“Feliz Lusitânia”: a Amazônia é brasileira graças a Belém

do ver-o-peso ao menino-deus: belém é assim

praca Centro1

1ª igreja de todo Norte Brasileiro, no marco zero de Belém. Eu não pertenço a nenhuma religião organizada, coloco como uma referência histórica, e não de credo.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

2 emeios, publicados no final de junho de 2013

O 1º é de 25/06/13.

Continuemos a falar da cidade de Belém, o “Portal da Amazônia”. Portal e Guardião: a Amazônia é brasileira graças a Belém.

Como é notório, no século 17 várias potências europeias brigavam pela posse de colônias além-mar.

Por isso em 1616 a coroa portuguesa edificou um Forte na Baía do Guajará.

Pois quem possuísse a foz do Rio Amazonas tomaria posse de tudo que houvesse rio acima, já que era muito mais fácil entrar na Grande Floresta por barco que abrindo picadas a facão na mata virgem.

Clube do Remo

Estádio do Remo, na Zona Central. O do Paysandu fica na quadra ao lado, cerca de apenas cem metros os separam.

Veio o Forte, que se desenvolveu numa cidade, batizada de “Feliz Lusitânia”, mais tarde renomeada “Belém”, que é um bairro de Lisboa-Portugal.

Parabéns Belém, que agora em 2016 se torna Quadri-Centenária.

Obviamente se refere somente a contagem iniciada com chegada de pessoas da raça branca.

Só que a região já era habitada pelos homens antes, séculos antes dos europeus ali pisarem.

Como eu desconheço a história indígena teremos que nos ater a visão euro-cêntrica que conta a fundação em 1616. Está feita a importante ressalva que eu não desconsidero a herança americana, ameríndia, exatamente ao contrário. Segue o texto original de 2013.

Paysandu sede social

Sede social do Paysandu, no Centro.

A Baía do Guajará é a foz do Rio Tocantins. Entretanto, contornando a Ilha do Marajó você chega no Amazonas.

Seguindo esse processo, em 1669, Manaus-AM foi fundada no Coração da Grande Selva.

Quase um século depois, em 1758, a coroa portuguesa implantou mais um forte, do outro lado da Ilha de Marajó, na foz do Amazonas mesmo, na atual cidade de Macapá-AP.

Pronto, agora tá dominado, a Amazônia definitivamente é lusa. E depois de 1822, brasileira. Portanto, é por Belém existir que o Brasil tem parte de seu território no Hemisfério Norte.

onibus roxo e flores vermelhas

As Flores de Belém. Essa é na frente da Catedral, é a mesma imagem que abre a matéria ampliada.

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Portugal agiu inspirado pela fundação da atual Buenos Aires-Argentina

Como é de domínio público, em 1536 os espanhóis construíram um forte na foz do Rio da Prata pra dominar os rios Paraná e Paraguai, mas ele foi imediatamente dizimado por ataque indígena.

Então a Espanha edificou sua base colonizadora continente adentro, fundando Assunção-Paraguai em 1537. A foz foi deixada desguarnecida, mas não havia perigo, só Portugal tinha cruzado o Atlântico, e a coroa lusa estava tentando implantar um império na África e na Ásia.

heranca lusitana

Pará, o estado mais português do Brasil. Uma casa lusitana, com certeza, diz a propaganda de um ‘arraiá‘ em Belém – aliás ‘Belém’ é um bairro Lisboa.

Mas não deu certo, e então Portugal começou a voltar sua atenção pra América.

Inglaterra, França e Holanda, entre outros, ao verem os ibéricos enriquecerem também começaram a crescer os olhos pro Novo Mundo.

Assim, a Espanha não quis deixar a foz do Rio da Prata desprotegida, e de Assunção saiu a expedição que re-fundou Buenos Aires em 1590.

Buenos Aires fundou Assunção, mas a atual capital argentina teve poucos meses de vida, em sua primeira versão na contagem européia.

Depois Assunção fundou Buenos Aires, ou melhor dizendo re-fundou.

menino-deus

Menino-Deus de Marituba, um dos símbolos da Grande Belém.

É creio um caso único na história da humanidade, em que duas cidades fundaram reciprocamente uma a outra.

Além disso Assunção fundou diversas outras cidades que ficam atualmente no Paraguai, Argentina e Brasil.

Por isso Assunção se auto-denomina “A Mãe de Cidades”, historia que já contei melhor em outra oportunidade.

Já que a Espanha havia garantido a posse do Grande Rio ao sul do continente, Portugal resolveu fazer o mesmo com o Grande Rio do norte da América do Sul. 26 anos depois da 2ª e definitiva fundação de Buenos Aires, de certa forma espelhando-a surgiu Belém.

Marituba ZL periferia2

Próximas 3: Marituba, Zona Leste metropolitana. A periferia de Belém é assim. Esse conjunto me lembrou muito algumas cohabs da periferia aqui de Curitiba, especialmente uma no Tatuquara, Extremo Sul da cidade.

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Essa primeira etapa da história terminou com a posse portuguesa da maior parte da Amazônia.

A seguir, veio outra batalha, pra que o Brasil independente pudesse herdar de forma plena esse espólio.

O Pará é longe do Sudeste e mesmo do Nordeste, que eram os pontos mais desenvolvidos de nossa pátria no século 19.

Só na segunda metade do século 20 houve a ligação por terra, com a inauguração da Belém-Brasília. Antes, só por barco.

Esse isolamento quase custou a participação do Pará no Brasil recém-independente.Marituba ZL periferia

Por lá havia grande número de portugueses, mais da metade da minoria branca, e dominavam o comércio e outros ramos importantíssimos da atividade humana.

De Belém levava quase o mesmo tempo de barco tanto pro Rio de Janeiro quanto pra Lisboa. De forma que o Pará era mais conectado com Portugal que com o Brasil.

E por isso foi a última província a aceitar a independência, que desagradou boa parte da elite paraense.

A “Estrela Solitária”, um estado genioso, orgulhoso de sua terra e seu povo. Por isso a única Marituba ZL periferia1estrela acima do “Ordem e Progresso” na bandeira.

Há uma causa geográfica, pois Belém era nossa capital mais setentrional, posição que ostentou até 1991. E também essa causa histórica.

Uma coisa não impede a outra. As dimensões se alinharam.

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Marituba-PA

Ainda Marituba, o postinho de saúde (fotografei também o do Confisco em Belo Horizonte e o de Maipú em Santiago-Chile).

Se a descrição do Pará como uma terra rebelde coincide com o Rio Grande do Sul, sua percepção é exata.

Ambos iniciaram simultaneamente rebeliões armadas contra o Império Brasileiro, em 1835, quando estouram a revolta Farroupilha no Sul e a Cabanagem no Pará.

Tremenda dor de cabeça pra Dom Pedro, que logo seria agravada, pois dois anos depois, com ambos os conflitos em andamento, veio novo levante, a Sabinada na Bahia.

E em 1838 começou ainda mais uma insurgência, a Balaiada no Maranhão.

