Jardim Botânico, cartão-postal de Curitiba (e o vizinho Cristo Rei)

Igreja do Cristo Rei.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 6 de abril de 2016, originalmente com alguns desenhos

Reformulado em outubro de 2020 pra se tornar uma matéria completa com dezenas de fotos

Maioria das imagens de minha autoria. As que forem baixadas da internet identifico com um ‘(r)’ de ‘rede’, como visto a direita

 

A cúpula do Jardim Botânico certamente é a imagem mais conhecida de Curitiba.

Divisa entre os bairros Jardim Botânico (r) – nele fica o Moinho Anaconda [aquele prédio branco no meio da imagem], a esq. visto a nível do solo (r) – e Cristo Rei, onde estão os edifícios mais altos em 2º plano.

Se tivéssemos que escolher o cartão-postal mais representativo da cidade, teria que ser esse.

Vamos agora falar sobre e ilustrar sobre essa parte da cidade, onde a Zona Central se encontra com a  Zona Leste.

O parque do Jardim Botânico está no bairro o qual nomeia, porém na divisa com o Cristo Rei.

Na foto acima da manchete (puxada da internet), por ex., os prédios ao fundo ficam no Cristo Rei.

As construtoras anunciam como sendo “no Jd. Botânico” apenas como uma estratégia de vendas, sem compromisso com a realidade.

Retrataremos nessa mensagem além desses dois um pouco também do Alto da XV, que é vizinho.

Uma porção de Curitiba que conheço muito bem, pois morei ali por 9 anos.

Na imagem acima a direita vemos o Moinho Anaconda e o Viaduto do Capanema.

Cúpula do Jardim Botânico.

O moinho igualmente fica no bairro Jardim Botânico. Na  Av. Afonso Camargo, que divide esse bairro do Cristo Rei.

A 2ª foto da matéria (ainda me refiro a panorâmica com os prédios ao fundo, após a da igreja) foi tirada do Jardim Botânico.

Mostrando o também Cristo Rei como acabo de dizer. Nela vemos 3 bairros:

Fiz a foto anterior, da estufa metálica do Jd. Botânico, nos jardins do parque. Agora inverteu, estou dentro dela, no 2º andar, clicando os canteiros em seu entorno.

O moinho em 1º plano no Jd. Botânico, os prédios do meio da imagem no Cristo Rei e os em 3º plano já no Centro.

No Viaduto do Capanema e imediações, 4 bairros se encontram.

Os 3 citados acima (Jd. Botânico, Centro e Cristo Rei) que ali têm sua divisa.

Temos também o Alto da Rua XV que começa 1 quadra acima.

Próx. 4: Praça das Nações, divisa quádrupla entre Cristo Rei, Alto da XV, Tarumã e Jardim Social, Zona Leste – adornada pelo pavilhão da Pátria Amada e a caixa d’água ao fundo. A esq., além da placa de rua, o panteão de bandeiras que homenageia as Nações Unidas – infelizmente os mastros estão vazios.

Não muito distante, do outro lado da Rodo-Ferroviária, fica o Rebouças.

No entanto, do Rebouças e Centro nos ocuparemos em outras oportunidades.

Nessa matéria que estão lendo nosso foco será, digo novamente, a divisa entre as Zonas Central e Leste da cidade.

Me refiro, claro, ao Cristo Rei e seus dois vizinhos com quem é mais intimamente ligado:

Claro que só posso estar falando do Jardim Botânico de um lado e o Alto da XV (ou ‘Alto da 15’ se preferir numerais arábicos) de outro.

O Cristo Rei é com sobras o maior dos três, tinha 13 mil habitantes no Censo de 2010.

Enquanto que no Jardim Botânico o número era de 6 mil, e o Alto da XV 8 mil.

Sim, eu sei. Já estamos em 2020 (quando atualizo a matéria).

Foto noturna (r).

Assim é sabido que esses números podem estar desatualizados.

Quando saírem os resultados do Censo de 20 veremos em quais deles a população cresceu e quanto.

Por hora, cito esse dado porque o Censo é a única contagem que vai de casa em casa, projeções as vezes  erram feio.

Panorâmica da Pç. Nações, abaixo a dir. na foto: vemos o viaduto e a caixa d’água (r).

Seja como for, obviamente o Cristo Rei tem a população muito maior que seus 2 vizinhos mais próximos.

Na verdade fnem precisa fazer a conta pra ver que moram ali quase a mesma quantia de pessoas que o Jd. Botânico e Alto da XV somados.

E a causa é simples de entender: o C. Rei é muito mais verticalizado que os outros 2 bairros. Muito mais mesmo.

