"Tróleibus Americanos, V*lparaíso/V*ncuver"

‘Camaleão’ 8000 da CMTC: o 1° tróleibus-articulado do Brasil teve 2 carrocerias, 6 proprietários, 7 (ou 9?) pinturas e 7 numerações

A Revista Portal do Ônibus mostra 8 versões do mesmo buso. Ainda faltam 2: inteiro de vermelho no fim dos anos 80 e depois participou do projeto Fura-Fila (que ao fim não foi implantado).

INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado originalmente (via emeio) em 1º de setembro de 2011.

Levantado pra página (como parte de uma postagem maior) em 20 de abril de 2015.

Desmembrado como postagem própria em 17 de  maio de 2019.

Vamos falar dos primeiros tróleibus-articulados do Brasil: em 1985 a CMTC-SP recebeu dois sanfonados movidos a energia elétrica, numerados 8000 e 8001.

A ideia eram esses serem os exemplares-piloto, seriam encomendados 420 tróleibus-articulados pra operarem nos corredores da Paes de Barros (Z/L, pronto em 1980) e Santo Amaro (Z/S, finalizado no meio dessa mesma década de 80). Mas não se deu dessa forma, ficaram só esses 2 veículos mesmo.

O 8000 a princípio era carroceria Caio – depois foi re-encarroçado pra Marcopolo. Já o 8001 começou e terminou como Marcopolo, igualmente foi re-encarroçado, mas apenas trocaram uma carroceria mais velha por outra mais nova porém mantendo a marca.  Ambos os busões foram aposentados somente em 2012 – foram 27 anos de pista portanto! Além disso, o 8000 foi reformado e mantido preservado como ônibus-museu.

Nessa e nas próximas 23 fotos da matéria estaremos vendo sempre o mesmo ônibus, o que a princípio era Caio e foi numerado 8000 da CMTC. Aqui provavelmente na sua viagem de apresentação, quando chegou, em 1985.

Escrevi uma matéria mostrando, com centenas de fotos, a evolução dos ônibus municipais de São Paulo, dos anos 70 a atualidade.

Originalmente essa atual matéria que estão lendo fazia parte dessa reportagem maior. Em 2019, entretanto, a desmembrei porque tem mérito pra tanto.

Afinal, aqui está a história do transporte em São Paulo resumida num único ônibus, o primeiro tróleibus-articulado do Brasil.

Com quase 3 décadas de bons serviços prestados, o bichão pegou muitas fases do transporte paulistano, foi se adaptando a todas. E sendo reformado pra se adequar a cada uma delas. Assim, o mesmo ônibus, o originalmente 8000 da CMTC, teve:

2 carrocerias, começou Caio e acabou Marcopolo. Até aqui, não tem nada tão extraordinário. Re-encarroçar ônibus é uma prática comum entre os frotistas. Nessa postagem eu mostro 2 busões que saíram de Curitiba e foram re-encarroçados em Manaus-AM. É o mesmo caso, um já era Marcopolo e apenas recebeu um ‘corpo de metal’ mais novo, mas o outro era Caio e também virou Marcopolo.

Repito, quando chegou a carroceria era Caio (letreiro). Foi pra Garagem Tatuapé da estatal CMTC – operava na Zona Leste -; com a pintura ‘Trovão Azul’; o nº é 8.000; não tem chapa (como todos os tróleis de SP a época); sem ar-condicionado; portas somente a direita; entrava por trás.

A questão é que no caso do 8.000 da C.M.T.C. o re-encarroçamento é só uma das mudanças pelas quais esse bichão sobreviveu. Além disso ele:

Pertenceu a 6 viações diferentes. Pois começou como sendo da CMTC, viação estatal municipal que foi privatizada em 1994. Nas mãos das empresas particulares ele alternou por mais 5 proprietários.

