E o Vento Levou . . .

lado “a”, lado “b”- de ‘hollywood’ ao ‘skid row’:

é los angeles (e os eua) em preto-&-branco

Lado A de Los Angeles: ‘Hollywood’. As mansões valem muitos milhões de dólares. Um luxo!!

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 30 de janeiro, 2016.

Essa postagem surgiu pra publicar alguns desenhos sobre Los Angeles.

Porém em 2022 numa reformulação mudei a dinâmica:

Vamos mostrar um pouco sobre a 2ª maior cidade dos Estados Unidos. Em fotos, sem esconder nada. Depois partimos pras gravuras.

“O LUXO E O LIXO”: prédios comerciais elegantes convivem com barracas nas calçadas. Nas próximas 4 fotos o ‘Lado B‘ de L.A. : onde 8 mil pessoas vivem assim, no chamado ‘Skid Row’.

Se a Grande L.A. fosse um país independente seria o 18º mais rico do mundo, seu PIB é maior que o da Suíça, Suécia e Arábia Saudita.

Há a sua parte glamourosa de ‘Hollywood’, com suas universalmente famosas letras garrafais na colina.

E a ‘nem tão glamouroso assim’, digamos, do Centrão. Onde muitos milhares de pessoas vivem nas ruas em condições sub-humanas – ao lado.

O “lado A”, o letreiro branco no morro, é mundialmente conhecido. As mansões nas ladeiras ao redor valem pelo menos de 4 a 5 milhões de Dólares. As mais baratas! Várias delas chegam a algumas dezenas de milhões.

‘Lixo’ não é modo de falar. Quantos dejetos na rua, descartados diretamente na via pública.

(Isso na moeda estadunidense, fazendo a conversão em alguns casos mais de 100 milhões de Reais pois quando atualizo, em 2022, US$ 1 = R$ 5).

Já o “lado B” é praticamente desconhecido por quem não estudou o assunto a fundo.

Ainda assim, existe: o Centro de Los Angeles tem uma das maiores concentrações de sem-tetos de todo planeta. São cerca de 8 mil.

Já é difícil com tempo bom, imagine alagado!

É a região chamada de ‘Boca do Lixo’, ‘Skid Row’ no original em inglês.

A Cracolândia ianque, tão feia quanto suas similares brasileiras, latino-americanas ou africanas.

As imagens valem por si mesmas, com todo esse lixo e outras sujeiras nas ruas as epidemias estão na estratosfera.

(De diversas doenças, não me refiro a ‘corona-vírus’ e sim a tuberculose, tifo, leptospirose, etc. .)

A ‘casa’ de milhares de estadunidenses agora se resume a uma barraca de acampar.

Todos os seus pertences cabem num carrinho de super-mercado, ou mesmo dentro de uma mochila.

Na galeria abaixo mais cenas dessa barra-pesada em plena luz do dia no coração de Los Angeles, EUA.

DE 2ª “SÁVADO”??? Em L. A. o espanhol é a língua mais usada, o inglês vem a seguir.

Isto posto, vamos a outros aspectos dessa metrópole.

A foto ao lado veio da Zona Leste de L.A., o reduto latino por excelência.

Os E. Unidos estão se tornando uma nação bilíngue a passos largos.

Sua 2ª maior cidade – que é justamente Los Angeles – então, já tem o espanhol como idioma majoritário, o inglês é que é secundário.

Super-Articulado” (note que o anúncio é em espanhol)”: a excelente notícia é que Los Angeles investiu muito em transporte coletivo nessas últimas duas décadas. Tem ar-condicionado e piso baixo, acessível a cadeirantes e idosos, dispensando elevador.

(Nota: me refiro a língua falada em casa, e apenas no município de L.A. .

Se você incluir os subúrbios – que nesse país é onde mora a classe-média – o inglês ainda domina a Grande Los Angeles.

Além disso, as transações comerciais e a mídia são majoritariamente na língua inglesa.

Os hispano-hablantes já são a maioria do total dos angelenos.

Entretanto, entre a burguesia e elite os anglos ainda predominam – por enquanto).

Agora essa: Los Angeles teve ‘Papa-Filas‘ na déc. de 90 carreta que o reboque é ônibus.

Ainda assim, nos bairros mais centrais – nos EUA os mais humildes, lembre-se – mesmo as fachadas dos comércios são ou bilíngues, ou se monolíngues somente em espanhol.

E nessa língua não existe o som de ‘v’, pronuncia-se como ‘b’.

Por isso, escrever ‘sávado’ ou ‘sábado’ é o mesmo, lê e fala-se sábado‘.

A cidade, que conserva o nome em espanhol até hoje, quando fundada foi chamada “Pueblo de Nuestra Señora de Los Angeles”.

Agora os desenhos. A moça visitou o letreiro de ‘Hollywood. Se achou uma “Estrela que Brilha“, chique, vestido prateado cintilante (detalhe), óculos escuros. Encantada – compreensivelmente – com a situação inédita. Por um momento não pôde evitar dela mesma se sentir uma famosa atriz de cinema: “Só falta passar sobre a grade de ventilação do metrô e o vento levantar meu vestido“, divertiu-se, entrando no clima do lugar.

Assim, nada mais natural. Tudo no Universo é cíclico. Los Angeles surgiu como possessão da Espanha.

Os anglos fizeram um “empréstimo”, se quiser ver assim, e agora Los Angeles volta a ser uma cidade que fala castelhano.

No município já é consumado, em breve em toda a cidade, incluindo subúrbios metropolitanos. Tudo vai e volta.

……….

Veja a legenda da foto acima a direita, a do ônibus articulado.

Disse que a excelente notícia é que Los Angeles investiu muito em transporte coletivo nessas últimas duas décadas” (atualizei o texto em 2020).

