Alma Imortal: os guerreiros que continuam nas ruas muito além da “vida útil vencida”

Curitiba, segunda metade dos anos 80: prefeitura mandou adesivar “Vida Útil Vencida” nos ônibus que tinham mais de 10 anos (não vai dar pra ler nessa imagem, mas é aquele retângulo bem no meio do busão, abaixo da terceira janela).

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro    

Publicado (via emeio) em  7 de janeiro de 2015 com as fotos de Mandaguari-PR.

Reformulado várias vezes: em setembro de 2016 com a adição de Santa Catarina, em outubro de 2019 e agosto de 2023.

Maioria das fotos baixadas da internet, créditos mantidos sempre que impressos nas mesmas. As que foram de minha autoria identifico com (*) asterisco.

Em Curitiba, cidade que já foi referência mundial no transporte coletivo, por lei a ‘vida útil’ de um ônibus é de dez anos. Passado esse prazo as viações precisam entrar até na justiça pra fazer os veículos mais velhos rodarem.

Aqui e a dir. Mandaguari-PR em 2014: Amélia ainda operando – veículo fabricado em 1986; a seguir Monobloco ‘2’ (0-365)  – o detalhe é que nesse o letreiro diz ‘Circular’ e no outro ‘Coletivo’, em ambos sem informar a linha.

Não sei como é essa regulamentação nas outras cidades, mas deve ser um prazo similar.

Pois bem. Essa postagem começou porque em 2015 descobri várias cidades menores no Sul do Brasil que ainda contavam no transporte urbano regular com ônibus já com 3 e mesmo 4 décadas de uso.

A seguir, nas muitas atualizações especificadas no cabeçalho, ampliei o escopo pra mostrar casos similares também nas capitais, cidades maiores do interior e até no exterior, presente e passado. Vamos nessa.

Vejam vocês que curioso!!! Monobloco 2, Amélia, Nimbus TR-3, Veneza e Torino 1 seguem operando no transporte coletivo urbano !! É mole ou quer mais??

Mono 2 na ativa !!! Mandaguari-PR O singular achado foi em todos os três estados do Sul do Brasil.

Mandaguari (próximo a Maringá), no Norte do Paraná, no caso do Amélia e Monobloco.

Em Urussanga, Sul de Santa Catarina (nas imediações de Criciúma), encontramos o Nimbus e os dois da Marcopolo (Veneza e Torino).

Nimbus TR de 1976 segue no transporte urbano regular em Urussanga-SC em 2016. 40 anos de uso. Não só ele. A direita na mesma cidade um Veneza, também com 4 décadas e contando!! “Na ativa!”, o autor ressaltou.

Se tudo fosse pouco, um Veneza do modelo mais antigo em Camaquã, Rio Grande do Sul.

……….

O texto está datado logo na abertura, é de 2015. Quando eu disser “ainda rodam” se refere a essa data, enfatizando mais uma vez:

Esse último buso citado de Camaquã circulou pelo menos até 2013, no Paraná os veículos aqui mostrados até 2014 (quem sabe mais), em Santa Catarina até no mínimo 2016.

No momento que você lê isso eles provavelmente já foram enfim retirados de linhas regulares, pois uma hora teriam que sê-lo.

Atualizando, um leitor informou (vide a seção de ‘comentários’ abaixo) que alguns meses depois das fotos esses veículos esses veículos foram de fato aposentados do transporte urbano de Mandaguari:

Anos 50, também em Urussanga, viação São José (nome escrito no teto como era corrente a época): esse não roda mais, óbvio. Incluí aqui por se tratar de um registro raro.

Em 2017 já não estavam mais operando nesse modal, foram deslocados pra fretamento.

Ainda assim, todos eles foram bastante longevos. Pra quem não é busólogo eu esclareço:

O Nimbus e o Veneza são dos anos 70. Os demais modelos foram fabricados entre o começo e a metade dos anos 80:

Dessa forma os mais antigos têm 40 anos de pista, ao menos 30 anos bem rodados pra todos é garantido.

Camaquã-RS, 2013: Veneza 1 (fabricado no comecinho dos anos 70, ainda mais antigo que o de Urussanga que é do meio pro fim da década de 70) ainda faz linhas urbanas – com o eixo a frente da porta, configuração que fez muito sucesso no Rio Grande do Sul.

Falemos primeiro de Mandaguari (na sequência virão mais fotos de Urussanga, devidamente comentadas. Por hora vamos nós de volta ao ‘DDD 44’, do Norte do Paraná).

