Da Nascente a Foz, eis o maior rio curitibano: o Belém

Nascente do Belém, bairro Cachoeira, Z/Norte, município de Curitiba. A dir. placa no parque.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 7 de novembro de 2016

Maioria das imagens de minha autoria; as que forem puxadas da internet identifico com um ‘(r)’, de ‘rede’.

Morei 15 anos na Vila Canal Belém, Boqueirão, que fica na Zona Sul de Curitiba. Isso significa as margens do Belém, que é o maior rio 100% curitibano (vivia lá em 2016, quando fiz o texto; em 2017 me mudei do Boqueirão).

Agora vamos fazer um ensaio mostrando vários pontos do Belém por Curitiba. placa parque outra postagem: "da Nascente a Foz do Belém" nascente belém ctba z/n cachoeira

(Nota: fiz um trabalho similar em outro grande rio curitibano, o Barigüi.

Belém e Barigüi nascem muito próximos um do outro como você verá logo abaixo,  o Belém vai pra Leste, o Barigüi pra Oeste.)

………….

Observe o mapa a esquerda, mais que apenas o Rio Belém, vemos a Bacia do Belém, com seus principais afluentes.

A nascente e a foz são dentro do município de Curitiba. O maior entre todos os cursos d’água nessa condição.

Atualização (out.17): a direita mapa com os rios da cidade. De uma reportagem de reparos contra enchentes.

Assim, retratava apenas aqueles em que na ocasião a prefeitura fez essas melhorias.

Portanto mostra riachos menores, e omite rios maiores que não foram agraciados com obras nessa oportunidade. Corrigi.

Excluí os córregos que só são conhecidos em seus respectivos bairros (muitas vezes nem isso). Adicionei 3 rios

O Iguaçu, maior rio do Paraná, que nomeia o Palácio de Governo e a cidade de Foz do Iguaçu, a mais de 600 km de sua nascente na Gde. Curitiba;

Passaúna 2º maior rio da Zona Oeste, o maior entre os que ficam exclusivamente na Zona Oeste, e onde há o pôr-do-sol mais bonito da cidade !;

– E o Água Verde, maior rio que fica exclusivamente na Zona Central.

lago

Lago do Belém no Parque São Lourenço. Ao lado a barragem que o represou.

Porém note que o mapa só abrange o município de Curitiba.

Entre os que estão registrados, os rios Belém, Bacacheri, Água Verde e Rib. dos Padilha têm sua nascente e foz dentro da capital, então não muda nada.

Ainda assim, os Rios Passaúna, Atuba, Barigüi e Iguaçu têm sua nascente e/ou foz em outros municípios.

Ademais todos eles em algum ponto dividem Curitiba de outros municípios igualmente.totem1

……….

Tudo isso bem comentado, bora então pro nosso tópico de hoje: o Belém nasce no bairro da Cachoeira, Zona Norte.

Onde existe o Parque da Nascente pra preservar a mina d’água, como visto nas duas primeiras tomadas (será mostrado melhor na sequência da matéria).

Nasce na Zona Norte, repetindo, e nesse trecho é razoavelmente limpo.

Bairro São Lourenço, mas já fora do parque, o Rio segue pro Centro.

Incluindo o da Nascente, ele cruza nada menos que 4 parques. 

Ou melhor fizeram o parque em suas margens.

Pois o Rio já está ali a séculos ou mesmo milênios.

Em dois deles o Rio foi represado, formando lagos.

Em duas tomadas acima Parque São Lourenço, no bairro de mesmo nome, Zona Norte.

Rio outra postagem: "da Nascente a Foz do Belém"ahú canalizado água árvore z/c ctba ciclovia parque comércio

Próximas 2: entre o Ahú e Centro Cívico, ainda ao ar livre mas já canalizado.

O lago e a barragem que o formou, como as legendas já explicaram.

A prefeitura colocou em diversos trechos do Belém esses tótens.

Que contam a história do Rio, e indicam como estava a qualidade da água em dezembro de 2014.

Acima a esquerda, o Belém logo após deixar o parque São Lourenço.

