Prefixo em cor diferente: é a ‘Costa Norte’ Brasileira

angelim fortaleza

Início dos anos 90: Fortaleza ainda tinha pintura livre. Mas o prefixo em outra cor já estava presente. Por pouco tempo a entrada foi pela frente, depois voltou pra trás. Monobloco da Angelim, mostrado sem esses retângulos vermelhos nessa outra mensagem.

INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO

Por Maurílio Mendes, ‘O Mensageiro’

Publicado em 1º de setembro de 2011

Duas fotos tirei pessoalmente em Fortaleza, 2011, uma no Aeroporto e outra no Centro. Informo quais na legenda.

Todas as demais foram baixadas da internet. Os créditos foram mantidos, sempre que eles estavam impressos nas mesmas.

Nas legendas, quando possível, passo a ligação pras fontes.

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teresina-pi

Teresina, atual (os créditos mostram: a maioria das fotos pertence ao sítio Ônibus Brasil).

Você já reparou que os ônibus de Fortaleza, Teresina, São Luís, Belém e Manaus têm (ou tiveram até recentemente) o prefixo pintado em cor diferente do resto do número?

As imagens são auto-explicativas (destaco pelo retângulo vermelho esse detalhe).

Falei em texto anterior que Fortaleza é o coração da Costa Norte brasileira. Vamos aprofundar o tema hoje.

São Luiz, ainda na pintura livre.

O nome se deve, logicamente, a posição das cidades que a compõe em relação ao Oceano Atlântico. Mas vai muito além disso:

Quando falo em Costa Norte, é também uma definição cultural.

Fortaleza-CE, Teresina-PI, São Luís do Maranhão e Belém do Pará formam uma região homogênea, que tem sua própria cultura.

belem-pa1

2ª padronização de Belém.

Costa Norte é um conceito humano, e não meramente físico.

Manaus-AM não é ‘Costa Norte’, afinal não é nem perto do Oceano.

Mas nesse caso foi por influência de Belém (as duas maiores metrópoles do Norte são ligadas, por motivos óbvios).

E usarei a busologia pra comprovar o que estou dizendo.

Manaus, ainda era pintura livre.

Nessas capitais, e somente nelas, há o costume de colocar os dois primeiros números dos ônibus em cor diferente.

Essa ideia surgiu em Fortaleza, o epicentro da Costa Norte, e logo se espalhou pelas demais capitais.

Vejamos as fotos, pois elas deixam tudo isso muito claro:

Eis espalhados pela página vários busões da saudosa Companhia de Transporte Coletivo (C.T.C.) da capital cearense.

ctc

1ª padronização de Fortaleza. A princípio seriam 3 pinturas, conforme a categoria (expresso, alimentador, radial, etc). Mas depois todos os busos ficaram com essa pintura.

Mostrando o primeiro padrão padronizado da cidade, dos anos 90. Um deles (dir.) tem a numeração: 09 264.

Vemos também mais pra baixo a pintura unicolor toda azul clara com as flechas.

Era a vigente quando estive no Ceará e escrevi esse emeio, em 2011.

O carro em questão é 10 003 (me refiro a tomada que há 2 veículos no Aeroporto).

Próximas 2: eis as outras pinturas da 1ª padronização fortalezense. Duraram pouco e foram abandonadas, todos os carros repintados como está na foto acima a direita acima, repetindo. O embarque pela dianteira tampouco vingou, voltou pra traseira – mas na década de 10 mais uma vez foi pra frente.

Durante muitos anos houve um desenho similar com flechas em Belo Horizonte-MG, que também já foi mudado.

Nessa cidade do Sudeste não houve o prefixo de outra cor.

Aqui estou falando só das flechas, que por um tempo existiram tanto nas capitais de Minas quanto do Ceará. Mas essa é outra história.

………

De volta a Fortaleza. Pra levantar a matéria pra rede, em 2015, puxei mais fotos.

Ano de 1992. Hoje em Fortaleza, entrar pela frente só em veículos em testes  o Hibribus de Curitiba estreou lá. A fonte dessa tomada é o sítio FortalBus (atualização: quando escrevi a matéria de novo entrava por trás. Depois voltou pra frente, mais uma vez).

Incluso algumas ainda na pintura livre (entre outras a Angelim e Iracema).

Depois que escrevi esse texto, Fortaleza mudou o padrão de pintura, como dito acima e é domínio público.

No desenho atual, majoritariamente branco com o azul claro na frente e no teto, ainda há o prefixo em cor diferente e novamente o embarque voltou pra dianteira.

Confira matéria completa sobre o transporte na capital cearense, abordando não apenas os ônibus mas também o modal sobre trilhos, em suas muitas variantes lá presentes (metrô, VLT e trem suburbano).

