INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO“
Por Maurílio Mendes, O Mensageiro
Publicado em 24 de novembro de 2015
Nessa 1ª parte maioria das fotos de minha autoria. As que forem oriundas da internet identifico com um (r) de ‘rede’ – créditos mantidos sempre que impressos nas mesmas.
Reformulado com uma ampliação maciça em 17 de dezembro de 2019
A sequência acima vale por milhares de palavras. Pois mostra bem a diversidade de meios de transportes disponíveis a população da Grande Santos-SP, a famosa Baixada Santista.
– Tróleibus: Santos e São Paulo são as únicas cidades do Brasil que ainda têm esse modal ativo.
Na capital do estado a rede é bem extensa, são duas redes (uma municipal e outra metropolitana) na verdade que se somam.
Em Santos, que é nosso tópico de hoje, a rede elétrica já foi infinitamente maior.
Hoje reduzida a apenas uma linha, a 20, que liga as Praças Mauá e Independência. Ou seja o Centro a Praia do Gonzaga via Avenida Ana Costa.
– Bonde moderno, abreviado V.L.T. – veículo leve sobre trilhos:
Uma linha ligando Santos a São Vicente estava em fase de construção em 2015, mas já operava em testes. Andamos nela.
Em 2017 o primeiro trecho do VLT entra em operação comercial, com 15 estações paralelas a orla.
Mais 2 ampliações estão em projeto: uma chegando ao Centro de Santos.
E a outra conectando a ilha a parte continental da Baixada, pelos municípios de São Vicente e Praia Grande.
Além de Santos, há VLT’s no Brasil no interior do Ceará e em Maceió-AL.
E está em obras – em alguns casos em ritmo muuuuuuuito lento – em Cuiabá-MT, Brasília-DF e Rio de Janeiro.
(O texto é de 2015, quando possível faço atualizações, porém lembre-se que tudo que me referir aqui refletia a realidade nessa data exceto quando indicado).
(Fazendo uma atualização, o do Rio está operando, os outros até agora [18] nada).
Em Maceió era um trecho de trem de subúrbio, que foi substituído por essas composições mais modernas. A mesma troca ocorreu no Recife-PE.
Na Colômbia não há esse marasmo. O primeiro VLT do país já está rodando em Medelím.
Em nossa Pátria Amada, bonde moderno pioneiro dos pioneiros foi em Campinas-SP, inaugurado em 1990. Porém durou apenas 5 anos e foi desativado.
– Bonde antigo: (até onde eu sei) Santos e o Rio de Janeiro são as únicas partes do Brasil que ainda utilizam esse modal.
No Rio, o famoso bondinho de Santa Teresa opera ininterruptamente desde o século 19.
Já Santos desativou toda sua rede na segunda metade do século 20, a última viagem havia sido em 1971.
Ficou décadas sem bondes. Essa atual linha foi re-inaugurada em 2000.
– Ônibus a dísel em tamanho normal:
Intermunicipais, e também os municipais de Santos, Guarujá, Cubatão e Praia Grande.
Em São Vicente em 2015 não, a partir de 2019 sim de novo. Já digo o porquê.
– Micro-ônibus brancos: os municipais de São Vicente.
Primeiro o texto original, feito na ocasião da visita, a seguir retifico:
Como dito acima, S.V. um dia teve ônibus municipais em tamanho normal. Porém não mais.
Posto que o município é umbilicalmente ligado a Santos, compartilham a mesma ilha, em verdade a cidade é uma e a mesma.
Sendo então Santos o núcleo, o polo de empregos, e S.V. um subúrbio deste.
Assim, o grosso da população vicentina se desloca diariamente a Santos pra trabalhar.
Os ônibus metropolitanos são de tamanho normal pra atender esse público, e breve vem o VLT em operação comercial.
A demanda por ônibus interna de São Vicente, dos bairros pro Centro do município, é dessa forma naturalmente menor. Portanto os micros e vans dão conta do recado.
Atualização: em novembro de 2019 São Vicente voltou a ter ônibus municipais, de tamanho grande.
SV havia tido ônibus normalmente como em todo lugar, até a década de 90.
Só que aí a população migrou pras vans, antigo transporte clandestino, agora regularizado.
Assim por quase duas décadas São Vicente não teve ônibus municipais de tamanho grande.
No entanto, a situação do transporte coletivo vem melhorando lá. Em 2017 o VLT começa a operar, como já dito.
E no final de 2019 o município volta a ter uma viação oficial operando ônibus, tanto micros quanto ‘carros’ grandes, de tamanho convencional.
– Vans que sobem o morro: no Centro de Santos há esse modal, linhas curtas pros muitos morros das imediações.
As vans não circulam em outras partes da cidade, vejam vocês.
Não passam pela orla, por exemplos. São trajetos locais destinados a esse público específico.
…………
Dado esse panorama geral, falemos um pouco mais de cada um dos modais.
Os ônibus (elétricos e dísel) não têm cobrador, a preferência é que as pessoas usem cartão e girem a catraca eletronicamente.
Ainda assim se precisar você pode pagar em dinheiro vivo pro motorista na hora.
Em várias cidades de Santa Catarina funciona assim também (Joinville e a capital Florianópolis com certeza).
Já aqui em Curitiba, ao contrário, os micros só aceitam cartão, e são poucos os lugares que você pode recarregar.
No domingo, no subúrbio, certamente você não achará um ponto de recarga.
Resultando que não poderá andar de ônibus, se perto de tua casa só passar micro.
Terá que ir a pé, mesmo tendo dinheiro pra pagar, mesmo vendo o ônibus na tua cara, mesmo tendo o cartão em mãos, se esse estiver sem crédito.
Longe vão os dias que Curitiba inovava e era modelo nacional e mesmo mundial do transporte coletivo. Saudades . . .
Ultimamente as mudanças ou são apenas cosméticas (o Hibribus, ou então o Azulão, chamado ‘maior ônibus do mundo‘) – ou seja não agregam nada ao usuário.
Ou pior são mesmo daninhas trazendo prejuízo a quem pega busão.
Como exemplo a eliminação da possibilidade de se pagar em dinheiro ao motorista.
Digo, se querem eliminar o cobrador e obrigar todos a usarem o cartão, assim seja.
Só que pelo menos façam a integração digital, pra que se possa pegar 2 conduções com uma só tarifa, sem depender de terminal.
……..
De volta a Santos, cidade que ainda se esforça pra melhorar o transporte coletivo.
O panfleto diz que o bonde antigo é ‘um museu vivo’, e de fato assim é.
O que quero apontar é que, embora não se propagandeie dessa forma, o tróleibus de Santos é igualmente um museu vivo e ambulante.
São do modelo Mafersa, fabricados nos anos 80 ou no máximo um pouco depois.
Faça a conta. Já têm portanto 30 anos de pista ou praticamente isso.
E eles foram mantidos com diversas características originais:
O letreiro é de lona e traz a indicação da linha simplesmente como “Circular”.
