INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO“
Por Maurílio Mendes, “O Mensageiro”
Publicado em 16 de novembro de 2013 e 4 de julho de 2014
Maioria das fotos baixadas da internet (créditos mantidos sempre que impressos nas mesmas).
As que forem de minha autoria identifico com um asterisco ‘(*)’, como visto a direita.
Ideias são atemporais. Ideias são Energia, e Energia nunca se extingue, apenas se transforma.
Vamos exemplificar com diversas manifestações, que se materializaram e a seguir encerraram seu ciclo no mundo concreto.
Pois tudo que é material tem que ter um começo, meio e fim.
No entanto as ideias se mantiveram vivas no Plano Mental, e assim ressurgiram materialmente algumas décadas depois.
Essa mensagem começou porque fui mostrar a pintura da CMTC de São Paulo entre fim dos anos 70 e quase toda década de 80 (ao lado).
Era chamada de ‘Trovão Azul“, o fundo branco e na parte inferior da lataria duas faixas em azul, a mais escura por baixo.
Nos fim dos anos 80 desaparece. Só que ressurge na Grande Porto Alegre-RS nos anos 90 (foto a seguir). Novamente desaparece.
Entretanto novamente reaparece em Manaus-AM nos anos 2000 (1ª década do novo milênio), do outro lado da nação-continente, a prova abaixo.
O Trovão Azul é uma Fênix. Uma lenda, que transcende as barreiras das Leis que regem a matéria.
Além das homenagens mais distantes, tanto no tempo quanto no espaço, temos as mais próximas:
Enquanto ela ainda estava ativa na capital paulista, já haviam clones ali pertinho, em Campinas e na Baixada Santista.
Que são como todos sabem a maior cidade do interior e do litoral paulista, respectivamente.
Muito além da busologia, vamos usar essa sua dupla vitória sobre a morte pra filosofarmos sobre a como a Energia opera.
………….
Então vamos nessa. Antes do homem vencer a Lei da Gravidade as viagens trans-atlânticas eram feitas de navio, evidentemente.
Na primeira metade do século 20 a Alemanha criou o ‘Zepelim‘.
Trata-se de uma espécie de balão que tinha motor e leme.
Mais lento que os aviões, sem comparação nesse quesito.
Ainda assim significativamente mais rápido que os navios, o que já ajuda bastante.
A passagem era cara, mas pra quem precisava ganhar tempo valia a pena.
Pois bem. Em 1937 um Zepelim explodiu quando chegava a Nova Iorque-EUA, matando dezenas de pessoas.
Chegou ao fim a saga do Zepelim, uma ideia talvez revolucionária mas que acabou sendo abandonada.
No entanto, décadas depois em Belém do Pará criaram o “Ônibus-Zepelim“.
………..
Já que estamos falando de aviação, segura essa que vem agora.
Quem tem idade suficiente se lembra, havia o famoso “restaurante do avião”, clássico de Curitiba dos anos 80.
Se localizava Av. Manoel Ribas – o caminho pra Santa Felicidade, Zona Oeste.
Ele cessou de existir, mas deixou descendência bem profícua.
Hoje, há dois restaurantes dentro de aviões na vizinha Stª Catarina.
Isso no curto trajeto (300 km) entre Ctba. e Florianópolis pela BR-101. Dois, como se um fosse pouco.
E se o tema é a Curitiba dos anos 80, na ocasião a maioria dos táxis daqui eram Fuscas, como ocorria em quase todas as cidades.
Vamos avançar mais algumas décadas adentro do século 21:
Óbvio que em 2016 já não haviam ‘Fucas’ como táxis na capital do Paraná há muito tempo.
Ainda assim uma empresa de tele-taxi ilustrava seus serviços com … um Fusca!!!
Pois como eu já disse antes, Energia nunca morre, apenas se transforma.
Mesmo quando uma manifestação acaba, a ideia permanece.
E por vezes ela acaba ‘re-encarnando,’ isto é, tendo uma nova manifestação.
Muitas vezes distante no tempo e no espaço da existência original.
E nesse caso até numa dimensão diferente (um balão motorizado virou ônibus).
Aqui está mais uma vez atestado: a matéria é cíclica, assim como tudo que manifesta nela.
As ideias são perenes. Após um ‘descanso’, elas retornam.
Pois um dia alguém a capta novamente no Plano Mental e a então ela volta a existir no Plano Material.
O ‘Trovão Azul mesmo. Quem bolou essa pintura jamais poderia imaginar que viriam tantas honrarias.
