“Ascensão & Queda”: a Argentina vista por dentro

Obelisco da 9 de Julho, Centro de Buenos Aires, principal cartão-postal do país.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 9 de abril de 2017

Mensagem-Portal sobre a Argentina. Ao fim do texto ancoro as outras mensagens da série.

No fim do século 19, e por toda a primeira metade do 20, a Argentina era um país de primeiríssimo mundo.

Um verdadeiro pedaço da Europa em plena América.

Muito, mas muito acima de seus vizinhos latino-americanos com exceção do Uruguai (que é uma nação muito pequena, e portanto muito mais homogênea).

Ops, mas veja atrás dele: sem-tetos dormem em plena luz do dia. Imagem que sintetiza a crise social que a Argentina atravessa.

A ascensão foi intensa e notória. Porém, as coisas mudam.

Num processo que se iniciou após a 2ª guerra mundial e se acentuou rapidamente nas últimas décadas, a Argentina empobreceu visivelmente.

Hoje não há nada de europeu nela. É exatamente o mesmo padrão de toda América Latina, com tudo que isso representa.

Maior o voo, maior a queda, como dizem. A decadência também tem sido intensa e notória.

………..

Antes que os mais apressados corram pra corrigir o que eu não disse, eu não estou afirmando que a Argentina está mais pobre que o Brasil.

Há uma matéria do jornal ‘La Nación’ que é de se assustar (essa imagem e a próxima vieram dali). Em 2000, 100 mil pessoas moravam em favelas no município de Bs. As. . No censo de 2010 já se contabilizaram 160 mil, e as estimativas são que em 2017 já são 275 mil. Quase triplicou somente nesse milênio, portanto. Acima da manchete está a favela Vila 31, bem no Centrão da capital, aparecem os prédios chiques ao fundo.  Imagem que vale por mil palavras: a Vila 31 em 2001, e apenas 12 anos depois em 2013 com o quíntuplo do tamanho.

As duas nações estão mais ou menos no mesmo nível. A questão é que até 1970, digamos, a Argentina era 10 vezes mais rica que o Brasil.

Era notório o exemplo que os peões dos prédios que eram construídos em Buenos Aires comiam nas horas de almoço churrasco só com carne de primeira (alcatra, picanha, etc).

Tudo assado no próprio canteiro de obras, posto que a Argentina era e é grande produtora de gado, o que também barateava a matéria-prima.

Porém o principal é que a classe proletária de lá ganhava muito, mas infinitamente muito mais que a daqui na mesma época.

Já que então os operários da construção civil do Rio e SP moravam em barracos de papelão nas inúmeras favelas dessas cidades, e comiam geralmente arroz-&-feijão engrossado com muita farinha.

Precisa dizer mais??

Um ovo frito ou bife de carne de segunda já era um luxo que nem todos podiam dispôr.

Portanto a Argentina estava a anos-luz do Brasil, Colômbia, e muito a frente mesmo do Chile. Isso na primeira metade do século 20 e até as duas ou três décadas posteriores a segunda grande guerra.

Um exemplo vai selar a questão em definitivo: o metrô de Buenos Aires (abreviada ‘Bs. As.’) é de 1913. Um dos mais antigos do mundo.

O de Londres-Inglaterra foi eletrificado (e portanto a partir daí considerado metrô) em 1890. O de Paris-França é de 1900, Nova Iorque-EUA inaugurou o seu em 1904.

Vamos também mostrar as partes bonitas da Argentina, é óbvio. Aqui e a direita, a região dos bairros Palermo e Recoleta, Zona Norte, a porção rica de Buenos Aires.

Portanto o metrô da capital argentina é apenas 13 anos mais novo que o da capital francesa, e veio menos de uma década depois da principal cidade estadunidense. 

Mais: o metrô de Buenos Aires (lá chamado ‘subte’, diminutivo de ‘subterrâneo’) foi o 1º de todo Hemisfério Sul, o 1º de toda América Latina.

E, se tudo fosse pouco, o 1º de um país de língua espanhola, pois mesmo o de Madri-Espanha chegou 6 anos depois dele.

O metrô de Lisboa-Portugal, que também é Europa Ocidental, só foi rodar em 1959.

Hoje a China tem os dois maiores sistemas de metrô do mundo, nas suas capitais política e econômica Pequim e Xangai.

Entretanto o metrô de Pequim é de 1965, e o de Xangai ainda mais novo, entrou em operação bem recentemente, em 1993. Já que estamos na Ásia, Tóquio-Japão fez o seu em 1927, e o de Seul-Coreia do Sul é de 1974.

Hoje esses dois sistemas são infinitamente maiores que os de Buenos Aires, mas os portenhos contaram com esse conforto 14 anos antes que os japoneses, e 61 anos antes dos coreanos.

Todas as cidades argentinas são bastante arborizadas, não tanto no Paraguai, ainda assim abundante. Seja na alta burguesia (esse caso aqui) quanto na periferia.

Somente no mesmo ano de 1974 o Brasil passou a contar com esse modal, quando São Paulo inaugurou sua primeira linha. No Rio de Janeiro foi em 1979.

