Dos Parques as Favelas: O Rio Barigüi, Zonas Oeste, Norte e Sul

Principais rios do município de Curitiba. Abaixo explico detalhes do mapa.

Por Maurílio Mendes, “O Mensageiro”

Publicado (em emeios) em 21 de dezembro de 2011 e 4 de fevereiro de 2014.

Levantado pra página em maio de 2015, reformulado pra abranger todo trajeto do rio em outubro de 2017.

Maioria das fotos de minha autoria. As que foram baixadas da internet eu identifico com um (r) de ‘rede’ –  créditos mantidos sempre que estavam impressos.

Vamos falar do Rio Barigüi. As margens dele fica o mais famoso parque da cidade.

Como é de domínio público, trata-se do que tem o mesmo nome, na Zona Oeste.

Mais a montante (mais perto da nascente, pra quem não conhece essa palavra), na Zona Norte, há outros belos parques também muito frequentados.

Próxs. 2: Parque Tanguá (r). Aqui a parte alta, após a construção há cachoeira vista a esq. .

Trata-se do Tanguá (ainda na divisa com Tamandaré) e o Tingüi (esse já bem próximo ao Parque Barigüi).

E mais a jusante (mas perto da foz, o contrário de montante) as margens do Rio Barigüi abriga várias favelas e vilas populares, nas Zonas Oeste e Sul.

Ademais, o Barigüi é o maior rio curitibano, embora não seja o maior rio 100% curitibano.

Dito e feito (r). Nesse trecho o Rio Barigüi (represado pra formar o lago) divide a capital de Tamandaré, onde ele nasceu.

Quero dizer com isso o seguinte: o Barigüi é o rio que tem maior quilometragem dentro do município de Curitiba.

Só que ele nasce num município vizinho, no caso Almirante Tamandaré.

E além disso tanto na Zona Norte quanto na Zona Sul ele divide Curitiba de municípios vizinhos (o próprio Tamandaré já citado e Araucária, respectivamente)

Portanto o percurso de seu leito é compartilhado entre as 3 municipalidades.

Próximas 3: Rio Barigüi no Parque Tingüi. A partir daqui as duas margens estão dentro do município de Curitiba.

o Belém tem um trajeto menor, mas sua nascente e foz são na capital, e ele nunca tem sequer uma das margens em outro município.

Analogamente, o Barigüi é o principal rio da Zona Oeste, mas não o maior rio 100% ocidental.

Pois ele, como dito, cruza também as Zonas Norte e Sul. O Passaúna, por outro lado, no município de Curitiba fica inteiramente na Zona Oeste.

Tanto o Passaúna quanto o Barigüi são compartilhados com outros municípios, nesse quesito empatou.

Domingo no parque.

O Belém e o Barigüi nascem bem próximos um do outro mas aí vão se afastando, o 1º vai pro leste, o 2º pro oeste. Vide o mapa acima:

O Belém nasce no bairro da Cachoeira. Município de Curitiba, mas muito perto de Tamandaré.

E é justamente em Tamandaré, repetindo, que fica a nascente do Barigüi.

Isso não está retratado no mapa, uma vez que ele só abrange o município de Curitiba.

Ainda dividindo Ctba. de Tamandaré, vamos encontrar o primeiro dos 4 belos parques as margens do Barigüi: 

O Parque Tanguá (tão bonito que foi escolhido como imagem de abertura do Portal da Zona Norte), que fica entre os bairros Pilarzinho e Taboão.

O Pilarzinho é um bairro grande, muito populoso (28 mil moradores no Censo/10, hoje [2017] perto de 30 mil – assim o 3º mais povoado da Z/N, atrás de S. Cândida e Boa Vista).

Próximas 2: bairro Vista Alegre, Z/O (ao lado do Pq. Tingüi): agudo contraste social. Condomínios de padrão bem elevado,

E bastante conhecido, até por abrigar a maior parte das antenas de TV e rádio da cidade.

O Taboão é o exato oposto. Pequeno e esparsamente habitado:

Somente 3 mil residentes no Censo/10, que faz dele o 15º e último da Z/N, e o 69º de Curitiba, de um total de 75.

