INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO“
Por Maurílio Mendes, o Mensageiro
Publicado em 12 de agosto de 2021
Quase todas as fotos de minha autoria. As que forem baixadas da internet identifico com um ‘(r)’, de ‘rede’- créditos mantidos sempre que impressos nas imagens.
Aleluia! Enfim uma linha de Expresso na Linha Verde Leste/Norte.
A F. Varela/ Pinheirinho, se iniciou em 17 de julho de 2021. Por enquanto incompleta, só ficaram prontas 3 novas estações:
F. Varela mesmo que o nome da linha indica que é o ponto final, Vila Olímpica e PUC.
A F. Varela e a PUC são mini-terminais, e agregaram novas opções de integração, o que já ajuda bastante.
A Linha Verde é a antiga BR-116 no trecho urbano de Curitiba (atualmente renomeada BR-476).
Em 2007 a prefeitura lançou o projeto de construir mais um corredor de ônibus expressos ligando as Zonas Sul, Leste e Norte da cidade.
Criando aí o nome “Linha Verde” (uma alusão velada as Linhas Vermelha e Amarela do Rio de Janeiro, aqui teria que ser ‘Verde’ porque tudo é “ecológico”).
O trecho Sul saiu bem rápido, ficou pronto em 2009, apenas 2 anos depois.
No embalo reformaram a canaleta da Av. Mal. Floriano Peixoto.
Por onde começaram a operar os Ligeirões 500-Boqueirão (só usa a própria Marechal) e 550-Pinheirinho/Carlos Gomes (Linha Verde e Marechal).
Eles ligam o Centro aos maiores terminais da Zona Sul – e também de toda cidade.
Já que a Z/S é a mais extensa, a mais populosa e a mais popular, portanto onde mais se usa ônibus.
Além disso, na ocasião já foi entregue a canaleta pronta suficiente pra começar a operar o primeiro trecho da seção Leste/Norte da Linha Verde.
Da Marechal Floriano ao Centro Politécnico da UFPR no bairro Jardim Botânico.
Passando também pelo bairro Guabirotuba, ambos na Zona Leste.
Inclusive no espaço destinado a esse último tubo havia uma grande rótula, pra que os ônibus fizessem o retorno.
Poderia-se ter inaugurado ainda em 2009 mesmo (ou no comecinho da década de 10) uma linha Pinheirinho/Centro Politécnico.
E aí gradualmente a linha ia sendo estendida pela Zonas Leste (Cristo Rei, Tarumã e Bairro Alto) e Norte (Bacacheri, Vila Tingüi e Atuba).
Ou seja, recapitulando. Em 2009 o primeiro trecho da Linha Verde Leste/Norte estava pronto e poderia ter sido inaugurado.
Inclusive foram instaladas placas indicando ‘Estação PUC’ e ‘Estação UFPR’.
Além disso a obra até o Atuba já estava em andamento.
A previsão é que fosse concluída em poucos anos, até 2011 ou 12.
Bem antes da Copa do Mundo de 2014 (ocorrida no Brasil como lembram, e Curitiba foi uma das sedes).
Não foi dessa forma que aconteceu, lamentavelmente.
A Linha Verde avançou a passos de tartaruga – em alguns momentos parou mesmo.
Só agora, em 2021, foi entregue a primeira linha de Expresso que vem pela antiga BR-116 e entra nas Zonas Leste e Norte.
Nada menos que 14 anos e meio depois do início da construção.
Com cerca de 10 anos de atraso em relação ao cronograma original.
Quase uma década e meia pra entregar um corredor de ônibus??? Fala sério!!!!
Não resta dúvidas que não há mais em Curitiba o mesmo pique de antes, que a tornou famosa mundialmente nos anos 70, 80 e 90.
Tem mais, foi entregue incompleto. Apenas 3 estações novas estão funcionando:
PUC, Vila Olímpica (bairro Tarumã) e Fagundes Varela (divisa do Bairro Alto e Bacacheri, portanto no encontro da Z/L com Z/N), as outras ainda estão em obras.
