‘Leste’, ‘Norte’, ‘Oeste’, ‘Sul’ e ‘Boqueirão’: ônibus de Curitiba, anos 80.

Nimbus Haragano da Viação Carmo no terminal de mesmo nome (antes do bi-articulado cada terminal tinha sua própria linha de Expresso).

INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO

Por Maurílio Mendes, “O Mensageiro”

Publicado em 23 de maio de 2015

Maioria das imagens baixadas da internet, créditos mantidos sempre que impressos nas imagens.

As que forem de minha autoria identifico com um asterisco ‘(*)’.

Vamos relembrar, e mostrar pra quem não conheceu, como eram os ônibus em Curitiba nos anos 80.

Torino da Auto Viação Curitiba. De 1980 a 85 esse lote eram os únicos 3 portas da cidade. Foto depois de 1988, nº já com 4 dígitos.

.…….

Até a década de 70, aqui como em todo o Brasil, não havia planejamento no transporte:

Nada de integração, padronização da pintura, corredores (canaletas) exclusivos, terminais, e se entrava por trás.

Ou seja, as cidades eram divididas em fatias, loteadas entre as empresas.

Aqui e a seguir Av. João Gualberto no Juvevê: no fim dos anos 60 sem canaleta – por isso de paralelepípedos e com vários Fuscas. A esquerda o prédio do Hospital São Lucas.

Quase todas as linhas ligavam os bairros ao Centro, simplesmente.

O que aqui é chamado de ‘convencional’, exatamente por ser o padrão comum. 

Havia pouquíssimas linhas que ligavam bairros diferentes entre si, mas sempre passando pelo Centro.

Resultando que você geralmente só podia ir de onde morava pro Centro e proximidades, ou pros locais que ficavam entre tua casa e o Centro.

1974: canaleta pronta mas ainda utilizada por linhas convencionais, na pintura livre característica verde, amarela e cinza.

Pra ir a outras partes da cidade quase sempre era preciso pagar de novo.

Embarcava-se sempre pelos fundos e cada viação pintava seus veículos como bem entendia.

Era assim em Curitiba, era assim no Brasil todo, não custa ressaltar de novo.

Digo, a pintura de Curitiba era livre, mas nem tanto.

Aqui e a próxima: no início o ‘Expresso’ foi operado também por ônibus convencionais, pois não haviam ‘vermelhões’ em número suficiente; somente a partir de 1976 ficou exclusivo na nova pintura padronizada.

Em parte de sua frota várias viações diferentes chegaram a usar pintura idêntica.

Porém no geral cada empresa tinha um desenho, sim.

A questão é que era sempre nas cores amarelo e verde – algumas colocavam algumas faixas de cinza também.

Entretanto, as faixas horizontais amarelas e verdes estavam sempre presentes. Sempre, em todas elas.

Uma espécie de padronização informal (confira na galeria horizontal, logo abaixo dessas fotos a seguir).

1975: EXPRESSOS NA PINTURA LIVRE –

Respectivamente o 77 e 76, ambos da Glória.

Os Expressos começaram em 1974, quando chegou uma leva de ônibus inteiro vermelhos. Porém em número insuficiente pra atender toda demanda.

Por isso por 2 anos eles conviveram com alguns veículos do tipo convencional fazendo as vezes de “Expresso”, na pintura livre.

Uma plaquinha em vermelho é que informava ser um novo serviço. Depois, em 1976 como acabo de dizer, é que foi concluída a padronização no modelo mais moderno, com a lataria inteira em vermelho.

e-urbs frota publica livro

Livro publicado pela prefeitura em 1988, quando ela tentou tornar os ‘Expressos’ laranjas – não deu certo, voltaram ao vermelho, como sempre voltam; os alimentadores foram quem herdaram o laranja, em 88 mesmo; a partir de 2018 também os Convencionais.

Nas duas fotos acima vemos os ‘carros’ 76 e 77 da Glória no novo serviço.

Não resta margem pra dúvidas, ainda sem padronização.

Não eram vermelhos unicolores, e sim amarelos com faixa verde ao gosto da viação.

Sob o para-brisas e ao lado da porta de embarque, então a traseira, havia uma placa, essa sim rubra, dizendo de novo.

Com o logo do ‘Sistema Trinário’ – marca registrada do Expresso nos pioneiros tempos, somente em 1980 veio o ‘Cidade de Curitiba’ (que adotei como símbolo de nosso canal de comunicação).

Das 9 empresas que existiam a época, conseguimos foto de 7.

Todas elas pintavam seus ônibus com faixas em verde e amarelo.

A maioria punha também detalhes em cinza, outras dispensavam essa cor, mas o verde-e-amarelo é comum a todas, sem exceção.

No começo dos anos 80 todos os expressos da Cristo Rei eram modelo Gabriela Padrão.

Algumas notas. Veja logo acima um Cisne da Marechal na linha Comendador Roseira/Bom Retiro (atual PUC/Bom Retiro) já na pintura padronizada.

A entrada ainda é por trás, clique na foto que ela se amplia, aí poderá reparar no cobrador no fundo do veículo.

Agora clique na 6ª foto da sequência acima, é um veículo da mesma empresa, modelo e linha, ainda na pintura livre, pra compará-los.

E agora quanto a última foto. Na época a A.V. Curitiba era dona da Viação Campo Largo, e por isso ambas tinham pinturas parecidas.

Os articulados da Redentor (foto) e Glória também eram Gabriela. Atrás Gabriela e Amélia convencionais. Ao lado Haragano Expresso e articulado Frota Pública.

O que facilitava o remanejamento dos veículos velhos das linhas municipais pras metropolitanas.

Confira clicando na ligação em vermelho. Voltamos ao texto.

(Nota: Vamos traçar um paralelo com algo que ocorreu mais recentemente em outra parte do Brasil.

Com a copa do mundo-14, Salvador modernizou bastante sua rede de transportes, que até então deixava um pouco a desejar.

Gabriela 1, inclinado, da Viação Água Verde.

Inaugurou uma linha de metrô, a princípio pequena, apenas 7 km, mas que foi ampliada.

Em 2020, quando estive na Bahia, já são 33 km divididos em 2 linhas, que ainda serão aumentados pra 42.

Além disso está sendo construído um moderno VLT, que correrá paralelo as 2 linhas de metrô.

Esses melhoramentos Curitiba ainda aguarda, aqui não há metrô, trem de subúrbio nem bonde moderno – V.L.T. .

Voltando aos ônibus, que são nosso foco de hoje, a capital baiana enfim padronizou a pintura, uma das últimas capitais de grande porte a fazê-lo.

Até Manaus-AM, o Rio, Florianópolis-SC, Maceió-AL e Cuiabá-MT já haviam dado esse passo.

Gabriela Expresso da Redentor, linha CIC.

E olhe que elas também resistiram, esse avanço só veio agora na década de 10 (séc. 21, evidente).

Bem, no Rio não durou muito. Ainda na exata mesma década que foi implantada a padronização dos ônibus cariocas chegou ao fim.

Em Salvador (1ª capital do Brasil), esse passo só veio com a onda de melhoramentos pra copa.

Veneza ‘2’ da Carmo no Interbairros 4, Term. Boqueirão. Até 1999 essa linha era muito maior: de Santa Felicidade ao Boqueirão via Sítio Cercado, cortava toda as Zonas Oeste e Sul. Veio o Circular Sul e o Interbairros 4 passou a ter seu ponto final no Pinheirinho – note que era “4” mesmo em numerais arábicos e não o “IV” em números romanos como atualmente (a palavra “Inter-Bairros” também tinha hífen, agora eliminado).

Só que não é da padronização oficial (em que agora todas as viações terão mesmo que pintar sua frota de maneira igual, como determinado pela prefeitura) que quero falar. Em sim do que ocorreu antes dela.

Desde uma década e meia, desde perto da virada do milênio até pouco após a copa, houve na capital da Bahia uma padronização informal:

Quase todas as empresas pintavam os ‘carros’ de branco.

Sim, algumas colocavam pequenos detalhes coloridos nos para-choque e rodas, e faziam bem visíveis seus emblemas, pra personalizar.

zoo

Aqui e a esq. : em 1982 surge a linha Zoológico. Buso (Caio Bela Vista da Carmo) com decoração exclusiva pra ela, bichos na lataria. Algumas linhas têm pintura própria, com os ‘carros’ fixos nela. Exemplos (presente e passado): na Gde. Curitiba Circular Centro, Inter-Hospitais, Linha da Produção (Araucária); em Salvador Grande Circular; na Gde. Porto Alegre Av. do Trabalhador (atual Transv. Metropolitana); em BH Cid. Administrativa e aquela que substituiu o tróleibus que não veio.

Em outras havia uma faixinha colorida, bem discreta. Só que o corpo do veículo era sempre majoritariamente alvo.

E as viações não eram obrigadas então a fazê-lo. Agora sim houve padronização da pintura, compulsória.

Não confunda, da virada do milênio a um pouco antes da copa não havia.

Mesmo assim quase todas as empresas, por vontade própria, pintaram os ônibus num mesmo padrão, nesse caso branco.

Não todas, mas quase todas [a B.T.U. foi uma das principais exceções]. Se dizia por lá “em terra de gente negra, os busões são brancos”. Uma padronização informal.)

Na garagem da Carmo, vemos um Monobloco ao fundo. Depois, a partir dos anos 90 e até ser absorvida oficialmente pela Viação São José dos Pinhais, por décadas a Carmo não comprou mais da marca Caio.

Encerramos esse adendo sobre a Bahia, voltemos a falar do Paraná.

Coloquei porque é relevante, o que aconteceu na década de 2000 em Salvador havia ocorrido na década de 70 em Curitiba:

Mesmo havendo pintura livre, ou seja cada empresa podia fazer o que queria com a decoração de seus ônibus, quase todas por lá e todas aqui optavam por ter um padrão em comum.

Voluntariamente. Lá, em branco. Aqui, em verde-e-amarelo.

………

Pç. Gen. Marques. 2 Venezas e 2 Haraganos.

Os anos 70 foi quando a prefeitura resolveu revolucionar a rede de transportes de Curitiba, modelo que se espalhou pelo mundo.

Até então, como dito acima, aqui como em toda parte só haviam linhas radiais ligando bairros ao Centro, mas não os bairros entre si.

e-gloria (5)

Veneza da Glória. Ainda não há numeração no veículo e nem a inscrição ‘Cidade de Curitiba’, no lugar há o símbolo do expresso, uma flecha trinária com uma faixa no meio. Sinal que a foto é próxima da inauguração do sistema, no meio dos anos 70.