Ademais, pouquíssimo conhecido. A imensa maioria dos curitibanos ignora que existe um bairro ‘Taboão’ em nossa cidade.

na quadra seguinte casas simples, sem muro, onde se criam até galinhas.

Antigamente havia uma linha de ônibus chamada Taboão/Campo Santo.

A tempos o nome foi alterado pra Abranches/Cemitério Água Verde, exatamente porque ‘Abranches’ é um termo familiar mas ‘Taboão’ não.

O Taboão, como o Santo Inácio, definitivamente faz parte da ‘Cidade Oculta’, aqueles bairros de Curitiba que pouca gente ouviu falar. O único da Z/N, os demais são Z/O.

………

Portal de S. Felicidade (tirei de dentro da Linha Turismo. Pinheiros nos fundos do Parque Barigüi).

Logo a seguir do Tanguá o Rio Barigüi faz uma curva pro oeste, e depois uma pro sul.

É nesse ponto que ele deixa de dividir Curitiba de Tamandaré e entra integralmente no município de Curitiba, nas 2 margens.

A partir dali, por um breve momento, o Barigüi separa as Zonas Norte e Oeste, pois divide os bairros Pilarzinho e São João, respectivamente.

Rio Barigüi no fundo do parque que tem seu nome.

Logo a seguir entra integralmente na Zona Oeste, em suas 2 margens, onde permanecerá por um bom tempo (é o rio que mais tem quilometragem na Z/O, como já dito).

Passa a dividir São João da Vista Alegre. E ali, entre os bairros S. João, Pilarzinho e V. Alegre está o 2º parque que ele cruza, o Tingui.

Colagem mostra a parte frontal e mais famosa do Parque Barigüi, o rio represado formando um lago. A foto acima da manchete registra o mesmo local.

Não confunda com o bairro Tingui (antigamente Vila Tingüi, na década de 70 aboliram o ‘vila’, e já nesse milênio excluíram a trema do idioma português), que também é Z/N mas do outro lado dela.

Já fiz matéria específica sobre a região, com muitas fotos.

Escrevi: “No Parque Tingui há um contraste social agudo.

Mansões quase ao lado do parque: a Zona Oeste se urbanizou e aburguesou intensamente nas últimas 2 décadas e pouco – destaquei a ação dos pichadores.

A Linha Turismo passa pela margem direita do Rio Barigui (ou Barigüi, as vezes mantenho o trema por ser nome próprio e permitir ‘licença poética’) vendo a partir da nascente.

Uma parte muito rica, no bairro São João. Onde há o Memorial Ucraniano, e ao redor dele condomínios de classe AA. Mas cruze o rio, e levará um choque.

Jardineira “Pro-Parque” Barigüi – eis a antecessora da Linha Turismo.

Do outro lado do Parque (lembre-se, as fotos ao lado mostram o Parque Barigüi, mas ainda falamos do Parque Tingüi, um pouco a montante) há também moradias de alto padrão.

Entretanto, justamente na Vista Alegre e Pilarzinho, você verá igualmente casas de madeira muito humildes.

Algumas caindo aos pedaços, sem muro nem garagem. E ainda há criação de galinhas – soltas em via pública.

Num barranco tão íngreme que você está na rua e seus pés estão acima do telhado da casa em frente”.

Aqui e a seguir Favela do Bom Menino, a primeira de muitas as margens do Barigüi.

Natural, eu já disse que a Zona Oeste é onde Curitiba mais se parece com Ponta Grossa-PR.

………..

Seguindo o Rio Barigüi, chegamos no Parque . . ., bem, agora sim no Parque Barigüi.

Barracos se espremem na barranca, numa das regiões de m2 mais caro da capital

Obviamente o mais famoso da cidade, construído nos anos 70.

Já fiz matéria específica sobre ele e um dos bairros que o circundam, o Santo Inácio, com muitas fotos.

Até pouco mais de uma década atrás (texto de 2015) logo em frente ao parque – do lado oposto da BR-277 – havia uma favela as margens do rio.

