Na Zona Oeste, “uma Cidade chamada Industrial” (e o São Miguel)

busao zona oeste

Alimentador Mário Jorge, sai do Terminal Caiuá: antes era um ramal da linha Vila Marisa, mas a região cresceu – também por causa de algumas invasões – e foi preciso desmembrar.

Por Maurílio Mendes, ‘O Mensageiro’

Publicado em 17 de julho de 2015

Maioria das imagens de minha autoria. As que forem baixadas da internet identifico com um ‘(r)’, de ‘rede’ – créditos mantidos sempre que impressos nas mesmas.

Vamos falar mais um pouco da CIC – Cidade Industrial.

Que é disparado o maior bairro de Curitiba em vários quesitos:

Área, PIB e população. Com 180 mil moradores, abriga 10% dos curitibanos (os dados populacionais são do censo de 2010).

contorno sul

Contorno Sul: a pista principal é a BR-376, e a marginal a Av. Juscelino Kubitschek.

A maior parte da CIC fica na Zona Oeste e uma pequena porção na Zona Sul.

Hoje vamos nós iremos nos ater a essa região ocidental.

(Que surgiu como colônias agrícolas, gerando vários bairros.)

(Esses depois cederam parte de seu território pra formar a Cidade Industrial.)

cidade da laje sabara cic

Cidade da Laje: região das Vilas Conquista e Sabará, Cidade Industrial de Curitiba.

E de quebra faremos uma incursão no vizinho São Miguel.

Que é, exatamente ao contrário, pequeno, pouco povoado.

Apenas 5 mil moradores vivem no bairro, que ainda conta com uma parte rural.

A vizinha Augusta tem o mesmo perfil, já fiz reportagem específica sobre ela.

mario jorge1

R. Mário Jorge, CIC (a que nomeou o ônibus).

Voltando a CIC é dividida no meio pela rodovia Contorno Sul.

Trata-se de uma ampliação da BR-376. Visto acima a direita.

Um trecho da versão local do que seria nosso ‘Rodo-Anel’, pra usar o termo paulista.

area rural1

Ainda há área rural no município de Curitiba. Bairro São Miguel, Zona Oeste.

Ou o ‘Periférico’, como eles dizem na Cidade do México: uma rodovia que circunda a cidade.

Pros caminhões (e também carros que só estão de passagem) não entrarem na área urbana.

Nosso ‘rodo-anel’ é composto pelo Contorno Sul, Contorno Norte e Contorno Leste.

Não há o ‘contorno oeste’, e o Norte tem um trecho por hora não construído.

De 2012 pra cá onda de invasões tem mudado a paisagem do São Miguel. Em 2015 foram 3 ocupações-gêmeas na divisa com a CIC, essa imagem é de logo após o surgimento das vilas.

Ainda falta uma parte, no município de Colombo, de forma que a volta não é completa ainda.

O Contorno Leste é o novo traçado da BR-116, pra tirar ela da cidade.

Já o Contorno Sul apesar do nome corta majoritariamente a parte oeste da metrópole.

Ele é uma ampliação da BR-376, como já dito.

Nessa matéria eu abordo mais o tema de como as rodovias são numeradas.

Incluso há um mapa da Grande Curitiba falando de todas as rodovias federais que a servem.

Do que nos importa pra falar da CIC, basta por hora atestar que o Contorno Sul corta o bairro de sul a norte.

Dividindo-o em porções ocidental e oriental de tamanho similar.

As pistas marginais da rodovia, de tráfego local, se chamam Avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Vila Conquista, CICaparece até um 11-13.

A metade oriental é densamente habitada e urbanizada.

Pois esse é o lado ‘de cá’, onde está toda a cidade de Curitiba.

A porção ocidental é ‘o lado de lá’, mais afastada, onde há apenas algumas vilas.

Inclusive há ainda fazendas com plantações e criações.

Casal indo jogar bola. As casas em 2º plano são uma visão estilizada da foto anterior.

Tanto no CIC mesmo como muito mais nos vizinhos bairros Augusta, São Miguel, Riviera e Orleans. 

A extremidade das Zonas Sul e Oeste de Curitiba ainda é rural. 

…………..

Então hoje nós veremos ‘o lado de lá’ do Contorno. Uma região de bastante contrastes.

Há grandes indústrias – afinal não por outro motivo é a Cidade Industrial – ao lado de chácaras.

Algumas vilas, as principais mais ao sul são a Vitória Régia e Vila Verde.

E no CIC Central o complexo formado pela Conquista, Diadema, Sabará, que se emenda com o Caiuá e imediações.