Digo, haviam sim umas linhas diametrais que cortavam o Centro.

Por exemplo do Prado Velho ao Bom Retiro, ou do Tarumã ao comecinho do Campo Comprido, como está exemplificado nas fotos de pintura livre.

Entretanto ainda eram linhas convencionais. E pouquíssimas. Sempre atendendo bairros de classe média próximos ao Centro.

Assim como o Rio de Janeiro, antes de fazer a integração no cartão agora nessa década de 10, sempre teve linhas que iam da Zona Norte a Zona Sul via túnel ou Centro.

Mesmo modelo da Redentor, na virada dos anos 80 pra 90: o n° tem 4 dígitos e há no fundo articulado da ‘Frota Pública‘, comprada em 1987/88; o letreiro está errado, será mudado antes de ir pra rua – diz ‘Veneza’ (modelo do buso) e ‘Largo do Caão Raso’ – denominação não utilizada a anos, desde a inauguração do Term. C. Raso ainda no começo dos anos 80 (atrás do Expresso em amarelo o Convencional 1367, visto em ação mais pra baixo na página).

Agora, isso não é transporte integrado. É transporte não-integrado e precário com algumas opções a mais, mas ainda precário.

Em Curitiba nos anos 70 era assim também. Resultado: nada de integração na periferia, claro.

Não só isso. No meio do dia, fora dos horários de pico, o  sistema ficava ocioso, com sobre-capacidade. 

Pois as linhas de uma mesma região, que serviam diferentes vilas de uma mesmo bairro por exemplo, tinham roteiro parecido.

ficha

Fichas de vale-transporte, novidade que a Urbs instituiu em 1987.

Saiam do Centro e iam pelas mesmas avenidas na Zona Central e começo da periferia. Apenas perto do ponto final elas se separavam.

Resultando que em boa parte do trajeto as linhas coincidiam, e justamente no filé.

Pois não há demanda constante dos distantes subúrbios pro Centro o tempo todo.

Boa parte das pessoas mora na Zona Central ou começo do subúrbio, não vai até o ponto final nos arrebaldes da cidade.

Interbairros da Marechal na garagem. Foto do começo dos anos 90, veja que há um ligeirinho ao fundo (a direita do busão verde).

Da forma como era linhas muito longas andavam com os ônibus quase vazios, pois elas se sobrepunham, gerando prejuízo.

Resultando que as empresas reduziam ao máximo o número de ‘carros’ em circulação. Aí o tempo de espera no ponto era gigante.

Fora os congestionamentos no Centro causados por centenas de ônibus circulando mesmo com pouca gente a utilizá-los.

c-carmo (3)

Torino da Carmo na linha Jd. Paranaense (até 1988 os Alimentadores eram amarelos, e até 1985 todos os busos tinham 2 portas, com exceção dos Expressos do Eixo Oeste).

O Ippuc (órgão do planejamento municipal) sabiamente viu que aquilo não podia ser.

Bons tempos em que a prefeitura de Curitiba trabalhava de verdade pra melhorar o transporte.

Nos últimos 20 anos (texto de 2015), nas diferentes gestões que ali passaram, esse está longe de ser o caso.

Agora só surgem cosméticos hiper propagandeados como ‘hibribus’, ‘maior ônibus do mundo’, etc.

transicao-carmo

Virada dos anos 70 pros 80, época de transição. A Av. Marechal Floriano está sendo alargada pra comportar a canaleta do expresso, já há alguns vermelhos ali. Convivendo com convencionais de pintura livre. Todos na foto Nimbus da Viação Carmo.

Veículos que são bonitos pra se tirar foto, mas que não trazem benefício real aos usuários.

Não se constroem novos terminais, não se fazem novas canaletas.

(A obra da Linha Verde Norte/Leste estava parada há 7 anos quando fiz o texto.

Só foi inaugurada depois de 14 anos de obra – e mesmo assim parcialmente.)

Ao contrário, por uma briga política estão havendo regressões. Mas não entrarei nesse mérito aqui.

Anos 70: linha Iguape da Carmo – pintura livre, Convencional não-integrada, ia até o Centro; a Carmo (e a São José, do mesmo grupo) então comprava Caio, depois não o fez mais.

Só quero deixar bem claro pra quem é de fora – ou é daqui mas não pega ônibus – que o transporte coletivo em Curitiba vem caindo muito.

Longíssimo vai o tempo que era o modelo brasileiro e mundial.

Da decadência já me ocupei bastante em outro ciclo, quando nossa comunicação era por emeios.

Não será preciso levantar todo esse material pra página.

c & i-carmo (2)

No começo dos anos 80 tudo mudou: no Term. Hauer Nimbus TR amarelo da Carmo no alimentador Iguape 2 – pintura padronizada, linha integrada e seccionada no terminal; não havia cor laranja. Atrás Gabriela (não sei a empresa) Interbairros 2.

 ………

Vamos aqui relembrar o tempo bom.

A prefeitura veio com nova proposta:

Um sistema com várias camadas.

O tronco, a estrutura do sistema, são ônibus expressos‘. 

Em canaletas exclusivas, ligando o Centro a periferia.

Vinha pintado na lataria do ônibus a região que ele serve.

15 terminais em 5 eixos:

e-carmo (3)

Haragano da Carmo, com flecha-símbolo do Expresso no lugar do ‘Cidade de Curitiba’. Nº de 4 dígitos, fim dos anos 80.

– 1 eixo na Zona Leste – 3 terminais: Capão da Imbuia no bairro de mesmo nome, e Vila Oficinas e Centenário no Cajuru;

1 na Norte – 3 terminais: do Cabral, Boa Vista e Santa Cândida nos bairros homônimos;

1 na Oeste – só 2 terminais: Campina do Siqueira e Campo Comprido (esse último já na divisa com a CIC).

Esse Caio Amélia Interbairros da Redentor e o Expresso da Glória abaixo são do mesmo lote de 1986. Logo da Caio ao lado da linha.

Isso porque até hoje a Z/O é a menos habitada e a de maior renda, e na virada dos 70 pros 80 então a maior parte de seu território era pouco habitado a ocidente do Rio Barigui.

Com alguns núcleos já urbanos com em Santa Felicidade, São Braz, no que a partir de 1973 virou o CIC e outros bairros, mas ainda com muitos bosques e chácaras;

Como a Zona Sul é a maior em área urbanizada e população, e a que concentra a classe trabalhadora, recebeu 2 eixos com 7 terminais, praticamente metade .

Amélia da Glória. No letreiro: logo da Caio e “Boa Vista/Rui Barbosa“. Faróis amarelos.

1 formado pelo eixo dos terminais Portão, Capão Raso, Pinheirinho e Cidade Industrial, que recebeu a inscrição ‘Sul’ na lateral.

(O Terminal CIC teve Expressos de [aprox.] 1980 até 1995, depois disso é servido por Ligeirinhos nas linhas-tronco pro Centro e outros terminais).

E outro pelo eixo dos terminais Vila Hauer (no bairro que o nomeia), Carmo e Boqueirão, ambos no bairro do Boqueirão.

Como o eixo do Pinheirinho já usava a inscrição “Sul” na lateral, esses expressos vinham com a inscrição “Boqueirão” pintados na lata.

Chegando a Pça. Rui Barbosa, 2 Haraganos: 3-48 da Redentor e 0-29 da Glória. No meio um Gabriela, dá impressão de ser da Cristo Rei.

Que se referia ao eixo, e não ao terminal ou bairro. Haviam na época os expressos Hauer, Carmo e Boqueirão.

Todos saiam da Praça Rui Barbosa e vinham pela Marechal Floriano rumo a Zona Sul.

Compartilhavam o trajeto até o Terminal Hauer, onde o 1º fazia ponto final e retornava ao Centro.

O Carmo e Boqueirão seguiam juntos até o Carmo, onde o ônibus de mesmo nome também fazia o balão pra voltar a Rui Barbosa.

O Boqueirão seguia, obviamente, até o fim do eixo, no terminal do Boqueirão, já bem próximo da divisa com São José dos Pinhais.

c-marechal entrada por tras

Começo dos 80: São Remo da Marechal, já amarelo. Ainda se entra por trás, veja o cobrador.

Ou seja, a linha Carmo entrava no bairro, mas não no Terminal do Boqueirão. A linha Hauer não passava pelo Terminal e sequer pelo bairro do Boqueirão.

Mas todos vinham com essa inscrição na lataria, pois ela se refere ao corredor, e não ao terminal.

Como uma leitora apontou (vide a seção de ‘comentários’ abaixo) no começo dos anos 80 havia uma vale-transporte de papel (dir.).

Mas ele só era usado nos Terminais das linhas do eixo Boqueirão, citadas acima, da Rui Barbosa pro Hauer, Carmo e Boqueirão.

Na Rui Barbosa, o acesso pra esse eixo era feito em um terminal fechado, com embarque pré-pago.

Era no nível da rua, não havia ligeirinhos ou ligeirões nem plataformas elevadas.

Mas você pagava antes, e entrava no buso pela porta de trás.

No pico, 6 da tarde, centenas de pessoas querendo entrar no latão.

Com o embarque pré-pago, não precisava esperar cada um dos passageiros tirar a carteira do bolso ou bolsa, dar o dinheiro, pegar troco e girar catraca.

O bichão encostava, já estava pago, a galera subia e ele zarpava, economizando minutos preciosos.

Próximas 2: como falado no texto e é notório, em 1987/88 a prefeitura implantou a Frota Pública, inaugurando a cor laranja nos Expressos. Alguns veículos das viações particulares também foram repintados nesse tom. Aqui um Nimbus Haragano na garagem da Glória alaranjado, na extinta linha Cabral-Portão. Não confunda com a atual Cabral-Portão que é Alimentadora e vai pela Água Verde, Parolin, PUC, Prado Velho, V. Capanema, Jd. Botânico, Cristo Rei, Alto da XV e Hugo Lange, fora da canaleta obviamente. Até 1995 (quando foi implantado o bi-articulado com estações tubo) existia o Expresso Cabral-Portão que ia pela canaleta, ou seja, Avenidas João Gualberto, Sete de Setembro e República Argentina – hoje nos horários de pico há o Expresso Cabral-Capão Raso, que cumpre quase o mesmo trajeto, apenas vai um terminal a mais na Zona Sul.

Isso mesmo no ponto final central, na Praça Rui Barbosa. E somente as linhas do Eixo Boqueirão, repito.