Enquanto que o do México D.F. é de 1969, pouquíssimo antes de SP e muitíssimo depois de Bs. As. . O primeiro e até agora único metrô da Colômbia, o de Medelím, data de apenas 1995.

Assim fica evidente o passado glorioso da Argentina. Muito próxima na Linha do Tempo de Londres, Nova Iorque e Paris, e a frente mesmo de Madri (a ex-colônia superou sua antiga metrópole).

E décadas e décadas a frente de Portugal, Brasil, México, China e Colômbia. No entanto essa não é mais a situação do país, exatamente o oposto sendo verdadeiro.

Argentina É futebol. Das 57 Libertadores, os caras ganharam nada menos que 24, ou seja, quase metade das taças ficou por lá. Pra sentir essa frequência, fui ao Novo Gasômetro conferir São Lourenço (o time do Papa e campeão de 2014) x Atlético Paranaense por esse torneio. Eu sou de Curitiba mas não sou torcedor do CAP, foi apenas o jogo que deu certo de eu ir, assim como já vi o Coxa fora de casa, em Belo Horizonte-MG, 2012.

Hoje Brasil e Argentina estão num nível parecido de ‘desfuncionalidade’ e de desigualdade social – isto é, muito elevado.

Antes não era assim. No passado o Brasil era ainda mais pobre e injusto, portanto houve uma melhora.

Não estou justificando o nível de desigualdade social em nosso país.

Alias em várias partes, de Fortaleza-CE a Florianópolis-SC e também aqui em Curitiba, já retratei bastante vezes o quão agudo é esse contraste.

Ainda assim, houve significativa redução da miséria em nosso país nas últimas duas décadas. Embora obviamente haja muito por fazer, diversas das favelas mais feias foram removidas/urbanizadas.

Quem conhece São Paulo, por exemplo, vai se lembrar que até o começo dos anos 2000 haviam diversas favelas miseráveis nas ilhas da Marginal Tietê (‘ilhas’ dos viadutos, e não do rio), por exemplo.

“Passeador de Cachorros”, outra cena que sintetiza a Alma Argentina. Provavelmente esse garoto não é o dono de todos esses animais, ao contrário, ele ganha dinheiro das madames pra dar um volta no parque com os bichinhos. Foto na Z/N da capital.

Essas pessoas foram transferidas pra apartamentos no estilo ‘Cingapura’, o que é uma melhora inegável.

Então ainda há seríssimos problemas, mas é fato que a situação se amenizou um pouco ultimamente no Brasil.

A Argentina vai na mão oposta, isso é que quero apontar.

Essa nação, que um dia foi muito rica e olhava toda a América Latina de cima (com exceção de seu pequeno vizinho Uruguai) hoje não tem mais esse privilégio.

Então a Argentina é mais pobre que o Brasil? Não, não é. Mas num passado recente, ela foi muitíssimo mais rica, e agora não é mais.

A Argentina é o pior país da América Latina em termos de estrutura social? Obviamente não. Porém um dia ela foi disparado o melhor, tanto que era pensada como a ‘Europa na América’.

E hoje ela está no mesmo nível dos vizinhos, a frente dos mais miseráveis é certo, mas não acima do Brasil, Chile, México e Colômbia, pra citar somente alguns.

E aqui mais uma: performance pública de tango na Feira de Artesanato de São Telmo, Centro Velho de Buenos Aires.

A queda é real, e absolutamente palpável. Só que ‘quem foi rei nunca perde a majestade’.

Houve esse processo de câmbio, de uma nação rica e homogênea europeizada pra uma realidade totalmente latino-americana.

Com tudo que isso representa, tem sido difícil de ser digerido pelos argentinos.

Resultado: a Argentina está numa convulsão social gravíssima, em múltiplas dimensões.

Chegamos lá, no meio de março.17, numa Buenos Aires em caos.

Chovia a cântaros, essa foi a contribuição da Mãe-Natureza.

Mas além do clima, e essa é a parte feita pelas mãos do Homem e da Mulher, a capital estava coalhada de protestos.

Com todo o Centro sitiado, diversas avenidas interrompidas por manifestações. Foram esss as ‘boas-vindas’ que recebemos. 

A confusão foi a noite inteira. Quase 10 da noite, quando retornei do estádio, a Praça de Maio continuava ocupada pelos manifestantes, com suas vias de acesso fechadas.

A direita exatamente a primeira cena que vimos no país, piqueteiros fechavam o tráfego na Avenida Nove de Julho, umas principais da cidade.

Na hora de irmos embora, na última noite esperávamos nosso ônibus na Rodoviária de Córdoba.

E nada dele chegar, já iam 45 minutos de atraso, estávamos preocupados pois no dia seguinte seria o voo pro Brasil saindo de Bs. As. . Quando o veículo afinal encostou na plataforma, os funcionários explicaram:

No dia seguinte, todo o Centro de Bs. As. permanecia sitiado, avisos pela cidade alertavam os motoristas pra evitarem as zonas de confronto. Pouco antes de eu tirar essa foto, 5 policiais me cercaram, revistaram minha câmera e exigiram que eu apagasse algumas imagens. Isso é estado de direito ou anarquia??