Contorno Sul, ao fundo a Vila Barigüi, cena que que lembra um pouco o desenho que fiz.

No século 21 a prefeitura removeu diversas favelas. A direita: cohab no Sabará. Havia palafitas sobre um riacho, os moradores foram transferidos pra essas casas.

Entretanto em 2012, e agora em dose dupla em 2015, 3 grandes invasões aumentaram a densidade habitacional e os problemas da região.

Vejamos algumas cenas do bairro:

Quando o CIC foi criado, em 1975, as ruas foram nomeadas com siglas alfa-numéricas. Já expliquei antes:

“   Os mais antigos se lembram que quando a Cidade Industrial surgiu as ruas receberam siglas, ao invés de nomes.

A João Lunardelli era a BT-2 (r).

As letras tinham algo a ver com a posição cartesiana delas. 

As ruas no sentido norte-sul eram as AT’s, e no sentido leste-oeste BT’s.

Ou algo assim. O que é certo é que era relativo a localização delas.

Essa a esquerda era a antiga Rua AT-51, no presente Rua Padre Landell de Moura.

O mesmo local ao redor das torres de energia elétrica, antes e depois do surgimento da Avenida das Indústrias, na Vila Campo Alegre (CIC). Nessa época o entorno das linhas de alta tensão no Sítio Cercado (Zona Sul) igualmente foi urbanizado.

No Conjunto Osvaldo Cruz, Cidade Industrial de Curitiba.  

Essa é uma região residencial do bairro. Nas partes industriais há essas placas como a que vemos na imagem em preto-&-branco:

Além de informar que a Rua J. Lunarelli antigamente era a ‘BT-2’, traz a indicação pras empresas que se estabeleceram nas quadras ao redor.

A cor delas é azul. Lembra as placas de rua de Brasília/DF, que têm uma comunicação visual relativamente parecida.

Essa foto é de 1992. Atualmente não há mais as siglas, todo mundo já se acostumou com o nome das ruas.

Além disso hoje várias placas estão abandonadas, sem a indicação das empresas, ou no máximo com uma ou duas.

De 1980 a 1995 o Term. CIC teve Expresso (r): quando veio o bi-articulado acharam que está bem servido com Ligeirinhos e Alimentadores que o ligam ao Centro e ao Capão Raso.

……….

Sigamos. Algumas fotos mostram o ‘lado de cá’ do Contorno Sul (‘cá’ ou ‘lá’ em relação ao Centro).

São da Vila Barigüi, as margens do Rio de mesmo nome.

Tirei-as de dentro do busão, e uma delas do alto do barranco as margens da rodovia.

Em outras oportunidades eu já documentei melhor essa região.

cidade da laje - cic4

Mais um prédio artesanal. São inúmeros deles apenas nas Vilas Conquista/Sabará. Aqui são só dois andares – por enquanto, a laje está prontinha pra subir mais um…

Como já dito muitas vezes, nas últimas duas décadas a periferia de Curitiba mudou muito.

E se tornou mais parecida com São Paulo, Rio, BH-MG e Salvador.

Nas capitais do Sudeste e da Bahia a densidade é altíssima e predominam os prédios artesanais.

Em que o cara vai enchendo lajes e erguendo andares.

Essa casa já subiu mais 1 andar. Agora são 3 (na frente um simpático Fusquinha).

Sem alvará e sem claro que nenhum arquiteto assine.

Até a virada dos anos 80 pra 90 Curitiba não era assim.

Nosso subúrbio era composto por vezes de casas bem simples.

Então não é que ele era melhor ou menos humilde que o Sudeste.

De novo. Poderia continuar ao infinito, mas você já entendeu. Bem-vindo a Cidade Industrial de Curitiba, meu camarada.

Era diferente todavia, as casas eram de madeira, em quintais muito amplos.

Sem muro, ou por vezes com apenas uma cerquinha de madeira.

No interior do Sul ainda é assim, em boa maneira.

O tempo passou e Curitiba mudou. Em vários bairros o subúrbio curitibano hoje é cópia do paulistano. Em alguns bairros ainda não.

noite na vila sabara zona oeste

É noite na Vila Sabará, Zona Oeste.

No Boqueirão e vizinho Xaxim esses sobrados sem alvará são comuns nas invasões.

Por exemplo, a da beira de rio. Onde morei por 15 anos [2002-17], o Canal Belém – Boqueirão.

E igualmente em algumas vilas como Jardim Maringá (Xaxim).

ponto maior - mais usado

Ponto tem uma casinha a mais (3 ao invés de 2), pois muita gente usa ônibus ali.