De forma que nesse ano o império enfrentava quatro insurreições simultâneas, e com exceção da Bahia as outras províncias eram então periféricas econômica e fisicamente, e de difícil acesso.

cond. fechado e belenense tipico

Eis o belenense típico, mestiço de branco com índio: pele morena, cabelo preto liso, sem barba (já no Chile, cuja população também é mestiça com índio, eles usam mais barba). Os brancos, embora numerosos, são minoria. Em Manaus é o mesmo. Outro detalhe: em Belém há muitos condomínios fechados, ruas sem saída que os moradores põe portões. Esse aqui é perto do Centro.

Primeiro ele debelou os levantes no Nordeste e Norte, no Sul levou em banho-maria:

Mandou forças suficientes apenas pra que os farrapos não vencessem, mas o foco era na Bahia, Maranhão e Pará primeiro.

Falemos da Cabanagem. O nome já indica a origem miserável da massa revoltada.

Eram de maioria negra e indígena, e moravam em cabanas as margens dos rios, dentro da selva. A bandeira rebelde era inteiramente vermelha.

O Amazonas, então parte da província do Grão-Pará, ficou do lado do Brasil, e assim ganhou como prêmio sua separação do Pará.

Mesmo em Belém houveram muitos paraenses que lutaram na contra-insurreição.

E esse grupo, leal ao Brasil, ostentava o pavilhão que é a atual bandeira do Pará, vermelha com uma faixa branca transversal, com a estrela solitária azul no centro.

O atual Amapá (que também era parte do Pará) igualmente lutou ao lado do Brasil. Já a França apoiou a rebelião, eles pretendiam ampliar a sua Guiana Francesa.

Se o Brasil perdesse o Pará, o Amapá iria pros franceses. Seria o pagamento dos rebeldes pela ajuda.

Mas não deu. Após uma ofensiva inicial em que os revoltosos lograram tomar Belém por curto período de tempo, veio o contra-ataque imperial, com a marinha e o exército brasileiros usando sua conhecidíssima ‘mão-de-ferro’.

'Decouville' marituba

Agora na periferia, mais um condomínio. “Decouville” (é mole um nome desses??), Marituba. Veja que a rua interna é de terra.
Mesmo nas favelas há “condomínios fechados”
. São becos, em que só se entra a pé ou no máximo de moto. Carro não passa de jeito nenhum. Mas igualmente colocaram portão, e você só entra com chave. Já vi o mesmo em outras favelas pelo Brasil, entre outras no Paraisópolis, que fica no Morumbi, o bairro mais rico de São Paulo, nada menos que isso, na Zona Sul.

Belém foi sitiada por mar, ficando isolada, e a seguir impiedosamente bombardeada.

Assolada pela guerra, fome, saques generalizados e por severas epidemias de doenças tropicais, a cidade caiu de novo nas mãos das forças leais ao Império brasileiro.

Só que os insurgentes não confiaram na oferta de anistia do governo central, pois promessas similares já haviam sido quebradas antes.

E ao invés de se entregar fugiram pras selvas, onde passaram a fazer guerra de guerrilhas.

Por mais 4 anos, até 1840, comandos do exército e da marinha os caçaram impiedosamente na floresta.

Quando localizavam um ‘aparelho’ rebelde, massacravam toda a aldeia. Assim a Cabanagem chegou ao fim, ao custo de enorme banho de sangue.

Algumas fontes atestam que entre 30 a 40% da população paraense foi exterminada em 5 anos.

Aproveitando o embalo da Cabanagem, os militares brasileiros, como já estavam por ali, promoveram novo massacre no vizinho Maranhão.

Ilha do Outeiro ZN

No Pará (e no Mato Grosso) os relógios de luz são no alto dos postes em plena rua, e não dentro dos quintais. Foto na Ilha do Outeiro, Zona Norte.

Encerrando no ano seguinte de forma igualmente sangrenta a Balaiada, que havia se iniciado em 1838.

Nos dois casos, os mortos eram em sua imensa maioria negros e índios, e quase todos muito pobres.

A espada imperial estava bem afiada, e cortou cabeças sem dó. Não é força de expressão, é literal.

Alguns igarapés do Maranhão e Pará se turvaram, ficaram rubros de tanto sangue que foi derramado.

Na Amazônia os militares brasileiros ‘aqueceram as máquinas’ pro massacre que logo ocorreria no Paraguai, poucas décadas depois.

Foi isso que Solano Lopes não levou em conta, ao iniciar de forma impensada uma guerra contra dois vizinhos muito maiores, Brasil e Argentina:

Centro2

Aqui na Pres. Vargas, no Centrão.

O Exército Imperial brasileiro acabara de sufocar muitas rebeliões simultâneas, em diversas partes da pátria.

Foi usada crueldade indescritível contra os comandantes rebeldes.

Se não houve piedade contra os próprios brasileiros que se revoltaram, qual seria o tratamento a um estrangeiro que inicia uma agressão?

O Brasil cometeu um genocídio absolutamente brutal contra o povo paraguaio, pelo que devemos pedir desculpas, e aqui o faço mais uma vez.

Mesma cena no São Braz, Z/C. Observe que no mesmo poste há 12 relógios.

Felizmente nossa Pátria Amada tomou medidas concretas pra ajudar a erguer o Paraguai, sendo Itaipu a maior delas. Ainda bem, porque nosso erro foi grave.

Ainda assim, se Solano Lopes tivesse sido mais racional ele não teria iniciado esse confronto, poupando seu pequeno país da quase aniquilação.

Ele nunca poderia vencer militarmente Brasil ou Argentina isoladamente, o que dizer os dois juntos?

De volta a Amazônia e sua Cabanagem. Hoje, os líderes da rebelião são nomes de avenidas e bairros de Belém. E Cabanagem é um de seus bairros, na Zona Norte, lugar que estive e serpenteei entre seus becos, em meu primeiro dia na cidade.

Zona Central

Anoitece no São Braz.

Na Zona Sul de Belém há também o bairro Canudos, outra revolta popular oriunda da miséria, ocorrida na Bahia no mesmo século 19.

Enfim, com muito sangue derramado, a província do Grão-Pará continuou no Brasil. Na época isso era todo o Norte Brasileiro, exceto o atual Tocantins (que pertencia a Goiás e portanto ao Centro-Oeste).

Tivesse perdido a guerra, nosso país teria pouco mais da metade do tamanho atual.

Pois o espólio seria repartido entre França, Inglaterra e Holanda, que estavam ali ao lado, todas ansiosas por aumentar as ‘Guianas’ que cada uma delas possuía.

saida do Ver-O-Peso

Saída do Ver-O-Peso.

Aos rebeldes cabanos mesmo pouco sobraria, dominariam somente as imediações de Belém e nada além.

Pois após vitoriosa a revolta é que a França revelaria sua real intenção ao apoiar sua insurreição.

Se o Império brasileiro tivesse sido posto pra correr, com os cabanos servindo de bucha de canhão, a seguir os europeus trairiam seus antigos aliados e repartiriam entre si a Amazônia.

Portanto a Grande Floresta é brasileira graças a fundação de Nova Lusitânia, em 1616, que repeliu investidas de outras potências europeias.

quadra 14 da PV

Em algumas avenidas se coloca a numeração das quadras. Em Belém é apenas uma curiosidade. Já na Colômbia e também em Bauru-SP isso influi na numeração da via.

