A “Filha das Águas”: Belém do Pará

Brasil-Para

Outro ícone belenense: os carros trazem sempre as bandeiras do estado e da Pátria Amada. É impressionante, não é um ou outro não, como nos outros lugares. Cerca de metade da frota da Grande Belém, alias de todo o Pará, traz os pavilhões escoltando o nome da cidade.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 19 de junho de 2013

Abertura da série da viagem a Belém, junho de 2013.

Ao final do texto ancoro as ligações pros outros textos, conforme eu vá levantando-os pra rede.

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Estive mais uma vez no glorioso Norte Brasileiro.

O Pará tem 7,7 milhões de habitantes. Desses, 2 milhões vivem na Grande Belém.

A Filha das Aguas

Aqui, acima da manchete e na próxima imagem: símbolo-mor da cidade, o Mercado Ver-o-Peso e seu porto pra pequenas embarcações. Nessa imagem ao fundo o porto pra grandes navios, com seus guindastes.

Um adendo pra uma falha do ‘Google’ (vou relatar uma situação que ocorreu em junho de 13, quando fiz esse texto, e que portanto não necessariamente se mantém):

Se você pesquisar ‘população Belém’, abrirá uma janela bem grande logo acima dizendo que são mais de 2 milhões. Não é verdade. O IBGE contou 1,3 milhão de pessoas no município em 2010.

Tudo bem que no Norte (assim como Nordeste e Centro-Oeste) o crescimento é muito elevado, muitíssimo acima do Sul e Sudeste. 

Ainda assim, o município de Belém não ganhou 50% de população em 3 anos, pois isso daria um crescimento de 16% ao ano, o que obviamente não é possível.

Ver-O-Peso2Então mais corretamente dizemos que o município de Belém tem 1,4 milhão de pessoas.

E mais perto de 600 mil nos subúrbios metropolitanos que são a leste dele.

Pelos números de 2010, agora um pouco maiores:

471 mil em Ananindeua, e mais 108 mil em Marituba, que vem pouco depois, fechando os 2 milhões da cidade que é a Grande Belém.

26 estrelas sob a faixa e somente 1 acima.

Que é região metropolitana de fato e de direito, conurbado com Belém e com ônibus urbanos direto do Centro da capital, são só esses dois.

A seguir, há Benevides, e depois duas santas paraenses, Santa Isabel do Pará e Santa Bárbara do Pará. Só que esses 3 são menores e muito distantes. 

São cidades do interior do Pará próximas a capital, mas ainda não região metropolitana de fato.

 Pará, ‘Estrela Solitária’ Brasileira: 26 estados abaixo do ‘Ordem & Progresso’, só o Pará fica na parte de cima da bandeira da Pátria Amada.

Digamos assim, talvez essas 3 estejam em processo de metropolização.

Estão se integrando a órbita da Grande Belém. O câmbio está em andamento, mas ainda não se concluiu.

Portanto no momento Santa Isabel e Santa Bárbara, e mais Benevides, estão em transição entre serem cidades do interior e subúrbios de metrópole.

Os dois municípios mais populosos do Pará (Belém, 1,4 milhão, e Ananindeua, 400 mil) estão umbilical e visceralmente ligados.

Guaraná Jesus, que é rosa: típico da Amazônia – por isso a foto no porto.

E formam uma e a mesma cidade, a Grande Belém, junto com Marituba. De fato, Marituba e Ananindeua são a Zona Leste de Belém.

A maior cidade do interior do Pará é Santarém, com perto de 300 mil habitantes, bem abaixo de Ananindeua, que já tem quase meio milhão.

Depois, voltando pro interior, vem Marabá, com 233 mil, e a seguir Altamira, com 100 mil. Esses 6 municípios são os únicos que superam a marca de 100 mil no estado.

CERverjaria PAraense

Falando em refris, tomei um Guaraná da gloriosa Cerpa, a CERverjaria PAraense, a mais paraenses das marcas de bebida. Produz também cereja, amplamente consumida por lá. Não provei, pois não bebo. Em compensação, experimentei um outro guaraná local, chamado ‘Tuchaua’. Faz questão de ressaltar suas raízes amazônidas. A garota-propaganda é uma amazônida típica, indinha: morena, cabelo liso e preto, num vestido florido tomara-que-caia. O lema do produto é “sabor regional de verdade, o resto é lenda”.

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Correção: anteriormente escrevi que “Belém é a única cidade de todo Norte Brasileiro que tem região metropolitana”.

Ou seja, que conta com subúrbios em outros municípios conurbados com o núcleo.

Não há nem mesmo algo como “Grande Manaus” “. Realmente, Manaus não tem região metropolitana.

Nem Boa Vista-RR, Rio Branco-AC, Porto Velho-RO ou Palmas-TO.

No entanto, podemos dizer que o município de Santana forma uma região metropolitana com Macapá, a capital do Amapá.

Portanto Belém não é o único caso. Mas entre as metrópoles sim, pois de fato Manaus não tem R.M. .

Lhes contei com mais detalhes quando estive lá em 2010, se você quer morar na capital do Amazonas precisa ser no município de Manaus mesmo.

Vila Esperança Ananindeua Z/L belém pará periferia árvore florida laranja vermelha

Vila Esperança – Ananindeua, Gde. Belém.