Nos outros expressos (que também tinham o ponto final na Rui Barbosa, exceto o C. Raso que era no Passeio Público) você entrava pela frente, e pagava a passagem dentro do veículo.

Como pro Boqueirão havia mais demanda, contava com esse privilégio.

Em 1992 veio o bi-articulado Expresso Boqueirão Cinza com o ponto final central transferido pro tubo na Praça Carlos Gomes.

Aí o eixo Leste (Capão da Imbuia, Oficinas e Centenário) herdou o terminal fechado que era do Boqueirão na Pça. Rui Barbosa. 

Os busões pra Z/L ficaram ali por 7 anos, em 1999 o eixo Leste também ganhou estações-tubo com embarque em nível.

Caio Gabriela Expresso articulado pintado de laranja, na Pça. Rui Barbosa, ponto final central da extinta linha 202-Boa Vista (que também funcionou até 1995).

Assim o terminalzinho da Rui Barbosa foi demolido numa reforma da praça.

Outro detalhe. O Term. Bairro Alto não existia nos anos 80.

A região era atendida por alimentadores que saiam da Boa Vista e S. Cândida.

O Bairro fica na Zona Leste. Mas como os alimentadores iam pra terminais da Z/N, e as pessoas viam ‘Norte’ no Expresso, muitos acham que ele fica na Zona Norte.

Convencional da Marechal. Carroceria da finada Thamco, por isso há o logo ‘TH’ no letreiro, antes do nome da linha.

Nos terminais, sem precisar pagar de novo, as pessoas pegam os ‘alimentadores’.

Que os levam até suas casas, nos bairros e vilas mais distantes.

Muitas das antigas linhas radiais que ligavam o bairro ao Centro sem integração foram encurtadas até o terminal mais próximo.

Assim o tempo de espera no ponto caiu muito.

Pois agora a linha é curta, então mesmo no meio do dia, quando o volume de gente é menor, ela não dá prejuízo, pois as linhas não se sobrepõem.

c-carmo

Nimbus TR da Carmo na  2ª metade dos anos 80, quando a prefeitura adesivou como ‘Vida Útil Vencida’ veículos com mais de 10 anos. Nome ‘Carmo’ sob o ‘Cidade de Curitiba’, na frente, e não sob o nº, no fundo, como é hoje. Outro detalhe: o código da linha era alfa-numérico, H02. ‘H’ por sair do Term. Hauer.

Cada uma serve a algumas vilas específicas, e todas acabam no terminal:

Os ônibus não seguem vazios pro Centro, já retornam pro subúrbio onde há mais gente já esperando pra pegá-lo.

Algumas linhas permaneceram, continuaram operando no mesmo roteiro.

Ainda sem oferecer integração já que há demanda pra tanto.

Muita gente só quer mesmo ir ao Centro, não precisa de conexões com partes distantes da cidade.

Passaram a ser chamadas de ‘convencionais’.

Conectando os terminais entre si sem passar pela área central há as linhas de Interbairros.

E pintura padronizada, cada categoria de linhas tinha uma cor específica.

Transição: dois Interbairros da Redentor. Torino é da safra de 86, já no sistema alfa-numérico. Ao lado Amélia ainda com 4 dígitos (há um ‘3’ acima da bandeira do RS).

Já falo melhor desse ponto, até o fim dos anos 80 os alimentadores ainda não tinham cor própria e usavam a mesma pintura dos convencionais.

Hoje tudo isso é óbvio, milhares de cidades mundo afora adotam esse modelo. Mas nos anos 70 não era evidente, foi preciso criar esse sistema.

Assim como hoje a luz elétrica e mesmo a internet são coisas banais, mas a humanidade viveu milênios sem descobri-las.

Porque as coisas só se ornam óbvias depois que alguém as concatena.

…………..…..

Outro Interbairros, mesma viação Redentor, mesmo fabricante Marcopolo, mas o modelo é bem mais antigo, São Remo 2 portas.

E tão importante quanto: a entrada foi invertida pra frente.

Sabe, no mundo todo se entra pela frente, em toda América Latina, EUA, Canadá, Europa, e até onde sei Ásia igualmente.

Não tenho muitas informações sobre a África mas aposto que é igual.

Só o Brasil era ‘ovelha negra’ e adotou o embarque nos ônibus pela porta traseira. E até os anos 70 isso era universal aqui.

Monobloco Glória, que punha os redondões nas linhas pro bairro Ahú (Estribo Ahú e Ahú/ Los Angeles – essa depois foi pra Redentor).

Até hoje ainda presente em várias cidades grandes como Fortaleza-CE, Salvador, João Pessoa-PB.

No interior ainda existe em diversos lugares, inclusive no Sul e Sudeste.

Curitiba foi a primeira entre as capitais a mudar.

No que foi seguida pela maioria das cidades, algumas estão fazendo essa transição exatamente agora.

Vejam: Mono pro Estribo Ahú, atrás Gabriela.

Um detalhe curioso é que nos anos 90 quando Fortaleza padronizou a pintura e construiu terminais a entrada foi trocada pra frente.

A questão é que não deu certo, cada povo tem seus costumes, e os cearenses não se adaptaram, em poucos anos voltou-se a entrar por trás.

Os expressos ficaram vermelhos. E vinham com a inscrição ‘Sul’, ‘Boqueirão’, ‘Leste’, ‘Norte’ ou ‘Oeste’ na lateral, conforme o eixo que servissem.

Ctba Z/S lona anos 80 amarelo monob 1 carmo são francisco requião vida útil vencida buso garag

Monobloco 1 na garagem da Carmo.

Nessa primeira etapa era sempre apenas em um eixo, não existiam linhas que cruzam a cidade como Santa Cândida-Capão Raso.

No começo dos anos 80 veio a linha Cabral-Portão, que propiciou esse benefício, integrou os eixos Sul e Norte.

Importante: não confunda a linha ‘Cabral/ Portão’ que existia em décadas passadas com a que existe atualmente com o mesmo nome.

Elas só tem os pontos pontos inicial e final em comum mas o roteiro pra uni-los é completamente diferente.

A Cabral-Portão que existe hoje é alimentadora, ou seja não vai pela canaleta.

Ela foi criada pra integrar a rede de transportes vários bairros próximos ao Centro que só eram servidos por linhas convencionais não-integradas.

Por exemplo o Alto da XV e Hugo Lange, no comecinho da Zona Leste, ou a Vila Capanema na Zona Central.

Micro Caio Carolina na linha Circular Centro, anos 80. Como diz ‘Seu Jorge‘…

Portanto é laranja e vai pelas ruas que são compartilhadas com os carros.

…….

Já a primeira Cabral/Portão, que surgiu no começo da década de 80 e acabou em 1995 quando se instalaram os tubos nos eixos Norte e Sul, era uma linha de expresso:

Vermelho, e que ia pela canaleta da João Gualberto, Sete de Setembro e República Argentina

Monobloco ‘1’ (0-362) da Viação Curitiba. Transgênico: veio com 2 portas, assim operou por uma década. No fim dos 80 criaram linha especial pra deficientes, aí inseriram a do meio pra adaptar o elevador.

A primeira opção de integração que cortava o Centro, unido as Zonas Sul e Norte diretamente, linha de expresso vermelho via canaleta.

Isto bem esclarecido, voltemos a falar da padronização ocorrida na virada dos 70 pra 80.

Os ‘Interbairros’ foram pintados de verde, e traziam essa inscrição na lateral.

Os convencionais e alimentadores compartilhavam a cor amarela, nada vinha escrito na lateral.

Os expressos foram criados já com embarque pela frente, nunca se entrou pro trás nesse modal.

Isso nos veículos de tamanho normal. Quano chegaram os primeiros articulados, em 1980, por alguns poucos meses neles havia embarque traseiro, logo mudado pra frente.

Durante um tempo conviveram com outras linhas em que o embarque ainda era traseiro.

ctba monob portão caio amarelo buso

Mono da Redentor. Mesmo caso, adaptada 3ª porta. Ao lado Amélia da linha ‘Portão’, hoje feita por micros.

No começo dos anos 80 havia ônibus numerados com 2, 3 e 4 dígitos (explico melhor abaixo).

Eram 9 empresas:

Glória – Zona Norte:

Ahú, Cabral, Boa Vista, Bacacheri, Santa Cândida, Barreirinha, Cachoeira, Abranches e imediações;

e-redentor (4)

Gabriela Expresso da Redentor. No letreiro: ‘Pça. 19 de Dezembro’, até 1986 o ponto final central da linha Capão Raso. Em alguns ônibus vinha escrito ‘C.Raso/Passeio Público’ ou C. Raso/Generoso Marques’ antes da fusão com a linha Sta Cândida.

Luz – 2 faixas.

Uma na Zona Leste: Bairro Alto, Tarumã, Hugo Lange, Jardim Social e entorno.

E outra na Zona Oeste: pedaços do Campo Comprido e Cid. Industrial e entorno;

Cristo Rei – Zona Leste:

Cristo Rei, Jardim Botânico, Jardim das Américas, Capão da Imbuia, Cajuru, etc;

Marechal – 2 faixas.

Uma na Zona Leste: Guabirotuba e Uberaba.

E outra na Zona Norte: Pilarzinho e região;

Carmo – Zona Sul: Vila Hauer, Boqueirão, Alto Boqueirão, parte do Xaxim, essa área;

Veneza da Viação Curitiba.

Redentor – Zona Sul:

Vilas Guaíra e Lindóia, Portão, Sítio Cercado, Umbará, Tatuquara, Capão Raso, Pinheirinho, partes da Cid. Industrial e Xaxim, e bairros vizinhos;

Água Verde – Zona Oeste:

Fazendinha, Vila Izabel, seções do Campo Comprido e Cid. Industrial, e partes próximas;

Comil da Glória, 2ª metade dos 80: número já com 4 dígitos (curiosamente é o 6666, pros que creem nisso…). Ainda há o ‘Norte‘.

Curitiba – Zona Oeste:

São Braz, Mossunguê, Orleans, Campina do Siqueira, partes do Campo Comprido e Cid. Industrial, e entorno;

Mercês – Zona Oeste:

Mercês, Santa Felicidade, Butiatuvinha e bairros próximos.

………

Passando a régua, 2 empresas serviam a Z/N, 3 a Z/L, 2 a Z/S e 3 a Z/O.

Incasel da Glória 2 portas. 6652, comprado pouco antes. Aí flagramos dupla transição: em 1986 os busos de Ctba ganharam a 3ª porta. E a Incasel adotou o nome ‘Comil‘.