Na primeira década desse milênio foi removida, ao menos essa parte.

Restaram umas poucas casas na porção seca, fora das barrancas, e a vila foi urbanizada.

Só que 3 quadras depois (nos fundos do Carrefour) ainda há uma favela na beira do Barigüi.

Esse tubo é quase em frente a favelaum belo entardecer em Curitiba, março de 2014.

Veja nas duas imagens acima a direita o que há num dos bairros mais caros da cidade:

“O Sol se Põe no Oeste”: o prédio da frente (em obras na ocasião, agora pronto) está na Camp. do Siqueira, os do fundo Mossunguê, separando os dois bairros o Rio Barigüi.

Trata-se da Favela do Bom Menino, ou ‘Favela do Campina’:

Como se estende nas duas margens do Rio, ocupa território do Campina do Siqueira – daí o nome – e Mossunguê.

Em seu entorno moram tanto os mais abastados quanto os mais humildes, o Rio já viu de tudo. E ele segue seu rumo.

Acima vimos que ele separa Campina do Siqueira e Mossunguê.

Quando a Nossa Sra. Aparecida (continuação da Av. Batel) cruza o Barigüi ela muda novamente de nome e se torna a Eduardo Sprada.

Nesse ponto o Rio separa brevemente outros dois bairros da Z/O, Seminário e Campo Comprido.

Logo ele passa a ser a fronteira entre o mesmo Campo Comprido e Santa Quitéria.

No Campo Comprido está o campus da Uniandrade, as margens do rio.

E ali vamos encontrar mais uma pequena favela em suas barrancas, no Santa Quitéria.

Registrada nas imagens (também obtidas com ajuda do ‘Google Mapas’, como notam) acima e ao lado:

Se o tema é ônibus antigo, segura esse Gabriela da Luz (r): pintura livre, entrada por trás. Linha Rua XV/Barigüi, unindo as Zonas Leste e Oeste – foi assim desde o tempo da pintura livre até 2021, quando a linha foi seccionada no Centro, agora ela se chama somente ”Barigüi” e só serve a Z/O.

O Rio, a pequena vila popular, e em segundo plano o prédio da faculdade.

Não lhes passou desapercebido que alguém escreveu ‘Perigo’ no muro.

Uma favela na Zona Oeste da cidade, que alguns consideram ‘perigosa’. Já vi essa cena em Medelím.

Porém na Colômbia a favela ‘Comuna 13’ (nessa cidade as favelas são numeradas, como em Buenos Aires-Argentina) toma toda encosta de um morro.

Já a vilinha do Santa Quitéria é pequena e plana. Mas igualmente ‘bem situada’, no bairro que quase se chamou ‘Carmela Dutra’.

Próximas 8: Vila Barigüi, que tem um pequeno pedaço na Fazendinha e a maior parte na Cidade Industrial. Começamos vendo a parte da C. Industrial. Em 1º plano a rodovia BR-376, nesse trecho urbano conhecida como Contorno Sul.

Ficaram em dúvida entre esse nome, o da esposa do presidente que nomeia a principal rodovia brasileira, e Santa Quitéria.

‘Carmela Dutra’ virou um conjunto e linha de ônibus, mas pro bairro como um todo no fim optaram pela santa.

Enfim. Logo a frente da Uniandrade há uma favela em que as casas se espremem nas barrancas, isso já disse. Pois bem.

Logo após o campus há um afluente do Barigüi. Um pouco rio acima nesse riacho há mais uma favela, a da Vila Santos Andrade, Campo Comprido.

O nome da creche já entrega a localização!

Essa não é exatamente no Barigüi, mas próxima, num de seus tributários.

Acima a esquerda vimos o ônibus da linha Rua XV/Barigüi. É ela quem serve a Vila Santo Andrade, e leva o nome ‘Barigüi’ por isso, por ser próximo do Rio que estudamos hoje.

Na sequência o Barigüi passa a dividir a Fazendinha do Campo Comprido.

O Rio que é a espinha dorsal da vila.

