Fenemê, eis o Pioneiro dos Pioneiros: “Não Abandona a Missão”

Super-Clássico caminhão FNM (nos detalhes o logotipo e as placas de Ponta Grossa-PR).

INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado (via emeio) em 26 de agosto de 2013, massivamente ampliado na hora de subir pra página.

Quase todas as imagens baixadas da internet, créditos mantidos sempre que impressos nas mesmas. As tomadas que forem de minha autoria identifico com um asterisco (*).

Prossegue a série sobre os Pioneiros no transporte no Brasil.

Ônibus urbano F.N.M. .

Fiz uma homenagem ao Jacaré Scania (incluindo seu irmão que era Cara-Chata).

Dois colegas me escreveram falando também do F.N.M., a antiga Fábrica Nacional de Motores.

Então, numa justíssima lembrança, produzi essa mensagem.

Carro F.N.M., com chapa amarela de 2 letras.

A FNM, conhecida na boca do povo como ‘FeNeMê’, foi a primeira fabricante de caminhões do Brasil.

Mais que isso, a primeira indústria automobilística nacional, incluindo todos os modais de veículos.

A companhia montava no Brasil sob licença caminhões e ônibus das marcas italianas Alfa-Romeu e Fiat (Iveco).

Ônibus rodoviário F.N.M. .

(Nota: por conta disso, essa mensagem irá incluir na homenagem os caminhões Fiat antigos ao redor do planeta.

Embora fora de nossa Pátria Amada eles não tenham nenhuma relação com a F.N.M.).

Tinha sua unidade fabril em Duque de Caxias, no Grande Rio.

Foi fundada em 1942, em plena 2ª Guerra Mundial, ainda na era Vargas.

FNM 7300, 1º caminhão nacional.

O presidente Getúlio Vargas foi um dos ‘Pais Formadores da Nação’.

E por isso há avenidas com seu nome em quase todas as cidades brasileiras, de Curitiba a Belém do Pará e além.

O grande precursor da industrialização brasileira, implantou por exemplo a Cia. Siderúrgica Nacional.

Mítico lotipo da FNM, veja que é claramente inspirado no da Alfa-Romeu (esq.).

Na mesma esteira, Vargas inaugurou também a Fábrica Nacional de Motores, F.N.M., repetindo.

Vamos reproduzir aqui algumas informações obtidas na página da Fenemê da enciclopédia Lexicar (várias imagens igualmente vieram dessa fonte):

A ideia inicial é que a FNM produzisse motores de aviões, pra ajudar no esforço bélico.

O tempo passa e em 1945 acabam tanto a 2ª Guerra quanto o governo de Getúlio.

Resultando que o projeto de ser uma fábrica de aviões é abandonado.

A FNM entra num período de indefinição. Pensaram em vender a companhia.

Entretanto houve forte oposição a ideia, assim por hora descartada.

Papa-Filas – carreta que puxa ônibus – FNM da CMTC no Centro de SP, anos 50 ou 60 (atrás Lojas Mappin, outro ícone da cidade).

Pra não ficar ociosa, ela começa a fabricar diversos produtos, de geladeiras a tratores.

Em 1949 a Fenemê passa a produzir caminhões, sendo então a 1ª montadora automobilística brasileira, enfatizando de novo.

A esquerda acima em preto-&-branco o 7300, primeiro caminhão produzido em série no Brasil.

A FNM importava desmontados os caminhões, de uma montadora italiana chamada Isotta Fraschini. E os montava no Brasil.

No início, as iniciais F.N.M. vinham em diagonal (repare na placa de 6 nºs, sem letras).

Acontece que no mesmo ano de 1949 a Isotta fecha as portas na Itália, deixando o ramo automobilístico.

(Nota: ao qual voltaria na década de 60, mas aí a FNM brasileira já não entra na história).

Então falemos dos Fenemês, pois é pra isso que estamos aqui.

Vimos mais pro alto o FNM 7300, 1º veículo produzido em escala industrial no Brasil. Era ‘bicudo‘ (motor saltado a frente da cabine).

Propaganda da era pioneira.

O modelo ‘cara-chata’, que caracterizou toda história da FNM, só viria no ano seguinte, em 1950.

Com a saída de cena da Isotta, em 1950 a FNM assina o contrato com a Alfa-Romeu, que é uma montadora da mesma forma italiana como é domínio público.

(Outra coisa, óbvio que no original é ‘Alfa-Romeo’, é que eu traduzo tudo pro português, o sabem.)

Seja como for, no início, os caminhões eram importados prontos porém desmontados da Itália.

Depois foi adotada essa cabine – também trazida da Itália – e o logo inspirado no Alfa (na próxima tomada “reclame” da época).

E apenas montados aqui. Tudo vinha de fora, inclusive os pneus.

A partir de 1953 começa o processo gradual de nacionalização:

As peças que já eram produzidas no Brasil eram compradas de produtores nacionais.

Assim se atinge o índice de 45% de nacionalização, incentivando a indústria brasileira.

No meio dos anos 50 a Fábrica Nacional de Motores faz nova tentativa de produzir tratores.

E no começo dos anos 60 passa a fabricar automóveis.

Ambas as iniciativas não renderam os resultados almejados e foram abandonadas.

A partir de 1964, com o início do regime militar, a FNM entra num período de incertezas.

Correntes contrárias tentam impor a solução que cada uma delas almeja:

De um lado há os que querem fortalecer a companhia, esses são os nacionalistas;

Enquanto que outro grupo que só via o viés econômico tenta privatizar a fábrica.

