século 21: a tradição continua cada vez mais forte
Por Maurílio Mendes, O Mensageiro
Levantado pra rede em 13 de fevereiro de 2016
Publicado (em emeios) entre 2010 e 2014, e depois seguidamente atualizado.
Algumas fotos são de minha autoria, outras eu puxei da rede. Pra identificar, as que foram baixadas da internet terão um (r) de rede, como visto ao lado.
E outras fotografei via ‘Google Mapas’. Essas estão naturalmente identificadas na tela.
…………….
Vamos falar um pouco da periferia de Curitiba e de como surgiram algumas de suas principais favelas.
Umas posteriormente foram urbanizadas e se tornaram bairros normais, na medida do possível. Outras foram removidas, ou seja acabaram.
E mais algumas permanecem onde estão sem passarem por qualquer processo de melhoramento na infra-estrutura.
Destinos distintos, mas muitas (inclusive a vila que eu moro, o Canal Belém) têm uma origem em comum:
Surgiram as vésperas de eleições, uma tradição em Curitiba.
…………
Pra entendermos e ilustrarmos esse processo, vamos unir aqui diversos emeios em que tratei desse tema.
Nota: por conta disso, nem todas as ocupações mostradas nas fotos surgiram próximas as votações.
Pois vieram de outros emeios, que falavam das favelas em geral. E não somente das que surgiram sazonalmente próximas dessa data cívica.
Isto posto, fogo no pavio. O primeiro é o que tem o mesmo título da mensagem:
SE TEM ELEIÇÃO TEM INVASÃO: ISSO É CURITIBA
Publicado em 1º de agosto de 2010.
2010 é ano eleitoral, e a medida que o pleito se aproxima, eu fico pensando aonde será a área que será invadida em Curitiba nesse ciclo eleitoral.
Digo isso porque conforme eu indiquei no título:
Sempre há grandes invasões de terras em nossa cidade as vésperas de votações.
(Atualização de 2016: minha previsão se mostrou exata. De fato houve uma grande invasão no ciclo eleitoral de 2010, no bairro da Caximba, Zona Sul.
Quando levantei essa matéria pra rede [início de 2016, como dito] a princípio escrevi: “Essa vila durou quase 4 anos, em maio de 2014 foi retirada”.
Abaixo anexo matéria específica sobre ela, escrita em 2011, entre a ocupação e essa retirada parcial de 2014. Por que ‘parcial’?
Porque em fins de 2016 vi pelo ‘Google’ Mapas que a invasão da Caximba continuava lá.
Sim, a PM retirou mil famílias do local. Mas a invasão da Caximba já contava com mais de 2 mil famílias, assim sendo mais da metade ficou. Portanto a favela, ainda que diminuída, não acabou.
Fui rapidamente de carro ao local, com familiares. Constatei com meus próprios olhos que de fato era assim.
Além de mais da metade da vila ter sobrevivido a desocupação de maio.2014, houveram novas invasões de lá pra cá.
Resultando que 3 anos depois a área que foi invadida em 2010 estava praticamente inteira ocupada de novo.
Tem mais: a invasão surgida nessa década se uniu a invasões menores mais antigas que já existiam [notadamente a 1º de Setembro e a ‘Sapolândia’].
Assim formando o que os cariocas chamam de ‘complexo de favelas’. Nasceu o ‘Complexo da Caximba’.
Volta o texto original, em que eu dizia que costume aqui em Curitiba surgirem invasões antes de eleições )
É uma tradição que já remonta no mínimo 14 anos (escrito em 2010, lembre-se), ou sete pleitos.
Eu disse no mínimo, talvez seja mais antiga, mas 1996 é o máximo que minha memória consegue voltar no tempo e afirmar com certeza.
………..
Na última eleição, em 2008, isso ficou nítido a todos, pois houve uma grande invasão na Cidade Industrial (Zona Oeste).
Foi muito noticiada na mídia, onde alias saiu erroneamente como Fazendinha ou Campo Comprido.
É uma área muito grande, quase metade do tamanho do bairro Alto da Glória, por exemplo.
A princípio se instalaram perto de mil famílias, o que não é pouco, cerca de 3 a 4 mil pessoas.
Se fosse consolidada, o que não ocorreu, seria moradia pra 10 mil pessoas.
Segundo se soube a época, na verdade não teria sido uma ‘invasão’ no sentido estrito do termo.
Pois o dono do terreno era político, assim alguns atestam que ele facilitou a ocupação de sua própria propriedade.
Pensando em se eleger usando os ocupantes de sua terra como cabos eleitorais. Não deu certo, ele perdeu a votação e não se elegeu vereador. Assim, previsivelmente passado o pleito o espaço foi desocupado a força pela PM.
Os ocupantes protestaram com uma faixa que dizia: “Primeiro pedem nosso voto, agora derrubam nossa casa”.
Reforçando a hipótese que a “ocupação” era um jogo de cartas marcadas.
O mesmo artifício foi tentado por outros políticos na mesma eleição num terreno as margens do Contorno Norte, em Colombo, Z/N metropolitana.
