Por Maurílio Mendes, O Mensageiro
Publicado em 6 de abril de 2016, originalmente com alguns desenhos
Reformulado em outubro de 2020 pra se tornar uma matéria completa com dezenas de fotos
Maioria das imagens de minha autoria. As que forem baixadas da internet identifico com um ‘(r)’ de ‘rede’, como visto a direita
A cúpula do Jardim Botânico certamente é a imagem mais conhecida de Curitiba.
Se tivéssemos que escolher o cartão-postal mais representativo da cidade, teria que ser esse.
Vamos agora falar sobre e ilustrar sobre essa parte da cidade, onde a Zona Central se encontra com a Zona Leste.
O parque do Jardim Botânico está no bairro o qual nomeia, porém na divisa com o Cristo Rei.
Na foto acima da manchete (puxada da internet), por ex., os prédios ao fundo ficam no Cristo Rei.
As construtoras anunciam como sendo “no Jd. Botânico” apenas como uma estratégia de vendas, sem compromisso com a realidade.
Retrataremos nessa mensagem além desses dois um pouco também do Alto da XV, que é vizinho.
Uma porção de Curitiba que conheço muito bem, pois morei ali por 9 anos.
Na imagem acima a direita vemos o Moinho Anaconda e o Viaduto do Capanema.
O moinho igualmente fica no bairro Jardim Botânico. Na Av. Afonso Camargo, que divide esse bairro do Cristo Rei.
A 2ª foto da matéria (ainda me refiro a panorâmica com os prédios ao fundo, após a da igreja) foi tirada do Jardim Botânico.
Mostrando o também Cristo Rei como acabo de dizer. Nela vemos 3 bairros:
O moinho em 1º plano no Jd. Botânico, os prédios do meio da imagem no Cristo Rei e os em 3º plano já no Centro.
No Viaduto do Capanema e imediações, 4 bairros se encontram.
Os 3 citados acima (Jd. Botânico, Centro e Cristo Rei) que ali têm sua divisa.
Temos também o Alto da Rua XV que começa 1 quadra acima.
Não muito distante, do outro lado da Rodo-Ferroviária, fica o Rebouças.
No entanto, do Rebouças e Centro nos ocuparemos em outras oportunidades.
Nessa matéria que estão lendo nosso foco será, digo novamente, a divisa entre as Zonas Central e Leste da cidade.
Me refiro, claro, ao Cristo Rei e seus dois vizinhos com quem é mais intimamente ligado:
Claro que só posso estar falando do Jardim Botânico de um lado e o Alto da XV (ou ‘Alto da 15’ se preferir numerais arábicos) de outro.
O Cristo Rei é com sobras o maior dos três, tinha 13 mil habitantes no Censo de 2010.
Enquanto que no Jardim Botânico o número era de 6 mil, e o Alto da XV 8 mil.
Sim, eu sei. Já estamos em 2020 (quando atualizo a matéria).
Assim é sabido que esses números podem estar desatualizados.
Quando saírem os resultados do Censo de 20 veremos em quais deles a população cresceu e quanto.
Por hora, cito esse dado porque o Censo é a única contagem que vai de casa em casa, projeções as vezes erram feio.
Seja como for, obviamente o Cristo Rei tem a população muito maior que seus 2 vizinhos mais próximos.
Na verdade fnem precisa fazer a conta pra ver que moram ali quase a mesma quantia de pessoas que o Jd. Botânico e Alto da XV somados.
E a causa é simples de entender: o C. Rei é muito mais verticalizado que os outros 2 bairros. Muito mais mesmo.
No Alto da XV e Jd. Botânico quase não há prédios altos, com elevador.
Enquanto que o Cristo Rei tem dezenas desses edifícios imponentes, nas margens do Eixo Leste do Expresso.
POR QUÊ O HOSPITAL CAJURU NÃO FICA NO CAJURU?
Pouco após a Rodoviária e antes do parque Jd. Botânico (pra quem vai do Centro) temos na Av. Afonso Camargo o Hospital Cajuru, um dos maiores de Curitiba.
O Cajuru é o terceiro bairro mais populoso de Curitiba, o mais populoso da Zona Leste: tem perto de 100 mil habitantes (96 mil no Censo/10).
