Por Maurílio Mendes, ‘O Mensageiro’
Publicado em 18 de junho de 2012
Vamos continuar a falar sobre o México.
Um pouco sobre o futebol, como o título indica. Curiosamente, quase todos os grandes clubes do país – incluindo o Trio-de-Ferro da capital – são azuis.
Têm um dos uniformes (o principal ou ao menos o reserva) em uni-tom celeste.
As fotos da cidade – incluindo o Estádio do Cruz Azul, sobre a manchete – foram clicadas pessoalmente por mim em junho de 2012. Já as demais cenas de futebol (uniformes, jogos) foram baixadas da rede. Nessa atual mensagem todas as fotografias são da capital e seus subúrbios.
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Mas não nos restringiremos a esse esporte. Vamos continuar a fazer um apanhado dessa nação, em todas as dimensões.
As metrópoles do México são, nessa ordem:
1) A cidade mais povoada, não só desse país como de toda a América, é a capital, a Cidade do México, que tem 20 milhões de habitantes no total (núcleo mais subúrbios metropolitanos).
Sendo 8,5 milhões no núcleo, o Distrito Federal. Os demais 11,5 milhões moram no Estado do México. Enfatizando, os 3 times grandes dessa cidade são azuis. O Cruz Azul foi vice da Libertadores em 2001.
Tudo isso já foi dito antes. Agora vamos falar quais são as outras maiores cidades mexicanas.
2) Guadalajara, no estado de Jalisco. Como é sabido, no idioma espanhol o “j” se pronuncia com som de “r”. Logo, se diz Guadalarrara e Ralisco.
4 milhões de habitantes na área metropolitana (núcleo + subúrbios). Contando apenas o município-sede, são 1,4 milhão.
O maior time de Guadalajara, o Chivas (vice da Libertadores em 2010), tem o uniforme titular rajado em vermelho e branco. O uniforme reserva é inteiro azul.
O Trio-de-Ferro’ da capital e mais o Chivas são os 4 grandes clubes mexicanos. O Cruz Azul tem o uniforme principal inteiro celeste. Nos outros 3, é o uniforme nº 2.
Não importa. Você não achará outra nação no mundo em que seus 4 principais clubes joguem com a camisa exatamente no mesmo tom, incluindo ou não a indumentária de visitante.
3) Logo a seguir vem Monte-Rei (‘Monterrey’ no original em castelhano), capital do estado de Novo Leão.
São também pouco mais de 4 milhões na Grande Monterrey e 1,1 milhão apenas no município-núcleo.
Adivinhe: o uniforme de visitante dos dois clubes de Monte-Rei é inteiro azul. O clássico é entre aquele que leva o nome da cidade e Tigres, vice da Libertadores em 2015.
No momento que levanto essa matéria pra página (2015), o México já disputou 3 finais da Libertadores, tendo perdido todas.
4) Puebla é a 4ª maior cidade do México, capital do estado de mesmo nome. São 2,6 milhões na Grande Puebla e 1,4 milhão apenas no município.
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Como sempre, quando eu falo em cidades, eu conto toda a aglomeração urbana incluindo os subúrbios metropolitanos.
Uma cidade pode ser constituída por apenas um município. Ou, quando há conurbação, vários municípios diferentes pertencem a uma única cidade.
Por conta disso, o 2º município mais populoso do México – Ecatepec, com 1,6 milhão de pessoas – não está listado acima.
É que Ecatepec é um subúrbio da Cidade do México, na Zona Norte da mesma, sendo servida por uma linha de metrô que vai direto ao Centro da metrópole.
Não há como separar a área urbana de Ecatepec da do DF. Ecatepec é parte indissolúvel da Grande Cidade do México, uma e a mesma com ela.
Ecatepec fica no Estado do México, ‘Edo. Méx.’ como é abreviado lá.
Já expliquei antes, a Cidade do México se compõe do núcleo que é o Distrito Federal e mais os subúrbios metropolitanos que ficam em outra unidade da federação, chamado justamente ‘Estado do México’.
Subúrbios metropolitanos no Estado do México + México DF (Distrito Federal) = Cidade do México, resumindo
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Em outra mensagem há mais fotos de Ecatepec de Morelos, que é um subúrbio extremamente conturbado.
