O Sol se põe no Mar: é o Pacífico, afinal – Acapulco, México

Caleta ZC Aca

Clique pra ampliar e apreciar o belo panorama do bairro da Caleta, perto do Centro de Acapulco. É claro que há um Táxi-Fusca (confira matéria especial sobre os Fucas).

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro.

Publicado em 22 de junho de 2012.

Seguindo a série sobre o México, hoje vamos falar um pouco da cidade de Acapulco. Nessa mensagem, todas as imagens são dela.

Como é notório, é um balneário próximo a capital daquele país, no Oceano Pacífico. 295 km distam as duas cidades.

favela Acapulco

Acapulco se espraia ao redor de uma baía cercada por morros. Quase todos estão favelizados. Lembra muito Valparaíso, Chile, onde fui 3 anos depois.

Durante a maior parte do século 20, Acapulco teve enorme ‘glamour’, e foi a colônia de férias dos ricos do México DF. . Até o começo dos anos 90 foi assim.

A questão é que aí as favelas de Acapulco cresceram demais, e a elite começou a achar essa praia muito parecida com a capital.

E era dessa vibração muito popular que eles já vinham tentando se afastar.

De forma que a elite migrou pra Cancún, na outra costa, no Caribe, que pertence ao Oceano Atlântico

Mas nem todos: esse é o bairro “Das Brisas“, onde, ao inverso, só as casas são bem caras.

Assim Acapulco não é nem mais sombra do que um dia foi. Exatamente como o Guarujá, em São Paulo.

Quando esse balneário começou a se assemelhar muito com a capital, a alta burguesia paulista migrou pra condomínios fechados no Litoral Norte.

………….

Bem, eu não importo com isso, exatamente ao contrário gosto de periferia, então achei Acapulco uma cidade belíssima.

Ao fundo, as “Brisas”. Em 1º plano o bairro Costa Azul, de classe média-alta.

………..

Lembra muito Angra dos Reis-RJ, em dois aspectos: na beleza natural, com mar e montanha.

E também porque ambas tem classe-média relativamente pequena. Porque a concentração de renda é muito alta.

Há muitos milionários, em condomínios de altíssimo luxo (em Angra, horizontais, e em Acapulco horizontais e verticais).

E em contrate uma imensa maioria se amontoando nas enormes favelas que ocuparam todas as encostas, além da parte plana do outro lado da montanha.

Acapulco é uma cidade difícil. A coisa é bastante complicada, porque reflete com exatidão a miríade de problemas que o México vem passando. Eu conheci toda ela:

Olhando pro outro lado, o bairro Costa Azul. O reflexo se deve que tirei do corredor do hotel.

Centro, as poucas regiões de classe média, um condomínio de milionários que parece ‘Beverly Hills’ (Los Angeles-EUA), as favelas na encosta e a periferia ‘do outro lado’ dela.

O México está em guerra. Não é ‘modo de falar’, é literal. E Acapulco é um dos pontos quentes deste conflito.

Os níveis de violência são alarmantes, muito piores que no Brasil – e olha que nossa Pátria Amada não é nada calma nesse quesito, o oposto sendo verdadeiro.

Ruim como é aqui, o México está muito, mas muito pior. Parece o Afeganistão, não é modo de falar. Descrevo o que vi, na capital e em Acapulco, em outro texto.

Pombais em Colosso, periferia de Acapulco, do outro do morro.

……..

Fui num bairro chamado Colosso, na periferia. Desci do ônibus no alto do morro e o vim descendo a pé. Nesse ponto não há favela.

Mas um enorme conjunto habitacional de ‘pombais’, os predinhos de 4 andares sem elevador, tão comuns aqui no Brasil também.

Esses pombais são favelas de alvenaria, na verdade. Na Cidade do México não há muitos pombais.

O subúrbio da capital é majoritariamente horizontal. Existem, claro, mas são poucos – em Santiago do Chile é o mesmo. Já em Acapulco são mais comuns. E na República Dominicana são oni-presentes.

Centrão de Acapulco. É uma parte suja e decadente da cidade. Os ricos não vão mais ali há tempos, só há pessoas pardas nas ruas.

…………

A cidade se espalha em torno da Baía de Acapulco.