Ainda com as margens “in natura” incluso com uma ‘praia’ de pedrinhas.

Logo acima e ao lado, um pouco mais pra frente, no Ahú, próximo a divisa com Bom Retiro e Centro Cívico, portanto na divisa entre as Zonas Norte e Central.

Já canalizado, com suas margens emparedadas, como se o Rio fosse um criminoso.

Portanto nessa tomada logo acima nos aproximamos de mais um parque, o Bosque do Papa.

A direita o Belém exatamente nesse Bosque do Papa, igualmente concretado (essa tomada é de autoria de uma colega).

O detalhe que vale a pena destacar é essa bela árvore, toda amarelada, as margens aprisionadas do Belém.

Bairro Centro Cívico, resultando que adentramos a Zona Central.

A passagem pelo Centrão significará a morte pro Rio. Por que o homem é assim???

centro cívico z/c ctba desenho rio belém bosque papa joão paulo 2 museu do olho oscar niemeyer árvore água madeiraVeja um desenho que fiz do local: as águas do Belém (devidamente emparedadas).

E atrás dele o Memorial da Imigração Polonesa (com suas casas de madeira típicas), o Bosque do Papa e ao fundo a torre daquele que exatamente por isso é conhecido comoMuseu do Olho‘.

Ainda no Centro Cívico, ao cruzar a Cândido de Abreu, o Rio Belém se torna subterrâneo, e assim atravessa o Centro da cidade.Eixo parque Rio Belém placa vertical ctba ctba canal tótem totem novo cândido de abreu centro cívico z/c poluição nome bacia hidrográfica

Ao lado o tótem que há no exato ponto que o Rio perde o direito de ser visto e é empurrado pra baixo da terra.

(Antes de prosseguirmos, um nota sobre os 2 primeiros parques do Belém, o da Nascente e o S. Lourenço:

No Parque da Nascente o detalhe curioso é o único parque que conheço que não funciona nos fins-de-semana.

Há um CRAS (centro de atendimento psico-social) no local, e nos dias úteis é destacado um guarda municipal.

Que fica ali pra policiar as instalações públicas, portanto o parque fica aberto.

Sábados e domingos, com o CRAS de portas cerradas, fecham também o parque.

passeio público outra postagem "Ctba Florida - Leste a Oeste" rio belém lago água flor Z/C ctba árvore violeta rosa lilás centrãoPassam um grosso cadeado no portão pra não deixar dúvidas.

Já quanto ao São Lourenço: na Zona Leste da Grande Assunção-Paraguai também há um Parque São Lourenço.

Fica no município de mesmo nome. Também tem um lago muito bonito.

Atrás da Rodoviária.

De volta a Curitiba. Acima vemos o Belém em mais um parque, o Passeio Público.

Trata-se do primeiro parque de Curitiba, de 1886, que eu também já desenhei.

Novamente, o Rio represado formando um lago.

Aqui e a seguir o Belém na Vila Capanema (r): essa imagem é mais recente, ruas asfaltadas.

O Centrão da metrópole é cinza, mas também florido.

Ainda estou descrevendo a imagem do Passei Público.

Aquela em que uma árvore lilás florida se ajoelha sobre as águas.

O mesmo local em 1995 (r).

O Passeio é o único local do Centro em que o Belém re-emerge a superfície.

Logo a seguir ele passa exatamente no meio da Rua Mariano Torres, e mais uma vez embaixo da terra.

Após a Rodo-Ferroviária ele volta a superfície, e dessa vez em definitivo.  

Rio abaixo de novo a mesma situação: casas nas barrancas do Belém no Boqueirão (r).

Vemos isso na foto onde há uma caminhonete cinza e depois um carro vermelho em 1° plano (captei essa cena e a do Ahú de dentro do buso 2-andares da Linha Turismo).

As duas tomadas panorâmicas acima mostram o Belém (de leito bem azul) cortando a Vila Capanema, na divisa entre Prado Velho e Rebouças, ainda Zona Central

Trata-se de uma antiga favela, que foi urbanizada, porém diversos problemas sociais ainda aguardam solução, como não é difícil imaginar.