Faltam ainda 5 estações, 2 (Solar e Atuba) a frente da parte que o ônibus passa, e 3 (Av. das Torres, Jd. Botânico e Tarumã) na canaleta que já está operando.
Resultando que o busão entre as estações PUC e V. Olímpica percorre 5 quilômetros sem fazer paradas.
O que não é bom pois quem mora por ali não pode utilizar.
Quando a Linha Verde for concluída, o que deve ocorrer em 2022, eu volto e atualizo a matéria.
Bom, por hora aceitemos “o que tem pra hoje”, então vamos focar pra agora “ver o copo meio cheio”.
Já é melhor que nada. Com 14 anos de atraso, pelo menos alguma coisa saiu do papel e começou a funcionar.
Não apenas pela linha de Expresso em si, a 350-Fagundes Varela/Pinheirinho.
Ela cria uma nova ligação entre diferentes partes da cidade mas a demanda pro seu trajeto não é tão grande assim.
O benefício maior pros usuários de ônibus é que nas Estações PUC e F. Varela é possível baldear gratuitamente com diversas outras linhas.
Em outras palavras, elas são mini-terminais. Isso é um melhoramento concreto.
Vários bairros passaram a ter outras opções de integração.
Curitiba precisa muito disso, aumentar a rede integrada.
O novo Expresso começou a operar dia 17 de julho de 2021, num sábado como é natural.
(Ampliações do transporte coletivo sempre começam no fim-de-semana.
Pra dar tempo de ajustar antes do primeiro horário de pico.)
Logo no primeiro dia útil dele eu já fui ver como a coisa funcionava.
Na segunda-feira a seguir, portanto. Notam que as fotos são datadas, foram batidas em 19/07/2021.
No dia 21/07 – ainda na 1ª semana após a inauguração da linha – um colega, ‘botando fé no meu taco’, me mandou um emeio, que reproduzo a seguir:
“ Me diz uma coisa aí, penso que já andou no Fagundes Varela – Pinheirinho, assim qual o seu parecer técnico?
E agora uma dúvida, até para não perder a piada: não era para ser algo tipo Santa Cândida – Pinheirinho via BR-116? Falou irmão. ”
Reproduzo publicamente minha réplica, que se chamou “Bem melhor que em 2019“.
Nela, como era de se esperar, entro nos detalhes do que foi rapidamente resumido acima. Vamo que vamo:
Sim, você acertou, já andei e posso dar o parecer. Repetindo, a linha começou no sábado, 19/07.
Fui no primeiro dia útil dela, na segunda-feira a seguir, assim podemos descrever como ficou a Linha Verde.
O Expresso Pinheirinho/F. Varela ao menos une toda a Zona Sul ao trecho que já está pronto nas Zona Leste e Norte.
Estão operando do trecho novo 3 estações: PUC, Vila Olímpica e Fagundes Varela, como já dito e é notório. Duas delas oferecem novas opções de integração:
No futuro a linha será Pinheirinho/Atuba. No momento a estação que é ponto final é a Fagundes Varela.
Nela é possível integrar com o Alimentador Colina Verde (que vai pro Terminal do Cabral) ou o Troncal Hugo Lange (que liga o Terminal Bairro Alto ao Centro).
Na PUC o passageiro pode baldear gratuitamente pro 050-Interbairros 5 e quatro linhas Convencionais que vão pra Zona Leste via Avenida Salgado Filho.
O Interbairros 5, todos sabem, se dirige pro Centro Politécnico e Terminal Oficinas num sentido, e pros terminais Portão e Fazendinha no outro, portanto interliga as Zonas Leste, Sul e Oeste.
Os Convencionais servem os bairros Uberaba e Guabirotuba: são as linhas 472-Uberaba; 471-Vila São Paulo; 475-Canal Belém e 477-Vila Macedo/via Guabirotuba.