No Alto da XV e Jd. Botânico quase não há prédios altos, com elevador.

Hospitais Marcelino Champagnat (com o letreiro destacado) e Cajuru (prédio branco logo a seguir), no Cristo Rei.

Enquanto que o Cristo Rei tem dezenas desses edifícios imponentes, nas margens do Eixo Leste do Expresso.

POR QUÊ O HOSPITAL CAJURU NÃO FICA NO CAJURU?

Pouco após a Rodoviária e antes do parque Jd. Botânico (pra quem vai do Centro) temos na Av. Afonso Camargo o Hospital Cajuru, um dos maiores de Curitiba.

Totem do hospital (r).

O Cajuru é o terceiro bairro mais populoso de Curitiba, o mais populoso da Zona Leste: tem perto de 100 mil habitantes (96 mil no Censo/10).

No entanto, o Hospital Cajuru não fica nem remotamente perto do bairro Cajuru; apesar do nome fica mesmo no Cristo Rei.

Acontece que no passado era diferente. Uma boa parte da Zona Leste de Curitiba pertencia ao Cajuru.

Na verdade, a porção oriental da cidade ainda era composta em grande parte por chácaras até perto da 2ª Guerra Mundial.

De forma que quase toda a Z/L era formada por apenas 2 enormes bairros:

Próxs. 2: Av. Af. Camargo. Moinho Anaconda por outro ângulo. Os tubos (chamados ‘Viaduto do Capanema’) estão ainda no C. Rei.

Cajuru em sua seção meridional e Tarumã na setentrional.

O Cajuru englobava, além do atual Cajuru obviamente, também o Cristo Rei, Jardim Botânico, Capão da Imbuia e quem sabe outros bairros.

Já o Tarumã encampava, fora o próprio Tarumã, o Bairro Alto (que fica na Zona Leste mesmo, e não Norte como muitos pensam) e Jardim Social.

Sua influência, se podemos dizer assim, era sentida até nos bairros que atualmente são parte do vizinho município de Pinhais.

Os prédios mais altos a direita ficam no Cristo Rei. O mais baixo a esquerda, ao inverso, já está no bairro Jardim Botânico, quase em frente ao famoso parque de mesmo nome.

Ou seja, o Hospital Cajuru e a Rodo-Ferroviária estão bem longe do bairro Cajuru.

Entretanto no passado, ali era Cajuru. O hospital preservou essa herança.

Como a legenda já informou, vejamos acima duas tomadas da Av. Presidente Afonso Camargo que cliquei de dentro da Linha Turismo, em 2016.

DA “VILA CAPANEMA” AO “JARDIM BOTÂNICO”:

O BAIRRO ADOTOU O NOME DO PARQUE, O ESTÁDIO E A ANTIGA FAVELA MANTIVERAM A TERMO ORIGINAL –

Rio Belém (r). A esq., no bairro Jd. Botânico, a Vila Capanema; na outra margem do rio Rebouças. Ao fundo os edifícios da PUC.

Alias até 1992 o bairro Jardim Botânico se chamava Capanema (popularmente “Vila Capanema”), como o estádio e antiga favela (agora urbanizada).

Nesse ano um plebiscito mudou o nome pra homenagear o parque recém-inaugurado.

Atrás da Rodo-Ferroviária está o estádio do Paraná Clube, a Vila Capanema.

E logo a seguir começa a “comunidade” chamada, igualmente, de Vila Capanema. Como já escrevi antes:

Mais uma da Vila Capanema (r). Linha de prédios do Centrão em 2º plano.

A capital paranaense tem duas grandes antigas favelas perto do Centro, Vila Capanema e Vila Parolin.

Agora foram urbanizadas, mas alguns problemas permanecem.

A questão da violência certamente é uma delas. É o Brasil, amigos. ”

Do Parolin tratamos outro dia, com mais detalhes e várias fotos.

Atrás da Rodo-Ferroviária temos o pátio de trens da antiga RFFSA (privatizada nos anos 90); logo a seguir, onde está aquela bandeira desfraldada, o Estádio Vila Capanema do Paraná Clube.

Aqui, foquemos no Capanema. A vila (alguns preferem o termo ‘comunidade’) se espraia por 2 bairros de Curitiba, o Jd. Botânico e Prado Velho.

Ela tem o antigo nome do bairro Jardim Botânico, como acabo de dizer e todos sabem.

No entanto, a maior parte da ‘comunidade’ Vila Capanema está no bairro Prado Velho.

A prefeitura e a imprensa tradicional usam o termo ‘Vila das Torres‘ pra se referir ao local.