A pintura é a mesma a muito tempo, branco com retângulos azuis em dois tons e uma faixa horizontal verde.
No passado os ônibus a dísel em Santos também foram nessa pintura, e também diziam “Circular” no letreiro.
Pois em Santos, como no Rio, as linhas de ônibus são conhecidas pelo seu número, e não pelo nome.
Portanto um dia toda a frota era igual, tanto a porção dela elétrica quanto a dísel.
Mas nos a dísel já vieram duas novas pinturas. Os tróleibus se aferraram e cristalizaram nessa.
E também os veículos a dísel hoje contam com letreiro eletrônico.
Portanto, embora muitos passageiros ainda chamem a linha pela sua numeração, no ônibus vem o itinerário.
……
Veja as fotos espalhadas pela matéria. A linha 42 vai pro Terminal (do Valongo, o único da cidade) “via Av. Ana Costa, Praias, Af. Pena e Cais do Porto”.
O letreiro fica alternando o roteiro, eu cliquei quando dizia ‘Praias’.
Se fosse algumas décadas atrás (anos 80, 90 e começo dos 2000) o letreiro – de lona – diria “42-Circular”.
Essa informação extra viria apenas na plaquinha no para-brisas.
Com o advento do letreiro eletrônico foi possível sofisticar.
Mas no trólei optaram por manter a lona, lembrança viva do passado. Porque quiseram, seria barato trocar prum digital.
E também a frota já teve várias pinturas, tanto elétricos quanto a dísel.
Antes, quando o desenho mudava, todos os ônibus acompanhavam, independente do combustível.
Ou seja, essa tróleibus da mesma forma já teve várias pinturas.
Pois, enfatizo de novo, quando a cidade trocava o padrão, tanto elétricos quanto dísel eram repaginados na nova configuração.
Só que agora decidiram que o tróleibus é imune a essa mudança.
Os a dísel são repintados, e nesse momento mesmo estamos vivendo uma transição, observam em duas imagens o velho e o novo convivendo.
Tem mais: pra começar a conversa, é curioso ver em 2015 um ônibus no transporte urbano regular ainda com placa começando com ‘C’.
Já que a maioria da frota já está no ‘E’ e ‘F’. O do Guarujá acima já é um ônibus mais velho, e é ‘D’.
Veja mais pro alto na matéria que o mais novo do Guarujá também começa com ‘F’.
Placa ‘C’ só mesmo no trólei. Mais um detalhe pra compor.
Em tudo, da placa a pintura a lona ao indicativo de ‘Circular’, os tróleis permanecem iguais. Um museu vivo.
……….
Em São Paulo mesmo atualmente também há tróleis de 30 anos.
Que portanto já tinham mais de 50 anos de pista (ou quase isso) mas continuavam na ativa.
No Chile até hoje operam bichões com 70 anos. Mesmo nos EUA os tróleis ficam décadas e décadas na ativa.
Confira as matérias completas clicando nas ligações em vermelho, com muitas fotos.
Então busões elétricos longevos não é exceção, mas o padrão.
Santos também faz parte dessa larga tradição da busologia mundial.
Digo, Curitiba e também Florianópolis nunca tiveram tróleis. Aí foram os heróis a dísel mesmo quem ficaram 3 décadas na pista.
E contando!!! Pelo menos até 2016 alguns ainda estavam na ativa.
………….
No fim do século 20 a Baixada teve trem de subúrbio entre Santos e São Vicente. Mas foi desativado em 1999.
Desde então as linhas estavam abandonadas, tomadas pelo mato e pelo lixo.
Aproveitando-se exatamente esse leito estão sendo feitas as linhas e estações do bonde moderno.
Em novembro de 2015, quando estive lá, já estava pronto o trecho entre o Canal 1, em Santos, a Barreiros em São Vicente.
Operava em regime de testes: período reduzido e sem cobrança de tarifa.
Em janeiro de 2016, quando o trajeto terá sido estendido pro Canal 2, começa a operação comercial, paga e em horário integral.
Essas eram as previsões da época. Escrevi no texto original, de 2015:
“No futuro a linha vai chegar até o Centro/Porto de Santos, e já se projeta futuras ampliações:
De um lado pra parte continental de S.V. e também Praia Grande, e de outro pro Guarujá.
Nesse último caso é preciso que seja feito um túnel sob o canal do mar, pois ali é o porto.
Bem, há planos de se construir mesmo esse túnel, que será bi-modal, não apenas pros trens mas também pra automóveis.
Vamos ver no que vai dar”. Bem, 4 anos se passaram, faço essa atualização em dezembro de 19.
Pro porto a linha de VLT já chegou, em 2017 como já dito algumas vezes.
Ao Centro de Santos vai chegar em breve, está em obras.
Acreditamos que a médio prazo, em algum momento da década de 20, sai a expansão pra área continental de São Vicente e Praia Grande.
Quanto ao Guarujá…por enquanto é só sonho, até porque depende de uma obra cara que é um túnel submarino. Quem sabe um dia ainda existe….
O que já é realidade é que o VLT vem impulsionando em muito o crescimento da periferia.
E podemos dizer isso tanto no município de Santos mesmo quanto em São Vicente.
Era uma parte esquecida da cidade, pouco atrativa pro mercado imobiliário.
Predominavam casinhas de vila geminadas sem garagem ou quintal.
Além de predinhos baixos sem elevador. Região de classe média-baixa, resumindo.
Na encosta do morro e imediações algumas favelas.
Agora tudo mudou. Modernos espigões surgem as margens da linha de trem.
Pois as pessoas não se importam em morar um pouco mais longe de onde estão os empregos.
Desde que haja transporte eficiente e barato pra elas acessarem seus locais de trabalho.
E com essa nova classe média se instalando no subúrbio, o subúrbio também se eleva.
Pois pra prover os serviços que os burgueses necessitam há uma melhora na renda da região como um todo, como novas ofertas de empregos.
Claro que não é somente por causa do VLT que há essa arrancada.
Há muitos outros fatores. Mas que a oferta de transporte rápido e barato ajuda, ajuda mesmo.
………..
Agora falemos dos ônibus a dísel, tamanho normal e micros.
Nos municipais de Santos e metropolitanos há o monopólio de uma viação do grupo Gol.
O que faz com o transporte seja caro (os valores são de 2015):
R$ 3,25 pros municipais e 3,80 pros subúrbios metropolitanos mais próximos.
São preços elevados. A área urbanizada do município de Santos é pequena.
Aqui em Curitiba a tarifa era R$ 3,30, o que em muitos casos inclui baldeações gratuitas pra Região Metropolitana.
Oras, a Grande Curitiba é infinitamente maior que o município de Santos.
Logo, aqui você paga 5 centavos a mais mas fica muito mais tempo no busão. Sem comparação possível.