E dois séculos e pouco depois graças a vitória militar do império.

…………

Isolado do resto do Brasil por séculos, o Pará sempre foi o estado brasileiro mais ligado a Portugal. 

Que bom, porque uma época a França tentou nos tomar o Maranhão. Não fosse a enorme presença de lusos ali perto, talvez os invasores franceses tivessem triunfado.

Quase 15% dos municípios do Pará (16 de 144) foram fundados por portugueses com a exata mesma denominação de cidades e vilas portuguesas. São cidades do Pará, e também de Portugal: 

Santarém, Bragança, Soure, Faro, Viseu, Aveiro, Almerim, Chaves, Ourém, Óbidos, Oieras e Santa Bárbara (“Santa Bárbara do Pará”, na versão brasileira).

bem-vindo a Belem Zona Sul

Próximas 3: a periferia de Belém é cheia de favelas. Vejamos o mapa do ‘Google’. Aqui as Zonas Sul e Central.

E os municípios paraenses de Castanhal, Monte Alegre e Vigia são vilas de Portugal.

Fora que Belém é um bairro de Lisboa. Além disso, a Belém brasileira, no Pará, tem duas ilhas, Outeiro e Mosqueiro. Ambas são vilas portuguesas, na origem.

Veja a foto acima na página: o arraial de festa junina de um colégio particular de classe média-alta belenense diz que o Brasil é “uma casa portuguesa com certeza”. No Pará, é exato.

bem-vindo a Belem comeco da Zona Norte

Zona Central e começo da Zona Norte.

Em outras capitais, essa afirmação faria pouco sentido. A parte do idioma, pouca coisa nos liga a nossa ex-metrópole.

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Já que vamos falar de futebol, reforço o aviso: eu não torço pra nenhum clube, nem no Pará nem em lugar algum (com exceção talvez do Nacional de Medelím-Colômbia).

Não por outro motivo fotografei tanto as bandeiras do Remo quanto as do Paysandu – como aqui na Grande Curitiba fotografei igualmente as do Atlético e do Coritiba.

bem-vindo a Belem extremo da Zona Norte

Extremo da Zona Norte.

Agora, se ultimamente o Paysandu tem ganho mais títulos que o Remo, isso não é culpa minha, não comemoro nem lamento essa fato, apenas relato-o.

Contra números não há argumentos, por favor não culpe O Mensageiro pela mensagem.

TUDO AZUL: É O FUTEBOL NO PARÁ – 

Hoje são 2 times grandes no Pará, como é notório o Paysandu e o Remo.

Clube do Remo - Azulao

Clube do Remo – Azulão.

Já falamos deles. Antes, um adendo. Nem sempre foi assim, até os anos 80 eram 3 grandes, a Tuna-Luso, time da colônia portuguesa (e por isso seu símbolo é o mesmo do Vasco-RJ, a Cruz de Malta) lhes fazia companhia

Em 1988, a Tuna-Luso foi campeã do Pará pela última vez. Foi seu 10º título. Na época, o Remo tinha 29 conquistas, e o Paysandu 35.

Ou seja, ambos eram maiores que a Tuna, mas não tanto. Eram 3 grandes, o clube português não fazia feio.

Dos anos 90 pra cá, a Tuna “se recolheu”. Ainda existe, mas não ganhou mais nada, Paysandu e Remo monopolizaram, e abriram grande distância:

Tendo agora 45 e 42 títulos, respectivamente, nos dados de 2013, abaixo seguem os números atualizados pra 2016.

10 títulos não é de todo mal, por todo o século 20 o cruz-maltino paraense dava a volta olímpica com alguma frequência.

Paysandu - Bi-color

Paysandu – Bi-color, ou ‘Papão’.

Se não era gigante como os rivais azuis, também não era café-com-leite.

Comparemos com as terceiras forças de outros estados, que isso ficará claro. O Paraná Clube tem 7 títulos paranaenses.

O Ferroviário é o terceiro vencedor, com 8, mas já está extinto, inclusive é um dos formadores do Paraná. Ambos com menos canecos que a Tuna-Luso.

O América ganhou o mineiro 15 vezes. Mais que a Tuna, mas a distância não é astronômica. Na Bahia, o terceiro maior campeão tem as mesmas 10 taças da Tuna: é o Ypiranga de Salvador.

remista

Bandeira do Remo em Marituba.

Mas olhe, o Ypiranga está em decadência severa, há anos e anos está na segundona baiana, cujo nível é bastante fraco (como a 2ª de todos os estaduais).

A Tuna iguala as conquistas do Ypiranga, e ela pelo menos está na primeira divisão do estadual (vide atualização abaixo).

E no Rio Grande do Sul, então, em que nem há terceira força? Após a dupla de gigantes, o maior vencedor é o Guarany de Bagé.

Que só foi campeão gaúcho 2 vezes, e em uma delas os clubes da capital não disputaram, boicotaram por questões políticas.

Paysandu Ver-O-Peso

Bandeira do Paysandu no Ver-O-Peso.

O Guarany gaucho, assim como o Ypiranga baiano, está há muito tempo oscilando entre a segunda e mesmo a terceirona do estadual.

Resumindo galera, comparada com as terceiras forças de outros 4 estados grandes, só o América-MG está melhor.

No século 20, a Tuna foi grande. Se não gigante, grande o suficiente pra ganhar respeito de todos. Agora, dos anos 90 pra cá realmente a decadência foi feia.

Mas visto bem certinho nos outros estados é igual, os que um dia foram a terceira força quando estão na primeira divisão cumprem tabela.

CAM e Paysandu

Nesse mesmo prédio do Centrão havia faixas e bandeiras do Atlético-MG e do Paysandu. Abaixo ampliadas.

E esse nem sempre é o caso, todos recentemente frequentaram divisões inferiores do estadual, se é que não estão lá agora mesmo.

Atualização: escrevi em 2013, como dito. Agora em 2016 o América foi novamente campeão mineiro, batendo o Atlético na final. Foi sua 16ª conquista.

Voltou a vencer após uma década e meia só cumprindo tabela ou nem isso, em 2008 o Coelho disputou a segundona do campeonato mineiro.

Até pouquíssimo tempo atrás a Tuna Luso nunca havia passado por esse vexame de um rebaixamento.

Tudo tem a 1ª vez. Em 14 ela caiu e disputou a segundona paraense, voltou mas foi de novo rebaixada.

Ou seja, quando fiz esse texto a Tuna Luso ainda não fazia tão feio comparada a 3ª força de Galo presente em Belemoutros estados mas de lá pra cá realmente a coisa desandou de vez.

E a decadência que já vinha desde os anos 90 piorou. Volta o texto original.

Sem a equipe lusa pra lhes fazer sombra, tudo ficou polarizado entre os dois grandes, que tem muitas coisas em comum: ambos são azul e branco, e vizinhos.

Belém é a “Cidade Azul”, essa é sua cor, majoritária em sua bandeira, e a maioria de suas escolas tem o uniforme nessa tonalidade. Papao presente

No futebol, isso fica igualmente evidente. É o único lugar do Brasil que os arqui-rivais compartilham a mesma cor.

