A “Cidade Sangue-Quente”: Recife, Pernambuco

“choque cultural”: um curitibano no recife

O Recife é lindo, com certeza (essa panorâmica é um quadro que havia no hotel).

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 24 de fevereiro de 2021

Mensagem-portal da viagem ao Recife. No fim da matéria ancoro as demais reportagens, conforme eu as vá publicando.

Maioria das imagens de minha autoria. As que forem puxadas da internet identifico com um ‘(r)’ de ‘rede, e sempre que possível passo ligação pras fontes.

Em novembro de 2020 Deus permitiu e realizei um dos maiores sonhos de minha vida: pude conhecer o Recife. Foi definitivamente uma experiência extática!!

Por dois motivos, o 1° e mais importante é porque Amo essa cidade, do fundo de minha Alma e Coração.

E, tão importante quanto pra gerar esse êxtase, é porque sou candango de nascimento mas curitibano de adoção, morei toda minha vida aqui em Curitiba.

Mas o contraste social é agudo. Favela de palafitas dentro do rio quase ao lado do Centro da cidade.

Poucas cidades no mundo são tão diferentes quanto as capitais pernambucana e paranaense.

O Recife é quente, Curitiba é fria – e por isso me refiro também a temperatura física evidente, mas vai muito além disso.

Não é uma questão de julgamento, ok? Não estou dizendo que uma é melhor e a outra pior.

No entanto, que são bem diferentes, disso não resta dúvidas. Foi um “Choque Cultural”.

O Recife é belo, e também perigoso! Até mesmo pra tomar um simples banho de mar: cerca de 90% dos ataques de tubarão no Brasil ocorrem aliplacas nas praias alertam pros riscos, os surfistas são as maiores vítimas.

Você se lembra desse quadro que havia no Fantástico no começo da década de 10?

Não vejo mídia a muito tempo, nem sei se ainda existe. Só assisti a um episódio, que me foi enviado por emeio.

Funcionava assim, a produção da emissora de televisão escolhia uma pessoa pra participar.

E a seguir a levava pra viver um tempo do outro lado desse Brasil, que é um verdadeiro país-continente.

Sempre em condições muito diferentes daquela que a pessoa mora em sua cidade de origem, daí o nome da atração.

No único capítulo que tive a oportunidade de assistir, houveram 2 ‘choques culturais’:

1) Uma curitibana da alta burguesia, classe média-alta mesmo que andava num carrão, foi levada pros Lençóis Maranhenses, onde nem energia elétrica havia na época.

Se é arriscado surfar no mar, que tal na lataria do ônibus? O Recife é a capital nacional e talvez mundial de ‘Surfe no Busão‘, e faz tempo, viu? Essa cena é dos anos 80, um tróleibus da CTU – ainda mais temerário, pois aqueles fios na traseira são de alta-tensão; acima da manchete imagem atual de um ônibus da Globo já no padrão SEI mostrando a mesma coisa (ambas as tomadas baixadas da rede).

E 2), Um negro da periferia de Salvador da Bahia foi trazido pra residir um tempo em Pomerode-SC.

Sendo essa uma pequena e conservadora cidade do interior do Sul de colonização alemã.

Ali quase não há pessoas afro-descendentes, pelo menos até recentemente.

Enquanto que Salvador é a capital mais negra do Brasil, 80% dos habitantes são dessa etnia.

Aliás, estive também na capital baiana, e igualmente estou produzindo uma série relatando o que vi nessa que foi a 1ª capital do Brasil.

Hoje, entretanto, o foco é a capital de Pernambuco. Disse acima:

Toda vida sonhei em ir ao Recife. Deus permitiu, o dia chegou. Vamos contar nessa série de matérias o que observei na cidade, a cena aqui retratada se materializou, fui de metrô a Camaragibe – e também a Jaboatão. Já é uma diferença marcante entre as capitais de PE e PR: o Recife conta com metrô, 1º do Nordeste. Enquanto Curitiba não tem essa modernidade, provavelmente não terá nunca, pelo menos não por muitas décadas.

Poucas cidades no mundo são tão diferentes quanto as capitais pernambucana e paranaense. O Recife é quente, Curitiba é fria. ”

De fato assim é. Na dimensão física-densa, aquela que os termômetros medem.

Entretanto, digo de novo e é óbvio, principalmente no jeito de ser de seus povos.

Em outra mensagem da série falamos melhor do clima, da parte física.

Primeiro vamos abordar a diferença psicológica, espiritual, entre o curitibano e o recifense.

Diria que o principal contraste é: o povo recifense é sátiro, o curitibano é sério.

Novamente enfatizo, não é uma questão de tentar determinar qual é melhor ou pior, e sim de reconhecer as diferenças.

VENEZA BRASILEIRA” – O Centro do Recife é composto por várias ilhas, formadas pelo encontro de 2 grandes rios – Capiberibe e Beberibe – com o mar. Por suas muitas pontes e canais/rios, a cidade é conhecida por ‘Veneza Brasileira‘ (ou ‘Veneza Americana’).

Em todo o planeta as pessoas do povo, as classes mais humildes, são menos formais, pela própria natureza de como as coisas são.

Isso bem esclarecido, vamos lá. A questão é que no Recife, a sociedade formal, estabelecida, reconhece a ‘sabedoria popular’, se quiser ver assim.

E adota como denominações oficiais os nomes populares, criados e consagrados pelo povão.

“DE VOLTA AO PLANETA DOS MACACOS”. OU SE PREFERIR….BEM-VINDO AO RECIFE, A CIDADE SANGUE-QUENTE –

Exemplifico com 2 postos de saúde (U.S.) recifenses: Planeta dos Macacos – na Zona Oeste da capital – e Maria Farinha – no subúrbio de Paulista, Zona Norte do Gde. Recife. É isso mesmo que você leu, veja as fotos mais abaixo.