Na Cidade de São Paulo o busão custava então R$ 3,50. Oras, na capital paulista, somente o município sem contar região metropolitana, já moravam então 11 milhões de pessoas.
De diversos bairros mais distantes das Zonas Sul e Leste as pessoas chegam a ficar mais de horas dentro de vários ônibus.
E isso pagando uma passagem só, ou seja, 3,50 na época.
Então 3,25 pro sistema municipal de Santos já não é barato, exatamente o oposto.
E 3,80 de Santos pros bairros insulares de São Vicente é simplesmente um absurdo.
Quem conhece a geografia da Baixada vai visualizar, pros demais informo agora:
Santos e São Vicente dividem a mesma ilha, a Ilha de São Vicente.
Os municípios são umbilicalmente ligados, a cidade é uma só apesar da divisão política, como disse acima.
Assim os bairros insulares de S.V. são nada mais que o subúrbio santista, ficam muito próximos das Praias, do Centro e do Porto de Santos.
Portanto o valor de R$ 3,80 é realmente bastante despropositado.
(Nota: sim o valor está desatualizado. Mas por isso pus o que era vigente em Ctba. [3,30] e SP [3,50] a época, assim você pode comparar.)
(Os números mudaram, o conceito permanece: a passagem Santos/São Vicente era muito, mas muito mais cara que a das capitais do PR e SP.)
(Sendo que nessas últimas as pessoas ficam muito mais tempo dentro do busão, alias no caso de SP/Capital sem comparação possível.)
Pros bairros mais próximos de Cubatão a tarifa é essa também.
Esse é um ponto negativo que preciso apontar. Agora uma retificação:
De Santos pros bairros continentais de São Vicente, e também pros mais próximos de Cubatão e Praia Grande, a tarifa também era R$ 3,80.
Anteriormente eu escrevi erroneamente que era acima de 4 reais, porque eu não conheço as linhas da Baixada.
E me confundi ao observar ‘in loco’. Consultando agora a página da EMTU desfaço o erro.
Ainda assim 3,80 de Santos pra São Vicente, P.G. e Cubatão permanece um valor elevadíssimo.
Especialmente pra quem não cruza a ponte, ou seja, fica dentro da ilha só mudando o município.
Então o espírito do que escrevi permanece. Mas como o valor estava errado acerto agora.
E pros bairros mais distantes de S.V., Cubatão e Praia Grande aí sim o preço era na ocasião sempre acima de 4 reais. Bastante caro.
No passado houve uma viação estatal em Santos, a C.S.T.C. .
(Sigla de Cia. Santista de Transporte Coletivo, anteriormente chamada SMTC, “Sistema Municipal de Transp. Col.”.)
E várias viações particulares, tanto no municipal quanto metropolitano.
Tudo foi privatizado e concentrado nas mãos de uma corporação – daí valores tão elevados, não há concorrência.
Na atualização abaixo contaremos tudo isso com muitas fotos.
………
Outro ponto ruim é que não há uma linha de ônibus sequer conectando Santos e Guarujá.
São municípios tão próximos, e tão interligados, mas que não podem ser acessados de um pra outro via transporte coletivo.
A não ser usando 3 viagens em 2 modais (ônibus municipal de Santos, balsa e municipal do Guarujá), e em cada baldeação pagando de novo.
O que torna você ir de uma a outra sem carro uma aventura cara, penosa e demorada.
Há planos de se fazer um túnel submarino, e aí levar o metrô (VLT, na verdade) que já liga Santos e S.V. até o Guarujá. Eu espero realmente que essa ideia saia do papel.
A população da Baixada merece um jeito de se deslocar por transporte público entre seus dois municípios mais importantes.
Enquanto não fazem esse túnel – se é que um dia o farão – podiam pôr uma linda de ônibus entre Santos e Guarujá, via balsa mesmo. Já ajudaria bastante.
………
Como já delineei acima, por quase 2 décadas em S.V. só hviam micros municipais, e eles são brancos.
Digo, há variações na pintura, mas sempre sobre fundo alvo.
Atualizando, agora uma viação oficial voltou a SV. E ela também adotou a cor branca na frota.
Essa parece ser mesmo a Vibração dominante no município, não parece?
Já os municipais de Santos (micros e grandes) são verdes.
Essa situação me lembrou a busologia da Cidade do México, que visitei em junho de 2012. Lá também os municipais do núcleo são verdes, no subúrbio brancos.
Alias, igualmente pintura variada mas sempre sobre fundo alvo. Claro, a comparação não é exata.
No México os metropolitanos (ou seja, que ligam Centro ao subúrbio) são brancos, e os internos do subúrbio também.
Na Baixada os metropolitanos são azuis (como são azuis os metropolitanos em todo estado de São Paulo).
Só os internos de S.V. são brancos. Ainda assim há uma semelhança inegável.
A foto acima resume como era a situação em São Vicente nesse século 21 até 2019:
Transporte municipal só com vans e micros brancos de cooperativas.
Ônibus grandes de viação oficial só inter-municipais – veja o ‘Santos’ no letreiro.
………
Como ponto positivo do serviço prestado pela Piracicabana/Gol destaco que a tarifa é cara mas ao menos o sistema é bem digitalizado.
Nos pontos há uma placa digital em que você encosta teu celular e fica sabendo, em tempo real, quanto tempo falta pro teu ônibus chegar.
Pois acessa essa informação através do GPS que cada veículo possui.
Na periferia não havia esse melhoramento. As coisas caminham aos poucos.
Ainda assim em qualquer parte da cidade tudo isso também pode ser consultado diretamente no sítio da viação.
Aqui em Curitiba por uns meses a prefeitura também disponibilizou esse serviço mas estranhamente foi desativado.
……
Já seguimos com o texto. Antes mais uma galeria de imagens sobre o transporte na Baixada, diversos modais.
Todos os ônibus municipais de Santos, e também os do Guarujá, têm rede de internet gratuita disponível (‘wi-fi’). Curitiba ainda aguarda essa melhoria.
Nos metropolitanos, e também nos municipais de S.V. e nas vans ‘sobe-morro’ de Santos ainda não.
………..
Santos só tem um terminal integrado, como já dito, o do Valongo, ao lado da Rodoviária, próximo ao Centro e Cais. Foi inaugurado em 1992.
Outro ponto positivo é que certas linhas metropolitanas entram no terminal.
Assim quem mora em alguns bairros insulares de São Vicente de manhã pega o busão metropolitano, paga R$ 3,80 (sempre os valores vigentes quando a matéria foi escrita em 15, lembre-se).
Troca no terminal sem pagar de novo. E vai pra onde está seu emprego, em Santos.
De tarde o cara pega o municipal de Santos rumo ao terminal.
Desembolsa R$ 3,25. Ali baldeia de graça pro metropolitano.
Então somando tudo esse morador de São Vicente gastou em média R$ 3,52 por viagem pra usar o transporte integrado da Grande Santos.