Note que a Luz e Marechal tinham fatias em duas zonas distintas cada, ou seja, serviam partes da cidade diametralmente opostas.

A Redentor era a maior viação. Por pegar boa parte da Zona Sul, que é a mais populosa e disparado onde mais gente usa ônibus.

Buso da linha Cajuru, viação Cristo Rei, que a operou até 2010. Apesar do nome, não passa no bairro de mesmo nome, após o C. Rei tem seu ponto final no Capão da Imbuia. Mas um dia passou. O ônibus não mudou o trajeto: o Capão da Imbuia se separou do Cajuru em 1974. No passado chegou a ter micrinho.

O que gerou uma cisão em 1992 onde surgiu a Cidade Sorriso. A própria Redentor cedeu parte da sua área de atuação e alguns ônibus de sua frota.

A Glória também enviou veículos pra colaborar no surgimento da nova empresa.

Redentor, Glória, Marechal e agora a Cidade Sorriso são dos Gulin, família que há décadas têm forte presença no ramo em Curitiba.

Acima falando apenas do sistema municipal, a Santo Antônio de Colombo e Viação do Sul de Rio Branco do Sul (ambos os municípíos na Zona Norte da Grande Curitiba) também são do grupo.

Hoje a linha é feita por ‘micrão‘, foto no bairro Cristo Rei, 2020. Pro que nos importa aqui, veja a Glória operando na Zona Leste, indo pro Capão da Imbuia (*).

Do transporte metropolitano já falamos em outras oportunidades, com muitas fotos. Aqui, vamos nos ater ao modal municipal da capital.

Com suas 4 empresas, os Gulin controlavam cerca de 50% da frota.

Repetindo, Redentor, a recém-fundada (em 1992) Cidade Sorriso – ambas na Zona Sul – e mais a Glória e Marechal na Zona Norte são deles.

Agora a Glória em ação na Zona Oeste, indo pro bairro São Braz (*). BR-277, bairro Santo Inácio, Zona Oeste de Curitiba, 2017. Por décadas e até 2010 quem atendia essa região da cidade era a Viação Curitiba. Na licitação a Marechal assumiu parte de suas linhas. Depois essa última também saiu de cena e a Glória encampou. Eu cresci na Zona Norte de Curitiba, na parte atendida pela Glória. Se você me dissesse então isso, que um dia eu veria os busos da Glória nos confins da Z/O, eu ia mandar te internar num hospício – mas aqui estão eles! O mundo dá voltas . . .

Mercês, Luz, Cristo Rei, Carmo, Água Verde e A.V. Curitiba são independentes.

Veio a “licitação” de 2010 (entre aspas por algum motivo, deixo pra você decifrar) e a Luz, Água Verde e A.V. Curitiba desaparecem, são absorvidas por grupos maiores.

Principalmente o próprio conglomerado Gulin supra-citado.

E mais o grupo que controla as viações Tamandaré e Campo Largo, com sede na região metropolitana mas que também operam no municipal da capital.

Com isso os Gulin passam a deter nada menos que 70% da frota de Curitiba.

2014: na divisa entre os bairros Santa Felicidade e Santo Inácio, na Zona Oeste, flagrei veículo da Marechal fazendo a linha Montana, que até 2010 era da A.V. Curitiba (*). Pouco depois, em 2016, a Marechal foi encampada pela Glória. Aí esse busão AA019 virou BA019.

A Carmo já era da A.V. São José dos Pinhais, do homônimo município da Zona Leste metropolitana, mas até então tinha seu CNPJ próprio.

Após a “licitação” é incorporada oficialmente a São José, sendo agora denominada ‘São José Urbana’.

A Cristo Rei ainda existe, mas ela igualmente faliu. Mudou seu CNPJ pra CCD e adentrou um “plano de recuperação judicial”.

Mesmo bairro Santo Inácio, mas agora novamente em foto feita na BR-277 em 2017 (*). A Marechal já faliu. Agora é a Glória quem faz a linha Montana. Esse BA018 é o ex-AA018 da Marechal (chapa AUL-5020, enquanto que o BC020 visto acima é o ex-AC020, emplacamento AUZ-2181).

A Água Verde foi comprada por outra viação metropolitana, a Expresso Azul de Pinhais, na Zona Leste.

A Luz foi dividida entre a Glória, Marechal e a Santo Antônio, todas dos Gulin.

Na “licitação” uma das que mais cresceram foi a Marechal, que era a menor entre as do grupo Gulin.

Antes ela não tinha articulados e muito menos bi-articulados. Continuou sem bi-articulados, pois a Marechal não opera ônibus expressos. No entanto passou a contar com articulados.

Janeiro de 1981: Expresso 8-82 da A.V. Curitiba (até 2010 responsável também pelas linhas Montana e São Braz vistas nas fotos anteriores, repetindo). Na 1ª metade dos anos 80, esses Expressos Volvo Torino1 da Curitiba eram os únicos veículos 3 portas de toda cidade. Note que o nº vem no letreiro menor. Atrás um Monobloco ainda em pintura livre da mesma empresa. O Terminal Campo Comprido ainda não fora inaugurado, pois ele cumpre (prov.) a linha ‘Gabineto’ – que fica no CIC Norte – , e após o terminal ficar pronto esta passou a ser alimentadora, não indo mais pro Centro.

No entanto na sequência a própria Marechal também faliu, e em 2016 foi adquirida pela Glória.

Assim a Glória se tornou a maior viação de Curitiba, com 3 garagens (sua matriz na Av. Paraná, quase ao lado do Terminal Boa Vista; a antiga garagem da Marechal no Bom Retiro e a da Luz no Bairro Alto).

A Glória assumiu as linhas da Marechal (Zona Norte), da A.V. Curitiba (Zona Oeste) e partes das linhas da Cristo Rei e Luz (na Zona Leste).

Agora a Z/N agora é inteira dela, e também roda nas Zonas Leste e Oeste de Curitiba.

Por isso vemos busões da Glória indo pro Capão da Imbuia, Zona Leste, e São Braz, Zona Oeste.

…………….

Vamos seguir falando da primeira metade dos anos 80. Agora sobre a numeração dos veículos.

Março, 1986: 3 expressos Glória. Em 2º plano Amélia. O Haragano 0-35 sendo ultrapassado pelo Gabriela 0-42 (provav. articulado). Todos com a inscrição ‘Norte‘.

Cada viação tinha uma fatia de uma centena de números, portanto numerava inicialmente sua frota com 3 dígitos.

Quando esse lote de possibilidades se esgotava adicionavam ‘1’ a frente, ficando portanto o ‘carro’ com 4 dígitos. Exemplificar é mais fácil que explicar:

A Glória pegou a faixa 0 (‘zero’) e um pedaço da 8 que ela herdou da Copa Verde.

‘Faixa 0’ quer dizer a fatia do 1 ao 99. Seus Expressos tinham o prefixo ‘0’ antes do traço, como visto na foto acima.

Porém nas outras categorias (Convencionais, Alimentadores, InterBairros) seus ônibus tinham 2 dígitos, não quiseram pôr o zero a esquerda.

Ao lado e logo a seguir vemos exemplificando os busos 73 (Gabriela ‘2’) e 36 (Veneza ‘2’).

(Aliás nos anos 70 ela chegou a ter ‘carros’ com um dígito, por  ex. o ‘008’ era apenas ‘0’, sem os dois zeros a esquerda).

Pra citar um que me lembro de cabeça, o Gabriela nº 95 fazia a linha 204-Boa Vista Nazaré (atual 280-N. Sra. de Nazaré).

Viação Copa Verde em 1875, busão nº 835.

(Era inclusive o único que tinha bancos estofados, enquanto que quase toda a frota curitibana da época os assentos eram de acrílico somente.)

Só que alguns busos da Glória eram numerados de 1.800 a 1.899 – mais pra baixo nessa mesma matéria está postado o 1.801 dela.

Isso porque no fim dos anos 70 ela comprou a viação Copa Verde, que operava na região do Ahú, e cujos busos usavam a série ‘800’ (esq.).

(A garagem da Copa Verde era na Rua Alberto Folloni.)

(No mesmo terreno que se a memória não me trai chegou a ser utilizado brevemente pela viação metropolitana Santo Antônio nos ano 80, pois a S. Antônio e Glória são do mesmo grupo.)

1367 da Redentor: note o letreiro, “L254″ – era costume pôr a letra ‘L” antes do nº da linha, no municipal e metropolitano.

Vamos as demais viações:

Faixa ‘1’, Luz: de 100 a 199, e com 4 dígitos de 1.100 a 1.199. Não tinha Expressos;

Faixa ‘2’, Carmo: de 200 a 299, e de 1.200 a 1.299.

Seus Expressos deveriam ter o prefixo ‘2’ antes do traço, mas a empresa se recusou, manteve eles somente com 2 dígitos (por ex. o articulado a direita deveria ser o ‘2-53′, mas ficou como ’53’);

Faixa ‘3’, Redentor: de 300 a 399, e de 1.300 a 1.399. Os Expressos tinham o prefixo ‘3‘ antes do traço;

Faixa ‘4’, Cristo Rei: de 400 a 499, e de 1.400 a 1.499. Os Expressos tinham o prefixo ‘4’ antes do traço.

Articulado ’53’ da Carmo: deveria ser ‘2-53’; outra coisa, repare que o nome da viação, o ‘Carmo’, vem sob o ‘Cidade de Curitiba – isso também ocorreu nas demais viações.

Faixa ‘5’, Marechal: de 500 a 599, e de 1.500 a 1.599. Não tinha Expressos;

Faixa ‘7’, Mercês: de 700 a 799, e de 1.700 a 1.799. Não tinha Expressos;

Faixa ‘8’, Auto Viação Curitiba: de 800 a 899, e de 1.800 a 1.899. Os Expressos tinham o prefixo ‘8’ antes do traço;

Faixa ‘9’, Água Verde: de 900 a 999, e de 1.900 a 1.999. Não tinha Expressos; .

Em 1988 a numeração passou pra 4 dígitos, a Carmo teve que aderir. Antes esse ‘carro’ era o 50, veja antes da linha ‘Hauer’. O nome da viação agora está sob o número, no meio do veículo logo antes da sanfona.

Como eu disse e é notório, a viação Carmo se rebelou. Seus expressos deveriam ter o prefixo 2 antes do traço. Mas ela não gostou dessa regra, e simplesmente a ignorou.