Por conta disso, Acapulco por vezes é chamada de ‘Baía’ (Bahía no original, em espanhol ainda não cortaram o ‘h’), assim como a Grande Santos-SP é chamada de ‘Baixada‘.

Por exemplo, você lê na fachada ‘sindicato dos trabalhadores da Baía’, significa da Grande Acapulco.

Além dessa baía principal, há uma menor, a Baía de Porto Marquês.

Ao redor dela moram os milionários nos morros que parecem ‘Beverly Hills’. É assim. Há uma grande baía cercada de morros.

Do alto do morro. Veja o mar lá no fundo.

Na ponta oeste dessa baía, está o Centro da cidade. Ainda mais a oeste, há um morro (favelizado), e depois dele há praias de mar aberto. Mas eu não fui a oeste do Centro.

Percorri apenas desse ponto pra leste, então é dessa região que vamos falar. Primeiro vamos pela orla, depois subimos o morro.

O Centro de Acapulco está totalmente decadente, já teve dias bem melhores. As pessoas de classe mais elevada não vão até ele, pois moram e trabalham fora da cidade, a moda estadunidense.

Os ricos moram nesses subúrbios ao redor do aeroporto, do outro lado do morro das Brisas. Repare na pista de cimento, muito comum no México e ainda mais no Chile.

Já falamos de onde eles vivem. Voltemos ao Centro, logo antes dos morros que delimitam a baía a oeste.

Na ponta dele está uma península com pequenas colinas, chamada ‘Caleta’. Ali ainda há uma pequena região de classe média.

Logo a seguir vem o Centro propriamente dito. Já disse, nele não há prédios de luxo, nem residenciais nem de escritórios.

Só comércio popular, em algumas partes há lixo lixoe barulho. E também muitos hotéis baratos (mais parecem pensões) que ficam cheios nas noites de sábado pra domingo.

Pois muitos mexicanos mais humildes de regiões montanhosas próximas descem no sábado de manhã, pernoitam na praia e voltam no domingo ao anoitecer.

Descida do morro. O táxi é um Fusca, e que outra marca seria?

Os que nem isso podem pagar dormem nos ônibus. Ou descem e sobem no mesmo dia. Nós chegamos no domingo, já mais pro fim da tarde.

Na divisa entre o Centro e a Caleta se enfileiravam dezenas de ônibus de viagem muito velhos, aquecendo os motores pra partir.

O povão curtiu a praia e se preparava pra voltar as suas cidades, pois segunda todo mundo bate o cartão as 8.

……….

Oceano Pacífico em Acapulco. Alguns detalhes visíveis na foto: cidade é em torno de uma baía, então quase não há ondas; um camelô – no México há muito sub-emprego; uma das pontas da baía é o bairro “das Brisas“, já visto e comentado acima.

A avenida beira-mar se chama “Costeira Miguel Alemão” (eu aportugueso todos os nomes, lembre-se).

Ali um dia vai passar um moderno sistema de ônibus articulados, com canaleta exclusiva e embarque em nível.

Mas por hora a cidade só é servida por jardineiras, o “ônibus americano” (América é um continente, não um país, você sabe) por excelência.

Quase todos os países as têm em profusão, ou ao menos tiveram um dia. Alias as jardineiras de Acapulco, ainda oni-presentes, são mundialmente famosas.

………..

Mas do transporte já falamos melhor nas ligações acima. Agora sigamos descrevendo a cidade. Estamos seguindo pela Costeira Miguel Alemão pra leste. No meio da baía, há o Parque Papagaio.

placa repetida

O sistema de emplacamento do México espelha o dos EUA: cada estado é livre pra determinar o desenho e quantas letras e números estão presentes. No estado de Guerreiro, onde fica Acapulco, são 3 letras, seguidas por 4 dígitos numéricos (eu ocultei os 2 últimos). Vários carros repetem a placa num adesivo no vidro traseiro (veja retificação no texto).

A partir desse ponto começa o ponto chamado ‘Costa Dourada’, cheia de prédios altos, alguns poucos moradia da classe média, mas a maioria hotéis.

Essa região termina quando o morro novamente volta a encontrar o mar. O último bairro dessa parte plana é o Costa Azul, onde me hospedei.