A frente da Rodoviária, os tubos característicos do transporte coletivo de Curitiba (esse obviamente se denomina ‘Rodo-Ferroviária’).

Por conta evidente que ela está a margem da ‘Avenida das Torres‘.

Avenida cujo nome oficial no município de Curitiba é Av. Comendador Franco.

(Ela continua no vizinho município de São José dos Pinhais, e ali se chama oficialmente ‘Avenida das Torres‘).

Mesmo local da foto anterior,  mais de perto e em foto mais antiga, do começo do séc. 21 (r).

E hoje não há mais torres de alta tensão ali, foram retiradas nas reformas pra Copa do Mundo de 14,

Pois essa via é que liga o Aeroporto ao Centro, assim queriam dar uma primeira (e última) impressão melhor aos turistas.

No entanto, por décadas a Avenida Comendador Franco ostentou em seu canteiro central uma linha de transmissão de alta voltagem.

Abriu o baú: agora voltando ainda mais no tempo, a Rodo-Ferroviária nos anos 80 (r). Se dirigem as plataformas dois Monoblocos Mercedes, um da Reunidas e outro da Penha, .

Com suas estruturas de metal características. Daí o apelido dela, ‘Avenida das Torres’.

E nos anos 50 ou começo dos 60 se formou ali uma das primeiras favelas de Curitiba.

Quando o bairro ainda se chamava oficialmente Capanema, a favela era conhecida por muitos como ‘Vila Pinto‘.

Esse termo incomodava os moradores, especialmente as mulheres, por motivos óbvios.

Do outro lado da Avenida Afonso Camargo está o Mercado Municipal de Curitiba (infelizmente aqui não servem o famoso sanduíche com 250 g de mortadela que consagra seu equivalente paulistano).

Há duas versões pro surgimento do polêmico nome ‘Vila Pinto’.

Uma diz que esse era o sobrenome do dono da área invadida.

Enquanto a outra versão alega que era porque os moradores criavam galinhas no local pra reforçar a alimentação e quem sabe o orçamento.

Seja como for, o nome ‘Vila Pinto’ era vexatório, e em especial a metade feminina de seus moradores.

Na divisa de Centro, Jardim Botânico e Cristo Rei fica o Viaduto do Capanema, nos vãos do qual está o Restaurante Popular da prefeitura (detalhe ampliado). Ao lado o prédio que quase foi o maior do Paraná – ficou décadas abandonado, depois foi concluído.

E por isso foi feito uma campanha pra que fosse abandonado.

No começo dos anos 90 a favela passou pela primeira fase de suas obras de urbanização.

Foram retiradas várias fileiras de palafitas sobre o Rio Belém e outros córregos menores.

Na mesma época, a prefeitura e imprensa atenderam ao anseio popular.

E  adotaram a denominação ‘Vila das Torres’ pra ‘comunidade‘, deixando de lado o antigo ‘Vila Pinto‘.

Detalhe: no Recife não há essa questão, pelo visto. Lá há uma linha de ônibus chamada ‘Sítio dos Pintos‘.

O mesmo viaduto por outro ângulo. Se de um dos lados (que fica mais perto do Cristo Rei) o vão está bem aproveitado, o mesmo não se pode dizer desse oposto, o vizinho ao estádio – confira a próx. imagem.

A capital pernambucana tem como traço indelével adotar como oficiais os nomes populares das vilas.

Como sabem, as favelas e vilas da periferia muitas vezes têm nomes curiosos, irônicos ou muito explícitos.

Isso é assim no mundo todo, Curitiba não é exceção.

Invadido, o local é um abrigo de sem-tetos.

A diferença é que aqui a sociedade ‘estabelecida’ rejeita a ‘sabedoria popular’.

Na capital paranaense, jamais um nome dado pelo povão a uma vila seria consagrado pela prefeitura denominando uma linha de ônibus ou um posto de saúde, por exemplo.

Na capital pernambucana ocorre o oposto. No município do Recife mesmo e em seus subúrbios metropolitanos temos diversos exemplos.

Final do trecho mais conhecido da Avenida 7 de Setembro, no começo do Cristo Rei.

Por exemplo, há tanto um posto de saúde como uma linha de busão chamados ‘Maria Farinha’.

Pode isso? Em Curitiba não poderia, no Grande Recife pode sim!

Só estou me aquecendo. Há um outro posto de saúde recifense que chama, prepare-se, …. Planeta dos Macacos!!!!

Aqui e a esq.: em 2014 o viaduto visto acima foi pichado por torcedor do Nacional de Medelím, time da Colômbia. Em 2020 flagrei outra pichação de torcidas colombianas no Brasil, dessa vez em Salvador-BA.