Igualmente não vingou, passado o pleito – lembre-se, aqui estamos falando de 2008 – a polícia retirou os moradores.
………..
A invasão em Colombo eu acompanhei marginalmente. Apenas passei de carro pela rodovia uma vez.
Já a da CIC eu estudei o caso de perto, fui lá 3 vezes nos 40 e poucos dias que ela existiu. E aqui volto a falar dela.
Mesmo tendo perdido a eleição e então a polícia ‘limpando’ seu terreno, o político dono da área saiu ganhando com a invasão:
Pois corre a versão que ele já havia sido multado pela secretaria de meio ambiente por fazer desmatamento ilegal no local.
Quando houve a invasão, os ocupantes derrubaram eles mesmos as árvores que ‘incomodavam’ o proprietário. Caso seja fato a multa anterior pelo corte da vegetação, os ocupantes da área então fizeram o ‘serviço sujo’ pelo proprietário sem que esse fato possa ser comprovado na justiça.
Tudo somado, a verdade é que essas foram invasões muito grandes, que atraíram muita atenção da mídia.
Até pelo comércio descarado e aberto de lotes que estava ocorrendo.
Ficando nítido que se havia alguns sem-teto também haviam centenas de oportunistas lucrando.
E com derrocada dos políticos que tentavam usar as invasões como curral eleitoral tornou-se inviável a criação de mais essas vilas na Grande Curitiba.
Pelo menos por hora, já houve precedentes de terrenos que haviam sido invadidos em um ciclo eleitoral, foram desocupados mas a seguir re-invadidos em eleições posteriores.
É sobre isso que falarei agora:
O modus operandi tipicamente curitibano de se fazer ocupações irregulares de terras as vésperas da votação.
Se aproveitando que nenhum governador ordenará retiradas compulsórias antes da votação.
Pois podem ocorrer tumultos que repercutirão mal nas cabines eleitorais.
Vou falar pra vocês apenas os casos que eu lembro, com certeza ocorreram outros. Vamos recapitular:
– 1996 (pleito municipal): invasão de um terreno no Uberaba (Zona Leste) as margens da BR-277, a Rodovia das Praias.
Essa invasão se manteve, e o local já foi regularizado e urbanizado pela prefeitura.
– 1998 (pleito federal e estadual): complementação da ocupação de dois anos antes:
Dessa vez ocorre a maior invasão da história da cidade, quando cerca de 10 mil pessoas ocupam uma extensa área.
Na divisa leste do município, da BR-277 até a Avenida das Torres.
Diversas vilas do Uberaba surgiram nessa oportunidade, como:
Iasmin (já retirada), Ilha do Mel (já retirada), Alvorada, Audi, União, Ferroviária, Reno, Solitude 2, Icaraí, entre outras.
A prefeitura já fez diversas intervenções na área, e o enorme trabalho de integrar essa grande favela a cidade está quase concluído.
Escrevi isso em 2010. Em 2016 o trabalho foi concluído de fato, o último trecho que restava de favela mais feia, o Icaraí, foi urbanizado.
Uma parte dos moradores foi transferida pro Uberaba mesmo
No próprio local, pra um loteamento chamado Jardim Iraí.
Ou então na beira do Rio Belém, no Jardim Primavera, perto de minha casa.
Não confunda o “Jd. Primavera” da Zona Leste (Uberaba) com o da Zona Oeste (São Miguel), e muito menos com o da Zona Norte (Pilarzinho).
Bem esclarecido quantas ‘Primaveras’ há em Curitiba, voltemos a falar dos que foram removidos do ‘Complexo do Uberaba’.
Uma parte ficou no próprio bairro. E outra parte foi pro Sítio Cercado (Zona Sul).
Nos conjuntos Sambaqui e Novo Horizonte (popularmente conhecidos por ‘Cidade de Deus’).
A invasão se manteve, e está sendo regularizada, apenas pequenos trechos foram retirados.
– 1999: Não é ano eleitoral, mas é quando ocorre a invasão da Terra Santa, Tatuquara, Zona Sul.
A citei aqui porque suas expansões se darão em anos de eleição.
– 2000 (pleito municipal): Surge a primeira etapa de ampliação da Terra Santa. A invasão é retirada.
– 2002 (pleito federal e estadual): Segunda expansão da Terra Santa. Essa permaneceu, se chama “Cantinho do Céu”, e está sendo urbanizada.
Em outro ponto da Zona Sul duas invasões vizinhas também surgem as vésperas da votação.
Na Rua Pedro Gusso, Novo Mundo (divisa com o Capão Raso), nos terrenos das falidas construtoras Brejatuba e Cidadela.
Uma das invasões foi retirada, e foi construído um conjunto de prédios verdes no local – essa alias era a destinação inicial do terreno, abrigar prédios.
A outra permaneceu, e ainda não está sendo regularizada pela prefeitura.
Veio se somar a um conjunto de favelas que já existia no Novo Mundo, na Vila Formosa. A prefeitura vem urbanizando, é certo, várias vilas do ‘Complexo das Vilas Formosa e Uberlândia’. Logo chegará nessa vila de 2002.