Um triste detalhe é que de todas essas apenas o Canal Belém tem mais de um veículo operando.
Atualmente são 3 ‘carros’ na linha, e o intervalo entre as viagens é de 23 minutos. Se não é perfeito ao menos é razoável.
As demais linhas Convencionais que seguem pela Salgado Filho parecem ter sido abandonadas pela prefeitura:
As 3 têm apenas um único veículo operando em cada uma – ou pior, nem isso.
Explico. As linhas Uberaba e Vila São Paulo contam com um solitário busão em cada no meio do dia.
O intervalo entre as viagens é de 1h06. Confira a prova a direita acima, extraída do sítio oficial da Urbs (órgão da prefeitura que regula o transporte, evidente).
Sim, uma hora e seis minutos.Tive que pôr por extenso porque chega a ser surreal.
De manhãzinha e no final-de-tarde são 2 ‘carros’, aí são “apenas” 33 minutos de espera: mais de meia hora de intervalo em pleno no horário de pico!
Na linha Vila Macedo via Guabirotuba é ainda mais crítico, como se pudesse piorar mas pode.
Antigamente, como o nome indicam eram 2 linhas separadas, Vila Macedo e Guabirotuba.
Agora elas foram fundidas, um único micro-ônibus está fazendo o que até pouco tempo atrás eram duas linhas.
O intervalo entre as viagens é nada menos que uma hora e vinte minutos fora do pico!!!
E quarenta minutos no pico! Um padrão de “qualidade” invejável, não é mesmo?
Depois a prefeitura não entende porque Curitiba é a capital do Brasil que mais vêm caindo o número de usuários de transporte coletivo, assunto sobre o qual me estenderei em breve.
(Esse processo dos curitibanos abandonarem o uso de ônibus é muito mais antigo que a epidemia de corona-vírus. Essa doença se iniciou em 2020 como lembram.
E a queda muito forte na quantia de passagens pagas por dia vem de pelo menos uma década antes, desde o princípio dos anos 10.
O corona-vírus agravou uma situação que já existia, não a criou.)
Tive que fotografar as tabelas horárias na página da Urbs, porque parece inacreditável.
Espero que no futuro as linhas Uberaba, Vila São Paulo e V, Macedo/Guabirotuba voltem a ter no mínimo 2 veículos em cada – o ideal seriam 3.
Em 2021 é assim que está. Infelizmente é a realidade. Esse é o ponto negativo, e está registrado.
Mais de uma hora entre as viagens, aí realmente está difícil se locomover de ônibus nessa cidade.
Volto a falar do ponto positivo, a integração criada nas novas estações da Linha Verde com a implantação da linha 350-F. Varela/Pinheirinho.
Está bem melhor que em 2019. Dois anos e pouco atrás (escrevo em 21, lembre-se) a prefeitura anunciou a linha Fanny/Fagundes Varela, que iria “ligar o nada a lugar algum“.
Seria uma linha direta, sem paradas, entre a Fanny e o Bairro Alto/Bacacheri, que não seria útil pra ninguém.
Digo, haveria uma única parada intermediária na Estação Marechal Floriano.
Acontece que essa fica a somente 500 metros da Estação Fanny.
Ou seja, na prática iria ser mesmo Fanny/Bairro Alto Diretão sem paradas.
A própria prefeitura sabia bem que o movimento iria ser muito baixo.
Tanto que no sábado a linha seria operada por apenas um único articulado, com intervalo de 40 minutos entre as viagens, e iria ser encerrada as 2 da tarde.
Uma linha de Expresso com 40 minutos de espera? E que não circula sequer sábado a tarde nem muito menos domingo em qualquer horário? Evidentemente não tem utilidade.
Na ocasião as estações PUC e Vila Olímpica, agora funcionais, ainda não existiam. Apenas a F. Varela seria inaugurada do trecho novo.