E não apenas 1, mas sim 2. Tá bom pra ti ou quer mais?

Bom, já fiz uma matéria sobre o transporte coletivo recifense.

Onde documento com fotos vários desses nomes curiosos.

Também já publiquei uma série de matérias sobre a capital pernambucana, batizada de “a Cidade Sangue-Quente”.

‘Ferney’, o autor, mora na capital Bogotá, como indicou na sua ‘arte’. A outra imagem é o troféu da Libertadores, que o Nacional havia conquistado em 1989 – voltaria a ganhá-lo em 2016, depois que ele fez essas pichações.

Aqui, pra gente não perder o foco, lembremos que tocamos nesse ponto porque Curitiba tinha uma favela chamada ‘Vila Pinto‘.

Esse nome incomodava seus habitantes, que por isso fizeram campanha pra alterá-lo.

Surgiu assim o termo ‘Vila das Torres‘. E assim ela é chamada até hoje nesses meios oficiais.

Entretanto, boa parte dos moradores senão a maioria utiliza o termo ‘Vila Capanema’.

Próximas 4: Jardim Ambiental, parque na divisa dos bairros Cristo Rei e Alto da 15. Como vemos na placa, o Jd. Ambiental é a continuação da Av. 7 de Setembro. Aqui estou de frente pra quadra principal, mostrada na imagem seguinte, e bem pertino mas de costas pra quadra secundária, vista logo a seguir.

Certamente é o caso, e de forma muito forte, entre os mais jovens.

O posto de saúde que atende a vila também manteve o nome ‘Capanema‘.

Preservando assim o legado original do bairro que agora se chama “Jardim Botânico”.

Embora a Vila Capanema, ou se quiser a ‘Vila das Torres’, esteja 1/3 no Jardim Botânico e 2/3 no Prado Velho.

Na divisa entre o Centro, Jardim Botânico e Cristo Rei, temos também o conhecido ‘Viaduto do Capanema‘.

Aqui e dir. vemos que em ambas as canchas pais brincavam com seus filhos, treinando-os como goleiros. Eram as únicas pessoas jogando bola, e estava um belo sábado de sol, antes da epidemia de corona-vírus – esses fotos foram feitas no começo de fevereiro, as ‘quarentenas’ só se inciciariam um mês e pouco depois, do meio de março pra frente. Eu passei minha adolescência jogando bola, exatamente nesse local. Na época haviam mais jovens que hoje (as taxas de natalidade caíram muito, mundo afora) e os celulares não haviam se universalizado. Mesmo nos dias de semana sempre tinha gente praticando futebol. Nos sábados então éramos dezenas de rapazes correndo atrás da pelota, adolescentes e adultos. Formavam-se facilmente 4 e as vezes 5 times, ou seja, quem perdesse tinha que esperar até 3 partidas pra jogar de novo. Hoje é bem diferente. Sábado de sol, antes da epidemia repito. Quadras vazias exceto por alguns pais que divertem seus rebentos. A Vida muda….

O bairro acabou mudando de nome, mas aqui da mesma forma manteve-se a homenagem ao que era antes.

Não para por aí. O tubo em frente a rodoviária se chama . . . ‘Rodo-Ferroviária‘, e como mais poderia ser?

Vindo do Centro, cruzamos o dito viaduto, assim o tubo a seguir foi batizado igual, ‘Viaduto do Capanema‘.

E em frente ao Jardim Botânico um prédio se chama ‘Barão de Capanema‘.

Portanto temos preservando o nome original Capanema’:

A ‘comunidade’, estádio, posto de saúde, viaduto, tubo de ônibus e um conjunto residencial. Justo, concordam?

………..

SERIA, MAS NÃO FOI:

EM FRENTE A RODOVIÁRIA, AQUELE QUE QUASE FOI O PRÉDIO MAIS ALTO DO PARANÁ – FICOU NO “QUASE”…

Aparece também um Fusca moderno.

No Cristo Rei, logo ao lado do Viaduto do Capanema e praticamente em frente a Rodo-Ferroviária, há um prédio bem grande, de 38 andares

Hoje ele abriga um hotel. Porém no passado ficou décadas abandonado.

E esteve inclusive invadido nos anos 90 (quando fui morar ali essa era a realidade).

Atrás do Ambiental há o conjunto conhecido como ‘4 Prédios‘, que já fica no Alto da 15.

Começou a ser construído nos 80, e se tivesse ficado pronto nessa época seria o mais alto não apenas de Curitiba como de todo Paraná.