O ônibus havia sido apedrejado ao passar perto de um protesto.

Felizmente estava vazio e ninguém se feriu. E assim foi a despedida.

Da chegada a partida, uma síntese da crise que assola a Argentina.

E que não irá terminar tão cedo, pois é um processo estrutural, que já dura décadas.

Houve meteórica ascensão que fez a capital argentina ter metrô antes que sua antiga (e orgulhosa) metrópole.

Como já havia acontecido nos anos 80, a Argentina voltou a ter hiper-inflação na década de 10. Veja, flagrei um açougue em Buenos Aires via visão de rua do ‘Google Mapas’: em apenas 3 anos o preço dos alimentos mais que dobrou em alguns casos. Aí natural que o pais tenha explodido em revolta.

Agora veio a ressaca: a readequação a realidade latino-americana, que será perene nesse século 21.

Não, a Argentina não retornará ao 1º mundo. E está vivendo ‘as dores do parto’ dessa nova frequência.

Bem-vinda a América, agora de corpo & alma, Argentina querida.

Nós estávamos te aguardando, e a hora finalmente chegou.

Agora que a ‘ilusão europeia’ se dissipou, definitivamente estamos todos no mesmo barco.

………..

A série ainda vai longe, essa é apenas uma pequena introdução.

Vimos as causas, agora vejam as consequências. Foi detonada insurreição: diversos grupos promovem um levante que visa ‘derrotar’ (derrubar) o presidente Maurício Macri. No mês seguinte (abril.17, quando produzo o texto) o caos continuava, com mais greves-gerais nacionais. Nem sempre os protestos são pacíficos, esse é o perigo.

Em outra mensagem falamos melhor da conturbada situação política argentina, passado e pressente.

Começando pela ‘guerra suja’ de Videla com suas ‘escolas’ e cidades ‘ocultas’.

E chegando até o presente momento, em que Macri implantou uma política neo-liberal, soltando um ‘tarifaço‘ e arrocho nos salários.

Assim os movimentos sociais vem fazendo um movimento de insurreição pra derrubá-lo, como a imagem ao lado deixa nítido.

Fazendo uma leve pincelada no passado, a ditadura argentina foi crudelíssima, infinitamente pior que no Brasil.

Infinitamente, quem não estudou a fundo não tem noção do que ocorreu por lá.

Em apenas 7 anos o regime desapareceu nada menos que 30 mil pessoas.

No Brasil, calcula-se que tenham morrido no auge da repressão perto de mil pessoas.

A prova: em Córdoba, o trem suburbano passava dentro de um ‘assentamento’, a “Vila de Nylon” (ou ‘Náilon’ na pronúncia latinizada). Os comboios estavam sendo apedrejados com frequência, obrigando a suspender o serviço no trecho conturbado, agora ele opera da Estação Rodrigues do Busto (que já é na saída da cidade) até Cosquín no interior da província, evitando assim a parte mais problemática dentro da cidade de Córdoba.

Sendo que  nem todos foram mortos pelos militares, pois as guerrilhas também assassinaram gente em atos que eles denominavam ‘justiçamentos’.

Pois bem. Considere que a população argentina é um quinto da brasileira. Portanto os 30 mil mortos de lá equivaleriam a 150 mil aqui.

Resultando que a ditadura argentina foi 150 vezes mais letal que a brasileira, ou, ainda tirando 50% de brinde, nada menos que 100 vezes pior.

O regime de Videla se assemelha mais ao de Pol Pot que ao de Médici.

Na Argentina os presos enfrentaram torturas inimagináveis aos brasileiros, que descrevo nesse texto.

……….

Por hora, falemos um pouco mais sobre como é o país em termos gerais. A Argentina tem 44 milhões de habitantes. Como eu já disse quando retornei da Colômbia:

Infelizmente apedrejamentos do transporte coletivo são comuns em Córdoba e toda Argentina. Na estação dessa cidade, flagrei um trem que tem o para-brisas gradeado. No auge dos ‘problemas’ do ‘Apartheid’ na África do Sul  os ônibus e trens eram assim, mas hoje não mais. Por aí você vê como está a Argentina atualmente. Logo ao lado eu vi uma locomotiva que não tinha proteção, e o vidro estava inteiro perfurado por pedras. Não deu pra fotografar porque a composição que eu estava já se encontrava em movimento.

Muitos brasileiros de classe média pensam erroneamente que a Argentina é o 2º país sul-americano em população, logo após o Brasil.

Pela Argentina ser mais próxima física e culturalmente do Centro-Sul Brasileiro.

Nada poderia ser mais distante da realidade, entretanto.

A Colômbia é quem ocupa esse posto, com 48 milhões de pessoas, 10% a mais que a Argentina portanto.

Voltando ao nosso vizinho a sudoeste. Na capital Buenos Aires (no ‘conurbado’, núcleo mais subúrbios metropolitanos) residem 14 milhões de argentinos.

Apenas no município de Buenos Aires (que no Brasil e México seria o ‘Distrito Federal‘, lá antes chamado ‘Capital Federal’, agora ”Cidade Autônoma de Bs. As.”) são 3 milhões.

