Uberaba, Zona Leste. Quase na foz do Rio, já depois do ponto final do ônibus.
Por Maurílio Mendes, “O Mensageiro”
Publicado em 9 de fevereiro de 2014
Ao contrário do que alguém poderia pensar, eu não fui de bicicleta até a cidade do Foz do Iguaçu, no Oeste Paranaense.
Na verdade eu saí de minha casa, que fica na Rua Ciclovia (quando fiz o texto; em 2017 me mudei do Boqueirão).
E percorri a pé parte do itinerário da linha Canal Belém, até perto da foz do Rio.
Um dia eu já havia coberto, também caminhando, a porção central do trajeto do ônibus 475-Canal Belém (dir.) da Vila Canal Belém até a PUC. Escrevi na ocasião:
” Eu não moro perto do ponto final dessa linha. Aqui da V. C. Belém ele ainda segue bem mais pra frente de onde principiei esse registro fotográfico.
Portanto essa outra ponta do trajeto, a periférica, não foi retratada.
Dessa vez, me limitei a mostrar o trecho intermediário (V. Canal Belém-PUC), que é o que eu utilizo regularmente.
Rio Belém separa Uberaba (esq.) e Boqueirão (dir.); divisa entre as Zonas Leste e Sul.
Outro dia eu re-começo de onde parei e fotografo e comento o fim do itinerário do 475.
Oficialmente “Canal Belém”, pros íntimos o “Trem-Bala da Leste“. ”
Diria que o dia chegou rápido, apenas uma semana depois.
O ponto final é perto de onde o rio que o nomeia deságua no Rio Iguaçu.
“Eixo de Animação do Belém”.
O ônibus e o rio, que compartilham o nome, se encerram praticamente juntos também.
O 475-Canal Belém serve, como sabem, o bairro do Uberaba, Zona Leste.
Voltei pela outra margem, no Boqueirão, que já fica na Zona Sul.
Assim as fotos do Uberaba são mesmo por onde passa o ônibus.
Já as que foram feitas no Boqueirão não retratam o itinerário dessa linha, que fique bem claro.
São vilas próximas, mas na outra margem. O ônibus não entra no Boqueirão.
E desse lado do Rio – ou seja no Boqueirão, repetindo – flagrei um 11-13, outro “Super-Clássico” (ao lado).
Segundo um camarada que é especialista no automotor, a pintura não é original de fábrica por ser metálica.
Mudamos de margem, e também de marca de caminhão.
Vamos ver um pouco da Vila São Paulo, Uberaba. A esquerda dois “Jacarés“:
Casa florida.
Caminhões Scania fabricados entre os anos 60 e 80, pros que não são adeptos do culto a máquinas de metal. Bicudos, tem o formato desse réptil, daí o apelido.
Todos os Jacarés saíram de fábrica laranjas como o que está a frente, o “Clássico dos Clássicos”.
Teve gente que adaptou, atrás vemos justamente um variante, Azulão.
Por conta dessa nova configuração de pintura essa cena está postada também na postagem sobre “Transgenia Motorizada”.
A fotos acima e ao lado foram na mesma rua que registrei os Scanias.
Logo após onde estavam os caminhões naquele dia a rua acaba num bosque.
A área está a venda, alias a mata já está sendo derrubada como notamos na tomada abaixo.
Feito esse adendo pra mostrar o bairro, de volta ao texto original.
Tem mais: tentei atingir a foz do rio, o ponto exato que o Belém desagua no Iguaçu, nesse dia.
Fui pela margem direita (de acordo com a corrente), a do Boqueirão.
Não consegui, chega um ponto em que uma cerca impede a passagem.
Aí eu voltei, fotografando o bairro como disse acima.
Colônia de garças que vive no rio. Veja como ele está assoreado, muito raso, pode ser atravessado a pé. Pensar que o Belém foi navegável no passado…
Alguns meses depois eu tentei novamente, dessa vez pela margem esquerda do Uberaba, e aí sim cheguei a Foz.