– 2004 (pleito municipal): Nova ampliação da Terra Santa, naquele mesmo terreno que já havia sido invadido em 2000.
Dessa vez a invasão não foi retirada, e ganhou o nome de Bela Vista. Há outras Belas Vistas em Curitiba, então cuidado pra não confundir quando ler no jornal.
Essa invasão uniu as metades oriental (Vila Pompéia) e ocidental (Jardim da Ordem) do Tatuquara.
Que até então eram separadas por uma área verde – posta abaixo pra dar lugar as casas.
Ficou 3 anos sem receber rede de luz. Em 2007 apenas a Copel resolveu instalar os potes oficiais, e agora em 2010 a prefeitura anunciou que a área será regularizada e urbanizada.
A Bela Vista se uniu a favela Beira-Rio, que também está sendo urbanizada. Veja matéria que eu fiz sobre o Tatuquara.
Embora não sejam essas vilas o foco principal, eu fotografei a Bela Vista e a Beira-Rio, a última já urbanizada.
E nessa outra matéria que eu falo da Zona Sul em geral vemos as favelas do Capão Raso, que são antigas (anos 80 e 90).
Nela também há fotos da urbanização da Terra Santa.
– 2006 (pleito federal e estadual): Não houve invasões as vésperas da eleição. Achei estranho, pois quebrou uma tradição de então 10 anos. Mas eu não estava enganado. Estavam só guardando forças pruma ação maior que veio logo a seguir:
Pois em março de 2007 foram 4 invasões simultâneas na Zona Oeste e imediações. Uma, no Campo Comprido, foi retirada.
Bem próximo dali ocorreram outras três invasões na divisa entre os bairros Santa Quitéria e Portão (2 delas na S. Quitéria e 1 no Portão).
As 3 são vizinhas e se configuram como uma massa só, muda apenas o lado da Rua Rezala Simão, que divide os bairros.
Pelo menos parte da invasão também se seu em terrenos de propriedade da falida construtora Cidadela. Situação que alias se repete muito pela cidade
Pois os terrenos estão em um vácuo jurídico de massa falida, o que dificulta ações de reintegrações de posse.
O local é chamado de Portelinha, em homenagem a uma novela da Globo.
Na qual Antônio Fagundes vive um líder sem-teto que organiza uma ocupação com esse nome.
Também veio unir seu território com invasões mais antigas que existiam no local.
Então tecnicamente não houve invasões antes da eleição de 2006. E sim poucos meses depois.
Como elas foram organizadas pelos mesmos políticos de sempre – não vou citar nomes pra não dar crédito a quem não merece – embora tenha havido tecnicamente esse hiato de prazo entra no mesmo pacote.
– 2008 (pleito municipal): houveram duas grande invasões, das quais já falamos.
Além daquela na Cidade Industrial, na região da Vila Sandra, houve uma outra em Colombo, no bairro Roça Grande, as margens do Contorno Norte. Nenhuma delas permaneceu.
– 2010: Façam suas apostas. Aonde as lonas pretas atacarão dessa vez?
Ou enfim chegará ao fim essa tradição tão curitibana quanto o leite quente?
………..
Aqui encerrou-se o primeiro emeio. Antes de emendarmos outros, façamos uma atualização: Escrevi o que está acima antes da eleição de 10.
– 2010: Como já dito e é notório, a grande invasão desse ciclo se deu na Caximba, Zona Sul.
Em 2014 foi parcialmente desocupada, mas não de todo. Houveram (e ainda estão havendo) re-invasões, a favela permaneceu.
– 2012: “Chegou a Primavera”. Invasão no bairro São Miguel (na imprensa saiu como Cidade Industrial, pois é quase na divisa dos bairros).
Chamada Nova Primavera. Não foi urbanizada e está lá até hoje.
Leia matéria que eu fiz especificamente sobre isso, com muitas fotos.
– 2016 (ano eleitoral) – mais uma invasão, e bem próxima as 4 que ocorreram antes (1 em 2012 e 3 em 2015):
No primeiro semestre do ano, pouco antes da Olimpíada, surge a ocupação Concórdia, na Cidade Industrial, Zona Oeste.
As margens da Avenida Juscelino Kubitschek, o Contorno Sul, que é o trecho urbano da BR-476.
Num terreno vago no Complexo da Vila Barigüi, ao lado de outras invasões mais antigas, já urbanizadas.
Portanto se a Concórdia permanecer virá a se adicionar ao Complexo do Barigüi, que já é bem extenso.
Veja a direita acima, no canto da foto os carros passando na citada rodovia, e ao lado as casas da mais nova vila da cidade.
Ainda outra vez, a Zona Oeste ganhou mais uma favela.
É uma vila de tamanho médio, com algumas dezenas de famílias, tendo creio que umas 7 ou 8 quadras.
Ainda está em formação (escrito em outubro de 2016).
Vejam novas casas sendo construídas vários meses depois do início da ocupação.
Não há ligações regulares de energia, logo os gatos predominam, como visto na tomada acima.
A direita, meninos empinam pipas, inconscientes ainda da complexidade dos problemas políticos e econômicos do país que os fazem morar nessas condições.
