Bi-articulados no Brasil: Curitiba, São Paulo, Campinas, Goiânia, Manaus e Boa Vista-RR (no passado também RJ e Rio Branco-AC)

bi-articulados na América: Colômbia, México, Equador e Guatemala

(em Cuba já operou em testes)

Curitiba, 1992: começam os bi-articulados no Brasil. Esse é o 1º que rodou em nossa nação, por isso recebeu a numeração 001.

INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado (via emeio) em 4 de fevereiro de 2013; e numa série no blogue “De Busão pelo Mundãoentre novembro de 2018 a abril de 2020

Maioria das imagens baixada das internet, créditos mantidos sempre que impressos nas mesmas; as tomadas que forem de minha autoria identifico com um asterisco ‘(*)’.

Os ônibus bi-articulados são a marca registrada de Curitiba, seu cartão-postal.

São Paulo, 1995: a maior metrópole de nosso país passa a ser a 2ª cidade brasileira com bi-articulados. Essa foto na Avenida Paulista é só de demonstração, pode ver que o veículo está vazio. Essa linha não passa por ali, alias acho que até hoje na Paulista não trafegam bi-articulados.

De fato essa foi a primeira cidade do mundo que contou com esse modal em escala industrial:

Já começou com 33 exemplares e hoje são mais de uma centena de unidades, operando em várias linhas.

Na capital do Paraná os bi-articulados surgiram em 1992, sendo os primeiros em nossa nação.

São Paulo veio logo a seguir, ainda no meio dos anos 90 (prov. 1995).

E hoje contabiliza acima de duas centenas de veículos desse tipo.

Já no século 21, Goiânia-GO, Campinas-SP, Manaus-AM e o Rio de Janeiro também passaram a contar com o modal.

2005: Goiânia adquire seus primeiros bi-articulados (igualmente amarelos e do modelo Caio ‘Top Bus‘, como os de SP na foto a esq. ). Linha pintada no letreiro, o veículo fixo nela.

Na maior cidade do interior paulista e na capital goiana eles ainda rodam (escrevo em 2020).

No Rio e Manaus, por outro lado, essa foi a realidade em momentos distintos da década de 10 que se encerrou.

Não mais, todavia. Em ambas os bi-articulados foram extintos, dizia o texto original.

Porém em 2021 depois de 10 anos de ausência Manaus voltou a ter um bi-articulado, alias ex-RJ

Boa Vista-RR também tem 2 desses ‘bichões’, que chegaram entre 2017 e 2018 mas passaram a ativa plenamente igualmente em 2021.

Em 2010 Campinas passou a ter esses modernos ônibus. Em 2020 essas eram as 4 cidades onde rodavam no Brasil.

Por alguns meses Rio Branco-AC contou com esse serviço, o mesmo ‘carro’ oriundo do Rio. Mas logo esse busão foi pra Manaus.

São Paulo, Curitiba, Campinas e Goiânia, além do Rio quando ali existiram, compram seus veículos 0km.

Na Amazônia eles chegaram usados, oriundos de Curitiba, São Paulo e Rio.

(Foi assim em Manaus em seus 2 ciclos – logo após a virada do milênio e de novo em 21; Boa Vista desde 2017/18; e Rio Branco por uns meses em 2020.)

Manaus teve bi-articulados logo após a virada do milênio, em 2011 foram extintos.

Na América, os bi-articulados existem na Colômbia, México, e mais recentemente foram implantados no Equador e Guatemala. Em Cuba um exemplar rodou em testes.

Apenas na América Latina, como observou. EUA e Canadá nunca contaram com esse modal.

Na Europa eles são comuns igualmente, sendo encontrados em vários países.

Apenas Pequim na China conta com esses ônibus de 2 sanfonas em toda Ásia.

Por 4 anos – de 2014 a 2018 – o Rio de Janeiro também fez parte do clube das cidades que contam com esse tipo peculiar de busão.

E por enquanto eles ainda não estrearam em solo africano, tampouco na Oceania.

Na internet circulam notícias, datadas de 2015, que Luanda/Angola na África iria contar com esse modal.

É comprovado que bi-articulados foram exportados (do Brasil e da Europa) pra esse país, tanto 0km quanto usados.

No Rio apenas 2 exemplares, o Marcopolo a esq. e esse Neobus, ambos no cinza e azul do ‘BRT’ carioca; modal que tem os únicos busos com pintura padronizada no RJ. As próx. 2 tomadas mostram o mesmo Neobus visto acima na Amazônia, em diferentes capitais.

Entretanto, não consegui ter certeza se o sistema de fato entrou em operação.

(O que está publicado na rede mundial de computadores fala apenas que ‘Luanda terá bi-articulados’. Em lugar algum mostram os busos em ação.)

Caso o fato se confirme, é Luanda a 1ª e até onde sei única cidade com bi-articulados em toda África.

Já falaremos de tudo isso com mais detalhes. Antes vamos a uma breve história dos ônibus bi-articulados.

2020: por alguns meses Rio Branco-AC teve esse bi-articulado ex-RJ. Chegou a ser pintado nas cores da padronização local.

Eles surgiram na Alemanha e na China, ainda na 1ª metade dos anos 80.

Pra chegar lá, vamos começar do começo, primeiro falar do modelo articulado.

Esse busão (agora me refiro ao que tem apenas 1 sanfona) surgiu também na Europa, na 1ª metade dos anos 70.

2021: Manaus volta a ter bi-articulado, o mesmo ‘carro’ que operou no RJ e AC. O mais curioso é que foi repintado como na origem, com a decoração do BRT carioca.

Na América, o primeiro articulado rodou em 1974, em Lima, no Peru. 

Sim, é isso. A capital peruana foi a pioneira em todo continente, incluindo EUA e Canadá.

Os articulados limenhos – os 1ºs articulados americanos não custa repetir – foram fabricados no Leste Europeu pela Ikarus, empresa que tem sede na então comunista Hungria.

Lima e Curitiba foram as duas primeiras cidades do mundo que contaram com sistema de ônibus que aqui chamamos de ‘Expresso (hoje preferem a sigla em inglês ‘BRT’):

Boa Vista tem 2 desses ‘monstros de metal’.

Por isso me refiro aos corredores exclusivos, onde os ônibus não precisam disputar espaço com o congestionamento causado pelos carros.

Tanto Lima quanto Curitiba inauguraram seus corredores exclusivos em 1974, com diferença de poucos meses. 

Até hoje há divergências sobre qual das duas teria começado primeiro.

Por outro lado, sobre um ponto não restam quaisquer dúvidas.

Em Bogotá/Colômbia, os bi-articulados começaram em 2009 (esse um Marcopolo/Volvo brasileiro).

Curitiba contou com os ‘Expressos’ em 74. Mas no início sem articulados, só com ônibus ‘tocos‘ (tamanho normal, sem articulação).

Aqui, os primeiros articulados só chegaram em 1981.

7 anos depois da inauguração do corredor, dentro da década de 80 portanto.

Em Lima, já em 74 o corredor exclusivo foi inaugurado com articulados. 

A Cid. do México também conta com o modal.

Portanto a capital do Peru não foi a 1ª cidade do mundo a ter articulados, foi apenas a 1ª cidade fora da Europa a fazê-lo, pois no ‘Velho Continente’ eles já existiam.

E disputa-se ainda se foi Lima ou Curitiba a pioneira cidade do mundo a ter corredores exclusivos.

Entretanto, um recorde é incontestável: a capital peruana certamente foi a primeira em todo planeta a ter simultaneamente ônibus articulados rodando em corredores exclusivos pra ônibus.

2015: chegou a vez de Quito/Equador.

Em 1978 o Brasil começou a produzir os primeiros protótipos dos articulados, a produção em série engatou entre 1980 e 1981, a princípio com chassis/motores Volvo e Scania, e carrocerias Caio e Marcopolo.

Em terras brasileiras, eles foram se popularizar mesmo a partir dos anos 90.

Acima falei dos articulados, com apenas 1 sanfona. Agora voltemos a falar dos bi-articulados, com 2.

A Cidade da Guatemala é a mais recente na América a contar com esses bichões (nessa foto e na do Equador e Colômbia, acima, vemos Marcopolos/Volvo brasileiros).

No seguinte a fabricação do pioneiro articulado brasileiro, em 1982 portanto, surgiu o bi-articulado.

Alemanha e China, como dito, fizeram protótipos mas na ocasião não houve produção em larga escala.

na segunda metade dos anos 80, a francesa Renaut lançou o primeiro bi-articulado que seria fabricado em escala industrial.

O modelo foi apelidado de ‘Mega-Bus‘, e rodou em testes por várias cidades da França e Suíça.

Em 2015 um bi-articulado usado vindo da Europa foi testado em Havana/Cuba (no detalhe a chapa). Porém não ficou em definitivo, sendo devolvido – a direita do busão vemos um daqueles velhos automóveis ianques dos anos 50, muito comuns em Cuba.

No entanto, apenas a cidade francesa de Bordô se interessou.

(‘Bordeaux’ no original, cujo nome batizou o vinho e também a tonalidade ótica homônimos.)

A prefeitura local encomendou 10 unidades, que foram entregues em 1989.

Dessa forma Bordô foi 1º lugar no mundo que o modal de bi-articulados se consolidou.