Aqui e a direita: famosa Praia de Boa Viagem (Zona Sul), que é o m2 mais caro de Pernambuco e um dos mais caros do Brasil.

Oras bolas, pode ter certeza que o inferno irá congelar antes de Curitiba batizar uma U.S. dessa forma bastante exótica.

O mesmo vale pra linhas de ônibus como ‘Bola na Rede’, ‘Carnaval’ ou ‘Festa no Morro‘ – no entanto essa é a realidade recifense.

Salvador tem uma ‘comunidade’ chamada da mesma forma de Planeta dos Macacos. Fica próxima ao Aeroporto 2 de Julho.

Nos anos 90 chegou a ser murada ao seu arrepio pra ficar escondida de quem passava na avenida, como igualmente aconteceu na famosa favela ‘Cidade Oculta, na Zona Oeste de Buenos Aires, durante a ditadura argentina.

Adivinhe? Não tem nenhuma U.S. ou linha de busão que ratifique essa curiosa alcunha na Bahia.

Alias portanto nesse caso a disparidade não é nem entre o Recife e Curitiba, mas eu arriscaria dizer entre o Recife e o mundo.

Nem nos outros estados do Nordeste vemos esses nomes populares elevados ao reconhecimento oficial.

E olhe que Fortaleza-CE (que visitei em 2011) é a ‘capital nacional do humor’.

Praia de Piedade (também na Z/S), em Jaboatão, vizinha a Boa Viagem e quase que um ‘prolongamento’ desta.

Tanto que Chico Anysio, Renato Aragão, Tom Cavalcante, Falcão, Tiririca, entre muitos outros, vieram de lá.

Também fui a João Pessoa-PB (2013) e Salvador (2020).

Conheço razoavelmente as demais capitais pelo ‘Google Mapas’.

E em nenhuma delas me deparei com algo remotamente parecido.

Claro, os mais humildes não são beneficiados pelo sistema.

Creio que não estou revelando nenhum segredo ao dizer isso. Por esse motivo eles têm menos compromisso com as ‘regras do jogo.

Colagem mostra o Centro (mudei o céu pelo computador e você percebe as emendas. A intenção não é enganar ninguém, e sim mostrar uma panorâmica de quase 180°).

Inclusive na hora de criarem os apelidos de seus bairros, vilas e ‘comunidades’.

Isso é universal, e ocorre mesmo nos EUA, que ainda são formados majoritariamente por brancos anglo-saxões (‘WASP’).

Até nesse país os bolsões que abrigam esses depauperados – como acampamentos de sem-tetos, que estão aumentando muito – têm nomes curiosos como “ObamaVille” ou “TrumpVille”.

A capital pernambucana é uma cidade muito antiga. Essa é a 1ª ponte do Brasil, erguida por Maurício de Nassau.

Se é assim entre os ‘WASP’, muito mais o é entre os latinos.

E Curitiba é uma cidade latina, uma metrópole latino-americana.

Então aqui na capital paranaense e sua região metropolitana as vilas e periferias do subúrbio também ostentam nomes curiosos. Alguns exemplos, entre muitos outros:

Ilha do Sapo’ (Piraquara, Z/L), ‘Morro do Piolho’, ‘Morro do Juramento’ (ambos no CIC, Z/O), a já extinta ‘Favela do Lixão’ (também no CIC), ‘Favela da Tripa’ (Umbará, Z/S). Estou só me aquecendo.

O Recife e seus paradoxos: charrete passa por uma dessas velhas pontes no Centro. Aqui em Curitiba há muitos anos é proibido a circulação de carroças.

Não esqueci o ‘Morro do Amor’ (Tamandaré, Z/N), Buraco do Sapo’, ‘Cantinho do Céu’ (as 2 no Tatuquara, Z/S), ‘Rocinha’ (Cajuru, Z/L), no Rio Barigüi o ‘Bom Menino‘ (divisa entre C. Siqueira e Mosunguê, Z/O), etc. .

Além disso, as 2 favelas da Zona Central, agora urbanizadas, são a Vila Capanema (entre o Jardim Botânico e Prado Velho) e a Vila Parolin (no bairro de mesmo nome).

Antigamente elas eram chamadas, respectivamente, de ‘Vila Pinto’ e ‘Valetão’. 

No Centrão vi muitos pescadores tirando seu sustento das águas. Já rodei uma boa parte da América (e dei uma esticada até na África), mas só nessa cidade eu presenciei essa cena em pleno Centro. Tudo tem uma 1ª vez.

Até mesmo o Jardim Social, que é o 2° bairro de renda mais alta da cidade, era conhecido antes de ser urbanizado como ‘Morro do Querosene‘. Precisa dizer mais?

Então em Curitiba, como no mundo todo, o povo batiza de forma curiosa os bairros.

A questão é aqui, como em quase toda parte, o poder público não ratifica esses apelidos, os ignora, e sempre que possível os retifica.

No Recife é diferente, passam a fazer parte do ‘ethos’ da metrópole. Como já escrevi antes:

Ônibus com esse nome só existe no Recife (r)!

FESTA NO MORRO “: AH, ESSES ÔNIBUS RECIFENSES . . . .

Andava eu (Visão de Rua/’Google’ Mapas) pela Zona Norte do Recife.

Quando me deparei com um busão dessa linha que vocês estão presenciando no veículo azul a dir.: “Festa do Morro”.

Um nome bem inusitado pruma linha de transporte coletivo.

