Por Maurílio Mendes, O Mensageiro
Publicado em 11 de julho de 2016
Maioria das fotos de minha autoria; as que forem baixadas da internet identifico com um ‘(r)’, de ‘rede’ – créditos mantidos sempre que impressos nas mesmas.
Mais um ensaio sobre a Cidade de São Paulo. Dessa vez mostrando a Marginal Tietê e o começo da Rodovia Presidente Dutra (BR-116 entre SP e Rio).
A Marginal é a avenida mais movimentada da Capital Paulista, por onde passam 700 mil veículos diariamente.
Se ela fosse uma estrada seria a 2ª mais movimentada do Brasil.
A título de comparação, a Rodovia Régis Bittencourt (que é a mesma BR-116 no trecho seguinte, entre SP e SC) é utilizada por cerca de 30 mil veículos diários.
Isso que a Régis é a principal ligação entre o Sudeste e o Sul do Brasil.
A Dutra é a principal auto-estrada do Brasil, e tem um tráfego apenas um pouco maior que o da Marginal:
770 mil carros, caminhões e ônibus viajam por ela todos os dias.
Bem, uma parte desse trânsito passou pelas duas vias.
Já que a Marginal Tietê termina praticamente onde a Dutra começa (ou vice-versa dependendo do sentido de onde você vem).
Alias segundo o ‘Google Mapas’ as Marginais Tietê e Pinheiros são o trecho urbano da BR-116.
Sendo dessa forma, portanto elas são a continuação da Via Dutra.
Isto posto, vamos lá. A maior parte das fotos foi registrada na Capital.
Ainda assim, clicamos algumas no vizinho município de Guarulhos (também na Grande São Paulo, evidente).
As tomadas foram feitas de dentro de um carro em movimento, então o enquadramento saiu como foi possível.
Fazemos assim: se eu não fornecer nenhuma explicação extra é porque foi na Marginal, na divisa entre as Zonas Norte e Central.
Quando for na Dutra, seja ainda dentro do município de SP ou já em Guarulhos, eu aponto explicitamente.
A esquerda o Canindé (pra quem não gosta de futebol, pertence a Portuguesa de Desportos). Com a churrascaria que há na frente.
O mesmo estádio é visto na 2ª imagem da matéria, aquela que a legenda mostra as 12 pistas nesse trecho da avenida.
E a direita o Sambódromo do Anhembi, inaugurado em 1991.
Até a virada pra década de 90 os desfiles das escolas de samba paulistanas aconteciam na rua.
De 1977 a 1990 o palco era na Avenida Tiradentes (que liga o Centro a Zona Norte, não muito longe da Marginal alias, perpendicular a ela).
Logo após a passarela do samba está esse hotel que faz parte do mesmo complexo, visto na imagem a esquerda e abaixo.
E em frente a ele acaba mais uma ponte estaiada.
Pois bem. Então veja o que está escrito na alça desse supra-citado viaduto:
“Pixai por nóis”, meus amigos, é a frase exata.
Vamos pôr no contexto, pra quem não conhece a cultura paulistana poder dimensionar.
Eu não sou corinthiano. Ainda assim vou citar agora um dos mantras da torcida desse clube.
Nem pra atacar tampouco defender o alvi-negro paulista.
Não vamos iniciar uma discussão futebolística, porque aqui não é espaço pra tanto.
Nosso foco é na cidade. Então a referência é somente pra chamar a atenção pra um trocadilho que flagrei.
Tão curioso e tão representativo da maior metrópole brasileira que virou o título dessa mensagem. Bora lá.
O lema máximo dos que tem fé é “Rogai por nós”.
A torcida do Corinthians adaptou pra “Jogai por nós”.
Os pichadores desdobraram em mais essa possibilidade:
“Pixai por nóis”, repetindo. Claro que uma doideira dessas só podia ser em Sampa!!!!
Notaram que na foto original a palavra ‘Pixai’ está encoberta por um caminhão.
Na foto-símbolo da matéria no topo da página, entretanto, vemos a ponte por inteiro, sem esse veículo.
Explico. Tive que fazer uma pequena montagem na imagem que está acima da manchete.
A intenção não é enganar ninguém. Alias se fosse eu não teria o equipamento nem a habilidade pra tanto.
É que, como dito, eu estava num automóvel em movimento na pista na margem oposta do rio.
Assim não consegui uma imagem em que a frase não ficasse obstruída pelo tráfego.
