INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO“
Por Maurílio Mendes, O Mensageiro
Publicado em 5 de novembro de 2017
Maioria das fotos de minha autoria. O que for baixado da internet eu identifico com um ‘(r)’ de ‘rede’, como visto ao lado.
Vamos falar da rede de transportes da Argentina. De bate-pronto vamos dar um resumo da situação, depois vamos desenvolvendo.
– Excelente rede de trens suburbanos, uma dos melhores do mundo;
– Metrô (um dos primeiros do planeta, 6 décadas antes do Brasil) razoável.
Atende boa parte da Capital Federal (‘CABA’, Cid. Autônoma de Bs. As.).
Só que essa é apenas a Zona Central da cidade que é a Grande Buenos Aires (‘Conurbado’), tendo menos de 20% da população.
O metrô, por ser municipal, não entra na região metropolitana (‘AMBA’, Área Metrop. De Bs. As., que lá é em outro estado, a Província de Bs. As.).
Como sabem, na Argentina os estados são denominados ‘províncias’.
Essa imensa maioria não têm acesso ao metrô exceto via baldeação, portanto pagando duas vezes;
– Ônibus: não há terminais e nem integração, seja física ou digital. Pouquíssimos articulados. Não existe qualquer padronização de pintura, os busos (lá chamados ‘micros’) são em pintura livre.
Tem mais: com o itinerário pintado na lataria (o que também ocorre em Lima-Peru).
Rede de corredores (chamada ‘MetroBus’) razoável, 50 km. Demorou muito pra ser implantada, apenas em 2011.
Portanto somente 6 anos quando o texto sobe pro ar em 17. Mas estão tirando o atraso, em expansão constante;
No sistema municipal e nas linhas metropolitanas que ligam o Centro ao subúrbio, todos os ônibus são de 3 portas e motor traseiro.
Na periferia (as linhas internas metropolitanas que não entram na Cap. Federal), entretanto, vemos veículos de 2 portas e/ou motor dianteiro.
As linhas são conhecidas pelo número, e não pelo nome. Alguns busões alias só tem o nº no letreiro.
Esse também é o padrão na Itália, Paraguai e no Brasil no Rio de Janeiro e Santos-SP. Há outros países e cidades que isso ocorre, mas de cabeça me lembro desses.
Um dia houve tróleibus em Buenos Aires, mas não mais a muito. Em compensação no interior há 3 redes. O que faz com que a Argentina seja o país da América Latina com mais cidades contando com ônibus elétricos.
E o 2º da América, só atrás dos EUA que tem 4. No Brasil são 2 cidades: Grande SP e Santos. 3 sistemas, pois em SP há o municipal e o metropolitano. De volta a Argentina:
Córdoba (maior cidade do interior, e a mais importante, em termos políticos e econômicos):
– Tróleibus: são apenas 3 linhas, exclusivamente com mulheres ao volante.
É uma viação estatal municipal, que também opera alguns ônibus a dísel.
A política é ter um quadro funcional 100% do sexo feminino como condutoras.
São as únicas motoristas mulheres que vi na Argentina, incluindo elétrico e a combustão de carbono.
Nos ônibus particulares de Córdoba, Mendonça e Buenos Aires só vi homens guiando.
E os tróleibus de Mendonça (dir.), que também são estatais, igualmente são dirigidos pelo sexo masculino.
A capital Buenos Aires hoje não tem viação pública, não sei se no passado houve e foi privatizada ou nunca houve mesmo.
Voltando aos tróleis de Córdoba, as motoristas são mulheres, mas o acesso é livre a passageiros de ambos os sexos.
No México ocorre o contrário: há ônibus que só mulheres podem utilizar (homens só com menos de 12 anos ou mais de 65, entre essas idades somente deficientes).
No entanto a maioria dos motoristas dos ‘ônibus rosas’ mexicanos são homens, alguns são guiados por mulheres, mas são poucos.
– Ônibus: não há pintura padronizada, corredores ou terminais, nem integração seja física ou temporal.
A maioria dos ônibus contam com 3 portas, mas existem vários com 2.
Em Córdoba há mais articulados que em Buenos Aires, proporcional a população.
Como no Brasil e ao contrário de Buenos Aires, o itinerário não vem pintado na lataria.
No entanto, como na capital as linhas são mais conhecidas pelo número que pelo nome. Alguns ônibus de Córdoba igualmente só trazem o número no letreiro.
– Pequena rede de trens suburbanos, apenas 1 linha. O detalhe lamentável é que a parte mais urbana esteja cancelada em 2017.
Pois estavam ocorrendo constantes apedrejamentos na favela chamada ‘Vila de Náilon’.
Antes o trem saía de uma estação bem central em Córdoba, parava numa outra ainda dentro desse município mas já na periferia.
E dali seguia pra algumas cidades que são no interior do estado (‘província’) de Córdoba.
Não são mais região metropolitana, mas ficam próximas a capital.
Agora o trem já parte da estação da periferia rumo ao interior, não faz mais o pega urbano dentro da capital pra evitar o trecho problemático.
Digo, relato o que era verdade quando estive ali em março de 2017. Na ocasião a Argentina enfrentava dolorosa agonia política.
Que se refletia nessa situação de normalização de apedrejamento do transporte coletivo, como já detalhei melhor na postagem ligada em vermelho acima.
Pode ser que quando você estiver lendo essas linhas a situação tenha sido normalizada. Faço votos pra que assim seja.
Mendonça (4ª maior cidade argentina, 3ª do interior depois de Córdoba e Rosário):
– Bonde moderno, implantado num antigo ramal de trens de carga. Funciona bem, um meio rápido, barato e não-poluente de ligar o Centro a populosos subúrbios da Zona Sul.
Detalhe: as composições foram importadas usadas da fronteira EUA/México. Antigamente operavam na linha que liga a Grande São Diego (Califórnia) a Tijuana.
Presenciei em Mendonça uma que o letreiro não havia sido mudado, infelizmente não pude fotografar.
– Tróleibus de uma viação estatal, a STM – Sociedade de Transporte Mendonça (no original ‘Sociedad de Transporte Mendoza’, eu traduzo tudo pro português sempre que possível), anteriormente chamada EPTM – Empresa Provincial de Transporte de Mendonça.
Ao contrário de Córdoba, os tróleis mendoncinos são dirigidos por homens. No total 6 linhas, e o sistema passa por expansão e modernização. Em 2013 foi inaugurada uma longa linha, de 13 km. E no ano seguinte outra, essa mais curta, até a universidade.
Alguns tróleibus são ex-Vancúver, Canadá. Os da linha 4 pra Dorrego, que foram os que eu andei e fotografei, se enquadram nesse caso.
Assim vemos que essa é uma tradição mendoncina, importar da América do Norte os veículos de seu transporte elétrico.
Até recentemente havia também tróleis russos e alemães, esse últimos eram mais curtos e trucados (tribus, ou seja 3 eixos).
Não tenho certeza quanto aos russos, mas os tróleis alemães não circulam mais em Mendonça.
Já estão fora de serviço, flagrei vários deles sendo desmontados.
Eram vendidos como sucata num desmanche de beira de estrada na entrada da cidade, mas não deu tempo fotografar.
Não há motivo pra tristeza, pois chegou uma nova leva de tróleis, e esses de fabricação argentina mesmo, ademais gerou empregos e tecnologia nacionais.
– Ônibus: mesma situação do resto do país, sem terminais, integração ou padronização de pintura. Como em Córdoba, não há corredores, mas tampouco o itinerário é pintado na lataria.