Não custa rememorar ainda mais uma vez que então a passagem em São Paulo/Capital era R$ 3,50, que dava direito a usar até 4 ônibus sem pagar de novo.
Então R$ 3,52 na Baixada está acima disso. Não é barato, mas já é bem melhor que 3,80. Qualquer alívio é bem vindo.
……………
No Guarujá não impera a Piracicabana, foi o único município da Grande Santos que ela não entrou. Quem operava ali (até 2019) era a Trans-Litoral, que antigamente se chamava ‘Viação Guarujá’.
Detalhe: em Santos só há ônibus Marcopolo, tanto municipais quanto metropolitanos.
Pois a Piracicabana (que monopoliza os dois modais) padronizou sua frota com essa marca.
A exceção são os tróleis Mafersa. Mas nos dísel é 100% Marcopolo, não há um que não seja.
Já a Trans-Litoral do Guarujá é 100% Caio. Curioso como a Energia opera por oposição, não?
Em minhas idas anteriores a Baixada (1986, 2000, 2005, 2006) não havia monopólio de carroceria em nenhuma viação.
Haviam muito mais viações, inclusive a estatal CSTC, e uma diversidade imensa de marcas de ônibus.
Digo, em 2000 já era monopólio da Piracicabana no municipal, e 2005 e 06 municipal e metropolitano. Mas ela então comprava Caio.
Inversamente, a Trans-Litoral também se abastecia com vários fabricantes diferentes.
Quando Santos eliminou os Caio, o Guarujá fez o inverso e eliminou os não-Caio.
………
Falemos do bonde antigo. Como é notório, foi re-inaugurado em 2000.
Todos os veículos foram restaurados, e mantém todas as características originais:
Bancos, sistema de tração, anúncios internos (além dos postados nessa mensagem, veja nessa outra um do refrigerante Grapette).
E mais o logo da SMTC (nome da antiga estatal municipal de transporte, a partir 1976 até a privatização nos anos 90 chamada CSTC) na lataria.
Na oportunidade que tomei o bonde estavam havendo obras no Centro e por isso o trajeto temporariamente fora encurtado:
Embarcamos e desembarcamos na Praça Mauá, não houve paradas intermediárias.
Porém vejo no ingresso que em períodos normais é possível saltar e subir em outros 3 locais.
A tarifa (em 2015) era R$ 6, acima de 60 anos paga metade.
Uma guia turística foi explicando um pouco da história da cidade.
………
Obviamente Santos tem também os micro-ônibus ‘Seletivos’.
Com ar-condicionado, bancos estofados que reclinam um pouco e só se pode viajar sentado.
Enfim, padrão de ônibus de viagem no serviço urbano.
São mais caros, custavam R$ 3,90 na ocasião que visitei a cidade.
(No serviço convencional era 3,25, não custa enfatizar de novo.)
A demanda pelos seletivos deve cair um pouco a partir de agora.
Pois os ônibus convencionais novos também estão vindo com ar-condicionado, como pode ver nas fotos espalhadas pela matéria.
Santos é muito, muito quente. Vi o termômetro marcando 27º de madrugada, meia-noite e treze pra ser mais exato.
Ao meio-dia estava perto dos 35, e nos falaram que em janeiro a temperatura sobe ainda mais, abeira ou ultrapassa os 40º.
Então busão com ar é um conforto muito apreciado pelos usuários.
Vários deles desembolsavam a mais pelo seletivo pra não ir torrando nos convencionais sem ar.
O serviço mais barato também passa a oferecer esse aprimoramento.
A partir desse momento, a tendência é que parte dos passageiros migre pra ele.
Especialmente aqueles que tem a sorte de pegar linhas que não vão pra periferia.
Assim o busão circula mais vazio, dá pra sentar, por motivos óbvios.
……….
Uma das linhas que é feita pelo modal seletivo é a ‘Linha Turismo’ da cidade. Não pegamos dessa vez, mas em 2006 sim.
Igualmente uma moça que trabalha pra prefeitura como guia foi narrando os pontos mais significativos da viagem.
E pra fechar: na Praia do Gonzaga também há um bondinho. Mas esse não está ativo.
Não tem como sair do lugar já que não há trilhos nem fiação elétrica por perto.
Funciona somente como um posto de informações ao turista.
Bem, aqui em Curitiba na Rua XV de Novembro (a famosíssima ‘Rua das Flores’‘ no Centrão) também tem um bondinho parado (veja ele sob neve) que serve agora a outros propósitos.
No passado foram 2, houve por um tempo um também na Praça Tiradentes, em frente a Catedral.
De volta a Santos: o ‘Bonde do Gonzaga’ não sai do lugar, como é notório.
Mas ele igualmente foi inteirinho restaurado e exibe as características originais, como motorização, anúncios, etc.
Mostro esse bondinho da orla em outra mensagem.
Pois ele é uma atração turística da orla e ponto de referência, isso sim com certeza.
Porém não faz parte da rede de transportes, que foi nosso tema de hoje. Já que não transporta ninguém.
LINHAS SEM NOME (APENAS COM Nº); O TREM DE SUBÚRBIO ACABOU MAS VOLTOU; NÃO HÁ ARTICULADOS; ASCENSÃO E OCASO DA C.S.T.C.; MONOPÓLIO DOS CONSTANTINO: A SAGA DO TRANSPORTE SANTISTA
Aqui começa a atualização do texto feita em dezembro de 2019.
Vamos traçar em linhas gerais a história do transporte em Santos e Região.
Uma das fontes consultadas é o portal LitoralBus, que é da Baixada, portanto especializado no tema.
Isto posto, vamos nessa: já mostrei acima, entre 1990 e 99 operou um trem de subúrbio entre Santos e S. Vicente. Foi descontinuado.
Mas em 2017 o VLT veio, fazendo o mesmo trajeto e usando inclusive o mesmo trilho, reformado evidente.
Falando dos ônibus, e subindo primeiro até o Planalto Paulista, onde está a capital do estado.
Foi fundada em 1946 a saudosa Companhia Municipal de Transportes Coletivos. A viação estatal municipal paulistana era conhecida pela sua sigla, ‘CMTC‘.
Foi privatizada em 1995, mas antes disso marcou época no transporte da maior metrópole brasileira.
Veja acima e ao lado busos (o mesmo?) operando em Cubatão com uma pintura-clone da lendária ‘Trovão Azul’ da CMTC.
Lendária mesmo, foi copiada de norte a sul do Brasil, de Manaus-AM a Porto Alegre-RS.
O xerox que vemos em Cubatão é mais um nessa longa trajetória. Outro detalhe, esse típico da Baixada:
Está escrito ‘Municipal’ bem grande na lataria, como ocorria também em Santos e S. Vicente.
Talvez esse busão seja da Viação Santos/Cubatão, que era ‘prima’ da Viação Santos/São Vicente, e que lançou esse costume. Pode ser.
Seja como for, espelhando a iniciativa do surgimento da CMTC, Santos dá o mesmo passo.