Aí há um morro que funciona como um ‘Muro de Berlim social’, pois a partir daí acaba a Acapulco popular e de classe média e começa a Acapulco dos milionários.

Eles moram no alto desse morro, chamado das Brisas, (vejam uma foto que tem uma igreja no pico) e a na baixada a leste, entre o morro e o Aeroporto.

Ou seja, o morro onde está o bairro Das Brisas divide a cidade. Sobre ele (que ladeia uma baía menor) e a leste, a parte dos ricos. A oeste, os pobres e a pequena classe média que sobrou.

Na parte rica Acapulco se parece com um subúrbio estadunidense: mansões nas verdes e floridas ladeiras das Brisas.

Colonia = bairro periferico

Os bairros periféricos (e também o Centro, que é bem decadente e portanto uma periferia no sentido social) são denominados ‘colônias‘. Aqui estou no alto do morro, na ‘Colônia’ Garita de Juarez. Mas os bairros de classe média-alta não são ‘colônias’, são ‘fracionamentos‘. Me hospedei no ‘Fracionamento’ Costa Azul na parte plana, subindo o morro há o ‘Fracionamento’ das Brisas.

E na baixada depois dele (cuja praia é mar aberto, de ondas fortes) muitos condomínios fechados, centros comerciais, campos de golfe. Tudo feito pro modal do automóvel, obviamente.

……….

Quando falei da Cidade do México, disse que os ricos abandonaram seu Centro a tempos.

Na capital, eles nunca moram a leste do Bosque de Chapultepec, e só ultrapassam esse limite pra trabalhar nos prédios da Avenida da Reforma.

Então. Em Acapulco os abastados nunca vão a oeste do morro Das Brisas, nem pra morar nem pra trabalhar.

Moram sobre o morro e a leste dele, e trabalham sempre a leste desse marco.

Colonia Centro

Veja que o Centro também é denominado ‘colônia’. Atrás mais um hotel popular.

Ou seja: Acapulco é ainda mais segregada. Ricos e pobres quase não se misturam.

As únicas pessoas da classe trabalhadora que a elite vê são as faxineiras, copeiras, porteiros, jardineiros, etc. Os que prestam serviços pra eles, resumindo.

De resto o ‘apartheid’ econômico é total. Quem tem muito dinheiro de um lado da serra, quem não tem vai pro outro.

‘Colônia’ Colosso, na periferia. Na placa amarela diz ‘Av. Tecnológico’, e o nº do bloco.

No México DF esse processo também existe (como igualmente existe no Brasil, EUA e todos os países que a concentração de renda é muito grande), mas menos.

Na capital os ricos moram nos subúrbios de estilo ianque, mas muitos deles ainda vão ao Centro trabalhar. Em Acapulco isso já não é realidade a duas décadas.

Como a elite é a única porção do México em que os euro-descendentes são maioria, vivemos uma situação de ‘apartheid’ voluntário:

Miscelanea = Mercadinho

No Colosso, a vendinha da Laly. No espanhol mexicano, ‘miscelânea’ significa mercadinho. Atende gradeado, pra evitar assaltos.

Não há brancos no Centro (similar a que ocorre em algumas cidades da África Sul hoje, quando o ‘apartheid’ compulsório não existe mais):

No Centro de Acapulco, só se veem praticamente pessoas de pele escura e/ou olhos puxados.

O povão no México é indígena (ainda que miscigenado com branco), na grande maioria.

Ou então pessoas da raça negra africana, inexistentes na capital mas relativamente comuns no litoral.

do alto da favela

Descendo o morro. A esquerda a Beira-Mar e Diana (deusa muito popular nessa nação). A direita pela Via Rápida (o túnel) vamos pro “México” ??? Mas nós estamos no México!!! Explico: ‘México’ pra eles significa a Cidade do México, ou seja a capital do país.

Bem, andando no Centro de São Paulo vi que em partes dele a situação é a mesma, a degradação é tanta que não há ninguém de classe-média.

Claro em São Paulo há mais brancos que em Acapulco, então há nessas partes piores do Centrão paulistano bastante gente de pele clara. Mas sempre do povão.

Voltando ao México, o Centro de Acapulco é periferia até no nome, sabiam?

