Por Maurílio Mendes, O Mensageiro
Publicado em 15 de agosto de 2016
Como o título já indicou, vamos mostrar as cidades da Lapa e São Mateus do Sul.
São ligadas a Curitiba pela BR-476. Que nesse trecho se chama “Rodovia do Xisto”.
Abrimos com duas tomadas dessa estrada, uma em cada cidade:
A esquerda acima BR-476: ponte sobre o Rio Iguaçu na entrada de São Mateus do Sul.
E a direita chegando na Lapa. Uma enorme cohab recém-inaugurada na periferia da cidade.
Detalhe: naquele dia estava tendo um passeio de Fuscas. Por isso vemos 2 deles.
Os Fucas aparecem intercalados por um carro novo de padrão elevado.
Haviam mais que 2, esses foi o que consegui clicar.
Afinal estava num carro em movimento no sentido oposto.
As duas cidades guardam muita coisa em comum. São próximas, e sua população também é similar:
44 mil pessoas moram na Lapa, e 41 mil em São Mateus.
Oficialmente a Lapa faz parte da Região Metropolitana de Curitiba.
Trata-se de falsificação grotesca da realidade.
A Lapa não tem qualquer característica que a torne subúrbio da metrópole conurbada da capital do estado e municípios vizinhos.
Como eu já expliquei com bem mais detalhes antes, em matéria específica.
Embora encantadora, a Lapa não faz parte da Grande Curitiba na prática.
Entrou oficialmente na R. Metropolitana por interesses políticos.
Que nem sempre guardam relação com a realidade, e aqui foi o caso.
Rio Negro, na divisa com Santa Catarina, passa pela mesma situação.
E aqui vai a prova. As próximas duas fotos, ao lado e logo abaixo, são a mesma em duas escalas.
Trata-se da avenida principal da Lapa. Clique sobre pra ampliar a tomada direita:
O busão que faz a linha Araucária/Lapa.
Da Expresso Maringá, empresa do grupo Constantino (Gol), que comprou a Viação Lapeana.
Pro que nos interessa aqui, é pintura livre.
Se a Lapa fosse mesmo região metropolitana, esse buso teria que ter pintura padronizada unicolor, em bege ou amarelo.
Pois assim são os ônibus metropolitanos. Esse não é metropolitano, embora diga isso na lataria.
Ele tem pintura livre exatamente porque é o que em São Paulo se chama ‘suburbano‘:
Mesmo com 2 (ou 3) portas e catraca, liga por rodovias cidades do interior próximas, mas que não são conurbadas.
Eu tirei fotos melhores do busão (e das flores). Mas a bateria de minha câmera está ruim, não saiu.
Por outro lado, nessa outra matéria há fotos do Araucária/Lapa em boa qualidade, puxadas da rede.
…………
Por muito tempo a Lapa teve baixo crescimento vegetativo. Pois não oferece uma gama muito ampla de empregos bem remunerados.
Assim os jovens emigram, vão morar em metrópoles maiores, que ofertam mais opções.
Por isso a princípio foi uma surpresa constatar que o governo fez a essa cohab na Lapa (ao direita abaixo em escala maior).
Atualização: isso foi verdade por décadas. Mas quem sabe tenha começado a se alterar.
No censo de 1991 a Lapa tinha 40 mil moradores. Na projeção de 2007 do IBGE, 41 mil.
Portanto crescimento quase zero em mais de uma década e meia. No entanto, no censo de 10 foi pra 44, e na projeção pra 2015 47 mil pessoas.
Ao captar isso pelo sítio do IBGE já atualizei a matéria, poucos minutos depois dela ir pro ar.
De posse desses novos dados, entendi o surgimento desse cohab: indica a mudança, a Lapa ganhou mais um bairro populoso porque sua população voltou a crescer.
……….
Se hoje a Lapa é uma pequena e pacata cidade do interior, saiba quem ainda não sabe:
Ela teve vital importância na implantação da República Brasileira.
Trata-se do famoso ‘Cerco da Lapa’. A direita, repetindo, canhões (que eu já fotografei também na Rep. Dominicana) que adornam a parte externa.
Amplie a foto a esquerda pra ler a placa que há no ‘Panteão dos Heróis’: “A Revolução Federalista eclodiu no Sul do Brasil em 1893, nos primórdios da recém proclamada República.