Ainda nessa imagem que aparecem as crianças, ao fundo vemos mais uma vez a Rodovia Contorno Sul. E após a pista o Complexo das Vilas Conquista/Sabará, que começa no CIC e se espraia pelo vizinho bairro do São Miguel.
É no São Miguel (mas na divisa com a CIC) que foram as 3 invasões de 15, e a de 12, portanto tudo na mesma região.
– 2020, ano eleitoral: foram duas invasões no Tatuquara (Zona Sul), uma frustrada e a outra vingou.
Em abril ocorre uma ocupação num terreno próximo ao terminal de ônibus – na época ainda em obras. A guarda municipal age rápido e retira os invasores.
No entanto poucos meses depois nova invasão surge ao lado da Vila Zanon. Essa permaneceu, e seguiu aumentando por meses.
Em plena década de 20 do século 21 a tradição de ocupações as vésperas da população ir as urnas segue firme e forte.
Vamos agora as matérias que fiz quando surgiram as invasões da Caximba (2010) e São Miguel (2012).
Bem-vindos ao território nacional”:
eu avisei que isso ocorreria
Publicado em julho de 2011.
Vocês devem estar lembrados que na época da eleição (de 2010) houve uma invasão em área de preservação ambiental.
Ocorrida no Jardim Holandês, em Piraquara (Zona Leste metropolitana).
A imprensa fez um estardalhaço constante, até que passado o pleito a PM desocupou a área.
Pouquíssimo divulgado, entretanto, é que no mesmo período houve uma outra invasão em área de preservação ambiental.
Dessa vez no município da capital, no distante bairro da Caximba, na extremidade da Zona Sul.
Repetindo o que já dissemos acima. A invasão dessa área maior foi em 2010.
Em 2014 metade dela foi retirada pela PM, mas a outra metade permaneceu.
E da parte que desocupada uma boa porção já foi re-ocupada, pois o ritmo de construção de novas casas é incessante.
Assim, ao contrário do que ouvi na imprensa e por isso escrevi incorretamente quando levantei a matéria pra rede (início de 2016) a invasão da Caximba vingou
No momento que atualizo novamente (junho de 2017) ela caminha pra completar 7 anos. A foto a esquerda diz tudo. Toda essa área foi invadida em 2010. Como notam, em 17 a favela não apenas persiste como está cada vez mais densa.
As imagens de 2010 não são de minha autoria, puxei da rede e por isso identificadas com o (r), enfatizando de novo. As sem esse símbolo são de 2017, clicadas por mim. Confira a matéria específica.
Isto posto, vamos lá contar a história dessa invasão. Quando ela surgiu colocaram uma bandeira de nossa amada pátria logo na entrada, como você confere a esquerda um pouco mais pra cima.
Bem, a vila foi batizada de “Território Nacional”, então nada mais apropriado – depois renomeada ’29 de Outubro’, data que surgiu.
No entanto, ali ao lado já existia uma invasão chamada ‘1º de Setembro’ (no mapa eu mostro o que já existia antes de 2010 e o que surgiu nessa data e depois).
De forma que pelo menos na mídia todas as vilas da região foram fundidas na mesma denominação, ”1º de Setembro”.
Englobando nesse mantra a invasão mais antiga (que ainda existe) e a nova.
Ou seja, herdando o nome de uma vila vizinha, mais antiga, ambas se tornando uma coisa só. Pois essa invasão de 2010 foi em final de outubro.
A esquerda, mais pra cima, vimos a entrada da vila com a placa nomeando-a e dando boas vindas, e o pavilhão pátrio.
…………
Exatamente por ter ficado longe dos holofotes midiáticos é que a favela ainda não foi retirada. Isso dá ensejo a algumas considerações.
A primeira é que eu já havia lhes dito que ocorreriam invasões perto da eleição.
É exatamente no topo da página, a reprodução do emeio acima, que abriu a matéria.
Só como exemplo digo que aqui onde moro, o Canal Belém, foi invadido em 1990.
Aliás re-invadido. A margem do Rio Belém era invadida desde o Centro até a divisa com São José dos Pinhais nos anos 60.
Na década seguinte a prefeitura retirou as casas e fez um parque linear, com campos de futebol, parquinhos e ciclovias.
Bem, minha rua não tem nome oficial, e no correio meu endereço é Rua Ciclovia.
Exatamente porque reinvadiu-se onde já havia sido retirado. Não na proporção que era antes, entretanto.
E mesmo assim uma boa parte foi novamente removida em 2000. Enfim, deixemos isso pra lá.
Foi só pra exemplificar que a invasão do Canal Belém é de 1990, ano eleitoral, como tantas outras pela cidade.
Outro ponto a se observar é a diferença de tratamento da mídia em relação às invasões de 2010.
É de certa forma intrigante, porque as invasões:
Tanto a da Zona Leste (Piraquara) como a da Zona Sul (Caximba) foram na mesma época, mais ou menos do mesmo tamanho.
Ambas em áreas de preservação ambiental, e igualmente bastante afastadas do Centro da cidade.
Entretanto, fizeram um carnaval sobre a invasão piraquarense enquanto quase não se falou na sua congênere caximbense.