Explico. No México D.F. (Cidade do México) o termo “Colônia” significa simplesmente ‘bairro’, sem distinção de classe.

O Centro da Cidade do México é uma colônia, os bairros mais ricos da Zona Oeste são colônias, os bairros de periferia, planos ou em morro, todos eles são colônias.

Nas próximas 3 vamos ver uma das grandes atrações da cidade, o local em que mergulhadores dão um salto agudo no mar. A plateia se reúne nesse balcão pra ver. As vezes dá errado e os saltadores morrem ali, as capelinhas no detalhe.

Colônia Centro, Colônia Alvaro Obregón, e assim vai. Só pela nomenclatura você não sabe se são barracos ou mansões.

Em Acapulco é diferente. Ali, há duas palavras distintas pra designar ‘bairro’, de acordo com a classe social. Os bairros pobres dessa cidade são ‘Colônias’.

“A galera da colônia”, em Acapulco, tem o mesmo sentido de “a galera do morro”, no Rio de de Janeiro.

Mas os bairros ricos não são Colônias, são ‘Fracionamentos’.

Colônia Garita de Juarez, veem na foto que eu tirei quando descia o morro a pé, a parte favelizada dele.

Onde estava o hotel, perto do mar, era o Fracionamento Costa Azul. A seu lado, Fracionamento das Brisas (“Fraccionamiento Las Brisas”, no original”).

Sinuosa estrada que leva a escarpada encosta.

Então. O Centro é uma ‘Colônia’, e não um ‘Fracionamento’. Podem ver na foto.

…………..

Vamos fazer 2 retificações:

Escrevi anteriormente na legenda do Volks amarelo que todos os carros no México precisam repetir a placa num adesivo no vidro.

Realmente havia sido essa minha impressão, consultei outras fotos e comprovei que alguns veículos da capital também o fazem.

Virando a câmera, o bairro nas imediações.

Entretanto, vi agora pelo ‘Google Mapas’ que nem todos os carros têm a placa repetida. Vários sim, mas não todos. Então provavelmente não é obrigatório por lei.

Ainda assim um costume muito forte, bastante difundido. Comum, mas não universal, e provavelmente nem compulsório.

Tem mais: também pelo ‘Google Mapas’ constato que alguns bairros de periferia também se denominam ‘fracionamentos’.

Santa Morte Acapulco desenho méxico azteca asteca sincretismo religião esqueleto cartaz ônibus oração preces

No ônibus, cartaz com oração a Santa Morte. Não é brincadeira, e sim sincretismo das religiões católica e Azteca.

Colônia’ significa mesmo ‘subúrbio’, um bairro popular, se não na teoria na prática. E ‘fracionamento’ eu só havia visto nos bairros de classe média-alta pra cima.

No geral é mesmo assim, mas algumas vilas do subúrbio tomam emprestado o nome ‘mais chique’.

…………

Volta o texto original: já falamos da orla, agora chegou a vez da Cidade Alta, que se equilibra de forma precária na encosta. Estamos no Centro, olhando pra leste.

Há uma bifurcação (não é essa mostrada na foto a esquerda, que é no alto do morro). Aqui ainda estamos no Centro, antes de subir a montanha.

Se você for a  direita, sai na Costeira Miguel Alemão, que é a beira-mar, repetindo. A esquerda, começa a Avenida dos Constituintes.

Os Homens que fizeram a primeira constituição mexicana, logo após a independência (que foi em 1810, 12 anos antes da nossa, portanto), são muito homenageados em todo México. 

Bairro Costa Azul, a parte rica da cidade (ao fundo o morro das Brisas). Um hotel em construção (na verdade creio que a obra está parada). Por cima tudo é muito bonito, não?

Eu não falo ‘Homens’ como sinônimo de ‘seres humanos’.

Mas nesse caso as pessoas que escreveram a primeira constituição mexicana eram mesmo todos do sexo masculino.

Enfim, voltemos. Estamos na Avenida Constituintes. Começa a subir o morro.

O Centro de Acapulco é um bairro de periferia, até no nome.

É confuso e poluído, em todos os quesitos. Começa a subir a ladeira, a confusão permanece a mesma, é claro.