Ao fundo na foto mais recente (vide a legenda) vemos os prédios da PUC, num agudo contraste de renda que caracteriza nosso país e continente.

Atualmente a região está urbanizada. Dos anos 60 aos 90 do século 20 a situação era bem diferente, entretanto.

Havia palafitas tanto as margens do Belém como do Rio Água Verde, que deságua no Belém justamente no Capanema.

Veja logo acima duas panorâmicas do Rio Belém na Vila Capanema.

Tótem dos anos 70, o Rio cruzando a antiga BR-116, divisa do Prado Velho e Guabirotuba.

Como as legendas informaram, a primeira foto foi feita depois da que vem a seguir: as ruas – nas duas margens – já estão asfaltadas e não há palafitas se equilibrando precariamente.

Em 1995, entretanto, a prefeitura ainda estava concluindo a urbanização do local

Aqueles sobrados coloridos que vê a direita na imagem é uma ‘Vila dos Ofícios‘:

Removiam pessoas em situação de riscos pra esses conjuntos, a moradia era no andar superior e o térreo era destinado a atividade comercial.

Dividindo o Guabirotuba da V. Hauer.

O poder público já havia demolido algumas casas as margens do rio, mas ainda haviam algumas famílias por remover.

Hoje a Vila Capanema – ao lado do Parolin a maior vila popular da Zona Central, ambas antigas favelas – está localizada em dois bairros:

Prado Velho (onde está a maior parte da vila) e o Jardim Botânico (que até 1992 também se chamava ‘Capanema’, a Vila preservou o antigo nome do bairro).

Rio Belém no século 21, sem palafitas nas margens: foi feita essa primeira urbanização no ano 2000, porém a favela permaneceu, como vemos na foto abaixo a direita.

No passado eram três, ocupava uma parte do vizinho Rebouças igualmente.

O problema de barracos nas barrancas não se circunscrevia a Zona Central, obviamente.

Na foto que a legenda diz “No Boqueirão a mesma situação” vemos Rio Belém dividindo o Boqueirão do Uberaba, com palafitas nas barrancas em 1994.

vila canal Rio Belém ctba periferia boqueirão z/s homem p-b ponte

Mesmo local: ‘O Mensageiro’ na ponte sobre o Rio, ao fundo a Vila Canal Belém.

As palafitas foram removidas após uma grande enchente no ano 2000, o resto da favela ainda estás ali, as margens do rio.

Nos adiantamos um pouco, chegando ao Boqueirão. Vamos voltar a Zona Central pra seguir o relato.

Um pouco após a Rodo-Ferroviária, após o cruzamento com a Linha Verde (ex-BR-116), vide as legendas.

Não há mais casas nas barrancas; mas a favela continua ali (“o beco” no jargão local).

Bifurcação da Av. Salgado Filho com o Canal Belém. Mais um tótem, esse bem anterior, dos anos 70.

A partir daí o Belém passa a dividir as Zonas Leste e Sul, e assim permanecerá até a Foz.

No começo na margem direita Vila Hauer (Z/S), e esquerda Guabirotuba (Z/L).

Nesse trecho ele foi fotografado na tomada a direita acima.

canal belém outra postagem: "Da Nascente a Foz do Belém" vila hauer z/s placa rua ctba azul avenidaSeguindo Rio abaixo ele passa a separar – ou na verdade a unir – o Boqueirão/Zona Sul e Uberaba/Zona Leste (ao lado as placas no Hauer e Uberaba).

É nessa região que eu morei. Por isso na tomada em preto-&-branco a esquerda aparece O Mensageiro, autor dessa página – sobre  as águas do Belém,

canal belém outra postagem: "Da Nascente a Foz do Belém" z/l uberaba placa rua ctba azul avenidaAcima dessa uma foto do mesmo local, colorida e sem a minha presença.

Abaixo: na mesma ponte, um dia de junho de 2014 em que o ‘Belenzera’ (como ele é carinhosamente conhecido na nossa região) ficou furioso e destruiu tudo a seu redor.

