a ‘Velha Escola’: o partido único mexicano ‘volta pra casa’

 Penha Neto, do PRI, ganhou as eleições presidenciais de 2012. Em aliança que incluiu o P.V. . O cartaz foi profanado por um militante rival, a foto não foi editada.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 18 de julho de 2012

Vamos escrever mais um pouco sobre o México.

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Todas as fotos foram tiradas pessoalmente por mim na capital do país.

Essa nação vem passando a tempos por um período bastante tumultuado.

E em nenhum lugar isso se reflete tão bem quanto na política.

Penha Neto e todos os seus antecessores no Palácio Presidencial são Homens. Ainda assim é impressionante a participação de Mulheres na política mexicana.

Estive lá poucas semanas antes do pleito de 2012, que elegeu o atual (em 2015, quando a matéria sobe pro ar) presidente.

Portanto pude presenciar o ‘espetáculo’ – por vezes bizarro – em seu ápice.

Henrique Penha Neto foi o vencedor. Do PRI. O ‘partido único’ mexicano retorna pra casa.

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Um ponto fundamental do que percebi lá foi a igualdade entre os sexos na política mexicana.

Podem ver pelas fotos que o número de candidatos do sexo feminino é absolutamente estonteante. Em outras mensagens já foram imagens similares.

presidentA

Josefina presidentA. A candidata que ficou em 3º lugar centrou sua campanha no fato de pertencer ao sexo feminino.

Se as Mulheres não forem metade dos postulantes a cargos públicos, chega muito perto disso. Não creio que haja paralelo dessa situação na América Latina.

Entretanto, não sei após contados os votos elas são eleitas na mesma proporção.

Num nível, o do registro das candidaturas, a igualdade foi atingida. Não sei se ela se mantém no nível seguinte, quando os políticos efetivamente tomam posse.

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“Vamos todas juntas”, dizia sua propaganda. Sim, ela usou uma ‘@’. Não muda nada, óbvio que esse símbolo é um ‘A’ levemente alterado.

Antes de falar de 2012, vamos colocar no contexto. Durante boa parte de sua história, o México foi governado por um único partido, o PRI – Partido Revolucionário Institucional.

O que é ‘Institucional’ não pode ser revolucionário. O que é ‘Revolucionário’ não pode ser institucional, pois revolução significa mudar as instituições.

As imensas contradições da política mexicana já se iniciam pela nomenclatura.

No Brasil se alternam períodos ditatoriais (Vargas, os militares) com outros de democracia autêntica.

No México, ao contrário, só há democracia de fachada. Por 70 anos, de 1930 a 2000, os presidentes foram do PRI. Todos eles sem exceção.

Pra alavancar sua candidata, o PAN se metamorfoseou no ‘Partido das Mulheres’: mesmo quando o candidato é Homem no logo há um silhueta feminina de saias.

De 2000 a 2012 houveram dois mandatos do PAN, o Partido de Ação Nacional. Entretanto, não houve mudança efetiva.

O PRI e o PAN são irmãos-gêmeos em termos de ideologia, ambos instrumentos da mesma Oligarquia, por dizem que são o mesmo, criou-se a alcunha “PRIAN”.

Tracemos paralelos com o Brasil que tudo ficará mais claro. Na República Velha, nossa nação vivia uma democracia de fachada.

O presidente também era “eleito”, entre muitas aspas, porque em verdade o povo apenas carimbava o que já estava decidido.

ate a suplente

Clique pra ampliar e poder ler que até a suplente é Mulher.

Por isso “República do Café-com-Leite”, as oligarquias mineira e paulista se alternavam na indicação do chefe de estado.

De uma certa forma, o México está assim até hoje. A oligarquia por 70 anos indicou diretamente o presidente através do PRI, sem muitas máscaras de democracia.

Porém virou o milênio, novos ventos deram novo alento a humanidade, e ficou mais difícil um partido único se manter assim tão abertamente no palácio e ainda apregoar que essa era a ‘vontade popular’.

Mulheres candidatas

Mais uma. Essa se lançou pra senadora. Não sei se foi eleita.

De forma que parte da oligarquia migrou pro PAN. Vendo desse modo, a vitória de Vicente Fox em 2000, do PAN sobre o PRI, foi mais uma continuação que uma ruptura.

