Por Maurílio Mendes, O Mensageiro
Publicado em 16 de junho de 2012
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Passei uma semana no México.
Então agora vou escrever um pouco desse país. Essa mensagem de abertura é o portal da série.
Ao fim do texto ancoro aqui as ligações pros demais textos.
Fui a capital e ao balneário de Acapulco, na costa do Pacífico.
As fotos foram tiradas pessoalmente por mim.
Nessa mensagem são poucas de Acapulco, que será melhor mostrada em outra postagem.
Todas as outras são na Cidade do México (inclui região metropolitana, claro).
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O México tem por volta de 110 milhões de habitantes.
Sendo portanto a 3ª nação mais populosa da América.
Atrás dos EUA (perto de 300 milhões) e Brasil (cerca de 200).
Depois vem Colômbia, com quase 50 milhões de habitantes, seguida da Argentina com 43 (dados de 2015)
Entretanto, a Cidade do México é a maior cidade americana.
Com 20 milhões de pessoas se espremendo de forma precária por lá.
São Paulo e Nova Iorque vem logo a seguir, cada uma com 19 milhões.
Eu estive nessa cidade ianque em 1996.
E como já fui umas 130 vezes a São Paulo (não é modo de dizer, é literal), posso dizer que:
A Grande Vida já me deu oportunidade de pisar nas 3 maiores cidades da América.
Em todos os casos eu conto a área urbana, núcleo mais subúrbios metropolitanos.
Se for pra adotar o critério político, São Paulo é o município americano mais populoso.
Com 11 milhões de pessoas, boa parte igualmente se espremendo de maneira tensa. O México DF e Nova Iorque tem cada um 8,5 milhões
Nessa outra postagem, mais dados demográficos, incluindo a população das maiores cidades do interior mexicano.
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‘México D.F.‘, ou simplesmente ‘D.F.’, é como a capital mexicana é conhecida em seu país.
Inversamente, também se usa falar apenas ‘México’, pra se referir a capital.
No exterior nós usamos o termo ‘Cidade do México’, mas lá eles preferem ‘México’, ‘México D.F’, ou só ‘D.F’. .
Que significa ”México Distrito Federal”, óbvio. A capital não pertence a nenhum estado, é o Distrito Federal.
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A população da metrópole já ultrapassou os 20 milhões de habitantes. México D.F. é o município-núcleo, com 8,5.
Mais 11,5 milhões residem nos subúrbios metropolitanos que ficam na mesma aglomeração urbana, mas em outra unidade da federação. No caso, é o Estado do México.
Assim como estado de Goiás circunda o DF brasileiro, o ‘Estado do México’ circunda o DF mexicano.
Recapitulemos, porque diversas esferas administrativas têm o mesmo nome, ‘México’:
Há o país México, população 110 milhões. Se divide em 32 estados mais o D.F. .
Há a metrópole que é a Cidade do México, núcleo mais subúrbios, com 20 milhões. Se espraia por duas unidades da federação.
O núcleo, o município da capital é o México Distrito Federal, população 8,5 milhões.
11,5 milhões de pessoas moram nos subúrbios metropolitanos, portanto na mesma Cidade do México mas não no Distrito Federal.
E sim no ‘Estado do México’, que está em volta dele.
Pra fechar essa confusão, no Estado do México moram no total 15 milhões.
11,5 milhões nos subúrbios da Cidade do México, repetindo.
E mais 3,5 milhões no campo e em cidades que não fazem parte da região metropolitana da capital.
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Quem conhece o sistema político da Argentina entenderá pela comparação.
Pois lá há também essa duplicidade na nomenclatura da capital e do estado que a cerca, ao qual ela não pertence politicamente mas juntos formam a mesma cidade urbanisticamente.
Há a cidade de Buenos Aires. Só que ela se divide entre a Capital Federal (o Distrito Federal deles) e os subúrbios que ficam na província (o ‘estado’ deles) de Buenos Aires.
Ou seja, a aglomeração urbana de Buenos Aires se espalha entre Buenos Aires Capital Federal e a província de Buenos Aires. Esses últimos vivem nos subúrbios da capital, dentro da mesma metrópole.