A princípio os nacionalistas levam a melhor: em 1965 o índice de nacionalização dos componentes atinge praticamente 97% das peças (93% do valor agregado).

Tentam inclusive lançar uma nova cabine, de desenho e produção nacionais, mas a ideia não vinga.

Veja a direita, a Cabine Futurama, projeto nacional pra ser adotado pela FNM – não foi aprovado..

Em 1968, no entanto, não tem jeito. A FNM é afinal privatizada.

Não abandona a missão: Fenemês rasgando as estradas desse Brasilzão.

A Alfa-Romeu assume o capital quase integral da cia., mais precisamente 94% – o governo federal mantém 6%.

O valor do negócio foi muito baixo, apenas 36 milhões de dólares.

Isso é o que foi pago pra que era a maior fabricante de caminhões do Brasil.

Fora muitas facilidades fiscais e alfandegárias também concedidas.

Mais o pagamento a prazo, com carência de 2 anos pra primeira parcela.

Segundo alguns, o governo brasileiro simplesmente ‘se livrou’ da Fábrica Nacional de Motores.

Praticamente “doando-a” a uma trans-nacional, acusam essas vozes.

Seja como for, em 1972, a Alfa-Romeu apresenta duas grandes inovações nos seus caminhões FNM:

1) A carreta com 4 eixos (2 deles sob a cabine), que permite o transporte de 27 toneladasanúncio ao lado.

Uma solução de engenharia corriqueira na Itália, mas inédita no Brasil;

2) Após muitas décadas, enfim os caminhões F.N.M.’s ganham nova cabine.

Digo, “nova” de forma relativa. O novo do Brasil era algo já descartado na Europa.

A cabine que passou a equipar os Fenemês havia sido usada na Itália entre 1958 e 64.

Aqui e a esq.: Alfa-Romeus na Itália. Repare na porta que a firma é de Nápoles.

Veja a propaganda a esquerda, que alardeia quando a “novidade” chegou ao Brasil.

Ilustrando com imagens: a direita e abaixo caminhões Alfa-Romeu em ação em sua terra-natal, a Itália obviamente.

O modelo se chamava ‘Mil’ (‘Mille’ no original como destaquei na tomada abaixo. Lembra do carro chamado ‘Uno Mille’? – bem, igualmente de origem italiana, né.).

Enfatizando novamente, os Alfa-Romeus ‘Mil’ usaram essa cabine até 1964. Em 1972 volta a ativa no Brasil.

Com essa decoração na grade, que lá era de fábrica, mas não existiu no Brasil.

Portanto estava em desuso a 8 anos na matriz, mas foi ressuscitada aqui. A grande novidade é a seguinte:

A partir da adoção desse novo desenho, todos os caminhões FNM passam a contar com cabine estendida.

Ou seja, havia um espaço atrás dos bancos pro motorista dormir durante a noite.

Virada dos anos 50 pra 60: a Belém-Brasília ainda estava em obras, mas o FNMezão já consegue passar.

E isso, repito, em todos os Fenemês, sejam caretas ou pitocos (caminhões curtos, não-articulados). A distinção é importante, e logo entendemos o porquê:

A partir dos anos 70 (quando a FNM ainda está ativa) e pelas décadas de 80 e 90 a maior fabricante de caminhões do Brasil foi a Mercedes-Benz.

E nos Mercedes apenas as carretas tinham cabine estendida, os pitocos quase sempre não.

Observe a imagem a esquerda abaixo, “se um clássico é bom, imagine dois juntos”:

Um FNM azul (já assinado como Fiat) ao lado de um 11-13 Mercedão vermelho – ambos com ‘rodo-ar’, alias.

O Fenemê tem cabine estendida, mesmo sendo curto (não é carreta). O Mercedes não conta com esse melhoramento.

Isto posto, voltemos a linha do tempo de nossa história.

Em 1973, nova reviravolta. A Fiat assume 43% do capital da FNM.

Se vai o tradicional logotipo da Fenemê, que fora inspirado no da Alfa-Romeu.

Entre 73 e 77, os caminhões são anunciados como Fiat/FNM.

Porém em 1976 a Fiat assume a totalidade das ações da Alfa na Fábrica Nacional de Motores, passando ela, a Fiat, a ter 94% da empresa o governo brasileiro ainda permanece com 6%.

Assim a partir de 77 desaparece qualquer referência a F.N.M. .

Os veículos passam a ser assinados somente como “Fiat”.

Esse foi fabricado entre 1972 e 1976: cabine ‘nova’ (no Brasil), mas ainda assinado ‘F.N.M.’vemos a estrela da Texaco, rede de postos estadunidense que deixou o Brasil em 2008.

O tempo passa, e em 1985 a Fiat decide encerrar a produção de veículos pesados em solo brasileiro.

É o fim da Saga da Fábrica Nacional de Motores, que se iniciara nos anos 40.

Posteriormente, após o encerramento das atividades da FNM, o mesmo barracão que a sediou abrigou a Ciferal (Cia. Industrial de Ferro e Alumínio).

Depois a Ciferal também veio a pique, e foi comprada pela Marcopolo.

Isso já é outra história. Vamos mantendo o foco em nosso tema de hoje:

Anúncio do período 1972-76.

A F.N.M., popular FeNeMê fabricou até carros, vocês sabiam dessa?

Eu não sabia, descobri quando produzi essa mensagem.

Nesse modal igualmente havia importação das peças da Itália e montagem no Brasil sob a égide da Alfa-Romeu.