O ponto negativo de Mendonça é que ali a maioria dos ônibus é motor na frente e de 2 portas, os de 3 são exceção.
Em compensação Mendonça é a cidade da Argentina com mais articulados, proporcional a população.
Em Mendonça (ao menos nos a dísel) o número principal que você vê no letreiro não é o da linha, mas ‘tronco’, ou seja, da avenida principal que várias linhas pegam.
A linha mesmo vem num letreiro menor no para-brisas. Exemplificando é mais fácil entender, vide a tomada abaixo a direita.
Ali escrevi ‘corredor’, mas não no sentido de canaleta exclusiva, porque elas não existem no interior da Argentina.
‘Corredor’ aqui é no sentido usado na Rep. Dominicana, o eixo, a avenida principal que a linha passa (dado que um dia também foi mostrado em Belo Horizonte-MG).
………
Rosário é a 3ª maior cidade argentina, a 2ª do interior após Córdoba.
E em termos de relevância política ambas disputam palmo-a-palmo quem tem mais influência.
Agora, como detalhe curioso aponto que no futebol Rosário é disparado o maior polo após a capital.
Das 132 edições de seu campeonato de futebol (quase sempre 2 por ano) Buenos Aires e seus subúrbios venceram 122.
Apenas 10 foram pro interior, e todas pra Rosário. Ademais, Buenos Aires (incluindo subúrbios) ganhou todas as 24 Libertadores da Argentina.
Somente em 2 vezes o interior da Argentina chegou a final da Libertadores, e as duas vezes foi novamente Rosário.
Escrevi tudo isso pra colocar que se nos campos político, econômico e cultural a rivalidade entre Córdoba e Rosário é intensa, no futebol não há comparação possível.
Esse esporte na Argentina se concentra 90% na capital. Do pouco que sobra pro interior, Rosário fica com praticamente tudo.
Em termos nacionais Córdoba é praticamente irrelevante, e em Mendonça e demais cidades então os times só têm qualquer importância a nível local.
Já fiz matéria específica sobre o futebol, onde dou todos os detalhes, ricamente ilustrado.
Aqui só fiz esse adendo pra mostrar que nessa dimensão – que é a própria Alma da Argentina! – Rosário é o orgulho do interior:
A única cidade que faz alguma frente ao gigante que é Buenos Aires. Então voltando ao transporte, que é nosso tema atual.
Rosário também tem tróleibus. Incluso alguns ex-Belo Horizonte. Digo, eles foram produzidos e inclusive pintados pra rodar na capital mineira, mas não chegou a acontecer.
Ficaram anos parados num depósito, até que foram exportados pra Argentina. Já contei essa história outro dia, com muitas fotos.
Como não tive a oportunidade de ir a Rosário, não posso detalhar como funciona sua rede de ônibus, faço apenas esse adendo que lá também há veículos elétricos.
…………
Como é sabido, essa vizinha nação teve seu período de glória na primeira metade do século 20.
Nessa época era considerada (ao lado do vizinho Uruguai) uma ilha europeia no oceano latino-americano.
Após a Segunda Guerra Mundial, entretanto, a Argentina entrou num novo ciclo, enfrentando severa decadência em várias dimensões:
Econômica, política, cultural, etc. O que a nivelou a mesma frequência dos demais vizinhos da América do Sul.
Veja bem: não estou dizendo que a Argentina está pior que o Brasil. Não.
Diria que os dois países estão mais ou menos no mesmo nível, há pontos em que estamos a frente deles, e outros em que eles estão mais evoluídos.
A questão é que por um século, do fim do século 19 até a década de 80 do 20, não havia qualquer comparação possível.
A Argentina estava então milênios-luz a frente do Brasil, especialmente na coesão social.
Esse não é mais o caso. Repito, não estou afirmando que a Argentina é o pior país da América Latina ou mesmo do Sul. Mas está muito longe de ser o melhor.
Indubitavelmente, houve uma queda de patamar. Agora estamos todos no mesmo barco, se quiser colocar assim.
Não por outro motivo denominei a série que retrata a Argentina como “Ascensão & Queda”.
Na Abertura da Série, que tem exatamente esse título, já tracei um panorama mais geral, multi-dimensional.
No tema de hoje, vamos nos focar especificamente nos transportes, que obviamente também seguem o que delineei acima
Já escrevi antes: “o metrô de Buenos Aires (abreviada ‘Bs. As.’) é de 1913. Um dos mais antigos do mundo.
O de Londres-Inglaterra foi eletrificado (e portanto a partir daí considerado metrô) em 1890. O de Paris-França é de 1900, Nova Iorque-EUA inaugurou o seu em 1904.
Assim vemos que o metrô da capital argentina é apenas 13 anos mais novo que o da capital francesa, e veio menos de uma década depois da principal cidade estadunidense.
Mais: o metrô de Buenos Aires (lá chamado ‘subte’, diminutivo de ‘subterrâneo’) foi o 1º de todo Hemisfério Sul, o 1º de toda América Latina.
E, se tudo fosse pouco, o 1º de um país de língua espanhola, pois mesmo o de Madri-Espanha chegou 6 anos depois dele.
O metrô de Lisboa-Portugal, que também é Europa Ocidental, só foi rodar em 1959.
Entretanto o metrô de Pequim é de 1965, e o de Xangai ainda mais novo, entrou em operação bem recentemente, em 1993.
Já que estamos na Ásia, Tóquio-Japão fez o seu em 1927, e o de Seul-Coreia do Sul é de 1974.
Hoje esses dois sistemas são infinitamente maiores que os de Buenos Aires.
Mas os portenhos contaram com esse conforto 14 anos antes que os japoneses, e 61 anos antes dos coreanos.
Somente no mesmo ano de 1974 o Brasil passou a contar com esse modal, quando São Paulo inaugurou sua primeira linha.
No México D.F. em 1969, pouquíssimo antes de SP e muitíssimo depois de Bs. As. .
O primeiro e até agora único metrô da Colômbia, o de Medelím, data de apenas 1995.
Assim fica evidente o passado glorioso da Argentina:
Muito próxima na Linha do Tempo de Londres, Nova Iorque e Paris, e a frente mesmo de Madri (a ex-colônia superou sua antiga metrópole). E décadas e décadas a frente de Portugal, Brasil, México, China e Colômbia.
No entanto essa não é mais a situação do país, exatamente o oposto sendo verdadeiro.”
Modelo na primeira metade do século 20, a Argentina estagnou na segunda metade, marasmo que adentrou a 1ª metade do século 21.
O Brasil passou por ampla onda de modernização do transporte a partir da virada pros anos 80, processo ainda em andamento.
Depois dos anos 90, a América Latina nos acompanhou nessa vibração:
Por exemplo, Santiago do Chile foi a 1ª cidade hispano-americana a padronizar a pintura dos ônibus, em 1992 – foi a saudosa ‘Febre Amarela‘.
Medelím inaugurou seu metrô no meio dessa mesma década, e depois expandiu-o via modal teleférico a morros inacessíveis a engenharia convencional.
Até os menores países países da América Central (tanto continentais quanto insulares, o Caribe) investiram pesado no ramo, fazendo metrô e modernizando os ônibus.
E a Argentina permanecia adormecida. Até o fim da década passada (o texto é de 17) já existia metrô e trem em Buenos Aires, óbvio.
A questão é que a rede de ônibus da cidade se parecia muito com a de Assunção-Paraguai.