E também há os que moram na província de Buenos Aires, mas não na cidade de Buenos Aires.
Ou seja, vivem no interior do país, próximo a capital mas já fora dela, fora mesmo dos subúrbios conurbados.
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Espero que você tenha entendido. O que importa aqui é que quando eu falar em México DF eu me refiro a Cidade do México, inclusive os subúrbios metropolitanos.
Tecnicamente eles estão no Estado do México, e não no DF.
Não importa. Tudo é a mesma cidade, em meus textos México DF e Cidade do México serão sinônimos, a não ser que eu especifique o contrário.
E sempre se referindo a aglomeração urbana de 20 milhões, e não ao núcleo de ‘apenas’ 8,5 milhões.
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A ÁSIA NA AMÉRICA –
Os indígenas (ainda que miscigenados com brancos) são amplíssima maioria no México.
90% da população do pais tem os olhos puxados.
É impressionante, parecia que eu havia aterrizado na Tailândia.
Definitivamente a raça Americana nativa (índios) é um ramo da raça Amarela asiática.
No sentido racial, o México é muito mais americano que a Colômbia.
Nesse segundo país os indígenas (miscigenados e puros) são maioria, mas não de forma tão esmagadora.
Digamos assim, na Colômbia a classe média é mais branca que indígena.
No México não. Mesmo a classe média tem os olhos puxados, na grande maioria.
Vi muita gente dirigindo carros caros, e eram americanos típicos, com pouco ou nenhum sangue europeu. Agora, em ambos os países a elite é branca.
A pele da população no México em geral é bastante escura.
Ainda assim há muita gente de pele bem clara – mas quase todos de olhos puxados. Já disse e repito:
São raros os mexicanos sem olhos puxados. O tom de pele varia, pois houve muita mistura.
Porém, sendo mais claros ou mais escuros, quase todos os mexicanos poderiam passar por japoneses, vietnamitas ou indonésios sem problemas.
Ao menos na aparência física, claro que o caráter desses povos varia amplamente.
Voltando aos fenótipos, a maioria dos mexicanos tem cabelo preto.
Mas pela mistura de sangue é comum verem-se pessoas de cabelos castanhos. Já os loiros são raríssimos.
Os negros são praticamente inexistentes na Cidade do México. Mas no Pacífico eles são comuns.
Digo, comuns comparando com México D.F. . Cerca de 20% dos acapulquenhos são negros.
Por isso me refiro a afro-descendentes. A grande maioria em Acapulco tem a pele bem escura, entretanto a maior parte por sangue americano, e não da África.
Ou seja, os negros de cabelo enrolado existem em número razoável no litoral, o que não acontece na capital.
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E não é só na demografia que a raça Americana é forte.
Veja abaixo o mapa da Cidade do México e arredores.
Verá que a imensa maioria dos bairros é em língua indígena.
Obviamente é resquício do Império Azteca que ali existia, e que permanece vivo na cultura popular.
Os Aztecas cultuavam o Sol (e a Lua). Sua cultura, mesmo tão agredida pelos espanhóis, não terminou.
Por isso disse logo no título que a Cidade do México é a Cidade do Sol.
Tenho Alma Atlante, Egípcia, Azteca.
Pra um Filho do Sol e da Lua, ir pra Cidade do Sol é voltar ao lar Paterno.
Eu Sou Americano, de corpo e Espírito.
O México, ao lado da Bolívia e do Peru, é o mais Americano dos países.
Por tudo isso, na Cidade do Sol eu realmente estava em casa. É simples assim.
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Comentemos as fotos espalhadas pela matéria, nem sempre a que está mais próxima corresponde a descrição ao lado, busque pelas legendas.
Eu fiquei no epicentro político do México, na praça que tem a catedral (ouvíamos seu sino do quarto), o palácio nacional e diversos outros prédios importantes.
É o ‘Zócalo’ (pronuncia-se ‘Sócalo’). Nos outros países hispânicos, isso se chama ‘Praça de Armas’.
Numa distância de poucas quadras estão o senado, o supremo tribunal, e todo o aparato político-judiciário da nação.