Por isso me refiro a contar com várias unidade de forma permanente, e não somente um exemplar temporário em testes.

Bi-articulado de Campinas, já com a pintura do Inter-Camp, rodando em Porto Alegre-RS (‘Tabela Trocada’: o busão opera em linha ou até cidade distinta da que foi programado).

De lá pra cá eles tomaram a Europa, e hoje há bi-articulados em diversos países:

França, Alemanha, Holanda, Suíça, Luxemburgo, República Checa, Espanha e Suécia, pelo menos.

Mais um detalhe: na Suíça há tróleibus bi-articulados, combinação única em todo planeta até onde sei.

Mesmo Caio emprestado ao Rio Grande do Sul (dir.), agora circulando em Campinas, dessa vez com a decoração apropriada a cidade.

(Digo, em Nancy, na França, também houve esse tipo de busão. Mas é bem perto da fronteira suíça.)

Na Ásia apenas a capital chinesa Pequim dispõe de bi-articulados, não custa dizer ainda mais uma vez.

E apenas bem recentemente, a partir do fim da década de 10 (de século 21 evidente) – tanto que não consegui achar fotos deles em ação.

Alemanha, 1982: surge o ônibus bi-articulado.

Esse modal ainda não estreou na Oceania, África e nem na América do Norte.

Por ‘América do Norte’ me refiro a EUA e Canadá, os países anglo-saxônicos.

O México por ser latino tenho que classificar como América Central.

Bordô, França: 1ª cidade do mundo a ter ao menos uma dezena de bi-articulados, em 1989 (o da foto talvez seja bem mais recente).

Disputas geo-linguísticas a parte, Estados Unidos e seu vizinho Canadá não contam ainda com bi-articulados, e nunca os tiveram.

Li na internet que há planos que uma cidade canadense os implante.

Ainda que se realize será só a partir da segunda metade da década de 20.

Por hora (2020), jamais um ônibus desse tipo rodou as ruas ianque-canadenses. Veremos se a situação se altera no futuro.

A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM” – Mauá, região metropolitana de São Paulo, 2009. Esse subúrbio metropolitano (que fica entre a Zona Leste e o ‘Grande ABC’) ia passar a contar com bi-articulados em suas linhas municipais mais carregadas. A viação local comprou 2 busões usados, oriundos do sistema municipal da capital, e os reformou. Inclusive repintando, um deles nessa chamativa padronização que vigorava no município a época. Ia…mas não foi! Nunca aconteceu. Porque a prefeitura não permitiu, alegando que a topografia de Mauá, cheia de morros com suas vias estreitas, não favorece a operação de bi-articulados. Assim os veículos foram revendidos novamente sem sequer terem sido utilizados em território mauaense.

O fato é que é a América Latina que é, ao lado da Europa, a terra dos bi-articulados por excelência.

Em Bogotá na Colômbia eles estrearam em 2009, sendo acredito a 1ª cidade do mundo fora do Brasil e Europa a ter esse modal.

A seguir foi a vez da Cidade do México, e a partir do meio dos anos 10 eles chegaram em Quito no Equador e a Cidade da Guatemala.

Estive na Colômbia em 2011, e no México em 2012. Não presenciei bi-articulados em ação em nenhuma das duas capitais.

No começo dos anos 10 era mesmo difícil um turista ver os bi-articulados na Colômbia: eles eram poucos, e operavam somente no horário de pico.

Como eu passei poucos dias em Bogotá, não coincidiu de eu cruzar com um deles.

Pro que nos importa aqui, Bogotá inaugurou seu moderníssimo sistema de ônibus Trans-Milênio no ano de 2000. A princípio só com articulados, de sanfona única.

Os ônibus bogotenhos eram unicolores nesse 1º ciclo de padronização.

Zurique, Suíça: tróleibus/bi-articulado. Tá bom pra ti?

Os ‘BRT’s’ de lá eram e ainda são em vermelho, como os daqui de Curitiba que a inspirou.

Os Alimentadores eram na época verdes, embora depois tenham mudado pro azul.

Quando os primeiros bi-articulados foram entregues eram também uniciolores em vermelho.

Bi-articulado no Term. da Praça da Bíblia, na pintura atual da MetroBus de Goiânia.

Ou seja, toda a lataria do  busão no mesmo tom, sem destaques coloridos.

Mais recentemente chegaram mais bi-articulados, e então eles passaram a ter pintura própria, diferenciada dos articulados.

Agora os que tem uma única articulação permanecem unicolores em vermelho.

Próximas 5: bi-articulados Viale Marcopolo em São Paulo, a 1ª leva que chegou ainda em 1995. Aqui – e acima da manchete – 0km na apresentação, tinha pintura exclusiva, vinha escrito ‘Biarticulado’ na frente, e o letreiro eletrônico era o de primeira geração, aquele que as bolinhas amarelas formavam a palavra – era de difícil visualização, especialmente a noite.

Enquanto os que têm duas ainda tem o fundo no mesmo rubro. No entanto agora com grandes detalhes em amarelo, como a frente do busão.

Em Bogotá, México D.F., Guatemala e Quito é o legítimo sistema que Curitiba batizou como ‘Expresso‘, agora mais conhecido como ‘BRT’:

As linhas troncais, que têm maior demanda, são feitas por articulados ou bi-articulados em corredores exclusivos, e ligam o Centro (ou a orla no caso do litoral) ao subúrbio em corredores exclusivos.

Os terminais garantem (por via física ou digital) a integração gratuita com alimentadores, que servem as vilas, loteamentos e morros da periferia.

De preferência os ônibus (bi) articulados param em estações com embarque elevado e pré-pago, mas não necessariamente.

Nos final dos anos 90 e começo dos 2000, era comum em SP (todo o estado) a propaganda cobrir o veículo por inteiro. Felizmente isso hoje é proibido – embora em outros países como Chile, México, EUA e Canadá ainda aconteça. Seja como for, na frente que é o único espaço que o anunciante não galgou, vemos que se mantém a pintura original, incluso com a inscrição que se trata de um ‘Biarticulado“.

Se percorrerem corredores exclusivos, livres de congestionamento, o sistema já flui o suficiente pra justificar sua implantação.

Recapitulei o esquema básico acima até sendo redundante.

Todos os que têm algum conhecimento de urbanismo sabem como funciona um sistema de transporte de massa sobre pneus.

O que nos importa aqui é: na Colômbia, México, Equador e Guatemala, os bi-articulados são do modal ‘BRT’, com corredores, alimentadores e integração.

Aqui no Brasil também em Curitiba, São Paulo e Goiânia funciona assim também.

Pra compensar, depois os bichões ganharam essa pintura especial: na lataria há o trajeto da linha. Como esses busões maiores precisam ficar restritos aos corredores (porque em meio ao tráfego normal eles mais atrapalham que ajudam) só podem fazer as linhas-tronco, por isso o roteiro pode vir pintado que não irá mudar.

(Não conheço a fundo Campinas pra informar se ali os bi-articulados seguem 100% de seu trajeto pelos corredores ou se em algum trecho vão por ruas normais, com embarque a direita em nível do solo.)

Portanto em todas essas cidades os bi-articulados chegaram pra ficar.

Não são algo temporário, e sim uma característica permanente da cidade.

Em Cuba, entretanto, sua capital Havana testou um ônibus bi-articulado, por volta de 2015.

Veio usado da Europa, e após algum tempo foi devolvido. Não vingou, e não é pra menos.

Já com a pintura do Inter-Ligado (faixa 6, azul-clara, Zona Sul). Na frente ainda a inscrição “Biarticulado“.

O sistema de transporte da cidade não conseguiu extrair desse tipo longo de veículo o melhor que ele pode oferecer.

Como se sabe, por décadas Havana teve o famoso ‘camelo’:

Um cavalo-mecânico de caminhão puxava uma carreta, só que ao invés de carga a carroceria era de ônibus.

No Brasil, esse modal (ônibus puxado por um caminhão pesado) foi muito popular nos anos 50 e 60. Era o famoso ‘Papa-Fila’.

Faixa 7, roxa, do Inter-Ligado (tiraram o letreiro eletrônico e voltou pra lona, pelo que falei, a 1ª geração do eletrônico era de difícil leitura). Também Z/S, alias no início só a Zona Sul tinha bi-articulados.

O bichão bombava, obteve muito sucesso no Rio, São Paulo e Brasília especialmente.

Existiu também no interior do Rio Grande do Sul, mais recentemente circulou um exemplar em Manaus.

Na década de 70, o ‘Papa-Fila’ foi substituído pelo também famoso ‘Romeu-&-Julieta‘.

Trata-se de um ônibus normal, não-articulado, mas que no horário de pico tinha um reboque engatado nele.

A vantagem do ‘Romeu-&-Julieta’ é que o segundo vagão só operava no horário de pico.

Próximas 4: eis o 1º bi-articulado do Brasil, de Curitiba. Fabricado em 1992, carroceria Ciferal, motor e chassis Volvo. Na fase de testes era vermelho e tinha essa frente.

A desvantagem é que precisava de 2 cobradores, um pra cada vagão.

Do ‘Romeu-&-Julieta‘ e do ‘Papa-Fila‘ já falei em outras oportunidades, com muitas fotos.