De fato. Expandiram a rede de metrô, e os ônibus adotaram a mesma padronização criada em Curitiba, e usada também no SEI/Recife-PE:

Se referia a uma das mais famosas cenas da história cinematográfica, de Marilyn Monroe em ‘O Pecado Mora ao Lado’ (1955).

Os busos são pintados conforme a categoria de linha que cumprem.

(No passado, também em Belo Horizonte-MG, Fortaleza-CE, Vitória-ES, Sorocaba e Piracicaba-SP, Ponta Grossa e Londrina-PR, Criciúma, Blumenau e Joinville-SC, além de outras cidades.)

Em L.A., a ‘saia‘ (parte inferior do veículo) é sempre cinza-clara.

A ‘blusa’ (metade de cima da lataria) vermelha indica as linhas ‘rápidas’, ou seja as troncais que são feitas por ônibus maiores, alguns articulados como esse.

Boa parte de seu trajeto é por corredores exclusivos, segregados do congestionamento dos automóveis.

Blusa laranja são as linhas locais, alimentadoras. Ligam os bairros ao ponto de integração com o troncal.

Nas telonas apareceu até a calcinha da loira que incendiou os anos 50.

Quem trabalha por perto só pega esse mesmo, quem precisa ir pra outra parte da cidade faz a baldeação.

Há também blusas azuis e cinza-escuras, não tão comuns, cumprem outros tipos de linhas mais específicos.

As duas cores mais usadas são mesmo vermelho e laranja. Breve produzirei grande matéria onde ilustrarei tudo com dezenas de fotos.

Aliás SP e L.A. têm isso em comum, um Centro cheio de problemas, não o menor deles os moradores de rua. Em compensação ambas investindo pesado na melhoria do transporte.

Voltando a cidade ianque que é nosso foco, hoje os “super-articulados” de pintura padronizada. Melhorou tanto que sua frota de ônibus afirma que L. Angeles tem “A Melhor Rede de Transportes dos EUA”.

levanta a saia

Quando aconteceu com ela, entretanto, não foi tão divertido. “O Vento Levou” (pra usar o nome de outra produção hollywoodiana consagrada) sua saia lá pro alto, ficou toda envergonhada (dir.), tentou se proteger até com a bolsa.

Entretanto no século 20 não era assim. Ao contrário, era bem diferente.

O transporte coletivo em Los Angeles funcionava de forma longe do ideal.

Pois então era priorizado somente o deslocamento via automóvel – como na maior parte cidades estadunidenses.

Vimos um pouco mais pra cima um ‘Papa-Filas’ – carreta que a carroceria leva passageiros – operando em L. Angeles nos anos 90.

Um modal curioso, mas que certamente por si só não correspondia as necessidades de uma cidade que tem 13 milhões de pessoas na área metropolitana.

No Brasil o conhecemos bem. O ‘papa-filas’ foi muito comum em SP, Rio e Brasília-DF nos anos 50 e 60, e existiu também no interior do RS.

Manaus-AM teve um exemplar contemporâneo desse ianque, no fim do século 20.

E em Baln. Camboriú-SC a ‘Linha Turismo‘ que percorre a orla é assim.

Os desenhos da ruiva de vestido esvoaçando foram feitos em 28/12/2015, um mês antes do resto da postagem, que seguiu em jan.16.

(Texto de 2016. Em 2020 o saudoso ‘Bondinho’ foi desativado.)

Onde os ‘Papa-Filas’ são um ícone é em Cuba, onde se chamam ‘Camelos‘ – agora estão sendo substituídos por articulados, como aconteceu igualmente com o exemplar angeleno.

…………..

Enfim, Los Angeles é assim. Se uma cidade na Terra tem o “Poder da Criação de Ilusões”, certamente é essa.

Os filmes ali produzidos têm alcance global, e bilhões de pessoas em todos os países retiram do viram neles boa parte de sua visão do mundo.

Estando em L.A., cada um pode se sentir no elenco da próxima super-produção, ao menos por um segundo.

Há, evidente, o outro lado da moeda. No Centrão predomina o Poder da Destruição.

Isso também é Los Angeles.

É quando a bolha da fantasia fura: quadras e quadras concentram milhares de pessoas que perderam tudo na vida.

Los Angeles em preto-&-branco. Por isso encerro com um desenho em P-&-B. Se a guria foi a Hollywood, esteve também no ‘Skid Row’, pra equilibrar.

“Deus proverá”

2 comentários sobre “E o Vento Levou . . .

    • omensageiro77 disse:

      Por enquanto ainda não aprenderam a construir nem mesmo barracos. Afinal, por péssimo que seja barraco é melhor que barraca.

      Ou melhor, eles desaprenderam. Na ‘Grande Depressão’ da década de 1930 as cidades ianques se encheram de favelas, com as casas iguais as das favelas daqui, de madeirite, papelão e zinco. Então a necessidade é a mãe do progresso. Claro que construir favelas é uma forma estranha de “progresso”, mas, repito, melhor – ou menos pior – que sob o viaduto.

      Não se preocupe. O município de Los Angeles já tem maioria hispânica. Todas as grandes e médias cidades dos EUA têm significativas partes de sua população latina, tendência que só deve aumentar nas próximas décadas (Búfalo-NY, por exemplo, já tem 15% de hispânicos, sendo que até os anos 90 eles eram praticamente inexistentes nessa cidade; o mesmo crescimento exponencial vale pra todo país).

      Quando vier a próxima crise e ela não demora (escrevo em 22) os latinos irão reproduzir na América do Norte as favelas tão comuns nas Américas Central (onde incluo o México) e do Sul. E os estadunidenses nativos, brancos e negros, aprenderão por osmose.

      Valeu pelo comentário irmão. Deus abençoe.

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