Resultando que o busão iria direto da Vila Fanny/Vila Hauer pra estação F. Varela, sem paradas no caminho praticamente, como acabei de dizer.
Oras, quem iria usar essa linha? Muito pouca gente, ficaria mais vazia que o Terminal do Tatuquara (Zona Sul).
Pelo mesmo motivo, porque teria sido inaugurada só pra dizer que foi, sem agregar novas opções de integração.
Era pra começar a operar no aniversário de Curitiba daquele ano, portanto 29/03 como você sabe.
Adiaram por duas semanas e anunciaram o início da linha pro meio de abril de 19. Já tinham até divulgado a tabela horária no sítio da Urbs, quando na véspera do início a linha Fanny/F. Varela foi cancelada sem explicações.
Abri a mesma página da Urbs e vi que as matérias de 2 anos atrás ainda estão no ar, fotografei-as e publico aqui.
A prefeitura nem se preocupou em tentar justificar porque uma linha que já tinha até tabela horária publicada de súbito deixa de existir.
Depois fiquei sabendo – extra-oficialmente – que ainda não haviam feito o ‘balão‘ (rótula) pros busões contornarem e retornarem pra Zona Sul após a Estação Fagundes Varela.
Ainda bem que em 2019 a prefeitura não conseguiu inaugurar a linha Fanny/F. Varela. A demanda pra ela seria bem próxima do zero.
Pois sem outras paradas no caminho ela não seria útil aos bairros que corta, e quase ninguém iria direto de um ponto final a outro, não custa enfatizar mais uma vez.
Agora duas coisas são diferentes que em 2019. Primeiro, a linha sai do Pinheirinho.
Então a nova linha Pinheirinho/F. Varela ajuda a desafogar o trecho Sul da Linha Verde, que é o mais carregado.
A linha “que se foi sem nunca ter vindo” (pois deixou de existir jamais tendo existido) Fanny/F. Varela não oferecia essa possibilidade.
Era preciso baldear na Estação Fanny, dependendo do sentido era necessário validar o cartão e atravessar pra estação do outro lado da rua.
Agora ao menos você segue no mesmo busão até seu destino final. Tem mais.
A mudança mais importante foi a inauguração das Estações Vila Olímpica e PUC.
Assim os moradores do Tarumã podem usar a nova linha na V. Olímpica (ela não oferece opções de integração).
Entretanto as estações F. Varela e PUC são integradoras, são mini-terminais.
As linhas que param na PUC, como disse acima, unem com uma só passagem várias regiões da cidade:
Parte das Zonas Oeste (Fazendinha), Sul (Portão), Central (bairros Água Verde, Vila Guaíra e Parolin) e Leste (Politécnico no Jardim das Américas e o vizinho bairro Cajuru) através do Interbairros 5.
E os Convencionais que ali param unem todo eixo da Salgado Filho, os ônibus que vão pro Guabirotuba e Uberaba de baixo na Zona Leste, pra um lado, e Zona Central (Prado Velho, Rebouças e o Centrão) do outro.
E na F. Varela há integração do Bairro Alto, Hugo Lange e Jd. Social na Zona Leste e Cabral, Bacacheri, Juvevê na Zona Norte com o novo Expresso.
Pois as linhas Hugo Lange (Centro/Term. B. Alto) e Colina Verde (Term. Cabral) estão integradas.
Enfim, finalizando, é bem melhor que em 2019. 2 anos atrás a prefeitura queria inaugurar uma linha direta, sem ter aprontado as estações no caminho.
Agora ao menos inauguraram 3 estações, e não apenas 1, e dessas 2 funcionam como mini-terminais, integrando diversas linhas.
Ainda faltam muitas outras estações, nos bairros Cristo Rei, Jd. Botânico, Bacacheri, Atuba, etc., pro negócio ficar bacana mesmo.
Melhor que nada. O que a prefeitura tentou entregar em 2019 era pior que nada.