Repare nesse articulado um pouco acima, o que deveria ser o 2-53.

Acontece que ela preferiu só pintar o 53 mesmo. Mais simples, a empresa pensou. A ‘quebra-regras’.

Em Porto Alegre-RS houve caso idêntico, vejam vocês.

Gabriela da Cristo Rei no ponto final da linha Centenário: nas suas partes mais periféricas o bairro Cajuru não era tão densamente urbanizado no começo dos anos 80.

Na virada dos 70 pros 80 a cidade padronizou a pintura.

Com o mesmo modelo que foi adotado em Brasília-DF, Florianópolis e Campinas-SP:

O ônibus era branco com uma faixa horizontal indicando a região que ele serve.

(Algumas viações de Maceió adotaram a mesma pintura, nesse caso voluntariamente.)

A pintura, a princípio seguiu esse mesmo padrão pra todas elas.

Ainda assim a numeração cada prefeitura padronizou como quis.

Em Porto Alegre a cidade foi dividida em ‘Radiais Urbanas’ – R.U.’s .

Caio Amélia da Redentor na C. Raso/Sta. Cândida (nome invertido, na maioria dos ‘carros’ era ‘Sta. Cândida/C. Raso’), 2ª metade dos anos 80. Logo da Caio no letreiro.

Os ônibus teriam que ser numerados como os expressos de Curitiba, com o prefixo indicando a R.U. e depois de um traço a número de série daquele veículo específico.

E todas as viações adotaram, exceto uma: a Sudeste.

Como a Carmo fez aqui nos expressos a Sudeste fez lá em todos os seus ‘carros’:

Ignorou a determinação do prefixo antes do traço, pintou na lata só o número do ‘carro’ mesmo.

i-marechal (2)

Marechal: logo da Thamco antes do ‘Interbairros 1‘. Número com 3 dígitos.

Coisas da vida . . .

………..

Voltemos a Curitiba:

Acima eu mostrei a foto de um dos primeiros Expressos, em 1975, da Glória. Ele ainda não era vermelho.

Um colega me escreveu o seguinte (veja nos comentários, abaixo):

Vamos ver 2 Torinos da Frota Pública, ‘Propriedade do Povo’.

” Quanto ao primeiro expresso. 22 de setembro de 1974 foi inaugurado o sistema, com canaletas, ônibus vermelho, carroceria veneza marcopolo e motor traseiro cummins. “

Inclusive ele manda uma ligação que afirma o mesmo:

Reproduzo a versão dele, pra que abram e confiram.

Entretanto, não foi assim que se deu. Não contesto a data de 22/09/74 como a da chegada dos 1ºs Expressos Vermelhos.

Então reconheço que foi inexato legendar a foto do convencional como sendo “o 1º Expresso”.

Corrigi essa parte. Ficou como “um dos 1ºs”.

expressoAgora, também é inexato afirmar que já a partir de 1974 todos os Expressos eram vermelhos  e com motor traseiro.

Pois por um bom tempo os modelos mais antigos, que já estavam na frota, também puxaram as linhas expressas.

De pelo menos 1974 (talvez antes, enquanto ainda estava em obras) até 1976 circularam nas canaletas ônibus convencionais, ainda com motor dianteiro e pintura livre.

Por um tempo junto com os de cor vermelha. Pode ser.

O fato é que pelo menos até maio de 76 os convencionais operaram no corredor exclusivo.ctba avenida juvevê z/n z/c joão gualberto 1974 anos década 70 p-b canaleta corredor buso prédio cidade convencional pintura livre

Veja as fotos. A esquerda a inauguração oficial da canaleta em 22 de setembro de 1974.

Com a chegada de vários ônibus vermelhos Marcopolo com motor traseiro. Como nosso colega apontou corretamente.

Entretanto, o detalhe que ele não se lembrou é que por um tempo a canaleta esteve pronta e operando, mas ainda sem os Expressos Vermelhões.

Há 5 ônibus na tomada a direita, todos convencionais.

Na imagem que eu mandei acima de um dos “1º Expressos”, ela está datada pelo jornal, abril de 1975.

O que comprova que a canaleta não foi inaugurada somente com os Expressos.

Há ainda outras duas provas. A da esquerda está datada pelo jornal, maio de 76.

O autor, que é pesquisador do transporte curitibano ‘naquele tempo’, diz explicitamente:

Na época esse Nimbus motor dianteiro Mercedes e pintura livre fazia a “linha do expresso Santa Cândida”.

Na foto direita igualmente ele escreve sem deixar margem a dúvidas: “Esses faziam a linha antes dos atuais bi-articulados”. 

Terminal Boqueirão, anos 80. Nimbus Hargano ex-Expresso agora laranja pra puxar linha alimentadora. Na ‘capelinha‘ (o quadradinho antes ou depois de onde vai o nome da linha) em ambos os veículos está o nº do carro dentro da frota, e não o código da linha. A numeração das linhas era diferente, alfa-numérica. A Parigot de Souza (depois estendida ao Term. Sítio Cercado, que na época não existia) era a B02, sendo ‘B’ indicativo que saía exatamente do Terminal Boqueirão.

Eu aceito e agradeço qualquer retificação, e por isso coloquei a versão desse amigo, pra que cada um julgue por si mesmo.

Sempre que o comentário de algum leitor mostra algo que eu escrevi errado, eu corrijo prontamente.

Já o fiz em ônibus de Maceió, Recife e São José dos Pinhais, e em relação aos bairros de Almirante Tamandaré.

Entre outras, essas são as que lembro de cabeça.

A questão é que nesse caso as fotos comprovam que o que eu postei corresponde a realidade.

Contra fotos não há argumentos, a não ser que elas tenham sido forjadas.

As imagens acima não foram forjadas. Estão datadas, e podem conferir na fonte:

A canaleta foi inaugurada em 1974, e no começo com ônibus convencionais utilizando-a.

No início dos anos 90 veio enorme leva de Vitórias Volvo – esse é da viação Mercês.

Os Expressos Vermelhões com motor traseiro e embarque dianteiro vieram em setembro desse ano.

Creio que tenha havido uma transição, um período intermediário de adaptação em que os dois modais conviveram.

Alias mesmo antes da inauguração os convencionais usavam a canaleta.

E esses convencionais circularam fazendo linhas do expresso até pelo menos maio de 1976, como veem a prova acima.

e-urbs frota publica

Um dos 1ºs Expressos da Frota Pública, no fim de sua vida útil fazendo linha de Alimentador. A mesma ‘Parigot’, era ‘B02’ agora ‘534’. Ou seja, inverteu: antes linha alfa-numérica, ‘carros’ só nºs. Agora é o contrário.

Ainda em 74 como dito começaram a chegar os primeiros ônibus expressos, esses sim com nosso colega descreveu, vermelhos e motor traseiro.

E provavelmente por quase dois anos, entre essa data e o meio pro fim de 76, a canaleta contou com ambos, os mais novos Vermelhões dividiram espaço com os de pintura livre

Aí a partir de 1977, quando foram chegando novas levas de ônibus – além de vários Venezas também os saudosos Nimbus Haragano – o modal foi padronizado.

Term. Pinheirinho: Cisne da Redentor no alimentador Cachimba. Essa foto é da virada dos 80 pra 90. Muita coisa mudou de lá pra cá: os alimentadores eram amarelos. No fim dos anos 80 os expressos se tornaram laranjas, logo voltaram a ser vermelhos. A seguir os alimentadores herdaram o laranja, ao fundo um já repintado. Entre 1988 e 1992 os ônibus tinham número de 4 dígitos, depois alfa-numérico. Alias essa mudança veio quando surgiu a Cidade Sorriso, cisão da Redentor, que que herdou ‘carros’ desta última e da Glória, as 3 são do mesmo grupo. De 92 até a “licitação” de 2010, a parte da Zona Sul que essa linha pertence foi da Cid. Sorriso. A grafia foi de ‘Cachimba’ pra ‘Caximba’. E a população do bairro se multiplicou por 10 em pouco mais de 2 décadas: moravam 800 pessoas na Caximba no Censo de 91, hoje são 8 mil moradores, devido a grande onda de invasões a partir de 2010. Curitiba cresce para o Sul.

Aí sim somente com veículos mais modernos, todo escarlates e motorização traseira.

O que apontei aqui, e é indiscutível, é que a implantação dos Expressos não foi imediata, como nosso colega e o sítio que ele indica coloca.

Os convencionais circularam por quase 2 anos dentro da canaleta, as imagens – datadas por um jornal – não deixam réstia de dúvidas.

………

Volta o texto original: notam que o letreiro menor, ao lado do maior onde vai a linha, na primeira metade dos anos 80 era comum vir com a numeração do ônibus.

Na segunda metade dessa mesma década muitas vezes eles ostentavam o logo do fabricante da carroceria.

Por isso vê as bolinhas com multi-camadas da Caio (acima) e o ‘TH’ da Thamco (esquerda) ali.

A partir dos anos 90 isso foi proibido, o espacinho menor do letreiro deveria a partir de então trazer sempre o número da linha.

Sempre, sem exceções. E assim foi por duas décadas e meia.

Bem, hoje (escrevo em maio.15) a maioria dos ônibus tem letreiro eletrônico, então isso nem sequer se aplica mais.

Só que os remanescentes que ainda estão na lona trazem sempre o número da linha, jamais o do ‘carro’ e muito menos logos de fabricantes de carroceria.

……….

Gabriela Expresso no Term. V. Oficinas (o terminal antigo, antes da reforma, bem menor que o atual), bairro Cajuru – note o nome da viação ‘Cristo Rei’ abaixo do ‘Cidade de Curitiba‘, e não abaixo do nº como é hoje.

Voltemos aos expressos, que afinal eram a joia da coroa do sistema. 1974 – A Revolução Começou:

(A esquerda anúncio da prefeitura anuncia o novo modal. O veículo é um Veneza Padrão da Glória).

3 eixos tinham articulados, os 2 da Zona Sul e o da Zona Norte. Nos eixos Oeste e Leste não existiam.

……….

Gabriela amarelo na garagem da Viação Curitiba: linha de alimentador V. Marqueto.

Mesmo onde eles operavam, eram pouquíssimos.

Falo do eixo Norte, que é onde eu morava e conheço melhor.

A Glória só tinha, na primeira metade dos anos 80, 2 articulados. 

Não sei quanto a Redentor e Carmo possuíam, mas eram raros.

A imensa maioria dos expressos eram de ônibus pitocos, não-articulados.