“As aparências mudam pra essência permanecer”, sabe? É por aí.

Pois em 2006, quando o povo mexicano escolheu outro partido que não o ‘Prian’, não deixaram o cara tomar posse.

Num processo similar ao que ocorreu nos EUA em 2000. ‘Ganhou mas não levou’.

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Quando chegamos (uma 3ª-feira) vimos que o Zócalo – epicentro político e cultural do país – estava ocupado a 3 meses por grande protesto da esquerda.

No Brasil não é assim, nosso país tem uma democracia plena, ainda que imperfeita. Grupos distintos se alternam no poder.

Nota: não estou defendendo nem atacando a administração do PT, pois eu voto nulo, pouco me importa se é o partido ‘A’ ou ‘B’ quem governa.

Não inicie uma discussão partidária porque aqui não é o espaço pra isso.

O que é fato é: o Brasil é mais democrático que o México. O PT se alinha a Rússia e China no BRICS.

Se o PSDB retornar ao Planalto, pode ter certeza que o Brasil volta a gravitar mais fortemente na órbita dos EUA.

Majoritariamente professores (na faixa representantes do estado de Guerreiro, onde eu estive também) mas engrossado por sindicatos, grupos indígenas e diversos movimentos sociais. Ficou assim até sábado.

É claro que nenhum partido jamais irá limitar o lucro dos banqueiros, por exemplo.

Ainda assim, há dois projetos antagônicos que são um aplicado e outro rejeitado conforme a ideologia do mandatário da vez.

Isso comprova que há alternância de poder, e há democracia plena. No México isso inexiste.

70 anos ‘sem tirar de dentro’ do PRI, dois mandatos do PAN (um deles usurpado) que não mudaram em nada pois são gêmeos siameses, e agora o ‘bom filho a casa torna’.

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Em 2006, quase que isso mudou. O México quase teve democracia. Houve eleições, e a esquerda enfim pode lançar de verdade um candidato.

Porém a polícia dispersou a manifestação pra que o local pudesse abrigar apresentação do cantor canadense Justin Bieber (anteriormente escrevi ‘estadunidense’. Agora li que ele nasceu no Canadá). No domingo a política novamente se fez presente, houve comício de Obrador – visto por pouca gente, como comprovado aqui. Mas o protesto semi-permanente fora desmantelado. Os fãs de Bieber já chegavam, ele cantou 2ª a noite.

Quase o “PRIAN” teve que ir pra oposição. A esquerda lançou um candidato, Ângelo Miguel Lopes Obrador.

E ele ganhou as eleições, pelo menos no que disse respeito a vontade legítima do povo mexicano. Só que a CIA tinha outros planos pro seu quintal.

Então as oligarquias mexicana e estadunidense se uniram pra empossar um candidato derrotado nas urnas mas escolhido nos gabinetes:

http://es.wikipedia.org/wiki/Elecciones_federales_en_M%C3%A9xico_de_2006

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Leia a notícia que abre nessa ligação.

Diz (ênfases minhas)

Después de reconocer las irregularidades cometidas durante el proceso, el 5 de septiembre, el Tribunal Electoral del Poder Judicial de la Federación (TEPJF), validó las elecciones, declarando a Felipe Calderón como Presidente Electo de México.

eis a prova

Jornal denuncia acordo entre candidato e rede de TV.

El Tribunal sin embargo reconoció la existencia de irregularidades que a juicio de los magistrados, la intromisión del entonces presidente Vicente Fox pudieron poner en riesgo la elección e influir negativamente sobre uno de los candidatos, sin embargo, no habían tenido el peso suficiente para influir sobre el resultado electoral.”

Ora, o próprio equivalente ao TSE mexicano reconheceu irregularidades gravíssimas no pleito.

E ele foi “decidido” por 0,5% de diferença. Nessas condições, é evidente que houve fraude.

Votam 41 milhões de pessoas e o “vencedor” tem vantagem de pouco mais de 200 mil votos num processo que a própria justiça diz ter sido irregular.

Nessas condições alguém não precisa ter poderes psíquicos pra ver que deram um jeito de ganhar quem eles queriam que ganhasse.