No México é assim também, e de forma ainda mais acentuada:

Por incrível que pareça, quase todos os principais times do país têm um uniforme celeste, seja o de mandante ou pelo menos o de visitante. Já descrevi com detalhes incluso com muitas fotos, confira.

De volta ao Pará, os dois arqui-rivais são em azul-&-branco. Então como fazer diferenciação?

Portal da Av. Nazare

Portal da Av. Nazaré.

Simples: no coração da massa, o Remo, azul escuro, é o ‘Azulão’. O Paysandu, azul claro, é o ‘Bi-Color’. 

O “Grande Clássico do Norte Brasileiro” – Remo x Paysandu ou pros íntimos Re-Pá -, além de partidas contra grandes de outros estados e eventualmente competições internacionais, são todos disputados no Mangueirão.

E aqui novamente a letra fria do papel entra em choque com a acepção popular. Oficialmente se chama “Estádio Olímpico do Pará Jornalista Edgar Augusto Proença”.

Tente ir numa das muitas quebradas de Belém e dizer isso.

Praca da Republica

Praça da Republica, no Centro. Oficialmente no bairro do ‘Reduto’.

“Annh? Como é o nome mesmo? Moço, tem certeza que é em Belém esse lugar?????”, vai ser a melhor resposta que você obterá. Agora, pergunte onde é “o Mangueirão”.

Todo mundo tem a resposta na ponta da língua, mesmo quem não gosta de futebol e nunca pisou em suas arquibancadas.

Pois é uma referência urbanística, como o Ver-o-Peso.

E o Mangueirão fica no bairro …, bem, no bairro do Mangueirão, começo Zona Leste de Belém.

Justo no entrocamento entre os acessos pros subúrbios populosos, “a quebrada que a parada é mais quente”, das Zonas Leste e Norte, fica fácil pra todo mundo chegar.

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amanhece Centro

Próximas 3: amanhecer no Centro.

Tanto o Remo quanto Paysandu tem seu próprio estádio, apertado, antigo, bem central, no coração da cidade:

Um verdadeiro alçapão, onde jogam contra os clubes do interior do Pará.

É mais um detalhe que Belém lembra Assunção, o Cerro e Olímpia igualmente jogam contra os pequenos cada um no seu alçapão.

E entre si e jogos internacionais no Defensores do Chaco.

Voltemos a Belém, que o Paraguai já foi bem descrito alhures. Paysandu e Remo têm seus estádios próprios. E segura essa: ficam uma quadra um do outro. amanhece Centro1

Não é modo de falar, é literal, pouco mais de 100 metros os separam. O Paysandu é o famoso ‘Papão da Travessa Curuzu’.

A primeira paralela dessa via é a Travessa Antônio Baena, e ali está o Estádio Evandro de Almeida, do Remo.

As pessoas se impressionam com a proximidade entre os estádios dos dois clubes de Campinas-SP:

Amanhece Centro2

Centro de Belém: não vemos o Sol, mas seu reflexo (já fotografei o mesmo em Curitiba, SP e de novo em Santiago).

O Brinco de Ouro da Princesa, do Guarani, fica a 7 quadras do Moisés Lucarelli, da arqui-rival Ponte Preta.

Em Belém isso é muito mais pronunciado, você se posta no número 900 da Almirante Barroso (uma das principais da cidade, onde agora passa o Ligeirão):

Você vê os estádios do Remo e Paysandu quase se tocando, está a apenas alguns passos de cada um deles.

E não para por aí. Na mesma Avenida Almirante Barroso, 2 km mais pra frente, está o estádio da Tuna-Luso, que, verdade, hoje não ganha mais nada.

Mas por quase todo o século 20 não foi assim, a Tuna de vez em quando beliscava um título. Se os gigantes Remo e Paysandu são quase siameses, a Tuna os vigiava de perto, e isso na dimensão geográfica como em outras.

mais um Paysandu

Mais um torcedor do Paysandu na Cidade Nova, Ananindeua.

…………….

O PAPÃO PAPA-TUDO: O PARÁ TÁ DOMINADO –

Entre Paysandu e Remo, não sei qual torcida é maior, mas em termos de clubes, dentro de campo, atualmente o Paysandu está tendo mais sucesso.

Pois ele (atenção, vou dar os dados que eram corretos em 2013, depois faço a atualização pra 2016):

Está na 2ª divisão do Brasileirão, o Palmeiras irá a Belém enfrentá-lo. Não leia o ‘mantra’ ‘2ª divisão’ com lentes do Sul ou do Sudeste, caso você more nessas partes mais ricas do nação. Pro Norte do Brasil, isso não é pouco, equivale quase a estar na Libertadores pros times daqui.

telhas

Belém é muito quente, então as casas mesmo na periferia – essa foto é em Ananindeua – são de telhas de barro. No Centro-Sul do Brasil e mais a Bahia num bairro desse perfil seria tudo em eternit.

Foi muito comemorado no Pará a ida do Paysandu pra série ‘B’.

Principalmente se você levar em conta que seu arqui-rival Remo encerrou as atividades por esse ano, não joga mais em 2013.

Pois não está sequer na 4ª divisão. Vi pichações em Belém que diziam “Queremos Remo na série ‘D’ ”. Já falo mais disso;

O Paysandu já disputou uma Libertadores da América, em 2003, único clube de todo o Norte a fazê-lo. Mais:

Nessa oportunidade o Paysandu silenciou a Bombonera, venceu lá o Boca Juniors por 1×0.

No jogo de volta, no Mangueirão, o time argentino deu o troco, venceu por 4×2, eliminou o Paysandu e depois seria campeão do torneio. Fazer o que, né?

Pratinha ZN

Aqui e a esquerda: Pratinha, Zona Norte.

Mas calar o Boca na casa deles é até hoje comemorado com um título, e não é pra menos:

Só outros 3 times brasileiros conseguiram, o Santos em 1963, o Cruzeiro em 1994 e o Fluminense em 2012.

Em toda a história da Libertadores, contra times de todos os países (até 2013, não sei de lá pra cá):

O Boca perdeu apenas 11 vezes dentro da Bombonera, contra 79 vitórias e 23 empates. E uma das derrotas foi pro Paysandu;

Pratinha Zona Norte Pra disputar a Libertadores, o Paysandu ganhou no ano anterior a Copa dos Campeões, batendo ninguém menos que o estrelado Cruzeiro-MG.

Assim o Paysandu é o único time do Norte a vencer uma competição nacional de 1ª divisão. Na virada do milênio haviam torneios regionais no Brasil: Rio-São Paulo, Sul-Minas, Copa Norte, Copa Nordeste e Copa Centro-Oeste.

acesso a Zona Norte

Aqui é a Avenida Independência, que começa na Cidade Nova, Ananindeua, Zona Leste, e acaba justamente no bairro Cabanagem, Zona Norte já do município de Belém. Como podem ver, se seguir reto sai no Centro, ali indicado por “Belém”. A direita o acesso a Icoaraci, extremo da Zona Norte. Foto tirada a poucos passos da divisa municipal.