E ali, quase frente a frente, há mais duas antigas favelas, agora urbanizadas: Vilas Rigoni na Fazendinha e Malvinas no C. Comprido.

Quando esse curso d’água passa a ser fronteira entre Fazendinha a CIC, há o Morro da Esperança na Cidade Industrial, e na margem da Fazendinha o começo da Vila Barigüi.

Só o começo da V. Barigüi é na Fazendinha. 95% de seu território é na CIC, pois logo o Rio Barigüi entra integralmente nesse que é o maior bairro de Curitiba tanto em área quanto PIB e população.

Próximas 3: seguimos vendo a Vila Barigüi, Cidade Industrial de Curitiba.

Ou seja, a partir daqui nas duas margens é CIC. E nas duas margens é Vila Barigüi, por um bom tempo, até chegar ao Contorno Sul e a Vila Verde.

A Vila Barigüi é na verdade a soma de muitas e muitas vilas que se agrupam. Várias são invasões em diferentes estágios de urbanização.

Algumas são muito antigas e já foram remodeladas completamente, você não percebe que um dia foram favelas. Outras são recentes, uma delas tem pouco mais de um ano quando atualizo a matéria (out.17).

Fotografei dos dois lados da ponte.

Essa última invasão se deu no começo de 2016 (ano eleitoral, como é tradição em Ctba.), e ainda aguarda a regularização.

Ao mesmo tempo também fazem parte da Vila Barigüi conjuntos de cohab que nunca foram favelas, obviamente.

Só que o tempo passou, os moradores modificaram as casas, erguendo puxadinhos e subindo as lajes. Ao mesmo tempo as favelas foram urbanizadas, as palafitas foram removidas da barranca.

Com essa tomada da Rua Cid Campêlo (a principal desse pedaço) fechamos a parte da Vila Barigüi que fica na CIC.

Na parte seca e plana vieram o asfalto, nomes oficiais das ruas e ligações regulares de água e luz. Os barracos deram lugar a casas, e nessas logo subiram as lajes. Tudo somado:

Andando pela Vila Barigüi, você não diferencia as áreas que começaram como conjuntos de cohab das antigas favelas urbanizadas.

Todas estão asfaltadas, densamente povoadas, com muitas lajes erguidas. Tudo junto e misturado.

A Vila Barigüi é o que os cariocas chamam ‘complexo’, os mineiros ‘aglomerado’.

Vila Barigüi Fazendinha Zona Oeste3

Aqui e a esquerda: ainda Vila Barigüi, mas agora a parte que está no bairro Fazendinha. Nessa imagem na margem do rio mesmo, a seguir uma placa de rua.

O ‘Complexo do Barigüi’, uma das maiores periferias da cidade, muitas vilas em uma.

Pra quem não é familiarizado com meu trabalho, ressalto mais uma vez que eu não falo da favela com desprezo.

Exatamente ao contrário, Eu Amo a Favela, Sou Um com ela.

Conheço por dentro todas as favelas do município de Curitiba, e mais algumas milhares em várias partes da América e África.

Ao retratar a Saga da Vila Barigüi e usar o termo ‘complexo’, é uma homenagem e jamais uma crítica, que fique claro.

Vila Barigüi Fazendinha Zona Oeste2……

Isto bem esclarecido, vamos agora a mensagem original, que deu origem a essa ampliada em 2017.

Foi levantada pro ar em 3 de maio de 2015, e publicada originalmente em dois emeios que seguiram em 2011 e 2014.

margens do barigui e imediacoes: fazendinha e cic, zonas oeste e sul

“Rua AT-51”: relembrando a origem da CIC nos anos 70. V. Osvaldo Cruz, Z/Sul.

Você pegou a dinâmica, não? A partir desse título é uma ‘postagem dentro da postagem’.

Pois eis na na verdade a postagem original, eu aviso quando ela acaba. Então vamos lá.

Mais uma mensagem com muitas fotos unindo dois emeios.

Embora as áreas fotografadas sejam próximas, pegam um trecho da Zona Oeste e outro da Sul.

Eis o nome atual da AT-51.

