Bairro Alto, orgulho da Zona Leste‏

Zona Leste

Uma simples olhada no mapa comprova que o Bairro Alto (amarelo) está a Leste do Centro (em preto), e nunca a Norte.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 12 de abril de 2012

Maioria das imagens puxadas da rede. Os créditos foram mantidos, sempre que estavam impressos nas fotos. As que forem de minha autoria identifico com um asterisco ‘(*)’.

Vamos dizer sem sombra de dúvidas: o Bairro Alto fica na Zona Leste de Curitiba. E não na Zona Norte, como é erroneamente interpretado por muitos.

Não por outro motivo a Vilinha – onde Curitiba começou, do ponto de vista europeu –, que fica no Bairro Alto, foi a imagem escolhida pra ilustrar o Portal da Zona Leste.

Estabelecido o principal, vamos filosofar um pouco o porque desse erro estar tão cristalizado.

Aproveitando o embalo, mando imagens dos outros bairros e municípios que formam a Zona Leste da Grande Curitiba, Vários já temas de mensagens a parte, ligadas em vermelho.

Vilinha Bairro Alto

Vilinha, 1ª construção europeia de Ctba. .

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Vamos lá. Observem o mapa que anexei. A divisão por zonas da cidade tem como base o Centro, óbvio. Tendo isso como princípio, vejam que pintei o Centro de preto.

E a partir de seu meio, tracei uma cruz indicando o que seriam os polos Norte, Leste, Sul e Oeste de Curitiba.

Podem reparar como o bairro do Centro é a nordeste do centro geográfico, fazendo com que a cidade seja incrivelmente maior pra sul que pra norte, e razoavelmente maior pra oeste que pra leste.

Foz do Rio Bacaheri (esq.) no Rio Atuba (dir.), pouco a jusante da Vilinha. A esquerda município de Curitiba (Bairro Alto), direita Pinhais. A foto é antiga, talvez por volta de 2010. Escrevi originalmente: “Pode ver que ambas as margens estão irregularmente ocupadas”. Bem, houve trabalhoso processo de urbanização das margens do Atuba, tanto no B. Alto quanto em Pinhais quase todas as favelas foram retiradas. Além disso, grande conjunto de prédios foi erguido onde havia esse lote vago gramado; no Rio Bacacheri (município de Ctba.), entretanto a situação é outra: essa invasão saiu, mas logo a seguir rio acima há uma grande ocupação irregular chamada ‘Favela do D.E.R.’, e na sequência  mais uma, menor, que mostro abaixo.

Por isso a Zona Sul é muito maior em área e população. A Zona Oeste é a segunda maior, mas ela é a mais aburguesada e a menos povoada, ainda tem bastante área rural.

Embora num paradoxo ela abrigue a maior parte da CIC, que é o bairro mais povoado e majoritariamente pela classe trabalhadora.

Entretanto fora dali o padrão da Z/O é bastante elevado.

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Voltemos ao mapa. O Centro está de preto. Agora o Bairro Alto, pintado de amarelo.

Uma simples análise visual basta pra comprovar que ele está a leste do Centro, e jamais a norte.

Só pode ser Zona Norte na cabeça de quem nunca viu um mapa da cidade.

Ginásio e bairro Tarumã, ao fundo o Centro.

Podem ver perfeitamente que a ponta austral do Bairro Alto está exatamente no polo Leste do município de Curitiba.

E sua ponta boreal ainda está mais a leste que a norte. Não tem pra onde correr, é Zona Leste mesmo.

Então por que é tão arraigada a crença que Bairro Alto é Zona Norte? Há dois motivos.

Moinho de farinha (branco ao centro) no Jd. Botânico, prédios residenciais atrás no C. Rei.

1) As pessoas tendem a pensar mais em ‘Norte e Sul’ que em ‘Leste e Oeste’. Por isso colocam na Zona Norte diversos bairros que são Zona Leste e Oeste.

E 2) Por uma questão do transporte coletivo nos anos 70 e 80.

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Quem mora aqui a mais tempo vai se lembrar que nos anos 70 e 80 vinha escrito na lateral do ônibus expressos a região da cidade a que eles se dirigiam:

“Sul”, “Oeste”, “Norte” e “Leste”. Os que usavam o eixo da Marechal Floriano vinham com “Boqueirão” escrito na lataria. Veja ao lado um exemplo exatamente na Z/L.

Embora o eixo Boqueirão seja tão Zona Sul quanto o eixo do Pinheirinho, a prefeitura decidiu dessa maneira por não haver como escrever ‘Sul-1’ e ‘Sul-2’. Então o Eixo Pinheirinho vinha escrito ‘Sul’, o Eixo Boqueirão ‘Boqueirão’.

Memorial dos países lusófonos no Bosque de Portugual, bairro Jardim Social (*).

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Enfim, vamos pro Bairro Alto. Nos anos 80, o Terminal Bairro Alto não existia, pois é de 1993.

Pra não deixar o bairro de fora da Rede Integrada, criaram dois alimentadores, o “Bairro Alto A” e o “Bairro Alto B”, que saiam dos terminais Santa Cândida e Boa Vista.