Os revoltosos dirigiam-se para o norte, porém foram detidos na Lapa, em 1894.”
Já volta o texto. Antes, uma nota minha, O Mensageiro: o Paraná também é Sul do Brasil, evidentemente.
Por isso o autor quis dizer que a revolta começou no Rio Grande do Sul.
E por “dirigiam-se para o norte” significa que eles marchavam pra tomar a capital do país.
Então no Rio de Janeiro como todos sabem.
Pra isso teriam que passar pela Lapa. Não passaram.
Os rebeldes acharam que seria facílimo, que a Lapa seria apenas mais uma escala numa longa viagem.
E que a luta mesmo seria na capital federal, as margens da Baía de Guanabara.
Porém não foi. Volto a descrever o que está grafado na placa:
“O contingente de 639 Homens (…) resistiu bravamente ao cerco realizado por mais de 3 mil federalistas durante 26 dias.
(…) Não foram além do Paraná. A Lapa sepultou seus bravos heróis.
Mas a Lapa também cavou o túmulo da Revolução Federalista.
A Lapa deu a vitória a República.”
Ao fim, a Lapa caiu nas mãos dos revoltosos, afinal eles eram em número 5 vezes maior.
Mas os 26 dias que a Lapa resistiu foram vitais pra definir quem venceria a guerra:
Foi o tempo que permitiu ao Comando-Geral do Exército reorganizar e rearmar suas fileiras, pra fazer frente a ameaça.
Com o quase mês que os rebeldes demoraram pra passar pela Lapa, a custosa vitória federalista nessa cidade foi a sua última. A República triunfou.
São Mateus é nas margens do Rio Iguaçu.
O maior e mais importante rio do Paraná, que não por outro motivo nomeia o palácio sede do governo do estado.
As suas margens, ainda dentro do perímetro urbano de Curitiba, está aquele que um dia foi o maior parque nacional urbano do Brasil.
E que contém dentro dele diversos outros parques. Num deles está o Zoológico, em outro a foz do Belém, o maior rio da capital do estado.
De volta a São Mateus:
Bem no Centro está o Porto, no Iguaçu. A direita ponte sobre ele.
Vimos na primeira foto da matéria, no topo da página, foto feita sobre ela. Agora sob.
No passado, o transporte fluvial era muito mais comum.
Aportavam ali embarcações de todos os tamanhos.
Inclusive uma barcaça que antes desbravou o Mississipi, EUA. Preservada no local.
Ao lado do porto há um parque lindeiro, uma das maiores opções de lazer da cidade.
………..
Da ponte acima até essa a direita abaixo, essas 5 tomadas são dali.
Podemos ver a galera pescando, passeando, namorando.
Mesmo num domingo frio de inverno Sul-Brasileiro.
E ao lado um grafite ‘relembrando o passado’, retratando barcos que ancoraram ali nos ‘bons tempos’.
(Nota: em Valparaíso-Chile eu cliquei cenas similares, grafites homenageando meios de transporte antigos.
Mas nesse caso terrestres, ou quase ‘aéreos’, pois um é um teleférico)
Mais uma vez, voltemos ao Paraná que é nosso tema de hoje.
Constatei que São Mateus do Sul é uma cidade pouco violenta, felizmente.
As 2 imagens, acima e ao lado, provam indelevelmente:
Casas de alto padrão não se dão sequer ao trabalho de fecharem seus portões.
Bons tempos quando se podia fazer isso também nas metrópoles…
…………
Comentemos um pouco as fotos.
Vocês sabem, nem sempre o texto corresponde a imagem que está mais próxima, busque pelas legendas.
– Caminhão Scania cara-chata (acima):
clicado perto do Porto e da Praça da Matriz, no Contorno da BR-476;
– Falando na Praça da Matriz. Ali estão o campus da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa) e a Catedral.
Primeiro falemos desse prédio que abriga a UEPG, visto em três tomadas, logo acima e nas laterais.
Acredito que tenha sido um seminário antes ou algo assim, pela santa que há na fachada.
A mesma construção sedia também a secretaria municipal de educação, como notamos.
Bem em frente, o principal templo católico da cidade.