No entanto, o Hospital Cajuru não fica nem remotamente perto do bairro Cajuru; apesar do nome fica mesmo no Cristo Rei.
Acontece que no passado era diferente. Uma boa parte da Zona Leste de Curitiba pertencia ao Cajuru.
Na verdade, a porção oriental da cidade ainda era composta em grande parte por chácaras até perto da 2ª Guerra Mundial.
De forma que quase toda a Z/L era formada por apenas 2 enormes bairros:
Cajuru em sua seção meridional e Tarumã na setentrional.
O Cajuru englobava, além do atual Cajuru obviamente, também o Cristo Rei, Jardim Botânico, Capão da Imbuia e quem sabe outros bairros.
Já o Tarumã encampava, fora o próprio Tarumã, o Bairro Alto (que fica na Zona Leste mesmo, e não Norte como muitos pensam) e Jardim Social.
Sua influência, se podemos dizer assim, era sentida até nos bairros que atualmente são parte do vizinho município de Pinhais.
Ou seja, o Hospital Cajuru e a Rodo-Ferroviária estão bem longe do bairro Cajuru.
Entretanto no passado, ali era Cajuru. O hospital preservou essa herança.
Como a legenda já informou, vejamos acima duas tomadas da Av. Presidente Afonso Camargo que cliquei de dentro da Linha Turismo, em 2016.
DA “VILA CAPANEMA” AO “JARDIM BOTÂNICO”:
O BAIRRO ADOTOU O NOME DO PARQUE, O ESTÁDIO E A ANTIGA FAVELA MANTIVERAM A TERMO ORIGINAL –
Alias até 1992 o bairro Jardim Botânico se chamava Capanema (popularmente “Vila Capanema”), como o estádio e antiga favela (agora urbanizada).
Nesse ano um plebiscito mudou o nome pra homenagear o parque recém-inaugurado.
Atrás da Rodo-Ferroviária está o estádio do Paraná Clube, a Vila Capanema.
E logo a seguir começa a “comunidade” chamada, igualmente, de Vila Capanema. Como já escrevi antes:
“ A capital paranaense tem duas grandes antigas favelas perto do Centro, Vila Capanema e Vila Parolin.
Agora foram urbanizadas, mas alguns problemas permanecem.
A questão da violência certamente é uma delas. É o Brasil, amigos. ”
Do Parolin tratamos outro dia, com mais detalhes e várias fotos.
Aqui, foquemos no Capanema. A vila (alguns preferem o termo ‘comunidade’) se espraia por 2 bairros de Curitiba, o Jd. Botânico e Prado Velho.
Ela tem o antigo nome do bairro Jardim Botânico, como acabo de dizer e todos sabem.
No entanto, a maior parte da ‘comunidade’ Vila Capanema está no bairro Prado Velho.
A prefeitura e a imprensa tradicional usam o termo ‘Vila das Torres‘ pra se referir ao local.
Por conta evidente que ela está a margem da ‘Avenida das Torres‘.
Avenida cujo nome oficial no município de Curitiba é Av. Comendador Franco.
E hoje não há mais torres de alta tensão ali, foram retiradas nas reformas pra Copa do Mundo de 14,
Pois essa via é que liga o Aeroporto ao Centro, assim queriam dar uma primeira (e última) impressão melhor aos turistas.
No entanto, por décadas a Avenida Comendador Franco ostentou em seu canteiro central uma linha de transmissão de alta voltagem.
Com suas estruturas de metal características. Daí o apelido dela, ‘Avenida das Torres’.
E nos anos 50 ou começo dos 60 se formou ali uma das primeiras favelas de Curitiba.
Quando o bairro ainda se chamava oficialmente Capanema, a favela era conhecida por muitos como ‘Vila Pinto‘.
Esse termo incomodava os moradores, especialmente as mulheres, por motivos óbvios.
Há duas versões pro surgimento do polêmico nome ‘Vila Pinto’.
Uma diz que esse era o sobrenome do dono da área invadida.
Enquanto a outra versão alega que era porque os moradores criavam galinhas no local pra reforçar a alimentação e quem sabe o orçamento.
Seja como for, o nome ‘Vila Pinto’ era vexatório, e em especial a metade feminina de seus moradores.
E por isso foi feito uma campanha pra que fosse abandonado.