É porque a Cidade Industrial (CIC) é muito grande, então entra nas duas regiões.Veja o mapa da cidade, onde eu explico isso melhor.

Resumindo é o seguinte: a maior parte dela (CIC Norte e CIC Central) é Zona Oeste, mas a CIC Sul é Zona Sul.

…………

Rio Barigui

Carneiros pastam na margem do Rio Barigüi, CIC, Zona Oeste. Essas 3 primeiras fotos são de 2011.

Vejamos o que eu escrevi a época. Primeiro o emeio que seguiu em 21 de dezembro de 2011, que trazia apenas 3 fotos, 2 na Z/S (acima) e 1 na Z/O (ao lado).

Veem os carneiros pastando as margens do Rio Barigüi, na parte da cidade que leva seu nome, Vila Barigüi, Zona Oeste.

Raridade: no topo da sub-matéria a nomenclatura original e a atual da mesma rua, na Vila Osvaldo Cruz, logo abaixo do Terminal do CIC.

As próximas 14 fotos são do emeio de 2014. Começamos vendo o mesmo Rio Barigüi, nesse trecho divide CIC e Fazendinha, Z/O.

É perto do pasto que os animais se refastelam mas já estamos na Zona Sul. Os mais antigos se lembram que quando a Cidade Industrial foi criada as ruas receberam siglas, ao invés de nomes.

Tinha algo a ver com a posição cartesiana delas. As ruas no sentido norte-sul eram as AT’s, e no sentido leste-oeste BT’s. Ou algo assim. O que é certo é que era relativo a localização delas.

Essa aqui era a antiga Rua AT-51, no presente Rua Padre Landell de Moura. Osvaldo Cruz, Cidade Industrial de Curitiba. Relembrando o passado . . .

……….

Jardim Independência Fazendinha Z-Oeste

Jardim Independência, Fazendinha.

Agora o emeio de 4 de fevereiro de 2014.

Mais um ensaio fotográfico retratando minhas andanças pela cidade.

Chegou a vez da Zona Oeste. As vilas são o Jardim Independência (Fazendinha), Vila Barigüi (que se espalha por CIC e Fazendinha) e o Morro da Esperança, CIC, visto abaixo.

(Nota: comecei esses ensaios fotográficos no início de 2014, e esse foi o primeiro feito na Z/O, por isso ‘chegou a vez dela’.

Vila Esperança, CIC, Zona Oeste (também chamado ‘Morro da Esperança’). Não confunda com a vila de mesmo nome no Atuba, na Zona Norte.

Isso no modal do emeio, que perdurou de 2010 ao começo de 2015. No Carnaval de 2015 a página foi inaugurada.

Então quando essa matéria subiu pra rede [em maio de 15] já haviam outras matérias sobre a Z/O no ar porque a publicação não necessariamente foi efetuada na mesma ordem que os trabalhos feitos em campo.

Ademais, como sabem, nem sempre a foto coincide com o texto ao lado dela, busque pelas legendas.)

Chega dessa introdução e vamos ao que interessa, ver e falar da Fazendinha e CIC, Zona Oeste da metrópole.

……………Jd. Independência Fazendinha Z-O fim de tarde

Comecei e terminei a volta no Jardim Independência, bairro Fazendinha. Descemos em direção a Cidade Industrial, o bairro mais populoso de Curitiba.

Passamos brevemente no CIC, pra logo adentrar de novo na Fazendinha, rumando ao ponto inicial.

Jardim Independência Fazendinha Z-Oeste1E ali, na Rua Arnaldo Thá (uma das principais da Fazendinha), capturei esse pôr-do-Sol (dir.)

Ao lado uma das vias secundárias do Jardim Independência, de tráfego local.

………………..

Jardim Independência Fazendinha Z-Oeste2

Quitinetes: habitação popular no Jd. Independência, Fazendinha, Z/ Oeste. Veja o mesmo tipo de moradia nas Zonas Sul e Leste.

O Independência era uma região que era periferia, subúrbio depauperado. Mas com o crescimento da cidade, tanto em área urbanizada quanto em renda, tem surgido ali construções de padrão mais alto.