Eu mesmo só fui saber que ela existia em maio, 7 meses depois do ocorrido. Se existe um assunto que pesquiso em detalhes, certamente é esse.
A pouca divulgação é um fator chave pra entendermos porque a de Piraquara foi removida enquanto a outra permaneceu.
Quase despercebida, não despertou “massa crítica” de indignação na opinião pública pra pressionar o governo a agir.
E olhe que é um local inviável pra servir de moradia. É na várzea do Rio Barigüi, quando chove um pouco mais forte a água toma conta de tudo.
Nada mais natural. A várzea pertence ao Rio, que só está usando um espaço que é dele por direito. As fotos atestam isso com clareza.
Todas as casas, exatamente por esse motivo, são sobre estacas, um tipo de palafitas sobre o charco, pra tentar amenizar um pouco o efeito destrutivo das enchentes.
Ali algo tão natural quanto a alternância entre dia e noite.
A invasão está crescendo rapidamente. Se foi mesmo iniciada por 400 famílias, certamente já dobrou de tamanho.
Nos dois meses que se passaram entre minhas visitas a invasão cresceu bem umas 50 casas.
Todos os dias estão chegando mais famílias, vindas principalmente de boa parte da Zona Sul mas também de outras partes da cidade e mesmo do interior e outros estados.
Um pouco mais pra cima já havia outra invasão, chamada 1º de Setembro – depois, como vimos, a nova ocupação também passou a se conhecida por essa data.
Aliás, nessa parte, invasões é o que não faltam. Bem próximo dali há as Vilas Juliana e Sapolândia.
A nova favela se une a 1º de Setembro original na parte seca, a Sapolândia pela várzea do Rio.
Ou seja as várias favelas da Caximba estão se tornando uma só, virando um ‘Complexo’, como dizem os cariocas, ou um ‘Aglomerado’, no termo mineiro.
…………….
Não por acaso a favela Território Nacional já completou nove meses sem ser retirada (quando fiz o texto em 2011.
Malgrado a perda de metade de suas quadras em 2014 [parcial ou totalmente já recomposta por novas ocupações], a ocupação permanece.
Resultando que tem quase 7 anos, enquanto todas as outras invasões dos ciclos eleitorais de 2008 e 10 não chegaram a 2 meses).
Porque aqui eles fizeram uma invasão pra ficar. Em 3 casos nas eleições de 2008 e 10 não era esse o propósito.
As invasões da CIC e a do Contorno Norte em Colombo, ambas em 2008, e a de Piraquara também de 2010, visavam não dar moradia a pessoas sem-teto.
Mas sim eleger alguns políticos.
Estive 3 vezes na invasão da CIC. O comércio de lotes estava descarado, comentava-se abertamente.
No pico o local abrigou perto de mil e quinhentas casas.
Se quer que uma invasão permaneça tem que ser o contrário, ela deve atrair a menor atenção possível da mídia e sociedade civil em geral.
Tem que ser pequena, em um lugar afastado das vias de grande circulação.
O Território Nacional ainda resistia quando fiz a matéria, e resiste até hoje.
…………
Antes de partirmos pro outro emeio, vamos comparar como a ‘Favela do Atuba’ inchou em apenas 4 anos.
E de forma bi-modal, tanto de fotos de meu próprio punho, como usando o recurso ‘máquina do tempo’ do ‘Google Mapas’ (que permite ver todas as filmagens já feitas num local).
Primeiro as cenas que captei pessoalmente: a esquerda a favela começando no Atuba, julho de 2013.
A direita o mesmo local em novembro de 2017, veja os sobrados, no canto da imagem ao lado e no centro da abaixo, e os prédios ao fundo.:
Em apenas 4 anos a favela explodiu, está hiper-densa, uma favela de verdade, consolidada.
Como alguém definiu: “É possível atravessar uma favela inteira sem nunca pisar no chão, pois os telhados são emendados”. É o caso aqui.
Se ainda é preciso outra prova, acompanhemos o que aconteceu no local via ‘Visão de Rua do Google Mapas’. Lembre-se, a última imagem da sequência abaixo é de 2015. Compare com 2017 logo acima.
março/2007 – outubro/2010: 3 anos e meio sem invasões que tenham vingado no município, fato inédito em curitiba
A segunda metade da década debutante desse milênio foi a melhor da história da Cohab de Curitiba.
Pois ali a Cohab fez mais prédios do que havia feito em todos os tempos anteriores.
Sim, é isso mesmo, em 5 anos ergueram-se mais conjuntos que nos 50 anos anteriores. A esquerda, em foto de minha autoria, uma dessas cohabs, no Bairro Novo, Sítio Cercado.
Entre o fim da década de 2000 e o começo da de 10 diversos bairros da periferia mudaram radicalmente.
Sítio Cercado, Ganchinho e Tatuquara (todos na Zona Sul) e partes da Cidade Industrial na Zona Oeste passaram por uma transformação frenética pra melhor.
Recebendo dezenas de novos conjuntos da Cohab. Foi aí que o Bairro Novo se tornou o que é agora, sua rua principal um ‘Grand Canyon de Pombais da Cohab’.