Os carros de passeio FNM/Alfa – que nunca agradaram ao mercado de forma plena – foram produzidos na planta da FNM no Grande Rio até 1978.

Essa e a próxima: por um tempo caminhões vieram assinados com os 2 logos, Fiat e F.N.M. (com o lema “Uma Força Brasileira”).

Até que nesse ano de 78 a produção de automóveis Alfa foi transferida pra unidade fabril que a Fiat inaugurara 2 anos antes em Betim, na Grande Belo Horizonte-MG.

Assim, no começo dos anos 80 os sedãs Alfa-Romeu fizeram grande sucesso no Brasil.

A importação de veículos era proibida na época, ou ao menos enormemente dificultada.

Melhor pros Alfas, que supriam boa parte desse nicho de carrões possantes e de luxo.

Em 1986, entretanto, a Fiat decide encerrar a fabricação da marca Alfa-Romeu no Brasil.

Porém aqui estamos mais uma vez fugindo do foco da reportagem.

Nosso tema de hoje são veículos pesados, de carga (e eventualmente ônibus).

Em breve qualquer referência a FNM foi abandonada, e os caminhões passaram a vir só com a marca Fiat (foto em Ponta Grossa).

Por conta disso, enfatizando novamente, a matéria também vai mostrar caminhões Fiat/Iveco antigos, espalhados pelo mundo.

Pra escrever o texto contei com a ajuda daquele colega que é especialista em tudo que tem motor.

Ele que decifra pra nós, que não temos tanto conhecimento, como essas máquinas funcionam.

Ele me escreveu, sempre com a fonte azul que é sua marca registrada.

Havia este modelo de cabine – nesse caso não-estendida, pois era pra caminhões menores (o da foto fabricado em 1979, e emplacado em São Gonçalo, no Grande Rio).

(Os grifos são meus e não constam no original. Reproduzo suas palavras):

”   Cabe explicar que eu não sou especialista, mas apenas um entusiasta do automobilismo.

Sou automobilista. De quando em quando sacio minha curiosidade sobre as coisas da mecânica.

Isto posto, o Jacaré sem dúvida contribuiu (e contribui, como você bem frisou) com o desbravamento do país.

Mas é necessário lembrar nossos heróis de primeira mão, aqueles que inauguram maior escala:

E o desenho quadrado era pra carretas.

Me refiro aos Alfa Romeo fabricados sob licença no Brasil pela Fábrica Nacional de Motores – FNM.

Que também tinha um ronco bem característico, além de “caixa seca” e duas embreagens (uma para as marchas reduzidas e outra para as “altas”).

Antes deles, algumas unidades pontuais de caminhões (inclusive eram mais comuns motores a gasolina) da GM e Ford.

Próximas 3: FNM-Cenário (*). Em posto de gasolina na Régis Bittencourt, a BR-116, na região de Registro-SP, você sobe na cabine e tira fotos como se estivesse dirigindo o bichão.

Importadas e feitas aqui sob regime CKD – (“Completely Knocked Down”) – completamente desmontados.

Esses sim foram os pioneiros de fato nas décadas de 20 e 30 do século passado.

Eram versões civis muito similares ao Opel Blitz, famosa “mula de carga “, da Wermacht durante a segunda guerra.

E que originalmente era um projeto da Ford feito sob licença.    “

Fotos com asterisco ‘(*)’ são de minha autoria.

………..

Volto eu, O Mensageiro. Um dia faremos uma postagem pra lembrar também essas duas montadoras estadunidenses:

Trata-se, óbvio, dos caminhões GM e Ford, que foram os pioneiros importados nas décadas de 20 e 30 do século passado.

E depois foram fabricados no Brasil (os GM até os anos 90, os da Ford até 2019, quando a matriz nos EUA anunciou o fechamento da fábrica).

Texto que há na placa ao lado (*).

Em breve subo essa matéria, aguarde. Agora o que respondi a ao nosso colega que escreve em azul:

”  Essa série automotiva está sendo re-alimentada por ti e por um outro colega.

Ele exatamente lembrou também do FNM. E ‘a voz do povo é a voz de Deus’.

Então a série prossegue, com as informações que adicionou.  “

Fiquei sabendo esses dias da segunda embreagem, veja você.

FNM preservado, utilizado em corridas de “Fórmula Truck”.

Numa dessas respostas recebi um vídeo do cara guiando o FNMezão.

Tipo, nem precisava fazer academia, o bíceps fica gigante.

Seguem os vídeos (quando joguei a matéria na rede, em abril de 19, testei e todos eles abriram.

Caso alguma ligação venha a morrer e não abra, me avise nos comentários que eu substituo, sendo isso possível evidente).

No Brasil, carregando toras.

E arriscadíssimo, alias. Como veem no filme, o FNM tinha dois câmbios.

Assim, as vezes o cara precisava usar as duas mãos pra trocar de marcha. E aí largava o volante.

Exatamente isso, o braço direito estava na embreagem de baixo.

Mesma cor e modelo, porém fotografado agora na Itália, sua terra-natal.

O cara tinha que passar o braço esquerdo por sobre o volante.

Largando-o portanto, pra poder acionar a embreagem superior.

Felizmente os veículos da época eram um trator, bem mais lentos.

E certamente sem direção hidráulica, então era mais difícil tirar ele da rota.

Se você fizer isso num caminhão moderno, que a direção é levíssima, ele voa pra fora da estrada.

Os tempos eram outros, tinha que rasgar esse Brasilzão no muque.

Pros grandes trabalhos, um grande caminhão. Tem que ser assim.