Evidente, o aburguesamento do Jd. Independência é real, mas bem menos intenso que em outras porções da Z/O como S. Felicidade, Santo Inácio, Mossunguê, São Braz, Campo Comprido entre outros.

Assim, ainda permanecem moradias mais humildes, especialmente do tipo que vemos na imagem ao lado: o cara constrói vários cubículos geminados.

Quarto-e-cozinha apenas, com banheiro mas sem sala e área de serviço e muito menos garagem, e aluga.

Vila Barigüi Fazendinha Zona Oeste

Vila Barigüi, nesse trecho ainda é Fazendinha. Depois ela entra na CIC, como já dito várias vezes.

Em Belém-PA, esse tipo de residência minúscula é chamado “quitinete” mesmo quando é horizontal, como é o caso aqui.

(Na verdade, depois reparei que o termo ‘quitinete’ pegou aqui no Paraná também.)

Logo chegamos na divisa com a Cidade Industrial. Essa região não se aburguesou, bem ao contrário.

Veem que há vários sobrados ali, mas não são conjuntos, e sim do estilo que o ‘rap’ define como “duas lajes é triplex”.

divisa CIC-Fazendinha Z-Oeste

Próximas 4:  Cid. Industrial quase no limite com a Fazendinha. Aqui não estou na margem do rio, e sim terra adentro.

Ou seja, prédios artesanais, sem alvará evidente, em que o cara vai por conta “enchendo lajes” e adicionando andares na raça.

…………….

Como a legenda da foto ao lado informa, nas próximas 4 tomadas eu estou terra adentro, portanto um pouco mais distante da margem do Rio Barigüi.

Mas aqui no texto volto a falar da região ao lado do curso d’água, já tão descrita acima.

Cidade Industrial Z-Oeste

Vila Sibisa, Cidade Industrial. Exatamente na fronteira com Fazendinha. Nesse trecho é divisa seca, pois a CIC já se alargou tomando posse das 2 margens do Rio.

Bem-vindo a Vila Barigui, irmão. Não confunda com o Parque de mesmo nome, por favor.

Ambos só tem em comum o fato de ficarem na Zona Oeste e as margens do Rio que os nomeia. De resto, são mundos a parte, como as imagens deixam claro.

………..

Num outro dia, um ano e pouco depois (no meio de 2015), eu complementei esse rolê e eu tirei mais fotos da Cidade Industrial.

Dessa vez além da Vila Barigüi (já viram as imagens acima), do outro lado do Contorno, das Vilas Conquista e Sabará, mais o vizinho bairro do S. Miguel.Cidade Industrial Z-Oeste1

Tinha acabado de haver grande onda de invasões na região, e fomos lá conferir e registrar tudo.

…………….

De volta a parte em que o Rio divide a CIC da Fazendinha. Naquela pequena porção da V. Barigui que fica na Fazendinha, repetindo.

Na outra margem, está o Morro da Esperança, Cidade Industrial.

Já lhes disse muitas vezes e é notório, a periferia de Curitiba hoje se assemelha muito a de São Paulo, e essas fotos dirimam qualquer dúvida que por ventura esteja pendente. 

Pegando mais uma carona na música do Criolo, poderíamos chamar então a região de “Fazendex”, não?

Jardim Independência.

Assim é a margem do Barigüi rio abaixo, quando ele caminha pra foz no Iguaçu. Rio acima, perto da nascente, a cidade é bem diferente no entorno dele, não custa enfatizar de novo.

É a divisa entre as Zonas Oeste e Norte, a parte alta e rica da cidade. Agora chegamos na Baixada do Barigüi, a periferia, a “Cidade da Laje”.

A Zona Oeste de Curitiba é assim, ao menos essa parte da Z/O.

Vila Barigüi Fazendinha Zona Oeste1………..

Como sempre, muitos contrastes na Fazendinha: região que vem se aburguesando acentuadamente, veja os sobrados triplex de classe média na tomada acima.