E pra fechar creio que o Ligeirão não virá até Santa Cândida. O ponto final dele será no Atuba.
A ligação da Linha Verde com o Term. S. Cândida se dará com as linhas 030-Interbairros 3 e 341-Bairro Alto/S. Cândida.
Quem sabe o Convencional 361-Augusto Stresser e os Alimentadores 213-São João e 212-Solar (ambos saem do Cabral), e 343-Paraíso (Term. Bairro Alto) também terão seu ponto final estendido pras Estações Atuba ou Solar.
No trecho sul da Linha Verde já há 2 linhas metropolitanas integradas:
O Ligeirinho Fazenda Rio Grande na Estação Marechal Floriano e a linha de Colombo chamada Maracanã/Linha Verde na Estação Fanny (vide atualização logo abaixo).
Na verdade essa última surgiu justamente pra percorrer a parte da Linha Verde em que as obras do Expresso iam muito devagar.
Por isso seu nome, Maracanã/Linha Verde, pra indicar que ele cobre o trecho Norte/Leste dessa via.
Um substituto longe do ideal, mas “na guerra o urubu é frango”: em tempos de escassez é preciso se virar com o que temos.
Bem, as coisas já começaram a mudar. Escrevi no texto original:
“ Agora que veio o Expresso Pinheirinho/F. Varela o trajeto do Maracanã/Linha Verde é em boa parte redundante, pois paralelo ao Expresso.
Essa linha metropolitana pode ser seccionada na futura Estação Atuba. ”
Dito e feito. Poucos dias depois foi anunciado que a antiga Maracanã/Linha Verde se tornou a ‘Maracanã/PUC (via F. Varela)‘.
Integrando em ambas as novas estações, como o mapa acima informa.
Assim ela não ‘concorre’ mais com o Expresso, o complementa.
Pega as pessoas na Linha Verde no trecho que as estações ainda não estão prontas.
Quando as obras forem concluídas até o Atuba, a linha pra Colombo poderá mesmo sair dali.
As demais linhas pra Colombo, e também as pra Campina Grande do Sul (‘CGS’) e Quatro Barras que usam as BR’s 116 e 476 também podem ser integradas as novas estações da Linha Verde no futuro.
Atualização: ainda em setembro/21 o Terminal Jd. Paulista (antigamente chamado de ‘Timbu’), em Camp. Gde. do Sul, ganhou linha conectando-o com a Estação Fafgundes Varela na Linha Verde (a esq.).
Com décadas de atraso, CGS enfim ganha acesso ao sistema integrado da capital, antes tarde que nunca.
Agora a Linha Verde começa a tomar forma e cumprir seu propósito.
O de não apenas ser mais uma linha de Expresso, mas sim suas estações serem mini-terminais.
E multi-modais, integrando Expressos, Convencionais, Alimentadores, Inter-bairros, Ligeirinhos e Metropolitanos.
Bom sinal. Pelo menos o negócio andou na direção certa, afinal.
Surgiram algumas novas opções de integração.
O que não aconteceu no Terminal Tatuquara (espero que esse também seja retificado em breve).
E agora a prefeitura vai se entusiasmar e entregar o final até o Atuba.
Além das estações que faltam no trecho que está pronto. Já é um certo avanço.
Depois de uma década e meia de marasmo, com 2 gestões catastróficas pro transporte, agora houve um movimento positivo.
Promessa é dívida: quando a Linha Verde ficar pronta e totalmente funcional eu volto e atualizo a matéria.
“Deus proverá”.
Já é um milagre terminarem alguma coisa em plena época de Covid.
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Essa doença (assunto polêmico que aqui não é o espaço pra debatê-la) apenas agravou o que em Curitiba se tornou crônico há muito tempo.