Compare as fotos (puxadas da internet) do Bairro Novo: acima, em 1999 ou 2000 sem prédios, com os espaços vagos ao lado da avenida.
Ao lado quase uma década depois, ou seja clicada em 2009 ou 2010 no mesmo local.
Entendam os que gostam de militar pro partido ‘A’ ou ‘B’ que eu não estou defendendo a pessoa que esteve na prefeitura e capitaneou esse projeto.
Exatamente ao contrário, depois ele se elegeu governador, e seu mandato nessa esfera mais alta foi pavoroso, indescritivelmente ruim.
Eu não voto em ninguém. A briga entre tucanos e petistas me é absolutamente indiferente, não apoio qualquer lado.
Agora, é um fato. Na segunda metade da década de 2000 a Cohab trabalhou como nunca, fez dezenas sobre dezenas de conjuntos, um atrás do outro.
Independente do que achamos do caráter de fulano ou ciclano, foi assim que aconteceu. Foi o ‘período dourado’ da habitação popular de Curitiba.
Resultado: de março de 2007 a outubro de 2010 nenhuma nova invasão surgiu e permaneceu no município de Curitiba. 3 anos e meio. Fato inédito em nossa história.
Aqui volta o texto original, feito em maio de 2011: a invasão da Caximba, enquanto permanecer, quebra uma tendência recente.
A última invasão que houve no município de Curitiba que não foi retirada foi exatamente as três que formaram a favela Portelinha.
Como dito acima, as ocupações tri-gêmeas na divisa entre Santa Quitéria e Portão em março de 2007, ato que entrou pra história como “Março Vermelho”.
Além dessas 3, que conseguiram permanecer, foi invadido na mesma onda um terreno no Campo Comprido, não muito longe dali. Essa foi retirada.
De lá pra cá não houve novas invasões que tenham vingado. (‘cá’ é maio de 2011, lembre-se. A invasão da Caximba já havia ocorrido mas eu não sabia ainda. Essa ocupação na Caximba marcou a virada, a situação se alterou radicalmente, como já veremos).
Volta o texto original. A do Campo Comprido também em março de 2007 e a da CIC em 2008 não permaneceram. Em outros locais não houve invasões de áreas novas.
Por isso lhes asseguro que não houve invasões entre abril de 2007 e setembro de 2010, excetuando a da CIC em 2008, que não se firmou.
Claro, as favelas que já existem estão sendo ampliadas. Posso, entre outras, citar o caso de 3 favelas que aumentaram:
Santos Andrade (Campo Comprido, Zona Oeste), Vila Rurbana (Campo de Santana, Zona Sul: o nome quer dizer que é meio rural e meio urbana – não é brincadeira) e Vila Nova (Alto Boqueirão, Zona Sul).
Só que nos 3 casos são favelas antigas, bem estabelecidas, que aumentaram sua área. Invasão de novas áreas não havia ocorrido. Isso no município de Curitiba.
Vou repetir pra que fique bem claro:
Não quer dizer que nesses 3 anos não surgiu nenhum novo barraco ou moradia improvisada no município de Curitiba.
Surgiram. Favelas que já existiam passaram por ampliações naturais, e tomaram terrenos que lhes eram vizinhos. Favelas já existentes aumentaram de tamanho, no período.
Mas não surgiram favelas novas, por 3 anos e meio. É um recorde.
Na Região Metropolitana a situação é distinta, houve algumas invasões nesse espaço de tempo.
Dou como exemplo a favela do Arvoredo, Araucária (Zona Sul metropolitana), que dobrou de tamanho – e já não era pequena antes.
Nesse caso a área ocupada foi tão grande que podemos definir como uma nova ocupação, e não simplesmente como um crescimento natural da que já existia.
No Habitar Brasil, em Contenda, também houve enorme invasão do bosque. Acompanhei tudo, é claro. Em Araucária mais superficialmente, fui uma ou duas vezes na nova favela do Arvoredo. Já em Contenda estudei o caso em detalhes.
Assim vi a invasão nascer e ficar maior a cada mês, pois era meu setor onde eu fazia pesquisas de campo, então eu ia lá todos os meses.
Mas esses dois casos, embora sejam Grande Curitiba, pertencem a outros municípios.
No município de Curitiba, digo de novo, foram 3 anos e 7 meses sem surgir nova invasão que tenha dado certo.
Relatei a muitas pessoas que as invasões haviam cessado, e até outubro do ano de 2010 essa era a verdade. Porém essa verdade foi engolfada por uma verdade maior: a de que Se tem eleição, tem invasão. Isso é Curitiba.
2011-presente: invasões retornam com força total
Tudo que é bom dura pouco, não é mesmo?
Contando a partir da invasão da Caximba, continuando em 2011 e se intensificando a partir de 2012, as invasões de terrenos foram retomadas com força total em Curitiba.
Isso porque a Cohab diminui enormemente seu ritmo de trabalho.
Vários conjuntos ficaram 2 anos ou mais com as obras paralisadas, sendo invadidos e saqueados nesse período. Resultando: as invasões voltam a aumentar, é óbvio.