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Mostro também Teresina. Reparem na numeração do carro, 05 208, com o ’05’ de outra cor que o ‘208’.

A cidade padronizou a pintura dos busos, e lá o prefixo também continua sendo de outra cor.

A busologia da capital piauiense já foi abordada em outras mensagens.

Pois ela também compartilha uma característica com os ônibus recifenses: nomes curiosos das linhas.

Pintura padronizada de Manaus, com portas também a esquerda pra operar nos corredores.

E outra com os ônibus gaúchos: quando foi preciso mudar a pintura de livre pra padronizada, criaram um modelo intermediário, meio livre/meio padronizado. É isso mesmo.

A seguir, São Luiz do Maranhão. Quando era pintura livre e no início da padronização, o prefixo era de outra cor. Mas hoje em dia já não mais.

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fortaleza-ce

2ª padronização de Fortaleza – ou 3ª, se você contar o desdobramento da 1ª como a 2ª.

Vou fazer uma retificação:

Escrevi que “em Belém do Pará, na primeira padronização (fim dos anos 90 e começo dos 2000) os veículos eram brancos e com o sufixo em outra cor do resto da numeração.”

Na verdade vendo mais fotos pela internet descobri que essa foi na verdade a 2ª padronização.

novo

3ª e atual padronização de Fortaleza – repito, dependendo do critério de contagem a 4ª.

Antes houve outra, logo no começo dos anos 90 os ônibus belenenses foram padronizados pela 1ª vez num esquema “Saia-&-Blusa”.

Ou seja, uma cor na parte abaixo do friso outra acima como visto acima a esquerda.

Isso bem corrigido, vou falar agora então da segunda padronização, a que vemos mais pra cima na página.

A que se caracterizou por ter o veículo inteiro branco cortado por uma faixa em zigue-zague, adornado por temas indígenas.

Essa eu tirei pessoalmente no Aeroporto de Fortaleza, agosto/2011.

Nesse ciclo eram os dois últimos números que são em cor diferente.

Não importa. Igualmente há o modelo, exclusivo da Costa Norte, de colocar dois dígitos em cor diferente.

Como no Maranhão, na capital do Pará houve ainda mais uma padronização depois disso.

E no modelo atual não há mais o traço característico da Costa Norte de ter prefixo (ou sufixo) em outra tonalidade.

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Próximas 3: Viação Taguatur operando com a mesma pintura – e com o prefixo em outra cor – em 3 capitais. Aqui, Brasília-Distr. Federal.

Repetindo, Manaus não é Costa Norte. Mas por influência de Belém adotou o prefixo em outra cor.

Lá, como em Teresina, houve a padronização de pintura mas essa característica foi mantida.

Vemos ônibus manauaras ainda na livre, e na foto acima agora já no padrão, os dois 1ºs dígitos em vermelho, os demais em preto.

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Em São Luís, mais 2 Busscar.

Tem mais: em Fortaleza, São Luís e Belém as viações se denominam “Autoviária”. Mais um ponto em comum que as une.

Tudo somado, a ‘Costa Norte’ é o eixo Fortaleza-Belém. São os estados brasileiros em que o mar é a Norte.

E não a Leste ou Sul, como de Natal-Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul e mais o Amapá.

Caio Apache em Teresina.

Mas além dessa característica física, há semelhanças no modo de vida das pessoas.

A busologia prova que há uma Vibração em comum, que as cidades pulsam na mesma Sintonia.

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Próximas 3: Manaus ainda pintura livre.

E essa Energia, subindo o Grande Rio Amazonas, chegou a Manaus.

Alias, não foi apenas pro interior da Amazônia que a Costa Norte transbordou.

E sim também pro coração geográfico da Pátria Amada.

TAGUATUR: OPERA EM BRASÍLIA/GOIÁS, PIAUÍ E MARANHÃO. E POR UM BOM TEMPO COM A MESMA PINTURA NAS 3 –

Vimos acima veículo da Grande Brasília com o mesmo sistema do prefixo em cor diferente.

uniao cascavel manaus

Essa e a anterior a viação é a União Cascavel (Eucatur), que como o nome indica começou no Paraná, mas se firmou na Amazônia.

Há uma viação, a Taguatur, que opera tanto na capital federal quanto no Piauí e Maranhão.

Quando era pintura livre nas 3 com o veículo inteiro no mesmo tom de azul (em Brasília com uma faixa branca).

E o prefixo em cor diferente, trazendo o sabor da Costa Norte pro Centro-Oeste.

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Manaus. Placa começa com ‘B’ e quase no vidro porque foi emplacado em SP, mas chegou zero km a Amazônia.

No caso específico de Brasília, a Taguatur liga o Centrão da capital (Rodoviária P.P.) a Zona Oeste de sua região metropolitana:

Os municípios de Águas Lindas e Santo Antônio do Descoberto, já no estado de Goiás.