Uma década antes de surgir o “covid”, pelo menos, Ctba. e região metropolitana não estão conseguindo concluir no prazo as obras que iniciam. Lembra que a cidade quase foi cancelada como sede da Copa de 14, porque todos os outros estádios já estavam prontos e só o daqui ainda não? No último minuto confirmaram a Copa aqui, mas foi por um triz.
Há muitos, muitos outros exemplos de obras que pararam e só foram finalizadas anos após o cronograma inicial (em um caso ainda nem isso foi feito, está pronta e fechada a pelo menos 6 anos no momento que traço essas linhas):
– O trecho Norte/Leste da Linha Verde, tema dessa matéria;
– Algumas trincheiras sob a Av. das Torres, em São José dos Pinhais (eram pra ficar prontas pra essa mesma Copa em 14, só saiu agora em 21);
– Trincheira sob a BR-116 em frente ao Ceasa no Tatuquara, Zona Sul (ficou alguns anos pronta e fechada, inaugurada por volta de 2017);
– um pouco mais pra frente na mesma BR-116 e bairro do Tatuquara, viaduto na saída Vila Pompéia (4 anos pronto e fechado, posto em funcionamento somente em 2019);
– Ainda no Tatuquara fotografei em 2014 um conjunto da Cohab financiado pela Caixa que estava praticamente pronto. Em 2021, 7 anos depois, ainda ninguém mora neles, finalizado mas fechado há pelo menos 6 anos, não foi entregue quando escrevo:
– Ligeirão Norte, 5 anos pronto mas sem funcionar, começou a obra em 2012, concluída em 2013, só inaugurou em 2018;
– Terminal Roça Grande em Colombo (Zona Norte), ficou pronto em 2006, 3 anos fechado sem uso, inaugurado em 2009 de forma errada, ficou 7 anos funcionando errado com movimento baixíssimo – pois não agregava novas opções de integração, e é pra isso que um terminal existe. Só em 2016, uma década depois, passou a operar corretamente.
Alias o mesmo problema se repete agora no terminal Tatuquara, esse atrasou menos, “apenas” 1 ano e meio. Mas está funcionando errado, veremos quanto tempo levam pra arrumar;
– Ainda na 1ª década desse novo milênio a obra de várias Cohabs parou em muitos bairros das Zona Sul e Central (Ganchinho, Cidade Industrial, Parolin/Vila Guaíra).
Depois foram retomadas e entregues, menos mal, mas com muitos anos de atraso – nesse tempo fechadas ladrões e vândalos roubaram tudo que puderam carregar, e destruíram tudo que não puderam.
Várias casas estavam prontas e tiveram que ser reconstruídas do zero, ou seja, pagaram duas vezes pela mesma obra – com dinheiro público, é claro. Fotografei essa situação ao lado do Terminal do CIC, 2012;
Enfim irmão. Citei apenas algumas que lembrei rapidamente de cabeça. Se fosse feita uma pesquisa poderia continuar dando muitos outros exemplos.
Não é por causa do “covid” que as obras em Curitiba atrasam. Isso se tornou crônico por aqui desde a virada do milênio. A doença apenas agravou um problema seríssimo já estabelecido há bem mais de uma década.
………..
Vou dar outro exemplo. Uma vez que abrimos o comentário falando de futebol, é oportuno retomarmos a questão. Estamos no final de setembro (atualizo em 16/09/21). O campeonato paranaense deveria ter terminado em maio, mas ainda não foi concluído. Já são 4 meses de atraso, e a contagem segue correndo.
Por causa da “covid”? Pode ser. Mas a doença afeta o Brasil inteiro, e boa parte do planeta. Todos os demais estados concluíram seus campeonatos estaduais no prazo, em maio não custa frisar de novo. Apenas no Paraná a final ainda não foi realizada, e sequer tem sua data definida. Vamos ser otimistas: talvez em outubro afinal conheçamos o campeão paranaense de 2021. Praticamente um semestre depois de todos os outros estados. Assim o tempo de atraso será maior que o tempo de disputa do campeonato em si. Tá bom pra ti ou quer mais?