Veja que em um dos ‘Monos’ (acima a direita) está adesivado ‘Feliz 2014’ no para-brisas.

É razoável admitir que ele adentrou circulando o ano de 2014.

Na verdade não é nem somente um. Porém nada menos que dois ‘Monos’ 2 que ainda rodam em Mandaguari.

Valparaíso, Chile, 2015 (*): vi pessoalmente, nessa cidade portuária havia uma grande leva de tróleibus de 70 anos ainda circulando.

Porque há duas numerações. O “2385” adaptado, só tem 1 porta.

O “2289” tem 2, normalmente, mesmo caso do Amélia, que tem o nº “1286”.

Pelas placas notamos que são oriundos do estado de São Paulo.

Curioso também o letreiro, escrito “Circular” e “Coletivo” no lugar da linha.

Essa foi demais!!! Já no meio da 2ª década do século 21, quando achei que Mono 2 e Amélia só tivesse em transporte rural ou restaurado como relíquia em museu motorizado.

…………..

Atualizei a matéria no fim desse mesmo ano de 2015, logo após retornar da Baixada Santista:

Torino ‘1’ ano 1983 operando na Grande SP. Os ‘jurássicos’ de SP, Capital e Litoral, são tróleis, e circularam ao menos até 2020. Mais de 3 décadas de trabalho produtivo.

‘Mono’ 2 na ativa ainda não achei fora esses. Mas me lembrei de alguns outros que ficaram décadas rodando.

A direita ônibus elétrico em Santos, fazendo a ‘bola’ da Pça. Independência, no Gonzaga, pra retornar pro Centrão.

Essa leva foi produzida em 1988, e 3 exemplares rodaram no Litoral Paulista até 2020 com certeza, talvez até um pouco mais.

SÉCULO 20: ÔNIBUS ELÉTRICOS MUITO ANTIGOS NO ESTADO DE SP E NO RECIFE – esse é na capital paulista. Ex-CMTC, mas agora já de uma viação particular: o que prova que a foto foi feita em ou depois de 1994, pois esse foi o ano de privatização dessa empresa estatal.

E ao lado no Corredor ABC, na região metropolitana da capital. Fabricado em 1983, esteve nas ruas também no mínimo até 2020.

Demos acima dois exemplos do século 21. Mas no século 20 era uma longa tradição tróleibus permanecerem em linhas regulares por 3 ou 4 décadas.

Ônibus elétricos fabricados no fim dos anos 50 ou no máximo começo dos 60 seguiram trabalhando até o fim da década de 90, e em um caso mesmo depois da virada do milênio.

Isso aconteceu em SP Capital, no Recife-PE, e também em Santos e Araraquara (no litoral e interior paulista, respectivamente):

1º tróleibus-articulado do Brasil: sua 1ª pintura (‘Trovão Azul’), carroceria (Caio) e viação (CMTC).

1985-2012 – O 1º TRÓLEIBUS-ARTICULADO DO BRASIL RODOU 27 ANOS:

TEVE 2 CARROCERIAS, 6 PROPRIETÁRIOS, 7 (OU 9?) PINTURAS E 7 NUMERAÇÕES

Já que o tema é esse, vamos falar do 8000 da CMTC, o 1º tróleibus-articulado do Brasil (esq.).

Recebido em 1985, circulou por 27 anos!!, até 2012. Seguindo a tradição dos tóleibus.

Se tornando assim um museu-vivo do transporte paulistano.

27 anos depois – sim, é o mesmo veículo, foi re-encarroçado pra Marcopolo: sua última pintura (Inter-Ligado) e dono (Himalaia).

Não é modo de falar, ele foi restaurado e hoje é atração dos encontros de busologia.

Por isso ganhou uma matéria própria: onde mostro ele, que começou como Caio e acabou Marcopolo, e o 8001 – esse já surgiu originalmente Marcopolo. Ambos rodaram de 85 a 2012.

Confira todas as mudanças que ele passou nesses 27 anos de pista.

SÉCULO 20: ÔNIBUS A DÍSEL MUITO ANTIGOS NO SUL DO BRASILem Porto Alegre Incasel da NST (N. Srª. do Trabalho), eixo a frente da porta mais uma vez.

Quando eu ia a Florianópolis no fim dos anos 80 algo que me chamava a atenção era a grande quantia de ônibus com quase 20 anos de uso ainda circulando.

A idade média da frota na capital de SC então era bastante avançada. Comum veículos produzidos nos anos 60 ou começo dos 70 ainda estarem rodando.