Os melhores colocados em cada uma delas se enfrentavam na Copa dos Campeões, que dava ao campeão uma vaga na Libertadores do ano seguinte.

Quando Paysandu e Cruzeiro se classificaram pra final, 99% das pessoas apostaram que seria um passeio pro clube mineiro. Mas não foi.

Após perder a primeira partida da final em Belém, o Paysandu venceu a segunda em Fortaleza-CE, no tempo normal e pênaltis, e deu a volta olímpica;

– Se tudo isso ainda é pouco pra ti, o Paysandu é o atual campeão do Pará, e maior vencedor da história, 45 vezes, 3 a mais que o Remo.

Como prometido, vejamos como está a situação quando a matéria subiu pro ar (maio, 2016):

O Paysandu é de novo o atual campeão. Havia vencido o estadual de 13, deu volta olímpica em 16 de novo.

Segue sendo o maior campeão, vestiu a faixa 46 vezes, contra 44 do Remo.

divisa Ananindeua x Belem

A mesma esquina vista no outro sentido. Se for em frente, sai na Cidade Nova, de onde estou vindo a pé. A direita, vai na BR-316, e foi esse rumo que tomei.

– Pra amenizar, o Remo foi bi em 2014-15. Portanto das últimas 3 disputas desde que estive lá ele venceu duas. Ponto positivo pro Azulão.

Esse ano o Remo disputará a 3ª divisão do Brasileirão.

Ou seja tem calendário pro segundo semestre, em 2013 ele não se classificou sequer pra 4ª divisão nacional, fechando as portas naquele ano após o estadual.

Assim vemos que em termos de campeonato brasileiro o Remo subiu 2 degraus.

– Só que ainda está bem atrás do Paysandu, nesse quesito também. Em 16 o Papão mais uma vez marca sua presença na segundona nacional.

O que eu repito não é pouco pro Norte Brasileiro, honremos esse feito antes de depreciá-lo.

Belem x Ananindeua

Saí na Rodovia Mario Covas, que por um trecho divide os municípios de Belém (a direita da foto, do lado da calçada que estou) e Ananindeua (cruzando a rua, ao fundo na imagem).

Em 13 o Paysandu fez péssima campanha na série B do Brasileiro e acabou rebaixado pra terceirona. Mas em 2014 ele se regenerou, e subiu de novo pra 2ª divisão.

Já em 2015 ele foi muito bem, terminou o certame em 7º,.

Não apenas nunca correu qualquer risco de ser rebaixado como por várias rodadas figurou no G4, sonhou com o acesso.

Pra subir pra série A realmente não deu. Mas ele se garantiu com sobras na B.

Em 13 ele teve o Palmeiras como companheiro de jornada na 2ª divisão, como já dito e é notório.

Já em 15 ele enfrentou o Botafogo, e agora em 16 será a vez do Vasco ir ao Mangueirão.

Coqueiro x 40 Horas

Voltamos a Rodovia Mário Covas. A direita, Rodovia Trans-Coqueiro, município de Belém. Ao cruzar a Mário Covas, entramos no bairro 40 Horas, Ananindeua, e a Rodovia muda de nome, como observam.

– Tem mais: em 2014 surgiu a Copa Verde, disputada por times do Norte, Centro-Oeste e Espírito Santo. O Pará chegou a todas as finais.

Em 14 o Paysandu venceu o Brasília no Mangueirão e perdeu no Mané Garrincha pelo mesmo placar, 2×1. Nos pênaltis a equipe da capital federal levou a melhor.

No ano seguinte foi a vez do arqui-rival Remo ser vice, e de maneira dramática. Bateu o Cuiabá em Belém por 4×1.

‘Pôs as mãos na taça’, todos pensaram. Ledo engano. O futebol é mesmo uma caixinha de surpresas, e na volta em casa o time do Mato Grosso aplicou inacreditáveis 5×1 e foi o campeão.

centrao

Próximas 4: Centro de Belém.

Em 16, entretanto, novamente o Paysandu faz a final no Distrito Federal. Ida em Belém ele aplica 2×0 no Gama.

O Alvi-verde candango ainda conseguiu vencer a volta, 2×1, mas no placar agregado o Papão do Pará papou mais duas façanhas: mais uma conquista inter-estadual.

E de quebra mais uma disputa internacional no currículo, vai jogar a Sul-Americana. Pela 2ª vez o Pará representado num torneio continental, e de novo pelo Paysandu.

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Agora volta o texto original de 2013, em que falo do campeonato estadual daquele ano. O êxtase da massa reflete o momento das equipes. Além da vaga na série ‘B’, O Paysandu é o atual campeão, vencendo o Re-Pá da final do primeiro turno.

Centro (2)Já o Remo chegou as duas finais de turno do estadual e perdeu ambas, sendo a segunda pra um time do pequeno interior, o Paragominas.

A final do Parazão/13 foi dessa forma entre esse time e o Paysandu, que levou a melhor.

Por não ter ido sequer a final o Clube do Remo, dentro de campo, perdeu o direito de disputar a 4ª divisão nacional.

Pra entendermos o processo, preciso fazer uma introdução, pois poucas pessoas sabem quais são os critérios pra se participar da 4ª divisão.Centro de Belem

Nas séries ‘A’, ‘B’ e ‘C’ (1ª, 2ª e 3ª divisões nacionais) os participantes são definidos por ascensão e rebaixamento.

São os mesmos da edição anterior, menos os 4 últimos, substituídos pelos 4 primeiros da divisão logo abaixo. Isso é sabido.

Então, entenda bem isso: na 4ª divisão (série ‘D’), não é assim. Os 4 rebaixados da 3ª tem vaga garantida na 4ª do ano seguinte, mas as outras 36 vagas não são fixas, vão pros que tem melhor desempenho nos certames estaduais.

Centro VelhoEvidente, se um clube já está nas séries acima abre mão, e quem vem na sequência vai herdando. 

Se o campeão estadual já está na série ‘A’, a vaga vai pro vice. Digamos que esse já esteja na série ‘B’ ou ‘C’. Então o 3º colocado no estadual herda a vaga na série ‘D’, e assim sucessivamente.

Os 9 estados maiores pela classificação da CBF pegam duas vagas cada um na série ‘D’.

Os demais estados (como é o caso do Pará), uma. Era assim quando escrevi o original. Em 2016 a CBF adicionou novas vagas a serie D, agora o Pará terá 2 participantes. Mas em 13 era 1 só.

Zona Central1

Aqui e a esquerda: Bairro do Marco, Zona Central. Essas e várias outras no decorrer da matéria foram clicadas de dentro de ônibus em movimento.

A série ‘D’ tem algo em comum com a Copa do Brasil, ambas tem representantes de todos os 27 estados brasileiros.

São torneios ‘nacionais’ no sentido mais amplo do termo, e pra ambas a classificação é via campeonato estadual.

No Pará, (em 2013, friso ainda mais uma vez) o Paysandu já está na 2ª divisão nacional, e o Águia de Marabá, no interior do estado, na 3ª.

Assim, independente de que lugar esses dois fiquem no estadual, a vaga na 4ª divisão não lhes diz respeito. Iria pro melhor colocado no paraense, esses dois a parte.