Vamos rapidamente recapitular o que o texto e imagens já mostraram.
Enquanto ela ainda estava vigente em SP/Capital, já havia viações homenageando a mais famosa das pinturas da CMTC.
Depois que a CMTC redecorou a frota, e mesmo após ela ser privatizada, continuaram a surgir novos clones.
De forma idêntica ou com pequenas modificações, houveram pinturas-espelho em (pelo menos):
– Campinas e na Baixada Santista, ambas no Estado de SP e portanto no Sudeste, é claro;
– Grande Porto Alegre (Sul do Brasil);
– Grande Brasília (Centro-Oeste);
– Manaus (região Norte);
– Caruaru-PE (no Nordeste).
Ou seja, nas 5 regiões do Brasil. Parafraseando uma propaganda “daquele tempo”:
O Trovão Azul “não é ‘Hollywood’ mas é o sucesso“. E que sucesso!!!
“PROVISÓRIO-PERMANENTE“:
PINTURAS DE LANÇAMENTO DA CAIO ADOTADAS EM VÁRIOS ESTADOS, E ATÉ NO EXTERIOR –
Um outro exemplo de uma ideia que ‘caiu no gosto do povo’ e seguiu existindo muito tempo após a chama inicial ter se encerrado:
Não sei como é hoje, mas nos anos 70 e 80 quando um fabricante de carrocerias punha no mercado um novo modelo de ônibus o protótipo vinha com uma ‘pintura de lançamento’.
Como o nome indica, é só pra marcar a apresentação daquele busão. Apenas o 1º exemplar de cada modelo a utiliza.
Começada a produção em série os veículos seguintes que saem de fábrica não usam mais a pintura de lançamento (por motivos óbvios, já cumpriu seu papel).
E sim vem pintados na decoração de cada viação ou padronização de cada cidade, conforme o caso. Pelo menos assim deveria ser.
Porque em 2 casos nos modelos da Caio as pinturas de lançamento foram mantidas por escolha de diversas viações, em muitos estados e inclusive fora do Brasil!
Ao esquerda um Gabriela 0km em 1977, com “pintura de fábrica”. A direita do mesmo modelo, porém tróleibus e com 3 portas, operando em Araraquara-SP.
OK, alguém poderia dizer que simplesmente a CTA manteve o bichão como veio de fábrica, pois é Gabriela.
Veja na galeria abaixo então quantas empresas de ônibus fizeram pinturas-espelho, em outros modelos e mesmo outros fabricantes:
É evidente que as encarroçadoras Marcopolo, Nimbus, Ciferal e Mercedes-Benz não iriam por sua conta fazer propaganda pra um rival comercial. A decisão foi do dono da viação.
(Nota: dessas 4 acima só a Marcopolo permanece ativa. Ciferal e Nimbus foram incorporadas pela própria Marcopolo e a Merdeces-Benz ainda produz chassi e motor, mas carroceria não mais desde 1997.)
O mesmo se repetiu com outro modelo da Caio. O Vitória – ao lado sua pintura de lançamento.
Foi concebido em 1988 (sua marca registrada era que as portas só tinham 1 folha, exceto nos modelos alongados).
Observe quantas viações copiaram o desenho, em 2 casos até viações estrangeiras:
A seguir falo mais detalhadamente desses casos, ilustrado com fotos.
Antes vamos a mais uma atualização, de setembro de 2022.
XIIII….DEU ZEBRA!!! NA CAPITAL –
Micros que faziam viagens curtas no Plano Piloto, pra atrair a classe média. Só se viajava sentado. Ou seja, a versão local do ‘Seletivo‘.
A relação entre motoristas e passageiros era diferente, extremamente cordial.
Numa rara foto em cores acima podemos ver como era a pintura que vigorou nos anos 80:
Como a legenda já colocou, vermelho alaranjado com faixas verticais brancas, alias daí veio o apelido ‘Zebrinha’.
Nos final dos anos 90 e começo do século 21 era como mostrado a esquerda:
Ainda com as faixas listradas, mas o desenho mudou bastante.
Isso porque na ocasião a padronização da frota – nos ‘carros’ grandes das linhas convencionais – era como mostrado nesse Busscar azul.
Ou seja, podemos dizer que a ‘Zebrinha’ adotou uma curiosa mistura:
Mesclando elementos da padronização dos ônibus convencionais com a pintura anterior da própria ‘Zebrinha’.
Ao menos ainda tinham uma única porta, pintura e nome próprios.