No Rio Iguaçu, onde está o Parque Nacional do Iguaçu. E, num parque dentro de outro parque, o Parque Municipal de São José.
…………
Vamos ver então as fotos (busque pelas legendas) do dia em que eu segui no Uberaba o trajeto periférico do Canal Belém.
Riachinho poluído no Boqueirão. Fazem todo o tipo de agressões contra as águas.
Da vila de mesmo nome casa ao ponto final do ônibus, retornando pela margem oposta, a do Boqueirão.
Mais uma homenagem ao Rio Belém, o maior rio 100% curitibano, não entra em outros municípios.
Nasce no bairro da Cachoeira, Zona Norte, onde há um parque pra preservar a mina d’água. Corta a seguir a Zona Central.
E no trecho onde ele é mais largo divide as Zonas Leste e Sul (a 3ª foto da matéria, mais pro alto na página).
Rua José Hauer. Tem o mesmo nome nas duas margens, caso raro. No geral o nome muda, mesmo onde há pontes ligando os dois lados.
Respectivamente, do lado esquerdo da imagem Uberaba (Z/L), do outro lado o Boqueirão (Z/S).
Numa foto vemos“Eixo de Animação do Canal do Rio Belém”.
Nos anos 70 a prefeitura removeu as favelas as margens desse curso d’água.
E então preencheu o espaço com parquinhos, ciclovias, canchas de esporte. Pra evitar re-invasões.
E pra marcar a revitalização colocou essas placas de concreto.
Aqui e a seguir: “o beco”.
No encontro com a antiga BR-116 (atual BR-476, a ‘Linha Verde’), no Guabirotuba/Zona Leste, há um desses marcos.
Já o totem visto nessa matéria é aqui no Boqueirão mesmo. Ao fundo a Vila São Paulo, Uberaba.
Mesmo com o parque linear, partes das margens do rio foram re-invadidas no ano de 1990.
Em ano de eleição, como tantas ocupações em Curitiba, uma tradição da cidade.
De lá pra cá, a Vila Canal Belém se urbanizou, e partes dela não são mais favela. .
A primeira quadra a partir da Av. Coronel Luís J. dos Santos, por exemplo.
Essa via é chamada informalmente de ‘Rua Ciclovia’, pois não tem nome oficial (ao lado).
É larga, as ligações de água e luz regularizadas, não há mais barracos. Totalmente urbanizada.
Foi pavimentada – pelos próprios moradores – em concreto, modal muito utilizado no México e no Chile. 
Entretanto uma porção da Vila Canal Belém permanece uma favela mesmo, e é exatamente a que veem nas duas tomadas acima dessa a esquerda.
Falando de outra parte da cidade, bem distante da divisa com o Boqueirão:
Uma das piores favelas de Curitiba era a do Jardim Icaraí, também no Uberaba.
Porém como dito longe desse ponto que estamos mostrando. Foi urbanizado, felizmente.
Parte dos moradores que saíram das palafitas do Icaraí foram transferidos exatamente pra essa Cohab.
Rua tranquila do Boqueirão.
No Jardim Primavera, Uberaba, vista nas duas tomadas logo acima.
Não confunda o ‘Jardim Primavera’ daqui da Zona Leste com o da Zona Norte, que fica no Pilarzinho.
………….
Vimos uma foto da Rua José Hauer, a única que “sobrevive” ao rio.
Quitinetes no Uberaba. Cerca de 20 dessas pequenas moradias, quarto-e-cozinha, apenas nesse terreno. Vejam que a esquerda há outro portão, e a coisa segue pro fundo.
Quero dizer com isso que é a única rua que tem ponte sobre o Belém e o mesmo nome tanto no Boqueirão quanto no Uberaba.
Sendo mais preciso, há 5 pontes que unem esses dois bairros. Em 4 casos, as ruas mudam de nome.
Por outro lado, a Rua Dr. Simão Kossobudski se chama assim nas duas margens.
Só que ela não tem ponte. Ou seja, a denominação se mantém de ambos lados mas é preciso desviar e pegar outra rua pra cruzar o rio.