Porém no resto dos dois bairros eles são bem raros.

Em toda a Zona Norte, que é a mais europeizada da cidade, eles também são poucos.

Basicamente se circunscrevem as favelas da região.

Principalmente as localizadas nos bairros Pilarzinho, Santa Cândida, Abranches e Cachoeira.

Seguimos vendo as partes antigas da Vila Sabará, que estão plenamente urbanizadas.

Fora da favela, como no Boqueirão e Xaxim, são raros.

Exatamente ao contrário na extremidade da parte urbanizada das Zonas Sul, Leste e Oeste, onde o sobrado artesanal predomina.

É a ‘Cidade da Laje’. É precisamente o caso no Sítio Cercado e Tatuquara, e em boa parte da Cidade Industrial.

Rio Barigüi, nesse trecho sem palafitas ou barracos – nem sempre foi assim, entretanto.

Esses alias são os bairros em que Curitiba mais lembra SP (além de partes do Cajuru e Uberaba na Z/L. Mas do oriente da cidade não falaremos hoje).

Só que o Bairro Novo (S. Cercado) é plano, é a ‘Grande Planície Curitibana’.

Já várias vilas do CIC são em morro. Nesses pedaços da Zona Oeste de Curitiba eu sempre me lembro de minhas visitas a Itapevi, Caieras, Diadema, Itapecerica.

Favela da Vila Nova Barigüi em 2007 (r): é óbvio, as margens do Rio de mesmo nome.

Enfim, os subúrbios da capital paulista, porque o cenário é idêntico. As tomadas mostram.

Pena que eu tive outro compromisso e só pude chegar lá ao entardecer.

Assim as fotos não saíram nem na quantidade nem qualidade que seria ideal. Mas dá pra ter uma ideia.

Outro dia voltei lá com mais tempo., produzindo um ensaio mais gráfico.

A margem do rio já urbanizada (r): plantam árvores pra dificultar re-invasões.

Especialmente sobre as invasões que vou falar abaixo.

NOVA ONDA DE INVASÕES NA ZONA OESTE –

A prefeitura fez grandes cohabs na extremidade oeste da cidade.

Pra urbanizar algumas sas favelas da região. Vejam as margens do Rio Barigui, acima.

cohab corbelia - sao miguel

Jd. Corbélia: cohab (e a do Alto Bela Vista), que é próxima) construída pra receber as pessoas que saíram das margens do Rio Barigüi  e da Represa do Passaúna.

Onde hoje há de novo aquela mata ciliar até uns anos atrás existiam palafitas .

Precariamente se equilibrando nas barrancas.

Felizmente foram retiradas, as famílias removidas pra conjuntos habitacionais na mesma região.

Uma dessas cohabs é o Jardim Corbélia. Vamos ver um pouco desse conjunto (flagrei até dois Scanias juntos, de diferentes gerações):

Nova Primavera, invasão de 2012 no S. Miguel, exatamente ao lado da Corbélia.

Porém, no ciclo eleitoral de 2012 surgiu atrás do Corbélia uma nova invasão.

Na época eu fui até lá conferir. Pubiquei uma mensagem (somente via ‘emeio’) em janeiro de 2013, relativo a ocupação de outubro de 2012:

area rural

Á parte ainda rural de Ctba. : cavalos, carneiros e galinhas num sítio do bairro São Miguel, vizinho da parte que foi invadida.

Se chamava Chegou a Primavera – a Zona Oeste ganhou mais uma favela”, em janeiro de 13.

Trata-se da invasão Nova Primavera, no bairro São Miguel. Que está lá até hoje.

Só que poucas pessoas conhecem esse bairro (sendo parte da ‘Cidade Oculta’ curitibana).

E é muito próximo a CIC, assim saiu na mídia como ‘Cidade Industrial’.

vila barigui

Próximas 2: de novo a Vila Barigüi,

Agora em 2015 houveram duas novas rondas de invasões no mesmo local. 

Em 29 de março (dia do aniversário de Curitiba), assim batizada na data que surgiu, Vila ’29 de Março’. 

E depois em 21 de abril, por isso chamada ‘Vila Tiradentes’.

Numa imagem um pouco mais pra cima é mostrada a Nova Primavera, de 2012. pro-morar do barigui

E na sequência horizontal abaixo as demais duas invasões-gêmeas de 2015.

A precariedade é total. Gatos de luz, muito barro nas ruas.