Não há qualquer segredo, tudo é proporcional:
No curto período que o poder público funcionou exemplarmente (pelo menos no quesito de habitação popular, que é minha área de estudo junto com o transporte público) as invasões cessaram. Depois a Cohab foi saqueada e faliu, as invasões voltaram.
Ao lado: em setembro de 2012, quando um terreno no São Miguel (próximo a V. Sabará/CIC) foi invadido os ocupantes protestaram contra a falência da Cohab.
Sem entrar no mérito se a invasão é justificada ou não, o fato é que ao menos eles têm razão na denúncia: a Cohab é corrupta, e não funciona direito. Veja a matéria logo abaixo.
Invasões, acusações, confusão, corrupção: tudo ‘voltou ao normal’, digamos assim. Pelo menos o normal pra uma metrópole de 3º mundo, que é o que Curitiba é.
Malgrado grossa lavagem cerebral afirmando o contrário. Mas os fatos desmentem a propaganda.
Agora vou enfileirar resumidamente os emeios que escrevi a partir de 2012, quando as invasões de terrenos voltaram a seu curso habitual.
curitiba: desvio criminoso de dinheiro público
Publicado em 31 de janeiro de 2012
Esse emeio, publicado ainda no primeiro mês de 2012, alertou pro que tristemente estava por vir:
Após a invasão da Caximba (que ainda existia, um ano e pouco depois de ter sido implantada quando fiz esse texto, quando atualizo são quase 7) a formação de novas favelas seria retomada com força total.
Tudo por conta do descaso e rapina ao erário que tomou conta da administração municipal. Escrevi:
Um conjunto habitacional construído pela prefeitura de Curitiba ficou pronto mas nunca foi inaugurado, sendo então completamente saqueado.
Nota: vou retratar o que era realidade em janeiro de 2012, o texto está datado.
Na época várias obras da Cohab pela cidade toda estavam paradas, e as fotos não deixam margens a dúvidas. Depois disso essas obras foram concluídas e entregues, é fato.
Porém também é fato que a Cohab está longe de ter a mesma eficiência que antes.
Sim, alguns conjuntos estão sendo entregues, esses dias mesmo fotografei um na Cachoeira, Zona Norte.
Só que a coisa vai devagar, muito mais devagar que o que seria necessário pra diminuir de forma significativa o déficit habitacional.
Volta o texto original de jan.12. Vamos ver o que comprovei a época:
Na verdade, esse descalabro se repete em pelo menos dois pontos da cidade:
Na Vila Guaíra (Zona Central), pra onde serão transferidos os moradores da vizinha Favela do Parolin.
E na Cidade Industrial (Zona Sul), pra onde serão transferidas famílias de diversas favelas das Zona Sul.
Tirei essas fotos nesse último local. Se alguém quiser conferir por si mesmo, fica bem perto do Terminal CIC, acima do Conjunto Osvaldo Cruz.
Não estou desvelando nenhum segredo aqui, já saiu até na Globo local. Mas é chocante, por um motivo:
As casas (cerca de 50) estão prontas. Prontas. Até com vidros, portas e louças sanitárias.
Bastava ter transferido as famílias que elas mesmas se encarregariam do resto, poupando gastos ao erário.
Repito pra que não haja dúvidas: depois disso essas casas foram afinais entregues. Mas foi preciso antes reconstruir o que já estava feito mas os ladrões roubaram/vândalos dilapidaram.
Ou seja, pagou-se duas vezes pela mesma obra, o que constitui crime gravíssimo de lesa aos cofres públicos.
Obviamente o dinheiro gasto pra refazer o que já havia sido feito poderia ter sido aplicado em erguer outras casas. Volta o texto original.
Quer dizer, estava pronto. Porque agora foi tudo furtado. Veem pelas imagens que as casas foram entregues com portas, mas já levaram quase todas.
Consegui registrar uma ainda com porta, pra comprovar o que digo.
Falando mais acuradamente, há casas em todos os estágios de construção, como podem ver, algumas ainda no alicerce. Mas 80% estão prontas mesmo.
De cerca de 50, 40 poderiam ter sido entregues.
Há umas 7 que só falta o acabamento (só faltava, pois agora em todas falta tudo) e umas 3 em estágio inicial.
Também reparam que toda a infra-estrutura do bairro foi feita, com instalação de asfalto, redes de águas, luz, esgoto, iluminação pública.
Tem nesse próprio conjunto exemplo de que as cosas poderiam ser diferentes. Vejam que uma das fotos mostra residências ocupadas.
Umas 12 casas ficaram prontas e foram entregues. Nelas não houve saques, claro, estão habitadas. Já outras 40 ficaram prontas e não foram entregues, nem serão tão cedo, pois é preciso refazer boa parte delas.
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Em consequência veio esse outro emeio, publicado um mês depois, em 1º de março de 2012:
Detonaram a Cohab: as invasões voltaram
Curitiba está vivendo uma onda de invasões:
Na Vila Conquista (Cidade Industrial, Zona Oeste) e no Ganchinho (Zona Sul) houveram ocupações em fevereiro (de 2012).