Aí entrava o FNM. ‘Deixa comigo’, ele dizia. Assumida a tarefa, partia pra cumprí-la.

Pioneiro é pioneiro, amigo. Aquele que ‘jamais abandona a missão’.

Ainda na Itália, mas agora foto recente (esse exemplar circulou pelo menos até 2010), note as chapas da União Europeia (U.E.), que são padronizadas – brancas com faixas azuis – pros seus 28 páises-membros.

Então aqui a homenagem. O Fenemezão era louco, e até ônibus ele carregou nas costas. Não recusava nada.

Alias, um detalhe sobre a foto ao logo abaixo. Aqui entremos na busologia, que, o sabem, é minha especialidade.

É um Papa-Filas, cavalo FNM, da então viação pública municipal paulistana CMTC, foto tirada em cerca de 1961.

E sabe qual é a linha? “Osasco”. Peraí, eis a reação inicial de muitos.

Papa-Filas da CMTC em Osasco, 1961. Osasco ainda era um bairro de São Paulo capital.

Se a CMTC era municipal de São Paulo, como ia pra Osasco, que é outro município?

Simples: hoje é, mas um dia não foi. Osasco pertenceu a São Paulo até 1962.

E como parte do município de São Paulo que era, tinha linhas da CMTC a servi-lo, inclusive Papa-Filas, como observa.

Alias, algumas fontes dão até o nº da linha, essa era a linha 95, segundo dizem.

Inglaterra (volante invertido), placa pré U.E. .

A CMTC foi privatizada em 1993. Mas antes disso ela marcou época no transporte paulistano e brasileiro, e quem viu sabe.

……..

Os caminhões Fiat foram muito populares na Itália, por motivos óbvios né?

Afinal a Fiat é italiana até no nome: se alguém não sabe, ‘Fiat’ é uma sigla.

Austrália, com o volante a direita também.

São a iniciais (em italiano como em português) de ‘Fábrica Italiana de Automóveis Turim’.

Além disso, os caminhões Fiat fizeram sucesso também na Inglaterra.

Achei fotos deles na Dinamarca e Holanda, mas nesse caso podem ser caminhões ingleses na Europa Continental.

Alias alguns Fiat fotografados na Itália, Holanda e Dinamarca têm o volante na configuração inglesa, a direita.

Buenos Aires, Argentina, 2017 (*).

E uma imagem na Austrália – bem, essa é parte da Anglosfera.

A cultura australiana é muito similar a inglesa, da qual se originou.

Aqui na América, os caminhões Fiat são comuns na Argentina.

Fiatzinho do modelo menor (cabine arredondada e não-estendida) na Inglaterra.

Fotografei pessoalmente Fiat cara-chata em Buenos Aires, confira a esquerda.

A frota pesada desse vizinho país é parecida com a composição brasileira.

Vamos pra África? Estive na África do Sul em 2017 e não vi nenhum caminhão Fiat dos modelos mais antigos (que são nosso tópico hoje).

Pela internet constato que eles fizeram muito sucesso na Etiópia e Nigéria, pelo menos.

Também na Inglaterra: fora que tem 4 eixos, repare no detalhe em torno e sobre a grade de respiro. Essa decoração não existiu no Brasil, mas foi comum na Europa e na África.

Bem, a Etiópia chegou a ser colônia italiana por um breve período.

Assim, os caminhões e ônibus da Etiópia até os anos 90 eram marcadamente da marca Fiat.

Repare na foto um pouco mais pra baixo a esquerda, a de uns ônibus vermelhos que diz ‘Adis-Abeba’ na legenda.

Vemos ali a capital da Etiópia, 1994. Velhos busões da cia. estatal de transporte.

Os veículos eram velhos e sucateados, literalmente caindo aos pedaços.

A internet diz que a foto foi feita na Holanda.

Até que já nesse milênio chegou grande aporte diretamente da China.

Aí a polaridade se inverteu: hoje Adis-Abeba tem moderno sistema de transporte.

Com VLT (‘bonde moderno’ ou ‘metrô leve’) e ônibus articulados.

Essa história já contei outro dia. Voltemos pro que nos importa aqui:

Dinamarca, veículo pertence a um circo inglês (de novo detalhe em torno e sobre a grade).

A frota de ônibus da capital da Etiópia era composta basicamente por Fiats.

E essa mesma preferência se repete nos caminhões: os Fiats dominaram as estradas etíopes.

Já quanto aos carros, aí não realmente deu pros italianos:

O Fusca indubitavelmente é a grande a paixão da Etiópia.

Etiópia, África, grade contornada e cruzada.

As baratinhas são muito queridas lá. Muito comuns mesmo agora no fim da segunda década do século 21.

Só que essa também é outra história, que igualmente já contei – ricamente ilustrada – em distinta ocasião.

………

Posto que falamos no Papa-Filas, enxerto aqui parte de outro emeio.

Adis-Abeba, Etiópia.

Que afinal falou do mesmo tema, reforçando as informações acima.

Foi publicado em 4 de fevereiro de 2013, alguns meses antes do material reproduzido acima portanto.

Falemos do “papa-filas”, que é nada mais que uma carreta de caminhão.

Porém o reboque, a carreta em si, é uma carroceria de ônibus.

Nigéria (ao fundo a placa diz ‘Lagos’, na época capital do país), também África mas distante da Etiópia: Fiat cara-chata com detalhe na grade.

E, não todos, mas boa parte dos Papa-Filas brasileiros eram puxados por carretas da FNM.