Em 1° plano o Centro de Olinda (Zona Norte – no detalhe placa de um comércio), cidade-mãe do Recife, cujos prédios vemos ao fundo.

Aí eu me recordei que essa é uma característica local.

Esclarecendo, Festa do Morro” não é uma linha fixa que opere o ano inteiro.

No Morro da Conceição, Zona Norte do Recife, há uma enorme festa.

Justamente a Festa do Morro que começou como celebração católica.

Todavia com o passar do tempo se tornou laica, sem estar automaticamente atrelada a igreja.

Casa Caiada, região moderna e praia mais aburguesada de Olinda.

Então, somente na época da “Festa do Morro” existe uma linha com esse letreiro.

Na verdade diversas linhas regulares são reforçadas pra atender esse evento.

E indicam dessa forma pras pessoas saberem, evidente.

Próximas 7 imagens: nomes populares curiosos que acabaram consagrados como postos de saúde (‘U.S.)’, linhas de ônibus e agências bancárias, traço típico recifense. Começamos com 2 U.S.’s. Essa se chama, hum…., “Planeta dos Macacos”!! Sério isso?? No Recife é (foto via ‘Google Mapas’). A seguir ‘Maria Farinha‘ (r).

É digamos um ramal temporário de muitas outras linhas, de várias empresas.

Quando o ‘Google’ fez uma filmagem foi esse o caso, ela estava ativa.

Pois assim que eu saí do Morro da Conceição foi esse o ônibus que vi.

(Nota: em 2012 o passeio descrito aqui foi de forma virtual e não física, conforme já delimitei acima.

Porém em 2020 visitei pessoalmente o Morro da Conceição, embora não com a profundidade que eu gostaria.)

Cidades, como as pessoas, têm personalidade própria.

E o gosto pernambucano é esse, dar nomes curiosos as linhas de ônibus que cortam suas ruas.

Há também busão.

Vejamos algumas das linhas de ônibus urbanos que circulam na capital de Pernambuco e região metropolitana:

Maria-Farinha (ao lado);

Bola na Rede (logo abaixo);

Totó (segue na mesma frequência, ‘totó’ é o popular ‘pebolim’);

Carnaval;

Roda de Fogo;

Chão de Estrelas;.

Linha do Tiro;

Cor do Abacaxi (sim, é ‘Córrego do Abacaxi’ – porém o letreiro estava abreviado, então dizia ‘Cor. do Abacaxi’);

Cor da Areia (mesmo caso: ‘Córrego da Areia’, mas no busão estava escrito ‘Cor’);

Rio das Velhas (dir.);

Porta Larga. Pensa que eu tou brincando, né?

Eu não estou, e há 2 linhas de ônibus ‘Porta Larga‘, se uma fosse pouco.

Agência “Ilha do Leite”, quase no Centro.

O letreiro não está informando que o veículo tem suas entradas e saídas bem amplas.

Não. ‘Porta Larga’ é nome de duas comunidades.

Uma do município de Igarassu, um subúrbio distante do extremo norte do Grande Recife, e outra em Jaboatão;

Estrada do Encanamento em Casa Amarela, região de classe média-alta da Zona Norte.

Chá de Alegria (na verdade ‘Chã de Alegria’);

Sítio Histórico;

Rua do Sol;

E por último nessa lista mas não menos importante, a “Festa do Morro

Bem-vindo ao Recife, meu irmão.

Bem-vindo a “Cidade Sangue-Quente”.

Aqui e a dir.: tomadas noturnas da Av. Boa Viagem. 1° o ‘Galo da Madrugada‘, símbolo do Carnaval de Pernambuco. A seguir as carrancas típicas do Nordeste, presentes nas barcas do Rio São Francisco. Dizem que elas espantam maus-olhados. Qualquer ajuda é bem-vinda.

Tudo isso constava num emeio que produzi em 2012 (antes dessa página existir o modal de nosso canal de comunicação era esse, o emeio).

Subi pra internet numa matéria de 2015, logo que o blogue se iniciou.

Só pra fecharmos esse tópico, darei mais um exemplo marcante:

Num bairro de padrão elevado da Zona Norte do Recife existe uma avenida que se chama “Estrada do Encanamento”.

Ainda mais uma vez, jamais existiria em Curitiba uma via com esse nome,

E muito menos em um dos bairros mais aburguesados da cidade.

Digo, aqui na Grande Curitiba existe também uma “Estrada do Encanamento”.

É a rodovia (PR-415) que liga a capital aos subúrbios metropolitanos de Pinhais e Piraquara, na Zona Leste.

Só que veja a diferença. Esse é só o apelido informal dela, oficialmente é denominada “Rodovia João Leopoldo Jacomel”.

Se o povo quer chamar assim, chame. Mas no mapa consta de outra forma, bem mais ‘elegante’.

Ou seja, mesmo na região metropolitana aqui em Curitiba e região não aceitam a ‘sabedoria popular’.

O nome da cidade vem do termo ‘arrecife‘, paredões de pedra comuns nas praias da região (ao fundo os prédios do Pina).

E muito, mas muito menos nas porções mais aburguesadas da capital.

Em Pernambuco mesmo os magnatas não se avexam em dar seu endereço como “Estrada do Encanamento”. É o Recife, né?

………………

“CURITIBA/BÉLGICA E RECIFE/ÍNDIA”: SERÁ MESMO???

Aqui e na próx.: fotos feitas do alto do hotel que fiquei, no Pina. Se eu olhasse pra direita via essa praia maravilhosa – no Nordeste a água é cristalina, você pode estar com água no peito que ainda vê seus pés. Aquelas manchas escuras são os arrecifes. É preciso ficar entre eles e a areia, pois após essa barreira de pedras os tubarões pululam.