Mas vejamos agora ao nível do chão: muito lixo empilhado na entrada da garagem. Isso a uma quadra do mar, na região plana e abastada de Acapulco. Imagina então no alto dos morros . . .

Só que acaba a parte comercial e começa uma parte mais residencial, mais de baixo padrão.

Estamos no alto do morro, afinal.

E toda a encosta é assim, exceto a do morro das Brisas, mas aí já estamos fora da cidade.

Os morros mais centrais são todos favelizados, nas duas faces, a voltada pro mar e a voltada pro interior.

Pra amenizar um pouco a situação lá em cima, o poder público levou toda a zona hospitalar de Acapulco pra Cidade Alta.

Assim bem no meio do morro (tanto no sentido leste-oeste quanto na elevação) há uma região chamada “Hospitais”.

Ali estão todos os grandes centros públicos de saúde, bem como as faculdades de medicina e correlatas (enfermagem, farmácia, psicologia, veterinária, etc).

Por conta disso, desenvolveu-se um pouco a parte alta da cidade.

Costeira Miguel Alemão no Costa Azul. Mais um Fusca trabalha como táxi, é lógico.

Peguei um busão no Centro e subi o morro com ele, desembarcando logo após os “Hospitais”.

Ali desci boa parte a da encosta pé, e o final foi num táxi-Fusca.

Como curiosidade, em Belo Horizonte-MG também há um bairro conhecido por ‘Hospitais’.

Mas em BH não é na periferia, é uma parte plana e de classe média logo ao lado do Centro.

………….

Voltemos a Acapulco. Pra descer de volta a praia, na região dos Hospitais, eu peguei a direita.

Se você seguir a esquerda, começa a Auto-Estrada Acapulco-México DF. Ela vai serpenteando a serra. Há uma região mais humilde a sua volta, com algumas favelas.

Descendo o morro rumo ao mar, que é visualizado ao fundo.

É uma região conflagrada, até mesmo pros padrões brasileiros você não acredita, tem que ver pra crer.

Na Colômbia ocorre o mesmo, então já estava acostumado.

A estrada velha vai serpenteando o morro, de forma lenta e sinuosa. Há também a estrada nova, a Via Rápida, que vai por dentro da montanha.

Pelo Maxi-Túnel, que segundo me disseram é o maior túnel da América Latina. É bem grande de fato, o ônibus ficou muitos minutos dentro dele.

Centro da cidade.

Por essa via, a viagem é bem mais rápida, mas também mais cara, pois é pedagiada, e a velha não.

Outro dia fui e voltei aos subúrbios de Acapulco do outro lado da serra de ônibus.

Mas por trajetos diferentes, na ida via estrada nova, a volta pela estrada velha.

…………

o Sol se poe no Mar

O Sol se põe no Mar.

E do outro lado da serra está o subúrbio de Colosso. Saltei do busão no alto da montanha e fui pra baixada a pé.

Como contei acima, é uma região com enormes conjuntos habitacionais.

Está bem degradada. Na parte plana lá embaixo (lembre-se, estou do outro lado da serra, longe do mar portanto), a situação não é muito melhor.

Oceano Pacifico

O momento exato que ele adentra o Oceano. Infelizmente havia uma nuvem encobrindo.

Como ocorreu na Zona Leste da Cidade do México, tanto a parte plana quanto os morros são bem feios na periferia.

Faltam serviços públicos, em alguns locais há lixo nas ruas, é uma zona esquecida, e enquanto a guerra permanecer não haverá recuperação.

………..

Acapulco está a 295 km da capital. Isso na dimensão horizontal.

Aqui vemos onde mora a elite e alta-burguesia, sempre nos subúrbios a oeste do bairro ‘Las Brisas’, sobre o morro mesmo (as margens de uma baía menor que há após a principal), ou, lá no fundo, perto do Aeroporto, aí as praias são de ondas fortes, mar aberto.

Porque Acapulco é litoral e o México DF está 2,2 mil metros acima do nível do mar.

Por conta disso a viagem leva mais de 4 horas pela estrada, e por via aérea 55 minutos.

Dessa vez não viajei de ônibus, fui e voltei de Acapulco de avião.