Observei isso quando fui pras regiões que elas operavam.

Vejamos como era a composição da frota de expressos.

No fim da vida útil os Torinos 3 portas da Curitiba viraram convencionais. Esse bichão estreou no início dos anos 80 como o Expresso 8-95. Veio a mudança pra 4 dígitos e ele virou o 6895, ainda vermelhão. Antes de se aposentar ficou amarelo, agora numerado 2895. Nesse padrão de numeração o 1º dígito era a categoria, ‘1’ e ‘2’ eram convencionais, ‘6’ era expresso. O 2º dígito era a empresa, ‘8’ era a Curitiba, os dois últimos o nº do ‘carro’: passou por 2 modais, 2 cores e 3 numerações diferentes mas sempre com 95 no fim.

A Cristo Rei só tinha de um modelo, Caio Gabriela Expresso, todos não-articulados.

A Curitiba igualmente só tinha de um modelo, Marcopolo Torino, a esquerda.

Como dito acima, no começo dos anos 80 os expressos tinham um traço entre o prefixo da empresa e o número do carro.

Observe o 8-98, inclusive no letreiro antes do ‘Campo Comprido‘.

Quando veio a numeração de 4 dígitos se tornou o 6898.

Tecnicamente eles dizem que é São Remo, mas esse modelo já tinha o desenho de um Torino, e não de um São Remo.

E como eu chamo as coisas pelo que elas são e não pelo o que elas dizem ser, eu afirmo, esse veículo da Curitiba já era Torino.

Veneza ‘1’ da Glória na ativa, começo dos anos 80 (nº ‘1.801‘, ao lado do letreiro e não sob o para-brisas); a linha Cachoeira na época era Convencional, ia até o Centro, na década de 90 com outro nome virou Alimentadora do Term. Barreirinha, então recém-inaugurado.

Todos não-articulados igualmente, mas com um detalhe: com 3 portas.

De 1980 a 85 os Torinos Expressos da Auto Viação Curitiba eram os únicos veículos com 3 portas da cidade inteira.

Todos os demais veículos do sistema, inclusive expressos, eram com 2 portas.

A Glória e a Redentor tinham a composição parecida em suas frotas de expresso, pelo fato que elas são do mesmo grupo:

Os poucos articulados eram Gabriela Expresso. Alguns não-articulados igualmente eram Gabriela Expresso.

Outro Veneza 1 da Glória, fim dos anos 80: já passou pra ‘carro-socorro’, pois foi fabricado na virada pros 70, quase 20 anos antes.

Entretanto o grosso dos expressos de ambas eram Nimbus Haragano e Marcopolo Veneza Expresso.

Os articulados da Carmo eram Torino (oficialmente São Remo), e os não-articulados eram todos Nimbus Haragano.

(Atualização de setembro.16) Achei na internet um vídeo que mostra o primeiro articulado Expresso de Curitiba. Gabriela Expresso. Operando em 1980. Detalhe: com entrada por trás!!!

Expresso entrando por trás??? Sim, nos 1ºs articulados – que chegaram em 1980 – era assim (imagem retirada de um vídeo).

Outros detalhes: a linha se chamava somente ‘Capão Raso’ e, pelo menos no caso do articulado, tinha ponto final na Praça Rui Barbosa.

Talvez porque esses veículos mais longos não conseguissem fazer a volta no Passeio Público, não havia uma rótula própria pra isso.

Os ônibus pitocos tinham como ponto final a Praça Generoso Marques (em alguns ‘carros’ esse era o letreiro, em outros vinha como ‘Passeio Público’ ou ‘Pça. 19 de Dezembro’).

E em 1986 foi esticado pro Santa Cândida, como explico logo abaixo.

Tem mais: não apenas nesse, mas nos veículos pitocos idem, não havia ainda a plaquinha com itinerário ao lado da porta nem o número do ‘carro’ na lataria.

Jardineira (na verdade um Torino ‘1’ adaptado) na ‘Volta ao Mundo’, a gênese da Linha Turismo. Fiz matéria completa sobre o tema, em que traço a história com os diversos veículos que precederam o 2-andares.

Apenas o clássico ‘Cidade de Curitiba’ já estava presente e também qual eixo, nesse caso o ‘Sul’.

Nos Expressos pitocos (não-articulados) a entrada já era pela frente. Outra coisa: como alguém observou nos comentários, ‘de cada dois carros um era Fusca‘.

Sim, em 1980 as baratinhas redondas dominavam amplamente o trânsito, em Curitiba e também outras cidades.

Volta o texto original: a composição acima se refere somente a primeira metade dos anos 80.

A partir de 85 foram chegando outros modelos, como Caio Amélia e Incasel Cisne, ainda com duas portas, a de desembarque no meio do veículo.

São Remo da Viação Curitiba. Amarelo, um Convencional operando como Interbairros.

O ano de 1986 trouxe novidades. Primeiro, fundiram as linhas Capão Raso e Santa Cândida, criando a Santa Cândida-Capão Raso.

Agora era possível ir do final da Zona Sul ao final da Norte, e vice-versa, de expresso, sem pagar de novo e sem precisar baldear no Portão e no Cabral.

Eu ainda era um piazinho de 9 anos que gostava de ler gibis do Recruta Zero, da Turma da Mônica, do Zé Carioca e do Super-Homem.

Ainda assim, me lembro cristalinamente do primeiro dia de operação da linha, e do espanto que ela causou. Sempre fui busólogo.

1987: é implantada a ‘Frota Pública’. O Scania foi o 1º, e houveram no total 11 dessa marca. Todos os demais 77 articulados eram Volvo. Surge a cor laranja, a princípio nos expressos, depois eles voltariam ao vermelho, os alimentares herdam o laranja.

Não deu tempo, nesse primeiro momento, de pintar as lonas de itinerário de todos os veículos.

Então alguns circularam escrito ‘Santa Cândida-Praça Rui Barbosa’ acima do vidro, como era até então.

E um papel feito a mão colado no para-brisa dizia ‘Santa Cândida-Capão Raso’.

Foi um assombro, não era mais preciso desembarcar no Centro.

Tem mais: nesse mesmo ano chegou grande leva de Caio Amélias e Marcopolo Torinos padrão, com 3 portas, e motor traseiro.

Até então, repito, os únicos 3 portas do sistema eram os expressos da Curitiba.

Veja o Gabriela da Glória pintado de laranja. E é ‘Expresso‘, traz essa inscrição na lateral e a linha é Santa Cândida/Capão Raso. Na esteira dos articulados da Urbs, testaram pintar todos os expressos de laranja.

Não mais. Agora se generalizaram por toda cidade e várias empresas e categorias. Inclusive alguns foram operar como interbairros desde zero km.

A partir daí foi proibido comprar ônibus 2 portas em Curitiba.

Claro, até todos que já circulavam serem baixados do sistema ainda levou uma década, até o meio dos anos 90.

Só que desde então, e já fazem 20 anos (quando fiz o texto), não existe mais veículo 2 portas aqui.

Me refiro aos de tamanho normal, claro. Entre os micrões há alguns 2 portas, mas mesmo nessa categoria mais curta vários tem 3 portas.

frota pública da urbs: retificações e novas informações

a-gloria

Não teve jeito, os expressos retomaram o vermelho. Mas o laranja não se perdeu, os alimentadores abracaram. Aqui dois Caio da Glória na extinta linha Penha. Amélia e Gabriela, ambos ex-expressos.

Eu tinha apenas 10 anos quando surgiu a Frota Pública. Escrevi de cabeça, conforme eu me lembrava.

Consultando agora os sítios dos amigos busólogos que têm mais informação que eu, vou corrigir o que não estava exato.

…………

Chegou 1988 e mais novidades ainda aportaram. Pra começar, a prefeitura criou a ‘Frota Pública’.

haragano redentor

Próximas 2:  Nimbus Haragano na garagem da Redentor. Escrito ‘Sul’ na lata.

Na verdade os 3 primeiros ‘carros’ chegaram ainda no finalzinho de 1987.

Mais 10 foram entregues entre os últimos dias de dezembro desse mesmo ano e janeiro de 88.

Então o início com toda a carga das operações foi mesmo 1988.

Entretanto, a entrega dos 3 primeiros veículos a cidade foi um bimestre e pouco antes, e mais 5 vieram apenas alguns dias antes do ano novo. Em janeiro mais 5.

garagem-redentorA Urbs, órgão da prefeitura que até então só fiscalizava o transporte, comprou grande lote de articulados. 

Entretanto, eles desde o início foram repassados em comodato as viações particulares, pra que os mantivessem e operassem.

A Urbs (ou seja a prefeitura) não operou os veículos em tempo algum, como eu escrevi incorretamente antes, e retifico agora. Ela era apenas a dona da frota.

Foi a primeira vez que Curitiba teve ônibus estatais, que inclusive tinham chapa-branca.

Gabriela da Luz na linha Paraíso. Na época Convencional, não era integrada. Com a inauguração do Terminal Bairro Alto (Zona Leste) se tornou Alimentadora, permitindo baldear sem pagar novamente.

Por isso vinha escrito na lataria ‘Propriedade do Povo’.

Além de duas flechas, uma pra cada lado emendadas uma na outra, o símbolo político da gestão que comprou os ônibus.

O primeiro foi um Caio Amélia Scania. A porta dianteira era atrás do rodado, como podem ver nas fotos.

Ficou com o número 8001, estreando a Frota Pública e também o sistema de numeração com 4 dígitos.

Torino da Carmo na linha Menonitas. Fabricado em 1985, rodou até 2008 mais ou menos, ou seja mais de 2 décadas. Apenas esse exemplar teve essa vida longa, o resto da série se aposentou há muito. Isso é possível porque a Menonitas é uma linha diferente: criada pra atender quem tem necessidades especiais, por isso de pouca demanda, só tem 1 carro na linha. O intervalo entre as viagens é de 1h e 40 min (posteriormente passou a ser feita por micrão, e em 2020 a linha foi extinta). Em outras cidades, como SP e Santos, são os tróleibus quem ficam décadas operando. Inclusive em SP é o mesmo modelo Torino que ainda está na pista. Em Floripa foi um Mono quem cumpriu esse papel longevo.

Foi também capa de um livro que a prefeitura publicou pra divulgar e comemorar a novidade.

Junto veio um Caio Amélia de motor Volvo com a porta logo na dianteira do veículo, como é o mais comum.

Recebeu o número 8002, e tinha câmbio automático.