Na ocasião, o edifício mais imponente do estado era o Acácia, no Centro de Curitiba:

Inaugurado em 1979, tem 34 andares distribuídos em 119 metros.

Portanto o prédio em frente a Rodo-Ferroviária, com 4 andares a mais, o teria superado.

A partir desse trecho (na divisa do Alto da 15 com o Cristo Rei) a famosa Avenida Visconde de Guarapuava se torna uma calma rua de bairro, com várias quadras sem saída, exatamente como a 7 de Setembro, sua paralela.

No entanto, não foi assim que aconteceu. A obra parou.

O prédio ficou apenas no esqueleto de tijolos, sem acabamento (vidros, pintura, etc).

Permaneceu ali, como um ‘elefante branco’, estacado, sem uso.

Chamando a atenção negativamente de quem chegava a capital de ônibus. 

Mais ou menos perto da virada pros anos 90 o local foi invadido.

Do outro lado do Alto da 15, quase na Praça das Nações, a 1ª quadra da Visconde de Guarapuava: uma via local, de pista simples, interrompida com frequência.

Os 10 andares inferiores, quem sabe um pouco mais, se tornaram o que se chamava na época a ‘favela vertical‘.

Os invasores ‘completaram’ a obra com pedaços de madeirite e gatos de energia elétrica.

Dando ao local aquele aspecto característico das construções improvisadas.

Era impressionante especialmente a noite, os primeiros andares iluminados (clandestinamente), os pavimentos superiores vazios.

E assim a situação ficou muitos anos, uma ‘favela vertical’ praticamente no Centro de Curitiba.

Prédio bem em frente ao parque Jardim Botânico – quando ele foi construído, o bairro se chamava ainda ‘Capanema‘, nome que o conjunto preservou.

Chegando a virada do milênio os invasores foram retirados e as obras retomadas.

O prédio havia ficado tanto tempo vago ou mesmo invadido que muita gente não acreditou que seria concluído.

No entanto, aconteceu. A reforma foi finalizada e o hotel passou a funcionar no local, a partir de (aprox.) 2015.

Só que, claro, aí ele não é mais o edifício mais alto do Paraná, e nem mesmo da capital.

Próximas 4: parque chamado Jardim Botânico, que renomeou o bairro como todos sabem; os prédios ao fundo estão no Cristo Rei.

Praticamente 3 décadas que se passaram de quando ele começou a ser construído mas ficou parado até a inauguração, contando os períodos vagos e mesmo a ocupação irregular.

Em 1991, em Maringá no Noroeste do estado, surgiu a primeira construção do Paraná com mais de 40 andares. São 42.

A capital só teve um prédio com 40 andares em 2004, já no novo milênio.

E ainda assim são exatamente 40, o maringaense ainda o supera em 2 andares.

Idem: estou no Botânico; os edifícios se localizam em território do C. Rei, por ficarem do outro lado da Av. Affonso Camargo.

Somente em 2014 Curitiba também ganhou um prédio com mais de 40 andares.

44 pra ser mais exato, que é o maior do estado atualmente.

Então quando o edifício em frente a Rodo-Ferroviária ficou pronto, seus 38 andares ainda o fazem ser bastante elevado.

Porém não o mais elevado do estado. Não deu mais tempo.

Aqui e a esq., dentro da estufa do Jd. Botânico (já retratada mais pro alto na matéria) há um riachinho – creio que artificial. Ele forma uma cachoeira, muito apreciada pelos turistas pra fotos.

Teria sido o prédio mais alto do Paraná, se tivesse ficado pronto quando começou a ser feito, nos anos 80.

Não aconteceu assim. A obra parou, depois enfim foi concluída.

Só que aí outros prédios mais altos já estavam feitos, incluso 2 com mais de 40 andares.

Assim, esse seria…mas não foi. Seja como for, pelo menos foi terminado.

Se não é o mais alto do estado e nem da cidade, ainda é um dos mais altos.

Apenas 3 edifícios paranaenses atingem ou superam os 40 andares:

2 aqui em Curitiba e 1 em Maringá, como acabo de dizer e é notório.

Com 38 andares, esse hotel em frente a Rodoviária é o 4º do estado e 3º da cidade em número de andares. Ainda um feito notável.

Na sequência das próximas 4 tomadas, vamos ver o Cristo Rei por dentro. Aqui a Sociedade Nipo-Brasileira, conhecida informalmente como ‘Casa do Estudante Japonês‘, pois abriga universitários de ascendência nipônica.

(Não sei a metragem dele, consultei na internet mas não achei esse dado.)

………

Alias, sob o Viaduto do Capanema, bem em frente ao hotel, funciona o Restaurante Popular da prefeitura.