E como vemos na última cena obviamente não há coleta de lixo na vila recém surgida, tudo se acumula na rua.

estrada do bariguiA esquerda: essa é uma vila que há nas imediações, na Estrada Velha do Barigüi.

É bem antiga, não faz parte das invasões recentes, portanto.

Se uniu as 3 mais recentes, todas estão se fundindo pra se tornar uma só.

Ainda estão em andamento, notam nas tomadas que mais casas vem sendo construídas dia-a-dia.

Como dizem os cariocas, virou ‘um complexo’ de favelas. Se tudo fosse pouco é uma área contaminada.

invasao ao lado do lixao

Aterro sanitário.

Segundo alguns disseram, que recebe lixo hospitalar.

Por mais que toda a legislação ambiental seja corretamente cumprida, é um fato que áreas adjacentes a lixões são insalubres a moradia.

mario jorge

Muitos barracões, é a Cidade Industrial afinal.

Como chegamos nessa situação? Alguns anos atrás o aterro sanitário da Caximba esgotou sua vida útil e foi fechado.

O lixo da Grande Curitiba passou então a ser depositado em dois aterros:

Um, o principal que acolhe o maior volume, 2,3 mil toneladas diárias.

vila sabara cic

Daqui pra baixo mais cenas das Vilas Sabará e Conquista no gelado fim-de-tarde, julho/15.

Esse fica no subúrbio metropolitano de Fazenda Rio Grande, Zona Sul.

E outro, que recebe 100 toneladas diárias, e diz essa versão, incluindo lixo hospitalar, exatamente ali no São Miguel, dentro do município de Curitiba.

Foto a esquerda logo acima, clique sobre pra poder ler o que está escrito na placa.

É precisamente ao lado desse terreno contaminado que agora surgiram essas duas novas invasões.sabara anoitece

A realidade é precária, as famílias estão vivendo em condições absolutamente insalubres.

Mesmo a ocupação que surgiu em 2012 ainda não conta com nenhum serviço público.

anoitece cic1Não há, não custa enfatizar, coleta de lixo, ligações oficiais de água ou luz, nem ruas abertas.

Agora a situação foi agravada pela dupla ampliação da favela.

Das invasões-gêmeas de março-abril/15, uma é exatamente ao lado da de 2012, e outra é uma quadra adiante. anoitece cic

A situação é bastante tensa. Na primavera de 2012 a Zona Oeste ganhara mais uma favela.

E no outono de 2015 com essas ampliações em série a Nova Primavera se tornou um complexo.

“Pra não dizer que não falei das flores”.

Se preferir o termo mineiro, um aglomerado de vilas. As imagens falam por si mesmas.

Pouco tempo depois, no 1º semestre de 16 (ano eleitoral) nova invasão na região:

As margens do Contorno Sul, no Complexo do Barigüi, Cidade Industrial – atualizei com fotos essa outra matéria, confira.flor e o morro

………

Fechamos com essas poéticas tomadas, flores rosas que cliquei no CIC nesse dia: ao lado um hibisco. E ao fundo um morro, densamente ocupado.

O contraste entre a Natureza e o que o homem construiu. Assim, amigos, é a Cidade Industrial de Curitiba.

Deus proverá”

11 comentários sobre “Na Zona Oeste, “uma Cidade chamada Industrial” (e o São Miguel)

    • omensageiro77 disse:

      Então meu amigo. O IBGE divulga o número de habitantes por bairro, mas nem ele nem a prefeitura especificam em sub-divisões de um bairro. Então vamos fazer uma estimativa.

      No censo de 2010 (ainda não vi o resultado do de 2022 nesse quesito específico) a Cidade Industrial como um todo tinha 172 mil moradores. Calculando por alto eu te diria que o CIC Sul tem em torno de 40 mil, o CIC Norte talvez uns 30 mil, e o CIC Central, que é a parte mais habitada, aproximadamente 70 mil pessoas.

      CIC Sul: Vitória Régia, Vila Verde, Vila Nossa Senhora da Luz e imediações como Osvaldo Cruz, a parte da Ferrovila que pertence ao CIC, um pedaço da Vila Barigüi e o “Neoville” na Rua Pedro Gusso.

      CIC Central: a maior parte da Vila Barigüi e imediações, Vilas Conquista, Sabará, Diadema, Morro do Juramento, Caiuá, um pedaço da invasão que surgiu em 2015 (a maior parte dessa ocupação já fica no vizinho São Miguel), Morro do Piolho, Morro da Esperança, Porto Belo, Santa Helena, Itatiaia, Vila Sandra.