Eles tinham as janelas como nos ônibus de viagem, inclinadas e inteiriças (ao lado um exemplo em P. Alegre, que passava pela mesma situação).

Até a década de 60 as encarroçadoras pouco diferenciavam os ônibus rodoviários dos urbanos, todos tinham teto e janelas inclinados.

Viação Limoense em Florianópolis: não apenas as janelas e a lataria, mas até o letreiro é igual ao dos veículos rodoviários.

Os de viagem obviamente tinham bancos estofados reclináveis e somente uma porta, enquanto os urbanos tinham porta de entrada e saída e assentos de acrílico.

Entretanto o desenho da carroceria, incluindo as janelas, era idêntico nos dois modais.

A questão é que nos busões urbanos fabricados desde o começo dos anos 70 pela maioria das marcas o teto e janelas eram retos, e as janelas com uma divisória no meio.

Inclusive por isso o modelo da Nimbus se chamava ‘TR-3’, que são justamente as iniciais de ‘Teto Reto‘.

Em Curitiba e São Paulo, por exemplo, não haviam nos anos 80 busões com essas janelas antigas, inteiriças.

Pois bem. Vi pessoalmente que em Floripa era diferente, esse modelo bem antigo ainda era comum por lá.

Posteriormente comprovei pela internet que esse era o padrão também no interior de SC e igualmente em Porto Alegre-RS.

Vejamos mais exemplos nos dois estados mais austrais do Brasil:

1978: os articulados chegam a Brasília; no letreiro a linha 105-Grande Circular, um arquétipo do transporte candango.

SETOR “O”, CEILÂNDIA/DF:

ONDE OS GUERREIROS SOBREVIVEM –

(Publicado em 12 de fevereiro de 2019)

Vamos falar agora de Brasília, seus primeiros ônibus articulados circularam por quase 20 anos:

Do fim dos anos 70/início dos 80 até o meio ou um pouco mais da 2ª metade dos anos 90.

Puxaram também a linha 331-Setor “O” (Ceilândia)/Rodoviária P.P. – nos anos 80 os letreiros em Brasília eram como nas outras cidades, fundo preto com letras brancas.

Já em 1978 a estatal TCB (Transp. Coletivos de Brasília) adquiriu uma leva de Marcopolo Veneza/Scania (a esquerda anúncio da própria montadora publicado em 1980).

Enquanto que as viações particulares Pioneira e Planeta (que são do mesmo grupo) optaram pela carroceria Ciferal, com motorização/chassi também Scania.

O Brasil começou a produzir ônibus articulados no finalzinho da década de 70.

Mais especificamente em 1978. E já nesse ano a TCB-DF  encomendou cerca de 20 ‘minhocõesque é como os brasilienses chamam esses ônibus mais compridos e com sanfona.

Em ação em linha que passa pela Avenida W-3 Sulos ‘sanfonados’ tinham pintura e numeração diferente do resto da frota (não entraram na padronização EBTU e tinham o prefixo ‘AR’ antes do número do ‘carro’).

A direita um pouco acima a entrega da frota, em desfile pela Capital Federal.

Ainda era pintura livre, eles foram caracterizados na decoração chamada de ‘Normalista‘:

Brancos, com três faixas em dois tons de azul, o logotipo da empresa bicolor da mesma forma.

Pois bem. Logo a seguir, em 1980 veio a 1ª padronização de pintura da cidade.

1991: a TCB ainda tinha vários deles, já com 13 anos de uso (na 2ª padronização do DF – a 1ª pros articulados: todos os busos da cidade brancos com uma faixa cinza).

A TCB participou – parcialmente. Seus ônibus ‘pitocos‘  (de tamanho normal, os não-articulados) foram padronizados no esquema que a EBTU determinou.

Brancos com uma faixa colorida indicando a parte da cidade que a linha vai.

Todavia, os articulados não foram repintados. Continuaram ostentando a decoração ‘Normalista por uma década, até 1988.

Foi quando chegou a 2ª padronização do transporte brasiliense:

O mesmo veículo nº 04.901 (visto também na tomada anterior) em seus últimos pegas, perto do meio da década de 90 – uma característica dos busões candangos a época é que o letreiro foi invertido, fundo branco e letras negras.

Manteve-se o desenho da anterior, fundo branco com uma faixa.

Porém agora a faixa é cinza pra frota inteira, todas as viações, todas as linhas exatamente iguais.

Dessa vez os articulados estatais foram ‘enquadrados’, e padronizados como todos os demais ônibus, com vemos nas fotos ao lado e acima.

A numeração também perdeu o prefixo próprio que eles tinham até então.