Bem pertinho, a Vila Barigüi (na foto ao lado na parte da Fazendinha mesmo). Anoitece na Fazendinha Zona Oeste

Onde também há sobrados, mas não conjuntos feitos prontos pra alta e média-alta burguesia. E sim ali de classe trabalhadora, onde cada um ergueu por sua conta própria.

Sem alvará na imensa maioria das vezes, não custa nada frisar de novo.

Na foto a direita é na nesse bairro, mas longe da parte retratada anteriormente. Já estou na Rua João Bettega, rumando de volta a Zona Sul.

Anoitece na Fazendinha, fevereiro de 2014.

……………….

Aqui se encerram o emeio de 2014, e por consequência a postagem original de 2015. Mas o trajeto do Barigüi ainda continua.

Daqui até o final, as imagens mostram o ‘Complexo da Caximba’, outro ‘aglomerado’ de vilas as margens do Barigüi, sobre as quais já fiz matéria específica com muitas fotos. O mapa mostra, além do Rio, o que já existia em 2010 e o que surgiu nessa década.

Portanto volta a atualização produzida em outubro de 2017.

Acima a esquerda vemos a Repar, a Refinaria da Petrobrás em Araucária.

Eu cliquei essa foto no município de Curitiba, no bairro Tatuquara. Entre eu e a refinaria está justamente o Rio Barigüi.

Já falaremos do Tatuquara. Por enquanto ainda estamos no bairro Fazendinha:

Ali há mais um parque em suas margens, o Cambuí, o mais recente deles e o único na periferia.

Depois começa a V. Barigüi, já tão falada. Depois dela ele cruza o Contorno Sul (melhor diríamos que o Contorno é quem o cruza, já que leito do rio precede o da rodovia em milhares de anos).

No local havia antes uma pequena favelinha chamada Belo Ar (corruptela evidente de ‘Bel Air’, de Los Angeles/EUA), que está sendo retirada.

Em imagem baixada da rede, a invasão na Caximba em 2010.

A seguir o Rio Barigüi sai da Zona Oeste, após ter ficado nela a maior parte de seu trajeto. E entra na Zona Sul.

Mais: a partir dali ele passa a dividir os municípios de Curitiba e Araucária. Nessas condições permanecerá até sua foz no Rio Iguaçu.

A primeira vila que ele margeia nessa condição é a Vila Verde, Cidade Industrial. Uma antiga favela, agora legalizada e urbanizada.

Depois vem a Vitória Régia, esse nunca foi invasão, e sim um conjunto popular. Também no CIC.

Rio Barigüi divide Araucária, a esquerda na imagem, de Curitiba. A direita a Vila Sapolândia, bairro Caximba, na capital do estado. Essa vila é antiga, anterior a 2010.

A seguir vem o Tatuquara, um dos bairros que mais cresceu nos anos 90 e 2000.

Aí entramos no Campo de Santana, o bairro da cidade que mais cresceu entre os censos de 2000 e 2010.

Isso porque foi feito ali – também as margens do Barigüi – um enorme loteamento, o Rio Bonito, a partir de 2003.

No mesmo local, apenas me virei na direção oposta. A esquerda da imagem Curitiba, essa é a parte nova da invasão, que veio nesse década.

Um projeto similar ao Bairro Novo no Sítio Cercado uma década antes.

Com a diferença que o Bairro Novo foi um projeto estatal, da prefeitura, implantado pela cohab. E o Rio Bonito é particular.

E o último bairro de Curitiba que o Barigüi margeia é a Caximba. Como a legenda já informou, de 2010 pra cá a região passou por grande onda de invasões.

Daqui até o fim: invasão da Caximba. Veja os ‘gatos’ de luz (detalhe a esq.).

A sua população era pequena (pouco mais de mil habitantes) e foi multiplicada por 6 ou mesmo 7.

Resultando que a Caximba irá com sobras liderar o crescimento proporcional entre os censos de 10 e 20.

Vocês entenderam, não? Curitiba cresce para o Sul. E em dois vetores: nos anos 90 no Sítio Cercado com o Bairro Novo, como já dito.