Em alguns pontos miserável, em outros remediado, mas sempre com perfil de subúrbio da maior cidade americana.
As Zonas Sul, Leste e Norte são proletárias. Classe média-baixa (com incrível nível de densidade) ponteados por enormes favelas.
A Zona Oeste é onde estão os subúrbios de classe alta a moda ianque, as chamadas “Colinas” (‘Lomas’ no original), na região que vai do Bosque de Chapultepec a Santa Fé.
É a única porção de maioria branca na capital mexicana.
Entre o povão, os indígenas (em diferentes graus de miscigenação) são 90% dos Homens e Mulheres.
Ecatepec, como já disse, é o segundo município mais populoso do México.
De forma que posso dizer que a Grande Vida me permitiu pisar nos dois municípios mais populosos desse país, e ambos fazem parte da mesma cidade.
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Agora, há cidades do Estado do México que não são subúrbios da capital. Próximos a ela, mas já afastados o suficiente pra constituírem outra cidade a parte, e não a mesma.
A capital do Estado do México chama-se Toluca.
Dista 72 km do México DF, e não é parte dela, é uma cidade fora da mancha urbana da capital, ao contrário de Ecatepec.
Em Toluca está o time de mesmo nome. Que é vermelho.
3º maior vencedor do campeonato nacional, embora por ser de uma cidade menor a torcida é pequena, a nível nacional.
Ainda assim o Toluca é o maior clube mexicano entre os que não são celestes.
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Pra fechar essa parte sobre população, estive também no balneário de Acapulco.
É a maior cidade do estado de Guerreiro (‘Guerrero’ no original), mas não sua capital. Em Acapulco moram 800 mil pessoas, contando os subúrbios metropolitanos. Apenas no município são 600 mil.
Isso de população fixa. É um destino turístico muito famoso.
Assim nas férias contando a população flutuante bem mais de 2 milhões de almas humanas pernoitam em Acapulco.
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Uma curiosidade: os Homens mexicanos usam muito gel no cabelo. Muito mesmo, é impressionante.
Se quiser ficar rico, abra uma fábrica de gel pra cabelo no México. A demanda é verdadeiramente enorme.
Usa-se tanto esse produto que até algumas Mulheres também o fazem, quando o cabelo está preso pra trás.
Entre os rapazes, um corte que está muito na moda no México é o estilo moicano, como o brasileiro Neymar está usando. Muitos deles usam moicano e gel ao mesmo tempo.
(Nota: o texto é de 2012, e refletia a aparência do jogador quando foi escrito, depois disso ele mudou seu visual, evidentemente).
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A Nissan, a Ford, a GM e a Volks, não necessariamente nessa ordem, são as maiores montadoras automobilísticas do México.
Portanto entre as maiores apenas uma é asiática.
Na Colômbia é diferente, creio que lá o mercado seja meio a meio entre as corporações automobilísticas do oriente e as euro-estadunidenses.
No México, entretanto, como acabei de dizer, a presença das empresas da Ásia é menor. Apesar de bem menos que as 4 grandes, vi também nas ruas mexicanas alguns Toyotas e Hondas.
Isso não é científico, foram apenas observações minhas, não consultei dados estatísticos pra chegar a essa conclusão.
Seja como for, é certo que não há carros Fiat no México.
O que é curioso pra nós brasileiros, posto que essa montadora italiana há mais de uma década é líder por aqui.
Na República Dominicana, entre os carros, só dá as montadoras asiáticas, vejam vocês. Japonesas, coreanas e mais recentemente também chinesas.
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De volta pro México: a frota é mais velha que no Brasil (já disse que se veem Fuscas aos borbotões por lá), embora seja um pouco mais moderna que na Colômbia.
É muito comum no México circularem carros usados estadunidenses. Nos EUA, eles já teriam sido aposentados, e teriam que ficar estocadas em alguma parte.
Os ianques resolvem parte desse problema exportando os veículos de 2ª mão pro México.
Agora os caminhões. Nesse ponto, o México e a Colômbia são muito parecidos.
Em ambos os países parece que você está nos EUA, as montadoras ianques tem quase 100% do mercado, e a frota é bastante envelhecida no geral (nota: estive na Colômbia em 2011, e no México em 2012. Logo, o que escrevo aqui reflete a situação do começo da década de 10, de lá pra cá as coisas podem ter se alterado).