Aqui, citei apenas pra vocês terem bem clara a linha do tempo:

Nos anos 50 e 60, as linhas mais carregadas de algumas metrópoles brasileiras eram atendidas por ‘Papa-Filas‘.

Na hora de operar, decidiram que os 1ºs bi-articulados (do eixo Boqueirão, Z/Sul) seriam cinzas. A frente foi mudada pra esse modelo arredondado. Os da Ciferal não tinham letreiro pra linha, mas não fazia diferença, pois ele só fazia uma linha, nos tubos só parava a linha Boqueirão, não tinha como confundir. Recebeu nº ED001, como já dito.

Na década de 70 algumas delas adotaram a solução do ‘Romeu…’.

E a partir dos anos 80 vem o articulado, com uma sanfona.

Que se consolida a nível nacional a partir dos anos 90 e após a virada do milênio.

Em 1992 surge o bi-articulado em Curitiba, com 2 sanfonas. São Paulo segue o mesmo exemplo a partir de (aprox.) 1995.

Em Cuba a realidade foi completamente outra, é o que quero dizer.

As linhas mais movimentadas da capital Havana foram servidas por décadas pelos ‘Papa-Filas‘.

Depois foi pintado de vermelho e recebeu letreiro, pois em 1999 começou a linha Circular Sul, assim em alguns tubos entre a antiga BR-116 e o Term. Boqueirão param 2 linhas (na ocasião da foto ele já foi aposentado e aguarda restauração).

Nessa ilha caribenha o ‘Papa-Filas’ tem o apelido de ‘Camelo‘, como todos sabem.

Isso porque a carroceria do ônibus, que é a carreta do caminhão, tem o teto cheio de curvas.

Pro chão do salão de passageiros poder se adaptar aos eixos do veículo, que afinal foi feito pra levar carga e não gente.

Pois bem. Na segunda metade dos anos 10 do século 21, após décadas de serviços prestados, os ‘Camelos’ cubanos começam enfim a ser aposentados

O governo cubano adotou o sistema ‘MetroBus’ em Havana.

Em 2003, a Carmo deixou de operar bi-articulados. Sua frota bi-sanfonada foi emprestada a outras viações, e recebeu o prefixo ‘VD‘, pra indicar esse empréstimo. Em seu último ciclo pelas ruas da cidade, o 1º bi-articulado do Brasil rodou como ‘VD001‘.

Sim, é o mesmo nome empregado em várias outras cidades ao redor do planeta.

Como por ex. Goiânia, Cid. do México, Joanesburgo-África do Sul e Buenos Aires-Argentina.

Seja como for, em algum momento já no novo milênio Havana começou a disciplinar sua rede de ônibus.

Que até então era mais pra orgânica, sem planejamento muito detalhado.

Primeiro definiram várias ‘linhas-tronco’ do sistema, padronizando a pintura (outra novidade) na cor da linha.

Recapitulando, em 1992 começou o bi-articulado no Brasil, com a linha Boqueirão pra Z/S de Ctba. . A princípio busões cinzas, pra marcar que eles usavam estações-tubo. Os da Marcopolo tinham letreiro, o notam.

A princípio, os ‘Camelos’ foram integrados ao ‘MetroBus‘, repintados e assim puderam continuar a rodar.

Com o avanço do planejamento, entretanto, foram comprados ônibus articulados (com uma só articulação) pra substituir as velhas carretas com carroceria de busão.

Agora (o texto é do começo da década de 20, lembre-se) você ainda pode ver os famosos Camelos’ em Cuba.

No entanto apenas no interior, fazendo o modal ‘rural‘ transportando estudantes e trabalhadores no campo e pequenas cidades.

"Viagem Pro Passado"

Os da Ciferal não tinham letreiro, mas não necessitava, só havia uma linha. Em 1995 foi inaugurada outra linha, mas não parava nos mesmos tubos, não tinha como pegar errado. Esse é o ED012, cinza e sem letreiro.

E nesse contexto que chegou o único bi-articulado cubano.

Veio usado da Europa, e circulou por um tempo nas ruas de Havana.

Entretanto, em Cuba o bi-articulado não contava com corredores exclusivos.

Muito menos com estações elevadas e terminais de integração.

Seguia pelas ruas normais, parando pra embarque e desembarque a direita, a nível do solo.

Assim sem o suporte necessário um bi-articulado não rende o esperado.

O mesmo ‘carro’, repintado e com letreiro. Depois que começou a linha Circular Sul – que ele exatamente está cumprindo – aí precisava o nome da linha escrito, pois então há duas opções em alguns tubos.

Pois se tiver que disputar espaço com os carros se torna lento, pelo seu grande comprimento e área de giro.

Essa é a razão pelo qual sua passagem por Cuba foi temporária.

Por outro lado, os articulados foram implantados com sucesso em Havana.

…………

Tudo isso posto, posso enfim reproduzir o emeio que deu origem a essa matéria.

Próximas 5: São Paulo. Nosso colega (que reproduzo a correspondência no texto) não havia registrado o fato, mas SP já conta com bi-articulados desde 1995. Esse é um dos primeiros, agora um Caio, modelo ‘Top Bus’, sendo apresentado 0km sem chapas, pintura própria pra ônibus mais longos.

Foi publicado em 4 de fevereiro de 2013Deixa eu explicar o contexto.

um colega que é paulistano, mas se radicou em Curitiba há algumas décadas.

Ele não sabia que sua cidade-natal já contava com bi-articulados.

Resultando que se espantou de ver um busão desse tipo rodando em São Paulo.

Veja a mensagem que recebi (os ênfases são meus):

“  Rua Romilda Margarida Gabriel, São Paulo, Brasil.

Aqui e na foto abaixo, o mesmo modelo ‘Top Bus’ já na pintura do ‘Inter-Ligado‘. Primeiro rara cena de buso bi-sanfonado na faixa 3, amarela, da Zona Leste de Sampa (no começo eles se concentraram na Zona Sul).

Entra neste endereço ai no ‘Google’ e anda na direção da Av. 9 de Julho, dobre a esquerda.

Parece que tem um biarticulado na foto. Um biarticulado? Em São Paulo? É isso mesmo?

Respondi a ele que São Paulo tem centenas, no plural, de ônibus bi-articulados.

São 207, a maior frota do Brasil desse modelo em números absolutos (já foram 259 no meio da década de 10).

São Paulo e Curitiba certamente têm a maior frota bi-sanfonada da América.

Justamente agora um na Z/S.

E provavelmente do mundo todo, afinal na Europa eles existem em várias cidades mas em poucas linhas em cada uma.

Pois lá o grosso do transporte de massa é feito pelo modal ferroviário (metrô, trens e bondes modernos).

Tudo somado, arrisco afirmar que as capitais do PR e SP são os 2 únicos lugares do mundo em que a frota bi-articulada se conta na casa dos 3 dígitos.

Voltamos aos Marcopolos. Esse teve uma pintura específica, exclusiva pra ele mesmo, fora de qiualquer padrão do sistema.

Ou seja mais de 100 em cada uma. 155 em Ctba. e 207 em SP, nos dados mais recentes que tenho.

Em Goiânia são 30 que chegaram em 2011. Antes eram apenas 5. Em Campinas são 10.

Já falarei melhor de tudo isso. Por hora, sigamos com com nosso apanhado.

Algumas cidades da Europa, e quem sabe também na China, contaram com bi-articulados em testes ainda nos anos 80.

O mesmo modelo Marcopolo, já na pintura Inter-Ligado, faixa 7, Zona Sul.

Porém não foi aprovado em nenhuma. Parecia ser um conceito a frente de seu tempo.

Exceto em Bordô/França, onde foram encomendados 10 bi-articulados ‘MegaBus’ Renalt.

Sendo portanto essa a 1ª cidade a ter vários busos bi-sanfonados (uma dezena, no caso) de forma definitiva.

Próximas 3: Bogotá, Colômbia. Os primeiros bi-articulados chegaram em 2009, e no começo eram unicolores em vermelho, como os articulados comuns do sistema Trans-Milênio.

Ali em Bordô eles operavam em apenas uma linha, a de nº 7.

Em 1992, eles chegaram a Curitiba e são a marca registrada da cidade.

Não é pra menos. Ctba. elevou o conceito do ônibus bi-articulado a um novo patamar, em nível global.

Já vieram 33 logo de cara, sendo portanto a primeira cidade do mundo a ter algumas dezenas deles.

Depois surgiu essa pintura, exclusiva pra ônibus que tenha 2 sanfonas, onde a frente é amarela. Esse e o anterior são Busscar, montadora com sede em Jonville-SC que fechou em 2012 (reabriu em 2018 comprada pela Caio, mas apenas pra carrocerias rodoviárias, urbanas não). Antes disso ela abriu uma unidade na Colômbia e se tornou um ícone por lá, inclusive quando a matriz brasileira faliu a filial colombiana continuou produzindo.

E não somente uma dezena, no singular, como em Bordô.

Em termos proporcionais, na relação de bi-articulados comparada com a frota total, Curitiba é a cidade do Brasil (e do mundo) que mais tem bi-articulados.

No texto original escrevi: aqui são pouco mais de 150 bi-articulados (155, quando consultei), e a frota total é de 1,9 mil veículos.

Assim não é difícil ver que 8% dos ônibus curitibanos são bi-articulados.