Famosíssimos em Cuba, onde são apelidados “camelos”, esses bichões rodaram e ainda rodam aqui no Brasil também.

Veja as fotos da “Rodoviária do Plano Piloto”, em Brasília, década de 60.

Mostram papa-filas da TCB (Transportes Coletivos de Brasília), viação estatal que ainda existe.

A esquerda, “Rodoviária do Plano Piloto” em 8 de outubro de 1967.

Retratados estão diversos FNM’s, com linhas de “Papa-Filas” para Taguatinga (via Núcleo Bandeirante) e Gama (via Eixo) [créditos da imagem: arquivo da Novacap].

Curitiba, 1974: a Revolução Começou! Canaleta de Expresso na Boa Vista (Av. Paraná, continuação da João Gualberto) ainda em obras, sendo usada por ônibus convencionais – pintura livre multi-colorida e entrada por trás. O busão era um FNM.

Como dito em outra mensagem, “Rodoviária do Plano Piloto” é a rodoviária pioneira, original, da então (na época dessas tomadas) novíssima capital federal.

Da inauguração da cidade em 1960 até 1980, ela acumulou dupla função.

Era tanto Rodoviária mesmo, entretanto desempenhando igualmente o papel de Terminal Central dos ônibus urbanos, ponto inicial do transporte coletivo da capital.

(Obviamente nota-se que por 2 décadas os modais conviveram.

O local foi usado por ônibus inter-estaduais de longa distância ao lado dos veículos urbanos com 2 portas e catraca.)

Boa Vista, Zona Norte de Curitiba, 2014 (*): flagrei um velho Fenemezão ainda na ativa!

De 1980 pra cá, ela é só o terminal urbano, desde então os ônibus de viagem param em outros lugares.

Falamos da “Rodoviária PP”, que é como o local aparece no letreiro dos ônibus candangos.

Agora, discorramos sobre os veículos que ilustram as fotos.

É aqui que vamos adentrar em nosso tema de hoje, inclusive iremos recapitulando informações já grafadas acima.

Vemos em ação imponentes FNM’s, da extinta “Fábrica Nacional de Motores”.

Essa marca só quem tem mais de 30 é que presenciou rodando nas ruas e estradas do Brasil.

(O texto é de 2013. Quando subo a matéria pra rede em 2019 podemos atualizar dizendo que “só quem tem mais de 40 viu ao vivo“).

Na imagem a direita, de novo a Rodoviária P.P. de Brasília:

Mais uma Papa-Fila ‘Fenemêzão’, e depois um ônibus Mercedes Benz Monobloco.

Ambos na pintura azul que caracterizou várias fases da boa e velha TCB. Bons tempos…..

Já seguimos com o texto. Antes uma pausa pra fotos. Ao lado: “Tá de Brincadeira?”

Sim. é um FNM de brinquedo, uma cegonha. Miniatura bem feita, concordam?

Etiópia, África: 3 Fiats juntos é demais !!!

Agora mais caminhões Fiat circulando no ‘Continente Negro’.

Ao lado logo 3 de uma vez na Etiópia, sempre com o contorno e faixa de metal sobre a grade – o vermelho tem placas da União Europeia (situação que também é comum no Paraguai).

Brasil: 1 é pouco, 2 é bom, e 3 Fenemês perfilados juntos é demais !

3 É DEMAIS !!! AGORA NO BRASIL –

Seguimos na mesma frequência, mas agora de volta a nossa nação

Ao lado 3 Fenemês em tomada da época que eles operavam.

Daí todos têm chapa de 2 letras (imagem em baixa definição, desculpe).

3 juntos, de novo: Brasil, 2011.

Não para não. A direita mais 3 FNM’s, dessa vez em tomada de 2011.

Eeles foram preservados, ou seja são ‘caminhões-museu’ (por isso chapa de 3 letras, 2 delas cinzas). Partiram do Rio de Janeiro com destino a Bahia.

Itália, 2011.

Agora Fiats na Europa. Começamos ao lado por esse cavalo-mecânico. Foto com certeza na Itália, provavelmente em Bolonha.

Já está escrito ‘Iveco’ (sigla em inglês de Companhia Industrial de Veículos). Tem 2 eixos que giram sob a cabine, e circulou no mínimo até 2011. Atrás uma viatura de polícia.

Araraquara-SP: tróleibus FNM/Massari (já falo mais da encarroçadora).

A FNM era sediada no Rio de Janeiro e de capital nacional como o nome indica.

Primeiro produzia veículos Alfa-Romeu, e posteriormente Fiat, nos anos 70.

Os caminhões são cara chata, que era o padrão da primeira leva de caminhões fabricados no Brasil.

O mundo gira, não? Nos anos 50 e começo dos 60, a imensa maioria dos caminhões feitos no Brasil eram “cara-chatas”.

Essa é a foto acima da manchete: emplacamento que vigorou ate os anos 60, só nºs, sem letras, e vinha (prov.) ‘Maricá – RJ’, e não ‘RJ-Maricá’ como foi nos dois modelos seguintes, de 2 e 3 letras respectivamente.

Dos anos 60 até o começo dos anos 2000, a polaridade se inverteu:

Os “bicudos” (com motor saliente) reinaram absolutos, os poucos “cara-chatas” eram a exceção.

Agora, na década de 10, voltamos a como era quando tudo começou.

Os cara-chatas dominam amplamente, os bicudos é que são raríssimos.

Natal-RN: Papa-Filas militar (Aeronáutica).

Se serve de consolo, na África do Sul a monotonia nas estradas é ainda maior.