Voltando a comparar com a República Dominicana, entre os caminhões é meio-a-meio.
Os pesados (carretas) são igualmente quase todos estadunidenses. Mas os curtos são praticamente 100% asiáticos.
Enquanto no México e Colômbia as montadoras dos EUA são hegemônicas em todos os modais, não importa o número de eixos e se há reboque ou não.
Pra fechar a parte automobilística, a Pemex (a Petrobrás de lá) tem monopólio total. Não apenas na extração, mas também na venda de petróleo. No México, todos os postos são Pemex, só há por lei essa bandeira.
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Enfim vamos falar um pouco mais do futebol.
Falei acima que Guadalajara, Jalisco, se pronuncia Guadalarrara, Ralisco.
Bem, esses nomes são por demais conhecidos dos brasileiros que gostam desse esporte.
O México abrigou 2 copas do mundo, em 1970 e 1986. Somando as duas, o Brasil jogou lá 10 partidas.
9 delas foram em Guadalajara, no estádio Jalisco.
Em 1970, todos os jogos do grupo C foram ali. Além do Brasil, Inglaterra, a então Tchecoslováquia e a Romênia estavam no grupo, e todos se enfrentaram entre si no Jalisco.
O Brasil passou as quartas e bateu o Peru, e depois o Uruguai na semi-final, tudo no Jalisco.
Apenas aquela final memorável contra a Itália foi no Estádio Azteca, na capital.
Em que demos uma histórica goleada de 4×1. Quando Pelé acabou com os europeus.
Em 1986, o Brasil jogou todas as suas partidas no Estádio Jalisco.
Na primeira fase, vencemos a Espanha, Argélia e Irlanda do Norte, e também a Polônia nas oitavas.
No mesmo campo, o Brasil perdeu da França nos pênaltis nas quartas, num dia muito triste.
Em que Zico perdeu um pênalti no tempo normal, como quem gosta de futebol e tem idade o suficiente se lembra perfeitamente.
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Nessa viagem não fui ao estádio, pois peguei a entre-safra do campeonato mexicano, que terminou no final de maio, e iniciou nova disputa no final de julho.
O campeão mexicano desse ano (2012, lembre-se) é o Santos Laguna da cidade de Torreão, no interior.
Venceu pela 4ª vez a competição (que já teve diversos nomes e formas de disputa), batendo o Monterrey na final. Sim, é inspirado no Santos brasileiro.
Na ocasião que estive lá, os maiores campeões do país (vide atualização abaixo) eram Chivas de Guadalajara, 11 vezes, Toluca (da cidade de mesmo nome) e América da capital, 10 títulos cada.
Logo a seguir Cruz Azul e Pumas, ambos da Cidade do México, com 8 e 7 troféus respectivamente.
Os times mexicanos disputaram a Libertadores de 1998 a 2016. Tigres, Chivas e Cruz Azul já chegaram a final da competição máxima do continente. O Chivas foi batido pelo Internacional brasileiro e o Cruz Azul pelo Boca Juniors argentino, respectivamente em 2010 e 2001.
Em 2015, o Tigres de Monte-Rei perdeu do River Plate também de Buenos Aires.
Atualização escrita em 2015: nesses 3 anos as coisas mudaram. A Libertadores já atualizei acima.
No México, como nos países hispânicos da América do Sul, são 2 campeonatos nacionais por ano, logo de lá pra cá houveram 6 voltas olímpicas.
Assim, dando o quadro correto no momento que a matéria sobe pra rede:
1) América da capital, 12 canecos, levou mais 2 nesse período.
2) Chivas de Guadalajara, manteve os mesmos 11.
3) Toluca (da cidade de mesmo nome); Permanece com os 10 que já tinha.
4) Cruz Azul também do México DF; 8 troféus, mas o último foi no milênio passado, em 1997.
5) Pumas, cuja sede é na Zona Sul da Cidade do México. Agora empatado com o Leão, que é da cidade homônima, a mais populosa (mas não a capital) do estado de Guanajuato.
Localizações geográficas a parte, ambos esses times já vestiram a faixa 7 vezes cada.
O Pumas já tinha esse número de conquistas quando fui lá.
Enquanto que o Leão possuía somente 5 mas em 3 anos foi campeão nacional mais 2 vezes, como o América.