Acabei “corrigindo” esse detalhe no computador.
…………
Eu fiz o trajeto no sentido Marginal Pinheiros-Dutra.
Após atravessar todo o município de SP peguei a rodovia rumo ao interior desse estado.
Ao lado a periferia de Guarulhos, já próximo da divisa com Arujá.
A última tomada realizada na região metropolitana da Capital. Segui pro Vale do Paraíba.
Meu destino nesse dia era Aparecida (‘do Norte’)-SP, a “Cidade da Fé”.
No caminho a Dutra cruza São José dos Campos (‘S.J.C.’), maior cidade do Vale do Paraíba e 3ª maior do estado, atrás da Capital e Campinas.
Voltando agora a Grande São Paulo, na sequência horizontal mais algumas linhas de prédios.
Outras cenas da Marginal, essas todas no município de SP:
CONQUISTANDO O MUNDO:
A PICHAÇÃO PAULISTANA EM PLENO JAPÃO –
Adiciono agora outras mensagens que tratam do mesmo tema.
Começo por essa publicada em 24 de fevereiro de 2013.
Em SP há uma gangue de pichadores chamada “Túmulos”.
Eles estiveram aqui por Curitiba recentemente (texto de 2013, lembre-se), “agraciando” a capital paranaense com seu talento.
A questão é que o projeto de expansão da marca “Túmulos” vai muito além do Brasil, já cruzou todo o planeta na verdade.
Um de seus integrantes emigrou pro Japão, abrindo uma filial por lá.
Continuou a escrever sua assinatura nesse país da Ásia.
Mantendo a grafia e o idioma utilizados na matriz em São Paulo, como as imagens mostram.
Certamente pra consternação da população local.
Afinal o fenômeno de riscar insígnias quase indecifráveis nos muros – e muito mais nas marquises – é praticamente inexistente no Extremo Oriente.
CONQUISTANDO O BRASIL:
O ESTILO PAULISTANO FOI ADOTADO TAMBÉM EM TODO O ESTADO DE SP, RECIFE, SUL DO BRASIL E B.H. –
O mesmo “alfabeto” criado na capital paulista é usado também em vários quadrantes dessa nação-continente:
No Recife-PE, Sul do Brasil (Curitiba [dir.] e Porto Alegre-RS) e interior e litoral paulistas.
Em Belo Horizonte-MG também (esq.), mas nesse caso parcialmente.
Me refiro aquele tipo de pichação que teve seu auge nos anos 90 e primeira década do século 21, do qual hoje na maioria das cidades só existem resquícios:
As letras são grandes, retas e separadas (exatamente ao contrário do estilo criado no Rio de Janeiro).
A Cidade de São Paulo, que criou o “alfabeto”, o manteve um pouco mais intacto. Boa parte das pichações atuais ainda são dessa forma.
No resto do país, entretanto, a realidade é outra. Ainda há quem prefira essa ‘velha escola’.
No entanto a maioria das pichações contemporâneas é bem mais difusa.
Não há uma concordância de estilo entre os diferentes grupos.
É ‘cada um por si’. Certamente esse é o caso aqui em Curitiba.
Só que perto da virada do milênio funcionava ao contrário:
O “alfabeto” paulistano predominava, de maneira coesa, em uma parte razoável do território brasileiro.
Já vimos exemplos na capitais supra-citadas. Idem pra todo o Estado de SP.
De São Paulo voltamos pra Curitiba. Ao lado prédio no Centro da capital paranaense.
Um ‘trabalho conjunto’ de pichadores daqui de Ctba. em parceria com uns colegas de Porto Alegre.
Foto de 2020. “Somos o Golpe“, está escrito no teto do edifício.
Agora um retrato de próprio punho, publicado em 16 de abril de 2019, a direita.
Um adolescente, com a camisa do grupo de ‘rap’ Racionais MC’s e a lata de ‘spray’ ainda na mão.
O garoto ‘atropelou’ o que já estava feito com tinta verde, escrevendo sua marca de preto por cima. Vixe!!
Fechamos com mais exemplos da pichação paulistana pelo Brasil. Primeiro onde ela surgiu, a Cidade de São Paulo (na 1ª foto aparece até um Fusca).
Curitiba: onde eu moro, por isso são várias fotos.
Recife, imagens de 2020.
Belo Horizonte, fotografado em 2012.
Santos, registrado em 2015.
“Deus proverá”