Quase no ponto final do ônibus Canal Belém, chegamos a Vila Lorena, Uberaba (esquerda).
A última vila do município de Curitiba. Depois do Iguaçu estaremos em São José dos Pinhais.
…………..
Jd. Primavera, Uberaba: era casa térrea. Mas o dono encheu a laje e virou duplex. Cidade da Laje. A Zona Leste é assim…
O Rio Belém está muito assoreado. Navegável no passado, está tão raso que pode ser atravessado a pé sem que a água mal passe do joelho.
Além disso, completamente poluído. Alguns pássaros resistem a tanta degradação e fizeram ali sua colônia. A Natureza se adapta, enquanto é possível.
Abaixo, já estamos dentro do Parque Nacional do Iguaçu, que no passado foi o maior parque nacional urbano do Brasil.
Hoje teve boa parte de seu território invadido (nos bairros Uberaba e Cajuru, Zona Leste, e Alto Boqueirão, Zona Sul) e se tornou parte do subúrbio da cidade.
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- Seus famosos lagos.
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- Uma pinguela de madeira.
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- O parque abriga até alguns haras.
Mais quitinetes, essas no Boqueirão. Escada sem corrimão: se houver crianças a porta precisa estar sempre trancada pra evitar quedas. Registrei esse mesmo tipo de quitinetes na Zona Oeste e na Zona Norte.
Algumas partes permanecem como verdes. A região mais preservada dele é justamente o bairro do Boqueirão.
(não confundo com o Alto Boqueirão que acabei de citar. São bairros vizinhos mas distintos.)
Resultando que os cavalos ainda podem se refastelar no verde pasto.
A área é de difícil acesso, cercada pela linha do trem e um riacho.
Pontes improvisadas foram feitas por conta, pela população mesmo.
Barracões no Boqueirão.
Estávamos perto da foz. Mas por esse haras improvisado ser cercado, não pudemos prosseguir.
Então, pra iniciar o retorno, passamos por um trecho do Parque Nacional.
Vejam a mata, as cavas e a ciclovia – essa de fato e direito, uma pista pra bicicletas, e não o nome informal de uma rua na invasão.
Boqueirão: “Proibido jogar lixo”, diz a placa. E aí o que as pessoas fazem ??? Pelo visto é um comportamento universal, já flagrei até na Itália (nesse caso via ‘Google Mapas’).
Porém é preciso dizer que essa parte é afastada, sem acessos propícios, e então pouquíssimo frequentada.
“Sem acessos propícios” é a palavra exata, hein? O parque é margeado por um córrego e pela linha de trem.
E não há como atravessá-los, isolando essa área verde da cidade que a cerca.
Registramos acima que há uma ponte absolutamente mambebe, pra dizer o mínimo.
Conjunto Meia-Lua.
A direita acima vemos que o Boqueirão se tornou um bairro industrial. Casas vem sendo demolidas pra darem lugar a barracões.
Há quadras e quadras seguidas em que não mora ninguém, é só indústria, e aqui tem um exemplo.
Explico melhor tudo isso, com muitas imagens, nessa outra mensagem.
Vemos duas vilas do Boqueirão: o Conjunto Meia-Lua, a direita.
Nos mapas da prefeitura, oficialmente “Planta Belenzinho”, nome que ninguém utiliza.
“Meia-Lua” tá consagrado na boca do povo, porque o traçado das ruas faz uma meia-circunferência. Começou como uma cohab.
Fechamos com mais uma imagem do Boqueirão: terreno grande, várias casas de madeira no lote. É o Sul do Brasil.
Moradias Belém, acima. Igualmente outra antiga cohab:
As vias tem nome de profissões: “Rua do Tratorista”, “Rua do Barnabé”, etc.
Ao lado a “periferia antiga” curitibana que tanto já falamos, casas de madeira em quintais enormes, praticamente sem muros. E de quebra um pinheiro no quintal.
“Deus proverá”
O Caminhante: Observatório Urbano e do Transporte Coletivo 