Lá, 99% dos caminhões são cara-chatas, o que é uma pena, os ‘monstros de metal’ ficam todos parecidos.

Até aí não difere tanto assim do Brasil, aqui entre os novos a proporção é perto disso também.

Tem mais: na África de Sul se tudo fosse pouco 90% dos caminhões são brancos.

Carro-picape da própria F.N.M. .

Como quase não há diferenciação entre as marcas, o que você vê é um mar de carretas, uma idêntica a outra.

Aqui, falamos de caminhões, e não de ônibus. Será mesmo?

Pois os papa-filas são evidentemente híbridos entre caminhão e ônibus.

Uma trans-genia motorizada, se você preferir chamar dessa forma.

Transição: o da esquerda na cabine simples e logo da Alfa-Romeu (não-visível na imagem), que foram usados até 1972; o da direita com cabine estendida e emblema da Fiat.

Que assim permitem a incursão de nós busólogos no quintal do vizinho.

……

Comentemos um pouco das fotos espalhadas pela mensagem.

Volte na 4ª imagem da matéria, no topo da página, onde diz “Ônibus rodoviário F.N.M.”. Alguns detalhes:

O nome da viação vinha escrito no teto, sobre as janelas. Era o padrão nas empresas de viagem a época.

Outra transição: o caminhão já vem assinado ‘Fiat’, sem escudo da F.N.M. . Aí o motorista providenciou o logotipo da FNM num adesivo e colocou no vidro de trás.

Basta você ver que a Cometa usou essa configuração até pelo menos o fim da primeira década do novo milênio.

Ela mantinha a pintura ‘Flecha Azul’ que fora criada nos anos 60, e ali o ‘Cometa’ vinha no teto. Diversas outras empresas de ônibus faziam o mesmo, de Sul a Norte do país;

O eixo dianteiro vinha a frente da porta, ou seja sob o motorista. Era o que estava em voga na ocasião. E foi comum até os anos 70 principalmente.

O pai dirige a carreta F.N.M., o filho também!

Ainda assim vemos casos nos anos 80 (muitos articulados) e mesmo nos 90. Pôr o eixo o mais a frente possível no chassi fez especial sucesso no Rio Grande do Sul.

E bem, estamos falando justamente de um ônibus gaúcho.

Em tempo: pra fecharmos esse tópico, em 2019 Curitiba recebeu uma leva de bi-articulados. São Caio/Scania, e eles também têm o eixo sob o motorista (confira matéria específica, com muitas fotos);

Próximas 3: Fenemês e Mercedes lado-a-lado. Nessa uma carreta que trabalha no porto, ao fundo vemos um Scania novo.

– A placa ainda é a que vigorava nos 60 – só tem números, sem letras.

E a cidade vinha antes da sigla do estado, está escrito ‘Santa Maria – R.S.’, e não ‘RS-Santa Maria’, como ocorreu depois.

Exemplifiquei isso de novo a pouco na legenda da foto da carreta de Maricá-RJ, a mesma que está acima da manchete.

Mercedão cara-chata (fabricado nos anos 50).

Esse modelo de emplacamento pioneiro vigorou de 1941 a 1969.

Não havia letras, só números. Isso acabei da dizer, e ademais é notório.

O que quero colocar é: a quantia de dígitos variava conforme o estado. Os estados com menos automóveis tinham de 4 a 5 dígitos.

Ráá!! O Mercedes não aguentou, pediu arrego pro FNM/Fiat, acabando na caçamba.

Nos estados com maior população a época tiveram até 6 dígitos (temos aqui um exemplo do Rio Grande do Sul), embora houvessem neles também placas com menos dígitos.

São Paulo foi o único estado que chegou a contar com algumas placas de 7 dígitos (algumas, não todas. Também haviam chapas com 6 ou menos).

Pois desde aquela época é o estado mais rico e populoso da nação. Assim ali haviam mais veículos emplacados, eram necessárias mais combinações obviamente.

E agora??? Dessa vez foi o FNM que pediu água, foi  carregado pelo Scania (no para-choques ainda está escrito ‘Scania-Vabis’.

Fora de SP, a maioria das fotos da época mostra placas de 5 dígitos, no Rio de Janeiro e Paraná já presenciei exemplos, embora nesses dois também haviam chapas com 6 dígitos.

Enquanto que em algumas unidades da federação com menos população e consequentemente menos carros  eram somente 4.

Estamos falando das décadas de 40, 50 e 60, quando a motorização era infinitamente menor.

Ônibus FNM liga o Centro a Vila Formosa, na Zona Leste de SP – ainda na pintura livre (portanto antes da padronização ‘Saia-&-Blusa’ de 1978), com eixo a frente da porta, nome da viação no teto e capelinha (embora sem uso) – atrás vem um Fusca-Táxi. Um leitor acrescentou valiosas informações: “A empresa era Cia. Auxiliar de Transportes Coletivos, ficava na Rua Padre Adelino no bairro Belém. Tinha vários ônibus Fenemê“. Conhecia a Auxiliar na padronização na cor rosa, não sabia que essa era sua pintura livre.

Já vi (pela internet, não pessoalmente) placas da época com apenas 4 dígitos, não lembro de qual estado.

Como vimos o estado ganhava mais combinações conforme sua frota crescia.

Outra coisa, lembre-se que até 1975 o município do Rio de Janeiro não fazia parte do estado do Rio de Janeiro.

Até 1960 o Rio era a Capital da nação, portanto era nosso Distrito Federal.

E de 1960 a 1975 o município do Rio de Janeiro foi um estado, o estado da Guanabara.