Os articulados particulares do DF também foram longevos, e chegaram a ostentar 3 padrões de pintura:

A Viplan (Viação Planalto) dava seus últimos suspiros, breve ela encerraria as operações.

Ao lado: Brasília, 2013. Vitória fabricado em 1993 ainda roda pelas ruas do D.F., 20 anos depois.

Essa é a 4ª padronização da cidade, chamada ‘Brasília Integrada’. Durou apenas 3 anos, de 2006 a 2009 (como esse buso já iria sair de circulação não foi repintado no novo padrão).

Na galeria horizontal mais tomadas dos busões em Mandaguari. Primeiro o Caio Amélia, depois os dois Mercedes Monoblocos. Nos ‘Monos’ os faróis não foram adaptados, são originais, horizontais. Nem sempre acontece dessa maneira

Agora as traseiras dos 3 de Urussanga.

Outros dois Torino ‘1’, agora a dísel.

Ao lado o mesmo Torino ‘1’ que está de costas na galeria, dessa vez visto de frente.

Fabricado em 1984, clicado em Urussanga em 2016 – superando os Viplan de Brasília.

Ver esses bichões em linhas urbanas regulares em nossa Pátria Amada foi um espanto.

Até porque Marcopolo e Caio continuam produzindo ônibus até hoje.

Curitiba: ‘Menonitas’ era uma linha diferenciada pra um público específico, portadores de deficiência. O intervalo entre as viagens era de 1 hora e 40 minutos, pois só tinha 1 ‘carro’ operando, que nos últimos anos era micro (a linha foi extinta em 2020). Sendo peculiar, e não transporte normal de massas, a Menonitas não precisava cumprir requisitos de renovação da frota tão rigidamente, papel que tróleis cumprem em outras metrópoles. Assim até a 1ª década desse milênio operou ali um antigo Marcopolo, fabricado no meio dos anos 80. Já foi aposentado, mas só depois de bem mais de 20 anos bem rodados.

Porém a Nimbus foi comprada pela própria Marcopolo ainda na virada pros anos 80.

E no meio dos anos 90 a Mercedes-Benz deixou de produzir carrocerias no Brasil.

Essa postagem surgiu, como dito, pra homenagear os busos muito antigos ainda em ação (na ocasião) em Mandaguari-PR, e a seguir Urussanga-SC e Camaquã-RS.

Ou seja, desses veículos aqui mostrados 3 de seus fabricantes já encerraram as atividades há muito.

Só que eles continuam na pista, levando as pessoas pra casa, trabalho, lazer, etc., firmes e fortes.

O Peru em 2015 permanecia com vários Monoblocos na ativa, como lhes mostrei em outra mensagem.

Nessa vizinha nação o Monobloco ‘2’ foi amplamente popular.

(Creio que exportado do Brasil, talvez adaptado por montadoras locais.)

Alias o Brasil exportou muitos ônibus pro Peru, inclusive articulados.

Escrevi a história resumida do transporte em Lima, dos anos 70 até hoje.

Contando seu apogeu, queda e por fim nova recuperação.

(Breve dou prosseguimento, produzirei uma matéria me aprofundando no assunto, com centenas de fotos.)

Florianópolis, SC: Monobloco ano 1986 ficou na ativa até 2005, 19 anos fazendo a conta. Sempre decorado na 1ª padronização de pintura (no caso a da EBTU, branco com faixa colorida) que lá valeu também pra região metropolitana.

Seja como for, Lima e Mandaguari compartilham essa peculiaridade:

Devem ser as as únicas 2 cidades do mundo que permanecem contando com esse modelo em sua frota regular (texto de 2015, dizendo mais uma vez).

Exagero, claro. Nas menores cidades do interior a longevidade automotiva é bem maior.

Tanto que após ter publicado a mensagem original achei um veículo da mesma época (1ª metade dos anos 80) e 3 ainda mais antigos (meio dos anos 70) em Urussanga e Camaquã.

Lima, Peru, 2013: ali não há saudades, o Monobloco ainda está em ação! O itinerário vem pintado na lataria, como acontece também em Buenos Aires/Argentina.

Estão postados acima, há um Torino, esse é o caçula, tem ‘só’ 32 aninhos (em 2016). Mais pro alto na página já vimos também as fotos do Nimbus TR e Venezas ainda na ativa.

No transporte urbano regular!! Não é ‘Escolar‘, ‘Rural’ ou levando bandas de música.

Adicionei inclusive uma galeria com os bichões de costas. Com essa idade e ainda operando linhas regulares, merecem ser fotografados por todos os ângulos.