Alias um adendo. No México a parte de proteção ao consumidor ainda engatinha.

Nosso voo Acapulco-México DF atrasou 2 horas e meia, por muito pouco não perdemos o voo pro Brasil. Isso lá é absolutamente normal. O avião estava em solo, mas teve problemas mecânicos.

Outra do bairro Costa Azul, ao fundo ‘Las Brisas’.

Outros voos já haviam sido cancelados no mesmo dia em Acapulco pelo mesmo motivo.

Conversamos com pessoas que perderam suas conexões, tanto pro Brasil quanto pros EUA.

Portanto se você for ao México e quiser visitar outra cidade que não a capital, compre a passagem interna de lá muitas e muitas horas antes do horário de sua partida pro Brasil.

…..

Deixemos isso pra lá. Estive lá em junho, verão no Hemisfério Norte portanto. Em Acapulco estava um calor senegalês. 40º, sem exagero. Muito, muito quente. Por isso os nativos americanos tem a pele bem escura. Verões tórridos, e invernos bem amenos.

Centro de Acapulco: muros pintados por políticos disputando o voto.

No México DF, mais de 2 km acima do mar, é o contrário. Verões suaves (estava muito agradável todos os 5 dias que passamos lá), invernos bem rigorosos.

Por vezes neva na Cidade do México. É bem raro, mas acontece. Em 2011, um ano antes de minha viagem, nevou.

Nos últimos 60 anos, isso já havia ocorrido outras duas vezes, em 1940 e 1967.

……………..

Vejam a cruz no alto do morro, cercada de mansões. A igreja está dentro de um condomínio fechado, particular. Vocês já viram isso, um centro religioso num bairro cercado com muros, onde pra entrar você precisa deixar uma identidade na portaria? Pois essa é assim.

Aqui e nas próximas 2 tomadas: estamos no Centro e vamos começar a subir os morros que o cercam.

O condomínio é de classe AAA, de milionários mesmo. Nunca havia estado num lugar de renda tão elevada.

Já tinha entrado algumas vezes em condomínios fechados, alguns de classe média alta. Mas da elite, elite mesmo, foi a 1ª vez.

Tudo tem a primeira vez. Valeu a pena a experiência. É um bairro muito bonito, fisicamente falando.

Sem entrar em outras questões políticas – o de como a elite faz pra conquistar e manter sua riqueza – relato que o morro das Brisas é lindo:

Calmo, arborizado, com muitas flores, pássaros cantando, dá uma alegria muito grande.

O México estava em campanha eleitoral. É impressionante o número de candidatas do sexo feminino. Atrás mais 2 Táxi-Fuscas.

E no topo do morro há a igreja, que é ecumênica (sem imagens), um local que irradia paz e serenidade, com jardins e espelhos d’água. Nos domingos de manhã há um culto.

………….

Comentemos as imagens. Vocês já sabem, nem sempre a imagem corresponde a descrição mais próxima. Busque pelas legendas, que estão corretas.

Vemos no decorrer da página:

Na costa oeste americana, a do Oceano Pacífico, o Sol se põe no Mar. Essa foi a primeira vez que vi essa cena, e fotografei.

Já havia visto o Sol se por na água, em Porto Alegre-RS. Mas lá é um lago. Ver o Oceano engolir o Astro-Rei, estreei agora.

Seguimos ascendendo a ladeira. A direita, adivinhe: mais um Táxi-Fusca.

Atualização: em 2015 fui ao Chile, onde o Sol também vai descansar no Pacífico. Fotografei, não o momento exato do ocaso, mas um pouco antes.

………..

De volta a Acapulco, México, junho de 2012: também foi a primeira vez que entrei no Mar fora do Brasil, e a primeira vez que me banhei num Oceano que não o Atlântico.

Veem a praia que fui, Costa Azul, ao lado do hotel.

morro classe alta

2 tomadas do morro das Brisas, enclave dos muito ricos – parecido com a ‘Riviera da Cidade do Cabo‘-África do Sul..

Por estar na baía, é uma lagoinha, não tem ondas. Parece a Praia Mansa de Caiobá, em Matinhos-PR, nesse quesito.