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PORTAL DA AMAZÔNIA: UMA CIDADE MESTIÇA DE MAIORIA INDÍGENA –

Como ocorre em Manaus, Bogotá-Colômbia e Cidade do México, Belém é uma cidade de maioria da população indígena.

Quero dizer com isso que a maioria da população tem origem indígena.

Pois obviamente os subúrbios e periferias de Belém (tanto no município quanto região metropolitana) são zona urbana, e não tribos no meio da floresta.

Belem em preto e branco1

Belém em Preto & Branco: garças e urubus dividem um igarapé no bairro Maracangalha, atrás do Aeroporto Val-de-Cans.

Os Homens e Mulheres belenenses tiveram ancestrais que vieram da floresta, mas eles estão totalmente urbanizados.

Pro bem e pro mal – na verdade a situação está bastante complicada, como já veremos.

O fato é que os indígenas, em diferentes graus de mestiçagem devido ao cruzamento com outras raças, são a maioria de Belém:

Pele escura, cabelo liso, e os Homens quase não tem barba.

Falar nas ‘outras raças’, mesmo não sendo maioria há muitos brancos em Belém. Até aqui, em Manaus é assim também. 

posto fluvial

Posto de gasolina fluvial, aberto 24 horas. Só podia ser em Belém. Ou melhor, só podia ser na Amazônia, vi em Manaus também, lá com bandeira Petrobrás. Essa não identifiquei.

Mas além disso em Belém há muitos negros de origem africana, por ser muito perto do Maranhão, onde os afro-descendentes estão em enorme número.

Em Manaus, por outro lado, há pouquíssimos negros de sangue africano. Colabora pra isso o fato que já poucos negros foram levados pra lá.

E o Amazonas ainda foi o primeiro estado brasileiro a abolir a escravidão, muito antes da Lei Áurea.

Pra Belém não foram outras etnias do Velho Continente a não ser portugueses. O Pará é o estado mais português do Brasil, desde sempre e até hoje.

as 8 da manha e nublado

Próximas 3: Belém é quente. Muito quente! Veja: são 8 da manhã

Em outra oportunidade me estendo mais sobre isso. Aqui, quero ressaltar que em Belém a base estrangeira é apenas lusitana. Assim como ocorre em Fortaleza (mas a capital do Ceará tem ainda menos negros, somente 5%).

Voltando ao Pará, não há italianos, alemães, árabes, japoneses, nem mesmo os chineses ainda não estão lá.

Pro interior do estado, há um século atrás foi uma leva grande de japoneses, o Pará é o terceiro estado que mais recebeu os nipônicos, só atrás de São Paulo e Paraná.

29 graus

e o termômetro já marcava 29º. Entre meio-dia e 3 da tarde, quando não há nuvens, chega brincando nos 39 ou mesmo 40º. Em B. Horizonte, S. Paulo e no Paraguai eu fotografei os termômetros bem acima de 30º.

Mas quase não se vê os descendentes deles por Belém, ao contrário do que ocorre nas cidades paulistas e paranaenses.

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Infelizmente vou ter que falar de um ponto muito triste da capital do Pará: é disparado a cidade mais suja que já estive – e olhe que já conheço uma boa porção da América.

(Atualização: poucos meses depois que escrevi esse texto fui a Santo Domingo, na República Dominicana, que é igualmente bastante suja, tanto quanto Belém.)

Não vou me estender muito porque não devemos focar demais no que é negativo. Só vou dizer que todas as cidades têm partes complicadas nos subúrbios, e já retratei isso a exaustão – veja a sujeira em minha própria cidade (Curitiba) aqui, aqui, aqui e aqui.

ar-condicionado 8 da manha

Nessa foto ainda é antes das 8 da manhã. Observe a diferença de temperatura dos ambientes fechados, com ar-condicionado, pra via pública. É no mínimo 10 graus, isso de manhãzinha e a noite. Com o Sol a pino, é 20º. Você leva um choque térmico. Não é força de expressão. No Chile eu fotografei igualmente o vidro úmido pela friagem, mas lá era natural, e não via ar-condicionado.

O mesmo se deu em Belo Horizonte-MG, São Paulo (capital e litoral) e muitas outras cidades. Então não estou dizendo que é só no Pará que há sujeira na rua.

O que impressiona em Belém e Santo Domingo é que mesmo os bairros de classe média têm por vezes bastante lixo nas ruas.

Por conta disso, Belém é a cidade que mais tem urubus, entre todas que já estive.

Santos-SP e o Rio de Janeiro, entre outras, ambas também contam com grandes contingentes dessa negra ave na periferia.

Mas em Belém é pior, muito pior. Ali, os urubus estão até mesmo no Centro.

Veja as fotos, quantos deles em pleno Ver-o-Peso, que é no Marco Zero da cidade geográfica e emocionalmente. São absolutamente negros, do bico as garras.

Brasão de Belém: Ver-o-Peso, Forte, fazendas e… o Sol. É muito calor, só quem teve lá sabe!!! Até a criação do Amapá como estado em 1988, Belém foi por séculos a capital brasileira mais perto do Equador, e portanto a que recebia os raios solares de forma mais intensa.