Portanto outros 11 milhões vivem na mesma cidade que é a Grande Buenos Aires mas nos municípios da região metropolitana, que ficam em outro estado, a Província de Buenos Aires.

A todos os problemas políticos, some-se a criminalidade comum , que também está elevada. Em 2 semanas, houve 5 sequestros na Zona Oeste de Buenos Aires. Suspeita-se que todos cometidos pela mesma quadrilha, sediada no conjunto ‘Forte Apache‘ – sim, é onde Tévez foi criado. A onda de raptos não se resume a capital, nos jornais de Mendonça as notícias são as mesmas, como veremos em postagem futura. Uma “Terra em Convulsão”, sem dúvidas. . .

Já eu falo mais da divisão política da capital, da distinção entre a ‘Cidade Autônoma’ (C.A.B.A.) e os subúrbios metropolitanos da ‘Província’ (A.M.B.A.).

Por hora, vamos ao interior. A segunda maior cidade argentina é Córdoba – também se escreve ‘Córdova’, a pronúncia é a mesma.

Linguística a parte, a Grande Córdoba tem 1,5 milhão de pessoas, sendo quase todos (1,4 milhão) no município de Córdoba mesmo. Visitei essa cidade, fiz matéria específica sobre ela.

Depois vem Rosário, que conta com 1,3 milhão de Homens e Mulheres. Ali não tive oportunidade de ir. 

E a seguir Mendonça, que acaba de ultrapassar 1 milhão. Nessa também fui, nessa reportagem falamos com muito mais detalhes, ricamente ilustrado.

São as únicas 4 cidades argentinas que abrigam mais de 1 milhão de habitantes.

………

Córdoba, como acabo de dizer, quase não tem região metropolitana. Dos 1,5 milhão de pessoas, 1,4 moram no núcleo, o município de Córdoba mesmo. Repito a informação pra fazer o contraste com Mendonça, onde a situação é diametralmente oposta.

Dos 1 milhão de argentinos que moram na cidade que é a Grande Mendonça, apenas 119 mil vivem no município de Mendonça, pouco mais de 10% portanto.

É que o município de Mendonça é minúsculo em área, como o mapa deixa claro. 

Abrange apenas o Centrão e uma parte da Zona Oeste (onde ficam o estádio e a universidade) e outra da Zona Norte.

Mafalda é uma deusa neo-pagã em B. Aires, seu rosto está por toda parte, há quase uma relação de culto em relação a ela na cidade. Aqui na Feira de São Telmo. No interior não é assim, fora da capital ela é uma menina personagem de quadrinhos que muitas pessoas curtem, mas não um ícone a ser idolatrado.

Quase toda a área urbana da cidade fica em outros municípios. A capital estadual é apenas o 6º município mais populoso da Grande Mendonça, você acredita nisso?

Pois é a realidade. O município mais povoado da Grande Mendonça é Guaymallén, com 320 mil. Pega quase toda a Zona Leste da cidade.

Como acabo de dizer e é notório, o município da capital da província é muito pequeno.

Você está no marco zero de Mendonça, a ‘Praça de Armas’ da cidade do tempo da colonização espanhola (no México o ‘Zócalo’), ou seja em seu núcleo mesmo, onde há aquela fonte com a bandeira argentina.

Pois bem. Caminhe 9 quadras pra leste. Apenas nove quadras o que dá menos de 1 quilômetro, quinze minutos a pé.

Você ainda está na Zona Central da Grande Mendonça, mas não mais no município de Mendonça, e sim em Guaymallén. 

O plátano é uma árvore típica de lugares frios. Símbolo-mor do Canadá, estampa inclusive sua bandeira, e também representa Campos do Jordão-SP, a cidade mais alta do Brasil. Pois bem. Na Argentina ela também é muito comum, essa está no Centro de Bs. As., perto da Casa Rosada e Porto Madeiro.

Depois vem Las Heras, com 227 mil, que corresponde a maior parte da Zona Norte.

A seguir Godoy Cruz, 203 mil. Se espraia entre as Zonas Oeste e Sul de Mendonça.

Seu vizinho em área e número de habitantes é Maipú, onde vivem 193 mil pessoas. Parte da Zona Sul e a parte da Zona Leste.

O extremo da Zona Sul já fica em Luján de Cuyo, moradia de mais 137 mendoncinos.

Parece incrível mas é isso mesmo, o município de Mendonça é apenas o 6º mais populoso da cidade que é Mendonça.

No Brasil, temos um paralelo com essa situação no Espírito Santo.

Já que falamos nela, eis a Casa Rosada na Praça de Maio, sede da presidência da nação.

Pois o município de Vitória, capital do estado, é apenas o 4º mais populoso da Grande Vitória, atrás de Serra, Vila Velha e Cariacica.

……….

Agora vamos pra capital. Pra quem não conhece o sistema político argentino, é um pouco complicado definir ‘Buenos Aires’, pois isso pode se referir a 3 coisas distintas

O município de Buenos Aires. Equivalente ao nosso ‘Distrito Federal’;

A província de Buenos Aires. Como todos sabem, as ‘províncias’ seriam chamadas de ‘estados’ no Brasil, México e EUA, entre outros países;

Congresso Argentino, em outra parte do Centro. Até que o efeito da chuva ficou legal, não?