Ostentou impressionantes 9 pinturas distintas. OK, se você considerar as 3 primeiras fases do ‘Municipalizado’ como sendo a mesma pintura, ainda assim ele teve 7 pinturas diferentes.

Recebeu nada menos que 7 numerações, começou 8000 e acabou 4-1486 (mas a placa, quando ele a teve, era CDL-8000, pra lembrar a original).

Outros aspectos que o ‘camaleão’ 8000 alternou durante sua vida útil: começou como ‘Frota Pública’ e depois virou particular; trocou várias vezes entre as Zonas Leste e Sul (começou na Z/L, foi pra Z/S, breve volta a Z/L, curto retorno a Z/S, voltou pra Z/L onde se aposentou);

Nessa foto encerramos a 1ª fase do busão, a pintura ‘Trovão Azul‘: já puxando linha pra Zona Sul (especificamente na Bandeira; aqui e nas 2 seguintes na linha 6500-Pça. da Bandeira/Term. Sto. Amaro, a linha tronco [paraadora] do Corredor Santo Amaro)

Nos seus primeiros anos não tinha placas (como todos os tróleis em SP de então, articulados e tamanho normal), depois foi emplacado; saiu de fábrica com letreiro de lona, e passou a usar letreiro eletrônico, mas voltou pra lona; quando chegou entrava por trás, não tinha ar-condicionado e portas somente a direita – acabou com ar, portas dos dois lados (elevadas a esquerda) e embarque dianteiro.

Vamos vendo tudo isso pelas imagens, e o texto vai recapitulando e ampliando as informações já grafadas acima (depois ainda mostrarei o 8001).

1) Comprado pela CMTC no meio da década de 80, encarroçado pela Caio no modelo Amélia, como aliás o letreiro (da imagem acima a esquerda) indica. Recebe o número 8000 e o padrão de pintura “Trovão Azul“.

Pois a viação estatal é dispensada da padronização “Saia-&-Blusa”, compulsória as particulares. Entrada por trás, sem ar, portas só a direita, e na época ônibus elétricos em São Paulo (em outras cidades também) eram isentados do emplacamento – na Argentina é assim até hoje. Nessa primeira fase, já houve uma mudança: da Zona Leste pra Zona Sul.

2) Ficou rubro. O resto não se alterou.

2) Na segunda metade dos anos 80 a prefeitura pinta uma parte da frota da CMTC de vermelho (ao lado).

Claramente uma cópia do transporte coletivo de Londres-Inglaterra – alias nessa época SP adota também ônibus 2-andares, pro xerox ser completo.

Mudou a pintura. Ainda permanece: Caio; CMTC; nº 8.000; na Zona Sul; estatal; embarque traseiro; sem placas, sem ar-condicionado nem portas a esquerda, muito menos letreiro eletrônico.

3) Em 1991 é implantado o sistema “Municipalizado”. O 8000 é pintado nesse padrão.

3) 1ª fase do ‘Municipalizado‘: vermelha agora é só mesmo a faixa, buso ficou branco.

Todos os ônibus, de todas as linhas, a princípio ficam brancos só com uma faixa vermelha, sem indicar qual parte da cidade serve.

Pela primeira vez a CMTC tem que padronizar como as viações privadas. Ainda se entra por trás.

Como na mudança anterior, mais uma vez foi repintado, mas as demais características ainda permanecem: Caio; CMTC; nº 8.000; na Zona Sul; estatal; embarque traseiro; sem placas; sem ar-condicionado nem portas a esquerda; letreiro em lona.

4) 2ª etapa do ‘Municipalizado‘. Toda a frota, da cidade inteira, permanece branca com faixa vermelha, mas o veículo ganha um ‘M’ na lateral, e faixinhas menores a frente e atrás, pra mostrar pra qual região da cidade a linha vai: azul é Zona Sul, amarelo Leste, marrom Norte e verde Oeste.