Não me lembro se é nessa ordem ou ao contrário. O fato é que saiam desses dois terminais da Zona Norte – e aí está a raiz da confusão.

Jardim Holandes Piraquara

Jd. Holandês, Piraquara.

O Bairro Alto fica na Zona Leste, sempre ficou. Mas durante um tempo foi servido por alimentadores cujo ponto inicial era em terminais da Zona Norte.

E aí o pessoal descia do alimentador e via escrito “Norte” no ônibus expresso.

Cristalizou-se um erro que até hoje não se dissolveu, malgrado seja um atentado flagrante a geografia, e uma simples olhada no mapa deixa isso claríssimo.

Aeroporto Sao Jose dos Pinhais

Aeroporto em São José dos Pinhais

Hoje, esses alimentadores se chamam “Bairro Alto-Boa Vista” e “Bairro Alto-Santa Cândida”.

Ou seja, ligam um terminal da Zona Leste a dois da Zona Norte.

Só que agora a confusão já está formada, e o ser humano demora a re-ordenar o que está cristalizado em sua mente.

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O letreiro – de lona – oscila entre as linhas ‘Paraíso’ e ‘Tarumã‘, foto na virada dos anos 80 pra 90, quando eram Convencionais, iam pro Centro sem integração: atualmente saem do Terminal Bairro Alto, portanto integradas.

Há outra prova que o Bairro Alto fica na Z/L. Ou pelo menos houve até 2010. Explico.

É que bastava ver – antes dos consórcios, repito – qual viação servia cada bairro.

Feito isso não haveria dúvidas a qual região ele pertence:

A falecida empresa Luz servia a Zona Leste. A Glória operava na Zona Norte.

Ora, as linhas que ligam o Bairro Alto ao Centro todas elas eram operadas pela Luz, enquanto essa existiu.

bairro altoNenhuma linha da Glória ia pra lá, exceto os alimentadores já citados, e que mesmo assim eram operados em conjunto com a Luz.

(Acima e ao lado, respect., um bem antigo – com placa acima do para-choques – e outro moderno, ambos Caio, da A.V. N. Sra. da Luz, que descanse em paz.)

Enfim, é isso aí. O Bairro Alto é o orgulho da Zona Leste, e sempre o será.

O maior “shopping” de Ctba., no Tarumã (*).

Não é Zona Norte, que só pega a parte ocidental da BR-116.

A FAVELA AO LADO DO “SHOPPING”:

DEFINITIVAMENTE, O BRASIL É UM SÓ –

Em 2019 foi inaugurado no bairro do Tarumã o maior centro de compras (“shopping center”, pra quem prefere em inglês) de Curitiba – trata-se do Jockey Plaza, a direita.

Pequena invasão no mesmo bairro (*).

Tem esse nome porque ocupa parte do terreno do Jóquei Clube do Paraná.

Pois bem. A 3 quadras dali há uma pequena invasão, vista ao lado.

Bairro Alto, maio de 2022: 3 caminhões antigos2 cavalos-mecânicos, o vermelho Mercedão da linha ‘AGL‘ (’11-13’ e seus irmãos), fabricado nos anos 80 (no destaque) e do outro lado da esquina Volvo NL, produzido nos anos 90, branco. Ao lado, também alvo, um Puma toco baú (*).

Quase na margem do Rio Bacacheri, que separa o Tarumã do Bairro Alto, como dito acima.

Cruzei o riozinho, e já no B. alto fotografei os caminhões ao lado, a legenda explica.

Pra mantermos nosso foco de hoje, na Zona Norte do Recife-PE fotografei uma favela exatamente de um “shopping”.

Alguns dizem que haveriam “dois Brasis”, de tão distintos que são o Sul/Sudeste do Norte/Nordeste.

Discordo. Evidente que as diferenças, inclusive socio-econômicas, são bem grandes.

No entanto, as semelhanças são maiores. Dizer que o Sul e Sudeste, ou mesmo só o Sul, é “diferente” do resto do Brasil é idealizar algo que não existe.

Idêntica situação do Nordeste, de favelas e concentração de renda, se repete aqui em Curitiba e também por todo o PR, SC e RS. A mesma dura reaidade, do “Oiapoque ao Chuí”.

A Av. Victor F. do Amaral (no meio da imagem) dividindo o C. Imbuia (a esq.) do Tarumã (dir.). Foto de 2006, muita coisa mudou: 1) aparece o Jóquei Clube, ainda sem o ‘shopping’; 2) havia um clube do Paraná Clube, vemos a piscina, hoje desativado; 3) do outro lado da avenida o Estádio Pinheirão (ativo de 1985 a 2007) – onde Seleção Brasileira jogou 4 vezes, inclusive partida oficial em 2003 pelas eliminatórias da Copa de 2006, além de 3 amistosos.

Na verdade nessa parte da Zona Leste aqui retratada o contraste que acabamos de ver acima nem é tão gritante.