E a cidade que é a Grande Buenos Aires, o ‘Conurbado’.

O município de Buenos Aires é circundado pela província de Buenos Aires mas não faz parte dela, como o D.F. brasileiro está dentro de Goiás mas não pertence a esse estado.

No México ocorre, o mesmo, expliquei em detalhes quando voltei de lá, com o agravante que o termo ‘México’ designa 4 esferas diferentes:

A nação; o município da capital que é o Distrito Federal; o estado que o circunda mas de quem o DF não faz parte;

Continuando na mesma frequência, a Assembleia Legislativa do estado (‘província’) de Córdoba.

E por fim a cidade que é Grande México, núcleo mais subúrbios, que incluem todos os que moram no DF e parte dos que moram no ‘Estado do México’.

Pra gente entender, ajuda muito relembrar como era a situação no Brasil até 20 de abril de 1960, ou seja, quando o Rio era nossa capital.

Havia o município do Rio de Janeiro, o ‘Distrito Federal’. Havia o estado do Rio de Janeiro, que circundava o DF mas não o abrangia, a capital era Niterói como sabem.

E por fim havia a cidade que era o Grande Rio, que compreendia núcleo mais subúrbios.

Esse incluía todo o DF (município do Rio de Janeiro) mais alguns subúrbios que ficavam no Estado do Rio de Janeiro, como Duque de Caxias, a própria Niterói e vários outros.

Quem morava nesses municípios obviamente vivia na mesma aglomeração urbana que os habitantes do Distrito Federal, malgrado a divisa estadual. Agora, havia também o interior do Estado do Rio.

O Rio Suquía corta toda cidade de Córdoba. Vemos nos postes a bandeira argentina.

Certamente os habitantes de Campos, Angra dos Reis, Volta Redonda, Petrópolis, entre muitas outras cidades, vivem no Estado do Rio de Janeiro, mas não no Grande Rio.

Voltando a Argentina, lá essa ainda é a realidade até hoje. Há o que moram no núcleo, o município de Buenos Aires.

Há os que moram em outro estado, a Província de Buenos Aires (ou simplesmente ‘a Província’ na linguagem popular) mas na mesma cidade que é a Grande Buenos Aires, nos subúrbios metropolitanos conurbados.

E há os que moram na Província de Buenos Aires mas não na Grande Buenos Aires, em cidades menores afastadas da capital ou mesmo no interior.

Jardim Botânico de Buenos Aires.

……

Repetindo, antigamente o município de Buenos Aires era conhecido como a ‘Capital Federal’, e hoje é a ‘Cidade Autônoma de Buenos Aires’.

O termo ‘autônoma’ se refere exatamente a que esse município não pertence a nenhum estado.

Já que tem autonomia em relação a essa esfera administrativa, situação exclusiva nessa pátria justamente por ser a capital dela.

A abreviação é ‘C.A.B.A.’, formada pelas iniciais, e esse termo é amplamente usado lá, mesmo no dia-a-dia sem conotação técnica, pra designar a capital. Exemplo numa pizzaria ao lado.

Na C.A.B.A. moram perto de 3 milhões de pessoas, número que se mantém mais ou menos estável há quase 50 anos, desde o censo de 1970.

Mas a cidade que é a Grande Buenos Aires tem hoje 14 milhões, portanto 11 vivem na ‘Província’. Aí é que está.

Anoitecer no Centro de Avellaneda, município na Zona Sul da Grande Buenos Aires, que sedia o Independente e o Racing – ambos já ganharam a Libertadores, portanto em Bs. As. até o ‘clássico suburbano’ envolve dois campeões dessa competição máxima da América.

Em 1970, esse número era de também mais ou menos 3 milhões, resultando que foi multiplicado em quase 4 vezes nas últimas 5 décadas.

Oras, coloquemos no contexto histórico e geográfico. Obviamente a Zona Central, o núcleo, o Distrito Federal de uma capital tem o padrão de vida muito mais elevado que sua periferia.

Em 1970, a Argentina vivia os últimos espasmos de sua fase gloriosa anterior como integrante do 1º mundo.

Então os portenhos já tinham metrô a quase 6 décadas, enquanto nenhuma cidade brasileira contava com essa benfeitoria.

E nesse ano a divisão da Grande Buenos Aires era praticamente meio-a-meio: metade no núcleo, a Capital Federal. E metade nos subúrbios metropolitanos que ficam em outro estado.

Próximas 2: outro Pôr-do-Sol também na Região Metropolitana de Buenos Aires, mas agora do outro lado da metrópole: município de Vicente Lopes, Zona Norte.

Assim, não é difícil de ver que a capital argentina era, como suas equivalentes europeias, uma cidade majoritariamente de classe média.

Onde mesmo os peões de obra comiam picanha diariamente, evidenciando que já haviam adentrado a classe média-baixa.

Hoje a proporção núcleo/subúrbio inter-estadual se alterou pra uma proporção de mais de 4 pra 1 a favor do último. Óbvio que nem todos os que moram na ‘Província’ são pobres.