Em 2020 não tivemos o Censo demográfico, devido a epidemia de corona-vírus – assunto altamente polêmico, que não entrarei no mérito aqui.

O fato é que a contagem desse ser realizada em 2021 (escrevo em fev.21).

Isso já aconteceu uma vez. Em 1990 o Censo igualmente foi cancelado, sendo feito no ano seguinte, 1991.

O que isso tem a ver com o que estamos falando aqui? É simples, já vou voltar as comparações entre o Recife e Curitiba.

Hoje não acompanho mais a mídia capitalista a muitos anos.

Porém no começo dos anos 90 (eu era um adolescente então) o fazia.

No entanto, virando pra esquerda está essa favela, a apenas 2 quadras do mar.

Em 1992 – quando começaram a sair os resultados do Censo/91 – a manchete de um dos maiores jornais de circulação nacional foi bombástica:

Apenas 7 habitantes separam a Curitiba/Bélgica da Recife/Índia”.

A metáfora é bastante explícita pra necessitar de explicações. Implicava que esse país-continente é imerso em desigualdades.

Quase nas margens do Rio Capiberibe (na divisa entre as Zonas Norte e Oeste) a mesma situação: um “shopping” ao lado de uma “comunidade” – eufemismo que alguns preferem usar pra não ter que dizer ‘favela’. É o Recife em Preto-&-Branco.

Não o menor deles a diferença de padrão de vida entre o Sul e o Nordeste.

Aqui teremos que navegar em águas turbulentas, então vamos com calma.

Será que Curitiba é mesmo a ‘Bélgica’? Posto em outras palavras:

Será verdade que a capital do Paraná poderia mesmo ser uma ilha de ‘1° mundo’ num oceano de 3° mundo que é a América Latina?

Anoitece, prédios do Centro ao fundo.

Não, evidente que não! Isso é um mito, definitivamente. Curitiba é uma metrópole latino-americana, com tudo que isso implica.

Apenas no município, sem contar região metropolitana, são cerca de 300 favelas.

Morei numa delas (o Canal Belém, no Boqueirão, Zona Sul) por 15 anos, e conheço todas as outras, por dentro, andando em seus becos.

Agora todo mundo pode surfar: na Praia de Casa Caiada, Olinda, há um mural com prancha de surfe tridimensional. Você sobe e ‘tira aquela onda’. Tão fácil quanto dirigir um antigo Fenemê.

Portanto eu gosto de periferia, não falo de ‘favela’ com o preconceito burguês, ficou bem claro?

Ainda assim, as coisas são como são. Alta desigualdade social já é um problema em si mesmo, e gera diversos outros problemas.

Não o menor deles o aumento da violência urbana – vide como está a situação no Rio de Janeiro principalmente, que se repete em menor escala em diversas cidades brasileiras.

Isto posto, sigamos. As favelas curitibanas estão em diferentes graus de urbanização, óbvio.

Continuamos em Olinda nas próximas 5 imagens. Aqui a Igreja da Sé, com o letreiro grafitado a frente e o mar ao fundo.

Algumas já passaram pela intervenção do poder público, e agora são vilas normais de periferia.

Enquanto que outras ainda são favelas mesmo, com barracos (alguns deles palafitas nas barrancas dos rio), ‘gatos’ de eletricidade e esgoto a céu aberto.

2 das maiores entre as que ainda não estão urbanizadas são as do São Miguel (próximo ao CIC, Zona Oeste) e Caximba (Zona Sul).

Curitiba tem favelas. Centenas delas. Já documentei muitas vezes as desigualdades dessa cidade, seu lado ‘A’ e lado ‘B’.

Aqui e na próx.: Centro de Olinda, as ladeiras que levam ao Alto da Sé. Repare no calçamento da rua, não é paralelepípedo (rochas cortadas em forma de retângulos regulares, obviamente) mas sim pedras irregulares, que foram colocadas ali e a rodagem das carroças assentou. Provavelmente a via foi pavimentada dessa forma ainda na época da escravidão, que terminou a 132 anos quando escrevo. Fotografei o mesmo em Salvador.

Além disso, os problemas de violência urbana e sem-tetos igualmente são rampantes.

Então, está dito com todas as letras, Curitiba não é um pedaço da Europa dentro do Brasil.

Alias, se for ver bem certinho, será que a própria Europa ainda é realmente de “1° mundo”?

Afinal, nesse ‘Velho Continente” as favelas – iguaizinhas as que temos na América Latina, África e Ásia – estão aumentando bastante, como já documentei amplamente com fotos inclusive.

A Bélgica mesmo, que é apontada na metáfora usada nessa reportagem de 1992 como um exemplo de desenvolvimento, também tem seus problemas

Pra conversa começar, a Bélgica foi o país do mundo mais atingido pela epidemia de corona-vírus.

Essa é a parte turística de Olinda, cheia de hotéis, restaurantes e lojas de artesanato. Subi por aqui. Agora veja a próxima foto.

Foi a primeira nação a passar de mil mortes pra cada milhão de pessoas.

E no momento que essa matéria sobe pro ar já está chegando a impressionantes 2 mil mortes por milhão de habitantes

(Mais precisamente 1.885 em 22/02/21, quando você estiver lendo será ainda mais alto o índice.)

Então se há “algo de podre no Reino da Dinamarca”, como diz o ditado, certamente também o há no Reino da Bélgica.

No entanto desci pela parte popular de Olinda (de novo o mar ao fundo), aquela que não é turística. Observe que a ladeira é de terra, não tem qualquer pavimentação, nem asfalto tampouco pedras, regulares ou irregulares.