Outro local que esteve bastante degradado e foi recuperado.

Veja o que diz o sítio da prefeitura sobre seu funcionamento:

”    Capacidade de atendimento de 4.700 refeições/dia, no almoço;

Acompanhamento permanente de Nutricionista;

Fica na Rua Atílio Bório, onde eu morei por 9 anos. Notam como o C. Rei é um bairro bastante verticalizado.

Cardápio balanceado: arroz, feijão, um tipo de carne, acompanhamento, salada e sobremesa;

Preço cobrado: R$ 3,00 (acessado em outubro de 2020).    “

Todas as ferrovias de Curitiba passam pelo Cristo Rei, pela proximidade com a Rodo-Ferroviária. Essa é a que depois corta a Zona Norte – divide o Cabral da Boa Vista seguindo daí pela Barreirinha até Almirante Tamandaré e Rio Branco do Sul.

3 Reais por um almoço. Verdade? Sim, é a pura verdade.

Bem mais barato que uma passagem de ônibus, que no momento que escrevo é R$ 4,50 em Curitiba.

Creio que está excelente, não? Trata-se um programa social da prefeitura.

Que visa atender a população de rua e trabalhadores informais, que não têm direito a vale-refeição porque não têm direitos trabalhistas.

Linha Cabral/Portão. Belo Neobus.

Esse restaurante popular havia sido inaugurado no começo dos anos 90.

Cheguei a almoçar ali quando morei no Cristo Rei. Na época custava 1 Real.

A comida é boa, o custo-benefício é excelente considerando-se o valor pago.

Pois bem. Depois esse restaurante foi fechado por administrações posteriores.

E o local também estava abandonado e servido de ‘mocó’.

Outro Neobus, e esse bi-articulado, passa em frente a Delegacia de Furtos e Roubos. Com essa cena, voltamos a retratar a Avenida Affonso Camargo, as próximas 11 imagens foram feitas nela.

Agora foi reinaugurado e está servindo a população novamente.

Vemos que a região do Viaduto do Capanema está renascendo.

Dois espaços que estiveram abandonados agora funcionam a todo vapor.

CIDADE OCULTA?

O COMEÇO QUASE DESCONHECIDO DAS AVENIDAS 7 DE SETEMBRO E VISCONDE DE GUARAPUAVA –

Essas são duas das avenidas mais conhecidas de Curitiba, cortando a Zona Central de leste a oeste.

Ainda outro Neobus: essa safra de 2011, que ganhou o apelido de ‘Maior Ônibus do Mundo‘, foi bem popular entre as viações da cidade. Repare a direita um prédio comercial todo espelhado (visto em escala ampliada na próx. imagem – destaquei mais uma vez a bandeira nacional) e a linha do trem.

A Sete de Setembro divide o Centro do Rebouças, e a seguir a Água Verde do Batel – também divide a Água Verde do Centro, mas por uma quadra somente.

Além disso, é a canaleta (termo curitibano pra ‘corredor de ônibus’) do Expresso.

Ali está o ponto final do Ligeirão Norte Santa Cândida/Pça. do Japão.

Como se sabe, Curitiba adotou o chamado ‘sistema trinário’ de planejamento do trânsito.

Na via do Expresso os busões têm sua pista exclusiva, segregada dos carros.

Os veículos de passeio seguem ao lado pela chamada ‘pista lenta’, de uma faixa apenas, que atende o tráfego local.

As duas vias paralelas a avenida do expresso formam um binário.

Lixo em alguns trechos da linha férrea. Triste…

São largas, e cada uma vai em sentido único, em direções opostas. É a ‘via rápida’.

No caso da Sete de Setembro, o binário de vias rápidas é formado pela Silva Jardim e Visconde de Guarapuava.

A primeira vai do oeste (Seminário) pro leste (Rebouças e Jd. Botânico).

A segunda, a própria Visconde que falamos aqui, corre portanto no sentido contrário, do Alto da XV/Cristo Rei pro Seminário.

Rua Zélia Moura dos Santos: a marginal dos trilhos do trem no Cristo Rei. Mais pra frente, ainda na Zona Leste (Alto da XV e Hugo Lange) e por toda Zona Norte (Cabral, Boa Vista, Barreirinha e Cachoeira), a rua que ladeia a ferrovia é a Flávio Dallegrave. Mas no Cristo Rei a marginal tem nome diferente.

Atravessa o Centro e o Batel. Tem 4 faixas (2×2 separadas por uma ilha) em mão única.

Tanto a Visconde quanto a Sete de Setembro possuem inúmeros prédios altos.