Óbvio. Exatamente ao contrário, há subúrbios de altíssimo padrão, especialmente na Zona Norte mas também a Oeste e Sul. Acabamos de ver imagens do Centro de Vic. Lopes e Avellaneda.

Parque a beira-mar em Vicente Lopes, muito frequentado pela burguesia pra fazer exercícios.

Vicente Lopes é divisa com  a parte mais rica do município de Buenos Aires (a Z/N, de Recoleta a Nunhes [‘Nuñez’] passando por Palermo, é a parte ‘dourada’ da capital).

Vic. Lopes é colada a Nunhes, então claro que a prosperidade transborda a fronteira, o padrão social é praticamente o mesmo.

E a economia da Argentina está desproporcionalmente concentrada na capital e entorno.

Portanto evidente que em outras direções (Oeste e Sul, e mais distante na Norte) também há subúrbios metropolitanos em que pelo menos o Centro concentra uma grande classe-média.

“Trabalho em negro” significa “sem carteira assinada”. Em Córdoba mais de um terço dos trabalhadores está nessa condição de sub-emprego. Em algumas cidades chega quase a metade. Ainda assim, os índices oficiais de des/e sub-emprego baixaram em março. Os sindicatos dizem que as estatísticas foram fraudadas.

Avellaneda é um desses casos na parte meridional da urbe, há outros. Publiquei matéria específica sobre Buenos Aires, onde detalho melhor a cidade, inclusive com muito mais fotos

Assim, repetindo, na divisa com a capital (mais eventualmente mesmo já nem tão colado a divisa) na Z/S, Z/O, e especialmente na Z/N existem vários municípios da Grande Buenos Aires com um padrão de vida similar ao da capital.

Entretanto, também é óbvio que quando mais você se afastando do Centro, mais difícil a coisa vai ficando.

E como o subúrbio está inchando descontroladamente, natural que a pobreza esteja aumentando em níveis alarmantes.

Uma pequena parte desse aumento é de uma classe afluente, sim, mas o grosso é do povão, da classe proletária.

Fora que mesmo na parte riquíssima da Capital Federal as favelas têm se multiplicado como cogumelos após a chuva. Resultado: a muito Buenos Aires não é mais majoritariamente de classe média.

Houve nova greve geral no começo de abril.17. O índice oficial caiu. Foram criados mais postos de trabalho, e mais gente está trabalhando? Não, exatamente ao contrário. Há cada vez menos empregos com carteira assinada, assim simplesmente as pessoas pararam de procurar ocupação formal. Foram trabalhar por conta, muitos como como camelôs ou flanelinhas.

Há muito isso virou passado, um sonho distante, que os mais velhos se lembram com agoniosa nostalgia, e os mais jovens não chegaram a vivenciar.

A Argentina de hoje, especialmente sua capital, tem pirâmide de concentração de renda exatamente igual a qualquer país da América Latina:

Alguns obscenamente ricos, uma pequena classe-média que está cada vez mais encolhendo, e uma massa de despossuídos, que apenas sobrevive ou as vezes nem isso.

‘mad max em mendonça’; e risco de vida triplo em buenos aires.

Catador de papel em Buenos Aires . . .

Obviamente fui conferir de perto essa transição, que não tem sido nada suave. Voltei a pé do Novas Quintas, o bairro mais ocidental de Mendonça, a pé até o Centro.

Deu quase 20 km, mais ou menos 4 horas de caminhada. Em outra mensagem conto melhor essa aventura.

Apenas como aperitivo, os bairros mais a Oeste da cidade estão a mais de 300 metros e nesse ponto extremo cerca de 400 metros mais altos que o Centro, logo você vê a metrópole inteira lá de cima.

Aqui o que nos importa é: atrás do Aero-Clube há uma nem tão pequena favela. As margens de um enorme canal, que nessa época do ano fica quase vazio, um mero riachinho, mas na primavera se torna um potente rio caudaloso.

. . . e flanelinhas em Mendonça. Oficialmente, essas pessoas não estão desempregadas, pois elas não buscam um emprego com carteira que sabem que não existe. Em tempos de crise, é assim que as estatísticas de desemprego baixam, na Argentina e toda parte.

Presenciei a mesma situação em Santiago do Chile, e o motivo é o mesmo: no verão, apenas os picos mais altos dos Andes se mantém nevados.

No outono a neve começa a se acumular na cadeia de montanhas.

No inverno toda a Cordilheira fica branca de neve, tão abundante a ponto de propiciar inclusive muitas estações de esqui como é notório.

E na primavera a neve derrete, escorre pra cidade, onde a água é usada pro consumo humano.

Duas cenas da favela na Zona Oeste de Menonça que eu passei ao lado. As fotos foram puxadas via ‘Google Mapas’ porque minha máquina ficou sem bateria.

Toda Mendonça é cortada por pequenos canais, pra levar pras casas a água resultante do desgelo dos Andes na primavera. Toda ela, Centro, classe média e subúrbios.

Em Santiago isso também ocorre mas apenas em pequenas partes da Zona Leste, no resto da cidade não.

Santiago e Mendonça ficam em países distintos, mas são muito próximas, física e principalmente culturalmente.