No mínimo o sistema de saúde público deles não era tão eficiente da maneira que muitos pensavam

Pra não falar dos ataques terroristas, que lá são frequentes, bem como nas vizinhas França, Alemanha e Reino Unido.

Enfim, vocês entenderam. Nem a Bélgica original é tão justa e desenvolvida como é apregoado na mídia.

Assim, certamente não seria a ‘Bélgica Brasileira’ (Curitiba) que seria isenta de graves problemas sociais, muito pelo contrário.

Chegando na beira-mar fotografei esse farol. Aqui fechamos a sequência de Olinda.

Um mito, repito. Agora, analisemos por esse lado: o que é um mito?

É uma narrativa que exagera, que confunde as vezes a ilusão com a realidade.

Sim, com certeza. Por outro lado ainda que distorça em parte a forma com que as coisas acontecem o mito precisa ter alguma base nessa mesma realidade.

Ou então ele nem pega. O mito é uma mistura de real e ilusão, e muitas vezes é difícil determinar em que grau.

Sub-emprego: moça limpa vidros depois pede trocados aos motoristas. Dura realidade latino-americana, já fotografei exatamente a mesma cena na Argentina e Paraguai.

O que é certo é que há sempre algum grau de verdade na narrativa que o mito conta.

No caso da dicotomia entre Curitiba/Bélgica x Recife/Índia, analisemos o contexto no qual a matéria que levou essa manchete foi escrita.

CURITIBA É “3ª MELHOR CIDADE DO MUNDO”; ENQUANTO QUE RECIFE É A “4ª PIOR”?? NÃO NECESSARIAMENTE, MAS ERA ISSO QUE SE DIZIA A ÉPOCA –

Certamente você conhece a música “Antene-se”, em que Chico ‘Science’ – que é recifense, como todos sabem – assume que é “Mangue-Boy”.

Logo na primeira estrofe Chico e sua Nação Zumbi fala que eles estão “entulhados à beira do Capibaribe, na quarta pior cidade do mundo.”

Mais 2 cenas noturnas da Av. Boa Viagem.

Recife, a 4ª pior cidade do mundo? Uma opinião bem radical eu diria.

Certamente discordo. Mas de onde Chico tirou esse título então? Simples.

Em 1991 saiu uma pesquisa, não me lembro se tinha o aval da ONU, que foi amplamente divulgada na imprensa – eu mesmo li na revista que era a de maior circulação nacional.

Esse estudo comparava metrópoles do mundo inteiro, em diversos pontos:

IDH, educação, violência urbana, acesso a moradia, etc.

E foi ali que o Recife foi, somando todos os critérios, escolhido como quarta pior cidade do planeta pra se viver.

O Recife tem 2 grandes regiões de classe média-alta. Uma é a orla da Zona Sul, que no município da capital abrange as Praias de Boa Viagem – vista aqui – e Pina (na verdade Pina é um prolongamento de B. Viagem, assim como no Rio o Leme é um prolongamento de Copacabana).

No mesmo levantamento São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre-RS estavam entre as 10 cidades mais violentas de toda a Terra na ocasião, embora não constassem entre as 10 piores na contagem geral.

Belo Horizonte-MG foi então agraciada com a honra de ser a melhor cidade do Brasil, segundo os dados ali comparados.

Curitiba não participou dessa pesquisa. Entretanto ‘’deram um jeito”:

Na mesma época um arquiteto ianque declarou que “Curitiba era uma 3 melhores cidades do mundo pra alguém morar”, se não me engano ao lado de São Francisco-EUA e Roma-Itália.

Piedade, em Jaboatão, é vizinha a Boa Viagem, e também um prolongamento destana tomada vemos Piedade ao fundo e a Praia de Candeias em 1° plano. Como notam, Candeias também tem se verticalizando e aburguesando intensamente.

O que muitos não prestaram atenção quando isso foi divulgado com tanto alarde na mídia é que essa era apenas a opinião pessoal de alguém, desprovida de qualquer valor científico.

E não alguém imparcial. O arquiteto que afirmou isso era amigo pessoal de Jaime Lerner, prefeito de Curitiba na ocasião – e que também é arquiteto.

Oras, esse estadunidense tem o direito de ver o mundo como quiser, e de expressar o que sente.

A questão é que a mídia divulgou uma visão individual como se fosse uma verdade definitiva.

Na Av. Boa Viagem são comuns os espigões de 40 andares (que em Ctba. e todo Paraná são bem raros).

E a partir daí passou a repetir o mantra que “Curitiba é a 3ª melhor cidade do mundo” com um fervor quase que religioso.

O levantamento que determinou Recife como ‘4ª pior’ é polêmico, sem dúvida. Até pelo escopo da tarefa.

Não é fácil comparar centenas de cidades em escala global em diversos critérios, não o menor dos problemas sendo que diversas estatísticas estão longe de serem confiáveis.

Ainda assim, pelo menos um levantamento objetivo, científico, que pode ser contestado por outros cientistas sociais.

Enquanto que a opinião do estadunidense é totalmente subjetiva e individual.

Em compensação no Pina está Brasília Teimosa, antiga favela, agora urbanizada, mas que não deixa de ser uma vila popular a beira-mar e no bairro mais caro da cidade (r). Um ‘choque de realidade’ entre os prédios do 1° e as casas humildes da 2ª.

No entanto como era ‘música aos ouvidos’ da mídia da época, foi propagada como se fosse uma Revelação Divina.

Pra quem não é daqui, Curitiba completou 300 anos (contando apenas desde a fundação oficial pelos europeus) em 29 de março de 1993.

