Por Maurílio Mendes, “O Mensageiro”
Publicado em 9 de maio de 2014.
Atualizado em 3 de novembro de 2015.
O Belém é o maior Rio 100% curitibano.
Me propus a ir até sua foz. Foram preciso 3 tentativas.
Na 1ª fui travado por um haras. Na 2ª fiquei a 50 metros, como na foto ao lado.
Nessas duas fui rio abaixo. Era preciso ir rio acima, ou seja, ver a foz pelo outro lado, pelo Rio Iguaçu, onde ele deságua.
No começo de novembro de 2015 afinal deu certo. Veja acima da manchete e a direita, enfim, a Foz do Rio Belém.
As fotos que são de 2015 eu especifico na legenda. Se não estiverem datadas foram tomadas em maio de 2014.
……….
Agora volta o texto original de maio de 14, contando a segunda expedição.
Em que eu segui a margem do Rio, no município de Curitiba, e só cheguei a última curva, a 50 m da foz, mas não vi o ponto preciso em que ele desagua no Iguaçu.
Fui a pé até sua foz (ou quase…), numa verdadeira expedição urbana, pois o local é de mata fechada e de difícil acesso.
Entre a PUC e a Vila Lorena (bairro Uberaba) ele é ladeado pela linha de ônibus Canal Belém.
Na matéria que abre nessa ligação eu percorri a pé a margem do Rio de minha casa até a Zona Central.
Numa oportunidade distinta eu decidi cobrir o outro trecho, ou seja, daqui de onde vivo até a Foz.
Mas não foi fácil, foram preciso duas tentativas, e um enorme espírito aventureiro de se embrenhar pelo meio da vegetação cerrada e hostil.
Todos sabem que o Belém divide a Z/S da Z/L. Moro quase nele, na margem direita, do lado da Z/S.
Algumas semanas antes, eu já havia tentado chegar a foz, pelo lado que eu vivo, o do Boqueirão.
Não foi possível. Chega um ponto em que há um pequeno haras, um rancho onde se criam cavalos em plena selva de pedra, e a partir dali a passagem é interdita.
Fotografei os cavalos pastando, um pouco pra baixo na página.
Estava a cerca de 500 metros da foz. Veja o mapa acima:
Em azul claro o trajeto dessa tentativa infrutífera, e o ponto onde a passagem é bloqueada.
Agora tentei de novo, e dessa vez fui pela outra margem, a do Uberaba, em amarelo na imagem.
Ali não há porteiras, mas eu tive que passar no começo por uma estreita trilha como notam a direita.
Depois mesmo isso desapareceu, e adentrei a mata fechada.
Pois na região não mora ninguém, não há empresas, áreas de lazer, não há nada resumindo, então ninguém passa por ali.
Enquanto era possível, eu desafiei a Natureza, mas há um limite.
Chega um momento que a muita fecha demais, aí só se eu tivesse um facão pra ir abrindo a picada na raça mesmo.
……….
Tive que parar. Estava a apenas 50 metros da foz, na última curva do rio (1ª foto, logo no topo da página).
Nas imagens meus trajetos, em azul-claro a primeira tentativa, em amarelo a mais recente que originou essa mensagem.
Vejam os bancos de areia claramente retratados, a esquerda.
São os mesmos que aparecem na foto tirada por mim, como notam logo na abertura da matéria.
A direita repetido em outra escala. Clique sobre as imagens que elas se ampliam.
Não vi o encontro das águas propriamente dito, mas estava muito, muito perto.
Pra ver o momento mesmo que o Belém se dissolve no Iguaçu é preciso ir por um terceiro caminho.
Acompanhando o Iguaçu, e não o trajeto do Belém mesmo.
É preciso vir rio acima, e não rio abaixo. Foi exatamente isso que fiz na 3ª tentativa, um ano e meio depois.
Foi uma Expedição Urbana pela mata, cumprida com sucesso.
Vencendo a vegetação densa entre a qual tive que ir me embrenhando, as árvores.
O sol se já estava se pondo, como registrei a esquerda um pouco acima.
Tarde bastante bonita, em harmonia com a natureza.
Em meio a vegetação do Parque Nacional do Iguaçu.
Basta de filosofar, voltemos ao Rio, que afinal é nosso tema de hoje.