Eldorado, morro da elite na Zona Oeste metropolitana. Falo mais do bairro (e mostro uma foto aproximada dessa flor) aqui.

É claríssimo que as jogadas desleais influíram e muito no resultado, mas logicamente quem fraudou (o tribunal eleitoral) não virá a público jamais admitir isso.

Do contrário não teria fraudado, pois a fraude não foi ‘efeito colateral’ mas sim o objetivo mesmo de tudo.

O presidente que não ganhou a eleição mas foi empossado assim mesmo elevou a “guerra contra as drogas” ao status de de guerra de verdade, conforme é notório.

Agora em 2012 como Penha Neto venceu com uma margem bem mais folgada, creio que dessa vez essa tenha sido de fato a vontade do povo mexicano.

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Veja foto da capa de jornal, um pouco pra cima: a concessão da Televisa (a ‘Globo mexicana’) estava pra vencer.

E o candidato da oposição – chamado pela sigla ‘AMLO’, suas iniciais – prometeu uma licitação, que o gigante midiático poderia perder.

Então a Televisa fez acordo com Penha Neto, do ‘partido único’.

Apoio na eleição em troca de renovação automática da concessão, nada de licitações. Até mesmo a imprensa inglesa noticiou a falcatrua. Não adiantou, Penha Neto foi eleito. A Televisa continua inconteste.

Zona Oeste, a rodovia sobre o viaduto. Cartaz de Josefina e morro favelizado.

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A eleição foi polarizada entre Penha Neto, do PRI, e Obrador, do PRD. 

Como já disse acima, o partido PAN pouco se diferencia do ‘bom e velho’ PRI. E nessa eleição mais uma vez o PAN cumpriu o papel de ajudar o PRI.

Explico. Como é sabido, hoje a doutrina feminista está bem enraizada entre a classe média que tem curso superior.

uma no motor, outra no pedal

Bici-táxi (verde) e Moto-táxi (azul) no Centrão. São iguais, apenas uma tem motor e outra não.

No México isso é extremamente forte, já que vários modais de transporte público tem espaços só pra Mulheres.

Na política isso é também verdadeiro. Se por muito tempo muita gente dizia ‘eu não voto em Mulher’, hoje há digamos também um preconceito invertido.

Ou seja, tem gente que vota em Mulher só pela candidata ser do sexo feminino, ponto. As alianças e ideologias não importam. 

periferia

Nas próximas 5, várias tomadas de Ecatepec, subúrbio da Zona Norte: as vielas da parte plana, aqui é estreito mas entra carro; um morro em que, ao contrário, só se sobe a pé; rio poluído.

A eleição seria polarizada entre dois Homens, um do ‘partido único’ PRI e outro da oposição.

O segundo é um cara que não pertence a Oligarquia, tanto que na votação anterior ele ganhara mas não deixaram levar.

Assim o que o PAN fez pra ajudar o PRI?

Lançou uma Mulher, Josefina, apenas pra tirar votos de Obrador entre o pessoal da esquerda.

Tanto é verdade que Josefina explorou isso a exaustão.

Um anúncio trazia um Homem que dizia textualmente: ‘votarei em Josefina porque ela é Mulher’.

Em outras palavras: a disputa era entre um Homem da direita contra um Homem da esquerda.

Um terceiro partido, também de direita, lançou uma Mulher que nunca teve chances de vitória.

Pra arrematar votos entre os que hoje são feministas, Homens e Mulheres, porém não conseguem ler tão claramente esses nuances de como e com quem a candidata fez seu arco de alianças.

Todo preconceito é burro, obviamente. O machismo cega a análise sensata. O feminismo faz o mesmo.

Certamente o fato da candidata do PAN ser do sexo feminino, apenas por isso, sugou alguns votos de esquerda de Obrador.

Os chamados ‘movimentos sociais’ tentaram se contrapor. Nos metrôs, grupos de universitários discursavam e panfletavam contra a dupla Penha/Josefina.

Como já contei, os 3 vagões da frente são exclusivos pra Mulheres.

Então. Neles, garotas universitárias pregavam pro público feminino.