Certamente nenhuma outra cidade do mundo passa nem remotamente perto disso.

Agora criaram essa variante, que lembra um pouco um carro de bombeiros (esse é um Marcopolo, também brasileiro).

Nota: esse dado de 1,9 mil ônibus é de 2013, e pra toda a Rede Integrada.

Que inclui não apenas o município da capital mas boa parte da região metropolitana também.

Explico: até 2015, a prefeitura da capital gerenciava também boa parte das linhas inter-municipais.

Nesse ano houve o rompimento, as linhas metropolitanas voltaram pro governo do estado.

Apenas uma linha inter-municipal tem bi-articulados, a Pinhais/Rui Barbosa, que liga o Centro a Zona Leste. Não sei quantos ‘carros’ operam nela.

PONTO FINALem 2019, Curitiba teve que leiloar como sucata 30 bi-articulados fabricados em 1995 (matéria vinda do sítio oficial da prefeitura). O lote anterior, de 1992, teve o mesmo destino. Quando foram a venda, eles já tinham documentação baixada, e vários não tinham sequer motor, tiveram que ser guinchados pro pátio; ou seja, não podiam voltar legalmente as ruas, e muitos estavam mesmo impossibilitados fisicamente de fazê-lo. O bi-articulado tem 2 pontos fracos: 1) Sua mobilidade é limitada, como comentamos melhor no corpo do texto; e 2) Sem mercado – não tem valor de revenda, as 4 cidades que o utilizam no Brasil compram seus veículos 0km. Portanto ao esgotar seu primeiro ciclo na cidade de origem, o bi-articulado não tem muito pra onde ir. No passado, Manaus comprava bi-articulados usados, mas agora não conta mais com esse modal. Rio Branco-AC, também na Amazônia, recentemente comprou um desses busos ex-RJ, mas até pelo tamanho da cidade se ela vier a adquirir mais exemplares serão poucos.

Então se você levar isso em conta percebe que se considerar só a frota municipal a proporção de bi-articulados em relação ao total é ainda mais alta.

Repito que não sei quantos busos desse tipo fazem a única linha metropolitana em Curitiba que conta com eles.

Ainda assim, consideremos que a frota total (municipal + metropolitana) é de pouco mais de 150 exemplares.

Desses certamente pelo menos uns 130 fazem exclusivamente linhas municipais da capital.

Como são 1,5 mil ônibus nesse modal, assim chegamos no que escrevi acima:

Perto de 8% da frota curitibana é bi-articulada, recorde mundial absoluto.

Os bi-articulados de Curitiba surgiram cinzas. Isso porque em 1991 a prefeitura implantou o Ligeirinho.

Como sabem, nesse modal as paradas são nas famosas ‘estações-tubo’.

Super-Articulado” – 1 articulação, mas vagão traseiro alongado – Caio/Mercedes-Benz do Inter-Ligado paulistano. São Paulo e  Curitiba têm algumas coisas em comum quando se trata de ônibus de grande comprimento. Primeiro, essas 2 cidades têm juntas 90% dos bi-articulados do Brasil. E ambas não irão desistir dos bi-articulados, mas irão recalibrar a relação que têm com eles. São Paulo vem migrando do bi-articulado pro “Super-Articulado”, e mais recentemente Ctba. também adotou o mesmo movimento. Repito, os bi-articulados não estão sendo nem serão abandonados, mas ficarão restritos as linhas/horários de maior movimento. Mesmo linhas de ‘BRT’ (troncais em corredores) serão feitas por ‘Super-Articulados’ no entre-pico, com os bi-articulados operando apenas nos picos em muitos casos.

Que contam com embarque pré-pago e elevado em nível. As portas do busão são a esquerda.

No entanto, obviamente as linhas dos Ligeirinhos no começo só eram feitas por ônibus ‘pitocos’, não-articulados.

No novo milênio surgiram algumas linhas de Ligeirinho articuladas. Nos anos 90 era diferente, todos os Ligeirinhos eram ‘tocos’.

Digo de novo, o Ligeirinho começou em 1991. No ano seguinte, em 92 portanto, chegou o bi-articulado.

Como ele também usa as estações-tubo, no começo também vieram cinzas, pra ressaltar pra população o detalhe do embarque pré-pago e em nível.

No entanto, a cor cinza nos bi-articulados teve vida curta.

Em 1992 começou o bi-articulado no eixo Boqueirão, na Zona Sul, nessa cor.

Já em 1995 foi implantado o bi-articulado no eixo Sul-Norte, entre o terminais do Pinheirinho (Z/S) e Santa Cândida (Z/N), passando pelo Centro.

Marcopolo exportado pra Angola. Na lataria está escrito ‘BRT – Luanda‘, capital desse país. Em 2015 havia planos de implantar os bi-articulados na cidade. Caso tenha sido concretizado (o que não consegui confirmar) trata-se do 1º e até onde sei único sistema que conta com bi-articulados na África.

E os ‘latões’ que chegaram voltaram a ser vermelhos. Na 2ª metade dos anos 90, mesmo os bi-articulados da viação Carmo, que eram cinzas, foram repintados de vermelho.

Já voltamos a esse tema, da cor da lataria. Antes, sigamos a linha do tempo:

Em 1992 surge o primeiro eixo de bi-articulados em Curitiba, ligando o Boqueirão na Zona Sul ao Centro (terminais Boqueirão, Carmo e Vila Hauer);

1995: surge o segundo eixo, o Norte-Sul. Conecta o Eixo Sul (terminais Pinheirinho, Capão Raso e Portão) ao Eixo Norte (terminais Cabral, Boa Vista e Santa Cândida), passando pelo Centro.

2011: surgem os bi-articulados chamados de “Maior Ônibus do Mundo“, por terem 28 metros, contra 25 de um modelo normal. E eles vieram azuis, cor que nunca havia existido no sistema municipal de Ctba. .

1999: inaugurado o eixo Circular Sul. Como o nome indica, une em forma de círculo os dois eixos da Zona Sul (Boqueirão e Pinheirinho).

Na ponta superior, o corredor exclusivo, a ‘canaleta’, percorre a divisa das Zonas Central e Sul, do Portão ao Hauer via Vilas Guaíra e Lindóia

(Trajeto paralelo a uma linha de trem que um dia transportou passageiros, e que foi desativada nos anos 80 – em seu trajeto surgiu a Ferrovila, em 1991.)

"Enciclopédia do Transporte Urbano"

Não perdurou. A partir de 2018 os bi-articulados voltaram ao vermelho, por medida de economia. Aqui vemos o 1º dia de operação do Ligeirão Norte (200-S. Cândida/Pç. do Japão): pra marcar esse fato eles tinham a inscrição ‘Ligeirão’ na lataria, posteriormente retirada (*) – como explicado, as tomadas com ‘(*)’ são de minha autoria.

Na ponta inferior, interligou o Extremo Sul (Terminal Sítio Cercado) a rede de bi-articulados.

2000: os bi-articulados começam a operar no Eixo Leste-Oeste.

Uma linha une os terminais da Zona Oeste (Campo Comprido e Campina do Siqueira) aos da Zona Leste (Centenário, Oficinas e Capão da Imbuia), via Centro.

Do Centro a Zona Leste é criada uma segunda linha, o único Expresso metropolitano, portanto a única linha inter-municipal que tem bi-articulados: Pinhais/Rui Barbosa.

Do Centro ao Capão da Imbuia compartilha trajeto e tubos com a Centenário/Campo Comprido. 

Após o Capão da Imbuia há a bi-furcação, a linha municipal segue pro bairro do Cajuru e a metropolitana muda de município, entra em Pinhais.

Agora os Ligeirões que são vermelhos têm essas plaquinhas azuis na frente e laterais, pra galera se acostumar (*).

2009: surgem os Ligeirões. O 500-Ligeirão Boqueirão tem o mesmo trajeto da 503-Boqueirão (parador), mas com menos paradas como o nome indica.

Já a 550-Pinheirinho/Carlos Gomes vai pela Linha Verde, a antiga BR-116.

Essa passa a ser a mais nova canaleta (‘corredor exclusivo’) da cidade.

Em algum momento na década de 20 será inaugurado a extensão da Linha Verde.

Com novas linhas de bi-articulados ligando o Centro e a Zona Sul as Zonas Norte e Leste.

Vamos mostrar a diferença de um bi-articulado comum, que mede 25 metros, pra o “Maior Ônibus do Mundo”, que tem 28. Esse Marcopolo (prov. de 1995) é um comum: o motorista fica ao lado da porta 1.

Agora voltamos a falar da cor dos busões. Ainda viria mais uma tentativa de mudarem a caracterização dos Expressos, e ela também fracassou.

Vamos contar como foi. Azul é certamente a cor de ônibus mais comum, e isso em nível planetário.

Ainda assim, em todo século 20 e pela 1ª década do século 21 Curitiba não tinha busos municipais nessa cor. Eu disse ‘municipais’. Metropolitanos sim, haviam várias viações que usavam o celeste.

Aqui um “Maior do Mundo” (Neobus ano 2011) – veja como o ônibus cresceu: as portas precisam ficar na mesma distância uma da outra, ou o busão não conseguiria abri-la nos tubos; o condutor agora fica muito a frente da 1ª portabelo anoitecer no bairro Campina do Siqueira, Zona Oeste (*).