Várias Kombis.

É a Lei da Natureza, irmãos: os homens destroem o Rio.

De quando em quando em quando, o Rio ‘devolve o favor’ e destrói o que os homens construíram.

‘Ação & Reação’ é a Lei que tudo governa no Universo, e aqui está mais uma prova.

Auto-Batismo na Pequena Água” – esse desenho foi publicado junho de 2014.

Sigamos. Notam que aqui o Rio já está bem mais  largo que na Zona Norte – e bem mais poluído também, infelizmente.

No passado ele foi navegável, e navegado. Um dia voltará a ser.

O rio e a cidade não são inimigos; nesse dia o homem enfim conseguirá viver em harmonia com a natureza.

Me propus a atingir sua foz caminhando. Foram preciso nada menos que três tentativas até conseguir.

Na primeira parei num haras que há no Boqueirão, no Parque Náutico.

Parque esse que por sua vez fica dentro do Parque Nacional do Iguaçu.

Ao lado: no bairro do Uberaba, se aproximando da Foz.avenida outra postagem: "Da Nascente a Foz do Belém" canal belém placa Uberaba Z/l ctba periferia rio quebrada subúrbio

Direita: um pouco mais pra frente, novamente na margem esquerda, a do Uberaba.

 Da (antiga) BR-116 até quase sua foz o Rio Belém é ladeado pela linha de ônibus que ele nomeia, a 475-Canal Belém.

Nessa tomada ao lado estamos perto do ponto final do busão, e portanto também da Foz.

Esq.: exatamente o haras que trava a passagem pela margem direita do Boqueirão.

Se você quiser ver a Foz, terá que seguir pela margem oposta, a do Uberaba.

E foi isso que eu fiz. Mas mesmo assim não é fácil.mata outra postagem: "da Nascente a Foz do Belém" uberaba rio belém ctba árvore z/l

É uma área erma e desabitada, sendo preciso enfrentar mata fechada, como visto ao lado.

Fui até onde deu. Cheguei até a última curva do Belém, documentada abaixo.

Só que não pude ver a Foz em sua plenitude, faltou um pouquinho.

Pois pra passar a partir dali tinha que ter um facão pra abrir no muque uma picada em meio ao matagal.

Ainda assim foi possível observar que a foz estava assoreada, daí os alagamentos.

Essa ‘Expedição Urbana’ foi em maio de 2014, um mês antes da enchente histórica.

Rio abaixo o limite é o que vemos na foto a direita.

Pra ver em sua plenitude o momento de Nirvana em que o Belém se perde no Iguaçu, é preciso ir rio acima.

Em novembro de 15, foi o que eu fiz. Fui pelo Parque Municipal de São José, que também fica dentro do Parque Nacional do Iguaçu.

Enfim vi a foz, fotografada abaixo. Notei que dragaram as margens.

Por isso em mais de dois anos (do meio de 14 até novembro de 16, quando a matéria subiu pra rede) não houveram inundações no Boqueirão.

Aí está: da Nascente a Foz, o maior rio de Curitiba é assim.

Deus Salve a Belenzera.

PARQUE DA NASCENTE DO BELÉM –

Adiciono agora mensagem publicada em 5 de janeiro de 2016. Ao lado o referido CRAS.

O Parque das Nascentes do Belém está cheio do hortências.

A esquerda o comecinho da descida da trilha que vai pra nascente.

Vemos a casinha pra alimentar os passarinhos (ampliada no detalhe) e o mirante.

Mais cenas captadas no local que preserva onde emerge o maior rio de Curitiba:

“Deus proverá”

6 comentários sobre “Da Nascente a Foz, eis o maior rio curitibano: o Belém

  1. Anônimo disse:

    bela matéria investigativa!
    E Rafael Greca sempre mais gagá, falando que o belém ira ser recuperado em 2017…estamos em 2024 e nada.

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  2. Leonardo Moreno disse:

    Saberia dizer pra que serv aquelas estruturas no canal no trecho proximo ao bosque do papa, aquelas com plantas em cima do rio?

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