Enquanto outros ativistas (na maioria Homens) falavam pra nós, que íamos nos outros vagões, ocupados em sua maioria por Homens.

Na cidade toda haviam adesivos “nem um voto ao PRIAN”, onde eles fundiam os nomes e símbolos dos partidos.

Ecatepec, Z/N. Domínio do medo: no México até a classe baixa tranca as ruas e as transforma em condomínio fechado. Apesar que no Chile, Brasil e Peru, entre outros, fazem o mesmo.

Mais uma vez enfatizo: eu não sou de esquerda e nem de direita, e por isso voto nulo. Estou relatando as falcatruas do PRI/PAN.

Mas não entenda de forma alguma minha análise como endosso a Obrador, a seu partido (PRD) e a esquerda em geral.

Se eu votasse no México, anularia da mesma maneira.

Em 2006 garfaram o cara, e em 12 ele enfrentou uma força infinitamente maior e perdeu, dessa vez creio que sem desvio de contagem nas urnas. São fatos.

Se eu fosse mexicano, não teria feito campanha por ele, digo de novo. Apenas lhes conto o que presenciei, sem pender pra nenhum lado.

O México também tem seu PT, inclusive com o mesmo símbolo. No Paraguai há um partido com o mesmo logo do nosso PDT, uma mão segurando uma rosa

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Vejam só vocês. Um ano depois do México, eu fui ao Paraguai. Nessa pequena e pobre nação sul-americana comprovei exatamente o mesmo:

Uma democracia de fachada que é na prática regime de partido único ratificado por ‘eleições democráticas’.

‘Pero no mucho’, como dizem por lá: quando o povo elege quem ‘eles’ não querem, ‘eles’ tiram em um golpe civil.

No México ainda antes da posse. No Paraguai no meio do mandato.

pombal

A falta de água tratada é problema gravíssimo. Veja essa cohab na Zona Norte, o tamanho das caixas d’água.

A parte de uma pequena diferença de cronometragem, os métodos das Oligarquias – em ambos os casos com o acobertamento e treinamento financeiro, político e midiático da Grande C.I.A. – é precisamente o mesmo.

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Comentemos de mais alguns aspectos do país. No México se ouve muita música em inglês.

Quando voltei da Colômbia, disse que lá eles curtem muito mais as canções em seu próprio idioma, e é verdade, pelo menos foi o que presenciei.

caminhao

Ali perto: água pra beber é uma mercadoria no México, muitas vezes disponível somente a quem pode pagar.

Claro que existe roque, ‘rap’, etc, em inglês na Colômbia, mas muito mais restrito que aqui.

No México é diferente, é bem mais frequente manifestações musicais anglo-ianques, como é no Brasil.

Entretanto, os nomes dos edifícios no México são todos em espanhol.

Sempre termos bonitos, como “Reforma Santa Fé” (esse eu fotografei), “Castelo do Bosque”, “Vista Bonita”, etc.

Os mexicanos não gostam muito de prédios altos, influência euro-ianque. Mas os poucos que há é na língua deles.

Próximas 3: bairro Pedregal, Zona Sul do México DF. 3 Fuscas numa foto, sendo 2 táxis (a esquerda em escala maior), as favelas no morro.

O México é muito influenciado pelos EUA. A pichação de muros segue o modelo do ‘irmão’ do norte, um estadunidense pensaria que está em seu país, ao menos nesse quesito.

A alimentação no México também é muito estadunizada. As redes de comida rápida ianque são onipresentes.

Há outras redes que são mexicanas, e servem pratos mexicanos como tacos, mas seguem o ‘modus operandi’ estadunidense.

Mesmo nos hotéis o café da manhã copia o padrão ianque: muita fritura, ovos, carne, comida quente resumindo, e poucas coisas pra você comer no pão.

3 Fuscas numa foto. so pode ser no MexicoO México é 2º país do mundo em consumo ‘per capita’ de refrigerantes. Os EUA lideram com nada menos que 170 litros/ano/habitante.

Excluindo-se da conta os bebês e os poucos ianques que não tomam refri, conclui-se que entre os que tomam cada estadadunidense ingere quase um litro de refrigerante por dia.