No começo dos anos 90 a favela passou pela primeira fase de suas obras de urbanização.
Foram retiradas várias fileiras de palafitas sobre o Rio Belém e outros córregos menores.
Na mesma época, a prefeitura e imprensa atenderam ao anseio popular.
E adotaram a denominação ‘Vila das Torres’ pra ‘comunidade‘, deixando de lado o antigo ‘Vila Pinto‘.
Detalhe: no Recife não há essa questão, pelo visto. Lá há uma linha de ônibus chamada ‘Sítio dos Pintos‘.
A capital pernambucana tem como traço indelével adotar como oficiais os nomes populares das vilas.
Como sabem, as favelas e vilas da periferia muitas vezes têm nomes curiosos, irônicos ou muito explícitos.
Isso é assim no mundo todo, Curitiba não é exceção.
A diferença é que aqui a sociedade ‘estabelecida’ rejeita a ‘sabedoria popular’.
Na capital paranaense, jamais um nome dado pelo povão a uma vila seria consagrado pela prefeitura denominando uma linha de ônibus ou um posto de saúde, por exemplo.
Na capital pernambucana ocorre o oposto. No município do Recife mesmo e em seus subúrbios metropolitanos temos diversos exemplos.
Por exemplo, há tanto um posto de saúde como uma linha de busão chamados ‘Maria Farinha’.
Pode isso? Em Curitiba não poderia, no Grande Recife pode sim!
Só estou me aquecendo. Há um outro posto de saúde recifense que chama, prepare-se, …. Planeta dos Macacos!!!!
E não apenas 1, mas sim 2. Tá bom pra ti ou quer mais?
Bom, já fiz uma matéria sobre o transporte coletivo recifense.
Onde documento com fotos vários desses nomes curiosos.
Também já publiquei uma série de matérias sobre a capital pernambucana, batizada de “a Cidade Sangue-Quente”.
Aqui, pra gente não perder o foco, lembremos que tocamos nesse ponto porque Curitiba tinha uma favela chamada ‘Vila Pinto‘.
Esse nome incomodava seus habitantes, que por isso fizeram campanha pra alterá-lo.
Surgiu assim o termo ‘Vila das Torres‘. E assim ela é chamada até hoje nesses meios oficiais.
Entretanto, boa parte dos moradores senão a maioria utiliza o termo ‘Vila Capanema’.
Certamente é o caso, e de forma muito forte, entre os mais jovens.
O posto de saúde que atende a vila também manteve o nome ‘Capanema‘.
Preservando assim o legado original do bairro que agora se chama “Jardim Botânico”.
Embora a Vila Capanema, ou se quiser a ‘Vila das Torres’, esteja 1/3 no Jardim Botânico e 2/3 no Prado Velho.
Na divisa entre o Centro, Jardim Botânico e Cristo Rei, temos também o conhecido ‘Viaduto do Capanema‘.
O bairro acabou mudando de nome, mas aqui da mesma forma manteve-se a homenagem ao que era antes.
Não para por aí. O tubo em frente a rodoviária se chama . . . ‘Rodo-Ferroviária‘, e como mais poderia ser?
Vindo do Centro, cruzamos o dito viaduto, assim o tubo a seguir foi batizado igual, ‘Viaduto do Capanema‘.
E em frente ao Jardim Botânico um prédio se chama ‘Barão de Capanema‘.
Portanto temos preservando o nome original Capanema’:
A ‘comunidade’, estádio, posto de saúde, viaduto, tubo de ônibus e um conjunto residencial. Justo, concordam?
………..
SERIA, MAS NÃO FOI:
EM FRENTE A RODOVIÁRIA, AQUELE QUE QUASE FOI O PRÉDIO MAIS ALTO DO PARANÁ – FICOU NO “QUASE”…
No Cristo Rei, logo ao lado do Viaduto do Capanema e praticamente em frente a Rodo-Ferroviária, há um prédio bem grande, de 38 andares.
Hoje ele abriga um hotel. Porém no passado ficou décadas abandonado.
E esteve inclusive invadido nos anos 90 (quando fui morar ali essa era a realidade).
Começou a ser construído nos 80, e se tivesse ficado pronto nessa época seria o mais alto não apenas de Curitiba como de todo Paraná.