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Falando especificamente do Trio-de-Ferro, só o América é um clube ‘normal’, digamos assim, dedicado exclusivamente ao futebol.
O Pumas é o clube universitário, da Universidade Nacional do México, que se profissionalizou.
E o Cruz Azul é mantido pela maior fábrica de cimento do México, de mesmo nome. Mais ou menos como se no Brasil existisse um time chamado ‘Votorantim’. Por isso seus torcedores são chamados ‘Os Cementeiros’.
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As fotos mostram o estádio do Cruz Azul e uma loja de material de construção na periferia anunciando o cimento, ostentando o mesmo logotipo.
Já que tocamos nesse ponto, as torcidas organizadas no México não têm nem de longe o peso que possuem no Brasil e América Latina, pelo que pude constatar.
Explico: como já foi dito, Cruz Azul é nome tanto de um dos maiores times da cidade quanto da marca mais popular de cimento.
Por conta disso, por toda periferia há lojas de material de construção que trazem na fachada o escudo do Cruz Azul.
E nenhuma delas estava pichada. Nenhuma. Logo, é indiferente.
Comparando com o Brasil, tudo ficará claro. Imagine que aqui em nosso país houvesse uma marca de cimento chamada ‘Corinthians’. E por toda a periferia, o escudo desse time estivesse estampado, escrito ‘cimento Corinthians’.
Não é difícil imaginar que quase todas as fachadas das lojas estariam pichadas com palavras impublicáveis, escritas pelas torcidas organizadas rivais.
No México, entretanto, o escudo do Cruz Azul está em toda parte, já que a fábrica de cimento, líder no ramo, é mantenedora do time. E ninguém se importa. Pode ver pela imagem que anexo.
O que demonstra o que já disse, as torcidas organizadas são fracas nesse país.
A foto logo acima a direita é uma pichação de torcida, a Sangue Azul do Cruz Azul.
Foi a única que vi em uma semana que estive por lá. E foi feita com canetinha, nem mesmo usaram ‘spray’ ou rolo de tinta. Mais amador impossível, coisa de garotos do colégio.
Olhe que eu rodei as entranhas da capital e de um de seus balneários mais famosos. Fora essa, não vi mais nenhuma alusão a futebol nos muros.
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Se não há torcidas organizadas fortes (ao contrário das que encontramos aos montes no Brasil, Colômbia, Paraguai, Chile, e também de todos os outros países sul-americanos exceto Venezuela e Guianas), não quer dizer que os mexicanos não gostem de futebol.
Ao contrário, eles amam. Vi centenas de pessoas com camisas de futebol, mesmo o campeonato estando em recesso.
A mais comum foi a do Pumas, depois América, e a seguir a do time da fábrica de cimento, o Cruz Azul.
Leve em conta que fiquei pouquíssimo tempo no México, apenas uma semana, e que meu olhar é estrangeiro, exógeno a realidade local.
Estou passando meu relato, conforme pude compreender. Não quer dizer que essa é pela ordem os times com maior torcida.
Exatamente ao oposto é o correto. A nível nacional, América e Chivas de Guadalajara disputam cabeça a cabeça.
Certamente o América é o maior da capital, e o Chivas o time mais popular de todo interior mexicano. Somando tudo, ambos dizem ser o líder, sinal que estão próximos.
Ou seja: o ‘Super-Clássico’ Mexicano opõe capital x interior – na Colômbia idem.
O 3º e 4º times mais populares do México são os outros dois grandes da capital, Cruz Azul e Pumas, nessa ordem.
Enquanto estive no México DF, reparei em dezenas de camisas de cada um do trio-de-ferro.
Com menor presença, vi torcedores do Chivas Guadalajara e de outros clubes do interior que não pude identificar.
Além da maior metrópole americana, só fui ao balneário de Acapulco, que por ser muito perto da capital é um satélite dela em termos culturais.
Não conheço o interior mexicano. Se tivesse ido ao Norte do país certamente testemunharia multidões ostentando no peito o escudo do Chivas.
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A decisão do campeonato mexicano de 2013 merece ser contada aqui, porque foi épica: os arqui-rivais da capital América e Cruz Azul iam medir forças.
Ambos estavam em jejum, o América a 8 anos e o Cruz já há longas 16 temporadas sem gritar ‘é campeão’.