Essa imagem ao lado e a seguir são de novembro de 2015.
É domínio público, o Belém é o maior curso d’água de Curitiba.
(Aqui me referindo ao município, sem contar região metropolitana.)
A Nascente é no bairro da Cachoeira, no extremo da Zona Norte.
Há um parque justamente pra preservá-la, o “Parque das Nascentes do Belém”.
E corta ela inteira passando primeiro pelo Parque São Lourenço (no bairro de mesmo nome).
E a seguir pelo Bosque do Papa, quando adentra a Zona Central.
No Centro Cívico ele se torna subterrâneo na Av. Cândido de Abreu.
Re-emerge a superfície no primeiro e mais central parque da cidade, o Passeio Público.
Seguindo seu curso, o Rio volta pra baixo da terra – a Rua Mariano Torres passa sobre ele, se alguém não sabe.
E na Rodo-Ferroviária volta a re-emergir. Logo a seguir divide ao meio a Vila Capanema.
A partir da Linha Verde, o Belém passa a dividir as Zonas Leste e Sul, como já dito muitas vezes.
Ou seja, só não passa pela Zona Oeste. E tem sua Foz em outro parque, como já dito.
Começa em um Parque e termina em outro (alias, em um parque dentro de outro parque).
Dos mais belos bosques floridos as mais conflagradas favelas:
Ele veio, viu e venceu a tudo, até que chega sua vitória derradeira, seu Nirvana.
Uma Saga similar a de outro Grande Rio de Curitiba, o Barigüi, que também atravessa parques e favelas.
O maior rio da capital do estado, após atravessar a cidade de ponta a ponta, passa a fazer parte do maior rio do estado, o Iguaçu.
Que por sua vez cruza todo o estado do Paraná de ponta a ponta.
Sua foz é na cidade, como o nome indica, de Foz do Iguaçu.
Após cruzar todo o Paraná, o Iguaçu passa a fazer parte do Rio Paraná.
O maior rio do estado se torna parte de um dos maiores rios da América.
Por sua vez, o Paraná irrigará todo o Pampa Argentino, até chegar a capital dessa vizinha nação.
Quando o Rio Paraná se torna o Rio da Prata, que tem um delta formidável, um dos maiores do planeta, no Atlântico.
E o Belém, que agora viram a foz, é parte disso. O Belém é parte do Rio da Prata.
A Vida segue, como o Rio, a tudo vencendo, pra na vitória final fazer parte de algo infinitamente maior que ele.
……
P.S. : nas 3 tomadas acima e nessa ao lado eu já me afastei do Belém como notam. Sigo pela na Rua General Arnaldo dos Santos.
Que é o prolongamento da via que no Boqueirão se chama Bley Zorning (a “Rua das Malhas”).
Como fizeram parte do mesmo passeio, as incluí aqui.
A direita vemos uma parada de ônibus com um banco – veja a mesma cena em Santa Felicidade (Zona Oeste) e Xaxim (Zona Sul).
Cheguei ao ponto final da linha Uberaba. Tirei mais fotos do pôr-do-sol no local.
E a seguir eu embarquei no coletivo rumo ao Centro. De dentro do busão ainda saíram mais algumas cenas.
“FLORES DO BELÉM”
A partir desse ponto anexo algumas mensagens que mostram as margens do maior rio de Curitiba enfeitadas pela natureza.
Acima a esquerda exatamente sobre ele, em imagem de janeiro de 2014.
Enquanto que a amarela a direita é de novembro de 2013.
Já a tomada ao lado e a galeria horizontal abaixo foram clicadas e publicadas em 7 de fevereiro de 2014.
No ‘carrossel’ a seguir mais cenas no Uberaba, no rio mesmo ou ruas próximas:
Agora registradas uns dias antes, em 22 de janeiro de 14:
E fechamos com essas mais antigas, de 12 de agosto de 2011.
“Deus proverá”
Cara que legal sua expedição, sempre tive vontade de fazer o mesmo,porém sempre com receio,afinal aquela região da foz do Rio Belém é bem pacata, um tanto perigosa eu diria,quando possível faça uma expedição a foz do Rio Barigui e Rio Passaúna que também deságuam no Rio Iguaçú.
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Grande Fábio.