Mas depois desse milênio não tanto nessa região – claro que ela teve algumas ampliações, mas nenhuma tão massiva.

E o outro vetor é a margem do Barigüi. Essa está em expansão constante desde os anos 80: 

Na sequência surgiram Vila Verde e Vitória Régia (CIC); Jardim da Ordem, Vila Santa Rita e imediações no Tatuquara; Rio Bonito no Cpo. de Santana;

E agora nessa década as pequenas invasões que já existiam na Caximba incharam desproporcionalmente.

A coisa está bem crítica. Ali ainda é favela de verdade. A direita uma panorâmica do local.

Em 2014 a PM retirou perto de mil famílias, mas o ‘Complexo da Caximba’ já inchou tanto que não chegou a fazer cócegas.

Repito o convite, fiz matéria específica, com dezenas de fotos, aqui estão apenas algumas delas, como aperitivo.

No ponto final do V. Juliana, o busão no canto.

Novas famílias chegam a cada dia, apesar das condições de miséria novas casas continuam a pipocar.

Ao lado isso fica nítido, mesmo em meio ao lixo novas moradias surgem num ritmo acelerado.

Claro que o esgoto corre a céu aberto, como veem abaixo.

……..

Logo após o ‘Complexo da Caximba’ está a foz, quando o rio encerra sua saga.

Enfim, amigos, assim é o Rio Barigüi. Belos parques, e várias favelas. Um retrato fiel de Curitiba, não é mesmo?

Deus proverá.

2 comentários sobre “Dos Parques as Favelas: O Rio Barigüi, Zonas Oeste, Norte e Sul

  1. Eu disse:

    Nao Tem comparação das vilas de Curitiba com as favelas do resto do Brasil. Principalmente fora do Sul pelo Brasil acima. Somente o caximba mesmo que é bem feio mas mesmo assim em comparação com a proporcao da cudade é mínimo. Com a mudança de governos que aconteceram de 2017 pra ca que são mais contrários à invasões diferentes dos governos de esquerda que gostam de cultivar pobreza, agora movimentos de sem tetos estão muito mais fracos e invasões que poderão dar início a novas favelas vao ser mais raras. A cultura empreendedora que está se aflorando mais em nossa região está fazendo até os bairros mais pobres deuxaremnde ser pobres como vice diz: se “aburgesando” mas isso é bom pois é um indicativo de que os pobres estao ficando mais ricos com o passar do tempo. Cultivar e incentivar a cultura da pobreza nunca é bom. A utopia de distribuição de riquezas também não funciona. Minha família no passado sempre foi pobre mas nunca se curvou a cultura da miséria e da indecência. O certo é fazer os pobres enriquecerem como muitos bairros de Curitiba tem feito.

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    • omensageiro77 disse:

      Concordo contigo. Estou escrevendo sobre Salvador. Fotografei esse mesmo processo perto do aeroporto, região que vem se desenvolvendo muito com a inauguração do metrô (essa linha em 2016). Cliquei um grande conjunto de prédios que foi erguido numa parte da cidade que antes continha bastante pobreza. Escrevi na legenda: ” Há esperança: perto do aeroporto (o avião já se prepara pro pouso). De novo, note o gradil do metrô – a melhoria dos transportes levando progresso pra periferia, tornando de classe-média partes antes depaueradas. ” Confira:

      Onde Tudo Começou: Salvador da Bahia

      Apenas faço a ressalva que não é apenas na Caximba (Zona Sul) que Curitiba tem um grande bolsão de miséruia. As invasões surgidas no São Miguel, próximo ao CIC (Zona Oeste), a partir de 2015 – e que tiveram crescimento intenso desde então, se fundindo – estão na mesma situação. Na Caximba a questão dos alagamentos é mais grave, pois é várzea do rio.. Em compensação, no São Miguel.as casas se erguem as margens de um lixão, a quantia de urubus que sobrevoa o local não deixa dúvidas sobre a insalubridade da região.

      “Expresso do Ocidente”: Caiuá e imediações (CIC, São Miguel e Augusta, Zona Oeste)

      Abraços

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