E andam em meio as pessoas, como se fossem pombos. Por vezes orquestram macabra revoada sobre o Centro. Você viu “Os Pássaros”?????

Nota importante aos amigos do Pará: eu não falo isso como uma crítica, que fique bem claro.

Exatamente ao contrário, eu Amo Belém, do fundo de meu Coração.

Amo, Amo e Amo. Adoro Belém, os 5 dias que passei aí foram alguns dos melhores de minha vida.

Ainda assim, sentimento a parte, não se pode tapar o sol com a peneira.

Belém é suja em muitas partes, infelizmente, e a quantia de urubus realmente chama a atenção.

Meu dever como comunicador é relatar o que vi, independente da gente achar belo ou não.

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mulher de guarda-sol

Aqui e a direita: Mulheres tentam se proteger do inclemente Sol belenense. Fotografei a mesma cena no Caribe.

Sigamos: em Belém há muitas garças também, pois a metrópole cresceu ocupando espaço de onde antes era floresta.

Assim, as garças continuam onde sempre estiveram, mas agora ao invés da hileia estão imersas numa selva de pedra e de aço.

Tem mais: isso acarretou uma trans-genia na espécie. Antes, as garças pescavam, por isso seu longo bico. 

Não mais. Há muito os igarapés mais urbanos de Belém nãomulher de guarda-sol2 têm mais peixe. Assim, as garças se tornaram necróvoras.

Ou seja, não mais pescam seu alimento vivo, passaram a comer carniça, pegam os restos depois que os urubus se saciam.

Pois estes pássaros negros são mais fortes, mais agressivos e estão sempre em bando. Logo, se alimentam primeiro.

O que sobra as garças recolhem. Muito comum ver lado a lado essas espécies tão diferentes de aves, mas que a falta de saneamento básico equiparou.

comeca a nublar

Perto das 3 da tarde, todos os dias, começa a nublar preparando o aguaceiro que não tarda. Chove todos os dias depois do almoço, de janeiro a janeiro. Com isso o calor amaina bastante. Foto em Marituba.

É Belém em Preto & Branco, irmão.

As garças esperam os urubus se servirem antes. Já os cachorros não tem a mesma paciência.

Vi muito na periferia cachorros e urubus brigando pelos restos de lixo que acabam de se decompor em via pública.Os caninos levam vantagem.

Pois a ave, obviamente, foi projetada pra um ataque aéreo. Se a briga é a nível do solo quem tem 4 patas vence. Assim, quando os cães chegam no lixo chegam com tudo.

Os urubus se afastam, liberando passagem. Depois que os mamíferos se saciam, eles se alimentam. O que sobras as garças comem. É a hierarquia da necrofagia.

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bandeira do Para no poste1

Mesma cena: meio pro fim da tarde, as nuvens começam a ficar grossas, o toró do dia se aproxima. Aqui estou na lateral do aeroporto.

ESTRELA SOLITÁRIA” BRASILEIRA: É O PARÁ –

Como é notório, a bandeira brasileira tem 27 estrelas, uma pra cada estado.

26 abaixo do ‘Ordem e Progresso’, e uma, somente uma, acima. E qual está acima? Justamente o Pará.

O Pará é nosso estado da “Estrela Solitária”, papel que o Texas consagrou nos EUA. Inclusive as cores texanas e paraenses são as mesmas, vermelho, azul e branco.

Deixando os EUA pra lá e voltando ao Brasil, veja o orgulho que os paraenses têm de sua bandeira:

Ostentam-na até mesmo em postes de iluminação pública. Ilustrado nas laterais, em duas escalas.

bandeira do Para no postePor que o Pará está solitário acima da linha? É porque quando o Brasil se tornou independente, Belém era nossa capital estadual mais boreal.

Posição que ostentou por muito mais de um século, até 1991, quando Amapá e Roraima foram elevados a estados.

Belém está muito próxima do Equador, e daí seu clima, que falo mais abaixo. Aqui, voltando ao que dizia acima, em 1991 Macapá se tornou uma capital estadual mais setentrional que Belém.

lixo e restos de peixe no Centro

Ver-o-Peso depois da chuva. Repare que os restos de peixe são descartados na via pública.

Pois Macapá não fica ‘próxima’ ao Equador, está exatamente sobre o dito cujo.

E ao mesmo tempo Boa Vista passou a ser nossa capital mais boreal, a única que está totalmente no Hemisfério Norte.

Mas pra manter a tradição, as estrelas representando o Amapá e Roraima foram colocadas abaixo do “Ordem & Progresso”.

O Pará continua a “Estrela Solitária” acima dele.

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TÃO PERTO DO SOL, E TÃO LIGADA A ÁGUA: BELÉM É UMA CIDADE ATLANTE –

Ver-Os-Urubus

Resultado: uma infestação de urubus. Isso em pleno Centrão, exatamente no Ver-o-Peso. Na foto ao lado garças e urubus comem os restos no mesmo local.

Falando um pouco de astronomia, vocês sabem que pela inclinação da Terra quanto mais um local está próximo do Equador, mais perto ele está do Espaço Sideral.

Por isso as bases de lançamento de foguetes são sempre mais perto do Equador quanto seja possível, a brasileira é em Alcântara-MA, perto de Belém alias.