Incluso uma delas, justamente a que serve Pìnhais (Zona Leste, como dito e é notório), se chama Expresso Azul por que seus ônibus eram, bem, azuis, evidente.

No começo dos anos 90 o governo do estado padronizou a pintura das linhas metropolitanas.

Todos os busões ficaram unicolores, com a cor de cada região da cidade pra qual a linha ia.

A região de Pinhais e Piraquara (que até pouco tempo antes eram o mesmo município, Pinhais pertenceu a Piraquara até 1992) ganhou justamente o tom azul.

Então seja na pintura livre ou no 1º ciclo da padronizada, Curitiba teve sim ônibus em azul.

A mesma transição em SP: Viale da 1ª leva desses bi-sanfonados, ainda com a inscrição atestanto isso na frente.

Metropolitanos. Mas municipais não, digo mais uma vez. Até que em 2011 essa situação se alterou.

Foi quando chegou a nova leva de bi-articulados Neobus, então consagrados como “Maior Ônibus do Mundo”.

Não é difícil entender o porque. Desde que foram criados nos anos 80 até 2011, os bi-articulados tinham cerca de 25 metros de comprimento. O “Maior do Mundo” veio com 28 metros.

Até então, o motorista ficava ao lado da porta 1, na configuração adotada aqui em Ctba. .

Caio ‘Top Bus’ da mesma viação Cidade Dutra. Na capital paulista as portas são ao nível do solo, então elas podem variar de posição. Mas repare nos 2 últimos vagões, o do meio e o do fundo, como estão muito mais compridos.

Nesses Neobus (e a seguir nos Marcopolo e Caio que se seguiram) o veículo ganhou 3 metros mais a frente.

Significando que ainda há alguns bancos entre a porta 1 e a cabine do condutor.

Além disso, eles vieram azuis. A primeira vez que Curitiba tem seu transporte coletivo municipal nessa cor, não custa enfatizar mais uma vez.

Só que não durou. Os novos bi-articulados adquiridos a partir de 2018 voltaram ao vermelho, por questões de economia.

Na Avenida 9 de Julho: nesse ângulo fica bastante evidente como os vagões de trás cresceram (*).

Os Expressos de Curitiba nasceram vermelhos, e assim permanecem. Já tentaram por 3 vezes mudar a cor deles:

1) Em 1987 chegou a ‘Frota Pública’. Foram 88 articulados (com 1 só sanfona, antes do bi-articulado).

Eles vieram laranjas. A seguir pintaram os Expressos das viações particulares.

Tetra-articulado que foi testado nas Filipinas em 2015 – sim, é isso, são quatro sanfonas.

Tanto articulados quanto ‘pitocos’ (não-articulados) também em laranja.

Não deu certo. Em pouco tempo os Expressos retornaram ao vermelho.

Como herança dessa experiência, a cor laranja não saiu do sistema.

Próximas 3: bi-articulados no México, que adotou em larga escala os ônibus com dupla articulação a partir de 2018. O sistema é gerenciado pela estatal federal MetroBus, e operado por viações particulares.

Explico. Até 1988 os Alimentadores eram amarelos, mesma cor dos convencionais.

Quem herdou a cor laranja foram justamente os Alimentadores, que assim passaram a ter cor própria.

E, vejam vocês, a partir das renovações de frota de 2018 os Convencionais também passaram a ser laranjas.

Novamente pra economizar dinheiro, pois ter menos opções de decoração sai mais barato, por motivos óbvios.

Detalhe: portas lado-a-lado (na Colômbia é assim também). Há 2 fabricantes, esse modelo é produzido localmente.

Curioso, não? Até 1988 os Alimentadores não tinham sua própria cor, eram amarelos como os Convencionais.

Por 30 anos, de 88 a 18, Alimentador era laranja, Convencional amarelo.

Depois inverteu. A partir de 2018, são os Convencionais quem não dispõem mais de cor específica, passaram a ser laranjas como os Alimentadores.

Quando a renovação da frota for concluída, a cor amarela sairá do sistema. O laranja, que veio mais tarde, lhe subjugou.

Também circulam lá Neobus brasileiros.

(Em Belo Horizonte ocorreu algo similar: uma cor que veio depois, o verde, na padronização seguinte substituiu uma mais antiga, o vermelho.)

Em outras oportunidades já nos ocupamos da capital mineira, com muitas fotos. Aqui nosso foco é Curitiba. Eu dizia que o laranja acabou com a cor amarela, se tornou dominante.

Nos Convencionais sim. Nos Expressos, que é nosso foco aqui, não. A partir de 1987/88 os Expressos passaram a ser laranjas, primeiro a ‘Frota Pública’ articulada, depois todos os ‘carros’. Mas voltaram ao vermelho.

Próximas 2: Antes/Depois. O mesmo bi-articulado em São Paulo

2) Em 1992 os bi-articulados do eixo Boqueirão, na Zona Sul, foram apresentados cinzas.

Entretanto os do eixo Norte-Sul, em 1995, já voltaram ao vermelho.

Na sequência até os bi-articulados da Carmo, nos eixos do Boqueirão e Circular Sul (ambos na Zona Sul, como o nome do 2º indica), também retornaram ao vermelho.

3) Em 2011 os bi-articulados ‘Ligeirões‘ das linhas 503-Boqueirão e 550-Pinheirinho/Carlos Gomes (via Linha Verde, a antiga BR-116) vieram azuis.

… e agora em Manaus.

Ambas as linhas acima são na Zona Sul, que é disparado a mais populosa de Curitiba.

É por isso que as inovações do transporte começam por ali.

Seja como for, a leva de 2011 foi a primeira e última, e portanto a única, de bi-articulados azuis.

A capital amazonense trazia esses busões usados, quando lá existiram. Agora vamos na mão inversa, começo mostrando um ‘latão’ ex-Curitiba operando na Amazônia.

A partir das renovações de frota sub-sequentes, novamente os Expressos voltaram ao vermelho.

Quando os bi-articulados Neobus azuis forem aposentados, o que ocorrerá em algum momento da década de 20, Curitiba deixará de ter ônibus azuis, e agora tanto no municipal quanto metropolitano.

Não tem jeito. Expresso em Curitiba é vermelho. Já tentaram mudar 3 vezes, sempre voltam ao rubro que é seu território por excelência.

O mesmo “monstro de metal” quando ainda estava no Paraná, parado em frente ao Passeio Público.

……….

“GUERRA DE GIGANTES: DO BI-ARTICULADO AO SUPER-ARTICULADO” –

São Paulo, como dito acima, também tem centenas de bi-articulados.

Como lá a frota total, incluindo todos os modelos, é de 14 mil ônibus – aqui só o município, excluindo região metropolitana – proporcionalmente é certo que Curitiba tem bem mais.

Minha versão dessa cena, um bi-sanfonado Marcopolo em frente ao parque mais antigo da cidade (inaugurado em 1886).

Ainda assim, embora eu não tenha os números exatos pra afirmar cientificamente, acredito que em números absolutos a frota paulistana de bi-articulados é a maior do mundo. Do Brasil não restam dúvidas que sim.

Na capital paulista são 207 (dados mais recentes que tenho, consultei em 2020) ônibus com 2 sanfonas.

Já foram 259 no meio da década de 10, dizendo ainda mais uma vez.

Houve uma pequena redução porque concluiu-se que os bi-articulados devem ficar restritos aos corredores exclusivos.

Aqui e a direita: tróleibus/bi-articulado do ‘Fura-Filas, projeto que foi testado nos anos 90 em SP. Não foi aprovado.

As linhas que ainda não contam com esse melhoramento são atendidas ou por ônibus normais, sem nenhuma articulação, ou por articulados, com somente uma.

Em São Paulo esse processo já está bastante avançado.

No decorrer da década de 10 o número de bi-articulados caiu quase 20%.

Já a frota de articulados, com uma sanfona, cresceu astronômicos 80% no período:

Foi de cerca de 1,4 mil pra 2,3 mil busos. Boa parte deles são “Super-Articulados“.

Vamos entender o que significa esse termo. Trata-se de um veículo com uma só sanfona, visto em imagem mais acima na página (busque pela legenda).

Porém que é alongado, tem 23 metros. Leva 200 passageiros.

O corredor totalmente suspenso sobre o Rio Tamanduateí, no entanto, não foi perdido – e hoje é operado por veículos a dísel (alguns deles bi-articulados) e elétricos mas que dispensam fiação. É o “Expresso Tiradentes”.

Vejamos as medidas e capacidade de passageiros dos veículos sanfonados:

Articulado comum: 17 a 20 metros, de 120 a 150 pessoas a bordo.

1 sanfona (articulação), 3 eixos geralmente – algumas versões de 20 metros contam com 4 eixos.

Só que são raros os articulados comuns de 20 metros e 4 eixos. A maioria tem 17 metros, o vagão traseiro é curto;

– “Super-Articulado”: 23 metros, 200 passageiros, 1 sanfona, 4 eixos, ambos os vagões alongados;

Aqui e na próxima: moderno sistema ‘Trans-Milênio’ de Bogotá, com corredores exclusivos, estações com embarque pré-pago elevado e alimentadores – as linhas-tronco são feitas por articulados (1 sanfona, unicolores em vermelho) e bi-articulados (majoritariamente vermelhos mas com grandes detalhes em amarelo).