Em 1951 a prefeitura funda a viação estatal “Serviço Municipal de Transportes Coletivos”.
Também chamada popularmente pela sigla de suas iniciais, ‘SMTC‘.
Então de 1951 a 1976 havia a CMTC na Capital e SMTC na cidade litorânea, sede do maior porto do Brasil.
Nesse ano de 76 a SMTC muda de nome e se torna a Cia. Santista de Transportes Coletivos, ou simplesmente ‘CSTC‘.
Aí de 1976 a 1994 tínhamos a CMTC na Cidade de São Paulo e a CSTC em Santos.
Ambas foram privatizadas nos anos 90. Já chegaremos lá.
Antes, sigamos com a linha do tempo. A viação estatal existia desde 51, com o nome SMTC até 76, e como CSTC depois disso.
Agora vamos falar do setor privado. Nos anos 50 existia uma viação que atuava em diversas cidades do Litoral Paulista. Era a Viação Santos/São Vicente-Litoral.
Em 1960 houve uma cisão, e a ela se dividiu em nada menos que 6 novas.
Entre outras foram criadas as seguintes viações a partir da empresa-mãe:
– Uma delas manteve o mesmo nome – Viação Santos/São Vicente Litoral.
Que operava 3 modais: municipal de Santos e de São Vicente (‘SV’), e inter-municipal entre ambos;
– Viação Santos/Cubatão, que como o nome indica operou o inter-municipal pra Cubatão (talvez o municipal deste também);
– Viação Guarujá, que cuidava do sistema municipal no município de mesmo nome.
As empresas acima citadas gostavam de uma pintura específica:
Saia azul-escura e blusa branca. Foi adotado pela pela Viação Guarujá.
E a mesma decoração era usada pela Viação Santos/São Vicente duplamente:
Nas linhas inter-municipais e também nos municipais de SV.
A diferença é que os ônibus que cumpriam linhas inter-municipais tinham números ímpares e blusa completamente alva, sem nada escrito.
Enquanto que os municipais de S. Vicente tinham numeração par e vinha escrito bem grande ‘Municipal‘ na lateral do veículo.
Seja como for, esse esquema de ‘saia azul-escura/blusa branca’ era cópia daquela usada pela Viação Bristol de São Paulo/Capital.
Só que na Capital imperava padronização de pintura, o saudoso modelo ‘Saia-&-Blusa’ instituído em 1978 e que vigorou até 1992.
Portanto a Bristol recém-citada não podia escolher o desenho nem a cor da saia de sua frota.
Apenas a cor da blusa era opcional, a única coisa que a viação podia determinar.
Sobre a Cidade de São Paulo já produzi várias matérias falando do transporte, inclusive uma específica sobre o Saia-&-Blusa, com centenas de imagens.
Hoje nosso foco é o litoral. Então voltando a falar da Viação Santos/São Vicente Litoral.
Os inter-municipais e os municipais de SV eram com idêntica pintura, saia azul-escura e blusa branca.
Pra diferenciar o ‘municipal’ tinha essa palavra pintada na lataria, repetindo.
E como eram os municipais de Santos? Inteiro amarelos, também com a inscrição ‘Municipal’ bem grande pintada na lateral em azul.
Depois, do meio pro fim dos anos 80 o ‘Municipal’ passou a vir dentro de uma flecha verde.
Alias, as linhas municipais de Santos eram divididas entre a particular Santos/São Vicente e a estatal CSTC.
A CSTC se chamava SMTC até 1976, como já dito e é notório.
Quando mudou de nome, pra marcar bem, no começo vinha escrito por extenso:
‘Cia. Santista de Transportes Coletivos’, veja o trólei um azul com faixa laranja pouco acima a esquerda.
Depois que adotaram a sigla formada com as iniciais ‘C.S.T.C.’.
Nos anos 80 a decoração da CSTC era saia vermelha/blusa bege. Escrevi sobre ela:
“ Essa pintura que marcou época na CSTC, em troleibus e a dísel igualmente.
Era o tempo da novela “Ti-Ti-Ti”, que mostrava o mundo da moda.
Ali um estilista inventou um batom chamado “Boca Loca”, que tornava qualquer mulher irresistível.
Nenhum homem resistia a tentação de tentar beijá-la. Magia pura.
A CSTC adotou essa configuração vermelha justo quando a novela bombava na telas.
Não deu outra, é óbvio: a pintura foi apelidada assim.
O “Boca Loca” caiu na boca do povo, em muitos sentidos. ”
A configuração consistia em saia vermelha e blusa bege/amarela.
O detalhe curioso é que na época na maioria dos ônibus de Santos e São Vicente as linhas não tinham nome, só números.
E isso tanto no municipal de ambas quanto no inter-municipal.
Na Itália também era assim. Essa nação é a menos europeia dos países da Europa. E por décadas ela teve as linhas de ônibus de várias de suas cidades apenas numeradas.
Sem nome escrito no letreiro. Se tudo fosse pouco, em várias das cidades da Itália os ônibus urbanos eram unicolores em amarelo.
Se você visse um busão amarelo só com nº no letreiro, já sabia que era italiano.
Era uma característica, isso de não ter nome a linha, tão forte que transbordou até pra Suíça.
Esse país, como se sabe, está entre a Alemanha, França e Itália.
Portanto se divide entre partes alemã, francesa e italiana.
A porção alemã é a maior de todas, onde estão a capital Berna e a cidade de Zurique.
Na Suíça francesa fica Genebra, que concentra o sistema bancário.
E a Suíça italiana tem como maior centro urbano Lugano, as vezes chamada de ‘Rio de Janeiro da Europa‘.
Lugano não tem mar, óbvio, pois a Suíça como um todo não tem litoral.
Só que em Lugano há vários lagos, seus bairros são espremidos entre a orla desses e as montanhas dos Alpes.
O que gera algumas cenas que lembram a ‘Cidade Maravilhosa‘.
Voltando a busologia que é nosso tema aqui, as linhas de ônibus e tróleibus de Lugano também não tinham nome, só números.
Pois eis o costume italiano, presente em toda parte que predomine esse povo.
Bem, era assim em Santos também. No letreiro principal vinha escrito apenas ‘Circular’, o que não informa nada na verdade.
Pra saber a linha mesmo, você tinha que olhar o nº, que vinha ao lado.
No Rio de Janeiro e na Argentina e países vizinhos dela como o Paraguai as linhas também são conhecidas pelo número, e não pelo nome.
Só que entenda a diferença: no Rio de Janeiro, e também Argentina e Paraguai, as linhas têm nome.
Vem escrito no letreiro o bairro pro qual o ônibus se dirige. Alias em Buenos Aires vem pintado na lataria o nome da linha e muitas vezes todo o itinerário (nisso é igual a Lima/Peru).
Apenas as pessoas ignoram, preferem dizer somente o número.