4) 2ª fase do Municipalizado, com a letra ‘M‘ (nessa e nas 2 a seguir linha 6504-Bandeira/ Exp. 9 de Julho: ramal da 6500,  compartilha parte do trajeto mas tem menos paradas).

Portanto ele ganha o ‘M’ e faixa azul na frente, pois permanece na Garagem Santo Amaro, servindo dessa forma a Z/S. Ainda é da CMTC, mas por pouco tempo. A entrada foi mudada pra frente.

Fazendo o balanço, agora foram 3 mudanças: o esquema geral da pintura permanece mas ganha um detalhe; embarque invertido; e nº do ‘carro’ passou pra 57-8000 – mantém o 8.000 entretanto acrescido do prefixo 57, preparando pra privatização.

A partir desse momento o embarque será sempre pela frente, esse ponto não é mais preciso ressaltar, já houve o câmbio.

O que não mudou em relação a foto anterior? Ainda é da CMTC; portanto estatal (por pouco tempo); na pintura ‘Municipalizado’; Z/S; linha escrita na lona; sem placas, ar-condicionado muito menos portas dos dois lados.

5) 3ª fase do ‘Municipalizado‘: o buso foi privatizado, não é mais da CMTC.

5) Em 1994 a Cia. Municipal de Transporte Coletivo (‘CMTC’) foi privatizada.

Vemos o buso ao lado já sem o logo e nome da viação estatal – mas ainda sem o nome da viação particular que é seu novo proprietário. Pintado como na 3ª etapa do ‘Municipalizado’. Da pintura nesse padrão, eu me refiro. Porque o sistema ‘Municipalizado’ durou pouco, logo a prefeitura, como sabem, ‘desmunicipalizou’ a arrecadação financeira do sistema.

Ou seja, anteriormente havia ‘municipalizado’ o transporte, que significava, enfatizando, que o erário municipal é quem ficava com o que era pago nas catracas. E aí a prefeitura pagava as viações por km rodado. Assim, se a viagem foi cumprida o dono do ônibus recebe igual, independente do buso estar cheio ou vazio.

Ainda 3ª fase do ‘Municipalizado‘, agora com o nome da viação (‘TCI‘) que arrematou o lote, foi pintada a flecha da entrada pela frente, e o prefixo mudou pra 67, portanto o 67-8000.

Pra marcar a mudança, eliminaram a padronização de pintura ‘Saia-&-Blusa’, e substituiu-a pelo padrão de pintura ‘Municipalizado’.

Logo acabou com esse modelo de gestão, portanto as viações voltaram a receber o valor arrecadado na catraca. Mas a pintura branca com faixa vermelha se manteve.

O ‘M’ lateral sumiu, e surgiu espaço pra entrar o logo da viação. Na tomada vista acima a direita o espaço está em branco porque a CMTC acabara de ser vendida. O novo dono ainda não teve tempo de implantar seu nome e símbolo na lataria da frota recém-comprada. Já na imagem a esquerda vemos o ‘TCI’ de ‘Transporte Coletivo Imperial’, a viação recém-criada que arrematou esse lote.

Resumindo as mudanças: deixou de ser CMTC, não é mais estatal; o prefixo mudou de 57 pra 67, agora o nº é 67-8000; saiu o ‘M’ da lateral, e vemos claramente a flecha indicando inversão na entrada. O que permanece em relação a última foto que ele era CMTC? Mesmo alterado o prefixo, a numeração principal do veículo ainda é 8000, tiraram o ‘M’ mas segue branco com faixa vermelha e sub-faixa azul, sem placas, sem ar-condicionado nem letreiro eletrônico tampouco portas a esquerda, e ainda tem a mesma carroceria Amélia da Caio com a qual saiu de fábrica.

6) 4ª fase do ‘Municipalizado’: linhas troncais (feitas por articulados e ônibus ‘padrão’ alongados) com faixa verde, sem sub-faixa indicando qual parte da cidade a linha vai.