Visto em 2 tomadas, nítido e com as flores que há em frente.
Mais a frente veremos mais flores de São Mateus.
Ao lado do campus está o ‘Chimarródromo’, já vimos a imagem bem mais pro alto da página, na abertura da matéria.
Na mesma praça está uma lojinha de artesanato que imita as casas construídas pelos poloneses.
– Em São Mateus do Sul existem as lanchonetes dentro de reboques automobilísticos (‘trailers’).
Veja a direita, não muito longe dessa praça. Como em qualquer cidade do interior:
Já fotografei a mesma cena em Guarapuava, também no Sul do estado.
……….
– Agora um pouco da periferia.
Estando no Sul do Brasil, em S. Mateus não poderiam faltar muitas casas de madeira.
Na última foto da sequência acima vemos uma casa em que em algumas paredes as toras estão na vertical, que é o dominante no Brasil e Chile.
E em outras na horizontal, que é o mais comum no Caribe. E aqui no Brasil somente no Amapá.
Nos outros estados, do Sul, Norte e mais Mato Grosso, Espírito Santo e São Paulo, a maioria das casas de madeira é na vertical, enfatizando.
Apesar que eu já fotografei na horizontal no interior e Litoral do Paraná, Litoral de São Paulo e Chile.
……….
Se você seguir pela BR-476, chegará a outra ‘Cidade-Gêmea PR/SC’: ‘Porto União da Vitória‘.
Ou seja União da Vitória-Paraná/Porto União-S. Catarina.
Lá, embora ainda não sejam maioria, é a cidade brasileira em que mais há casas de madeira na horizontal.
Isso entre as que eu já visitei, ainda não tive a oportunidade de pisar no Amapá.
Não fotografei as casas de madeira de ‘Porto União da Vitória’. Mas fiz um desenho.
– Ao lado e logo acima: bairro na periferia de São Mateus.
Exatamente as margens do Rio Iguaçu, essa rua de terra passa no vão da ponte visto acima.
Mais residências em madeira, como notam.
– A direita, ainda na periferia de São Mateus, outra cena típica do interior:
Você está bem dentro da cidade, mas se subir num ponto mais alto avistas as fazendas que cercam a área urbana.
E a direita voltamos ao Centro. Uma placa de rua. Com um Passat na ativa!!
Na sequência horizontal abaixo, igualmente placas de rua no Centro, porém na Lapa.
Elas trazem o nome antigo da via, como acontece em Santa Catarina.
Com esse tapete florido ao lado abrimos a seção que mostra as flores que adornam São Mateus do Sul. Clicadas na Praça e Avenida principais da cidade.
Clique sobre as tomadas pra ampliá-las, o mesmo vale pra todas, sempre.
Mais cenas de São Mateus do Sul:
Próximas 2: construções antigas.
Note que na esquina as duas ruas são de paralelepípedo, porém de tipos diferentes:
Ao lado o retangular clássico (no passado muito comum em toda parte, agora diminui mas ainda existe, incluso aqui em Curitiba);
E acima o hexagonal, dominante no Litoral do Paraná e S. Catarina.
Entretanto que aqui em Ctba. desconhecemos.
Na foto ao lado: um caminhão guerreiro 11-13 azul descansa num bairro de periferia de São Mateus.
Veja outras postagens específicas mostrando centenas de caminhões antigos Scania e Mercedes, pelo mundo todo.
Falando em veículos clássicos – e redondos – mais pra cima vimos uma procissão de Fuscas.
Pra quem gosta dessas baratinhas, eu já fiz várias matérias sobre eles:
– “O Carro do Povo”: Uma radiografia completa de toda sua história (Alemanha 1938/México 2003), com dezenas de fotos, incluso de várias transgenias curiosas.
– Um ensaio mostrando vários Táxis-Fuscas em Curitiba, especialmente na Rodoviária, em 1980. Na mesma matéria vemos fotos também do Rio de Janeiro e Cidade do México;
– Fotos de Acapulco, Litoral Mexicano, onde até hoje (texto de 2016) os Táxi-Fuscas são maioria; e os desenhos deles nessa mesma cidade, em Curitiba e no Rio.
Que Deus Ilumine a toda Humanidade.
“Deus proverá”