(Nota: não estou falando por preconceito. Estive no Paraguai em 2013, e constatei que a época ‘não haviam trem, metrô, corredores, articulados ou integração;
Porém haviam muitas jardineiras‘ [aqueles ônibus encarroçados em chassi de caminhão, com motor a frente].
E tampouco falo com desprezo. Ao contrário, Eu amo o Paraguai, e agradeço muito a oportunidade que a vida me deu de ter ido a sua capital.
Além de várias vezes já ter visitado a Cidade do Leste, sua maior metrópole do interior.
Ainda assim, fatos são fatos. O Paraguai ainda não investiu na modernização do transporte. Haviam em 2013 planos de fazê-lo, e espero que tenham saído do papel.
Entretanto quando estive lá retratei a situação como a vi, e era essa.)
Pois bem. Em 2010 boa parte da América Latina, do Chile a Colômbia, Venezuela, Peru, México, América Central, já contava com modernos articulados que iam por canaletas exclusivas, com embarque em nível.
E em Buenos Aires . . ., bom já não haviam mais jardineiras, é certo.
Essas um dia foram oni-presentes na Argentina, mas nesse milênio já haviam sido eliminadas da capital (no fundão do interior ainda haviam alguns ‘heróis da resistência’).
De resto, o sistema de ônibus da capital da Argentina se assemelhava muito a da capital do Paraguai:
Sem padronização de pintura, integração, corredores, terminais ou articulados. Ao menos, já tardiamente, nessa década houve um despertar.
Foi inaugurado o primeiro corredor – chamado ‘MetroBus’ como na Cidade do México e várias outras metrópoles pelo planeta.
E há alguns articulados. Muito poucos. Tão poucos que nem consegui fotografar.
Eles existem, sim, mas são raros, grosseiramente insuficientes pra uma megalópole de 12 milhões de pessoas.
Vi mais articulados na Zona Oeste de Buenos Aires. No corredor que leva ao bairro Liniers, na divisa de município, passaram alguns sanfonados.
Infelizmente nesse dia minha câmera estava sem bateria e não consegui registrar.
Mas no Centro de Buenos Aires, por exemplo, não passam articulados. E nem na maior parte da cidade.
Fiquei 4 dias rodando com máquina na mão, e não deu certo clicar – e o motivo é esse, são muito poucos.
Ademais, no corredor os pontos não têm plataformas nem catracas. Ou seja, não há embarque em nível nem pré-pago – portanto não existe integração.
Simplesmente criaram uma pista exclusiva pros ônibus normais, curtos e de piso baixo, pararem.
Claro que houve vantagens, agora os coletivos não pegam congestionamentos nos trechos das grandes avenidas que têm MetroBus, e eles estão sendo ampliados.
Só que ainda é pouco. É preciso hierarquizar as linhas em troncais e alimentadoras.
Do Centro até alguns pontos-chaves em várias partes da cidade, as linhas precisam ser feitas por articulados que tenham corredores exclusivos em todo trajeto.
E desses pontos pras vilas, aí sim os ônibus pequenos podem continuar operando como alimentadores. Se houver a integração no cartão não há a necessidade de construção de terminais físicos.
Esse modelo é usado no mundo todo, do Brasil ao México, Guatemala, Indonésia, Turquia, China, até a Colômbia e Chile, pra citar apenas alguns.
A Argentina é quem ainda não despertou pra essa realidade tão óbvia. Vendo por outro lado, até somente 6 anos atrás (quando escrevo) nem o corredor não-integrado existia.
Aí era a raça mesmo, os ônibus duelando cm os automóveis nas vias entupidas do horário de pico. Se serve de consolo . . .
Já seguimos com o texto. Antes uma galeria de imagens com mais ônibus de Buenos Aires, quase sempre com a linha escrita na lataria:
Sobre a última foto: macaco vê, macaco imita. O nome do bairro é Palermo, mas os parvos chamam de ‘Palermo Soho’.
Porque pensam que vivem em Nova Iorque/EUA. Os macacos existem em nossa pátria também:
O Batel aqui em Ctba. é igualmente chamado ‘Batel Soho’ por alguns. Lamentável . . .
…………
Vamos falar mais alguns detalhes do que observei na minha estada na vizinha nação:
Ali crianças de mais de 3 pagam passagem. No Brasil é 6, o dobro. Diferença significativa, obviamente.
Outra plaquinha que está afixada em todos os ônibus argentinos:
“Proibido abrir as janelas no inverno ou em dias frios”.
Esse é o verdadeiro estado-babá, que trata os cidadãos como bebês incapazes, a quem tudo precisa ser dito nos mínimos detalhes.
Oras, deixe que os próprios passageiros negociem entre si quando e quanto abrir de cada janela, não é papel do governo querer regular até isso.
………..
Nas carrocerias a chilena Metalpar tem boa fatia do mercado argentino. Isso já disse na legenda acima.
Entre os chassis, quase todos são Agrale ou Mercedes-Benz. Curioso isso, não? A Agrale é brasileira, com sede em Caxias do Sul-RS.
Ainda assim aqui em nossa Pátria Amada quase não vemos ônibus Agrale. No entanto, em Buenos Aires eles são extremamente comuns.
Alias, no século passado era proibido a importação de ônibus pra Argentina.
Abriram uma exceção pros tróleibus Marcopolo brasileiros que iriam pra B. Horizonte, mas nunca foram.
Ficaram anos num pátio, quando foram exportados pra Rosário. Assim quebrando alguns tabus:
Foram os únicos tróleibus brasileiros a rodar no exterior, em qualquer país. Alias creio que essa situação se mantém inédita até hoje.
E segundo, por muito tempo eram os únicos ônibus brasileiros na Argentina, contando elétricos e a dísel.
Essa reserva de mercado se foi. Hoje os ônibus brasileiros podem ser vendidos livremente nessa vizinha nação.
No mercado rodoviários eles são infinitamente comuns. Nos urbanos de tamanho normal existem porém são muito raros. Mas entre os micros embora longe de serem dominantes são comuns.
Eu mesmo andei (e fotografei) num micro brasileiro entre Córdoba e uma cidade do interior próxima.
……….
Na Argentina os ônibus não tem catraca física, apenas uma máquina onde você encosta o cartão pra que a passagem seja descontada.
Ainda assim, não há a evasão rampante de passagens como no Chile.
Contei com mais detalhes, incluso com fotos, quando voltei de lá: em Santiago, creio que quase um terço dos passageiros não pagam a tarifa.
Há campanhas com cartazes por toda a cidade, e também dentro dos coletivos, pra tentar diminuir essa situação, até agora sem muito sucesso.
No Chile os busos também não tem catraca, alias esse é o padrão pelo planeta, já falamos mais disso.
Na periferia da Zona Sul de Santiago, que é a parte mais ‘quente’ da cidade se é que me entendes, alguns micros alimentadores têm catraca.
E com isso a evasão se reduz significativamente, pra menos de 10%. Ainda assim, alguns jovens pulam a roleta.
………..
Não é o fato de ter ou não roleta física que determina o grau de evasão. Alias, a situação do Chile não tem paralelo com outros lugares.
Em todos os outros países que visitei, com exceção da República Dominicana nenhum outro tem roleta.
E em nenhum deles – incluindo a Argentina – há tanta gente que anda sem pagar como em Santiago.
Mesmo no Litoral do Chile os micros não têm catraca, mas as pessoas pagam pela viagem corretamente.
Enfim. Como disse, só no Brasil e República Dominicana existe a profissão de cobrador de ônibus.