Bi-articulado comum: 25 metros, leva 220 pessoas, 4 eixos;

Bi-Articulado “Maior Ônibus do Mundo“, produzido a partir de 2011: 28 metros, até 250 passageiros, 4 eixos, vagão dianteiro alongado.

Assim não é difícil ver que um “Super-Articulado”, apesar de ter uma só sanfona, está mais perto de um bi-articulado comum que de um articulado comum.

Só que ele é mais barato que um bi-articulado mesmo na hora de adquirir 0km.

E na revenda então nem se compara. O bi-articulado é útil enquanto na ativa.

Porém se torna um ‘elefante branco’ após ter sua vida útil encerrada na cidade de origem, ninguém compra.

Ops…o que descrevi acima é a pintura normal dos ônibus bogotenhos. Quando os pichadores da cidade botam suas mãos em qualquer coisa, ‘redecoram‘ dessa forma.

Ou ele tem sua última articulação cortada (o que também custa dinheiro pra fazer) e é vendido como articulado comum, ou mesmo vai pra sucata.

O “Super-Articulado” não tem esse problema. Roda alguns anos na metrópole que o comprou novo.

A seguir vai pra uma capital de menor porte, ou mesmo pra alguma grande cidade do interior.

De 1992 a 2015, somente a Volvo fabricava chassis com 2 articulações no Brasil, de lá pra cá a Scania entrou no mercado.

na Cidade da Guatemala o sistema, igualmente moderno, se chama ‘TransMetro‘ (nessa imagem não há busos de 2 articulações, apenas de 1. Coloquei apenas pra vocês verem o corredor e as estações).

A Mercedes-Benz contra-atacou lançando o “Super-Articulado”.

E deu totalmente certo a tacada. São Paulo já fez a migração.

A partir da renovação da frota de 2019, Curitiba intensifica o mesmo movimento.

Na linha Circular Sul (a única de Expresso que não vai pro Centro, fica restrita a Zona Sul como o nome indica) essa já é a realidade há tempos:

No meio do dia apenas articulados, com uma sanfona. Os bi-articulados chegam no pico, pra ajudar nas viagens mais carregadas.

Agora sim, bi-articulado guatemalteco (fabricação brasileira, na verdade).

E mesmo a linha que liga o Boqueirão ao Centro está de uns tempos pra cá sendo operada de forma mista:

Há bi-articulados, que convivem com os ‘Super-Articulados’.

No futuro, as linhas do eixo Norte-Sul contarão igualmente com ‘super-articulados‘.

Pra baratear os custos do sistema (sendo sincero, não sei como está a situação no eixo Leste-Oeste).

OS “VD’s” – VEÍCULOS EMRESTADOS. Vemos articulado Marcopolo ex-viação Carmo. Está emprestado a outra empresa, por isso o prefixo ‘VD’ – originalmente era ‘ED‘.Pra entendermos como a situação se desdobrou pra chegar ali, recapitulemos o começo: os primeiros bi-articulados de Curitiba  eram cinzas, como é notório. Por 3 anos (1992-1995) só existiu nesse modal a linha 503-Boqueirão, que liga o Centro (local da foto) com esse populoso bairro da Zona Sul, onde eu morei por 15 anos. Os primeiros bi-articulados vieram em dois modelos. Marcopolo, e haviam também os Ciferal. A Marcopolo acabara de adquirir então metade do capital da Ciferal. Em 2000, completou a transação e se tornou proprietária de 100% da Ciferal. Seja como for, antes disso, ambas fabricaram os primeiros bi-articulados, como acabei de dizer. Os da Marcopolo vieram com letreiro, onde está escrito “Boqueirão”. Os da Ciferal, veja você, vieram sem letreiro. É isso mesmo, o vidro era liso, como se fosse de um carro, ou caminhão. Isso porque os bi-articulados a princípio só operavam uma linha. Em 1995 eles passaram a circular no outro eixo da Zona Sul, pro bairro e Terminal do Pinheirinho. Só que o trajeto é distinto. Assim, na canaleta do Boqueirão, continuava a existir só uma linha, não havia como pegar errado, logo ainda não precisa de letreiro com linha. Em 1999, entretanto, surgiu a linha Circular Sul, justamente que une os eixos e Terminais do Boqueirão e Pinheirinho, via Sítio Cercado na ponta mais periférica e via Vila Guaíra na extremidade central. Resultando que as linhas Boqueirão e Circular Sul, ambas operadas por bi-articulados, passaram a compartilhar uma parte de seus trajetos, entre o Terminal Boqueirão até o cruzamento com a antiga BR-116, hoje Linha Verde, no bairro do Parolin. Portanto a partir de agora os ônibus precisam ter letreiro indicando a linha. Nos antigos Ciferal, que não contavam com esse equipamento, na frente implantaram um letreiro completo (apenas menor e na parte de baixo do vidro, como nos ônibus de viagem), de lona. Porém nos vidros laterais, perto das portas foi preciso improvisar um letreiro de metal, onde uma placa era colocada, mostrando se o ônibus estava cumprindo a linha Boqueirão ou a Circular Sul. Só quem é busólogo pra guardar um detalhe desses na mente. Fazer o que? Em 2003, como dito, a Carmo deixou de operar ônibus com sanfona, seja com 1 ou 2. Sua frota (bi) articulada foi repassada as demais empresas, e ganhou o prefixo ‘VD‘.

………..

Alias como contamos na legenda de uma foto mais pro alto na página, Mauá (na Grande SP) vetou os bi-articulados em 2009.

Por hora, voltemos a falar da capital do estado. Articulados, com somente uma sanfona, São Paulo tem mais de 2 milhares de exemplares, como acabo de relatar e é notório.

Mais precisamente 2,3 mil deles. Com isso, é quase certo que a frota paulistana de articulados seja também a maior do mundo, em números absolutos. Só que nosso tema hoje é o busão bi-sanfonado.

São Paulo foi a 2ª cidade no Brasil e também a 2ª fora da Europa a adotar o bi-articulado, logo após Curitiba, assim que eles surgiram, no começo dos anos 90.

Os bi-articulados paulistanos pioneiros tinham pintura específica pra eles, eram amarelos.

Tudo isso já disse. Vamos então as novidades. No começo dos anos 90, mais precisamente em 1992, a prefeitura eliminou a padronização de ônibusSaia-&-Blusa‘, que vigorava desde 1978.

E adotou a padronização ‘Municipalizado’, que ficou vigente até 2003.

Por esse modelo, a princípio todos os busos da cidade tinham a mesma pintura, brancos com uma faixa vermelha.

No meio dos anos 90 foram surgindo diversas variações: pros busos ‘tocos’ (não-articulados) a dísel e elétricos (tróleibus) manteve-se o descrito acima.

No entanto adicionou-se uma pequena faixa menor colorida a frente e atrás, que indicava qual parte da cidade a linha ia.

Houve um novo desdobramento: por um tempo, os busos ‘tocos’ a gás natural, e também os mais compridos (‘padrão’ alongados [‘padron’], articulados e bi-articulados) a dísel ganharam pintura própria.

Enquanto as outras linhas seguiram brancos com faixas vermelhas, esses que citei no parágrafo acima (a gás e com sanfonas ou pelo menos ‘padrão’) tinham um outro esquema:

Eram unicolores, com uma figura geométrica estilizada bem grande na lateral. Os a gás natural eram inteiro em azul-claro. Já os demais, de comprimento maior, ficaram amarelos.

E foi assim que os bi-articulados surgiram em SP, amarelos portanto.

Essa diferenciação não vingou, exceto pros busões a gás. Esses sim ficaram azul-claros por um bom tempo.

VOLTAM OS “VD’s”; E VOLTA A CHAPA BRANCA – Essa situação descrita na foto anterior, dos VD’s ex-Carmo, perdurou de 2003 a 2006, mais ou menos. Porém, a partir de 2006 surgiu uma nova leva de “VD’s”, e esses tinham chapa-branca (nota: com o padrão de emplacamento ‘Merco-Sul’ que está sendo implantado, todos os veículos, particulares e públicos, leves e pesados, têm placas com fundo branco, muda a cor das letras pra diferenciar essas situações específicas. Mas nos modelos de emplcamento que vigoraram por 5 décadas [de 1970 a aprox. 2019] ‘chapa-branca’ indicava propriedade pública, esclareço pros mais jovens que não presenciaram os emplacamentos antigos). Sigamos. Veja o VD971 fazendo a linha Circular Sul, também pela Cid. Sorriso. O ‘V’ no prefixo (ao invés do ‘G’ que é o código dessa empresa) e a placa branca se devem ao fato que depois que os bi-articulados vencem a vida útil passam a ser propriedade da prefeitura. Continuam sendo operado pelas viações particulares, mas são agora parte do erário municipal. Como ocorria com a antiga ‘Frota Pública’ implantada pelo Requião. A diferença é que Frota Pública foi pública desde o início, comprada pela prefeitura. Os ‘VD’s’, como esses busos são chamados, foram adquiridos pelas empresas privadas. E em nome delas permaneceram em sua 1ª década. Passaram pro patrimônio estatal apenas a partir do 11º ano de existência no sistema. Enfim, isso explica a chapa branca. Tanto que foi a prefeitura quem leiloou esse lote, quando ele não tinha mais como rodar.