Realmente o que você colocou é exato, existem mesmo esses problemas que você comentou. Eu morei por 15 anos na vila Canal Belém no Boqueirão, e nessa década e meia vi e ouvi falar de muitos episódios de violência na região, incluindo diversos assassinatos. A quadra que eu residi, a primeira a partir da Rua Cel. Luís José dos Santos, já está urbanizada, embora ainda não estivesse legalizada, as casas continuam sem escritura. Mas duas quadras adiante ainda não houve urbanização, ainda é uma invasão sem nenhuma infra-estrutura de qualquer tipo. Nessa outra matéria sobre o Belém há uma foto minha sobre a ponte, com a vila que eu morei ao fundo:
Alias, aproveitando o embalo, passo a ligação pras outras matérias que fiz sobre o rio, se interessar a alguém:
Creio que minha missão na Terra é desbravar esse tipo de situação. Conheço todas as vilas, morros e favelas de Curitiba, e são 300 favelas, em graus variados de urbanização. Semana passada mesmo (set.19) fui conhecer uma vila que está se formando/ampliando no bairro Santa Cândida, Zona Norte, perto da divisa com a Barreirinha. Conheço milhares de outras favelas em centenas de cidades de todo Brasil, boa parte da América e até uma esticada na África, e nunca tive problemas com violência, talvez porque como disse, quem sabe essa seja minha missão.
Ainda que eu não tenha sido afetado pessoalmente pela violência, o que você colocou corresponde a realidade. Alias um outro dia andando exatamente no Parque Iguaçu no Boqueirão eu me deparei com um cadáver já em decomposição na valeta próximo a linha do trem, perto de outra vila da região, a Iguape. Ao chegar em casa liguei – anonimamente e de um orelhão – pra PM pra informar o fato.
Sei que a Foz do Barigüi é também no Iguaçu. Nunca fui a foz propriamente dita, mas já passei perto. O local dentro do município de Curitiba que dista mais do Centro é o ponto final do alimentador Caximba/Olaria, que sai do Terminal Pinheirinho e tem ponto final na Caximba como o nome indica. São 25 km até o Centro, como dito e é notório, o ponto mais distante que você pode ir do Marco Zero na Praça Tiradentes sem mudar de município.
Bem perto da divisa com os municípios de Araucária e Fazenda Rio Grande. Oras, essa divisa tríplice é exatamente também o ‘Encontro das Águas’, onde o Barigüi deságua no Iguaçu, pois o Barigüi no seu trecho final divide Ctba. de Araucária e o Iguaçu nessa parte separa Ctba. da Fazenda. Como já estive em várias ocasiões ali no ponto final do Caximba/Olaria, já fui próximo a Foz do Barigüi diversas vezes, embora não exatamente nela.
Alias, um mês atrás (no fim de agosto/19) estive mais uma vez no Rio Bonito, no bairro Campo de Santana, e visitei a Reserva do Bugio que há ali. No mirante, cheguei as margens do Barigüi, num ponto não muito distante da Foz. E mais rio abaixo ainda, já fui muitas e muitas vezes na invasão que há na Caximba, que é ainda mais perto do ponto que o Barigüi imerge no maior rio do Paraná, que por isso nomeia nosso Palácio do Governo.
Matéria sobre o Barigüi:
Tem esse nome porque a princípio falava só de um trecho pequeno do Rio, entre Fazendinha e CIC. Mas fiz grande ampliação da matéria pra pegar o Rio por inteiro, desde Tamandaré onde é a Nascente como você sabe, até os parques Tingüi, Tanguá e o de mesmo nome do Rio que é o mais famoso da cidade, até as favelas desde o Santa Quitéria até o CIC e Caximba.
Abraços irmão, valeu pelo comentário.
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UMA FOTO QUE TEM ALI TEM OS RIO IGUAÇU E BELÉM, MAIS O OUTRO É RIO PALMITAL?
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Não. O Palmital tem sua foz também no Iguaçu, porém um pouco rio acima. Ele termina na BR-277, onde há uma estação da Sanepar.
O outro curso d’água que aparece na imagem é o Iguaçu duplicado. Foi feito um ‘canal extravasador’, pra dividir o fluxo de água em dias de chuvas fortes, e é esse o 3º rio que vemos.
Não sou especialista no tema mas me parece ser assim. Caso alguém tenha mais informações sinta-se a vontade pra complementar.
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