Nos demais ou a cobrança já é mesmo eletrônica (você encosta o cartão numa máquina) ou então você paga ao motorista.
……..
Hoje na Argentina é eletrônica, não se aceita mais dinheiro nos ônibus.
Porém no passado, antes da revolução digital, o usuário pagava em dinheiro, tinha que ser em moedas, e no valor correto.
O que gerava um problema seríssimo, pois se você não tinha o valor exato – em moedas de metal, repito, notas de papel não eram aceitas – você não andava de ônibus.
Minha primeira viagem pra Argentina foi em 2017, então não presenciei essa situação lá. Mas parentes que viajaram anos atrás passaram por isso.
Antes de pegar o buso você tinha que rodar o comércio pedindo que a algum comerciante trocasse suas notas por moedas, e a maioria se recusava aliás.
Houve casos em que as pessoas tiveram que ir de táxi, pagando mais caro, pois não tinham trocado pro ônibus.
Não passei por isso na Argentina, mas no Hemisfério Norte sim. Fui a Nova Iorque/EUA em 1996. Ao lado do motorista havia um moedeiro:
Exatamente igual, você tinha que pagar a tarifa em moedas e sem sobras pois a máquina não dá troco.
Digo, se colocasse a mais você podia viajar, mas perdia a diferença.
Já havia cartão, mas 21 anos atrás (nov.17 é quando escrevo, relembrando) mesmo nos EUA seu uso ainda era incipiente.
Depois fui ao México, em 2012. A mesma situação, havia o moedeiro, e você necessitava desembolsar o valor exato.
……….
A tarifa do metrô de Buenos Aires é única, independente de quanto você utiliza:
Você pode andar somente uma estação ou então percorrer uma linha inteira, fazer baldeação e a seguir andar outra linha inteira.
E tudo que há no meio desses extremos. Resumindo, tanto faz quantas estações você anda, se troca de composição ou não, paga a mesma quantia.
Entretanto nos ônibus e trens o preço varia conforme o trecho percorrido. Ao embarcar você diz onde vai descer, e é debitado de acordo. Isso nos ônibus.
Veja que na foto noturna em que mostro a catraca em primeiro plano e fora da janela um protesto em B. Aires, a roleta diz: “Informe destino”.
Em cima dela, se você ler com cuidado observa, um aviso explica: “Preencha o destino, e não o valor da passagem, pra não dar confusão”.
Nos trens você tem que passar o cartão tanto na entrada quanto na saída. Aí a máquina calcula quanto você percorreu, e desconta proporcionalmente do seu crédito.
Na maioria dos países a tarifa é proporcional a distância.
Nos micros e vans da Colômbia, México, Chile, nas linhas metropolitanas do México, na África do Sul em todos os modais, no metrô de Valparaíso-Chile, é sempre cobrado conforme o trecho que você utiliza.
Num dia bastante tumultuado, em que inclusive andei de camburão ao ser abordado pela polícia numa das periferias mais perigosas de Durbã/Áfr. do Sul, um dos problemas foi esse:
Ao descer do trem o fiscal constatou que por engano eu havia pago o valor errado da viagem, por não ter conseguido uma boa comunicação com o bilheteiro da estação central.
Já nos ônibus de Córdoba e Mendonça a tarifa é fixa como no Brasil.
Idem nos ônibus grandes municipais do Paraguai, Colômbia e México, nos metrôs desses últimos dois países, nos ônibus e metrôs de Santiago, na República Dominicana em todos os modais – nesses casos o valor é pré-determinado, independente do tanto que seja andado.
Bem, na Argentina, resumindo, só no metrô de Buenos Aires e nos ônibus municipais do interior é fixa.
Até nos ônibus grandes municipais da capital oscila conforme a distância.
Por falar no cartão, nas capitais da Argentina como do Chile ele te empresta o equivalente a duas viagens quando está esgotado.
Assim você vai pra casa e no dia seguinte chega a teu trabalho tranquilo.
Aí tem o dia seguinte inteiro pra re-abastecer de créditos.
De forma que não precisa ficar rodando as vezes em horários e locais perigosos buscando um ponto de recarga. O Brasil deveria adotar essa solução.
……..
Em Buenos Aires todos os ônibus das linhas mais movimentadas têm 3 portas.
Apenas algumas internas do subúrbio, de uso local, ainda contam com veículos só com 2.
Em Córdoba quase todos com 3, mas ainda vemos os de 2 (a direita um deles). E Mendonça está bem pra trás, lá a regra ainda é 2, só alguns com 3.
Bem, nada é tão ruim que não possa piorar. Na África do Sul, pela herança inglesa, a imensa maioria dos busos só tem 1 porta, até 2 ocorre as vezes mas já é um luxo.
E 3 portas não existe exceto nos articulados. A circulação interna nos busões sul-africanos é horrorosa.
Empurra-empurra geral, e não é culpa das pessoas, afinal estão tentando entrar e sair pelo mesmo local.
Unindo então fluxo e contra fluxo. No 2-andares então é pior ainda, aquilo é um pesadelo.
Já começa pela confusão na única porta que há – e onde o motorista ainda têm que cobrar a passagem e emitir o bilhete -, e boa parte do salão de baixo é tomado pela escada e motor.
Acrescente-se ainda a confusão na escada, onde o mesmo se repete: um espaço apertado, onde alguns querem ir num sentido, outros na mão oposta… aff!!!
Tenebroso. quando conseguimos enfim descer do 2-andares lotado no Centro de Joanesburgo foi um verdadeiro alívio. Enfim, nosso tema de hoje é a Argentina. Coloquei apenas pra traçarmos esse paralelo.
Se os busos 2 portas de Mendonça são ruins, comparados com os de 1 porta (e as vezes 2-andares) da África eles são um sonho.
Mais uma pausa pra fotos. Vimos acima busos da Ersa, AuCor e Coniferal de Córdoba. Seguimos nessa cidade, as mesmas viações.
Um dia as jardineiras (ônibus com chassi de caminhão, o motor saltado a frente) dominaram toda América Hispânica, da Argentina e Chile ao México e tudo que há no meio.
Do Paraguai ao México, passando por Bolívia, Peru, Colômbia e toda América Central, elas ainda são muito comuns.
Na Colômbia e no México, presenciei pessoalmente, ainda fazem jardineiras zero km.
Entretanto na Argentina, Chile e Uruguai elas já não existem mais nas grandes cidades desde os anos 90.
Nos fundões do interior ainda encontrávamos algumas até pouquíssimo tempo atrás.
Em Porto Iguaçu presenciei pessoalmente no ano de 2006 as quase míticas jardineiras ainda na ativa.
(“Puerto Iguazú” no original, fronteira com Foz do Iguaçu/Brasil e Cidade do Leste/Paraguai, no estado argentino das Missões.)
E pela internet constatei jardineiras em P. Iguaçu no ano de 2009, já publiquei a foto mais pro alto da página.
Falar no Paraguai, embora ali elas ainda existam aos montes, também caminha pro fim.
No Paraguai não se compram mais jardineiras zero km, ao contrário de México e Colômbia.
Quando as últimas jardineiras esgotarem sua vida útil como transporte urbano, se acabarão nas grandes cidades do Paraguai também.
O Panamá está vivendo exatamente esse mesmo momento de transição.
Tudo na vida é cíclico, e depois da lua cheia vem a minguante e a seguir a nova.
Alias é exatamente porque um dia todos os ônibus foram jardineiras que em Buenos Aires ônibus urbano é conhecido como ‘micro’.