Natural, pois elas estão bem pertinho, uma em cada margem da montanha. Depois nós falamos disso mais detalhadamente.

Repare no esgoto correndo a céu aberto.

Aqui o que nos importa é: tanto Santiago quanto muito mais Mendonça têm rios intermitentes, isso é, que só existem em determinadas épocas do ano.

Na primavera, com toneladas de neve derretida descendo da Cordilheiras, esses cursos d’água se tornam colossais.

Se você cair neles será fatalmente arrastado pela correnteza e caso não seja exímio nadador não sobreviverá.

Também via ‘Google’, eis o canal do rio em Mendonça, que fica seco do verão ao outono. Em compensação, quase não tem água mas tem muito lixo, toneladas dele, formando um aterro sanitário clandestino.

Porém, do verão ao outono, são pequenos regatos d’água que até uma criança atravessa a pé sem qualquer risco.

Aqui voltamos a nossa narrativa. Eu desci as montanhas que cercam Mendonça a oeste. Saí atrás do Aero-Clube.

Atravessei um terreno baldio, cheio de cactos – por ser ao lado da montanha, o clima de Mendonça é semi-árido, parecido com o do Chile mas ainda mais pronunciado. Cheguei no canal concretado do rio.

Ou eu teria que voltar, ou pra seguir pro Centro teria que ir pelo canal. Como estive lá no outono não havia rio de fato, só um pequeno fiozinho de líquido.

Você conhece o Rio Los Angeles, que nomeia essa que é a segunda maior cidade ianque? ‘Hollywood adora filmar ali.

No texto ao lado sigo falando de Mendonça. Mas daqui pra baixo as fotos são todas na capital e de minha autoria. Nessa e a direita: Vila 21, na Zona Sul. Ainda no município de B. Aires, mas na extremidade de sua periferia.

Por exemplo, busque na internet a famosa cena de perseguição do filme ‘O Exterminador do Futuro’, estrelada por Schwarzenegger, que depois foi governador da Califórnia.

Pro que nos interessa aqui, mostra o canal concretado de um rio que está quase seco, e portanto dá para andar ou dirigir pelo que deveria ser o leito do curso aquático.

Então, em Mendonça a cena é a mesma: há uma enorme canaleta de concreto, que enche na primavera e esvazia no resto do ano. Como estava vazia, fui por ela.

Ao lado uma favela, uma das maiores da cidade – no resto da Argentina as concentrações de miséria são bem menores que na capital. 

Outra da Vila 21. Essa favela fica na margem do Riachuelo, que divide a Capital Federal de Avellaneda, município que como já dito fica em outro estado, a ‘Província’ de B. Aires.

As favelas de Buenos Aires são gigantescas, tanto em extensão quanto em densidade.

No interior a coisa é bem mais amena. Bem mais. Essa favela seria pequena na capital. Mas em Mendonça é uma das maiores senão mesmo a maior. 

Ali estava eu. Caminhando pelo leito cimentado do rio quase seco. De um lado um enorme muro, do Aero-Clube.

Do outro a favela. Mas o mais impressionante estava no chão e nas encostas de concreto:

Muito lixo, que é simplesmente descartado no rio. Cachorros furavam os sacos procurando comida, crianças brincavam como se aquilo fosse um lindo parque.

Não confunda: a partir de agora e até o final veremos a Vila 31, que fica no Centrão, atrás do porto, das estações rodoviária e ferroviária, e não muito longe do aeroporto. A logística dos transportes é excelente, não (risos…)? Pena que a infra-estrutura na favela seja péssima.

E nas margens os precários barracos de papelão que são a moradia desses meninos e meninas e seus pais e mães.

Uma cena surreal, mas real. ‘Mad Max na Argentina’, como o episódio foi batizado. 

Estado inexistente, cada um toma sua sobrevivência e de sua família nas suas próprias mãos, da melhor forma que puder.

……….

Ainda bem que eu já estava escolado e curtido pelo que passara na capital, uns dias antes. Em Buenos Aires (como em Medelím, Colômbia) as favelas são numeradas. As duas mais famosas são as Vilas 21 e 31. Vimos a Vila 21 pelo decorrer da matéria, busque pelas legendas.

Clique pra ampliar que a imagem é muito comprida. A Vila 31 foi invadida no pátio ferroviário, como temos casos também em Curitiba e Fortaleza-CE, entre muitas outras. Nessa outra postagem a mesma cena com ângulo mais aberto, o Tetra-Modal: numa única tomada enquadramos trem, avião, rodovia e porto de navios.

É igualmente enorme e pavorosa, mas fica na periferia, Zona Sul, já na divisa de município – que lá também é divisa de estado.

Já a Favela Vila 31, retratada acima da manchete e depois em outras tomadas espalhadas pela página, fica exatamente no Centro de Buenos Aires.

Alias veem a linha de prédios da alta burguesia ao fundo de algumas tomadas.

Agora de mais perto, as casas da Vila avançando sobre o estacionamento de trens.

Esse agudo contraste traz uma situação de tensão social explícita, evidentemente.

………

Corri um risco tri-dimensional pra captar essas imagens, enfrentando tráfico, tráfego e a polícia.