Na Itália e em Santos era mais radical: não vinha nome algum, só o nº mesmo.
No interior da Argentina, na cidade de Córdoba, flagrei o mesmo em pleno ano de 2017.
Fotografei um busão só com número, sem nome da linha. Mas era exceção.
Fora esse, todos os outros ônibus que vi na Argentina e foram milhares, todos eles tinham nome da linha.
Em todos os casos, tanto no Brasil (Santos) quanto na Europa, era assim – linhas só com nº – na época da lona.
A introdução do letreiro eletrônico acabou com esse traço tão peculiar.
Agora nos ônibus de Santos a população ainda se refere muitas vezes a linha pelo nº.
Entretanto no letreiro vem escrito por quais bairros/avenidas a linha passa.
Um paradoxo: nos anos 80 as linhas a dísel, tanto da viação particular quanto da CSTC, eram numeradas.
Por outro lado, as linhas de troleibus (exclusivas da CSTC) tinham nome.
Hoje inverteu! Agora com o letreiro eletrônico os busões a dísel vem com o nome dos bairros servidos, como acabo de dizer e é notório.
Entretanto nos tróleis agora a linha é só numerada, sem nome.
Só há uma linha de tróleibus, a 20, que liga a orla ao Centro via Av. Ana Costa.
Os pontos finais são nas Praças Independência e Mauá, respectivamente.
O tróleibus de Santos é um Museu-Vivo, como já escrevi anteriormente.
Preserva várias características que já se extinguiram nos ônibus a dísel:
Primeiro, quando estive lá em 2015 os troleibus eram velhos Mafersas, fabricados nos anos 80.
Alias a Mafersa já faliu faz tempo, aconteceu ainda na década de 90.
Segundo, mantiveram nos troleis o letreiro de lona. Interessante, não?
Igualmente eles ainda ostentam uma pintura antiga, já abandonada nos a dísel a tempos.
E além disso nos ônibus elétricos hoje a linha vem escrito “20-Circular”.
…….
Já seguimos com a linha do tempo. Antes, um paralelo com outra região do Estado de SP, o Vale do Paraíba.
Estive em São José dos Campos em novembro de 19, e produzi uma matéria.
Falando da cidade, e, como não poderia deixar de ser, também do transporte.
Em relação a esse último tópico, mostrei inclusive com fotos a empresa que opera o transporte inter-municipal entre Jacareí e São José.
Agora ela assina sua frota somente como ‘Viação Jacaréi’.
Mas por décadas vinha escrito nos busos viação Jacareí/São José, de tão ligados os dois municípios estão, formando a mesma cidade.
Escrevi na ocasião: “ espelhando o litoral onde havia uma viação ‘Santos-São Vicente’ ”.
Bem, de fato é assim. No Vale, Viação Jacareí/São José, pois SJC e Jacareí são municípios diferentes mas uma e a mesma cidade.
E na Baixada temos a Viação Santos/São Vicente. Idem, ibidem.
1993: CHEGA O GRUPO CONSTANTINO –
Voltando ao que dizia antes, nos anos 80 e 90 os tróleis de Santos tinham nome em suas linhas, hoje é que não têm mais.
Os a dísel é que eram com linha numerada, enfatizando de novo.
Só que isso só valia pras linhas entre Santos e São Vicente, municipais e inter-municipais.
As linhas pra outros subúrbios metropolitanos como Praia Grande e Cubatão tinham nome, desde aquela época.
….
Vamos então fazer uma recapitulação. No municipal de Santos operava a estatal CSTC e a viação Santos/São Vicente-Litoral.
Essa última também fazia os modais municipal de São Vicente e o intermunicipal entre ambos, além de linhas pra Praia Grande.
Havia a viação Santos/Cubatão, puxando as linhas pra Cubatão evidente.
E a Marazul, que da mesma forma ligava Santos a Praia Grande.
No fim dos anos 80, a CSTC acaba intervindo e encampando – ao menos temporariamente – a frota e linhas da Viação Santos/S. Vicente.
Isso estou me referindo as linhas municipais de Santos, óbvio.
Por isso vemos um Amélia da Santos/S. Vicente com a inscrição ‘C.S.T.C.’ por cima, busque pelas legendas.
Nos anos 80, que foram bem confusos no Brasil como um todo, essa situação era comum.
No começo da década a CMTC paulistana encampou a Viação Bandeirantes na Zona Oeste. E creio que também teve que intervir na viação Brasília na Zona Norte.
Em Campinas, em 1986, igualmente essa medida foi tomada. Se tudo fosse pouco no Rio a CTC fez o mesmo na 1ª gestão de Leonel Brizola.
Mais recentemente, já no século 21, a situação se repetiu no Centro-Oeste:
A TCB de Brasília também teve que encampar temporariamente, por alguns meses, as empresas do Grupo Amaral, pra concluir a transição pras viações que ganharam a licitação.
Isto posto, que há atos similares precedentes e subsequentes pro gesto da CSTC encampar a ‘Municipal’ da Santos/S. Vicente, sigamos.
Em 1993, o grupo Constantino – dono da Gol – compra a Viação Santos/São Vicente.
Em novembro de 93 muda o nome da viação que faz as linhas intermunicipais pra “Expresso Santos/São Vicente”.
Pra operar as linhas municipais de Santos e São Vicente o grupo Constantino cria a viação Executiva.
A Executiva começa a rodar em São Vicente creio que em 93 mesmo, e em Santos em 1994.
Em 1995 a Expresso Santos/São Vicente, já de propriedade dos Constantino, altera seu nome pra ‘Expresso Metropolitano‘.
Então no municipal de Santos entre 94 e 98 a Executiva divide a cidade com a estatal CSTC, que vivia seus últimos tempos.
Na segunda metade da década de 90 temos mais 2 desdobramentos.
Primeiro, devido a concorrência com as vans, em algum momento perto da virada do milênio São Vicente deixa de ter ônibus municipais.
A partir de então em SV linha municipais são feitas só com vans e micro-ônibus. A princípio clandestinos, depois regularizados no sistema.
Ônibus grandes (por isso me refiro ao tamanho normal) em SV só inter-municipal, por um bom tempo.
Em 2015 mesmo, quando estive lá e produzi essa reportagem, a situação era essa:
São Vicente não tinha mais ônibus grandes no municipal.
E em 1998 a CSTC é privatizada. Quem assume sua frota e linhas a viação Piracicabana, do mesmo grupo dono da Gol.
Agora os Constantino passam a ter monopólio no municipal de Santos (em 2005 a viação Executiva cederia lugar a viação Piracicabana, consolidando as operações num único nome-fantasia).
No metropolitano ainda havia alguma concorrência, mas não por muito tempo.
Em 2001, a Expresso Metropolitano passa a se chamar igualmente viação Piracicabana.
No ano seguinte, em 2002 portanto, a Piracicabana compra a viação Marazul da Praia Grande.