Portanto desde que adentramos os anos 90 começou um dos maiores festivais de propaganda que esse país já viu.

Curitiba já tinha muitas favelas nessa oportunidade. As duas mais centrais, as Vilas Capanema e Parolin, são dos anos 60.

Próximas 4: a outra região bem aburguesada e verticalizada é as margens do Capiberibe, que como dito e é notório divide as Zonas Norte e Oeste (pra Z/O é onde a câmera mira aqui que foco a montante do rio – na próxima imagem a jusante).

Os ‘complexos’ (‘aglomerados’ no termo mineiro) do Cajuru e Uberaba, na Zona Leste, começaram a se formar ainda nos anos 70, e engrossaram nos 80.

A invasão da Vila Verde, na Cidade Industrial, se deu em 1988, e do Xapinhal, no Sítio Cercado (ambos na Zona Sul) foi em 1991.

Diversas favelas nos bairros Boqueirão, Xaxim, Pinheirinho, Novo Mundo (todos na Zona Sul), e algumas na parte da C. Industrial que fica na Zona Oeste igualmente são das décadas de 70 e 80.

E isso só pra citar apenas alguns exemplos, há muitos outros.

Ou seja, na virada dos 80 pros 90, Curitiba já tinha bem mais de uma centena de favelas (talvez mais de 2 centenas), algumas delas bem grandes

No bairro Casa Amarela e entorno, essa parte perto do rio, também estão surgindo vários prédios bastantes elevados, na altura e no valor dos apês.

Ainda assim, boa parte da burguesia curitibana embarcou numa catarse.

Cria piamente que Curitiba ‘não tem favelas’ e é mesmo ‘de 1° mundo’.Cria e queria que assim fosse.

Natural. Vivíamos uma barragem de lavagem midiática colossal, que criou essa narrativa, mesmo não sendo verdade.

Então pronto, está dito. Se o arquiteto ianque considerava Curitiba uma das 3 melhores cidades do mundo pra se morar, é um direito dele.

No entanto o fato que a imprensa capitalista reverberou a exaustão como se fosse a verdade acabada e definitiva, isso criou um mito.

Um mito que distorceu a realidade? Sim. Mas, digo de novo, o mito distorce a realidade, mas não pode criá-la de todo, ou senão o mito não pega.

Agora, claro, essa aburguesação não impede que C. Amarela também tenha suas favelas (a dir. na foto aquelas placas marrons com nome da rua, típicas do Recife).

O mito de que Curitiba era (alguns até hoje acreditam que ainda é) como pintada na tela de TV pegou tão forte pelo seguinte:

Curitiba tinha favelas. Porém, no censo de 1991, cerca de 10% dos curitibanos moravam em invasões.

Não é nenhum feito tão fantástico. Outras capitais do Centro-Sul, como São Paulo e Florianópolis-SC, registraram índices similares.

Nas próximas 6 imagens, o Centrão. No Recife é comum vermos prédios assim, ‘redecorados’ pelos pichadores – só em SP presenciei esse fenômeno na mesma magnitude.

A questão é: o Recife emplacou, nesse mesmo Censo, perto de 40% de seus habitantes vivendo em moradias precárias/invasões.

Natural que seja assim. Creio que ninguém contestaria que as condições sociais variam muito dentro de Brasilzão gigante.

Ainda assim, as diferenças chegam a ser gritantes em certos casos.

O Recife tinha quase metade de seus moradores apenas lutando pra sobreviver.

Enquanto que em São Paulo, Paraná e Santa Catarina era um décimo, 4 vezes menos que em Pernambuco.

Digo, o Norte e Nordeste se desenvolveram muito nas últimas décadas, se industrializaram razoavelmente, então a disparidade hoje é bem menor que era na época.

Esse ponto de ônibus na beira-rio também mudou de função, agora é moradia de sem-tetos. Repare que há até barracas armadas.

No começo dos anos 90 não era assim. Os empregos eram escassos muitas vezes no Nordeste, e assim bem mais raras que hoje as oportunidades de ascensão social.

BEM AO LADO DO CENTRO, A “ILHA DA MISÉRIA”: É O RECIFE SEM MÁSCARAS –

Além disso, não é só uma questão de quantidade, mas ‘de qualidade’, se quiser ver assim.

A diferença entre Curitiba e várias das demais capitais não é apenas o número de favelas, mas principalmente onde elas estão localizadas.

Curitiba tem 2 grandes favelas centrais (hoje urbanizadas, na ocasião ainda não).

O porto é bem no Centro, no Bairro do Recife que nomeia a cidade. Uma parte dele ainda está no local original.

Só que fora essas quase todas as suas favelas são na periferia.

Fora da visão das pessoas de classe-média, sejam os nativos e muito mais dos turistas. ‘Longe dos olhos, longe do coração’, saca?

No Nordeste e no Rio não funciona dessa forma. As favelas estão por todos os bairros, mesmo na orla mais endinheirada, mesmo no Centro. 

Aqui e nas próx. 2 tomadas: região do ‘Marco Zero‘, dali o porto foi retirado e deu lugar a atrações turísticas como restaurantes e lojas de artesanato. Isso já ocorreu em muitas cidades do mundo, por ex. em Buenos Aires-Argentina.

Fiquei na Praia do Pina, a meia quadra da Av. Boa Viagem. No 10° andar.

Da janela do meu apartamento, se eu olhasse pra direita via aquele marzão simplesmente maravilhoso.

Entretanto, se virasse pra esquerda via algumas favelas bem grandes, a 3 quadras da avenida que tem os edifícios mais elitizados de Pernambuco.