Na mesma oportunidade foi apresentado um Marcopolo Torino Volvo.

Que também contava com câmbio automático, e entrada na posição normal, a frente do eixo. Ficou como 8003.

Dos 88 articulados da Frota Pública, apenas esses dois tinham câmbio automático.

Nos outros 86 era no manual.

Estava estreada a ‘Frota Pública’. Esses 3 carros chegaram juntos, no mesmo dia.

A prefeitura escolheu o Amélia Scania pra ser o ‘carro-chefe’ do sistema, seu garoto-porpaganda.

Em 2018 foi inaugurado o Ligeirão Norte (*). Em 2021 foi a  vez da linha Verde Norte/ Leste (foto) e o Term. Tatuquara (Zona Sul) Esses 3 projetos precisam de ajustes pra serem plenamente funcionais. Mas já é um avanço.

Por isso ele inaugurou a numeração nova e foi capa de livro.

………..

Pronto. Finalizou o ano de 87, e a Frota Pública estava esboçada, com 3 carros:

8001: Amélia Scania, porta atrás do eixo.

8002: Amélia Volvo, porta na posição normal a frente do eixo.

8003: Torino Volvo, porta na posição normal a frente do eixo. Câmbio automático.

Entre dezembro.87 e janeiro de 1988 vieram mais 10 Caio Amélias Scania.

Início da operação da canaleta da João Gualberto/Av. Paraná, 1974 ou quem sabe antes, pois as pistas laterais estão em obras. Ainda sem expressos, ônibus convencionais eram quem ocupavam a via exclusiva.

Todos com a porta dianteira atrás do eixo. Receberam os números de 8004 a 8013.

Agora, com 13 articulados, a Frota Pública decolou de vez, encerrou seu período de testes e iniciou a ‘operação comercial.

Nesse início todos fizeram a linha Boqueirão. 

Só com a chegada de outros lotes a Frota Pública foi estendida aos outros eixos

Houveram portanto 11 Scanias, e não apenas 1 como eu havia escrito antes.

e-urbs frota publica (3)

O mesmo 8001 Scania renumerado FR006. A partir de 1992 na numeração alfa-numérica, ‘F’ era a Urbs, dona do ‘carro’, ‘R’ articulados. Antes de sair do sistema fez linhas alimentadoras como ‘Alto Boqueirão’.

No segundo semestre de 1988 vieram 25 Marcopolo Torinos – numerados de 8014 a 8038.

E mais 50 Ciferal Alvoradas, do 8039 ao 8088, a partir daí sempre Volvos com a porta logo a frente do veículo.

Veja essa matéria. Um busólogo fez um levantamento muito bem feito que fala um por um sobre os 88 articulados:

Seus detalhes técnicos, que data chegaram e o que foi feito deles. Com várias fotos.

Minha colaboração foi puxar mais imagens, pra deixar ainda melhor ilustrado.

Já nos anos 90, Expresso Monobloco da Viação Curitiba na linha Campina do Siqueira/Capão da Imbuia. Essa é paradora, com pontos a cada 300 m. Bairro Bigorrilho. Código da linha: C01, alfa-numérico.

Confira essa radiografia completa desse período tão importante do transporte paranaense.

Os busos da Frota Pública tinham duas catracas, uma ao lado da outra.

A esquerda (do ponto de vista do passageiro que adentra o salão do veículo) pra quem pagava em dinheiro ao cobrador.

Na direita uma catraca automática, em que você depositava a ficha de vale-transporte e ela liberava a passagem automaticamente.

Os articulados da Urbs não tinham apenas a placa de cor diferente:

1992: surge o Ligeirão, com seus bi-articulados. 1ª linha: Boqueirão. Os busos eram cinzas. Depois voltaram ao vermelho.

Eles eram pintados de laranja, inaugurando essa cor no sistema. A Urbs mandou publicar um livro (3ª foto da sequência).

Depois nos anos 90 a flecha que era marca registrada de um grupo político se foi. Os expressos voltaram a ser vermelhos.

Vários dos articulados da frota pública foram repintados de rubro, pra puxarem seus últimos tempos como Expressos.

E antes de saírem do sistema puxaram linhas alimentadoras – esses foram mantidos na cor laranja – e inter-bairros, esses últimos repintados de verde.

Veja o Scania que inaugurou a Frota Pública na capa da publicação do livro (mais pra cima na página).

E já no fim da ida no Terminal Boqueirão, fazendo a linha alimentadora Parigot de Souza.

……….

Ligeirinho Mafersa da Viação Curitiba. No começo essa linha era municipal, chamada Leste-Oeste. Depois foi estendida ao Terminal Pinhais, na região metropolitana.

Detalhe: veja nas diversas fotos dos Expressos que as pessoas estão de costas pra janela. Era um traço característico da época.

Durante duas décadas e meia, do meios dos anos 70 até o fim dos 90, os Expressos de Curitiba tinham os bancos de lado.

Voltados pro salão do veículo, e não pra frente como é o habitual. Assim todos tinham que se sentar lado-a-lado, de costas pra rua.

Uma tradição que começou nos primeiros expressos Veneza em 1974 e que a Frota Pública manteve.

e-urbs frota publica (2)

Dos 13 primeiros da Frota Pública, 12 eram Caio (na foto o busão acaba de chegar e está em testes na Padre Anchieta, Bigorrilho).

Portanto vigente até eles saírem de circulação na virada do milênio.

Hoje não existe mais. Todos os ônibus de Curitiba atualmente têm os bancos voltados pra frente, como é em toda parte.

………

Outra mudança foi na numeração, padronizada agora com 4 números. O primeiro indicava o tipo de veículo. 8 eram os articulados.

Depois veio uma grande leva de Marcopolo Torino e Ciferal Alvorada, todos eles da Volvo. Esse ainda ostenta a flecha na lataria.

O segundo era a empresa, a Urbs recém-chegada ficou com o zero, a Luz com o 1, a Glória com o 6, e por aí vai.

O dois últimos dígitos eram a numeração do carro propriamente dita.

Aí a Carmo teve que aderir e numerar seus ônibus como todas as outras: seus articulados viraram 82XX, ou seja, 8234, 8210, etc. O mesmo valeu pra todas.

……….

Nimbus Haragano da Marechal ainda na pintura livre. Na época essa viação fazia o municipal de Curitiba e também uma linha metropolitana pra Tamandaré. Até o começo dos anos 80 ambos nessa cor.

Em 1989, quando veio nova gestão, a prefeitura retirou a flecha, emblema de seu antecessor e adversário político, obviamente. A inscrição ‘Propriedade do Povo’ foi mantida.

……..

Durante um breve período na virada dos 80 pros 90 tentou-se padronizar os expressos na cor laranja.

Influência pela escolha da Urbs quando adentrou o sistema, 

Mesmo modelo e viação já na pintura padronizada, saindo pro Guabirotuba. Hoje são micros na linha. Note a chapa mais alta, na grade, traço do Sudeste em pleno Sul. Outro detalhe: esse busão (ou outro do mesmo modelo e viação) operou em Campinas-SP sem repintar, mais uma ‘tabela trocada’.

Inclusive os não-articulados de empresas privadas.

Por isso vê um Caio Gabriela da Glória na linha Santa Cândida-Capão Raso nesse tom. 

O hábito de escrever a região da cidade em que os expressos operam é abandonado.

………….

Logo, a partir dos anos 90, os ônibus curitibanos não trazem mais os nomes ‘Norte’, ‘Leste’, ‘Boqueirão’, ‘Sul’ e ‘Oeste’ na lata.

Que foi a marca registrada dos expressos nos anos 80.

Na garagem da Curitiba outro Mafersa, esse Convencional (a viação gostava dessa marca, pelo visto); ao fundo Gabriela e Veneza.

………….

Em 1989 surge a linha Campina do Siqueira-Capão da Imbuia.

Integrando os eixos Oeste e Leste entre si, como já ocorria com o Sul e Norte.

Em 1991 nova inovação, implantam-se tubos, surge o ligeirinho.

A primeira linha foi o Boqueirão-Centro Cívico, que acabei de tomar pra chegar em casa, isso 24 anos depois, em 2015.

Gabriela da Luz. Note a porta no meio e a placa mais alta, configurações raras pra esse modelo em Curitiba. O letreiro alterna entre as linhas Tarumã e Paraíso. Até o início dos anos 90 ambas eram Convencionais não-integradas, iam até o Centro. Como já dito acima com a inauguração do Term. Bairro Alto a Paraíso foi seccionada ali e passou a ser Alimentadora; 5 linhas Convencionais são transformadas em Troncais – mesmo amarelas ligam o Centro a algum terminal, sendo portanto integradas. No caso do B. Alto, repito, são 5 Troncais: 371-Higienópolis, 372-Tarumã, 373-Alto Tarumã, 374-Hugo Lange, e a 375 que por décadas se chamou ‘Sacre Couer‘ (hoje aportuguesada pra ‘Sagrado Coração’). Dessas, a principal – que vai em linha reta pela Av. Victor Ferreira do Amaral – é a Tarumã, que tem viagens a cada 17 minutos (dados de 2023, quando atualizo a postagem); Higienópolis e Hugo Lange (essa integra na Linha Verde) também contam com uma frequência razoável, um ônibus a cada mais ou menos meia-hora; enquanto que a S. Coração e Alto Tarumã só possuem 1 ‘carro’ na linha em cada, apesar de irem ao Centro funcionam mais como Alimentadoras do terminal, e o intervalo entre as viagens é de perto ou mais de 1 hora.

E surge o Ligeirão. Os tubos são implantados também no corredor/canaleta da Marechal.

Assim os expressos do eixo Boqueirão passam a ter embarque pré-pago e em nível.

Tanto os ligeirões quanto os ligeirinhos são prateados.

Os ligeirinhos vem com a inscrição ‘Linha Direta’ na lataria.

………

No ano de 1992, mais mudanças: há uma cisão na Redentor se torna muito grande e há uma cisão.

Pegando linhas e veículos dela e alguns veículos da Glória (todas são do mesmo grupo) nasce a Cidade Sorriso.

Agora, contando com a Urbs (que tinha a posse de vários articulados), são 11 empresas.

O que inviabiliza o sistema de numeração, a não ser que se adicionasse mais um dígito.