Pois as jardineiras são mais curtas que os ônibus normais, que já eram usados no modal de viagem, por exemplo.
Como os ônibus urbanos eram de tamanho menor, viraram simplesmente ‘os micros’.
Hoje não é mais assim. Atualmente os ônibus de Buenos Aires são iguais aos do Brasil.
Incluso no comprimento. Mas o nome ‘micro’ ficou, refletindo essa fase do passado.
Em Acapulco-México, os ônibus urbanos são conhecidos como ‘caminhões’.
E o motivo é o mesmo, porque as jardineiras são construídas sobre e têm o motor de caminhão saltado a frente.
TRENS MODERNOS E BARATOS – Um dos pontos extremamente positivos do transporte na Argentina é sua rede de trens.
Lá, ao contrário do Brasil, as pessoas ainda viajam sobre trilhos entre uma cidade e outra. É confortável e barato.
Tentei ter essa experiência, mas não foi possível por questões de escala, os dias que há as viagens (que não são diárias) não batiam com nossa programação.
Assim fui de Buenos Aires a Mendonça, dali a Córdoba, e de volta a capital sempre de ônibus-leito.
Alias, já falo dos trens. Antes um adendo: andar de leito na Argentina é um luxo só, é como a 1ª classe dos aviões.
Nessa vizinha nação está consagrado o ‘serviço-cama’, que agora chegou no Brasil. As poltronas reclinam 180º, você deita na horizontal.
Há rodo-moça (em alguns casos rodo-moço), que serve café-da-manhã completo, temos a opção de leite com café, chocolate, chá ou – estamos no Pampa afinal! – chimarrão.
Pra me ambientar com o local, eu tomei chimarrão. Ademais na tela você pode ouvir música, ver filmes ou jogar. A viagem passa rápido, eu disse, você se sente no avião. É caro, de fato, mas bom demais!
Por outro lado, no banheiro você só pode urinar. Se precisar do ‘número 2’, é preciso avisar a rodo-moça (o), que o motorista encosta num posto. No Chile é exatamente igual.
……
Acima descrevi como é viajar de ônibus-leito, que fiz 3 vezes. Não pude andar de trem.
No entanto quem o fez me disse que igualmente vale muito a pena.
Pra começar, é incrivelmente barato. Há 3 opções, o ‘toco-duro’, a ‘tudo-incluso’ e uma intermediária.
O ‘toco-duro’ é desconfortável, você tem que dormir e comer na poltrona, exatamente igual aos ônibus convencionais.
A vantagem é que o valor é quase irrisório. Pra quem está sem muita grana ou quando a viagem for de dia é a melhor opção.
No ‘tudo-incluso’, você tem direito a uma poltrona pra ficar sentado durante o dia, a noite dorme numa cama – num vagão que tem quartos com beliche.
E as refeições são no vagão-restaurante. Esse colega me informou que tudo isso acaba saindo pelo mesmo valor do ônibus.
Como comparação, no Brasil há pouquíssimas opções de trem de longa distância disponíveis, e custam os olhos da cara.
Aqui em Curitiba, por exemplo, só é possível ir de trem a Paranaguá e outras cidades próximas no Litoral.
A questão é que é bem mais caro que o ônibus, que já não é barato.
……….
Ademais, vide o mapa mais pro alto na página, a rede de trens suburbanos de Buenos Aires é bastante extensa.
Assim, você pode ir do Centro de Buenos Aires a alguns bairros dentro do município mesmo. Ou a municípios da região metropolitana.
Ou ainda a cidades do interior, que são próximas a capital mas já fora da Grande Buenos Aires.
Por exemplo, a ‘Cidade da Prata’ (‘La Plata’ no original). Essa é a capital do estado (‘província’) de Buenos Aires.
Como já explicamos antes, o município de B. Aires é o Distrito Federal: está dentro do estado de B. Aires, mas não pertence a ele.
Antigamente conhecida como ‘Capital Federal’, hoje chamada ‘CABA’, Cid. Autônoma de Bs. As., recapitulando, e o ‘Autônoma’ é justamente porque não está vinculada a nenhum estado.
Como já foi dito várias vezes e é notório, o município ‘autônomo’ de Bs. As. hoje é apenas a Região Central da metrópole.
Toda periferia fica na ‘Província’, ou seja, em outro estado, a Província de Buenos Aires. Cuja capital é a ‘Cidade da Prata‘.
Essa alias foi planejada justamente pra isso, pra ser a capital estadual quando o Distrito Federal foi criado, no fim do século 19.
A ‘Cidade da Prata’ (‘La Plata’) fica a 55 km de Buenos Aires.
Perto da capital, mas uma cidade a parte, não pertence a Gde. Buenos Aires.
Digo, futebolisticamente falando eu arrendondei e considerei a Cid. da Prata como um subúrbio da capital.
No futebol sim, mas urbanística e socialmente falando a Prata é uma cidade a parte.
Ainda assim, é possível ir de trem suburbano (aqueles em que os bancos são de acrílico e você pode viajar em pé) até lá.
Bem mais barato que o ônibus, embora um pouco mais lento porque tem mais paradas.
Ainda assim, como a distância é pequena a diferença de preço compensa os poucos minutos a mais.
Não pude ir a Cidade da Prata. Assim como nos trens de longa distância, reproduzo o que me foi passado por quem pôde realizar esse deslocamento.
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Viram na foto a ‘Estação Retiro’ de trens. Esse bairro, que fica na verdade no Centrão da capital, é o ponto focal da rede de transportes da Argentina, de forma tetra-modal:
Ali estão as estações de trens suburbanos e longa distância, o porto, o terminal de ônibus urbano e a rodoviária.
O aeroporto também fica próximo.
E em uma parte invadida do pátio ferroviário (cada vez maior) está a favela Vila 31, uma das maiores da cidade – mas essa já é outra história.
Eu já disse isso, que todos os terminais estão concentrados no Retiro ou próximos a ele.
Aqui, o que quero colocar é que ‘Retiro’ é tão sinônimo de ‘rodoviária de Buenos Aires’ que é assim que vem escrito nas passagens e no letreiro dos ônibus de viagem.
Sim, você compra o bilhete, e nele não está escrito ‘Buenos Aires‘, a cidade a qual o ônibus se destina.
E sim ‘Retiro‘, o bairro no qual a rodoviária fica localizada.
Portanto veem que virou um mantra, que ‘pegou’ não apenas no vocabulário da capital, mas até no interior.
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Como a colagem deixa claro, os táxis na Argentina oscilam entre o negro e o amarelo.
Em Buenos Aires é exatamente igual Santiago do Chile, corpo do carro negro e teto amarelo.
Isso no municipal da capital. Na região metropolitana cada município é livre pra escolher sua pintura.
Em Avellaneda, na Zona Sul, a terra do Independente e do Racing, eles são brancos.
Em Mendonça são as mesmas cores da capital, amarelo e preto, mas em mistura diferente. E Córdoba aboliu o preto, são inteiros dourados.
Não custa lembrar, no Paraguai e Colômbia os táxis do país inteiro são amarelos, de todas as cidades.
De volta a Argentina e a Córdoba, apenas os táxis que você pega na rua são amarelos.
O tele-táxi, obviamente o que você pede por telefone, lá se chama ‘remí’.
E o mais curioso: tem outra cor, verde-claro. Todos são táxis. Acenando na rua é de uma cor, e discando, de outra
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Já retomamos o texto. Vamos comentar um pouco das fotos que estamos vendo de Mendonça.