Todos os protestos e manifestações políticas importantes mexicanos são feitas ali.
Inclusive quando estávamos lá havia um acampamento de professores, que falo em outro texto.
Aqui o que importa é que logo acima da manchete veem a catedral (e o Sol). Atrás da bandeira brasileira também.
Fotos tiradas do restaurante do hotel, no terraço do 7º andar.
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Os Fuscas são extremamente comuns no México.
Foram fabricados lá até 2003. Então ainda rodam muitas centenas de milhares de Fuscas até hoje.
No México D.F. os táxis Fuscas são muito, muito comuns, porém já não são mais maioria.
Em Acapulco, entretanto, os Fuscas ainda são maioria dos táxis.
Numa esquina, me vi cercado por 10 Fuscas-táxis. Não é exagero nem brincadeira.
Infelizmente não deu tempo de fotografar. Mas numa foto podem ver 3 táxis juntos, todos desse modelo.
Os táxis de Acapulco são pintados conforme a região da cidade que têm sua base.
Todos são bicolores, brancos e mais um cor, de acordo com essa divisão. Brancos e azuis são os mais comuns.
Há também brancos e amarelos, brancos e verdes.
Os táxis do México DF são todos nesse padrão roxo e bege (as Mulheres diriam ‘vinho e creme’, talvez. Nós Homens vemos menos tonalidades, como é sabido).
O fato é que todos os táxis da capital são assim, hoje em dia. Mas por muitas décadas eles foram verde-claro e brancos, como aparece na foto seguinte.
Esse texto é de 2012, quando lá estive. Dizendo ainda mais uma vez, a maioria dos táxis de Acapulco ainda era Fusca.
Na capital não mais, muito comuns mas já não mais da metade. E agora na capital são roxos e beges.
Mas por décadas os táxis do México DF foram verde-claros, e quase todos Fuscas.
Se você foi pra lá entre as décadas de 70 a começo de 2000, só viu Fuca esmeraldino na rua, uma multidão deles, parecia um enxame.
A Cidade do México tem no verde-claro sua a cor oficial. Os táxis um dia foram assim, agora não mais. Esse veículo, como deixou de ser táxi, não foi repintado. Mas os ônibus da cidade ainda são verde-claros, incluso ônibus elétricos.
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Nós andamos em Fuscas-táxi tanto no México DF quanto em Acapulco. O da capital era roxo e bege por fora, mas por dentro ainda estava verde. Pra economizar, quando mudou o padrão, o dono pintou só o exterior.
Mais um detalhe: no México DF os Fuscas que são táxis não tem o banco da frente. Os táxis de outros modelos têm.
Em Curitiba até os anos 90 haviam muitos Fuscas-táxi (nos anos 80 foram maioria), e eles também não tinham o banco da frente, vejam vocês.
Em Acapulco os Fuscas-táxi têm o banco da frente, o que comprovei pessoalmente, pois fui sentado ali.
Uma última palavra sobre os Fuscas: obviamente eles são muito comuns como carros particulares também.
Na verdade nas favelas e vilas do subúrbio são o modelo mais popular, mesmo agora na década de 10.
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A Cidade do México (e também Acapulco) é extremamente densa.
Muito mais que São Paulo. Vejam acima a direita a foto de um bairro de classe média-alta mexicano.
Parece um bairro de periferia no Brasil, pelo menos no quesito cabeças residindo por metro quadrado.
Vendo a Cidade do México pelo alto via satélite do ‘Google’ Mapas, a impressão que tive é que se tratava de uma favela gigante.
Isso porque, repito, mesmo na classe média a densidade lembra a do Sítio Cercado ou a o do Capão Redondo, bairros das Zonas Sul de Curitiba e São Paulo.
Voltando a Zona Central do México DF, só andando pela rua se percebe que não é periferia, são regiões burguesas, em que a maioria das pessoas tem faculdade. Mas vendo por cima parece um favelão.
Mora muita gente junto, cara. Bem, é a maior cidade da América.