Ao invés disso, tiraram um dígito e incluíram 2 letras:

Nasceu o sistema alfa-numérico de numeração. Que perdura até hoje:

Seletivo‘ (implantado por volta de 1975): micros em que só se viajava sentado, em poltronas mais confortáveis. Era mais caro. Depois rebatizado ‘Opcional’, operava nos bairros de renda mais alta – a definição não é das melhores mas dá pra ler que a linha é Jd. Social/Batel. Não pegou, extinto ainda nos anos 80. Veja um do mesmo modelo no ‘Seletivo Metropolitano’ pra São José dos Pinhais.

A 1ª letra se refere a empresa, a segunda ao categoria do veículo.

Já os números são a numeração do veículo dentro da frota de cada viação.

Por exemplo, a Carmo tem a letra ‘E’.

Logo, seus alimentadores são EA099, os convencionais EC010, por exemplo.

Já a Luz tem a letra ‘C’. Seus convencionais são CC120, e por aí vai.

Os alimentadores passam a ser laranjas.

Herdando a cor dos expressos que voltaram a ser vermelhos.

1992: Cidade Sorriso aparece, gerando a numeração alfa-numérica. No alimentador Pirineus, ainda amarelo. Logo viraria laranja.

E todas as categorias passam a ter escrito na lateral do veículo seu nome:

‘Expresso’, ‘Convencional’, ‘Interbairros’, ‘Alimentador’, além do ‘Circular Centro‘.

Nos anos 80, como vimos, apenas os interbairros vinham com essa indicação.

Os expressos vinham com a região que operavam, os convencionais não tinham nada escrito do lado.

……….

Enquanto que os alimentadores nem cor própria tinham, usavam os mesmo ônibus convencionais, portanto amarelos e obviamente sem nada escrito. 

O Circular Centro é uma categoria de apenas uma linha, que como o nome indica dá a volta ao redor do núcleo da cidade.

Duas linhas se você considerar os sentidos distintos como linhas diferentes, e assim a prefeitura conta.

Acontece que na prática é uma mesma linha, em sentido de ida e volta.

Esse articulado alemão rodou (na foto, pela empresa Cristo Rei na linha Centenário) em teste pouquíssimos dias aqui, em 1981. Não foi aprovado, devolvido ao fabricante. Mas apenas pra ser testado teve que ser inteiro pintado de vermelho. Nas décadas de 80, 90 e 2000 era veementemente proibido ônibus aqui em outra pintura, mesmo pra testes. Agora na década de 10 que esse rigor purista caiu.

É mais barata pelo curto trajeto. Operada apenas por micros, nos anos 80 já trazia seu nome pintado na lata, nos anos 90 permanece.

Atualmente, entretanto, isso foi abandonado. Os ônibus hoje não tem nada escrito na lateral além do ‘Cidade de Curitiba’ e a numeração

(Atualização: em 2020 o Circular Centro foi extinto.)

Enfim, galera, é isso aí. Adentramos até no comecinho dos anos 90. Um dia continuamos a partir daí.

Deus proverá”

 

10 comentários sobre “‘Leste’, ‘Norte’, ‘Oeste’, ‘Sul’ e ‘Boqueirão’: ônibus de Curitiba, anos 80.

  1. Sarmento disse:

    Parabéns pela matéria, muito boa pesquisa. Lembro quando vi dois exemplares da experiência com os ônibus Mercedes de 1981, um deles carroceria simples, vermelho, parado na Praça Carlos Gomes, na época pensei, finalmente teremos ônibus bonitos e modernos em Curitiba. Só sonho, continuamos tendo esses carros horríveis de sempre. Obrigado por trazer essa raridade.

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    • omensageiro77 disse:

      Pois é amigo. Há tempos sei que esse articulado alemão Mercedes fez testes em 1981. Agora, até esses dias não sabia que vieram dois ‘carros’, o outro não-articulado. Foi quando vi fotos deles na internet. Quem sabe numa atualização futura acrescento a imagem desse busão ‘pitoco’.

      Você sabia que um ano antes de Curitiba um veículo exatamente igual, porém tróleibus, fez testes em São Paulo pela CMTC?

      SP: a Revolução no Transporte

      Obrigado pelo comentário, abraço.

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  2. alexsandra serra disse:

    Gostaria de saber se alguem tem foto do vale transportes utilziado entre 1980 e 1985 acho, que era de papel, parecia um pedaço de cartolina ,

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    • omensageiro77 disse:

      Achei foto do bilhete. Ele só valia pro Eixo de Expressos do Boqueirão (linhas pro Hauer, Carmo e – como o nome indica – Boqueirão).

      Eu não me lembrava desse de papel, como meu apelido indica encarnei em 1977, mudei pra Curitiba em 1980 com 3 anos. Quando a Urbs implantou a ficha metálica eu me recordo claramente. Mas o VT da primeira metade dos anos 80 minha memória não alcançava, realmente.

      Hoje eu moro aqui no Boqueirão. Mas quando eu era criança, não vinha pra essa parte da cidade. O eixo de Expresso que eu usava era o Norte, pra Santa Cândida, e lá não havia essa modernidade. Nos eixos Sul (CIC, Pinheirinho, C. Raso e Portão), Leste e o Oeste tampouco.

      Porém apareceu na internet imagem dele. Atualizei a matéria.

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  3. LauroRM disse:

    Ei morava em Curitiba quando começaram a funcionar os expressos. Moro em Joinville e aqui o sistema integrado é uma droga. Esse sistema de Curitiba cairia como uma luva aqui e não é muito difícil de implantar, mas falta vontade política. Tem apenas duas empresas operando na cidade, um cartel com o apoio da Prefeitura, enquanto isso continuar o povo vai continuar sofrendo, e ainda pagando caro pelas passagens.

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    • omensageiro77 disse:

      Eu conheço o sistema de Joinville também, embora nunca tenha usado no dia-a-dia, só ocasionalmente como turista. Não estou dizendo que é uma maravilha, mas acho que Joinville também tem alguns pontos bons, como por exemplo todas as linhas são integradas, e você pode pagar em dinheiro ao motorista, mas é bem mais caro.

      Assim, 99% das passagens são pagas no cartão, mas se alguém é de fora, ou se é daí mesmo mas o cartão está descarregado, você não fica na mão, enquanto aqui em Curitiba hoje várias linhas só funcionam no cartão, e há muitos casos de gente que teve que ir a pé, pois são pouquíssimos lugares pra recarregar.

      Em São Paulo e Santiago do Chile, entre outras, você recarrega em qualquer esquina e não paga nada, aqui em Curitiba só há vários pontos no Centro, nos bairros só em terminais, e é cobrado R$ 1 (valor de dezembro de 16).

      Ademais, cartel por cartel aqui há um também, situação que se agravou com a ‘licitação’ de 2010. O sistema de Curitiba de fato foi modelo pro Brasil e pro mundo quando foi implantado.

      Mas há duas décadas não se investe de verdade no transporte coletivo, de lá pra foram feitos alguns terminais na região metropolitana e o 1º trecho da Linha Verde, mas é muito pouco. Tudo somado, aqui em Curitiba se repete a situação de Joinville, também estamos pagando caro por um transporte que tem deixado a desejar.

      E o povo percebeu isso. Tudo o que eu disse não é mera questão de opinião minha. Em 2015, o número de usuários de ônibus de Curitiba caiu nada menos que 8%, o maior índice entre todas as cidades pesquisadas. Contra números não há argumentos.

      O que prova aquilo que falei, o sistema de Curitiba foi realmente muito bom, mas há muito não se investe no setor como se deveria, resultando que os tempos gloriosos que você traz em sua memória já vão longe.

      De qualquer forma, está aí publicado seu comentário, agradeço a participação.

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  4. Jonatha Cardoso disse:

    Amigo, tenho que discordar de você em duas questões:
    1) SanRemo e Torino. Há diferença sim. Por exemplo, a janela do motorista e a frente. Você pode ver os primeiros Torinos, lançados oficialmente em 1983, aqui: http://4.bp.blogspot.com/-OgxnXo2TEs4/UJgxD9GgmiI/AAAAAAAAH3k/lZQdAw65ps0/s400/Folder-promocional-do-Torino-1983.jpg
    2) A numeração na Sudeste, em POA, não foi rebelde, pelo seguinte: Ela foi um grupo de empresas que se juntaram (Robilo, Murialdo, Partenon) pra formar o eixo da Av. Bento Gonçalves, em um sistema parecido com Curitiba, mas que não vingou. As empresas usavam o padrão das RUs (que são, sim, as RADIAIS urbanas). Porém, com a junção e criação da Sudeste, a numeração deixou de ser das empresas.

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    • omensageiro77 disse:

      Na verdade na questão do São Remo (eu sei que o nome oficial é San Remo, mas eu aportugueso tudo) e Torino a gente não discordou de fato. Eu não quis dizer que o último São Remo é exatamente igual ao Torino. O que eu pretendi expressar, não sei se eu escolhi direito as palavras, é que o último São Remo é muitíssimo mais parecido com o Torino que com o São Remo anterior, e vendo os faróis creio que você não vai contestar.

      Quanto a Sudeste, eu tinha conhecimento que ela é um consórcio, apenas não sabia exatamente quais empresas a formaram. Entretanto, o que apontei é que a Sudeste não usava o prefixo da R.U. antes da numeração do carro, enquanto outras viações faziam isso – como você se lembra, obviamente não pretendo ensinar o pai-nosso ao vigário.

      Pra ilustrar há essa outra postagem, não sei se você já viu:

      Nirvana sobre Pneus: a América e a Ásia são Uma e a Mesma‏

      Lá o 50-215 da Sopal e o 40-103 da VAP. Ambos trazem o prefixo da R.U., o que a Sudeste não fazia, exatamente como a Carmo aqui em Curitiba, e isso que coloquei como ‘rebelião’. Há uma regra que uma viação optou por não seguir, apontei esse efeito sem analisar as causas.

      Pra fechar, já corrigi no texto pra ‘Radiais Urbanas’, agradecendo sua retificação.

      Obrigado pelos apontamentos.

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    • omensageiro77 disse:

      Agradeço seu apontamento, e está aqui publicado tanto aqui quanto no corpo do texto.
      Porém, e as fotos o provam amplamente, pelo menos até 1976 os antigos ônibus convencionais – ainda na pintura livre, motor dianteiro, muitos deles Nimbus TR – também operaram na canaleta, dividindo o espaço com os vermelhões. Talvez a partir de 1977 ou perto disso, com a chegada de novas levas de Expressos – principalmente Nimbus Haragano – aí sim a canaleta ficou exclusiva pros de novo modelo, mas por um tempo os modais conviveram. Isso não é minha opinião, é um fato comprovado em várias imagens.
      Abraços.

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