No entanto as linhas troncais, feitas por veículos maiores (articulados e ‘padrão’ alongados) logo foram repintados.

Ganharam faixa verde sobre fundo alvo, sem a faixinha menor indicando a região.

Resultando que se os bi-articulados surgiram amarelos, enfatizando de novo, logo viraram brancos com faixa verde.

No começo os bi-articulados em São Paulo eram pouquíssimos, quase uma relíquia.

E só operavam na Zona Sul, a mais populosa da metrópole.

Só já nesse milênio esse tipo de ônibus foi se massificar por lá, quando passou a operar também na Zona Leste.

Agora o processo está consolidado, o bi-articulado é um veículo tão típico de São Paulo quanto o é de Curitiba.

……….

Outras 2 cidades no Brasil tem bi-articulados: Goiânia e Campinas, vocês sabem.

Rio e Manaus já os tiveram, mas não é mais realidade. Em Rio Branco-AC o será em breve.

No entanto até o momento que a matéria sobe pro ar (2020) ainda não aconteceu.

Falemos um pouco de cada uma delas. Afora as pioneiras Curitiba e São Paulo, Goiânia é a terra em que esse tipo de busão está melhor enraizado.

Os primeiros bi-articulados goianos foram adquiridos em 2005.

No começo eram apenas 5, da marca Caio, e tinham cor amarela. Rodavam somente nos horários de pico.

Aqui e na próxima, mais exemplos de ‘VD’s’: busos que por estarem com a vida útil vencida passaram a ser propriedade pública. Veja que na ficha técnica o sítio que publicou colocou corretamente as empresas como ‘Urbs (pref. de Ctba.)/Exp. Azul.

Em 2011 chegaram mais 30 bi-articulados, dessa vez de carroceria Neobus (que pertence 40% a Marcopolo).

Alias nessa leva foram nada menos que 90 veículos pesados:

Além dos 30 bi-articulados que acabo de falar, viram também 60 articulados, com uma só sanfona.

Dessa vez todos na cor azul. São operados pela empresa do governo estadual MetroBus, que até 1997 se chamava Transurb.

Uma das poucas viações estatais do Brasil que escapou da onda de privatizações dos anos 90.

Vemos claramente as placas brancas.

Também escaparam a vizinha TCB, de Brasília-DF, e da Carris de Porto Alegre-RS.

No entanto, agora no começo da década de 20 estão novamente falando em privatizar a MetroBus. Veremos o que acontece.

O fato é Goiânia sempre foi uma cidade pioneira no transporte coletivo.

Curitiba inaugurou seu sistema de ônibus ‘Expressos’ em 1974, como sabem.

Sendo assim a 1ª cidade do Brasil e ao lado de Lima/Peru a 1ª do mundo a fazê-lo.

Sistema ‘Via-Livre’, do Recife-PE. Originalmente previa a utilização de bi-articulados, e caso se concretizasse seriam os primeiros do Nordeste. Não aconteceu, acabaram adotando apenas articulados (1 sanfona), e mais recentemente até veículos não-articulados.

Pois bem. Goiânia veio logo a seguir, e já em 1976 implantou o ‘Eixo Anhangüera‘, onde os ônibus tem sua pista exclusiva.

Até hoje essa é a espinha dorsal do transporte na capital de Goiás.

Alias recentemente o ‘Eixo Anhangüera’ foi ampliado pra atender também a região metropolitana.

Nada mais natural se a viação que o administra e opera é do governo estadual.

Tomada aérea dos anos 90 mostra frota 0km na fábrica da Volvo, no bairro Cidade Industrial de Curitiba, na Zona Oeste – pela pintura unicolor rubra vê que eles operaram na mesma cidade que foram fabricados.

………..

Em 2010 foi a vez de Campinas. Uma dezena de bi-articulados rodam pelas ruas da maior cidade do interior paulista.

Ali, as encarroçadoras são as marcas Marcopolo, Caio e finada Busscar.

No século 20, apenas Curitiba e São Paulo tiveram bi-articulados.

Goiânia se juntou a elas com 5 busões em 2005, e a partir de 2011 com dezenas desses ‘monstros de metal’.

São Paulo ameaçou abandonar a padronização ‘Inter-Ligado‘ (na qual os busões têm a cor da região da cidade que servem) por essa unicolor cinza pra todas as linhas. No fim se criou uma nova pintura, intermediária: o fundo é cinza, mas há detalhes nas cores do ‘Inter’… .

Na 2ª metade da 1ª década do século 21, Manaus também passou a contar com eles.

Ali eram veículos usados, ex-Curitiba e São Paulo. O estado de conservação por vezes deixava a desejar. 

Quando estive lá, em 2010, vi que o transporte de Manaus precisava de uma modernização, malgrado contasse com articulados e bi-articulados.

Não havia padronização nas pinturas e sequer no local de entrada, se é pela frente ou por trás.

Escrevi no texto original (a seguir retifico) que nessa épocaem Fortaleza-CE e Salvador-BA você entra por trás nos ônibus, como um dia foi no Brasil todo.

Só que nessas capitais nordestinas era padronizado, você entra por trás em todos os ônibus, em todas as linhas”.

Posteriormente ambas essas capitais nordestinas inverteram a entrada pra frente.

Seja como for, que quero colocar aqui é que em Manaus, em 2010, presenciei algo que eu nunca vi:

O mesmo veículo, agora operando em Realeza, Sudoeste do PR. Quase mantiveram o mesmo nº, virou o ‘BDO122’. E aproveitaram até a inscrição ‘Cidade de Curitiba‘, apenas tiraram o nome da capital e colocaram o da sua nova casa, no interior.

Dava a impressão que cada empresa escolhia se você embarca por trás ou pela frente.

De forma que quem é de fora da cidade só ia saber se aquela linha era por trás ou pela frente quando o ônibus encostava.

Isso valia pra veículos de todos os tamanhos, normais e também ou poucos articulados e bi-articulados que lá rodavam.

Por aí você imagina como era o transporte coletivo manauara.

Agora parando no tubo. Você sabia disso, que Realeza-PR também tem bi-articulados, com direito a estação-tubo e tudo?

Entretanto, com a entrada dessa nova década de 10, a coisa mudou.

Por ser a capital do Amazonas uma das sedes da Copa do Mundo que ocorreu no Brasil em 2014.

Manaus vem passando por uma necessária modernização em seu sistema de ônibus.

Isso escrevi na ocasião (2013, antes da Copa). Agora o processo já avançou bastante, vejamos o texto original.

Quito conta com tróleibus-articulados, corredores exclusivos e estações elevadas com embarque pré-pago. Sim, esse só tem 1 sanfona. É apenas pra você verem a moderna rede de transportes da capital equatoiriana.

Enfim, a pintura dos ônibus foi unificada, padronizada pra todas as viações.

E eu creio que a entrada também foi padronizada pela frente.

Foram comprados centenas de ônibus novos, a maior aquisição da história da cidade.

Entre eles dezenas de articulados – aqui, me refiro a veículo com uma só sanfona, não são bi-articulados portanto.

Quem sabe um dia veremos bi-articulados zero km na Amazônia também.

Vejam que beleza: aqui e na próx. tomada, os bi-articulados (a dísel) Volvo/Marcopolo brasileiros que agora operam nos corredores de Quito.

No momento Manaus não tem mais bi-articulados, nem adquiridos novos nem usados.

Em 2014, justamente no ano da Copa que teve sua finalíssima no Maracanã, o Rio estreou seus primeiros bi-articulados.

Foram apenas 2, um Neobus e um Marcopolo, e pouco duraram, infelizmente.

Na 2ª metade dos anos 10 o Brasil adentrou novamente em crise política e econômica.

Portas elevadas dos 2 lados.

O Rio de Janeiro sentiu bastante essa queda aguda, nem tem como ser diferente.

Passada a Copa e também a Olimpíada que igualmente foi lá em 2016, o financiamento federal e estadual diminuiu.

O transporte coletivo foi bastante afetado. Os bi-articulados pararam de rodar em terras cariocas no ano de 2018.

O Rio teve bi-articulados, por pouquíssimo tempo, como conto ao lado. Um dos busões que operou em terras cariocas foi repintado e irá estrear em Rio Branco do Acre.

Chegaram apenas em 2014, eram somente 2, e duraram meros 4 anos.

A história dos ônibus longos no Rio foi curta, paradoxalmente. Bem, a padronização de pintura dos ônibus lá também foi a mais breve da história.

Já que o tema é esse, adiciono aqui o texto publicado da matéria sobre o Rio de Janeiro publicada no blogue “De Busão pelo Mundão” (resumindo algumas das informações já faladas acima).

Fiz uma série sobre os bi-articulados no Brasil, que originou essa matéria que acabam de ler.

Mais 2 imagens dos bi-articulados de Mauá, na Grande SP, que foram comprados, reformados e pintados, mas nunca rodaram. Aqui uma foto de frente do Marcopolo que já vimos de costas mais pro alto na página

A postagem sobre o Rio foi publicada dia 29 de novembro de 2019.

Rio de Janeiro, década de 10. Mostro a foto de um bi-articulado Volvo Neobus.