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Um pouco mais pra baixo na página (busque pela legenda) postei a estátua de Diana, deusa romana da caça e da guerra, que enfeita a Avenida da Reforma.
‘O coração do México’, como eles definem lá. Já falo da avenida. Primeiro a estátua. Foi inaugurada na segunda metade do século 20.
Os conservadores se indignaram com os seios desnudos de Diana e obrigaram o poder público a vestir a estátua.
E assim foi feito. Apenas a partir da virada das décadas de 60 pra 70 os mamilos da deusa puderam se bronzear no Sol e receber os pingos da chuva.
Agora a Avenida da Reforma (‘Paseo de la Reforma’, no original). É o orgulho do México. Liga o Centro a Zona Oeste.
E a porção ocidental da Cidade do México é justamente sua região mais rica.
Os mexicanos não gostam de morar em prédios altos.
Nesse sentido eles se assemelham aos estadunidenses e europeus, e se diferenciam do resto dos latino-americanos e dos asiáticos, que gostamos de residir em arranha-céus.
Por conta disso a Cidade do México quase não tem prédios altos pra moradia, só comerciais – como é nos EUA.
Edifícios baixos, de até 4 andares, tem bastante, tanto na burguesia quanto pro povão.
Mas construções maiores, com elevador e de digamos 8 andares pra cima, são muito raras. É uma metrópole enorme, e basicamente horizontal.
Então. Os poucos prédios residenciais altos estão todos na Zona Oeste, sempre tendo a Avenida da Reforma como espinha dorsal dessa que é a única região verticalizada da maior cidade americana.
A Reforma começa no Centro. Ali há muitos prédios altos, porém todos comerciais, nenhum residencial.
A moda ianque, alias. Há lindas praças, uma delas guardada pela Diana Caçadora peituda e desnuda.
Uma certa altura, chega-se no Bosque de Chapultepec, a ‘menina dos olhos’ dos ‘chilangos’, como são conhecidos os capitalinos, os habitantes do México DF.
Chapultepec é pra Cidade do México o que o Parque Central é pra Nova Iorque.
Enorme e se espalhando entre o Centro e a parte mais rica da cidade, ele tem museus, jardins botânico e zoológico, lagos, feiras. Mais pra baixo no texto o tapete de flores que recepciona os visitantes.
Em outras mensagens mais fotos dele, com seu belíssimo lago.
Aqui basta guardar que esse bosque é a alma da Cidade do México, ele é muito mais importante que pra eles que o Ibirapuera é pra São Paulo, e que o Barigüi é pra Curitiba, por exemplo.
A Reforma existe por causa dele, pois é no Bosque de Chapultepec que fica uma mansão (hoje é um museu) onde residia o governante do país, não sei antes ou depois da independência (que foi em 1810).
Esse governante abriu a Avenida da Reforma, inspirado nos ‘boulevares’ parisienses, pra ir de sua casa a sede de governo, no Centro.
Ali passa a Linha Turismo mexicana. Andei nela, como podem ver. É um ônibus dois andares, como em Curitiba.
E igualmente como aqui, são modelos Busscar, brasileiros.
Finada Busscar, alias, a fábrica de Joinville-SC faliu.
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Então. De volta ao México.
Depois do parque a Reforma continua, mas se torna mais estreita.
E passa então a abrigar também altos prédios residenciais (a única região da cidade em que eles existem, como já falei), ao lado dos comerciais.
A avenida acaba no bairro de Santa Fé, já bem distante do Centro, mas ainda dentro do Distrito Federal.
Ali começa a auto-estrada México DF-Toluca, mas que entretanto é conhecida em seu trecho urbano como “Prolongamento da Reforma”.
Eles amam tanto essa avenida que simplesmente não querem que ela termine, mesmo quando ela já virou uma rodovia e perdeu seu charme faz tempo.
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Os ricos fizeram de Santa Fé um subúrbio de classe alta, como ‘Alphaville’ paulista, que também fica na Zona Oeste.
Não há um equivalente em Curitiba, porque nosso ‘Alphaville’ é basicamente residencial, sua porção comercial é pouco desenvolvida.