6) 4ª e última etapa do ‘Municipalizado’. Os articulados e alongados recebem faixa verde, sem a faixinha menor pra indicar a região.

O novo dono já pintou seu logo onde um dia houvera o da gloriosa CMTC, o da viação estatal virou passado. Alias, daqui pra frente o veículo será sempre de posse particular, não é preciso mais repetir esse ponto.

Acontece que o bichão mudou novamente de dono, agora é da Viação Santo Amaro. O que mais mudou comparando com a tomada acima dessa? A pintura se alterou – ainda que permaneça dentro do esquema ‘Municipalizado’; a viação também é outra.

O que não se alterou? Ainda é um Caio; e ainda 67-8000; até aqui o letreiro é a lona; ainda não tem chapas, ar climatizado ou portas pra embarque elevado do outro lado (tudo isso por pouco tempo, como já veremos).

7) Projeto ‘Fura-Fila‘ (que acabou não sendo implantado): ainda assim só pra participar dos testes, o 8000 e 8001 (a frente e nos fundos, respec.) recebem novas carrocerias – da marca Marcopoloe passam a ter portas na esquerda pra embarque em nível; o 8000 também ganha ar-condicionado.

7) A prefeitura de São Paulo lança o projeto ‘Fura-Fila’: um corredor exclusivo elevado sobre o Rio Tamanduateí, que seria operado por tróleibus-articulados, do Centro até o Terminal Sacomã, na Zona Sul – perto de Heliópolis  (antiga favela, agora urbanizada).

São encomendados alguns veículos especificamente pra isso. Mas, pro que nos interessa aquios 2 tróleibus-articulados que já existem, o 8000 e o 8001, também participam do projeto. Recebem na lataria a sigla VLP, que significa ‘Veículo Leve sobre Pneus’ (assim como VLT são as iniciais de ‘Veículo Leve sobre Trilhos’).

De forma que em 1996 eles são re-encarroçados: retiram a carroceria velha e jogam fora. Recebem nova cobertura, nos dois casos da marca Marcopolo. Como já dito na abertura da matéria, o 8001 já saiu de fábrica Marcopolo (nos ocuparemos dele mais abaixo). Mas o 8000 ‘muda de time‘: tiraram a Amélia Caio e botaram uma Torino da Marcopolo no lugar.

8) O ‘Fura-Fila’ não dá certo, ele retorna pras linhas normais e retoma a pintura 4ª fase do ‘Municipalizado’. E volta pra Zona Leste.

Pra quem não é especialista em busologia, o re-encarroçamento é prática é comum, especialmente em SP. O chassi e o motor são os mesmos, ainda é o mesmo ônibus.

Além da carroceria, o que mais mudou no busão em relação a fase 6 mostrada antes? A pintura, que é específica do ‘Fura-Fila’ (no fim nunca usada em operação regular, só em testes);

Além disso, virou o que aqui em Curitiba chamamos ‘Ligeirinho’, que quer dizer que conta com portas a esquerda mais altas pra embarque em em nível estações com plataformas elevadas; tem ar-condiconado, películas negras ao redor das janelas (como nos ônibus de viagem) e letreiro eletrônico.

Escrito ‘S. Mateus’ no letreiro eletrônico (daquele modelo antigo) e ainda sem chapas.

8) O Fura-Fila malogra. O corredor elevado sobre o Rio Tamanduateí até o Terminal Sacomã é implantado, mas com veículos a dísel, não com tróleibus. O 1º tróleibus-articulado do Brasil, o 8.000, volta pras linhas normais, com embarque ao nível do solo na rua.

Com isso ele retoma a pintura que havia usado na fase 6: branco com faixa verde, sem sub-faixa colorida. Retoma o nº 8000, passa a ser 68-8000. Mas vai pra Zona Leste (na verdade volta pra ela, pois nela ele iniciou sua vida útil na década de 80).