E em todos os quesitos lembra a Praia de Meireles, em Fortaleza-CE:

Tanto Costa Azul quanto Meireles são no Centro, sem ondas, com muitos barcos ancorados, sem conchas.

E ambas não são frequentadas pelos ricos, que preferem as praias de ondas fortes distantes do Centro das cidades.

Clique pra reparar na cruz que há bem no alto do morro, no centro da cena.

Veem um camelô. Na capital é igual. No México há muito, muito sub-emprego.

Por vezes havia mais camelôs que banhistas, vendendo de tudo, roupa, comida, tatuagens, massagens, bijuteria.

Outra coisa. Em Acapulco é muito comum as pessoas entrarem de roupa e tudo no mar (5 anos depois, vi o mesmo em Durbã, África do Sul).

No domingo que eu estive na praia em Acapulco haviam 2 casais dessa forma, até de calças ‘jeans’. Na 2ª vi um cara não só de ‘jeans’ como também de tênis se banhando.

periferia de Acapulco

Clique pra ampliar e ver essa panorâmica, agora das favelas na periferia de Acapulco. A emenda da colagem está visível, nem pretendo que seja qualidade profissional. Nos importa saber como é a visão do alto do morro.

Certamente são pessoas pobres, que moram nas favelas nos morros próximas dali. Acapulco é muito quente. Verão senegalês, repito. 

Então certamente essas pessoas saem do trabalho e caem no mar, aí voltam pra casa a pé, unindo o útil ao agradável. Economizam na passagem de ônibus.

E relaxam a mente deixando suas preocupações na água, e as roupas molhadas amenizam o calor. Ao chegar em casa, elas estão secas.

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acapulco caminhão méxico táxi taxi fusca fuca branco azul adesivado oxxo esquina vários buso bicudo jardineira micro roxo violeta propag anúncio

Precisa dizer algo ???

Onde aparece um ônibus, veem que há um cartaz de um candidato as eleições. Alias, candidata.

No México, pelo menos metade dos candidatos são do sexo feminino. É impressionante, parecia que eu estava na Suécia.

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Não sei se as Mulheres são eleitas na mesma proporção, mas na hora escolher os postulantes ao cargo o México atingiu a igualdade plena entre os sexos. Verão essa situação em outras fotos.

Veja o texto que eu comento um pouco da guerra em que México mergulhou.

Ali eu relato como Acapulco – e também a capital – estão militarizadas.

Esse pandemônio de violência se desdobrou por causa da eleição presidencial de 2006, que foi fraudada. Eu falo melhor disso lá.

caminhão vidro preto janela abre embaixo colosso acapulco periferia árvore parada ponto final buso méxico azul vários jardineira micro faixa branca

Colosso. O ponto final dos ônibus que sobem essa parte da montanha.

E logo levanto pra rede ainda outro texto falando mais da política, onde nos aprofundaremos no tema.

Pra encerrar os comentários dessa imagem, observam 2 táxis parados.

São 2 Fuscas, obviamente. Repito: em Acapulco a ampla maioria dos táxis ainda é Fusca.

A esquerda logo acima estamos na parte rica da cidade, a avenida que leva ao aeroporto.vários ponto final parada livre micros centrão acapulco z/c méxico buso costas lixo sujo propag anúncio adesivo campanha eleitoral política

Pavimentada em concreto, como é muito comum no México, bairros ricos e periferia igualmente.

Reparem nas placas dos políticos. Novamente, duas políticas. A candidata a presidente é a Josefina.

Cláudia, mais acima, aspira a um cargo no governo local do estado de Guerreiro.

Agora 2 tomadas da Beira-Mar próxima ao Centro. Aquela linha de prédios é a ‘Costa Dourada’. A maioria são hotéis, mas ainda há alguns residenciais. A direita da maior concentração de edifícios está a Costa Azul, onde fiquei, e a seguir o morro das Brisas. Há 2 táxis, o azul é outro Fuca.

………

A direita acima estamos novamente no Centro, o ponto final central das linhas que rasgam a cidade. 

Onde aparece uma caçamba de lixo é nas imediações. Dessa vez, são dois Homens os candidatos pintados nos muros.

Observem em outras fotos do Centrão da metrópole os muitos hotéis populares que pululam ali.