O famoso ‘Cabo Canaveral’ usado pela Nasa ianque é na Flórida, dentro do território estadunidense o mais ao sul que eles puderam.

Como dito acima, Belém é a segunda capital brasileira mais próxima do Equador, e portanto mais perto do Sol – até 1991 era a 1ª. Belem em preto e branco

Desde então Macapá, exatamente na linha entre os hemisférios Sul e Norte, se tornou a capital mais perto do Sol.

Só que Belém ainda é uma cidade de clima equatorial, sem qualquer variação de estações o ano todo.

Ali, todos os dias, de janeiro a janeiro sem alterar jamais, amanhece já bem quente, é um calor saárico até perto das 3 da tarde, sempre perto de (ou superando os) 40º.

bandeira de Belem

Bandeira municipal, o brasão sobre fundo celeste. Belém é a cidade azul, seus dois times são nessa tonalidade, e a maioria das escolas públicas tem seus uniformes em diversos matizes dessa mesma cor.

Aí começa a nublar, chove forte, e o resto da tarde e a noite tem uma temperatura bem agradável, por volta de 23 graus.

Chove em Belém todos os dias, de janeiro a janeiro, sem falhar nenhum – exceto quando há problemas causados pelo processo de alteração climática do planeta.

Depois me estendo mais. Aqui quero ressaltar que em condições normais é sempre assim, uma característica da cidade.

A chuva, além de ser um componente do tempo no sentido climático, em Belém é também uma marca do tempo no sentido cronológico.

Quero dizer o seguinte: lá eles marcam os compromissos com alguém pra “antes ou depois da chuva”, como em outros lugares falamos “antes ou depois do almoço”.

Ver-O-Peso1

Ver-O-Peso, a cidade sempre nas margens do Grande Rio.

Nos 5 dias que lá fiquei, não deu outra, choveu em todos eles. Por vezes logo no meio da tarde, por vezes já depois do anoitecer, mas nunca deixou de chover, e sempre bem forte.

No Nordeste, Centro-Oeste e o resto do Norte, sempre é bem quente, ano inteiro. Ainda assim existe variação sazonal, há uma estação seca, outra chuvosa.

Em Belém, não é assim, literalmente é verão o tempo inteiro, logo o que aqui denominamos “chuva de verão” lá é a “chuva da tarde”, diária, sem interrupção.

so pode ser no Para

Égua!!! Eu posso ter uma B.M.W.!!!”: só podemos estar no Pará.

Na 5ª feira, ao chegar, o toró foi as boas-vindas que a cidade me deu.

Na 2ª antes de partir, meu último ato em Belém foi novamente ser encharcado pelas Águas Sagradas da Grande Mãe-Pai.

Eu Sou um Belenense em Espírito. E pra isso é preciso Amar a Água.

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UMA CIVILIZAÇÃO FLUVIAL –

Lhes escrevi quando fui a Manaus, e reitero: A Amazônia é uma civilização fluvial, não de todo integrada a civilização ariana, que é terrestre.

Roxo Zona Sul

Isto é Belém.

Aqui no Centro-Sul do Brasil e em todas as partes, cada cidade tem um rio cortando-a, ou vários rios.

Já fiz grande série pra retratar o maior Rio do município de Curitiba, que aliás se chama ‘Belém’. Da Nascente até a Foz.

Agora o que quero colocar é que na Amazônia, se inverte: é o Rio quem possuiu a cidade a suas margens. A metrópole existe pelo Rio, do Rio e pro Rio.

Manaus está no Coração da Amazônia, então isso é ainda mais pronunciado.

marituba z-l

Cena triste: lixo e urubus na periferia. Se mesmo no Centrão e classe média é comum, imagine os subúrbios.

Na capital do Amazonas, praticamente não se chega por terra, só por avião (os pouquíssimos que podem pagar) ou pelo Rio Sagrado do Amazonas, a opção da grande maioria.

Há uma BR que liga Porto Velho a Manaus, e dali a mesma estrada segue via Boa Vista até Caracas-Venezuela.

É a única grande estrada que corta Manaus. O grosso do tráfego da e pra cidade é via aérea ou aquática.

Belém já é a transição entre os dois mundos, daí um de seus apelidos, “Portal da Amazônia”.

mapa estilizado

Mapa estilizado da cidade. Aqui só se vê as Zonas Central e Sul, que são mais antigas e menores, pois perto do Rio e limitadas por ele. As Zonas Leste e Norte, que são os subúrbios que incharam recentemente de forma absolutamente descontrolada, não aparecem. Belém não tem Zona Oeste, por ser essa o Rio. Falo melhor dessa parte em outro texto.

Pra leste e sul (o Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, além da porção oriental do Pará) você pode ir de carro ou ônibus.

Graças a JK e Bernardo Sayão, e já conto como foi essa saga.

Agora, pro oeste e pro norte (o que significa toda a região Norte brasileira, incluindo a metade ocidental do Pará), só por barco, ou avião.

E o Norte é bem grande, vocês o sabem, encerra 45% da área territorial do Brasil. Apenas Pará e Amazonas tem mais de 1 milhão de km2 cada um.