Em 2012 a licitação determinou o fim da pintura diferenciada desse modal.
A partir de 2013, portanto, as antigas linhas de “Vizinhança” passaram a ser feitas por micros na mesma pintura padronizada do resto da cidade (esq.). Parecia que a ‘Zebrinha’ tinha acabado…
Acabou nada! Atendendo ao ‘clamor popular’ em 2021 as Zebrinhas voltaram ao DF.
E, observam, usando quase a mesma pintura dos anos 80.
A diferença é que agora são 2 portas, o resto é praticamente idêntico (apenas adicionaram pequena ‘saia’ branca embaixo).
Definitivamente ideias nunca morrem, apenas descansam pra um dia retornarem ao Plano Material. É, “deu zebra”!!! De novo…
Diante disso, adiciono a esquerda a inesquecível zebrinha dos ‘Gols do Fantástico’ (que, quem tem idade suficiente se lembra, anunciava os resultados da Loteria Esportiva).
…….
Já falamos acima do restaurante dentro do avião, que existia em Curitiba nos anos 80 (dir.). Repare alias na placa antiga da Brahma.
Do tempo que ela ainda era arqui-rival da Antárctica (antes da fusão entre ambas e mais a Skol que criou a Ambev).
O Restaurante Jatão acabou em 1985 ou 86 – pois em março de 1987 foi concluída a duplicação da Av. Manoel Ribas.
Cujas obras desapropriaram e assim e encerraram esse ícone da cidade.
No entanto veja a esq.: décadas depois há 2 iguais em Santa Catarina, e bem próximos a Ctba. .
A propaganda agora é da Pepsi, que é estadunidense é lógico mas no Brasil é produzida pela Ambev.
E AGORA ESSA: ÔNIBUS-ZEPELIM EM BELÉM DO PARÁ (atualização de fevereiro de 2019) –
A direita, Belém, 1957. Matéria da finada publicação ianque ‘Life’ mostra os Ônibus-Zepelim que existiam a época na capital do Pará.
Nem é preciso dizer muito. A excentricidade do negócio é auto-explicativa e evidente.
O chão está molhado. Nessa cidade chove todos os dias. E se não tiver registrada a chuva diária não é Belém!
Vamos deixar um pouco a busologia de lado e falar sobre aviação.
Pra entendermos melhor o que esse veículo quis homenagear.
Obviamente o busão imita um Zepelim. Pra quem não sabe o que é isso:
Trata-se de uma mistura entre balão e avião, o antecessor do avião moderno (esq. e fotos abaixo).
O Zepelim foi inventado na Alemanha, no fim do século 19, pelo ‘Conde Zepelim’, eis a origem de seu nome (eu aportugueso todas as grafias).
Era, como já falado e é notório, uma espécie de balão que tinha motor.
Apenas ele não era redondo mas com a forma de um charuto, pra voar de forma dirigida – daí também ser conhecido por ‘dirigível’.
O Zepelim era cilíndrico e motorizado, enfatizando mais uma vez.
Portanto ele era direcionado pra onde o condutor (que o manobrava usando lemes, de forma parecida com os barcos) queria.
Ao contrário dos balões que são redondos e sem propulsão mecânica, de maneira que acabam voando mais ‘ao sabor dos ventos’, literalmente.
Os Zepelins, ao contrário, são mais precisos. Tanto que foram usados como aeronaves militares, na 1ª Guerra Mundial.
Zepelins da Força Aérea Alemã bombardearam a Inglaterra durante o conflito.
Porém a Inglaterra saiu vitoriosa e a Alemanha derrotada nesse embate.
Assim, a construção dos Zepelins (que então já eram usados também na aviação civil entre as metrópoles alemãs) foi embargada.
Em 1926 o embargo foi levantado, e o começo da década de 30 foi o período de ouro dos Zepelins.
Eles faziam voos regulares dentro da Europa e entre esse continente e a América.
Os Zepelins partiam da Alemanha e 3 dias e meio depois chegavam ou aos EUA ou ao Brasil, conforme o caso.
No Brasil, pousavam primeiro no Recife-PE e depois seguiam pro Rio de Janeiro, então a nossa Capital Federal.
Vale lembrar que de navio levava-se mais de 10 dias entre a América e Europa.
Portanto os quase 4 dias do Zepelim eram considerados uma viagem bem mais curta.
No Centro de Joinville-SC (que é de colonização alemã, como todos sabem) há uma foto do Zepelim sobrevoando a cidade (dir.).