Em São Paulo, e muito mais nos EUA e México, as corporações também já migraram pros subúrbios.
Boa parte dos ricos simplesmente não vão mais ao Centrão da cidade, nem mesmo pra trabalhar.
Voltando a Santa Fé, ali igualmente há edifícios altos de trabalho e de moradia. A parte comercial chama-se “Centro Empresarial”.
A foto em que há uma praça com algumas palmeiras, em que os carros estão fazendo o balão, é sua avenida central.
Todos os prédios que veem ali são comerciais. Bem perto fotografei um de moradia, de luxo.
Se chama ‘Reforma Santa Fé’, unindo os dois nomes ‘nobres’.
Há uma placa escrito ‘Toluca’, pois estamos na auto-estrada México DF-Toluca, lembre-se.
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A elite abandonou o Centro da Cidade do México há muito tempo. Eles não moram a leste do Bosque de Chapultepec, e só ultrapassam esse limite pra trabalhar.
E somente quando for indispensável. Eles preferem mesmo trabalhar e morar nos subúrbios bem longe do Centro.
Alguns desses subúrbios estão dentro do Distrito Federal, outros já no Estado do México (“Edo. Mex.” na abreviatura usada lá).
Mas, independente de divisão política, formam uma área contínua, de altíssimo padrão.
Seu epicentro comercial é o já citado o Centro Empresarial, no bairro Santa Fé, fora da cidade.
É a Zona Oeste, meu irmão.
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Disse que em Curitiba, por hora, a suburbização a moda ianque não atingiu a mesma proporção de SP e México, e assim é.
Ainda assim, o processo está em andamento, o que gera paisagens similares nas porções ocidentais curitibana e do México DF.
De volta ao México, a Zona Leste é diametralmente oposta. Em termos geográficos e sociais também.
Espraiadas pela matéria aparecem 8 fotos de favelas.
6 são da Zona Leste, e 2 da Zona Norte. Dessa parte falamos em outro texto.
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Agora nos fixemos nas fotos da Z/L. Chegamos ao subúrbio dos Reis, na Cidade da Paz. No original em espanhol, Los Reyes e La Paz.
(A direita meu primeiro contato com o lugar, o que vi da passarela ao descer do busão, logo abaixo mais uma foto da região).
A Cidade da Paz – que não é tão pacífica assim, não se deixe enganar – é um município pobre já no Estado do México. Deixa eu contar minha saga por lá:
Acabei de descer da Kombi (sim, uma Kombi. Conto mais do transporte em outra mensagem) e estou numa passarela sobre outra auto-estrada, no caso México DF-Puebla.
Vi essas enormes favelas cobrindo o morro, e decidi ir conhecê-las por dentro. Subi toda a encosta.
Nas imagens veem que fui bem no alto, e que a região é miserável. Não só a encosta da montanha.
Toda a Zona Leste é bastante complicada, o bagulho é louco. Mesmo na parte plana, o que não falta ali são problemas.
No plano ou no morro, há muitas favelas ainda não urbanizadas.
Além de conjuntos habitacionais que embora contem com asfalto, água e luz regulares ainda assim enfrentam a saga de serem subúrbios de metrópole, você sabe ao que me refiro.
Vi uma invasão na linha do trem ainda na baixada, e ao lado havia um rio que tinha mais lixo que água.
A cena foi impressionante, não pude fotografar pois estava dentro da Kombi ainda e não quis demonstrar que não era dali, por razões óbvias de segurança.
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Enfim, após um rolê motorizado pela parte baixa, que é igualmente desoladora, iniciei minha escalada da serra a pé.
Fui até o fim, até o topo do morro, que é bem íngreme, e todo ocupado por muitas e muitas favelas.
As fotos mostram. Observem inclusive os Fuscas, o carro mais comum entre o povão que habita essas paragens.
É perigoso. Zona de risco, zona de guerra, e o México está em guerra. Em outros textos falo mais disso. Aqui, importa dizer que ‘guerra’ não é modo de falar. É guerra mesmo, com decapitações e amputações em massa.
Não tive medo. Essa é minha missão, e lá fui, só eu e Deus, contando apenas com a proteção e benção Dele pra me guardar.