Belém está no Delta do Rio Tocantins. Veja as imagens:

No Centro da cidade o Rio tem uns 3 km de largura. Mas isso não é nada comparado com a Foz, que vem logo a seguir.

Sao Braz ZC transporte alternativo

Fim-de-tarde no São Braz.

Há uma ilha que tem praias fluviais, e ali o Rio tem simplesmente cerca de 20 km de largura.

Sim, é o que afirmei: o Rio tem 20 km de largura, e não de comprimento. É muita água, um Rio que parece Mar, você não vê a outra margem.

Fui nas praias fluviais de Belém (confira a matéria com muitas fotos do Outeiro).

Cara, tive que provar a água. É doce. Só aí tive certeza que não é oceano aberto, porque, repito, você não vê a outra margem.

trans-suburbio Sesi Ananindeua

Em frente ao Sesi de Ananindeua.

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Em Belém não se fala em “porto”, no singular, mas “portos”, no plural.

Há o porto principal, onde atracam os navios de grande calado, os trans-atlânticos cargueiros. Essa região é chamada de “Docas” no letreiro dos ônibus.

Marituba ZL

Menino-Deus de Marituba.

Na Zona Sul, onde há um braço de rio e portanto não tão caudaloso, estão os portos menores, onde hega de tudo, passageiros e cargas.

Percorri toda essa região a pé, infelizmente não pude tirar fotos porque nesse dia acabou a bateria da câmera, então fico devendo.

Pra compensar vou tentar caprichar na descrição. Vai visualizando aí na sua mente. Estamos no porto dos navios grandes, as ‘docas’.

como se fossem pombos

Próximas 2: Praça do Relógio em frente ao Ver-o-Peso, a esquerda detalhe da torre.

A seguir, há o Mercado Ver-o-Peso, Ícone Maior de Belém. É enorme, e vende-se de tudo. Tudo mesmo que você possa imaginar.

Pra você ter uma ideia, da última vez que eu havia estado em Belém, já no distante ano de 1989, um parente meu comprou ali uma jiboia. Isso mesmo, uma serpente, e viva alias.

Os ribeirinhos que moram no interior vão pra capital, e ali no Ver-o-Peso resolvem todos seus negócios.Praça do Relógio em frente ao Ver-o-Peso.

relogioSem jamais deixar as margens do Rio. Por isso há todo tipo de comércio pra atendê-los. Logo a seguir, há o Forte, outro símbolo da cidade (veja que no brasão ambos estão presentes).

Belém começou ali, há quase 4 séculos atrás, foi fundada em 1616. (Atualização: fiz a matéria em 2013, e levanto pra rede em 2016, ano do Quarto Centenário de Belém).

Em outro emeio traçamos melhor a história, agora continuemos nossa volta. Depois do Forte, há um bairro chamado Cidade Velha. E como teria outro nome?, afinal é o núcleo original da urbe, em torno do porto, do mercado e da guarnição militar.

Laranja Zona Norte 2 anel

Na Zona Central é impressionante a quantia de edifícios novos e em construção.

Na Cidade Velha, entre o Centro e a Zona Sul, está a região dos “Portos”.

São dezenas de pequenos atracadouros, enfileirados, de onde chegam diariamente centenas de barcos levando e trazendo carga e gente do interior da Amazônia.

Lembram-se de quando descrevi o Porto de Manaus?

Mesma coisa, barcos de todos os tamanhos chegam e saem o tempo todo, tanto de longa distância quanto de curta. Ali é como se fosse a segunda rodoviária de Belém:

Viações tem guichês pra venda de passagens, com letreiros informando os horários e cidades atendidas, ao lado de sala de espera onde você fica aguardando a viagem. Com a diferença que tudo é fluvial.

Tacaca, Vatapa, Caruru, Manicoba

Uma barraquinha que vende ‘Tacacá, Vatapá, Caruru e Maniçoba’. Muito comuns lá, tanto quanto as que vendem sanduíches. Em outra mensagem falo mais dos hábitos alimentares dos belenenses.

Alguns barcos inclusive tem bancos iguais aos dos ônibus, de acrílico, pra caber mais gente.

Cidades do interior paraense, e também do Amapá, tem ali perto suas ‘casas do estudante’.

Onde aqueles que são oriundos desses municípios vivem enquanto estudam em Belém.

O local já é perto do porto justamente porque sexta a tarde o cara se manda pra terra dele, volta segunda cedo ou domingo a noite.

E aí não precisa pagar ônibus urbano, é só descer no cais, atravessar a rua e está em casa.

casa de madeira - muito comum1

No Norte do Brasil há muitas casas de madeira. Essa é perto da divisa com Ananindeua.

Nos barcos, as pessoas vão no convés, a carga no porão.

Isso nas embarcações maiores, que permitem essa compartimentação. Nas menores vai “tudo junto e misturado”.

Telhas, comida, roupa, remédios, andei anônimo por aqueles cais, e vi de tudo sendo embarcado e desembarcado. Inclusive carga viva.

Uma hora, presenciei caixas de madeira que serviam de apertadíssimas gaiolas.

Pra cachorros e galinhas que iniciavam ou finalizavam longa jornada pelos cursos d’água do Norte brasileiro – os animais não podiam sequer se mexer ali dentro.