Todos os dias de sua vida, de domingo a domingo, janeiro a janeiro. Não por acaso o câncer, diabetes, autismo e diversas outras doenças por lá estão na estratosfera.

Voltando ao México, vem logo atrás com 146 litros/ano/por cabeça.

No Brasil é pouco mais da metade disso, 85 litros por pessoa. Aqui na América do Sul Argentina, Chile e Uruguai (todas nações em que a cultura da raça branca é muito forte) estão acima de 120.

taxquena

Taxqueña, bairro de classe média, também Z/S mas longe do Pedregal.

Bem, nos EUA, México e nessas 3 sul-americanas a taxa de diabetes é muito acima da brasileira, e há relação de causa-e-efeito, óbvio.

A título de comparação, na outra margem do Atlântico Inglaterra, Espanha e alguns países da Escandinávia estão bem atrás dos EUA e México mas já nos 3 dígitos. 

A média no continente europeu é 60, menor que no Brasil e similar ao geral sul-americano excluindo o Cone-Sul.

O Rodo-Anel mexicano chama-se ‘Periférico’. Há lugares que ele tem 3 níveis: sub-solo, superfície e suspenso. Mas não é suficiente. Em alguns trechos estão fazendo mais uma pista, ainda mais elevada, acima da que já existe suspensa. Haja apego ao modal do automóvel!!

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Faço a ressalva que o mapa que consultei como fonte está truncado, então não pude conferir o número exato pra todos os países da Europa.

Agora, pude ver com clareza que nenhuma nação da África e Ásia inteiras chega nos 100 litros/ano/pessoa, que os EUA e México ultrapassam com muita, muita sobra.

Fiz toda essa análise dos refrigerantes apenas pra mostrar que nessa dimensão também o México está umbilicalmente ligado a seu irmão maior do Norte.

Alias há muitos ianques morando no México, funcionários de trans-nacionais.

Nos bairros em que há muitos prédios de escritórios, vendem-se jornais diários mexicanos em inglês, destinados justamente aos estrangeiros que lá residem.

Aqui exatamente um trecho suspenso em obras, pra se somar ao que já existe na superfície. Essa imagem e a da direita logo acima foram feitas na Zona Oeste, a parte rica da cidade.

O ‘New York Times’ e os outros grandes períodicos dos EUA também podem ser achados nesses locais.

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Outras influências ianques: no México as eleições não são alinhadas. Ou seja, os estados não são obrigados a eleger seus governadores simultaneamente, como é no Brasil.

Dia 1º de julho foi a eleição presidencial, vencida (parece que dessa vez sem contestações) por Penha Neto. É claro que essa votação foi no país inteiro.

Mais cerca de 20 dos 32 estados (incluindo o DF) aproveitaram o embalo e fizeram também seus pleitos estaduais.

Ainda assim, onde há um espacinho surge uma favelinha. Estou sobre um viaduto, em frente a banca onde fotografei os jornais. A esquerda em escala maior.

Só que outros 12 preferiram não fazê-lo, e a votação será em outra oportunidade. É isso que quero apontar.

Nos EUA igualmente cada estado realiza suas eleições quando acha mais conveniente. Como contraste, no Brasil todos os 27 governadores são eleitos no mesmo pleito.

Além disso, cada estado dos EUA pode fazer como quiser suas placas de automóvel.

Se já reparou isso nos filmes ianques (ou pessoalmente, pra quem teve a chance de ir lá), sabe que as placas são diferentes:

Cada estado tem uma cor, um desenho de fundo, e mesmo uma quantia diferente de letras e números.

em cada espacinho, mais uma favelaPor exemplo, as do estado de Nova Iorque agora são amarelas. Quando eu fui lá, nos anos 90, eram brancas com letras azuis e detalhes em vermelho.

As da Flórida eram também no meio da década de 90 brancas com letras em verde e o mapa do estado alaranjado no meio.

Então. No México há essa mesma liberdade. Os estados escolhem padrões próprios pra suas placas, em todos os quesitos: acrescentam desenhos, frases, mudam a quantia de letras e números.

Contraste: por um lado os viadutos ‘estão quase alcançando o céu’. Por outro, é comum no México ruas de classe média e mesmo média-alta em que não passam carros. Veja essa ladeira: sobrados de alto padrão triplex. E só se chega a pé.