Fotografei esse contraste. Visitei Brasília Teimosa, que era uma favela miserável a beira-mar até 2006.

Os trilhos do bonde foram mantidos, embora a décadas esse modal tenha sido abandonado (fotografei o mesmo na Argentina, Paraguai e Belém do Pará).

Agora está urbanizada, melhorou muito, mas ainda é uma região de periferia em plena orla.

Abordamos o tema com maior profundidade em outra matéria da série.

E pelo ‘Google Mapas’ constatei que os bairros de Pina e Boa Viagem têm diversas favelas.

Fui de metrô a ‘Jaboatão Velho’ e a Camaragibe. Sim, esses são subúrbios metropolitanos.

No entanto, mesmo na parte central da capital a situação é complicada

No Marco Zero há esse letreiro com o nome da cidade, onde os turistas se enfileiram pra serem fotografados.

Peguei o trem na Estação Joana Bezerra, que é a segunda da linha, logo após a Estação Recife (Central).

Ou seja, Joana Bezerra é colada ao Centro. Ainda assim, há uma grande favela bem em frente a estação de trem/terminal de ônibus.

Uma caminhonete da polícia ficava estacionada ali, me pareceu de forma permanente ao menos durante o dia, pra garantir a segurança dos usuários de transporte coletivo.

Casa Caiada, em Olinda, tem um letreiro similar, todo grafitado em diversas cores.

E logo após a estação vi diversas outras invasões. Por conta disso, a região é conhecida como “a Ilha da Miséria”. Isso ao lado do Centro, enfatizo de novo.

É o Recife, irmão. Mas isso não me incomodou nem um pouco, muito ao contrário.

Gosto de periferias, digo mais uma vez e quantas se fizerem preciso.

E Amo o Recife. Amo essa cidade de uma forma visceral, tenho uma ligação espiritual com ela, talvez tenha vivido ali uma vida passada.

De volta ao Centro do Recife, que é quase um museu a céu aberto. A cidade é uma das s do Brasil, fundada em 1537 (SP só surgiu 17 anos depois, o Rio 28 anos, Salvador 12, Curitiba 156, e Porto Alegre 235 anos depois).

Ter podido enfim pisar em suas ruas, cruzar suas lendárias pontes, me banhar em suas praias, foi um Presente do Criador Deus Pai e Mãe, o sonho de toda uma vida realizado.

Amo o Recife como ele é. Sem máscaras, sem maquiagem.

Fui pra explorar essa cidade, ver os dois lados, o lado ‘A’ e o lado ‘B’.

Fiquei no Pina. Passeei portanto muitas vezes em Boa Viagem.

Alias abri a série com um ensaio sobre essas 2 praias (que na verdade são a mesma) da Zona Sul. Visitei Casa Caiada, a praia mais verticalizada da Zona Norte.

Metrô chega a Estação Joana Bezerra. Observe que mesmo na Zona Central há várias favelas.

No meu último dia no Recife, peguei um ônibus até Candeias, em Jaboatão obviamente.

Dali voltei a pé pro Pina, passando por Piedade e Boa Viagem.16 km caminhando, eu e minha esposa.

Como vim pela areia da praia sob sol forte e evidentemente parei muitas vezes pra entrar na água e uma vez pra almoçar, levei 9 horas, das 10 da manhã as 7 da noite.

Conheci toda orla do Recife e Jaboatão. Mas não apenas isso.

Subúrbio da Zona Oeste.

Fui também a região de classe média-alta as margens do Capiberibe. Falo de Casa Amarela e seu entorno, como você percebeu.

Então estive na parte aburguesada da cidade. Tanto a orla da Zona Sul quanto a outra porção, perto do rio e longe do mar.

Alto Zé do Pinho, subúrbio da Zona Norte – no canto direito um micro complementar.

Ainda assim, e pra fazer o balanço completo, andei pelas ladeiras de Olinda (e não me refiro a parte turística perto das igrejas), por Brasília Teimosa, pelo Centro de Jaboatão.

Dei uma passada também por Camaragibe e, na Avenida Norte, pelo Alto Zé do Pinho e Morro da Conceição, embora nesses casos bem mais brevemente do que gostaria.

Mostrando agora as icônicas placas marrons colocadas nas esquinas. Aqui na Avenida Boa Viagem, onde desemboca a Rua do Atlântico (que só tem 3 quadras) . . .

Fui conhecer o Recife por inteiro. Na orla e no morro.

Boa Viagem, Piedade, Candeias, Pina e Brasília Teimosa.

O Centrão com suas belas pontes e multidão de sem-tetos e a região metropolitana que você chega de trem.

Os dois lados da Avenida Norte, os ‘altos’ a direita (no sentido indo pro subúrbio) e os espigões caros a esquerda.

. . . e agora na Avenida Norte, na estrada dos bairros Alto Stª Terezinha, Alto José Bonifácio e Bomba do Hermetério. Por todo o Recife, da orla até o subúrbio, “Eu Sou O Mensageiro”.

Olinda e Camaragibe, e, em Jaboatão, de Piedade a Jaboatão ‘Velho’, o Centro.

O Recife como ele é. Sem máscaras.

No Preto e no Branco,

Amor Maior.

Graças a Deus Oni-Poderoso que permitiu.

Continua . . .

Foto na beira-mar em Olinda que mostra o Centro do Recife (no meio da imagem) e a orla da Zona Sul (em 2º plano).

Série sobre o Recife:

– “VENEZA BRASILEIRA(julho de 2021) –

O apelido, evidente, se deve as muitas pontes e canais do Centro. Também chamada Amsterdã Sul-Americana, pelo mesmo motivo.

