sul-africanas:

Publicado em 26 de junho de 2017.

Encerramos com um desenho de minha autoria, um casal praticante da religião maometana. Inicialmente pensei nessa cena como sendo em Amsterdã, Holanda.

Por outro lado, pensando bem, o africâner é um dialeto do holandês. E a Cid. do Cabo é a única metrópole sul-africana que o africâner é a lingua-mãe majoritária, tanto de brancos quanto de negros

Além que há um bairro na Zona Central do Cabo com canais, como na Holanda. Então fica bom ambientado na Cidade do Cabo da mesma forma.

 “Deus proverá”

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