Portanto, o que muda da fase 7? A viação passa a ser a EletroBus; a pintura – que retorna a mesma programação visual alvi-verde da fase 6; volta pra Zona Leste; retoma seu número original 8000, mas, digo novamente, o prefixo agora é 68, tudo somado ele assina 68-8000.

Em sua última pintura no ‘Municipalizado’, agora ele ganhou placas, também nº 8000.

O que permanece da fase de testes do Fura-Fila? O letreiro eletrônico, e ainda não tem chapas.

Segue também, e agora em definitivo, com várias de suas modernizações: a partir daqui, ele será sempre Marcopolo, e sempre com ar-condicionado, películas escuras ao redor do vidro e portas de ambos os lados, esses pontos não é mais preciso ressaltar.

Na Cidade de São Paulo (muitas outras também, dizendo de novo) os tróleibus não tinham placas até os anos 90. Pode reparar que até aqui o para-choque está virgem, sem esse adereço de metal a adorná-lo.

Acontece que a legislação mudou. E os tróleibus também tiveram que ser emplacados. Veja a foto a direita. Pra homenagear seu número, ele recebeu a chapa CDL-8000. A partir dessa, em todas as fotos o ‘monstro de metal’ tem chapa, não será preciso enfatizar repetidamente esse detalhe.

9) O 8000 voltou pra Zona Sul. Em 2003, decorado com as “Estrelas”. Até aqui, mesmo mudando de prefixo inúmeras vezes, o número 8000 se mantém desde o início.

9) Virou o milênio, acabou a pintura ‘Municipalizada’ em vigor há uma década. Em 2003 a prefeitura muda a pintura dos ônibus. Toda a frota, todas as linhas, todos o modelos (articulados, normais e micros) recebem a seguinte decoração: os veículos ficam inteiro alvos exceto por uma faixa vertical vermelha, com várias pessoas estilizadas lembrando estrelinhas.

O 8000 também ganhou na lataria as “Estrelas”. Por pouquíssimo tempo, breve a pintura foi mudada. Mas existiu e alguém clicou, eternizando-a. Detalhe que o bichão voltou pra Zona Sul, puxou os derradeiros dias da rede elétrica do corredor Santo Amaro, que logo a seguir foi eliminada.

Em relação ao último ciclo no Municipalizado (branco com faixa verde), o que se mantém? O letreiro eletrônico (além daquelas coisas que não irão se alterar mais: carroceria, o fato que agora é privatizado e emplacado, embarque pela frente, ar-condicionado, portas também a esquerda, película escura ao redor da janela, etc).

Ainda na mesma pintura, um novo número: 7-5096. Pela 1ª vez não é mais 8.000.

E o que mudou em relação a essa fase? A pintura; a região da cidade, da Leste de novo pra Sul; o proprietário, foi pra uma viação filiada ao Consórcio 7; o prefixo, que agora é 767, portanto na tomada esquerda o nº  é 767-8000.

Vamos fazer uma recapitulação. O bichão já mudou de pintura 6 vezes; já mudou de carroceria; já foi público e passou a particular; e dentro da iniciativa privada já teve pelo menos 4 donos; começou sem ar nem portas de ambos os lados, agora tem esses acessórios; entrava por trás, agora invertido pra frente; começou na Z/L, migrou pra Z/S, foi pra Z/L de volta e voltou pra Sul mais uma vez. E, ao ser mudada a legislação, teve que afinal ser emplacado.

Tudo se alterou né? Mas o número ainda é o mesmo, 8000 – acrescido de prefixos, não importa. A pedra fundamental ainda está lá. Não mais. Ainda na pintura ‘Estrelada’ virou o 5096, isso no nº principal. O prefixo foi alterado pra 7 – já no enquadramento pra padronização Inter-Ligado, que virá a seguir. Assim ele ficou como 7-5096 (dir.).