Indo pro Terminal Alvorada, na Barra da Tijuca, Zona Oeste (já postada nessa atual matéria, bem no início dela no alto da página). 

Pertencente ao modal de ônibus ‘BRT’ TransCarioca e suas expansões.

O Rio teve bi-articulados entre 2014 e 2018, mas eles já deixaram de operar na ‘Cidade Maravilhosa’.

Próx. 3: bi-articulados Caio ‘Top Bus‘. Amarelo também de Mauá, em outra decoração.

O Rio de Janeiro passou por grande modernização no transporte no começo da década de 10.

Por conta da Olimpíada de 16 (que foi lá) e da Copa do Mundo de 14.

(Cuja grande final também foi ali, no Maracanã, excelso palco do futebol mundial.)

No começo desse milênio o Rio não tinha sequer articulados.

Aqui e esq. municipais de SP, acima servindo o Terminal da Varginha, Zona Sul.

Muitos menos ônibus BRT’s e estações com embarque em nível, nem sonhar com padronização de pintura.

Tudo isso foi implantado, e como vimos no ano da Copa do Mundo começaram inclusive a rodar modernos bi-articulados.

Das marcas Marcopolo e Neobus – a Neobus é 40% de propriedade da Marcopolo.

Ultimamente busos de 2 sanfonas chegaram a Zona Leste, no caso indo p/ São Mateus.

………..

Já atualizei as informações na abertura da matéria. Agora segue o texto original, escrito em 2020, a seguir mais uma vez corrigimos o que mudou de lá pra cá:

Apenas 4 cidades do Brasil contam com bi-articulados atualmente: São Paulo, Curitiba, Campinas e Goiânia. O Rio e Manaus fizeram parte dessa seleta lista em algum momento, mas não mais.

No começo dessa milênio várias capitais importantíssimas do Brasil não tinham sequer articulados, com uma sanfona somente.

Mais uma imagem do bi-articuldo de Campinas rodando em Porto Alegre pela Carris – veja o logo da viação na lataria.

Na época, o Rio de JaneiroBelo Horizonte-MGSalvadorFortaleza (entre outras) não contavam com articulados.

Digo, visitei BH em 2012Haviam sim articulados, mas numa única linha, que inclusive tinha pintura própria

A que ligava as estações de metrô e ônibus do Vilarinho a Cidade Administrativa, a sede do governo do estado.

Que é bem distante, ainda no município de Belô mas no extremo norte dele, na divisa com Santa Luzia e Vespasiano.

Essa linha (Vilarinho/Cid. Adm.), pelo seu caráter especial, tinha pintura específica.

E era de graça pros funcionários públicos que lá trabalham, bastava apresentar a carteira funcional.

Porém pras linhas normais, que eram tarifadas, a capital mineira não tinha nem ônibus articulado, muito menos bi-articulado.

Até 2011, os bi-articulados de Ctba. eram todos vermelhos. Aí chegou a leva da Neobus azul – esse clicado no Terminal do Boqueirão, Zona Sul, no 1º dia de operação, em 2011, ainda sem placas (*). Todos os bia-articulados azuis são Neobus, e vieram 0km já nessa cor.

Já Manaus, vejam vocês, tinha tanto articulados quanto bi-articulados.

Faço a ressalva que várias das capitais citadas acima também modernizaram sua rede de transportes.

Quando estive em B.H. em 2012 o Move estava na fase final de obras.

Agora já está operando, com articulados, corredores exclusivos, e estações modernas com embarque em nível pré-pago. 

A linha Vilarinho/Cid. Adm. (a única que tinha sanfonados quando fui lá) foi incorporada ao Move, e virou alimentadora do mesmo. 

Em Fortaleza idemAlém de corredores exclusivos, articulados e estações com embarque elevado, uma linha de trem de subúrbio virou metrô, e a segunda linha de metrô – com VLT – entrou em funcionamento.

Todos, exceto um. Esse Marcopolo era vermelho (na imagem seguinte ele na cor original) e ficou celeste. Foi o único de toda frota a ser repintado.

A capital baiana implantou o sistema Integra Salvador, que padronizou a pintura e mudou a entrada pela frente. 

Creio que a cidade até hoje não tenha articulados (eles existiram nos anos 80 e 90, mas nesse milênio só rodaram poucos exemplares em testes, inclusive alguns que iam pra Manaus).

Em compensação, Salvador já conta com 2 linhas de metrô.

Uma modernização também se deu no Rio. Foram inaugurados os modernos corredores do sistema Trans-Carioca.

Então agora a Cidade Maravilhosa tem – como a capital mineira – articulados, corredores exclusivos e estações modernas com embarque em nível pré-pago.

Os articulados fazem as linhas-tronco, mais longas, e ônibus curtos ou micros os alimentadores locais, com integração tarifária.

A linha Pinhais/Rui Barbosa é a única minter-municipal que conta com ônibus de 2 sanfonas na capital do PR – daí o ‘M’ de ‘Metropolitano’.

O metrô também passou por significativa ampliação, chegando a Barra da Tijuca, na Zona Oeste.

Atualização: no final da década, após a Olimpíada de 2016 que lá foi sediada, o Rio de Janeiro passou a enfrentar sérias dificuldades.

Isso repercutiu também no transporte coletivo, como não poderia deixar de acontecer.

Marcopolo que virou museu ambulante, decorado com a bandeira da Pátria Amada.

Tanto que a cidade deixou de contar com bi-articulados. Os articulados continuam operando.

Além disso, o Rio despadronizou a pintura, voltou a pintura livre.

Primeiro nos ‘carros’ que têm ar-condicionado. Isso só acontece no Rio. Em todas as demais cidades ter ar-condicionado não é desculpa pra não ter que cumprir a padronização de pintura.

Mais um desses bichões rasgando a Avenida 9 de Julho, SP, em tomada de 2018 (*).

A seguir toda a frota, com e sem ar, foi despadronizada. Enfim, é assim que as coisas estão.

Até o começo desse milênio o transporte carioca estava com sérios problemas.

Houveram grandes avanços. Infelizmente o teleférico nos morros, a padronização de pintura dos ônibus e os bi-articulados não puderam ser mantidos

Estação do ‘BRT’ abandonada no Rio. Em 2019 (antes da epidemia, não tem nada a ver com a doença) mais de 20 estações do ‘BRT’ carioca estavam fechadas em definitivo devido ao vandalismo. Em 2021 elas começaram a ser reabertas após serem reformadas.

Ainda assim a ampliação do metrô, o elevador no morro Stª Marta/Dª Marta, os articulados, os corredores exclusivos e estações com embarque pré-pago em nível e a ampliação do metrô chegaram pra ficar.

Fazendo um balanço, podemos dizer que a década de 10 foi positiva. No entanto, a década de 20 está sendo complicada.

Vários modais do transporte carioca estão em estado pré-falimentar ou já sob intervenção pública, como o próprio ‘BRT‘.

Além disso, como já dito, em 2021 Manaus e Boa Vista voltaram a ter articulados:

Divisa quádrupla: nessa esquina se encontram os bairros da Boa Vista, Santa Cândida, Bacacheri e Vila Tingüi, na Zona Norte de Curitiba. 2 bi-sanfonados vermelhos rumam ao Centro.

A capital do AM depois de uma década e a vizinha capital de RR depois de um ano e pouco.

Rio Branco teve um bi-articulado por uns meses, oriundo do Rio mas que logo seguiu pra Manaus.

SÉRIE COMPLETA “BI-ARTICULADOS NO BRASIL” NO BLOGUE ‘DE BUSÃO PELO MUNDÃO’:

(entre parênteses a data de publicação):

O Sol se Põe no Oeste“: próximo ao Rio Barigüi (nesse trecho divide o Camp. do Siqueira do Mossunguê na Zona Oeste) outro desses bichões também se dirige ao Centro da cidade (*).

– SÃO PAULO (11/03/2020);

– CURITIBA (09/10/2019);

– GOIÂNIA (29/04/2020);

– CAMPINAS (22/04/2019);

RIO DE JANEIRO (29/11/2019);

– MANAUS (23/11/2018);

Cidade de Luzerna, típico cenário dos Alpes.

Agora  várias galerias de imagens dos bi-articulados pelo mundo. Primeiro na Europa, lembrando sempre que eles surgiram nesse continente, ainda nos anos 80.

(Na China na mesma época houveram protótipos, mas os bichões até hoje não se popularizaram nesse país asiático.)

Na Suíça são comuns os tróleibus bi-articulados. Então começamos por eles, ao lado e nas 2 primeiras imagens do carrossel abaixo.

Voltando a América, como sabem um bi-articulado usado europeu operou em Havana, por volta de 2015.

Campinas, São Paulo. Única cidade que não é capital a ter esse modal (iniciaram as operações em 2010).

Goiânia, onde, repetindo, esses bichões começaram em 2005.

São Paulo, 2ª cidade do Brasil a contar com eles, e que hoje possui (prov.) a maior frota do mundo.

A tomada ao lado é de minha autoria, foi feita no Brooklin, Zona Sul, em 2014.

Na galeria abaixo voltamos as imagens baixadas da rede. Todos são Caio, incluindo o da esq. .

Vamos falar novamente de Curitiba. Recapitulando a linha do tempo:

“Deus proverá”

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