Acima pontos e mapa do bonde moderno, e a direita o articulado. Ambos os modais concorrem entre si.
Nas próximas 2 imagens abaixo vemos a Rodoviária de Mendonça.
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Voltamos a relatar o que observei lá: a Argentina está mudando o emplacamento.
Eu já havia percebido isso antes de ir até lá. Em fevereiro de 17, fui a Florianópolis-SC.
Na Praia de Canasvieiras (Norte da Ilha) haviam tantos argentinos que ali mesmo eu vi carros com o nova chapa.
Na Argentina nos últimos 20 anos, do fim dos anos 90 pra cá, vigora um modelo com 3 letras e 3 dígitos numéricos.
A partir de agora a chapa terá uma faixa azul em cima com o nome do país.
E serão mais letras, inclusive dizem que se quiser você poderá dispensar o números e escrever uma palavra.
Já é dessa maneira nos EUA e México, entre outros, como é domínio público.
Não apenas na Argentina. Será padronizado em todo Merco-Sul.
Veremos no fim da matéria que o Uruguai também já está fazendo a mudança.
Mas o choque vem agora. Vi vários carros circulando na Argentina com o emplacamento que já foi abolido a duas décadas:
A chapa era inteira preta, com 1 letra e 6 dígitos numéricos.
Não havia nada escrito além disso, nem o nome do país nem da cidade.
Os mais velhos, que tiveram a oportunidade de ir a Argentina até o começo dos anos 90 (ou, o que nesse caso dá no mesmo, pra Florianópolis no verão) se lembram bem.
Então, amigos. Esse modelo já foi extinto na virada do milênio, quem sabe antes.
Como esses carros podem circular dessa forma é um mistério que não pude compreender.
Afinal, nem há como multar um veículo desses se o motorista cometer uma barbeiragem.
Pois sequer há como digitar a chapa no maquinário eletrônico próprio pra registro da infração.
É como se víssemos hoje no Brasil um carro andando pelas ruas ainda com a chapa amarela, aquela de 2 letras, que foi aposentada na mesma época.
Impossível, não? Mas na Argentina vi vários, muitos deles consegui fotografar.
Sim, alguns estavam sendo sucateados, talvez não andem mais.
Na Argentina é comum deixar os carros batidos ou muito velhos simplesmente se decompondo na via pública, sem levar pro ferro-velho como seria correto.
Já falarei mais desse ponto. Aqui, o que nos interessa é:
Mas alguns carros com o emplacamento antigo, já encerrado há 2 décadas, estavam rodando normalmente.
Vi um em Mendonça, inclusive estava sendo reformado.
Portanto o dono estava usando ele normalmente, e pretendia continuar, pois investia dinheiro no veículo.
Infelizmente esse não pude fotografar, nesse dia mais uma vez minha câmera estava descarregada (ela viciou a bateria, perdi algumas fotos por isso infelizmente).
Mas Deus Abençoou, e no Centro de Córdoba fotografei claramente uma antiga picape D-20 Ford com essa chapa há muito desatualizada.
Ali sem qualquer margem pra discussão o veículo estava em uso.
Mesmo com o emplacamento pra lá de irregular, e a foto comprova isso indubitavelmente.
Como isso é possível deixo pra algum amigo argentino explicar.
Bem, a Argentina está bem caótica, em múltiplas dimensões. Isso é só um sintoma dessa confusão que engolfou a nação.
……….
Por outro lado nas dificuldades é que as pessoas se revelam.
Enquanto alguns aproveitam o tumulto pra tirar vantagens pra si, outros demonstram uma disposição incomum em ajudar os outros.
Usando o transporte coletivo na Argentina, vimos os dois lados da moeda.
O ponto negativo: na Argentina simplesmente não respeitam o banco pra deficientes, idoso, grávidas e gestantes. Veja a imagem acima:
Banco preferencial está sempre ocupado, e sempre por pessoas jovens e saudáveis.
Na foto inferior da colagem, há duas moças a direita no banco preferencial.
Entretanto o casal a esquerda está na mesma situação, a primeira fileira perto da porta é reservada.
Na Argentina não respeitam esse direito de quem necessita.
Sim, fiquei poucos dias lá, menos de 2 semanas. Mas andando de transporte coletivo o tempo todo.
A situação era sempre a mesma. Não muito diferente do Brasil, na verdade.
Em qualquer parte há ‘espíritos de porco’:
Aqueles que não se importam com ninguém, e sentam no assento preferencial sem necessitar.
Mesmo adolescentes e jovens adultos não sentem a menor cerimônia em ficar confortavelmente instalados enquanto quem precisa vai de pé.
…….
Por outro lado, em Mendonça o motorista do ônibus foi extremamente atencioso e prestativo conosco.
Nosso cartão não tinha créditos suficientes pra pagar a viagem.
Em Buenos Aires nesse caso o cartão te empresta o suficiente pra mais 2 viagens, mas pelo visto o interior ainda não aderiu a essa melhoria.
Assim sendo o motorista, que também é o cobrador, pelo regulamento poderia ter solicitado que a gente desembarcasse.
Carregasse o cartão, assim seguindo somente em outro ônibus.
Mas ele não fez isso. Ao contrário, nos explicou a situação.
Disse que seria preciso que outro passageiro creditasse no cartão dele.
E aí nos reembolsávamos em dinheiro a quem fizesse o favor.
Aí ele, o próprio motorista, fez o pedido a quem entrou a seguir.
Pagamos em espécie a passagem ao passageiro que regularizou a situação na catraca digital.
E pudemos voltar ao Centro de Mendonça com tranquilidade.
Na África do Sul esse nível de gentileza é o padrão do povo.
Registro aqui que na Argentina deparamos com ele também.
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Em Mar do Prata é onde os portenhos passam suas férias de verão.
(Nota: me refiro claro aqueles que não vem pro Brasil, evidente – porque Baln. Camboriú e Florianópolis/SC eles dominaram, como se sabe).
No original é ‘Mar del Plata’ (sempre que possível traduzo pro idioma português).
Por isso conhecida carinhosamente pelo apelido de ‘Mardel’.
Não visitei ‘Mardel’, portanto não a conheço pra poder escrever.
Mas pro tema que nos interessa aqui, que é o transporte, vi pela internet que Mar do Prata tem uma Linha Turismo.
E essa é feita por um ônibus que tem a carroceria que imita a de um bonde antigo (foto ao lado, puxada da internet).
Em Santos-SP há bondes antigos (e também modernos, o VLT), que foram restaurados e ainda rodam sobre trilhos.
Na Argentina, entretanto, não há bondes antigos. Inclusive veja a foto um pouco mais abaixo a direita que tirei no Centro de Buenos Aires, mostra os trilhos.
Comprovando que um dia ali realmente passou bonde (registrei a mesma cena em Assunção e Belém do Pará).
Um dia sim, mas não mais a muito. Em Mar do Prata tampouco há bondes.
Mas numa brincadeira, encarroçaram um ônibus a dísel e com pneus com uma carroceria de bondes. Isso já falamos.
Por conta disso ele traz uma inscrição pretenciosa:
Se auto-denomina “O Último Bonde”. Isso não é novidade, já está no ar a tempos em outra postagem.
Pois bem. O de ‘Mardel’ não é o último pseudo-bonde da Argentina. Em Mendonça há outros iguais, veja acima.
É o seguinte: Mendonça também tem sua Linha Turismo. Chama-se ‘Bonde das Compras’.
Pois igualmente é feita por ônibus com carrocerias de bondes antigos.