10) De volta pra Zona Leste, no padrão Inter-Ligado, mas ainda com as famosas Estrelas agora bem pequenas, entre a porta do meio e a sanfona.

10) Em 2003 foi criodo o Sistema “Inter-Ligado”. Os busos voltam a ser pintados conforme a região que operam, como era no ‘Saia-&-Blusa’ nos anos 80 (da qual esse bichão não participou porque a CMTC estava dispensada).

Seja como for, nessa época a prefeitura desmantelou a rede de troleibus na maior parte da Zona Sul, e por completo nas Zonas Oeste e Norte Se o corredor da Av. Santo Amaro não tem mais tróleibus, ele não tem utilidade na Zona Sul. O mesmo ônibus, ao ser repaginado nesse padrão, ficou de vermelho, sinal que ele voltou pra Zona Leste. Não perca a conta: começou na Z/L, foi pra Z/S, de volta pra Z/L por breve período, mais uma vez pra Z/S e novo retorno pra Z/L. ‘A volta do filho pródigo’??

Muda mais uma vez de proprietário, passando pra Himalaia Transportes. Tem mais: essa nova re-configuração, ao mudar mais uma vez de dono, ele foi de novo re-numerado, agora é o 4-1486. E o mais incrível: voltou pra lona. Sim, é isso. Tiraram o letreiro eletrônico (que era daquele primeiro modelo, em que bolinhas amarelas formavam as letras, lembra?) e puseram de novo a boa e velha lona de guerra. É mole?

Último pega: no Inter-Ligado, sem estrelinhas.

A esquerda na pintura ‘Inter-Ligado’, a princípio se mantiveram as estrelinhas, ainda que bem mais discretas. E a direita a partir do momento que a padronização e o sistema Inter-Ligado se mantiveram, mas as estrelinhas saíram.

10 versões do mesmo ‘carro’ !!! Ô bicho versátil! Tem mais: 27 anos na ativa, sem pedir descanso. Alma Forte é isso. . .

Com todas essas mudanças, ainda é o mesmo bichão velho de guerra, fabricado em 1985 e que circulou até 2012. Por isso a placa dele é ‘CDL-8000’, numa justíssima homenagem. Respeito a quem merece.

2012: merecida aposentadoria, já sem as identificações (chapa, nº, viação, linha, etc.)

Até que…ufa!!!! Chegou a hora do descanso. Na imagem a esquerda, quando enfim foi baixado do sistema, em janeiro de 2012 (o irmão dele, o 8001, resistiu um pouco mais, puxou todo o ano de 2012 ainda, assim saiu de cena em 12/12).

Só que ainda não era o fim dele. Ficou no pátio até 2018, quando foi restaurado e se tornou um ônibus-museu, preservando a história do transporte coletivo em São Paulo. Confira passo-a-passo como tudo se deu, nos mínimos detalhes:

1) Sendo apresentado 0km.

Na Colômbia aconteceu a mesma coisa, um aficcionado por ônibus comprou um antigo tróleibus de Bogotá que apodrecia num ferro-velho.

E o restaurou detalhe por detalhe, dá uma olhada no trabalho desse abnegado.

De volta a São Paulo que é nosso foco. Vamos ainda dar um pega no 8001, que chegou junto com o 8000.

Na pista, rasgando a Z/L.

Só que com a diferença que o 8001 é Marcopolo desde o início.

1) Acima ele sendo apresentado, na viagem inicial, por isso o ‘Cidade de São Paulo’ no letreiro.

Na pintura Trovão Azul, a mais bonita da CMTC em minha opinião.

A direita operando. Ele começou na Zona Leste, na foto indo pra Vila Carrão;

2) Todo rubro, ainda número 8001.

2) Foi repintado inteiro de vermelho, como percebem ao lado.

No momento da imagem está na garagem, tinha feito linha pra Penha.

3) A gestão seguinte descaracterizou a decoração unicolor rubra nos coletivos.