Vemos várias vezes o bairro de classe média Costa Azul, onde fiquei. É claro que o táxi é um Fusca.

Em muitas tomadas registrei o momento em que estou descendo o morro a pé.

Dou um doce pra quem adivinhar de qual marca é o táxi que aparece ali.

Já aquelas duas em que aparecem os ‘pombais’ (prédios baixos de Cohab), estamos do ‘outro lado’ da serra, no subúrbio de Colosso.

Peguei o ônibus ali e cruzei novamente a montanha. Onde os ônibus estão de costas é o ponto final, já no Centro.

8 Táxi-Fuscas juntos!

……….

Mais 2 tomadas da parte e rica e onde veem mais um táxi, que é um….Fusca, vejam só, estamos chegando de novo ao Centro, pela Costeira Miguel Alemão.

Os prédios ao fundo são a ‘Costa Dourada’, hotéis de luxo em sua maioria.

Nas próximas 3 imagens veremos a orla. Os prédios de luxo, logo a seguir começam as favelas nos morros. América Latina total!

Eu fiquei bem no final da praia, naqueles prédios acima do Fusca e dos guarda-sóis. 

Bem próximo está a base naval da ‘armada’ (marinha) mexicana.

Várias fotos da orla, tanto perto do hotel quanto perto do Centro, sempre adornadas por muitos Fuscas-táxi.

Vejam os dois extremos da baía. Acima do táxi-Fusca (na foto logo acima), está a montanha a leste, a das Brisas, perto de onde me hospedei.

2 colagens (amadoras, tive que mexer no mar pra ocultar uma folhagem) mostram a orla de ‘Acá’: a cidade se desenvolveu em torno de uma baía. Nessa tomada uma ponta da baía, onde está o Centro. Logo após ele o bairro da Caleta, que é uma península.

Veem também o bairro da Caleta, a ponta oeste da baía (na 1ª imagem logo no topo da página, atrás do carro laranja e de mais um Táxi-Fusca).

Mais uma atualização. A esquerda acima tomada que tirei via Visão de Rua do ‘Google Mapas’:

Nada menos que 8 Táxi-Fuscas juntos, na mesma esquina. Isso em 2014! 8 é demais!!!!!!!

Dois anos depois que fui lá, e nesse período alguns Fuscas saíram de circulação, afinal ele saiu de linha em 2000.

E aqui a outra ponta da baía, onde há a Base Naval da Marinha Mexicana.

Então por aí você imagina que em 2012 eu vi uma concentração ainda maior.

E um táxi não é Fusca, o que é amarelo. Como já dito, em Acapulco os táxis são pintados conforme a região da cidade que é seu ponto inicial.

Como é com os ônibus em diversas metrópoles ao redor do planeta.

TUDO AZUL: ACAPULCO, MÉXICO” – Mensagem publicada em fevereiro de 2016.

Desenhei Acapulco e seus táxis. Aparece a mesma cena da 1ª foto da matéria:

A península da Caleta, a baía cheia de barquinhos, e um casal – ele com a camisa do América do México.

Abaixo 2 fotos de placas de rua em Acapulco, pra que reparem no detalhe das ‘Colônias’.

Ao dir. a Colônia Garita de Juarez, uma periferia no alto do morro, e Colônia Centro, aquela em que a placa é verde.

Na bifurcação pra Costeira Miguel Alemão e Diana (deusa popular no México), está nítido o contraste entre a Cidade Alta e a Costa Dourada.

Nota: o termo ‘Cidade Alta’ sou eu quem estou utilizando, pra me referir a parte do morro.

Não existe um bairro em Acapulco com esse nome. Já os outros bairros que estão em maiúscula são os oficiais dos bairros acapulquenhos.

Pichação no Centro, com lixo na encosta.

No México, ‘mercadinho’ ou ‘mercearia’ se chama ‘miscelânea’.

Usa-se muito também o termo ‘abarrotes’, que significa ‘guloseimas’.

Pra fechar: como podem ver, os automóveis mexicanos precisam reproduzir a placa num adesivo no vidro.

………..

Que Deus ilumine a todos.

Deus proverá”

Um comentário sobre “O Sol se põe no Mar: é o Pacífico, afinal – Acapulco, México

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