Na ocasião, o edifício mais imponente do estado era o Acácia, no Centro de Curitiba:
Inaugurado em 1979, tem 34 andares distribuídos em 119 metros.
Portanto o prédio em frente a Rodo-Ferroviária, com 4 andares a mais, o teria superado.
No entanto, não foi assim que aconteceu. A obra parou.
O prédio ficou apenas no esqueleto de tijolos, sem acabamento (vidros, pintura, etc).
Permaneceu ali, como um ‘elefante branco’, estacado, sem uso.
Chamando a atenção negativamente de quem chegava a capital de ônibus.
Mais ou menos perto da virada pros anos 90 o local foi invadido.
Os 10 andares inferiores, quem sabe um pouco mais, se tornaram o que se chamava na época a ‘favela vertical‘.
Os invasores ‘completaram’ a obra com pedaços de madeirite e gatos de energia elétrica.
Dando ao local aquele aspecto característico das construções improvisadas.
Era impressionante especialmente a noite, os primeiros andares iluminados (clandestinamente), os pavimentos superiores vazios.
E assim a situação ficou muitos anos, uma ‘favela vertical’ praticamente no Centro de Curitiba.
Chegando a virada do milênio os invasores foram retirados e as obras retomadas.
O prédio havia ficado tanto tempo vago ou mesmo invadido que muita gente não acreditou que seria concluído.
No entanto, aconteceu. A reforma foi finalizada e o hotel passou a funcionar no local, a partir de (aprox.) 2015.
Só que, claro, aí ele não é mais o edifício mais alto do Paraná, e nem mesmo da capital.
Praticamente 3 décadas que se passaram de quando ele começou a ser construído mas ficou parado até a inauguração, contando os períodos vagos e mesmo a ocupação irregular.
Em 1991, em Maringá no Noroeste do estado, surgiu a primeira construção do Paraná com mais de 40 andares. São 42.
A capital só teve um prédio com 40 andares em 2004, já no novo milênio.
E ainda assim são exatamente 40, o maringaense ainda o supera em 2 andares.
Somente em 2014 Curitiba também ganhou um prédio com mais de 40 andares.
44 pra ser mais exato, que é o maior do estado atualmente.
Então quando o edifício em frente a Rodo-Ferroviária ficou pronto, seus 38 andares ainda o fazem ser bastante elevado.
Porém não o mais elevado do estado. Não deu mais tempo.
Teria sido o prédio mais alto do Paraná, se tivesse ficado pronto quando começou a ser feito, nos anos 80.
Não aconteceu assim. A obra parou, depois enfim foi concluída.
Só que aí outros prédios mais altos já estavam feitos, incluso 2 com mais de 40 andares.
Assim, esse seria…mas não foi. Seja como for, pelo menos foi terminado.
Se não é o mais alto do estado e nem da cidade, ainda é um dos mais altos.
Apenas 3 edifícios paranaenses atingem ou superam os 40 andares:
2 aqui em Curitiba e 1 em Maringá, como acabo de dizer e é notório.
Com 38 andares, esse hotel em frente a Rodoviária é o 4º do estado e 3º da cidade em número de andares. Ainda um feito notável.
(Não sei a metragem dele, consultei na internet mas não achei esse dado.)
………
Alias, sob o Viaduto do Capanema, bem em frente ao hotel, funciona o Restaurante Popular da prefeitura.
Outro local que esteve bastante degradado e foi recuperado.
Veja o que diz o sítio da prefeitura sobre seu funcionamento:
” Capacidade de atendimento de 4.700 refeições/dia, no almoço;
Acompanhamento permanente de Nutricionista;
Cardápio balanceado: arroz, feijão, um tipo de carne, acompanhamento, salada e sobremesa;
Preço cobrado: R$ 3,00 (acessado em outubro de 2020). “
3 Reais por um almoço. Verdade? Sim, é a pura verdade.
Bem mais barato que uma passagem de ônibus, que no momento que escrevo é R$ 4,50 em Curitiba.
Creio que está excelente, não? Trata-se um programa social da prefeitura.
Que visa atender a população de rua e trabalhadores informais, que não têm direito a vale-refeição porque não têm direitos trabalhistas.
Esse restaurante popular havia sido inaugurado no começo dos anos 90.