Esses eu pude ver e fotografar pessoalmente, apenas não andei nele.
……..
Outra seção de fotos. Já que falamos de Mendonça, vejamos mais busos dessa cidade andina.
UMA ‘ALMA MUSICAL’: IR A ARGENTINA FOI COMO VOLTAR AO MÉXICO –
Na Argentina eu comprovei como a Alma Hispano-Americana é a mesma, do Sul ao Norte do Continente
Quando fui ao México, em 2012, já havia lhes contado como o mexicano ama a música.
O tempo todo dentro do transporte coletivo há apresentações improvisadas.
Umas profissionais até com caixas de som e após a qual CD’s são vendidos.
Outras vezes um cara sozinho com um violão.
Andar de ônibus ou metrô no México jamais será monótono.
Pois bem. Na Argentina é igual. Acima consegui clicar o garoto com o violão no metrô de B. Aires. A cena se repetiu várias vezes.
Uma apresentação-solo, um casal cantando música romântica, ou mesmo uma banda completa.
Os vagões e estações do metrô da capital são um palco aberto a todos, basta tomar um espacinho e mandar ver.
No Chile é assim também, mas bem menos. Na Argentina e México infinitamente mais.
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Vimos mais pra cima a esquerda um buso Mercedes (já aposentado do serviço regular) com desnível no vidro.
Esse detalhe é comum na Ásia (Japão), Na Argentina foi consagrado nesse modelo da Mercedes fabricado nos anos 80 e 90.
Meus parentes que foram pra lá perto da virada do milênio me trouxeram inúmeras fotos dos busos com esse desenho (na época) em linhas urbanas.
O tempo passou e hoje eles só fazem ‘escolar’, ‘rural’, transporte de bandas, etc.
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Os caminhões bi-trem são muito comuns na Argentina.
Mas atenção: nesse vizinho país não existem os caminhões gigantescos com 30 metros e 2 engates, como os que se popularizaram no Brasil.
Explico: nas estradas de nossa Pátria Amada é careta e bi-trem, ambos ao mesmo tempo. Ou seja: cavalo-mecânico, 1º engate, um compartimento grande de carga, 2º engate, outro compartimento grande de carga.
Em outras palavras, são duas carretas grandes puxadas por um cavalo. Portanto 2 engates. Na Argentina é diferente: é somente 1 engate sempre, 2 não existe.
Os caminhões são carreta ou bi-trem, jamais ambos ao mesmo tempo.
Lá ou é carreta normal, cavalo, um engate mais um somente compartimento grande de carga;
Ou então um caminhão pitoco, curto, um engate, e mais um compartimento de carga.
Carreta sem ser bi-trem, ou bi-trem sem ser carreta. É preciso escolher. No Brasil é ‘tudo ao mesmo tempo agora’, carreta/bi-trem.
Sim, os caminhões da Argentina são pequenos em relação aos do Brasil.
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Como dito na legenda um pouco acima e é notório: o Ford Falcão foi o ‘carro do terror’ da ditadura argentina.
Ele não tinha ‘caçapa’, ou seja, não havia espaço pra presos.
Os infelizes que eram apanhados pela polícia política argentina iam pra delegacia (ou pro local de desova, se já estivessem mortos) no porta-malas.
Alias era por isso que o Falcão foi escolhido. Os militares diziam que ‘apertando cabiam 5 no porta-malas’.
Cruel? Evidente que sim. A ditadura argentina foi indescritivelmente cruel, muito, mas muito pior que a brasileira.
Tanto que lá houveram formas de tortura desconhecidas aqui, por isso Videla foi alcunhado ‘Pol Pot na América’. Desse período macabro já nos ocupamos outro dia.
Aqui o foco é o ramo do transporte. Ford é a marca-ícone da Argentina, a mais vendida da história.
Seu carro-chefe (literalmente) era o Falcão, que lá foi produzido por décadas, pelo menos dos anos 50 aos 70, e quem sabe até os 80.
Portanto o Falcão já era popular antes do golpe de estado de 1976. E permanece querido até hoje, apesar de ter sido impregnado com o estigma da repressão.
Bem, pra quem é de direita o Falcão é popular exatamente por ter sido o carro da ditadura, e não ‘apesar’ disso.
colapso: a frota da argentina parece a de cuba!!!!
o lixo da frança é mesmo o luxo da argentina: caros velhos e batidos circulando, outros apodrecendo na via pública
A Argentina empobreceu muito nessas últimas décadas, e sua frota reflete isso.
Os pais da Mafalda (ícone argentino) tinham uma peruinha Citroën 2CV, veja ao lado.
Agora pense nisso: esse desenho é dos anos 80, e o carro já era velho na época.
Alguns deles continuam na ativa hoje, 30 anos depois (veja o farol saltado, igual aquele vermelho que está um pouco acima a direita).
Mas atenção: a Argentina hoje é um país extremamente desigual.
Vão longe os tempos em que ela tinha o 2º menor Índice de Gini (que mede a concentração de renda) da América Latina, só acima do Uruguai.
Hoje a Argentina é tão desigual quanto Brasil e Colômbia:
Alguns multi-milionários de um lado, uma multidão que sobrevive apenas, e uma massa considerável de miseráveis, que nem isso conseguem.
Exemplo perfeito é o Porto Madeiro, o mais novo bairro de Buenos Aires, que surgiu na virada do milênio.
Falarei melhor dele em outro texto, mas aqui, pra dar uma adiantada, falo que um fato pouco conhecido é a favela que existe na ponta da ilha.
Atrás daqueles arranha-céus dos riquíssimos existe uma aglomeração de barracos miserável, sem saneamento básico.
Quase ninguém vê, e menos gente ainda se importa.
Isso reflete como está o país como um todo. Na dimensão automotiva o mesmo se manifesta, uma extrema desigualdade.
Muitos fazem o turismo ‘convencional’ da classe-média, indo apenas nos bairros chiques.
Oscilando somente entre o aeroporto, hotel de luxo, centros de compras, museus, e restaurantes e ‘baladas’ caros.
Eu não julgo ninguém, e não estou criticando. Cada um faça o que quiser. Mas aí evidente que não verá o que estou apontando.
Pois na burguesia a frota argentina não difere da brasileira, em idade e estado de conservação.
Entretanto na periferia são brutalmente diferentes. Sim, claro que existem carros velhos no Brasil. Mas o nosso ‘velho’ são 20 e poucos anos, veículos produzidos nos anos 90.
São raros em nossas ruas automóveis dos anos 80, dos 70 já são são ‘elefantes brancos’ que vemos um a cada vários meses.
E não existem rodando no Brasil carros fabricados nos anos 60 e muito menos 50 – exceto nas mãos de colecionadores, aí são caríssimos, geralmente até com chapa preta.
Na Argentina, os carros ‘velhos’ tem o dobro dos nossos, ou mais: 40, 50 ou mesmo 60 anos. Sim, é isso.
Nessa vizinha nação automóvel dos anos 80 já é relativamente novo nas periferias mais depauperadas, os dos anos 70 são o padrão, ainda são extremamente comuns os dos anos 60.
Não estou brincando nem exagerando. Já havia constatado isso assim que o ‘Google Mapas’ levantou a Argentina pro modo ‘visão de rua’.
Aí dei extensas voltas por lá, na época virtualmente, na tela do computador.
E então já escrevi-lhes um emeio com esse título, “Colapso, a frota da Argentina parece a de Cuba”, com muitas imagens.