Há essa pequena invasão, mas  fora o fato que é ocupação irregular de resto é relativamente urbanizada, num local seco e plano.

A seguir há outra favela, as margens do rio, bem maior e mais precária.

É como as coisas são no Brasil, América Latina e boa parte do mundo.

No entanto, existem exemplos onde a situação é ainda mas gráfica. Diria mesmo chocante. Vamos dar uma passada no outro lado da cidade, na Zona Oeste.

O Autódromo de Curitiba: fica no município de Pinhais, na divisa com o Cajuru na capital.

Um dos “shoppings” mais elitizados de Curitiba está as margens do Rio Barigüi  Até porque essa é a região que se concentra a classe média-alta na cidade.

Na quadra ao lado existe um hiper-mercado, de uma grande rede trans-nacional.

E logo a seguir uma favela nas margens do mesmo rio.

Rua Augusto Stresser no Hugo Lange; prédios ao fundo no Centro, Alto da Glória e Juvevê.

Também sem nenhuma infra-estrutura, uma ‘favela’ de fato e direito.

Sendo na várzea do Barigüi não é difícil imaginar que as enchentes são frequentes e severas.

“Shopping” com lojas sofisticadas, supermercado, e uma favela.

Barracos se equilibrando nas barrancas ao lado dos apartamentos mais caros do Paraná.

É o Brasil, irmão. Realmente não existem mesmo dois Brasis diferentes, só um único Brasil.

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Falemos rapidamente das demais imagens. Começamos pelo Jardim Botânico (esquerda) no bairro que ele renomeou por plebiscito.

Até 1992 o bairro se chamava Vila Capanema”, nome que depois ficou restrito a vila popular (antiga favela, agora urbanizada) que ali existe a ao estádio de futebol.

Alto da XV

Pavilhão da Pátria Amada em tomada noturna da Praça das Nações, divisa quádrupla entre Cristo Rei, Alto da XV, Jardim Social e Tarumã. A seguir mesma praça em panorâmica, vemos também um pouco do Hugo Lange ao fundo.

Voltando a foto, os prédios ao fundo já estão no bairro Cristo Rei.

Onde aparece a fachada de uma igreja após a ponte, é a Vilinha, justamente no Bairro Alto. Aquela é a primeira construção europeia de Curitiba.

Ou seja, se considerarmos que a cidade começou apenas quando a raça branca aqui chegou, Curitiba começou ali.

Depois é que o centro de colonização europeia foi mudado bem pra oeste, na Praça Tiradentes, que não é portanto o marco zero mas o ‘marco um’, digamos assim.

Jardim Social, Hugo Lange e Alto da XVLembre-se, sempre pela visão europeia de não considerar a cultura e civilização indígena.

Por essa ótica e contagem, Curitiba começou no Bairro Alto.

Curitiba começou na Zona Leste, portanto. Onde o sol nasce, onde os novos ciclos alvorecem.

Uberaba

Cajuru. A cidade tomou uma parte do Parque Nacional do Iguaçu.

Veem o Aeroporto, que fica em São José dos Pinhais, como é sabido.

Curiosamente, São José é o único município de Grande Curitiba que não entra em nenhuma região da cidade, como se fosse uma região por si mesmo.

Todos sabem que Pinhais é Zona Leste, que Campo Largo é Zona Oeste, que Almirante Tamandaré é Zona Norte, por exemplo.

No entanto São José parece estar num limbo, sem ser de ‘zona’ alguma. Bem, de minha parte resolvi isso.

São José dos Pinhais é Zona Leste da Grande Curitiba, por estar a Leste do Centro da metrópole.

Já Campina Grande do Sul e Quatro Barras entram no mesmo caso do Bairro Alto.

São consideradas como parte da Zona Norte, só que como elas estão muito mais a leste que a norte:

PiraquaraCampina Grande do Sul e Quatro Barras, igualmente fazem parte da Z/L.

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Ainda dá tempo de falar mais um pouco da porção oriental da metrópole. A direita o Centro de Piraquara, ao fundo Serra do Mar.

Agora ao nível do solo, o Ginásio do Tarumã, no bairro de mesmo nome, vizinho ao B. Alto repetindo o que todos sabem.

Sediou, na época da virada do milênio, uma equipe de vôlei feminino.

Fruto de parceria foi governo estadual com uma empresa transnacional.

A mídia chamava o time pela marca escolhida pelo patrocinador. Seu nome oficial era Paraná Vôlei Clube.

Conquistou a Super-Liga (competição máxima do esporte no Brasil) por 2 vezes, em 1997/98 e 1999/2000.

Por isso insiro aqui desenhos relacionados ao tema. Ao lado uma jogadora “defendendo de manchete”. Foi publicado em fevereiro de 2014.

Sim, eu sei. O projeto realizado no Tarumã era de vôlei de quadra, e não de praia. Fica de licença poética.

E fechamos com a ginástica olímpica. O retrato se chamou “Pan-Americano”.

Levantei pra rede em 12 de julho de 2015, durante o Pan-Americano de Toronto/Canadá. No detalhe a concentração dela.

Deus proverá”

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