Ele fazia apenas uma viagem de demonstração, e não uma linha regular com passageiros.
Seja como for, em 1937, aí sim em operação trans-atlãntica normal, um Zepelim pegou fogo quando ia pousar nos EUA.
36 pessoas morreram (35 entre passageiros e tripulação a bordo e um técnico no solo).
A esquerda o momento da explosão. Foi o fim dos Zepelins na aviação comercial.
De 1930 a 1937 tínhamos com frequência os Zepelins nos céus da Europa, Brasil e EUA.
Na década de 1950, 20 anos depois portanto, o Zepelim ressurgiu como o ‘Ônibus-Zepelim’, cortando as ruas de Belém do Pará.
Acabou mas . . . não acabou!
Parece que nada a acaba. Veja ao lado essa agência de viagens, em foto de 2020:
Tem na fachada logotipos de 3 cias. aéreas: TransBrasil Vasp e Varig.
Se fosse no século 20 era normal. A questão é que a TransBrasil faliu em 2001, a Vasp em 2005 e a Varig em 2007.
19 anos depois da primeira delas acabar, 13 anos sem nenhuma delas existir.
Tá certo que ideias são atemporais, mas essa agência de turismo inovou: oferece uma “Viagem pro Passado“.
Falando nisso, digo outra vez: nos anos 80 em Curitiba a maioria dos táxis eram Fuscas (dir.).
Como em muitas outras cidades, pois estamos falando do carro mais querido da história.
O tempo passou, e hoje obviamente não existem mais como táxis. Fisicamente não mesmo.
Entretanto veja ao lado o imã de geladeira de uma empresa de Tele-Táxi:
Ainda traz estampado um simpático Fusquinha operando como táxi.
A foto é de 2016. Décadas depois do último ‘Fuca’ ter se aposentado desse modal na cidade.
Um símbolo, um arquétipo. Extinto na dimensão física, está bem vivo no coração de quem o conheceu.
CARROS, ÔNIBUS, REFRIGERANTES:
TUDO VAI E VOLTA –
Vai além do Táxi-Fusca. O próprio Fusca é uma fênix, que extinto renasceu das cinzas.
Iniciado em 1938, foi produzido até logo depois da virada o milênio.
Na Alemanha o último exemplar saiu da linha de produção em 1978.
No Brasil em 1986 encerrou-se a produção em larga escala.
Depois houve mais uma pequena série de 1994 a 96, mas foram poucos carros então.
No México seguiu até 2003, o último país a abandonar o “velho” Fusca.
Em 1997, entretanto, a Volkswagen lança o Novo Fusca.
As linhas são exatamente iguais, apenas agora o motor é dianteiro.
Por 6 anos, de 97 a 03, a unidade mexicana da Volks produziu simultaneamente as 2 versões, a ‘clássica’ e a remodelada.
Em 2019 o Novo Fusca também deixa de ser fabricado.
Assim como com o Fusca original, a cerimônia de encerramento do Novo Fusca também se deu no México, com pompa e circunstância.
O Fusca nasceu, morreu, como uma fênix renasceu, a seguir se encerrou de novo. Está apenas descansando?
………
Já que estamos falando dos refrigerantes nas fotos ao lado, quem tem idade suficiente se lembra que até os anos 80 só existiam duas versões de garrafa, de 300 ml e de 1 litro (digo, havia também a caçulinha, mas era mais rara).
E sempre de vidro. A pequena tomávamos o conteúdo no restaurante e ela ficava ali mesmo.
Entretanto as tamanho família eram retornáveis, a gente tinha que comprar.
Em toda garagem havia um depósito com os engradados lotados.
Ou na área de serviço pra quem não tinha carro, que na época também era bem menos comum que hoje.
Entre o fim dos anos 90 e a virada do milênio as fábricas de refrigerante adotaram as garrafas de plástico, não-retornáveis, pra volumes de 1 litro e acima.
Não era mais necessário guardar o casco. As coisas mudam……, assim eu encerrei o texto original da postagem, em 2011.
Ou não, né? Na segunda metade dos anos 10 (séc. 21) houve novo desdobramento:
A garrafa de um litro de vidro está novamente no mercado.
Observe abaixo, foto atual: sob a pia o depósito dos vasilhames.
Como era feito na minha casa em Santa Cândida, Zona Norte, 30 anos atrás (escrito em 2015).
De volta a ativa duas décadas depois de terem sido extintos.