Sendo que na região do Batel (e Água Verde no caso da última) vários deles de alto padrão.

Portanto, vou agora repetir aqui o que todos sabem bem:

As Avenidas Visconde de Guarapuava e 7 de Setembro são duas das principais avenidas de Curitiba.

Convento S. José, perto do Hosp. Cajuru.

Cortam a Zona Central, inclusive o Centro e o bairro de maior renda da cidade, o Batel.

Uma é a canaleta do expresso, e outra a ‘via rápida’ no binário que margeia a primeira.

Ambas são largas, contam com 4 faixas de rolamento.

Do lado do Cristo Rei da Affonso Camargo são permitidos prédios altos, e por isso eles existem em abundância (no detalhe um Fusca que cliquei ali, esse um ‘Fuca’ clássico)…

(No caso da Visconde mão única pra carros, a Sete tem 2 em cada sentido e somente 2 pros carros, as outras são do ônibus.)

Pois bem. O que muita gente não sabe é que esse é apenas o trecho mais conhecido de ambas.

Tanto a Visconde quanto a Sete têm, digamos, um ‘lado B’:

Uma parte pouco conhecida, que muitos alias nem imaginam que existe.

Essas avenidas nascem, têm seu marco zero, perto da Praça das Nações.

no entanto, por uma questão de zoneamento, na margem oposta que fica no Jd. Botânico, eles só podem ser construídos com poucos andares (destaquei mais uma bandeira brasileira na janela de um dos apartamentos).

Que é a divisa quádrupla do Alto da XV, Cristo Rei, Tarumã e Jd. Social, relembrando.

Portanto a 7 de Setembro e a Visconde de Guarapuava cortam todo o bairro do Alto da XV.

E nesse trecho ambas são apenas ruas secundárias de bairro.

Comportam somente tráfego lento em 2 faixas cuja velocidade máxima é 40 km/h.

Tomada nas imediações da anterior. O Jardim Botânico abriga garagens de ônibus de viagem, pela proximidade com a Rodoviária (destaquei a cúpula do parque, que está visível).

Não têm prédios altos (com exceção do conjunto conhecido como ‘4 Prédios’, cujo acesso dos fundos é na Visconde de Guarapuava).

Nem contam com grande quantia de comércios, é outro perfil.

Se tudo fosse pouco, elas são interrompidas com frequência nesse trecho, têm várias quadras sem saída.

Voltando a câmera de novo pro Cristo Rei: ainda outro articulado Neobus, e vindo em sentido contrário um Busscar 2-andares na famosa Linha Turismo.

Resumindo tudo: são duas pequenas vias locais mesmo.

O que faz com que seus moradores tenham até dificuldade em informar seus endereços.

Pouquíssima gente conhece esses trechos ‘obscuros’ das duas avenidas,

Assim quem mora ali tem dificuldade de explicar como chegar.

Quando se fala em ‘7 de Setembro’ ou ‘Visconde de Guarapuava’, o que vem a mente das pessoas são os trechos movimentados entre Alto da 15, Centro, Batel e Seminário.

O Cristo Rei também tem prédios mais baixos, sem elevador: esse conjunto é conhecido como ‘600‘ (no destaque o que os pichadores fizeram na carroceria do caminhão). Aqui fechamos a sequência na Af. Camargo.

É preciso então dechavar com muito cuidado, detalhadamente:

“Olha, depois – ou antes, depende o sentido – das trincheiras na Ubaldino do Amaral, a avenida (ambas elas) continuam, olhe no mapa”.

É difícil até descrever pra um entregar de pizza, por exemplo.

Digo, hoje tudo é geo-localizado pelo GPS. As coisas evoluem.

Esquina mais famosa do bairro.

Então basta dizer o endereço que o computador faz o ‘serviço pesado’ e já indica onde é.

No entanto, recentemente antes da revolução digital, era diferente.

Quando alguém falasse um número baixo de uma dessas vias isso demandava um razoável trabalho manual.

A parte mais verticalizada do Cristo Rei, onde passam as linhas integradas de ônibus (Expressos bi-articulados e o Alimentador Cabral/Portão, todos já registrados acima) é a Av. Pres. Affonso Camargo, evidente. Mas a outra porção do bairro, sua parte interna, também está se verticalizando muito de uma década pra cá (escrevo em 2020). Na Av. Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco – continuação da Av. N. Sra. da Luz, que passa pelo vizinho Jd. Social – está a sede da Cohapar, a ‘Cohab’ do governo estadual.

O entregador tinha que abrir um mapa de papel e localizar no olho.