Pro que nos importa aqui, até os anos 60 as placas de carro no Brasil não tinham letras.

Só contavam com números, e a quantia de dígitos podia variar.

Falar em capelinha, papa-fila no Rio com esse equipamento (a foto parece ter sido colorizada no computador).

Nos anos 70 veio novo modelo de emplacamento: 2 letras, depois 4 dígitos, agora padrão, pra todos os veículos, todos os estados.

E a sigla do estado vinha antes da cidade. Perdurou até os anos 90. Os carros de passeio usavam a cor amarela.

A frota comercial (caminhões, ônibus, táxis) era de chapa vermelha, e os de propriedade estatal chapa branca.

Haviam outras categorias, como carros de auto-escola, antigos preservados, etc..

Próximas 3: Fenemês preservados, caminhões-museus.

Esse tinham outras cores, cada um sua tonalidade própria.

Citei o vermelho, amarelo e branco pois me fixei nas 3 mais comuns.

Nos anos 90 foi implantado o modelo com 3 letras e 4 dígitos. Automóveis de uso particular adotaram chapa cinza.

O resto não mudou em relação ao que ocorria anteriormente:

Os veículos pesados e taxis seguiram com placas na cor vermelha. Já os carros oficiais ostentavam as chapas-brancas.

Continuaram cores especiais pra categorias especiais:

Esse é um dos que participou da viagem festiva Rio-Bahia, em 2011.

Verde ‘em protótipo’, preto pra antigos preservados, fundo branco com letras vermelhas pra auto-escola, etc. .

E a sigla do estado e nome do município permaneceram na parte superior.

Agora na virada de 2018 pra 2019 veio nova configuração, comum pra todo Mercosul.

A Argentina já faz a mudança desde o final de 2016, o que constatei ‘in loco’ em 2017.

No Brasil são 3 letras, 1 dígito, mais 1 letra, e fecha com mais 2 dígitos.

Essa foto parece ter sido tirada no CIC, Z/O de Curitiba, mais precisamente na Av. Juscelino Kubitschek, a marginal do Contorno Sul (BR-376).

Todas as placas são de fundo branco. Muda a cor das letras pra indicar se é comercial, oficial, etc.

O mais triste, lamento, é que não há mais o nome do município nem estado.

Quando a mudança for concluída, não saberemos mais de onde são os veículos que vemos nas ruas.

Não entendi o porque o Brasil eliminou uma tradição de muitas e muitas décadas.

O Fenemê construiu esse país.

Enfim, acho que muitos confundem estupidez com ‘progresso’, temos que nos conformar.

……….

Vimos vários papa-filas, tanto da CMTC (estatal paulistana) quanto de viações particulares do RJ.

Do de SP já comentamos. A direita em preto-&-branco um papa-filas do Rio de Janeiro.

Em foto dos anos 50 – quando o Rio ainda era capital, portanto.

Com “capelinha” e tudo. Se você não é busólogo, não saberá o que é capelinha.

Então eu digo: é aquele letreiro proeminente, saltado, que abriga o número da linha, acima do letreiro em que vai o nome da mesma.

Próximas 2: Fiat menores, pra entregas urbanas.

Em papa-filas, é a primeira vez que vejo capelinha, é fato.

Todavia, nos ônibus normais foi extremamente comum em São Paulo, Rio e Belém do Pará até os anos 80 (no Rio até os 90).

Porto Alegre-RS, Belo Horizonte e Brasília-DF também tiveram capelinhas, mas em escala bem menor.

O modelo com farol no alto era o micro.

Eventualmente houveram casos esparsos em outras cidades do Brasil também.

Na mesma época, houve capelinha em diversos países, de vários continentes

Chile e Uruguai na América, Grécia e Holanda na Europa, Egito na África, talvez hajam mais casos. 

No entanto, a capelinha foi extinta em escala global. Exceto na Tailândia.

Nesse país asiático os busões ainda contam com esse equipamento.

Voltando a falar dos Papa-Filas, eles existiram nos anos 60 e 70 em várias partes do Brasil:

No Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e na cidade de Rio Grande-RS.

Carreta Fiat na Argentina.

Já nos anos 80, houve também um papa-filas em Manaus-AM.

Nesse caso o cavalo-mecânico era um Volvo ‘Faixa Azul’, produzido no Brasil, na fábrica inaugurada aqui na cidade de Curitiba no ano de 1979.

Obviamente, é um caminhão bicudo, com motor a frente (publiquei essa imagem em outra matéria específica sobre a Volvo).

Ainda sem placas.

Repetindo, os bicudos foram hegemônicos dos anos 60 aos 90.

Brasília, São Paulo, Rio e Manaus não têm mais papa-filas.

São lembranças de um momento que já se foi a muito tempo.

No entanto há pelo menos uma cidade brasileira em que esses bichões ainda rodam:

É Balneário Camboriú-SC. Lá, é chamado carinhosamente de “Bondinho”.

E opera em algumas linhas que servem a Avenida Atlântica, a beira-mar.

No entanto, não é em linhas regulares, transporte de massa.

Os Bondinhos do Balneário, como acabo de dizer, servem a orla.

Trata-se da versão local da Linha Turismo, mais cara, destinada a tursitas e a classe média-alta.

Andei neles no ano de 1998. O caminhão é obviamente um ‘Volkswagen’.

E é um cara-chata, porque é novo. Tudo é cíclico, não é mesmo?

………..

Agora um emeio de 28 de agosto de 2013, alguns dias portanto após a troca de correspondência que deu origem a essa mensagem.