Cheguei a almoçar ali quando morei no Cristo Rei. Na época custava 1 Real.
A comida é boa, o custo-benefício é excelente considerando-se o valor pago.
Pois bem. Depois esse restaurante foi fechado por administrações posteriores.
E o local também estava abandonado e servido de ‘mocó’.
Agora foi reinaugurado e está servindo a população novamente.
Vemos que a região do Viaduto do Capanema está renascendo.
Dois espaços que estiveram abandonados agora funcionam a todo vapor.
CIDADE OCULTA?
O COMEÇO QUASE DESCONHECIDO DAS AVENIDAS 7 DE SETEMBRO E VISCONDE DE GUARAPUAVA –
Essas são duas das avenidas mais conhecidas de Curitiba, cortando a Zona Central de leste a oeste.
A Sete de Setembro divide o Centro do Rebouças, e a seguir a Água Verde do Batel – também divide a Água Verde do Centro, mas por uma quadra somente.
Além disso, é a canaleta (termo curitibano pra ‘corredor de ônibus’) do Expresso.
Ali está o ponto final do Ligeirão Norte Santa Cândida/Pça. do Japão.
Como se sabe, Curitiba adotou o chamado ‘sistema trinário’ de planejamento do trânsito.
Na via do Expresso os busões têm sua pista exclusiva, segregada dos carros.
Os veículos de passeio seguem ao lado pela chamada ‘pista lenta’, de uma faixa apenas, que atende o tráfego local.
As duas vias paralelas a avenida do expresso formam um binário.
São largas, e cada uma vai em sentido único, em direções opostas. É a ‘via rápida’.
No caso da Sete de Setembro, o binário de vias rápidas é formado pela Silva Jardim e Visconde de Guarapuava.
A primeira vai do oeste (Seminário) pro leste (Rebouças e Jd. Botânico).
A segunda, a própria Visconde que falamos aqui, corre portanto no sentido contrário, do Alto da XV/Cristo Rei pro Seminário.
Atravessa o Centro e o Batel. Tem 4 faixas (2×2 separadas por uma ilha) em mão única.
Tanto a Visconde quanto a Sete de Setembro possuem inúmeros prédios altos.
Sendo que na região do Batel (e Água Verde no caso da última) vários deles de alto padrão.
Portanto, vou agora repetir aqui o que todos sabem bem:
As Avenidas Visconde de Guarapuava e 7 de Setembro são duas das principais avenidas de Curitiba.
Cortam a Zona Central, inclusive o Centro e o bairro de maior renda da cidade, o Batel.
Uma é a canaleta do expresso, e outra a ‘via rápida’ no binário que margeia a primeira.
Ambas são largas, contam com 4 faixas de rolamento.
(No caso da Visconde mão única pra carros, a Sete tem 2 em cada sentido e somente 2 pros carros, as outras são do ônibus.)
Pois bem. O que muita gente não sabe é que esse é apenas o trecho mais conhecido de ambas.
Tanto a Visconde quanto a Sete têm, digamos, um ‘lado B’:
Uma parte pouco conhecida, que muitos alias nem imaginam que existe.
Essas avenidas nascem, têm seu marco zero, perto da Praça das Nações.
Que é a divisa quádrupla do Alto da XV, Cristo Rei, Tarumã e Jd. Social, relembrando.
Portanto a 7 de Setembro e a Visconde de Guarapuava cortam todo o bairro do Alto da XV.
E nesse trecho ambas são apenas ruas secundárias de bairro.
Comportam somente tráfego lento em 2 faixas cuja velocidade máxima é 40 km/h.
Não têm prédios altos (com exceção do conjunto conhecido como ‘4 Prédios’, cujo acesso dos fundos é na Visconde de Guarapuava).
Nem contam com grande quantia de comércios, é outro perfil.
Se tudo fosse pouco, elas são interrompidas com frequência nesse trecho, têm várias quadras sem saída.
Resumindo tudo: são duas pequenas vias locais mesmo.
O que faz com que seus moradores tenham até dificuldade em informar seus endereços.
Pouquíssima gente conhece esses trechos ‘obscuros’ das duas avenidas,
Assim quem mora ali tem dificuldade de explicar como chegar.