Curitiba tem alguns bairros, em suas extremidades Oeste e Norte, que são praticamente desconhecidos da população em geral:

Exemplos são Taboão, São João, Lamenha Pequena, São Miguel, Riviera, Santo Inácio.

No geral só quem mora ali neles é que conhece esses nomes.

Por esse motivo foram apelidados de ‘Cidade Oculta‘.

(Na verdade esse é o nome de uma favela na Zona Oeste de Buenos Aires-Argentina.)

Pois bem. Voltando a Curitiba, o ‘lado B’, a porção pouco conhecida das de outra forma famosíssimas avenidas são uma espécie de ‘Cidade Oculta’ em plena Zona Central e imediações.

Busão Cajuru na Mal. Castelo Branco. Apesar do nome, não passa no bairro de mesmo nome, após o C. Rei tem seu ponto final no Capão da Imbuia. Mas um dia passou. O ônibus não mudou o trajeto: o Capão da Imbuia se separou do Cajuru em 1974. Hoje a linha é feita por ‘micrão‘.

………

Vamos seguindo, por exemplo, pela Avenida 7 de Setembro, desde o antigo Cefet (agora UTFPR) em direção a Rodoviária.

É a avenida do Expresso como sabem. Um pouco antes da Rodo-Ferroviária começa a Avenida Presidente Affonso Camargo.

Aí a 7 de Setembro passa atrás do Mercado Municipal.

Não tem mais canaleta de ônibus, mas continua uma avenida movimentada.

Antes chegou a ser operada por micrinho.

A seguir há a trincheira (um pequeno viaduto invertido) sob a Rua Ubaldino do Amaral.

Aquela que em 2014 foi pichada por um torcedor do Nacional de Medelím/Colômbia, como já mostrei nas fotos. 

Ali o tráfego se divide: ainda sob a trincheira, uma parte dos carros pega a direita, pra rumar ao Cristo Rei.

Próximas 2: imediações da Praça das Nações. Aqui o tradicional caldo-de-cana, que marca presença ‘desde 1972’.

A maior parte permanece reto pra na sequência entrar na Rua José de Alencar.

E dessa forma seguir pro Hugo Lange, Alto da 15, Juvevê e Cabral.

Só que uma quadra são obrigados a virar a esquerda, porque a avenida termina.

Termina pros carros. Logo após essa bifurcação começa um grande parque linear, composto de várias praças e canchas de esporte.

Panorâmica: os poucos prédios elevados do Alto da 15; ao fundo os muitos do Centro.

Aqui e na esq., pichações. Essa é na mesma Pç. das Nações. Pra quem não entende o ‘alfabeto’, está escrito “Solidão“.

É o famoso ‘Jardim Ambiental’. Digo, existem 2 na cidade, próximos um do outro:

O ‘Jardim Ambiental 1’ é maior, e está na Rua Schiller, no bairro Hugo Lange, não muito longe do Alto da 15.

Esse aqui é o ‘Jardim Ambiental 2’, na divisa dos bairros Cristo Rei e Alto da 15.

Como dito e é notório, são várias quadras de canchas esportivas e áreas verdes.

Um espaço de lazer bastante apreciado pela população.

Obviamente o tráfego motorizado não passa. O espaço é destinado aos pedestres.  

Só que a Avenida 7 de Setembro não acabou. Acabou somente pros carros.

Pixot‘ (trocadilho entre a palavra ‘Pixote’, que significa ‘menor de rua’, com ‘pixo’, gíria pra ‘pichação’) “decorou” o muro bem em frente ao Jardim Botânico.

O que quero dizer com isso é o seguinte: o Jardim Ambiental 2 é a Avenida 7 de Setembro.

Sem trânsito. Mas o nome é o mesmo, e a numeração permanece contando.

E quando acaba o ‘Ambiental’, a 7 de Setembro continua.

Aí sim, aberta ao tráfego novamente. Mas com volume bem menor.

FESTA NO CRISTO REI” – desenho que originou a postagem: sacada de apê no bairro, a caráter de Super-Homem. Ao fundo o Moinho Anaconda e o Viaduto do Capanema (publicado em 6 de abril de 2016).

Porém, como dito acima, agora é uma via local, de bairro. Além dessa interrupção do parque mais a frente é interrompida novamente várias vezes.

Pois agora ela não é mais uma artéria principal da cidade, se tornou uma rua pequena, que só é usada por quem mora nela.

E portanto pode ter várias trechos sem saída sem que isso cause perturbação alguma no sistema viário da cidade. 

Sua paralela, a Visconde, compartilha desse mesmo destino aqui no trecho do Alto da XV.

“Deus proverá”

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