Ida no Estádio Azul, do Cruz Azul, que vence por 1×0. Vai pra finalíssima no Estádio Azteca podendo empatar.
Começa a partida de volta, em que só um será campeão. Logo no 1º tempo o América tem um cara expulso. Pra piorar pra eles, o Cruz Azul abre o placar. O jogo vai caminhando pro final e parece que o Cruz Azul sairá da fila logo em cima do arqui-inimigo, fora de casa e vencendo as duas finais.
Só parecia, amigos. Aos 44 do segundo o América empata. Isso de nada adianta, a taça ainda vai pro adversário.
Foi quando aconteceu um milagre. Até o arqueiro do América se manda pra área do Cruz Azul, pois tudo está mesmo perdido
E, aos 48 minutos, ou seja aos 3 dos acréscimos, o goleiro americano, Moisés Munhoz, dá um peixinho certeiro, e, zás, vira o jogo. América 2×1.
A prorrogação terminou 0x0. Decisão nos pênaltis. O próprio goleiro que acabara de garantir a cobrança das penalidades defende um chute do Cruz Azul.
Ninguém podia impedir, é claro. Vitória por 4×2 e América campeão. Épico, milagroso, histórico.
Ainda tem mais. Apenas um ano antes o goleiro-herói Moisés havia sofrido gravíssimo acidente automobilístico e ficado entre a vida e a morte na U.T.I. com traumatismo craniano.
Parentes e amigos fizeram fervorosas orações a Santa Morte, pra que a Senhora da Vida e Morte concedesse a ele mais tempo aqui na matéria. A Fé não costuma falhar. Ela atendeu os pedidos.
Ele viveu. Sua missão na Terra não estava terminada. O América precisava sair da fila em cima do arqui-rival. E de maneira inacreditável e dramática, saiu mesmo.
Vamos recapitular quantas coisas se alinharam nesse dia:
A mesma cabeça que quase fora irreparavelmente esmagada poucos meses antes foi usada pra dar uma testada certeira na pelota rumo ao barbante.
Gol de goleiro. Aos 48 do segundo. De virada. Sendo que o time perdia até os 44 do segundo. Com um a menos a maior parte da partida.
Contra o arqui-rival. Tendo perdido o jogo de ida. Encerrando 8 anos de fila, mas ampliando o jejum do inimigo.
Num estádio mítico que abrigou 2 finais de copa, completamente lotado. E tudo isso junto??? É demais! É demais!!!
O Azteca entrou em delírio, 100 mil vozes urravam em uni-som. Lágrimas rolavam. Quem viu jamais esquecerá.
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Tudo isso li na internet. Deixa eu continuar a relatar minha estada por lá. Vi o estádio do Cruz Azul, fui eu quem tirei a foto.
Também passei em frente aos dois maiores estádios da capital e de todo o país, que são respectivamente o Estádio Azteca e o Universitário.
O Azteca foi palco de duas finais de copa do mundo, a de 70, já citada, e a de 86, em que novamente um país americano levou a melhor sobre um europeu.
No caso, a Argentina bateu a Alemanha. Maradona estava no auge e carregou sozinho a Argentina.
Contra a Inglaterra nas quartas-de-final, ele só não fez chover, porque fez dois gols antológicos no mesmo jogo, que serão lembrados pra sempre por quem gosta de futebol.
Num ele pegou a pelota ainda em seu campo e driblou nada menos que 7 ingleses (incluindo o goleiro) antes de praticamente entrar com bola e tudo.
No outro ele descortinou toda sua malícia. Subiu pra disputar a bola com o goleiro inglês.
Só que foi protagonizada uma cena que melhor pertenceria a outra modalidade esportiva, digamos assim.
Mesmo sendo proibido Dieguito deu uma cortada de vôlei na bola, que entrou. A foto a esquerda acima deixa claríssimo.
Menos pro juiz do jogo. Ele não viu a irregularidade e validou o tento, pra desespero dos britânicos. “Foi a ‘mão de Deus’ “, Maradona ainda teve a audácia de escarnar.
Maradona estava inspiradíssimo, fazendo gols com todas as partes do corpo (com ou sem auxílio Divino).
Assim a Argentina chegou ao estádio Azteca pra disputar a final com a Alemanha, e levou melhor, vencendo por 3×2.