Em Guerreiro (estado onde está Acapulco) há o lema: “Independentes graças a Guerreiro”, já que o estado foi nomeado em homenagem a um dos heróis da guerra de independência.

Até onde sei, é a única nação da América Latina que isso ocorre. No Brasil e em todos os outros as placas são iguais no país inteiro.

Por outro lado, no México se tem mais forte a Verdade que América é um continente e não um país.

Quando um estadunidense fala de forma errônea que é “americano”, muitas vezes o corrigem no México, relembrando a Verdade tão básica que “aqui também é América”.

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flores primavera méxico df d.f. periferia

Ecatepec, Zona Norte. Aqui o padrão é bem mais popular. Ainda assim, a cena se repete, um calçadão florido em que os automóveis são vetados.

No México os banheiros públicos são raros, e sempre são pagos.

Poucos terminais de metrô e ônibus (apenas os maiores, onde há várias linhas) têm banheiro.

E quando tem é sempre tarifado, não importa que você já desembolsou a passagem pra estar ali.

No parques, supermercados, centros comerciais, etc, mesma coisa, é sempre cobrado. E mesmo assim são poucos.

micro e taxi em frente a catedral

Micro-ônibus todo adesivado no Zócalo. Leia mais sobre o transporte no México.

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Tanto que algumas galerias comerciais colocam um anúncio bem grande na frente dizendo que contam com sanitário – pago, evidente.

É o padrão da América Hispânica. Na Colômbia e Chile é exatamente igual:

Mesmo os banheiros dos terminais de ônibus e metrô – e só há nos maiores, nos menores inexistente – é tarifado.

Próximas 3: Ecatepec, Z/N.

Bem, no Chile pelo menos dentro do centro de compras (o ‘shopping’, se prefere em inglês) é de graça. Já de volta ao México, mesmo esse é cobrado.

Alias, uma coisa curiosa: no México – e na Colômbia igualmente – muitas vezes funcionários limpam o sanitário do sexo oposto enquanto ele está sendo usado.

E ninguém se importa, nem os trabalhadores nem os usuários do banheiro.

Várias vezes fui mijar e Mulheres esfregavam o chão. Simplesmente entrei na casinha, fiz o que tinha que fazer e saí, elas não olharam pra mim nem eu pra elas.

Uma colega do sexo feminino contou que o contrário também ocorre:

Homens limpam o banheiro feminino enquanto ele está em uso, e as mexicanas não consideram um desrespeito.

É normal por lá. Tudo é cultural, não é mesmo?

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No México, como no Brasil e creio que em todas as partes, se buzina muito no trânsito. É horrível.

A Cidade do México tem um dos mais altos níveis de poluição do mundo, inclusive na esfera sonora. Esse fator contribui e muito pra esse triste recorde.

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Antes de fecharmos, mais algumas imagens, boa parte delas são parecidas com algumas que já seguiram mas em outra escala.

Acima a Zona Oeste metropolitana, perto de Eldorado.

Esquerda: cartazes de candidatos, esses do sexo masculino.

Repare que de raspão eu flagrei um caminhão em que vários trabalhadores viajam na caçamba, sem qualquer proteção contra quedas. Isso é infinitamente comum lá, bem como na Colômbia e Rep. Dominicana. Tristeza . . .

Zona Oeste.

Agora a sequência horizontal abaixo. As 3 primeiras são em Ecatepec.

1 e 2) O morro, depois ampliado e ressaltada a escadaria, único acesso a parte mais alta.

3) O mesmo caminhão que vende água. Repare no detalhe: há um cadeado no tanque, pros larápios não roubarem o óleo dísel do cara. É mole ou quer mais?

4) O protesto dos professores no Zócalo (repare no canto da foto entre as barracas e a igreja o mesmo micro mostrado mais pro alto); 5) As candidatas num bairro de classe média-alta da Z/N; 6) A banca de jornal.

aqui nao sobe carroso se sobe a pecadeado no tanque

É isso, amigos.

A Série sobre o México está concluída. Toda ela jogada no ar.

Louvado seja Deus Pai-Mãe.

“Deus proverá”

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