O assunto era justamente “do F.N.M./Massari ouvi falar”. Escrevi na ocasião o seguinte:

Vamos Seguindo a série sobre ônibus e caminhões.

Dois colegas me enviaram esse vídeo institucional da antiga F.N.M. .

A Fábrica Nacional de Motores, que ficava como já dito em Duque de Caxias-RJ. Confira com seus próprios olhos. Fogo no pavio.

Aqui uma carreta no Oeste do PR.

Como comprovarão se o assistirem, no final aparecem alguns ônibus.

E um colega me perguntou se eu os reconheço. Responderei publicamente agora.

Não, não conheço aquele modelo. Apenas vi que são de carroceria Massari.

Esse nome não me é estranho, mas também não me é totalmente familiar.

Scania ou Fiat? Os faróis e logo são Fiat, mas a frente é de Scania. Claro que só poderia vir de Foz do iguaçu-PR !

Nota-se que esse vídeo é dos anos 60. Eu só conheço em profundidade os ônibus que foram fabricados a partir da década de 70.

Porque esses circularam até os anos 80, e portanto eu presenciei.

………..

MASSARI, ASCENSÃO E QUEDA –

Pra escrever essa mensagem fui pesquisar e vi que a Massari era uma montadora de chassis e carrocerias.

Publicada na época numa revista.

Ela tinha sua planta industrial na Zona Norte de São Paulo, as margens da Via Dutra.

Então vamos sair um pouco do foco principal que é a FNM e contar um pouco dessa montadora.

(Pra isso ainda mais uma vez vamos pedindo ajuda a Enciclopédia Lexicar):

A Massari começou a operar na década de 50, teve seu auge nos anos 60.

Seu maior sucesso foram justamente os Papa-Filas, carretas que puxavam ônibus, o ‘pai do articulado’.

No fim da mesma década de 60 a Massari interrompe a produção de ônibus.

Em 1976 há uma tentativa de retomada: a empresa produz uma leva de tróleibus pra Araraquara. Alias, já que falamos nessa importante cidade do Interior Paulista.

Mais ou menos nessa época Araraquara conseguiu uma façanha:

A cidade não tinha ônibus a dísel, só tróleibus. Sim, é o que você leu.

Nos anos 80, talvez já no final dos 70 e quem sabe até antes, Araraquara tinha 100% da sua frota de ônibus no modal elétrico.

Vemos 2 anúncios, aqui do modelo de viagem, depois o automóvel.

Com fiação suspensa e tudo, óbvio. As linhas de tróleibus chegavam até os bairros mais distantes, na Zona Rural do município.

Um feito inédito no Brasil e raríssimo mesmo em nível global. E a Massari foi parte dessa inesquecível conquista.

Na mesma ocasião estava sendo construída a Usina de Itaipu em Foz do Iguaçu-PR, então na época a maior hidrelétrica do planeta.

A Massari produziu mais alguns Papa-Filas que foram usados pra levar os peões pro local da obra..

No entanto, fica nisso. A Massari não volta a produzir ônibus. Em 1981 pede concordata.

A partir dos anos 80 se dedica a fabricar carros-fortes, ramo que chegou a liderar no mercado nacional.

Em 1993 se transfere pra instalações mais modestas na Região Metropolitana da Capital Paulista.

Pouco antes da virada do milênio baixa as portas em definitivo.

Enfim, pessoal, assim foi a Saga da Fábrica Nacional de Motores, a F.N.M. ou ‘Fenemê’ pros íntimos – e pra contá-la demos um pega até na Massari.

……….

A reportagem ainda não terminou, ainda veremos muitas fotos.

Esse ao lado já caminha pra aposentadoria, não concordam?

Na sequência horizontal a seguir, mais Fenemês ‘Papa-Filas’:

Fiats quadradões, o modelo das carretas, note que o farol era quadrado e no para-choques.

Caminhões Fiat pequenos, curiosamente todos marrons/beges.

Voltando ao Fenemê, primeiro o modelo mais antigo, com as iniciais na diagonal.

O último modelo, fabricado a partir de 1972.

Agora o modelo clássico, o que tinha o logotipo inspirado no da Alfa-Romeu.

Descanso de um Guerreiro.

Taí, meu amigos. Assim se desdobrou a história da FNM.

Tudo um dia chega a seu final, e a Fábrica Nacional de Motores chegou também.

Assim, só poderíamos encerrar a matéria com a imagem ao lado.

O bichão cumpriu sua missão, e chegou ao “Ponto Final”.

Outras reportagens sobre caminhões:

Do ‘Faixa-Azul’ ao ‘Faixa-Preta’ (matéria de julho de 2019):

A época pioneira, década de 80, o início da Volvo no Brasil.

Damos um giro pra mostrar também eles pelo mundo afora.

Chevrolet, Fenemê e 11-13 Mercedes em Ponta Grossa/PR, 2010.

Acima na itália um antigo Volvo Cara-Chata [modelo que nunca circulou no Brasil] a frente de um Fiat);

“A Estrela Brilha” (novembro de 2016) – sobre a Mercedes-Benz, óbvio.

Aquela que por décadas foi líder no mercado de caminhões;

“É um Scania”: quem ouviu o ronco desse bichão jamais esquece (agosto de 2013): 

Jacaré Scania, Fiat/F.N.M. e Brasília.

A Mercedes foi líder sim, mas de caminhões pitocos. Entre as carretas quem era o ‘Rei da Estrada’ era Scania.

Que Deus Pai Ilumine a todos.

“Deus proverá”.

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