E assume da mesma forma o transporte municipal de Praia Grande e por um tempo também Cubatão.
Assim os Constantino passam a ter monopólio no transporte inter-municipal da Baixada.
Monopólio também no municipal de Santos, Praia Grande e Cubatão.
Isso me refiro aos ônibus. Como sabem, em Cubatão pra diversos bairros e subindo alguns morros de Santos há um modal operado por vans e/ou micro-ônibus.
Apenas no municipal de São Vicente não havia domínio absoluto da Piracicabana porque ali não há mais ônibus.
Em Cubatão, entretanto, uma reviravolta: em algum momento logo antes da virada pra década de 10 o grupo Constantino deixa de operar o sistema municipal, fica só com metropolitano.
Surge a viação TransLíder, que por perto de uma década presta os serviços nas linhas internas de Cubatão.
Em 2019 Cubatão também estreou nova viação, começou a rodar em seu lugar a Fênix.
Voltando mais no tempo, esse município teve nos anos 80 e 90 a ECTC, Empresa Cubatense de Transportes Coletivos.
Que eu creio que também fosse estatal (seus busos em ação nas 3 imagens acima).
…….
Fechando nossa linha do tempo, em 2016 a Piracicabana no modal metropolitano alterou seu nome pra ‘BR Mobilidade‘.
Já 2019 marcou a troca de viação em Cubatão e Guarujá e a entrada, enfim, de uma viação em São Vicente.
Pela primeira vez depois de quase 2 décadas, SV volta a ter ônibus em linha municipais.
Quem venceu a concorrência e assumiu o sistema é a Otrantur, que antes operava fretamento e turismo.
A Otrantur terá algumas linhas operadas por micros e outras por ônibus de tamanho normal.
Recentemente, o Guarujá também cambiou a viação que presta ali seus serviços, como todos sabem.
Em 2018 houve uma concorrência, vencida pela viação ‘City’, do Grupo Ruas.
Esse conglomerado é dono de 6,8 mil ônibus na Capital paulista.
Possui portanto mais da metade da frota da paulistana em sua propriedade.
Além de comandar 2 montadoras, a paulista Caio (desde 2001) e a catarinense Busscar (desde 2018).
A ‘City’ começou a circular no Guarujá no começo de 2019.
A princípio com uma pintura clone da vigente na Cidade de São Paulo.
Os busos paulistanos, desde 2003, têm a pintura padronizada no modelo ‘Inter-Ligado‘.
São 8 faixas, cada uma com uma cor. Então. Agora descendo a serra, que é nosso assunto de hoje.
Os busões da ‘City’ no Guarujá adotaram quando chegaram a mesma pintura.
Só que na cor cinza na frente e atras e uma faixinha lateral, sobre fundo branco.
Cinza sobre branco não existe na capital. Entretanto, logo a seguir os ônibus do Guarujá passaram a ser inteiro cinzas.
Esse padrão unicolor prateado também é oriundo da Capital, e aí sim foi copiado na íntegra.
Vários busos paulistanos, especialmente articulados mas ‘carros’ curtos também, são inteiro cinzas.
Pois bem. Agora os do Guarujá igualmente são decorados assim, da mesma forma.
Pintura a parte, o que quero destacar é que agora o Guarujá conta com ônibus articulados.
É a primeira vez na Baixada que isso ocorre, vejam vocês. Sim, é isso.
Santos e região nunca contaram com ônibus ‘sanfonados’ em larga escala.
Houveram alguns articulados sim: em 1989 um Thamco Volvo que depois foi em definitivo pra frota de Goiânia rodou antes em Santos.
Em testes pela CSTC, fazendo linhas municipais portanto.
Ele já estava até pintado nas cores da capital goiana (na busologia isso se chama ‘Tabela Trocada‘).
Onde ficou em definitivo logo após, pela estatal estadual Transurb – atual MetroBus.
Depois disso, a extinta viação Marazul fez linha inter-municipais entre Santos e Praia Grande com um articulado ex-Campinas.
Retificação: anteriormente escrevi que a Marazul operou linhas metropolitanas com ônibus que tinham a pintura de Campinas e do municipal de Santos.
Isso não aconteceu, corrijo o erro agora. O que ocorreu foi o seguinte:
Na época da pintura livre a Marazul teve uma decoração parecida com os municipais santistas.
Parecida sim, mas igual não. Peço desculpas pela falha.
O sanfonado oriundo do interior foi repintado (veja ele um pouco acima, busque pela legenda). Ele não rodou na Baixada com o padrão do SIT-Campinas.
Até porque Campinas nunca teve esse esquema de pintura, lá também era azul e branco mas o desenho era bem diferente.
Corrigido. Voltando ao texto original, portanto a Baixada teve sim uns poucos articulados em sua história.
Só que foram episódios esporádicos, isolados, e nos dois exemplos que consegui achar fotos eles circularam ali num caso ostentando inclusive a pintura de distinta cidade, e no outro veio usado de outras partes.
Um grande número de ‘sanfonados’, de forma permanente e pintados especialmente pra Baixada, essa frota que chegou agora ao Guarujá é a primeira vez.
Melhor dizendo, a viação que opera no Guarujá é oriunda da Capital, e usa a mesma pintura utilizada na Capital.
Então a ‘pintura específica’ pra Baixada ainda não veio, reconheçamos.
Afinal, sendo igual a pintura paulistana, facilita pra que o conglomerado possa deslocar ônibus usados entre a matriz e filial.
Assim operar ali dispensando a repintura, sem com isso causar qualquer impressão negativa.
Seja como for, é a estreia dos articulados no litoral paulista. Sejam bem-vindos.
……….
Vimos uma imagem de um Gabriela da CSTC com a linha indo pra ‘Bertioga’ (busque pela legenda).
Essa imagem gera considerável espanto na internet, e não sem razão.
Afinal, a CSTC era uma viação estatal municipal, ou seja, pertencia a prefeitura de Santos.
‘Então como ela ia pra outro município?’, muita gente pergunta.
Oras, a linha não ia pra outro município, era uma linha municipal de Santos mesmo.
Como assim? Simples, Bertioga pertenceu ao município de Santos até 1991, era um distrito do mesmo.
Logo, a CSTC operava, nesse caso, dentro dos limites municipais.
No entanto, houve um caso em que a CSTC fazia mesmo uma linha inter-municipal.
Era a 131, cujo ponto final era no bairro Tancredo Neves, em São Vicente.
Explico pra quem não conhece a fundo a geografia da região:
Santos e São Vicente dividem a ilha que leva o nome da última.
São dois municípios, mas a cidade é uma e a mesma. Santos e SV são umbilicalmente ligadas, não dá pra separar.
E tendo Santos a economia muito mais desenvolvida, SV é em parte um subúrbio-dormitório seu.
Os são-vicentinos trabalham, em boa medida, na vizinha Santos.
Assim, criaram (ou expandiram) a linha 131, que entra no território de São Vicente.