Na copa seguinte (1990, Itália), ambos voltariam a se cruzar na finalíssima, e dessa vez a Alemanha se vingou:
Triunfo pelo placar mínimo pra isso contando com a marcação de um pênalti inexistente. O juiz era mexicano.
Em 2014, aqui no Brasil, mais uma vez Alemanha e Argentina se trombaram na decisão e o país europeu de novo levou a melhor. Já houve 3 vezes essa finalíssima, recorde absoluto das copas.
A vitória no Azteca, 1986, acabou sendo a 1ª e única dos argentinos contra os teutônicos.
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De volta a falar agora do futebol do México. O maior estádio do país é o Azteca, onde a seleção nacional jogará todas as partidas das eliminatórias esse ano.
Lembre-se, o texto é de 2012, as eliminatórias então em curso eram pra copa de 2014 que foi realizada no Brasil.
Volta o texto original. Enquanto eu estava na Cidade do México, lá foi realizada a partida México 3×1 Guiana, por essa competição.
Como é sabido, em termos de futebol as Guianas não são filiadas a federação sul-americana, mas sim a centro/norte-americana.
Pela Guiana não ter muita tradição, o sentimento foi de ‘não fez mais que a obrigação’.
A vitória sobre o Brasil, em amistoso poucos dias antes, os entusiasmou muito mais.
Voltando aos estádios, o segundo maior da capital, e também da nação, é o Universitário, onde joga o Pumas.
Fica no campus da Universidade Nacional Autônoma Mexicana (Unam), na Zona Sul da Cidade do México.
Tanto o Pumas quanto seu estádio pertencem a Unam. Esse campo foi palco das olimpíadas de 1968 e de alguns jogos menores na copa de 1986.
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Enfim, no México é muito comum vermos pessoas ostentando, além dos clubes e da seleção local (conhecida como ‘Tricolor’),camisas do Brasil e da Argentina, e apenas desses dois países. O mesmo ocorre na Colômbia.
Quem conhece o futebol pernambucano sabe que lá há uma peculiaridade. Os 3 principais times de Recife (Santa Cruz, Sport e Náutico) são vermelhos.
No México se você contar o uniforme reserva ocorre o mesmo, mas com outra cor:
As 3 maiores equipes da Cidade do México (América, Pumas e Cruz Azul) são azuis.
O Chivas de Guadalajara (principal metrópole fora a capital), maior time do interior, também.
Já os dois times de Monte-Rei (3ª cidade do país) são ambos azuis.
O Santos de Laguna, uma potência emergente por lá (também tem dois títulos nos últimos 3 anos), igualmente tem um uniforme azul.
E há outros.
No futebol mexicano, é tudo azul, meu irmão.
……………
Comentemos um detalhe sobre a captura das imagens:
Algumas ficaram tremidas, e peço desculpas.
Por vezes, precisava ser rápido, não queria deixar claro que não era dali.
Até porque justamente ali perto haviam me alertado que é perigoso.
Esse alias foi meu ‘cartão de visitas’, a primeira coisa que um mexicano me falou.
Desembarcamos do metrô no Centro da capital, oriundos do aeroporto.
Pegamos uma bici-taxi, modal de transporte infinitamente comum no México, e também Ásia e Europa.
Eu ia fotografando o Centrão de metrópole, era ainda meio da tarde. Um senhor gritou, aflito: “Não tire fotos, vão roubar sua câmera”.
Infelizmente os índices de violência no México são alarmantes.
Eu não me detive, continuei a fotografar, mas procurei fazê-lo da forma mais rápida e discreta possível, o que por vezes comprometeu a nitidez.
Mantenho porque melhor isso que nada. As 4 primeiras são da catedral. Todas essas foram tiradas do hotel.
Direita: Abrimos com o Amanhecer no Centro do México D.F. . Encerramos com o Anoitecer.
Na ‘Cidade do Sol’, nada melhor que seguir seu ritmo.
Que Deus Pai lumine a todos.
“Deus proverá”
O classico da capital e América x Cruz Azul. O Pumas, que se iniciou como time universitário, e a terceira forca.
Desculpe as falhas na acentuação, no momento estou na África e por isso usando um computador emprestado.
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qual é o maior rival do América na capital?
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