Eu encerro meu caso.
Obrigado pelo comentário.
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A linhe verde é uma cicatriz necessária de uma intervenção bem vinda, mas mal executada. Ou melhor colocando, executada dentro de um contexto de orçamento possível, longe de isso ser exclusividade curitibana. Em termos de concepção, a engenharia poderia tê-la transformado em algo de uma vanguarda, não somente de integração de transportes, mas de integração social. Eu fico um pouco decepcionado, por que vejo que poderia ser algo MUITO melhor explorado, com um pouco mais de boa vontade, se tivéssemos uma visão mais abrangente de infraestrutura, não como uma alavanca de votos, mas como elemento transformador de longo prazo. Infelizmente, não há como não ser prolixo adentrando esta seara. Mas enfim, a linha é uma obra que TENTA – mas não consegue, solucionar conflitos entre tráfegos de características muito distintas. Uma ideia ambiciosa e que, justamente por isso, deveria ter tido mais esforço empreendido. Ela funciona? Sim, funciona. Da mesma forma que um carro que perde uma vela ou duas, continua funcionando…
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Valeu pelos apontamentos, meu irmão.
Deus Abençoe.
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Irmão, um puta texto! Relembrei de coisas que já havia esquecido. Como zona sul e zona norte de curitiba são diferentes! E nem falo pela questão de classe social, apesar de me parecer a zona sul com mais bairros pobres, falo da organização da cidade mesmo. Transporte, comércio, indústria… acho que a CIC distorceu mesmo o crescimento natural da cidade. Já havia ocorrido no abc, contagem, rm de poa,…
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Valeu irmão. Por um outro lado, se o mesmo processo ocorreu em SP, BH e Porto Alegre, pra citar só algumas, talvez o que a CIC induziu em Curitiba não seja uma distorção, mas simplesmente o rumo que as coisas têm que tomar, uma vez que as outras capitais também passaram por isso.
Apenas Curitiba “inchou”, se pudermos usar esse termo, mais tarde. No texto sobre o Recife eu também abordo essa diferença no tempo em que Curitiba foi “batizada”:
Batizada como uma metrópole por um lado de economia vibrante, mas por outro com sérios problemas sociais, não o menor deles a violência urbana.
Abraços. Deus Abençoe.
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Fala IRMÃO!
Bem legal esta sua reportagem.
Agora, será que a próxima nesta linha virá apenas em 2045?!!!
Devagar esta Curitiba ‘montada’ na reputação, como falamos em outra oportunidade.
Fazendo o mínimo do mínimo.
Vamos vendo para ver …
PAZ.!
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Pois é rapá, destaquei essa situação no texto. Alguma coisa foi feita, melhor que nada.
Mas o copo meio cheio . . . também está meio vazio!
Saiu o Expresso na Linha Verde Norte/Leste. Agora falta completar essa linha, arrumarem o Term. do Tatuquara, sair o Ligeirão Sul, transformar todo o trajeto do Inter 2 em canaleta de Expresso (agora usam a sigla em inglês ‘BRT’; que seja. então transformem o Inter 2 em ‘BRT’: o que importa, seja chamado na língua nativa ou estrangeirismo, é que a pista do transporte coletivo seja segregada do congestionamento causado pelos carros) e o mais importante, pôr mais ônibus pra circular em diversas linhas Convecionais/Alimentadoras que estão abandonadas. Viagens de hora em hora obviamente não dá. Isso não é nem padrão de 3º mundo, chega a ser de 4º mundo.
Na guerra o urubu é frango, como eu disse no texto. Em tempos de escassez (inclusive de boas ideias) ao menos a situação deixou de regredir. Mas ainda é preciso bem mais pra dizer que “A Revolução (do transporte que Ctba. fez nos anos 70, 80 e 90) Voltou”.
Abraços irmão, Deus Abençoe.
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