A Coca igualmente acaba de relançar suas garrafinhas em miniatura (a seguir, a dir.).
Eu não tive filhos. Se eu tivesse tido, meu piá iria brincar com uma nova versão do mesmo brinquedo que eu tive.
Pois foi re-lançado quase 3 décadas depois. Diante disso, já havia matutado na ocasião:
“ As coisas mudam pra nunca mudarem, eis a única conclusão possível. ”
Outro aspecto retrô, esse não relacionado aos refris: a Cometa trouxe de volta o Flecha Azul.
O nome, “Flecha Azul”, originalmente se referia a carroceria, vista a esquerda.
No entanto, por décadas todos os ‘Flechas Azuis’ da Cometa vinham nessa mesma decoração, a clássica da empresa:
Corpo do veículo cinza com faixas azuis e amarelas.
Assim o termo ‘Flecha Azul’ passou a denominar popularmente também essa pintura específica da Cometa.
Como era o padrão no Brasil nas décadas de 50 e 60 do século 20 (tanto no segmento rodoviário quanto urbano), o nome da viação vinha escrito no teto.
Tradição que a Cometa foi a última empresa a abandonar.
Pois a pintura “Flecha Azul” foi utilizada até o quase o fim da primeira década do novo milênio.
Há registros pelo menos até 2008 – claro que nos últimos anos já estava em transição, convivendo com a nova pintura.
Como um dia tudo tem que terminar, pouco antes de 2010 toda a frota ficou como vemos acima.
Como uma fênix, igual ao ‘Trovão Azul’ da CMTC, a Flecha Azul da Cometa também renasceu em 2013 (esq.) – agora rebatizada ‘Flecha de Ouro’.
Com os tróleibus de Santos-SP o mesmo se deu. Ao lado a decoração dos anos 60 (quando a viação ainda se chamava ‘SMTC’).
O nome da empresa mudou pra ‘CSTC’ em 1976, e em 1998 foi privatizada. Frota pública ou particular, depois dessa a direita os tróleibus de Santos tiveram as seguintes pinturas:
…….
É mole? Vou pra SP num buso com a mesma pintura que eu pegava 3 décadas atrás.
E voltei a comprar a Pepsi de 1 litro que vem no vidro retornável.
Desse jeito parece que só falta também voltar o Ploc Gigante.
Tem mais: já que falamos em Stª Cândida, eu fui criado nesse bairro, como acabo de contar, onde vivi de 1981 a 1992.
Depois morei no Cristo Rei (entre as Zonas Leste e Central); no Boqueirão (Zona Sul); e Juvevê (divisa das Zonas Central e Norte).
E desde 2020 moro de novo em Santa Cândida, 28 anos depois de sair estou de volta (atualizado em 2023).
Embora em outra vila, longe daquela em que passei a infância. Ainda assim, é o mesmo bairro.
“O bom filho a casa torna”… Só se a explicação for essa . . .
………..
Agora volto a falar da pintura ‘Trovão Azul‘. Com suas mortes e renascimentos.
Afinal esse foi o texto original que fez surgir essa postagem.
Vejam na galeria horizontal abaixo ônibus da extinta CMTC paulistana na decoração clássica dos anos 80.
Em várias versões (Monobloco, Padrão Amélia, Tróleibus antigo, Tróleibus Padrão Ciferal, Tróleibus-articulado, etc).
Na sequência: dois Amélias Volvo, dois Torinos Scania, um trólei Mafersa (até aqui todos são ‘Padrão’, mais longos) e mais um Monobloco Mercedes, esse de tamanho normal.
Essa decoração foi criada um pouco antes da virada pra década de 1980, quando também surgiu a padronização ‘Saia-&-Blusa’ pras viações particulares.
Na 1ª metade dos anos 80 não houve alterações na pintura dos ônibus, nem da frota pública tampouco da particular.
Em 1986 foi extinto o ‘Trovão Azul’ (mantido o ‘Saia’ pros ônibus privados).
Porém levou um certo tempo até re-pintar toda a frota, e não é pra menos.
Eram quase 3 mil ônibus somente na CMTC, em diversos padrões de pintura, a maior parte deles estava nessa configuração.
O “Trovão Azul”, assim, existiu na capital paulista em todo os anos 80, e nos anos 90 desapareceu.
Desapareceu de São Paulo, apenas pra re-surgir em outras duas capitais do país, em lados diametralmente opostos: Manaus e na Grande Porto Alegre.