Fora os “Inferninhos”. Em palafitas sobre as águas puteiros populares anunciam deprimentes espetáculos com prostitutas, muitas delas menores de idade e algumas ainda meninas na infância.

mais de 3 km de rio

Fotografei o mapa do ‘google’, com escala, pra que mesurem a largura do Rio: bem no Centrão, mais ou menos 3km de largura até a outra margem; do Porto até o Aeroporto Val-de-Cans, na Zona Norte (o ‘google’ grafou ‘Val-de-Cães’, mas está errado), vai alargando pra perto de 5 km; e aí o Delta chega com tudo, indo pra mais de 20 km. Vinte quilômetros de largura de um rio, de uma margem a outra. Não é comprimento.

É uma região barra-pesada, enormes favelas se espremem nos mangues a margem do Rio.

Fui conhecer porque meu propósito é sempre ver os dois lados de tudo. Mas fui de manhã, com o Sol bem alto.

A noite no cais predomina a lei do mais forte, e procurei passar bem longe da região após o pôr do Sol.

Durante milênios, foi assim na Terra toda, mas boa parte do globo já logrou deixar essa etapa pra trás. Belém ainda está por dar esse passo.

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Após essa primeira seção da região dos “Portos” chegamos num principais bairros de Belém, o Arsenal. É o arsenal da Marinha Brasileira, ali está o Comando Naval da região.

Em Belém, a marinha é a disparado a mais ativa entre as 3 armas militares. Na Amazônia em geral, porque presenciei o mesmo em Manaus. Em ambas essas capitais, há quarteis da marinha pela cidade toda, mesmo longe da água.

mais um porto

Mato a cobra e mostro pau. Foto no Ver-o-Peso. O Rio é tão largo (pro nosso padrão) que você quase não vê a outra margem. Mas com esforço a enxerga. Na Foz o Rio se torna tão grosso que você pensa que já é mar. Em outra mensagem comprovo com mais fotos e mapas.

É porque qualquer ação governamental que precise ser feita no interior (eleição, campanha de vacinação, mutirões médicos) é a marinha quem leva.

Por ser tão ativa, a marinha não se contenta com a farda cinza, sua cor por excelência.

Claro que esse tom é amplamente usado, mas não só ele. As vezes você vê soldados e caminhões verde-oliva, e pensa, “são do exército, óbvio”.

Mas não são, pertencem a marinha, que lá também se adorna dessa maneira.

No mês de maio (de 13), fui a Assunção-Paraguai, e vi uma esquadra de navios de guerra cinzas guardando um porto.

Delta do Tocantins

Idem a legenda acima a direita.

3 semanas e pouco depois, me deparo com a exata mesma cena em Belém.

Precisamente igual, parece que alguém voltou um filme e apertou o botão ‘repetir’.

A diferença é que no Paraguai a esquadra era maior, mais de uma dezena de navios.

Pois o porto e também todo o epicentro político do país é quase na fronteira.

centro (2)

Centro da cidade.

Como Belém, ao contrário, está bem segura bem dentro do território brasileiro, uns 3 ou 4 navios bastavam.

…………

Só que as imagens que remetem a Assunção estavam longe de acabar. Na minha série sobre o Paraguai, contei que estão fazendo enorme e moderna avenida costeira ao Rio.

Com muitas faixas de trânsito, contando com parques, canchas de esporte, local para apresentações musicais. No embalo estão urbanizando algumas das piores favelas ribeirinhas.  Então cara, tudo isso se repete ‘ipsis literis’ em Belém.

Ônibus-Zepelim que circulou em Belém no meio do século 20. Gostou dessa transgenia?

A diferença é que em Belém já está pronta a avenida, recém-inaugurada (o texto é de 2013, não custa reforçar). Chama-se “Portal da Amazônia”.

Era sexta de manhã, e uma equipe de som preparava o palco: ao entardecer o forró ia rolar. A Avenida Beira-Rio em Belém ficou boa, e muito bonita.

Cada quiosque, cada jardim, cada varanda sobre o Rio, tem o nome de um belenense que tenha se destacado em algum ramo da atividade humana.

Um espaço público de lazer, raríssimo numa cidade que quase não tem parques ou bosques.

Anoitece Sao Braz ZC1

Próximas 2: belíssimo entardecer no São Braz, Zona Central.

E ficou útil também pra quem não mora nas imediações, mas mais pra frente, na Zona Sul:

Pois parte das linhas de ônibus foi desviada pra essa nova avenida, que não tem engarrafamentos nem cruzamentos, pois é bem larga, na orla e corta região sem comércios.

Assim os coletivos vão mais rápido, praticamente uma linha direta, evitando as vias paralelas, bem dentro da cidade e que estão bastante congestionadas.

Um modal ‘expresso’ surgiu, ainda que sem canaletas exclusivas. Falo melhor da rede de transportes em outro texto, que já está na rede.

Após o Portal da Amazônia, a Rua do Arsenal se torna a Avenida Bernado Sayão, e com esse nome cobre toda a costa fluvial sul da cidade, até terminar na UFPA (que eles gostam de grafar ‘UFPª’, com o ‘a’ tracejado e menor).