Em 2011 houve invasão no bairro da Cachoeira, Zona Norte, ainda no município de Curitiba.
No Ganchinho o alvo foi um conjunto da Cohab que está com as obras paralisadas.
Situação que se repete em toda cidade e que já foi denunciada por mim.
Em todos os casos os invasores alegam o mesmo: já que a fila parou, o jeito é fazer justiça com as próprias mãos.
Na CIC e Ganchinho os invasores foram rapidamente retirados.
Então não vamos nos focar no que já não existe mais, e tampouco vou repetir o que já foi dito acima, elimino a redundância.
Coloquei aqui apenas pra deixar marcado que após a trégua de 3 anos as invasões recrudesceram a partir de 2011, e registrei o fato a época.
É importante porque desde então o processo de surgimento de novas favelas voltou ao normal, como vimos nos emeios que reproduzi nas legendas das fotos na lateral.
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Voltando ao texto original, escrevi em março de 12: a ocupação da Cidade Industrial não irá permanecer.
A guarda municipal já cercou a área, pra impedir a chegada de novos ocupantes, e breve a área será desocupada, tão logo saia a re-integração de posse (Nota: de fato assim se deu, já atualizei acima).
A questão é que as invasões retornaram com força total. E a eleição se aproxima, formando um ambiente perigoso.
Certamente ocorrerão novas ocupações, pois nenhum político promove desocupações antes do pleito, temendo tumultos como os que ocorreram no Pinheirinho, São José dos Campos-SP.
E pra concluirmos solto esse emeio de 2 de outubro de 2012:
saquearam o dinheiro da Cohab;
nada mais natural que hajam invasões
Um colega me enviou a notícia de uma ocupação de terreno na Cidade Industrial, Zona Oeste. Assim saiu na imprensa, na verdade já pertence ao vizinho bairro São Miguel.
Reproduzi o emeio que escrevi nas fotos espalhadas pela lateral da matéria.
Novamente vou excluir toda informação redundante, que já esteja grafada acima.
Coloco esse emeio apenas pra divulgar um dado que comprovará inexoravelmente a falência na prática da Cohab, que por sua vez resultou na volta da onda de invasões:
As invasões são inversamente proporcionais ao trabalho da Cohab. Na época eu acessava a página que traz notícias da Cohab de Curitiba no mínimo uma vez por semana.
Assim reparei que eles ficaram de dezembro de 2011 até julho de 12 sem postar uma notícia.
E quando veio uma notícia era da implantação da F.A.S. num conjunto da Cohab já existente, e não um novo conjunto da Cohab, o que só veio ocorrer em agosto.
Resumindo irmão a Cohab ficou 8 meses sem entregar uma casa sequer. Nada mais natural que hajam invasões.
E só não há mais porque com menor crescimento demográfico do país e melhor distribuição de renda capital/interior e Centro-Sul/Norte-Nordeste hoje Curitiba cresce bem menos.
Nas décadas de 70, 80 e 90, Curitiba ganhou saldo de 300 mil novos habitantes em cada uma delas.
Contra apenas 180 mil na década de 2000 (confira os números do censo de 2010, como a ppopulação se distribui na cidade bairro por bairro, e região por região).
Se Curitiba ainda ganhasse 30 mil novos moradores por ano, estaríamos vendo uma onda de invasões digna dos anos 90.
Na segunda metade da década de 2000 a Cohab entregava de 20 a 40 moradias por mês, todo mês. E nos meses eleitorais era mais de uma centena por mês.
Porém depois roubaram todo o dinheiro, e as obras pararam.
Mesmo casas que estão praticamente prontas (como há dois conjuntos na CIC, tema que já abordado em mensagens minhas anteriores) não são entregues.
Por isso foram 8 meses sem uma casa entregue sequer.
Repare que essa invasão do S. Miguel, que acompanho com atenção seu desdobramento, é em local muito próximo de onde houve outra invasão alguns meses atrás.
A de março de 2012 não vingou, mas que ocorreu logo a seguir sim. Demonstrou que o caldo está fervendo, que está se aglutinando massa crítica pra uma nova grande invasão que irá vingar.
Como a da Caximba 2010 vingou e está lá até hoje.
…………
” Vamos ver se essa invasão no São Miguel (perto da CIC) se incorpora ao “patrimônio” da cidade ou se não passa de um “sonho de primavera”. Vamos ficar de olho em tudo “, encerrei o texto original.
Atualizei no começo de 2016, colocando que ” essa invasão de setembro de 2012, a Nova Primavera, conseguiu permanecer “.
Foi ampliada por outras 3 de 2015. Fotografei todas elas nesse ensaio logo após o ocorrido (e novamente em maio de 2019).
Quando subi a matéria pra rede, no início de 2016, escrevi: ” é ano de eleição, novamente. Onde serão as invasões dessa vez? Façam suas apostas “.
Como vimos acima, foi no Contorno Sul, CIC, Z/O. O local pode variar. Mas que terão ocupações antes do povo ir a urna é a aposta garantida, aquela que você nunca perde.
Se tem eleição, tem invasão. Isso é Curitiba.
“Deus proverá”