Deu certo. Não fui perturbado por ninguém, e aqui está meu relato, direto da Zona Vermelha mexicana.
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Podem ver acima que na periferia do México DF é muito comum asfaltarem as ruas com cimento.
No Chile é o modal dominante no país inteiro, nas favelas, subúrbios, classe média e também nos bairros de elite. É mais comum que asfalto.
No México não chega a tanto. Na classe média e alta é de asfalto, só nos arrebaldes o cimento predomina.
Observam esse pavimento tanto na Zona Leste quanto na Norte.
De volta ao dia que estava na Cidade da Paz, Zona Leste. Retornei de busão pro Distrito Federal.
No itinerário, estava escrito assim “Morro 26 + Morro 27”.
Não é brincadeira. As favelas em encostas estão se espalhando tanto pelos subúrbios mexicanos que está sendo mais fácil numerá-las que nomeá-las.
Por aí, e pelas imagens, vocês imaginam onde eu estive.
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As favelas do México são cinzas, porque lá há dois tipos de tijolos.
Um de barro, parecido com o daqui só que menor e não tem furos, e outro de outro material que não sei especificar.
Esse último, igualmente sem furos, é mais barato, razão pelo qual nas favelas é onipresente, o que é evidente na imagem.
Como os favelados mexicanos ainda não entraram na fase fazer acabamento em suas casas, a periferia é o que estão vendo aí, a Cidade Cinza.
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Se a última impressão é a que fica, arrematemos com muitas flores. Essa espécie roxa, chamada Primavera, é extremamente comum no México.
Igualmente nos bairros ricos quanto pobres. Tanto que até andando pelo ‘Google’ Mapas eu já havia percebido isso, nem precisei ir pessoalmente.
Quando fui, apenas confirmei o que já sabia.
É muito bonita mesmo, a Cidade do México fica deslumbrante toda enfeitada de roxo, quebrando um pouco a agressividade dessa que é a verdadeira ‘Selva de Pedra’.
Cidades sob um certo aspecto são espíritos femininos, que adoram se embelezar, e ficam radiantes de alegria quando alguém aprecia seu esforço.
Então aqui vai meu reconhecimento. Adorei ver a Cidade do México toda colorida, como uma moça que está de bem com a vida.
Especialmente esse tom roxo das Primaveras me encantou, eu adoro essa flor.
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A série ainda vai longe, mas já deu pra vocês sentirem como é essa metrópole.
Árida, cinzenta e violenta de um lado, bela e toda produzida de roxo de outro, eis a Cidade do México.
Onde nós, os Filhos do Sol e da Lua, somos bem tratados, dos bosques as favelas numeradas, pois estamos em casa.
A “Cidade Azteca” é o Nosso Lar.
Assim É.
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Série mexicana. Essa é a abertura. Abaixo as demais matérias:
– “A Guerra Suja Mexicana” – é a política, claro (julho/12).
“Velha Escola”: o P.R.I., o ‘partido único’ do México, está de volta a ‘sua casa’, o Palácio Presidencial. Mas os métodos pra isso são similares aos do Partido Colorado do Paraguai.
– “Tudo Azul”. é o futebol no México (junho/12). Curiosamente, quase todos os grandes times do país tem um uniforme nessa cor.
– Onde a Vida e a Morte são o mesmo (julho/12). Digo, não são a mesma coisa, mas são partes de complementares de um mesmo processo.
Portanto na Visão Azteca Vida e Morte não são antônimos, e sim trabalham em harmonia.
O Culto a ‘Santa Morte‘ – que é quem cuida da passagem – cresce até entre os católicos, gerando curioso sincretismo.
– Entre a Serra e o Mar, Acapulco (junho/12). E é no Mar que o Sol se põe.
– “Bem-vindo ao México, não perca a cabeça. Não é modo de dizer”. A guerra mexicana (junho/12).
– Do arcaico ao moderno, do pequeno ao grande, veja como é o Transporte na Cidade do México e Acapulco (julho/12).
Que Deus ilumine a todos.
“Deus proverá”