O campeonato paraense não é por pontos corridos, e sim os vencedores de turno fazem a final. No primeiro, foi Re-Pá, o Paysandu ganhou e se garantiu na decisão.

Zona Central2No segundo, o Remo chegou novamente, e novamente perdeu, pro Paragominas, como já dito.

O Paysandu acabou campeão, o Paragominas vice, portanto foi ele o melhor colocado entre os que não tinham vaga garantida nos certames nacionais.

E a vaga na série ‘D’ é sua. Naquele ano o Remo teve que ficar inativo em todo 2º semestre, portanto.

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nao ha bairro 'Centro'

Em Belém não há um bairro chamado textualmente “Centro”. É claro que há o Centro da cidade, apenas ele tem outros nomes: são os bairros Reduto, Campina, Cidade Velha e Batista Campos. Em São Paulo é assim também, o Centrão da cidade oficialmente se denomina Santa Efigênia, Sé, República, etc. Já em Curitiba e no Rio de Janeiro, entre outras, é o oposto, há o “Centro” como um bairro assim oficialmente denominado.

Encerra-se o 1º emeio. Emendamos o 2º, publicado em 28 de junho de 2013.

Em Belém praticamente não se ouve ‘funk’. Essa foi uma constatação, confesso, inesperada pra mim.

Em Belo Horizonte-MG, Fortaleza-CE, Santos-SP, além é claro do Rio de Janeiro, onde surgiu, o ‘funk’ é onipresente.

E bem comum nas demais capitais, como Curitiba, Porto Alegre-RS, São Paulo, Brasília-DF, Goiânia-GO e assim vai.

Então eu cria que em Belém seria igual. Mas não é. Esse estilo é bem raro por lá, praticamente inexistente.

A música que os paraenses gostam é o ‘forró’. Mas não é bem o forró nordestino. O que eles denominam forró no Pará é mais eletrônico, e talvez mais acelerado.

Muitas vezes chamado de estilo ‘brega’ no resto do Brasil, trata-se sempre de música romântica.

surgiu mais uma favela

Mais uma favela se formando (observe que as casas estão em construção), no bairro do Marco, entre as Zonas Central e Leste.

Onde as pessoas narram seus amores e desamores com o outro sexo. Acho que exemplificar é mais fácil que tentar explicar. O maior ícone da música paraense é a banda Calypso.

Vejam uma canção deles, que foi tema de uma novela da Globo recentemente.

http://letras.mus.br/banda-calypso/me-beija-agora/

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É definitivamente o maior sucesso musical da história do Norte Brasileiro, com mais de 16 milhões de discos vendidos, isso na era da internet, em que pouquíssimas pessoas ainda compram cd’s de fato.

Quadra 8 Casa 3

Disse acima que no Centro algumas avenidas têm as quadras numeradas, mas sem qualquer efeito prático. Na periferia, inversamente, essa numeração não é apenas teórica, mas, ao contrário, faz toda a diferença. Antes das ruas serem nomeadas e numeradas de maneira oficial, o morador dessa casa dá seu endereço dizendo “eu moro na quadra 8, casa 3, da rua tal”. Em Brasília e Goiânia é assim também, com a diferença que no Centro-Oeste isso é permanente e usado na Zona Central, não apenas provisório e no subúrbio. Tirei essa foto na região metropolitana, não lembro se em Ananindeua ou Marituba.

Então, nessas circunstâncias uma banda que vem da periferia do país conseguir ainda fazer com que as pessoas comprem 16 milhões de cópias físicas de seu trabalho.

É porque toca o coração do povo. Andando por Belém, você vai comprovar o quanto isso é verdade. Só se escuta esse tipo de música, capitaneada pelo Calypso.

Claro, também produzida por centenas de outras bandas, a maioria das quais nunca ninguém ouviu falar fora do eixo Manaus-Belém-São Luiz/MA-Fortaleza.

Lá está bombando. No início, a Calypso também se restringia a essa região do país, a ‘Costa Norte’ de nossa pátria.

Belém e Fortaleza são muito ligadas. Já falo mais disso. O que importa agora é que a banda de Joelma conseguiu quebrar essa barreira.

E seu sucesso ‘desceu’ pro Sudeste, o centro econômico e cultural do Brasil, dali sendo irradiado pros 4 rincões brasileiros.

A ALDEIA ESTÁ AGITADA”: AS ÍNDIAS VÃO VER ESTRELAS SEM OLHAR PRO CÉU –

Domingo de manhã eu fui a praia, que foi tema de outra postagem, a derradeira da série. Mas antes disso eu caminhava indo em direção ao bairro do São Braz (de onde sai o ônibus).

comeco da GV x Porto

Começo da Pres. Vargas, nas ‘Docas’.

E ao invés de ir direto, pela Avenida Nazaré (trajeto que eu à conhecia), fiz longo desvio pela Zona Sul, pra conhecer mais uma porção da cidade.

Andava pelo bairro da Cremação, entre o Centro e a Terra Firme. Perto da região dos “Portos”, apenas um pouco continente adentro.

A cidade ainda acordava, era domingo, perto das 9 da manhã, e lá ia eu caminhando a pé entre suas inúmeras favelas.

Cumprindo minha missão que é o de conhecer as entranhas desse continente tão amado que é a América.

Então, e perto ia um carro de som a anunciar a todo volume as atrações do baile que ocorreria a noite numa das casas noturnas da região. Essa cena é rotineira, haviam vários por lá, mas esse em específico nunca me saiu da memória.

para

Como é notório, se o Brasil tem a extensão de um continente, o Pará sozinho tem a extensão maior que a imensa maioria dos países do globo. São 1 milhão e 200 mil km2, praticamente o mesmo que Alemanha, França e Itália somadas. O município paraense de Altamira é um dos maiores do planeta, só ele tem 161 mil km2, igual a Portugal, Bélgica e Holanda somados. Se houver algum município mais extenso que Altamira, certamente é nos confins da Sibéria. Mas por pouco essa realidade não se alterou. Em 2011 houve um plebiscito em que se o ‘sim’ fosse vitorioso, o Pará seria retalhado em 3, e ficaria com apenas 17% de sua área atual, confinado a sua porção nordeste, as imediações de Belém. No sudeste surgiria o estado do Carajás, em 25% do atual Pará, e toda a porção oeste, 58% do presente território, formaria o estado do Tapajós. A Constituição Brasileira foi alterada, e agora quando surge um plebiscito desse tipo toda a população do estado tem que ser consultada, e não apenas da região que almeja a secessão. Nesse caso prático, isso quer dizer que todos os paraenses tiveram que votar, mesmo os da Grande Belém, que permaneceriam no Pará. E justamente ali, na capital e entorno, se concentra a maior parte da população paraense. Onde houve forte resistência ao movimento separatista, conseguiram mobilizar a massa pra que votasse ‘não’, com o lema “Ninguém divide o Pará”. Ao fim, vitória acachapante do ‘não’, 2/3 dos paraenses optaram por manter o estado unido.

O nome da boate é “Tesão Tupinambá”. Bem revelador, já ‘chega chegando’. A seguir, mais detalhes eram passados.