Quando se fala em ‘7 de Setembro’ ou ‘Visconde de Guarapuava’, o que vem a mente das pessoas são os trechos movimentados entre Alto da 15, Centro, Batel e Seminário.
É preciso então dechavar com muito cuidado, detalhadamente:
“Olha, depois – ou antes, depende o sentido – das trincheiras na Ubaldino do Amaral, a avenida (ambas elas) continuam, olhe no mapa”.
É difícil até descrever pra um entregar de pizza, por exemplo.
Digo, hoje tudo é geo-localizado pelo GPS. As coisas evoluem.
Então basta dizer o endereço que o computador faz o ‘serviço pesado’ e já indica onde é.
No entanto, recentemente antes da revolução digital, era diferente.
Quando alguém falasse um número baixo de uma dessas vias isso demandava um razoável trabalho manual.
O entregador tinha que abrir um mapa de papel e localizar no olho.
Curitiba tem alguns bairros, em suas extremidades Oeste e Norte, que são praticamente desconhecidos da população em geral:
Exemplos são Taboão, São João, Lamenha Pequena, São Miguel, Riviera, Santo Inácio.
No geral só quem mora ali neles é que conhece esses nomes.
Por esse motivo foram apelidados de ‘Cidade Oculta‘.
(Na verdade esse é o nome de uma favela na Zona Oeste de Buenos Aires-Argentina.)
Pois bem. Voltando a Curitiba, o ‘lado B’, a porção pouco conhecida das de outra forma famosíssimas avenidas são uma espécie de ‘Cidade Oculta’ em plena Zona Central e imediações.
………
Vamos seguindo, por exemplo, pela Avenida 7 de Setembro, desde o antigo Cefet (agora UTFPR) em direção a Rodoviária.
É a avenida do Expresso como sabem. Um pouco antes da Rodo-Ferroviária começa a Avenida Presidente Affonso Camargo.
Aí a 7 de Setembro passa atrás do Mercado Municipal.
Não tem mais canaleta de ônibus, mas continua uma avenida movimentada.
A seguir há a trincheira (um pequeno viaduto invertido) sob a Rua Ubaldino do Amaral.
Aquela que em 2014 foi pichada por um torcedor do Nacional de Medelím/Colômbia, como já mostrei nas fotos.
Ali o tráfego se divide: ainda sob a trincheira, uma parte dos carros pega a direita, pra rumar ao Cristo Rei.
A maior parte permanece reto pra na sequência entrar na Rua José de Alencar.
E dessa forma seguir pro Hugo Lange, Alto da 15, Juvevê e Cabral.
Só que uma quadra são obrigados a virar a esquerda, porque a avenida termina.
Termina pros carros. Logo após essa bifurcação começa um grande parque linear, composto de várias praças e canchas de esporte.
É o famoso ‘Jardim Ambiental’. Digo, existem 2 na cidade, próximos um do outro:
O ‘Jardim Ambiental 1’ é maior, e está na Rua Schiller, no bairro Hugo Lange, não muito longe do Alto da 15.
Esse aqui é o ‘Jardim Ambiental 2’, na divisa dos bairros Cristo Rei e Alto da 15.
Como dito e é notório, são várias quadras de canchas esportivas e áreas verdes.
Um espaço de lazer bastante apreciado pela população.
Obviamente o tráfego motorizado não passa. O espaço é destinado aos pedestres.
Só que a Avenida 7 de Setembro não acabou. Acabou somente pros carros.
O que quero dizer com isso é o seguinte: o Jardim Ambiental 2 é a Avenida 7 de Setembro.
Sem trânsito. Mas o nome é o mesmo, e a numeração permanece contando.
E quando acaba o ‘Ambiental’, a 7 de Setembro continua.
Aí sim, aberta ao tráfego novamente. Mas com volume bem menor.
Porém, como dito acima, agora é uma via local, de bairro. Além dessa interrupção do parque mais a frente é interrompida novamente várias vezes.
Pois agora ela não é mais uma artéria principal da cidade, se tornou uma rua pequena, que só é usada por quem mora nela.
E portanto pode ter várias trechos sem saída sem que isso cause perturbação alguma no sistema viário da cidade.
Sua paralela, a Visconde, compartilha desse mesmo destino aqui no trecho do Alto da XV.
“Deus proverá”