Embora tenha sido fundada em Brasília, a sede hoje é em São Luiz.

Já mostrei acima, em azul Brasília, São Luiz e Teresina. Os Taguatur com a mesma pintura em todas.

(Quando as capitais do Maranhão e Piauí tinham pintura livre, hoje é padronizada, São Luiz acaba de padronizar inclusive a pintura metropolitana).

E sempre o prefixo em branco, os demais números em preto.

Em testes em Teresina, por isso todo alvo. O prefixo também é branco.

Na verdade, digo de novo, Belém (veja matéria específica com muitas fotos) e São Luiz já mudaram as pinturas de seus sistemas de transporte.

E hoje nem adotam mais esse modelo inventado no Ceará de colocar os dois primeiros números de cor diferente.

Em Teresina, Fortaleza, Manaus e Brasília ainda permanece, em graus variáveis.

As duas últimas nem são da Costa Norte, importaram essa característica pelos motivos citados.

O I-Ching nos esclarece que o Universo está em constante mutação, e aqui não foi diferente.

iracema fortaleza

Próximas 2: ainda pintura livre em Fortaleza. Esse é Iracema.

O que importa é que houve uma época, entre os anos 90 e começo do 2000, que as capitais do Ceará, Piauí, Maranhão e Pará tiveram esse traço em comum simultaneamente.

Atingindo mesmo o Amazonas e Distrito Federal.

……….

A Costa Norte tem sua cultura própria através dos ônibus, que é um assunto que entendo.

fortaleza-ce3Mas vai muito além desse ponto, é claro.

Quem foca sua atenção a outros nuances da manifestação humana e visitar essas capitais encontrará outros quesitos que elas têm em comum.

Busscar da ‘Autoviária’ Matos ainda na pintura livre em São Luís. Usar esse termo pra designar ‘viação’ é outro traço da Costa Norte.

Poderíamos citar o futebol. Fortaleza e Belém são muito entrelaçadas, nessa dimensão também.

Já concluí a subida pra rede a série completa de minha viagem ao Ceará, onde abordo isso com ainda mais detalhes.

………

Fortaleza abre a transição entre o Nordeste e o Norte brasileiros. É claro que essa cidade ainda é bem ligada ao Nordeste, em termos de raça, de cultura.

Já Teresina nem tanto. Nem é no mar, pra começar a conversa. A única das 9 capitais do Nordeste que não é no litoral.

Aqui e a direita: Teresina passando da pintura livre (a lateral do veículo) pra padronizada (a frente em verde-claro e a faixa vertical verde-escura). O prefixo permanece de cor diferente dos outros números.

E o Maranhão está mais pra Norte que pra Nordeste. Tanto que o DDD de São Luiz é 98. Os números dizem tudo.

O DDD de Fortaleza é 85. O de Recife é 81. O de Belém é 91, e o de Manaus 92.

Ou seja, pelo menos pro Ministério das Comunicações o Maranhão está no Norte, e não no Nordeste.

Transição é exatamente isso, não é mesmo? Um pouco dos dois mundos.

Por isso a Costa Norte, uma entidade que interpenetra o Nordeste e a Amazônia, interligando-os.

Aqui retratada pelos ônibus. Em outras mensagens abordamos também outros aspectos dessa manifestação.

………

Antes de encerrarmos mais fotos. Vou falar da sequência horizontal no pé da página.

A 1ª foto dela pertence ao MOB Ceará – Movimento Organizado de Busólogos do Ceará.

A 3ª é de minha autoria, Centro de Fortaleza, 2011. As demais ou são do portal Ônibus Brasil, como dito no começo da matéria, ou não é possível identificar a fonte.

Vemos respectivamente: as seis primeiras mostram Fortaleza.

De 1 a 4 os CTC’s na pioneira padronização (incluso um articulado);

5) Mesma época, viação privada; e 6) também particular, atual;

Teresina - Costa Norte

Teresina já na pintura padronizada, inteira verde-claro (compartilhada com algumas linhas metropolitanas). A característica da Costa Norte do prefixo em outra cor está honrada, nesse caso sobreviveu a mudança do padrão de pintura, como em Fortaleza.

7) São Luiz padronizando a pintura. Quando implantou os terminais (a foto é dentro de um deles) a capital do Maranhão dividiu a cidade por faixas.

Os ônibus se tornaram unicolores, no tom da região que operam.

Há verde-claros, vermelhos, amarelos, brancos, azul-claros, talvez outras cores.

Mas no início, como notam, manteve-se o prefixo diferenciado em relação ao resto da numeração. Hoje não mais;

8 e 9) Mais 2 Taguatur que ligam o Centro de Brasília seus subúrbios metropolitanos que já ficam no estado de Goiás.

Que Deus ilumine a todos.

Deus proverá”          

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