Ligando o bairro do Tancredo ao Terminal integrado do Valongo, em Santos.
Onde as pessoas podem baldear gratuitamente pra outras linhas municipais santistas.
Hoje no Valongo ainda existem linhas inter-municipais, atualmente operadas pela Piracicabana.
Digo, desde 2016 a viação se chama ‘BR Mobilidade’ como dito acima. No entanto, por mais de uma década e meia era a Piracicabana.
Na tomada abaixo a direita um Ciferal da Viação Piracicabana.
A padronização EMTU é igual no estado inteiro, o sabem. Só muda um detalhe:
Na Baixada no início a porção cinza intermediária era bem grossa, muito mais avantajada que SP/Capital e Campinas.
Seja como for, Constantino consolidou a compra de todas as viações rivais entre os anos 90 e 2000.
Depois disso todas as linhas metropolitanas que passam por Santos passaram a ser operadas por essa viação, nessa pintura.
Espero que vocês tenham gostado desse relato sobre o transporte na Baixada. Agradecendo sua atenção, me despeço deixando vocês com mais imagens.
Começamos pela Praia Grande (‘PG’), metropolitanos e municipais.
“Tabela Trocada”: ônibus de Santos e região (Praia Grande) operando no MT e MG sem repintar.
Micro ‘Seletivo’, mais caro, padrão de viagem: 1 porta, ar-condicionado, bancos reclináveis estofados – já vimos mais pro alto na matéria esse modal em 2015.
C.S.T.C. a dísel (a 1ª tomada em P-&-B é rara imagem da tempo que a empresa se chamava ‘SMTC’):
Tróleibus santistas. 1º os antigos (acho que os de Santos são todos fabricados em 1962) pela CSTC.
A imagem ao lado mostra 2 tróleibus na mesma pintura, a que tem saia cinza dos anos 90. A frente vai o mais antigo (produzido prov. em 1962).
Ao fundo vemos um Marcopolo Torino1, do começo dos anos 80 (oficialmente esses ainda não são Torinos. Mas como é idêntico ao Torino, chamo dessa forma).
Infelizmente não há outras fotos dos Torinos nessa pintura. Então vejamos nas demais decorações, ainda na CSTC pré-privatização.
Mafersas. Os 2 primeiros ainda estatais, a seguir já após a privatização.
Vamos ao trólei 600. Marcopolo. Originalmente era uma mistura dos modelos São Remo e Haragano, depois foi reformado e acabou com frente de Torino, a traseira foi mantida.
(O São Remo era fabricado pela Marcopolo mesmo; oficialmente ‘San Remo’, eu traduzo tudo pro português; o Haragano produzido pela Nimbus, empresa que a Marcopolo acabara de adquirir.)
Na reforma também tiraram a porta do meio, as portas da frente e fundos foram trocadas por outras mais modernas.
Teve 4 pinturas. Foi estatal e privado. Foi de 2 proprietários. Começou com 3 portas, acabou com 2. E no início já era híbrido entre 2 modelos, no final ficou híbrido entre 3 modelos (esse mutante só perdeu do ‘Camaleão 8.000 da CMTC’, o 1º tróleibus-articulado do Brasil):
Todos os ciclos desse bichão:
Assim foram as pinturas de tróleibus. Abaixo as transições, quando aparece 2 ciclos na mesma imagem.
Seguindo essa ‘viagem pro passado‘, Viação Santos/São Vicente (abaixo só fotos de Caio Amélias).
Agora os dísel da Viação Piracicabana, municipais de Santos no século 21.
Ao lado a 1ª pintura pós-privatização, vista também na 1ª e 4ª fotos da galeria abaixo. A esq. Ciferal, do modelo ‘bicudo‘. Um leitor mandou a seguinte informação a respeito desse busão:
” Em 14/01/1998, chegaram procedentes do Rio de Janeiro/RJ da empresa Auto Diesel, nove coletivos deste modelo, para a Executiva de Santos onde receberam os prefixos 5091 a 5099 “.
Vejamos mais veículos municipais da época.
Pelo visto a Baixada gosta de ônibus azuis e brancos. Um colega escreveu sobre a foto a seguir:
“ Em 1998 esse coletivo chegou zero km para a Viação Marazul onde recebeu o prefixo 4840.
Em 01/06/2002 passou para a Viação Piracicabana onde recebeu o prefixo 8146, em 08/11/2004 mudou novamente o prefixo 7296, e depois foi desativado em 2006. ”
Com isso retifico uma informação que havia grafado incorretamente. O certo é:
As 2 primeiras imagens abaixo são entre 1998 e 2002, portanto ainda com a Marazul independente. A terceira foto é de 2002, aí sim mostra a transição, quando a viação foi comprada pelos Constantino.
Vamos ver algumas aberrações: ônibus inteiro cobertos de anúncios. Foi frequente no Brasil perto da virada do milênio.
Felizmente hoje na maioria das cidades é proibido, embora ainda hajam alguns casos. No Chile, México e África do Sul (e quem sabe EUA) ainda é permitido.
Nos metropolitanos da Baixada teve uma época que também era comum:
Viação Guarujá, dos anos 80 aos anos 2000, do municipal ao metropolitano.
Em duas imagens da sequência abaixo vemos a decoração que tinha a gaivota sobre o fundo azul em 2 tons, usada na década de 90.
Pois bem: a direita na mesma pintura um Caio Vitória (modelo que veio a seguir ao Amélia).
Cubatão, também diversos modais e épocas.
Municipais de São Vicente: até 2002 haviam ônibus grandes, viações oficiais. Dali até 2019 só cooperativas e a partir de 2019 volta uma viação oficial.
Metropolitanos da Baixada. De 2002 a 2016 a viação chama-se Piracicabana, como todos sabem. Depois alterada de ‘BR Mobilidade’.
No começo era lona e linha só com nº, sem nome. Na Baixada – e também no ABC na Grande SP – era comum o letreiro ser vermelho.
Como vemos na 3º tomada da galeria logo abaixo, mesmo linhas de viagem, se a origem e destino forem dentro da mesma área metropolitana, têm que padronizar a pintura pelo padrão EMTU.
Assim evoluíram os ônibus metropolitanos do Litoral de São Paulo:
É isso aí, amigos. Em linhas gerais, temos aqui contada a história do transporte na Baixada. A ‘Enciclopédia do Transporte Urbano Brasileiro’ tem mais um capítulo escrito.
Esq.: a viação Litorânea (grupo Pássaro Marrom) não opera na Baixada Santista, e sim no Litoral Norte e Vale do Paraíba. Mas como veio junto no pacote, segue aqui de brinde.
“Deus proverá”
Primeito VLT de SP? Apagaram o VLT de Campinas da história?
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Pois é irmão. Quem diz que é o “1º” é o governo de SP. Eu registrei que houve o VLT em Campinas na matéria, inclusive adicionei a ligação em que você pode ver um vídeo dele operando.
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