Anoitece Sao Braz ZC

Agora a temperatura está amena, pois a chuva refrescou o céu e o solo.

Pra quem não sabe, Bernardo Sayão foi o engenheiro que comandou a construção da rodovia Belém-Brasília, uma das grandes obras de JK além da capital federal em si mesma.

Nessa postagem (e em outras) já mostramos um pouco da “Cidade Egípcia” que é Brasília, de como seus construtores fizeram várias referências a civilização perdida das pirâmides – ou nem tão perdida assim . . . .

Aqui importa que Brasília é o “redescobrimento do Brasil”. É o portal pro Norte e pro Oeste. Por 4 séculos, o Brasil só olhou pro Leste e pro Sul.  

seq-sp-belem munic belem

Em foto antiga puxada da internet, ônibus na 1ª padronização de Belém, em que o sufixo tinha cor diferente. Esse era trucado.

Quando JK assumiu, você não chegava de carro a Belém, só de barco, numa viagem que podia levar 3 meses da então capital Rio de Janeiro.

Kubitschek, um Visionário, um Grande Mestre, viu que isso não podia ser:

Que nosso país se quisesse ser grande espiritualmente, precisava já com muito atraso tomar posse de sua grandeza física.

Pra isso, pra catapultarmos a Energia pro Norte, Centro-Oeste e Nordeste, JK “O Egípcio” fez Brasília. Em tempo recorde, pouco mais de 3 anos.

Ele ficava no Rio, dando expediente normal como mandatário máximo da nação, e 2 vezes por semana ia pessoalmente visitar as obras. E isso sem perder um dia de trabalho sequer no Palácio do Catete, o então palácio presidencial na Zona Sul do Rio.

Saía dali no fim de tarde, após cumprida toda a agenda do dia, jantava na Brasília que começava a se materializar, e depois circulava pelo canteiro de obras, até a madrugada.

seq-sp-belem suburbano belem

Antes de se aposentar o mesmo veículo fez linha suburbana pra Benevides.

Só então se recolhia e pernoitava, por pouquíssimas horas.

Assim que o Sol nascia, voltava ao Rio, onde dava expediente normal. Foi assim durante todo seu mandato.

Um esforço hercúleo, sobre-humano, que só as Grandes Almas são capazes quando tem plena Consciência de estar cumprindo sua missão.

Pra erguer Brasília, ele tinha dois braços direitos: Israel Pinheiro e Bernardo Sayão. Esses fixaram residência na capital embrionária, e fizeram a coisa andar.

Brasília existe por causa deles. Foi um trabalho bem feito. Mas JK, o Visionário, estava só se aquecendo.

Av. Pres. Vargas Centro

O dia é tórrido. A noite, em compensação, é agradabilíssima em Belém, temperatura perto de 20 e poucos graus, nem fria nem quente. Assim, as pessoas de ambos os sexos saem as ruas de bermudas e camisas regatas. Estou aqui na Avenida Presidente Vargas, bem no Centro, onde fiquei hospedado. O ônibus azul segue pro subúrbio metropolitano de Ananindeua, Zona Leste. Nas fotos acima falei um pouco disso, e volto ao tema em outra mensagem.

Chegou uma hora que JK viu que daria, o grosso estava feito e daria tempo de inaugurar Brasília. Então ele abriu nova frente. Chamou Bernardo Sayão e lhe disse:

“Bernardo, importante como é nova capital, ela não é um fim em si mesmo.

Brasília existe pra que esse país olhe pro Norte e Oeste. Nesse sentido, Brasília é inútil sem a Rodovia Belém-Brasília.

Bem, Brasília está quase pronta, será inaugurada conforme o cronograma, como assegurei e quase todo mundo duvidou.

Agora, foco na Belém-Brasília. E essa missão delego a ti, Bernardo. É por sua conta agora”, ordenou JK. Bernardo, outra Grande Alma, respondeu:

“Pois não, presidente. Missão dada, missão cumprida. Quando quer que eu comece?” “Agora mesmo”, respondeu JK, ao que Sayão acedeu:

“Considere feito”. No mesmo minuto ele foi arrumar sua mala e mandou abastecer o avião.

Assim que surgiram os primeiros raios do Sol no dia seguinte, ele decolou rumo ao canteiro de obras da Belém-Brasília, pousando num campo de pouso improvisado feito pela Força Aérea Brasileira.

Av. Pres. Vargas Centro1

No mesmo ponto da Pres. Vargas, esse busão verde se dirige ao bairro da Pedreira, no município de Belém mesmo. É um nome apropriado. Toda a periferia de Belém é de fato pedreira, o mais forte sobrevive.

Você pode concordar ou não com a mudança de capital.

Entretanto não pode duvidar do idealismo desses homens, que sacrificavam tudo pra cumprir o que consideravam ser sua missão na Terra.

Você imagina 1% desse idealismo nos políticos de hoje em dia? Nem pensar, né?

Nem sempre foi assim. A leva de JK era diferenciada.

Pras grandes tarefas, as grandes almas. Se preciso eles davam até a própria vida.

Não é maneira de falar, como já veremos, pois o mais impressionante está por vir.

Pra chegar a Belém, a Rodovia Belém-Brasília precisaria passar por um trecho de Floresta Amazônica, então intocada.

praca Centro

Primeira igreja de todo Norte Brasileiro, onde a cidade foi fundada.