Nos anos 90 a viação Sete de Setembro de São Leopoldo adotou exatamente a mesma pintura “Trovão Azul” pra caracterizar sua frota (como sabem, ‘São Léo’ é um município do Vale dos Sinos, na Zona Norte metropolitana da capital gaúcha).
Veio a virada do milênio, e a Sete de Setembro achou que o ciclo estava encerrado.
Mudou a pintura pra outro padrão. O “Trovão Azul” morreu novamente.
Como um Lázaro de força dobrada, ele renasceu ainda mais uma vez, agora em Manaus, na outra ponta dessa nação-continente.
Dessa vez, numa empresa de fretamento, não de transporte urbano regular.
Não importa. Ainda é um ônibus pintado praticamente igual. Não precisa teste de DNA, basta olhar pra ver que o “Trovão Azul” paulistano é o pai do manauara.
Perdurou toda a primeira década do milênio, de forma que pude ver com meus próprios olhos quando visitei o Amazonas, em 2010:
A 4 mil quilômetros de onde surgiu, e mais de duas décadas depois de ter sido extinto na origem, e lá estava o Trovão Azul ao vivo e a cores na minha frente, de novo.
O que é bom definitivamente nunca tem fim. Alma Imortal é isso e não há outro. Vence o tempo e o espaço.
Agora o Trovão Azul se encerrou novamente. Até onde sei não há nenhuma empresa com essa pintura atualmente.
Por hora. Como o sol após o anoitecer, ele voltará em breve. Será?
“Deus proverá”
Assim como os motores scania, que possuem um som inconfundivel para os apreciadores de ônibus e caminhões, o som de um motor diesel m benz também é marcante.
Mas na minha cidade, Curitiba, o som que mais marcou a minha infância foi a chegada dos monoblocos da MB no modelo 0371. Não somente o ronco deste motor me encantava , mas também o conforto do rodar, assoalho, disposição dos bancos. Ao embarcar, já ficava de olho no assento solitário elevado, sobre o motor e sua janela exclusiva. Acho que era o lugar mais disputado do ônibus.
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Realmente irmão. Tenho essa mesma lembrança. Em 1992 fui fazer o segundo grau num colégio no bairro das Mercês, entre as Zonas Central e Oeste de Curitiba.
As linhas pra Santa Felicidade, que iam pela Manoel Ribas, eram – e ainda são – da viação Mercês (no começo de 92 ainda não havia o Terminal Stª Felicidade, então todas as linhas da região eram convencionais, iam até o Centro; com a inauguração deste, uns meses depois, passaram a ser alimentadoras).
Ainda me lembro a primeira vez que embarquei num Mono ‘3’ (0-371), que a Mercês tinha as dezenas. Parecia que estava num filme de ficção científica e entrei numa nave espacial.
O que mais me chamou a atenção foi o teto arredondado (como em todos os Monoblocos Mercedes), onde a iluminação se inseria harmoniosamente – no começo dos anos 90 ainda circulavam muitos Gabrielas, Amélias, Haraganos, Nimbus TR-3, Venezas, Torinos ‘1’ e Monoblocos ‘1’ (O-364) e ‘2’ (0-365), e em todos esses modelos mais antigos as lâmpadas eram encaixadas no teto mas salientes a ele.
………
Compartilho desse êxtase em relação ao Monobloco ‘3’. Mas sendo um pouco mais velho que você também tive a experiência – quase mística eu diria – de andar muitas vezes no Monobloco ‘1’, o 0-364. Especialmente em SP, pela Gato Preto e CMTC.
Já que aqui em Ctba. a Glória (que atendia Santa Cândida na Zona Norte, onde eu morava) tinha poucos Monoblocos, e deslocava eles pras linhas pro Ahú, que herdou da viação Copa Verde, encampada pela Glória nos anos 70 (Estribo Ahú e Ahú/Los Angeles – essa última na época chamada “Ahú/Los Angeles via Centro Cívico” e a cargo da Glória, depois que a Redentor assumiu).
Ao contrário do Monobloco ‘3’, o Mono ‘1’ era o próprio cabrito: o motor era traseiro (novamente, como em todo Monobloco). De resto: piso alto, teto baixo, e somente 2 portas estreitas – bem, esse era o padrão de todos os ônibus produzidos até os anos 70, sendo que os demais modelos geralmente tinham inclusive motor dianteiro.
Então o Mono ‘1’ era o próprio ‘caminhão encarroçado’. Mas… “Monobloco é Monobloco”, não se explica. Se sente.
Abraços, Deus abençoe.
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