Dizia a narração, textualmente: “A aldeia está agitada. O Índio Tupinambá está com tudo”.

Presumivelmente, o índio está com seu “tesão tupinambá” lá em cima.

Sorte das índias que cruzarem seu caminho depois do anoitecer, pois elas irão ver estrelas sem precisar olhar pro céu.

Assim é Belém, irmão. Seja bem-vindo.

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Falando de outra coisa, foi tranquilo eu me alimentar nessa viagem. Sempre faço essa ressalva porque eu não como nenhum tipo de carne.

E em alguns lugares esse quesito foi complicado, como na Colômbia. Mas em Belém, voltando, foi fácil.

Em todas as partes se servem prato feito, que custa de R$ 8 a 10 (valores de junho/2013).

Simplesmente eu pedia pra substituir a carne por ovos fritos, e assim tudo transcorreu sem problemas.

A noite eu comi todos os dias numa barraquinha na Praça da República, bem no Centro, perto de onde me hospedei.

Foi o mesmo, eu pedia dois “Xis-Ovos”, sem o hambúrguer. No primeiro dia, precisei explicar.

A partir do segundo, eles se lembravam e só perguntavam se era ‘igual ao de ontem’, ao que eu acedia. E ainda ganhei um real de desconto.

O prato feito em Belém consiste em arroz/feijão, salada, farinha, carne (no meu caso dispensada) e macarrão.

Como é notório, o PF típico do Centro-Sul é arroz/feijão, salada, carne e batata-frita – em todos os lugares a verdura é alface.

Exceto em Ponta Grossa-PR onde substituem pelo repolho. Cada povo tem suas peculiaridades, e é sobre isso que vou falar agora. Entretanto, no Norte do Brasil o PF é diferente pois lá quase não se come batata-frita.

Simplesmente o povo não tem esse costume, só se serve em locais de classe elevada, onde vão turistas de outras regiões do Brasil, e é sempre caríssima. Descobri isso por experiência própria em Manaus, 3 anos antes.

A bacia amazônica é a maior do mundo. O Ploc escolheu a onça, animal tipicamente brasileiro.

Se um dia você estiver na Amazônia e sentir vontade de comer batata-frita, guarde seu apetite pro retorno. Ou, sendo esse desejo mais forte que ti, prepare a carteira pra um desfalque elevado.

Agora veja isso: na região setentrional de nosso país-continente, a farinha de mandioca é muito mais grossa e escura que aqui no Sul/Sudeste. 

Vi exatamente o mesmo em Manaus, Fortaleza e agora Belém – depois que escrevi isso também em João Pessoa-PB.

Obviamente são feitas da mesma matéria-prima, então a diferença está na quantia de energia que é gasta no refino.

Aqui, o processo químico/mecânico de embranquecer e afinar o vegetal vai até o fim, lá assim que fica comestível eles interrompem.

Digamos assim, é a mesma coisa no açúcar. Imagine o açúcar refinado, branquinho, macio, parece uma seda. E em oposição o açúcar mascavo, escuro, bruto, menos tocado pelas mãos humanas.

Com a farinha é o mesmo: quem vai do Sul/Sudeste comer a farinha de mandioca do Norte/Nordeste sem se preparar, a 1ª impressão é que está mastigando pedra. É só uma questão de se entender essa diferença, que tudo vai bem. 

O AMIGO DA ONÇA” – Um abraço felino, foi publicado em 11 de maio de 2015.

Bom, a primeira vez que eu comi a farinha rústica nortista, eu estava no bairro do Guamá. Quase na margem do Rio que o nomeia, perto da Terra Firme, extremo da periferia da Zona Sul de Belém.

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No Pará não se come muita pimenta. Em compensação, quando estive em Belo Horizonte constatei que, inversamente, a pimenta é a pedra angular da culinária mineira.

Falando nisso, comparemos como diferem por regiões os hábitos alimentares brasileiros, em outra dimensão. Aqui no Centro-Sul, como é sabido, é muito comum a modalidade de ‘bifê livre‘:

Você vai lá, se serve a vontade e paga um preço fixo por pessoa, não precisa pesar. E pode repetir quantas vezes quiser. É o legítimo “coma tudo que puder” tão famoso nos EUA.

A gravura a dir foi inspirada na história real do leão Cristian: dois homens adotam um bebê de leão em Londres/Inglaterra, 1969. Criaram-no em casa, como se fosse um animal de estimação. Mas tiveram que se separar, quando Cristian ficou adulto, foi devolvido a África. Um ano depois, com saudades, seus antigos donos foram visitá-lo. Todos alertaram que seria perigoso, que o leão não os reconheceria e poderia atacá-los.
Mas eles foram assim mesmo, confiando que daria certo. De fato deu. Assim que os viu, Christian correu e abraçou-os calorosamente. Essa foto em P-&-B consagrou o momento.

Na classe média-alta o valor é bem salgado, na periferia e no Centrão você almoça quanto seu estômago aguentar por volta de R$ 8 a 12 (os preços referem-se sempre ao ano de 2013, reforçando mais uma vez).

No Norte e Nordeste, é exatamente o contrário, simplesmente não existe bifê livre, só por quilo.

Você pode comer o quanto quiser, mas cada vez que se servir tem que passar na balança, pois disso dependerá o valor da conta. Preço fixo só no prato feito.

Então, quando estive em BH lhes falei que Minas é a “pedra angular” do Brasil:

Meio-termo entre o Leste e o Oeste, entre o Norte e o Sul, a Energia que molda e mantém essa nação-continente como uma única entidade política/cultural/emocional.

Bem, o Presidente Visionário JK “O Egípcio” é mineiro, e se você já estudou o quanto ele integrou e desenvolveu essa pátria, desnecessário se torna elaborar além disso. E esse traço conciliador de Minas se manifesta também na questão do bifê livre, vejam vocês.

Os restaurantes de Belo Horizonte bolaram um modelo intermediário entre o Norte e o Sul: o preço da refeição é fixo por pessoa e você mesmo se serve, a vontade – mas apenas uma vez. “Sem balança, mas sem repetir”, a faixa na entrada já deixa bem claro.

Ananindeua Z-L

Aqui e a direita: mais 2 tomadas feitas próximo a divisa Belém x Ananindeua. Nessa uma banquinha da açaí, traço típico do Pará.

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AMOR MAIOR: O SENTIMENTO PROFUNDO E MÚTUO QUE UNE FORTALEZA E BELÉM –

Vamos falar um pouco de Amor, agora. Me refiro a afeição intrínseca, sincera e recíproca que sentem uma pela outra as capitais do Ceará e do Pará.

Já sabia disso antes de ir lá, estudando pela internet.

Depois de destrinchar as duas cidades, constatei o quão verdade era essa impressão. divisa ZN x ZL

E por isso jamais irei me esquecer: poucas cidades no mundo são tão ligadas espiritualmente quanto Belém e Fortaleza. Foram feitas uma pra outra.

Comecemos pelo exemplo mais gráfico, mais facilmente perceptível:

As torcidas organizadas de futebol, falo da união entre as organizadas de Remo e Fortaleza por um lado e Paysandu e Ceará por outro.