Falo de vários aspectos sobre a cidade: o perigo dos tubarões nas suas praias, o patriotismo (marcante presença da bandeira nacional), a violência urbana, o nome, o clima, a geografia, a pichação nos muros, e muitos outros.

Metrô (r).

– “FESTA NO MORRO”??? AH, ESSES ÔNIBUS RECIFENSES . . .

Publicado originalmente (via emeio) em 11 de novembro de 2012. Levantado pra página em 2015.

Matéria ampliada maciçamente nos primeiros  dias do ano (e década) de 2020, com a adição de centenas de imagens.

Assim se tornando uma radiografia do transporte na capital pernambucana, abordando todos os modais, do metrô ao micro-ônibus ‘complementares’.

Ou seja, foi escrita antes de eu ir pessoalmente ao Recife (novembro de 20), com base no que estudei pela internet.

Em 2023 atualizei a postagem com o que constatei ‘in loco’.

ISSO É QUE É VIDA!!! AMANHECE E ANOITECE NA PRAIA DE BOA VIAGEM

Ensaio de dezembro de 2020, 1ª mensagem feita após a ida ao Recife. Palavras não são necessárias, basta apreciarmos a beleza das imagens. Na capital pernambucana amanhece cedo.

Veja ao lado, as 4:20 da manhã os primeiros raios de sol surgem no horizonte. Pra quem tem o privilégio de ver o grande astro se levantando do mar da Praia do Pina melhor ainda.

DE BRASÍLIA ‘TEIMOSA’ A BRASÍLIA ‘FORMOSA’ Publicado em 2015 (bem antes da minha visita a Pernambuco, portanto), apenas com desenhos da cidade.

Em 2019, entretanto, ampliei a matéria com fotos, pra documentar a urbanização de ‘Brasília Teimosa‘.

Brasília Teimosa antes da urbanização (r).

Pra quem não conhece o Recife, trata-se de uma antiga favela localizada entre o Centro e a Zona Sul da cidade.

Até 2003, tinha palafitas praticamente dentro do mar. Isso não muito longe de Boa Viagem, o m2 mais caro de Pernambuco.

No novo milênio tudo mudou. ‘Brasília’ foi urbanizada desde então, se tornou um bairro normal. Os casebres sobre estacas deram lugar a um parque

O mesmo local em 2020.

Fiz uma análise do antes/depois, mostrando o que vi – e fotografei – no local.

A esquerda o ‘antes’: barracos em palafitas não apenas a beira-mar, mas mais precisamente dentro do mar.

A direita atualmente: uma avenida com ciclovia e canchas de esporte. Brasília virou ‘Formosa.

Deus proverá”

4 comentários sobre “A “Cidade Sangue-Quente”: Recife, Pernambuco

  1. yedda mendonça disse:

    Oi querido Acabo de ler seu texto. Apreciei muito seu jeito de escrever, seu estilo de misturar assuntos e cidades, um texto de livre pensar, um diálogo com o leitor muito gostoso. Uma delícia passear por Recife nos seus olhos, no seu jeito de ver as coisas. Os nomes dos lugares, o jeito chistoso do recifense. A facilidade que ele tem de assimilar a vida própria dos lugares, suas denominações. Não sabia de sua ligação forte com Recife. Eu também sinto muita simpatia pelos recifenses que conheço e pela cidade, que não conheço, infelizmente. Sua conversa com um leitor seu sobre favelas na Europa , Paris e Madri especificamente, me fez lembrar que , quando vi suas fotos de João Pessoa ( se não me engano), fui ver as minhas e me perguntei se estivemos na mesma cidade. Achei graça, olhares diferentes, idades diferentes, desejos marcantes e pessoais. Parabéns pelo texto. Obrigada pelo passeio com seus olhos e pensamentos Beijos Saudades Madim

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  2. Fábio Abreu disse:

    Pernambuco, de maneira geral é maravilhoso, Recife e Olinda são os “ornamentos”, mas a verdade é que o agreste também possui seus encantos. Há quem diga que os tubarões por lá aumentaram sua presença por conta de um quebrar mar construído para melhorar o tráfego no emboque do porto. O que sei é que, em boa viagem, é razoavelmente seguro nadar até onde eles colocaram alguns blocos de concreto (semi submersos, dependendo da maré alguns deles aparecem), que ficam em paralelo à praia. Dali pra frente é que “os bichos pegam”, normalmente, pois os surfistas precisam adentrar bem mais do que o nadador “civil”. No mais, andando de barco para visitar Recife pelos canais, pela água, é importante de lembrar-se de permanecer atento e preferencialmente sentado, pois a altura das travessias é bem pouca (as embarcações são mais baixas) e imagino que não poucos turistas tenham dado suas “cabeçadas” nessas pontes. Me falaram – e isto está para checagem – que elas são assim por que foram concebidas para inibir a aproximação de embarcações maiores em uma possível tentativa de abordagem/ataque/sítio da cidade por parte dos piratas (houve uma época em que a pirataria era um perigo real em nosso litoral). No mais, é um ótimo lugar para se estar.

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    • omensageiro77 disse:

      Firmeza total irmão.

      Não pude conhecer o Sertão, mas a capital (incluindo região metropolitana) é mil grau.

      Isso que você falou dos tubarões eu sabia, e abordarei a questão com mais detalhes no próximo texto. Promessa é dívida:

      Recife, a “Veneza Brasileira”

      Quanto a parte das pontes serem baixas pra prevenir pirataria não tinha conhecimento. Vivendo e aprendendo.

      Valeu pelos apontamentos valiosos, como sempre.

      Deus o Abençoe.

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