Era mata virgem, e ‘virgem’ aqui comporta associação exata com o que você pensou.

Pois na concepção dos índios amazônidas (com a qual concordo), a floresta é um espírito vivo, com consciência própria, e rasgar uma pista de asfalto dentro dela configuraria “violação”.

Então os índios avisaram que a abertura da estrada pela selva era possível fisicamente, claro, o “Espírito” da Floresta não teria como impedir, mas que ela cobraria um pedágio alto por sua honra despedaçada:

cidade nova

Eis aqui a Cidade Nova, Ananindeua.

O Homem que fosse o responsável pelo ato não viveria pra contar sua história, não chegaria a ver a estrada pronta.

Não deu outra. Já quase no fim das obras, uma árvore desabou sobre Bernardo. Sempre segundo os índios, não foi ‘acaso’ mas um ato Consciente.

Seja como for, o feriu mortalmente, decepando-lhe um braço e o fazendo perder rapidamente muito sangue.

sao braz

De novo a praça central do São Braz, agora em plena luz do dia.

Seus companheiros se desesperaram, dizendo “vamos chamar um médico”. Mas Bernardo se manteve calmo. Disse:

“Não há porque. Simplesmente não dará tempo, estamos no meio da selva.

Até conseguirmos o contato, e um médico providenciar o avião e voar até aqui, já estarei morto há muito”.

Igreja de Nazare

Igreja de Nazaré, de dia e de noite.

Então ele se deitou e expirou, absolutamente sereno, sem gritar, pois apesar da imensa dor física que sentia, sua Alma estava em paz sabendo que foi pela Causa Maior, a Pátria.

Quando a notícia chegou a Brasília, foi a única vez em toda a história que as obras da nova capital se interromperam, por alguns minutos numa justa homenagem.

O Homem que (ao lado de JK e Israel Pinheiro) fez Brasília andar foi o único que a fez parar. Mas seu trabalho frutificou, sua queda não foi em vão:

Igreja de Nazare - noiteTanto Brasília quanto a Belém-Brasília ficaram prontas a tempo, em boa parte graças a Bernardo Sayão.

A estrada hoje leva seu nome, e a Avenida Costeira de Belém, também. Aqui retornamos a capital paraense.

Na Avenida Bernardo Sayão, há diversos outros portos pequenos, toda orla é pontilhada por eles.

E em toda extensão urbana do Rio os belenenses pobres se banham, mesmo sendo proibido em alguns trechos, mas eles não estão nem aí.

……………

Zona Norte

Zona Norte, ao fundo barracão da Cerpa.

Enfim, galera, acho que deu pra ter uma noção.

A Ciência Oculta diz que o Sol representa o Pai, Deus em sua porção Masculina. E as águas são a Mãe, o Criador em seu lado Feminino.

Belém é a Filha das Águas. Essa cidade existe do Rio, pelo Rio e para o Rio.

Belém é igualmente inseparável do Pai-Sol, nunca quis sair de perto Dele. Segunda capital brasileira mais próxima do Sol, e por quase 2 séculos primeira.

Cidade Nova (2)

Cidade Nova, Ananindeua.

Uma cidade bastante problemática, sem dúvidas. Mas é porque a Alma de Belém está perdida.

Integrada ao resto do Brasil a custa da violação da Floresta (outra representação da Grande Mãe), Belém não se adequou ainda de todo a civilização ariana capitalista, e talvez nunca o fará.

Repito, não é uma crítica. Eu igualmente não me adaptei a civilização ariana capitalista. Sou Atlante. Belém também É. E por isso fica meio a margem do projeto hiper-consumista que outras cidades tomam.

Ver-O-Peso3

Fechando como abrimos, o Porto Fluvial do Ver-O-Peso.

Assim, sem rumo, por vezes Belém destrói a si própria. Mas nunca desiste.

Entre trancos e barrancos, ela e toda a Amazônia vão sobrevivendo, um dia após o outro. A Filha do Sol e das Águas.

Cidade que luta, cidade que sofre. É Belém.

…………

Outras mensagens da série:

“Vamos a Praia” (julho de 2013) – No fim-de-semana, a galera se espreme nos busos pra ir se banhar nas praias de rio do Outeiro e Mosqueiro. Eu fiz o mesmo.

Feliz Lusitânia”: a Amazônia é brasileira graças a Belém (junho de 2013):

placa rua praça república belém pará não bairro Centro existe reduto z/c centrãoAbordamos a história da cidade, como Belém foi fundamental duas vezes pra que a Pátria Amada tivesse seu quinhão da Grande Floresta:

1º na fundação e depois na vitória brasileira na Insurreição da Cabanagem, apoiada pela França que pretendia abocanhar nosso território.

Nessa mensagem faço também um apanhado do futebol no Pará, e mostramos que esse é, até hoje, o estado mais português do Brasil.pichacao (7)

 – A Terra é Firme, mas não muito (junho de 2013):

Falo da periferia da cidade, da sua rede de transportes e da pichação de muros em Belém, entre outros temas.

Que Deus ilumine ao Pará e a toda Humanidade.

Deus proverá

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