Mais de 40 anos de bons serviços, sem pedir descanso. Definitivamente, essa é a ‘Alma Eterna’. Eu encerro meu caso . . .

Marcopolos bi-articulados com chapa branca na linha 303-Centenário/Campo Comprido. Foram fabricados em 1995, seguiram rodando pelo menos até o final de 2011 – esses já saíram de circulação.

Digo, ainda dá tempo de mais um aparte. E terminamos como começamos, falando de Curitiba.

Como disse e é domínio público, na capital do PR por lei a vida útil da frota de transporte coletivo é de 10 anos. Porém muitos dos maiores ônibus da cidade passam em muito desse prazo.

No começo do novo milênio a prefeitura chegou mesmo a pôr chapa-branca nos bi-articulados que tinham mais de uma década de uso – a esq. .

(Nota: no atual emplacamento ‘Merco-Sul’ todas as placas têm fundo branco, evidente. Porém nos dois modais vigentes de 1970 a 2019 essa característica era reservada pros veículos do governo, como sabem.)

Uma grande leva de Caios bi-articulados fabricados em 2006 segue nas canaletas de Curitiba em 2023 – já são 17 anos de pista, ainda não igualaram as 2 décadas dos Viplan brasilienses mas não falta muito (até o momento que atualizo essa matéria foi a última vez que a Glória – agora a maior viação de Curitiba – comprou dessa montadora).

Os busões passaram a ser propriedade estatal, apenas operados pelas viações particulares, na prática re-editando a ‘Frota Pública’ das décadas de 80 e 90.

Essa situação ocorre porque há poucas cidades com bi-articulados no Brasil: assim é extremamente limitado o mercado pra esses veículos usados.

Resultando que após passados os 10 anos da ‘vida útil’ Curitiba não tem pra quem vender a maioria dos seus ônibus de 2 sanfonas.

Assim eles ficam nas ruas rodando por muito tempo passado esse prazo, e ao fim são desmanchados como sucata.

“Deus proverá”

3 comentários sobre “Alma Imortal: os guerreiros que continuam nas ruas muito além da “vida útil vencida”

  1. lg sabino disse:

    ainda rodam sim sou de mandaguari Poerem nao em frota regular a frota foi renovada devido contratos e licitaçoes mas eles ainda atendem o tranporte de funcionario de algumas empresas da cidade

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  2. omensageiro77 disse:

    Um colega que também é busólogo comentou. Como ele escreveu por emeio, serei eu, O Mensageiro, quem assina o comentário. Mas transcrevo as palavras exatas dele:

    ” Qdo vim para Curitiba,tinha uns 10 anos, os ônibus da linha Paraíso e Higenópolis eram todos Nimbus, eu me lembro que ia sentado no motor, olhando o motorista trocar de marcha. O cambio que fazia mais curvas que a graciosa. Foi ai que virou paixão. ”
    ………..

    Agora volta O Mensageiro pro arremate: Paraíso e Higienópolis são linhas que atendem ao Bairro Alto, na Zona Leste.

    Bairro Alto, orgulho da Zona Leste‏

    Na época eram convencionais, ou seja saíam do Centro e tinham ponto final no bairro, sem integrar com outras linhas. Ele já tem mais de 50, veio p/ Ctba no começo dos anos 70, por aí. Duas décadas depois, no começo dos anos 90, surgiu o Terminal Bairro Alto, aí várias linhas foram esticadas até o terminal, passando portanto a oferecer integração gratuita com outras. Foram elas:

    Higienópolis, Tarumã, Alto Tarumã e Sacre Couer – atualmente traduziram pro português e é a ‘Sagrado Coração’, mas por décadas foi em francês. Já a linha Paraíso passou a ser alimentadora, ou seja, não vai mais até o Centro, sai da vila e acaba no terminal, também oferecendo baldeação gratuita a outras.

    viagem pro passado: garagem da Colombo, anos 80 – e a revolução do ‘Expresso’, de 1974 até hoje

    Esse camarada morou a vida inteira na Zona Leste da Grande Curitiba, em diversos bairros da capital e um município da Região Metropolitana, mas curiosamente sempre na porção oriental da cidade. E as ‘curvas da Graciosa’ que ele se refere são da Estrada da Graciosa, primeira ligação entre a capital e o Litoral, estrada já centenária, e por isso extremamente sinuosa. Já fiz ensaio sobre ela também:

    De novo, “Vamos a Praia”: a Estrada é mesmo Graciosa

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