Agora ‘in loco’ comprovei que de fato é assim, então aquele emeio será eliminado, não vou subí-lo pra página. Pois não é mais necessário, tirei as fotos ao vivo.
Não para por aí: levantei pro ar uma comparação entre Europa Ocidental e América do Sul em outra postagem.
Lá, eu mostrei que ‘o lixo da França é o luxo da Colômbia‘.
Peruas Citroën e Renault dos anos 60 e 70, que na França literalmente foram partidas ao meio e servem apenas como decoração na Colômbia ainda rodam.
Pois bem. Nas periferias das cidades da Argentina essas mesmas peruas produzidas nas décadas de 60 ainda são o meio de transporte de várias famílias proletárias.
Tanto as duas marcas francesas citadas logo acima quanto uma italiana, Fiat. A esquerda uma Citroën (a foto está nomeada ‘Renault’ por ignorância minha, um colega retificou, vide os ‘comentários’ abaixo).
Os traços da Fiat eram mais arredondados e somente com 2 portas.
Em casos extremos carros até dos anos 50 igualmente ainda estão na rua. Cara, isso você não vê no Brasil, nem em sonhos. Fatos são fatos, e aqui corroborados pelas fotos. Fiquei menos de duas semanas da Argentina.
E nesse curto intervalo fotografei várias peruinhas com mais de 50 anos ainda em circulação, agrupei algumas numa colagem ao lado
Repito, isso no Brasil não existe. Mesmo! Não custa enfatizar ainda mais uma vez:
Na Argentina as vezes vemos ainda veículos dos anos 50 – e não nas mãos de colecionadores burgueses, mas do povão, como meio de transporte.
Mais: como já dito nas legendas, na Argentina é comum simplesmente abandonarem na via pública os automóveis que não servem mais.
Seja porque enfim decidiram que está velho demais – aleluia! – ou porque sofreram P.T. (perda total) num acidente feio.
É tão corriqueiro que o dono de um carro antigo que estava na oficina na periferia da Zona Sul de Buenos Aires colocou um aviso no para-brisas (ao lado):
“Esse automóvel não está abandonado, está sendo consertado”, seguido de seu endereço e telefone, se alguém precisasse entrar em contato.
Frota velha e batida, como na República Dominicana. E como em Cuba os bichões com décadas e décadas de estrada, que em qualquer outro país estariam no museu, na Argentina seguem na pista.
Definitivamente, o lixo da França é o luxo da América do Sul, da Vila Buenos Aires em Medelím/Colômbia a Buenos Aires original no Delta do Prata.
Fisicamente nossa vizinha, um dia a Argentina parecia mais europeia que americana. Esse tempo já se foi há muito.
A Argentina literalmente despencou do sonho europeu, aterrizando de cara na realidade americana.
Bem-vinda Argentina querida, estávamos te esperando.
Como eu já disse antes: definitivamente, agora estamos todos no mesmo barco.
Deus quis assim.
……..
O texto encerrou, mas como fechamento ainda tem duas galerias de fotos. Começo ainda na Argentina, 4 caminhões brancos de modelos que também existiram no Brasil:
Como prometido, sobrou uma palhinha pro Uruguai (que vemos que vibra na mesma frequência que seu vizinho maior, a Argentina). Nunca estive nesse país, mas uma colega enviou as fotos diretamente de lá.
Ao lado ‘jardineira’ da Cutcsa, a ‘Cia. Uruguaia de Transporte Coletivo S.A.’, a maior viação de Montevidéu (pertencente ao sítio Buses Urbanos Chile).
Cuja frota ostenta essa configuração em azul-&-vermelho.
Pouca gente sabe, mas essas são as cores nacionais também do Uruguai.
Sim, a bandeira atual, civil, do Uruguai é apenas azul e branca espelhando a argentina.
Entretanto a bandeira de guerra uruguaia, com a qual ele se tornou independente do Brasil, é tricolor, incluía o vermelho.
Todos os movimentos nacionalistas uruguaios, sejam de direita ou esquerda, ostenta a cor rubra em sua parafernália exatamente por isso.
É pela mesma razão que o Nacional é tricolor e inclui o vermelho.
No desenho o rapaz toma um chimarrão na orla da capital uruguaia com a camisa desse time.
Trata-se do primeiro clube ‘crioulo’ da América. Daí seu nome, o ‘Nacional do Uruguai’. Foi fundado por uruguaios.
E não por espanhóis (ou ingleses, ou italianos, ou alemães) que morassem no Uruguai.
Ou seja o 1º que foi fundado por americanos aqui nascidos, e não por europeus colonos.
(‘Americanos’ se refere, sempre, ao continente América – o que é natural dos EUA é ‘ianque’ ou ‘estadunidense’.)
Deus proverá.
Um colega comentou e fez uma retificação oportuna. É um camarada especialista na manifestação automotora, alias tudo que envolve motor, no ar, terra e água. Já deu seu adendo em várias matérias aqui na página, então apreciamos que mais uma vez ele tenha se manifestado.
Como ele fez por emeio, sou eu O Mensageiro quem assina o comentário. Mas reproduzo as palavras dele, que foram:
” Salve fraterno irmão. Fiz algumas pequenas considerações sobre o interessantíssimo post, que mais do que a “busologia”, avança sobre o estudo da “fauna” automobilística dos argentinos.
No geral me parece que os “hermanos” de forma geral são mais cônscios da economicidade e da segurança no transporte de alta capacidade por trilhos, muito embora explorem de forma similar o modal sobre pneus. Me chamou muito a atenção a forma como a galeria de drenagem fica exposta, na foto onde aparece o ônibus da viação “Maipu”. É bom olhar e estar atento onde pisa por lá, pelo jeito.
Em tempo, algumas referências a “Renault”, depictam na verdade o Citroën 2CV, o automóvel que “remotorizou” a França do pós guerra, um veículo rústico, cuja premissa era ser básico e possuir a capacidade de transportar 4 pessoas com algum conforto. E deveria ser capaz de “atravessar um campo arado com um cesta de ovos, sem que nenhum deles se quebrasse”. Pela simplicidade, um feito bastante impressionante para a engenharia automotiva da época em que foi concebido.
No mais, curiosas as “transgenias” e “re-transgenias”. Já quanto aos “Falcões”, além de serem símbolo de uma época pesada, possuem um lado bastante interessante: junto com modelos Chevrolet, formaram a base da “stock car” argentina, TC 2000, campeonato acirradíssimo, e bem sucedido até hoje, que emula a dicotomia “Ford X Chevrolet” na Austrália, com fãs sempre exaltados e muita rivalidade. É Pepsi x Coca-Cola em termos automotivos, ou, ainda melhor, um “Boca x River” automobilístico.
Fraterno abraço. ”
…………
Aqui se finda a contribuição dele, volto eu, O Mensageiro, pro arremate. Respondi:
Mendonça é assim, mano. Inteirinha cortada por canais, Centro, burguesia e periferia. É perigoso mesmo, os canais são sem proteção e profundos. Aquela cidade é o terror dos bêbados, acontece direto o cara quebrar a perna (quando está a pé) ou o carro (quando dirigindo). Os cegos também devem sofrer ali.
Ainda farei matéria específica sobre Mendonça, com muitas fotos. Mas não precisa esperar nem crer na minha palavra. Dá uma olhada no ‘Google Mapas’, já está filmada.
Pra fechar, ele citou a rivalidade Coca x Pepsi. Que eu já abordei aqui:
E também a Boca x River, segundo alguns “Voka x Riber”.
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