A Leões da TUF (Torcida Uniformizada do Fortaleza E.C.) é irmã da Remoçada, do Remo. Do outro lado, igual, com a ligação entre a Cearamor do Ceará S.C. tendo a mesma intensidade com a Terror Bicolor do Paysandu. Quando jogam entre si os times das duas capitais é paixão e ódio.

Tudo bem que isso em si não prova nada. Alianças entre torcidas são nacionais, e envolvem múltiplas combinações pelo Brasil. As torcidas de Curitiba e Florianópolis têm o mesmo nível de compromisso entre si, entretanto as cidades não são tão unidas assim.

Eu disse que as torcidas de futebol são apenas o exemplo mais óbvio, mais rapidamente captado.

decorado belém pará dentro interno salão ônibus catraca roleta cobrador esquerda invertido outro ladoA união entre Fortaleza e Belém vai muito além dessa dimensão.

Por exemplo, são as duas únicas cidades do Brasil em que o cobrador de ônibus fica na esquerda.

Do mesmo lado que o motorista, portanto. Ao lado foto que tirei em Belém. Isso pelo menos entre as que eu conheço, se alguém souber mais exemplos escreva.

GV x Doca Centro

Na mesma praça onde a Pres. Vargas se inicia, flores roxas e ônibus amarelo, fabricado pela finada Busscar de Joinville-SC, (que descanse em paz). Esse exemplar registrado na capital do Pará cumpre a linha que liga o Centro ao bairro Tenoné, Zona Norte.

Como é de domínio público, em todas as demais cidades – e já andei de ônibus em centenas delas, esse Brasilzão afora – o cobrador fica a direita, no mesmo lado das portas.

Outro detalhe, também da busologia. Uma empresa de transporte se chama ‘Autovária Paraense’.

Só em Fortaleza e Belém eu vi viações de ônibus se auto-denominarem ‘autoviárias’. Atualização: constatei que em São Luiz também há ‘Autoviárias’.

Bem, o Maranhão fica entre Pará e Ceará, natural que pulse na mesma Sintonia.

São detalhes que passam despercebidos a massa, mas pros que tem “olhos de ver” e sabem ler as energias, são preciosas pistas que decodificam Forças mais amplas em ação.

Se tudo fosse pouco, em Belém é impressionante a quantia de casas comerciais, de todos os ramos de atividade, que se denominam “Fortaleza”.

Assim É, são Cidades-Irmãs. Consciências Coletivas também têm suas Almas Gêmeas, também se alinham com as colegas que se afinam mais, como ocorre em escala menor entre os homens e mulheres, e aqui é um exemplo, um dos mais pronunciados que já presenciei.

Porto x Ver-O-Peso

Alfândega (não sei se ainda está ativa), bem em frente ao Porto de Belém, as “Docas”, pra navios grandes, cargueiros trans-Atlânticos.

…….

Algumas curiosidades que observei por lá:

– Vi várias casas no subúrbio que tinham uma plaquinha dizendo “vende-se chopp.”

E não entendia, porque eram residenciais, fechadas, não tinham cara de bar nem de distribuidora de bebidas.

Depois fui saber: “chopp”, no Pará, não é aquela modalidade de cerveja que se toma direto do barril, e sim um sorvetinho feito de ki-suco que vem embalado numa sacolinha plástica. 

Justamente por isso, no Rio de Janeiro se denomina ‘sacolé’.Aqui em Curitiba é o ‘chup-chup’, porque você suga o conteúdo por uma pequena abertura no plástico. Então, no Pará de ‘chup’ virou ‘chop’, e por vezes ‘chopp’ ou ‘choppinho’;belém pará z/c centrão ver-o-peso pássaros urubus mercado bancas comércio bando aves bichos telhado

– Meio-a-Meio’ é o termo local pra ‘mercearia’, o antigo ‘secos e molhados’. Amplie a foto ao lado pra ver esse termo escrito nas fachadas no Ver-o-Peso;

– Mais uma coisa que constatei pelas fachadas do comércio, há muitos goianos morando em Belém. Alias em Manaus também.

Pelo visto os nativos de Goiás, a “China Brasileira” também nessa dimensão, assumiram de corpo e alma sua cota na missão de colonizar o Norte Brasileiro;

onibus na GV Centro

Av. Presidente Vargas.

– Perto do Ver-o-Peso, e de todos os “Portos”, vende-se peixe ‘in natura’, como acaba de sair do rio, sem refrigeração.

Isso já foi mostrado antes incluso com imagens.

Então, em favelas na periferia vende-se também carne de boi e porco em banquinhas na rua, sem qualquer tipo de refrigeração.

Belém é muito, muito quente, então é uma situação temerosa, pra dizer o mínimo.

Ver-O-Peso

Ver-o-Peso.

Bem, se serve de consolo, não é exclusivo de lá. Nas favelas de São Paulo e do Rio igualmente há esses ‘açougues’ informais.

Em São Paulo vi isso com meus próprios olhos, e no Rio quem morou lá me contou;

– Muito comum em Belém mulheres serem donas de pequenas imobiliárias.

E elas fazem questão de ressaltar isso registrando a empresa com seu nome próprio, assim tornando homônimas suas pessoas física e jurídica.

Na República Dominicana, no mesmo ano de 2013, também vi e fotografei esse fenômeno;

rumo a Zona Norte

Saindo Centro rumo a Zona Norte.

– Falar em um nível de igualdade melhor entre os sexos, vi lá uma coisa bem legal:

Uma bicicleta pra casal, em que há dois bancos unidos por uma barra de ferro, e cada um controla metade do guidão – é preciso Sintonia na hora de fazer as curvas. 

A vantagem é que são 3 rodas, então não há risco de queda. Achei infinitamente mais bacana que aquele modelo tradicional, em que um vai atrás do outro;

……….

– Em Belém é muito comum o serviço de moto-táxi, como também o é no interior dos estados do Centro-Sul.

Centro

Próximas 2: Belém Florida (fotos no Centro).

O detalhe é que os moto-taxistas são obrigados a usar um uniforme que consiste numa camisa de manga comprida.

Belém é tórrida, no melhor sentido do termo.

Todo mundo está de camiseta, e sempre que possível regata, lá infinitamente comum mesmo entre o sexo masculino.

As mulheres, então, muitas optam pelo tomara-que-caia, na pior das hipóteses por uma alcinha minúscula sobre os ombros.

Centro1As únicas pessoas de toda a Grande Belém que estão de mangas compridas, suando em bicas, são os coitados dos moto-taxistas.

Vai entender porque alguém determinou que o uniforme deles tem que ser esse, né?

Deve ser por motivo de segurança. Mas que o cara se sente dentro de um forno siderúrgico não restam dúvidas;

Fechamos com essa imagem lindíssima:relogio parado

Esse relógio, que eu via da janela do hotel na Presidente Vargas, está parado. Mas não é nisso que quero focar.

E sim nesse belíssimo Céu Rosa & Azul.

Cena que já fotografei também aqui em Curitiba e na divisa dos municípios de Vinha do Mar e Valparaíso, na Beira-Mar do Oceano Pacífico, Chile.

Deus proverá

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