O país estava em convulsão exatamente naquele dia que eu estava ali.

Simplesmente a Argentina passa por uma revolução que tenta derrubar a governo.

Situação explosiva (de fato vem explodindo): quem tem muito e quem não tem quase nada lado-a-lado, vendo um ao outro, nem sempre com pensamentos de amor e fraternidade óbvio, e isso vale pras duas mãos. Eis a imagem acima da manchete.

Não sabemos ainda se terão sucesso ou não mas estão tentando.

Logo a nação está em caos e as forças de segurança, consequentemente, estão em alerta máximo.

Pouco antes fui cercado por 5 policiais que revistaram minha câmera e exigiram que eu apagasse algumas imagens, como contei acima.

Ademais, eu tirei as fotos de cima de um viaduto, onde é proibido entrar caminhando, só permitido de carro.

A laje das favelas de B. Aires já atingiu o 5º ou 6º andar, são idênticas as do Rio e SP. A 1ª vez que eu vi na internet fotos de B. Aires tive que conferir a digitação, porque a princípio me pareceram cenas cariocas.

Assim sequer há espaço pra pedestres, só pista pra veículos, que como estão numa auto-estrada vem em alta velocidade.

Mesmo sendo ilegal e perigosíssimo eu fui a pé, me esquivando do fluxo de carros, caminhões e motos na auto-estrada mais movimentada do país.

Por aí vocês entendem porque desafiei a polícia e o tráfego.

Quanto ao tráfico, não é preciso explicar. Esse comércio ilegal tem grande movimento na Vila 31.

Uma vez que a vila está cercada do público consumidor de maior poder aquisitivo.

O pequeno espaço que eu me espremi pra poder fotografar a favela. Veja que os carros avançam sobre a faixa o tempo todo, pois é proibido passar a pé ali.

Com isso a venda de entorpecentes atrai grande número de jovens. Eles não permitem serem fotografados, por motivos óbvios.

Apesar de tudo isso eu estava lá. Contra tudo e contra todos. Sozinho, a pé, sem celular, só eu e Deus na ‘zona de perigo’.

Contra, reitero, a polícia, os traficantes de drogas e os carros e motos que passavam voando a pouquíssimos centímetros de minha humilde pessoa.

VLT em Mendonça.

O barato é louco e arrepia na hora.

Valeu a pena. Missão é Missão, e vamos até o final.

Eu Sou O Mensageiro.

………..

Outras mensagens da série:

Córdoba.

“Desse Lado do Morro”: Mendonça, a Cidade do Vinho (03/19):

Mendonça é muito ligada ao Chile, com quem é quase na fronteira.

Daí o título da matéria, fazendo referência a série sobre o Chile, que se chamou “Do Outro Lado do Morro”.

Próx. 3 imagens: a frota da Argentina é muito velha, bem mais que no Brasil.

Patcha-Mama, Patcha-Papa: Córdoba É América (11/18):

Sobre a maior cidade do interior, Córdoba evidente.

Que é bem distinta da capital, em múltiplas dimensões.

Tanto que quase que podemos falar em duas Argentinas diferentes.

O Número da Besta (03/18): Onde eu falo mais detalhadamente da capital Buenos Aires.

O título é o nome de uma música do ‘Iron Maiden’, como sabem.

No fim da matéria explico o porque da associação com a cidade.

O Transporte na Argentina (11/17):

Os ‘micros’ coloridos com todo o itinerário na lataria;

3 cidades com tróleibus, recorde latino-americano:

Catedral de Córdoba ao anoitecer.

Rosário, Mendonça e Córdoba, sendo que nessa última somente com mulheres ao volante;

Bonde moderno em Mendonça; excelente rede de trens e bom metrô na capital;

Poucos articulados e corredores, sem terminais ou integração;

E mais: devido a grande crise econômica do país, na periferia a frota de automóveis argentina lembra a de Cuba – de caminhões então muito mais.

Não é maneira de falar, e as cenas acima já dão um pequeno aperitivo.

Vila Carlos Paz, bonita cidade a 40 km de Córdoba. Espremida entre as montanhas e um lago, lembra a Suíça. Se você preferir, a versão argentina de Campos do Jordão-SP.

Abordamos também o novo emplacamento (embora eu tenha visto carros andarem com emplacamento já extinto há décadas).

No fim sobrou até uma palhinha pro Uruguai. Tudo ilustrado com uma centena e meia de fotos.

“Pol Pot na América” (07/17): os ‘anos de chumbo’, o Genocídio Argentino que deixou 30 mil mortos em apenas 7 anos de ditadura militar.

“Voka” versus “Riber”????? (03/17): o futebol na Argentina. Eis uma dimensão que essa nação não decaiu, ao contrário das outras.

Voka” e “Riber” se enfrentando sob muita chuva. Foto baixada da internet.

Dentro dos gramados os caras continuam no auge, comandando a Libertadores.

E eu fui ao estádio num jogo da Liberta, pra sentir o modo portenho de viver.

Detalhe: a briga das torcidas invadiu a linguística, daí a grafia ‘alternativa’ dos 2 arqui-rivais.

“Deus proverá”

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