      CIC Norte: Jardim Gabineto e imediações (Barro Preto, Posiville), Atenas, Augusta (o Conjunto Augusta, que fica do lado direito de quem vai pelo Contorno Sul no sentido da Rodovia do Café, e não o bairro da Augusta que é do lado esquerdo), um pedaço do chamado “Ecoville” (os prédios entre o Term. Campo Comprido e a praça onde é o ponto final do ligeirinho) e a região em torno dessa praça, que como sabem é chamada de ‘CIC Norte’ mesmo.

      Abraços.

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    • omensageiro77 disse:

      Agradeço os comentários.

      Marcos, respondendo a você, eu sou jornalista por formação. Mas devido a uma série de motivos, por incompatibilidade e falta de interesse de minha parte, não deu certo trabalhar na mídia estabelecida. Ainda assim, sempre gostei de escrever, e de quando em quando produzia alguns textos, muito esporadicamente. A princípio, nessa era pioneira, imprimia e distribuía as folhas a amigos e parentes.

      A partir de minha viagem a Manaus-AM, em 2010, comecei a produzir matérias mais completas, aí já com fotos.

      a “Mãe de Deus”: Manaus, Amazonas

      Desse ano até 2015 o modal de circulação foi o emeio. Ainda era um público bem restrito, mandava pra cerca de 30 pessoas, quase todas eu conhecia pessoalmente, apenas 1 ou 2 eram contatos dos contatos que eu nunca havia visto. Ia pra 30 destinatários, sendo que nem todos liam.

      Em 2015, com a consolidação da internet, surgiu a oportunidade de fazer esse blogue, então aqui está ele. Agora atinjo um público bem maior, são mais de 3 mil leitores por mês, entre 110 a 120 por dia, todos os continentes. Claro, não são 3 mil pessoas diferentes, devo ter algumas centenas de leitores fies, que sempre retornam, e o restante são esporádicos, pessoas que leem somente uma vez ou muito raramente algumas matérias específicas.

      Sou nascido em Brasília-DF, mas criado e morei toda minha vida aqui na cidade de Curitiba, que conheço como a palma da minha mão. Já estive em todas as vilas do município de Curitiba, todas elas de todos os 75 bairros, sem exceção. Conheço por dentro todas as suas 300 favelas sem falhar nenhuma.

      Não andei em todas as ruas de Curitiba, porque é impossível fisicamente. Mas andei em todas as vilas, então qualquer rua de Curitiba que você escolher – qualquer uma, do Campo de Santana, Capão da Imbuia, Riviera, Santa Cândida, Sítio Cercado ou qualquer outro bairro – eu posso não ter passado exatamente naquela rua específica, mas eu andei na paralela dela, a primeira, ou no máximo segunda ou terceira paralela. Sempre que fico sabendo que surgiu novo loteamento ou invasão, vou até lá conferir. E de uns tempos pra cá, munido de máquina pra registrar e reportar.

      Na região metropolitana não conheço 100% das vilas de todos os municípios, mas diria que já estive nuns 80% delas. Como é uma área bastante extensa, é um percentual razoável. E sempre que viajo faço o mesmo. Minha família é de São Paulo, já fui pra lá mais de uma centena de vezes nessas últimas 4 décadas. Assim, mesmo em SP eu conheço a maior parte da cidade.

      Claro, lá, pelo tamanho do negócio (apenas no município de SP mora mais gente que em Portugal inteiro) obviamente não dá pra conhecer todas as vilas sem morar lá, e mesmo morando levariam décadas. Mas conheço a imensa maioria dos bairros de SP pessoalmente, e a maioria dos municípios da região metropolitana. Guardadas as devidas proporções o mesmo trabalho de desbravamento que fiz em Curitiba eu busquei fazer na capital paulista, apenas lá eu quase não tirei fotos, pois o grosso dessas expedições se deu antes de eu assumir de vez minha missão como repórter independente.

      Em outras cidades, tanto quanto o exíguo espaço de tempo permite, repito o mesmo procedimento, seja no Brasil ou exterior. Permaneço em média 4 dias numa cidade, algumas de 5 a 7 dias. E fico o tempo inteiro circulando, a pé e de transporte coletivo, me imiscuindo com os locais, e tanto quanto possível sendo um deles naqueles dias.
      …….

      Pra ir encerrando que já falei demais, ‘Maurílio Mendes’ é um pseudônimo. E o motivo é esse, não tenho intenção de chamar a atenção pra minha pessoa, e sim pros temas que escrevo.

      Estamos aí.

      Abraços, irmão.

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