3) Saia branca, blusa vermelha, essa pintura pré-‘Municipalizado’ valeu só pra CMTC.

Antes de implantar a padronização ‘Municipalizado’ – que valeu também pra CMTCos busos da viação estatal receberam uma ‘saia’ branca, mantendo a a parte de cima em vermelho.

Veja ele a dir. na garagem. Até aqui usou somente o nº 8001.

4) Abaixo vemos na 2ª fase do Municipalizado, ‘M’ amarelo porque é Z/L

Recebe o prefixo 60 se tornando o 60-8001. Uma nota: oficialmente esse modelo a Marcopolo chama de ‘San Remo 2’.

3) 2ª fase do Municipalizado, com a letra ‘M’, e com prefixo 60, virou 60-8001.

Ainda assim eu classifico como Torino. Porque ele parece muito mais com o Torino, que viria depois, que com o San Remo que viera antes.

Repare nos farois. Eles têm o desenho do Torino, os do San Remo eram bem diferentes.

Então falemos da tomada logo abaixo, na 3ª fase do Municipalizado.

O ‘M’ não existe mais, no lugar entra o logo da viação, a Eletrobus.

4ª fase do Municipalizado, sem letra ‘M’.

Recebeu prefixo 68, sendo numerado dessa maneira 68-8001.

Numa transgenia, houve pequena alteração nos faróis, agora só tem um de cada lado.

Seu prefixo é 68 (totalizando 68-8001), e ainda circula na Zona Leste da metrópole.

Embora possa fazer alguns pegas pra partes da Zona Sul que sejam divisa com a Leste – a linha 408-A (Machado de Assis/Cardoso de Almeida) é esse caso.

4) Em testes no projeto ‘Fura-Fila’.

4) Foi re-encarroçado pra também participar dos testes do Fura-Fila – imagem ao lado.

Nova carroceria (também Marcopolo), portas dos 2 lados, e película negra ao redor dos vidros.

Curiosamente, ao contrário de seu ‘irmão’, esse ficou sem ar-condicionado. Por enquanto sem placas.

Recebe também letreiro eletrônico. Tudo em vão, os tróleibus não são implantados no corredor, como é domínio público.

5) ‘Estrelado’, foi pra Zona Sul.

5) Ao voltar pras linhas de rua, foi transferido pra Zona Sul.

Ainda com nº 8001 (depois do prefixo 767) e letreiro eletrônico. Com as ‘Estrelas’ que caracterizaram a frota por um brevíssimo tempo. Tiraram a película negra ao redor dos vidros.

Ganhou chapas: CDL-8001. Como o 8000, o nº do emplacamento casou com o nº do ‘carro’ (a Viação Cometa também faz isso, e aqui na Grande Curitiba a Tindiqüera de Araucária idem).

6) Inter-Ligado, e de volta pra Zona Leste.

6) No Inter-Ligado (dir.) ele volta pra Zona Leste, e volta pra lona.

Nessa tomada ainda com as ‘Estrelinhas”, porém em tamanho reduzido.

Mudaram a numeração, agora ele é o 4-1485. Agora só a chapa lembra que um dia ele foi o 8001. Em ação nas ruas, indo pro bairro do Tatuapé.

A esquerda ainda no Inter-Ligado, mas sem quaisquer estrelas em nenhum tamanho.

Repito, nesse articulado nunca foi colocado ar-condicionado. E ao encerrar os testes no Papa-Fila retiraram as películas escuras ao redor da janela.

O antigo 8001 encerrou as atividades em dezembro de 2012, enfatizando informação já grafada acima.

Encerramos com a tomada histórica ao lado:

Os dois primeiros tróleibus-articulados do Brasil se cruzando, percorrendo em sentidos opostos alguma avenida da Z/L de Sampa. Vindo é o antigo 8000, e indo o que um dia foi 8001.

Que Deus Pai Ilumine a todos.

“Deus proverá”

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