Essa é a ‘Cara do Brasil’: Rio de Janeiro, Cidade-Maravilhosa

Praia de Copacabana: o Rio de Janeiro continua lindo!, sem dúvidas. Mas o contraste social é gritante: o morro do Cantagalo/Pavão-Pavãozinho é uma grande favela quase a beira-mar, ao lado do m2 mais caro do Brasil, a orla de Ipanema, Copacabana e bairros vizinhos.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 13 de outubro de 2020

Mensagem-portal da viagem ao Rio de Janeiro. No fim da matéria ancoro as demais reportagens, a série foi toda publicada.

Quase todas as fotos de minha autoria. As que forem baixadas da internet identifico com um ‘(r)’, de ‘rede’.

……..

Aquele Abraço: mural no Centro com a famosa canção que retrata a cidade que é “a cara do Brasil”.

O que falar da “Cidade-Maravilhosa”?, já tão cantada e decantada em verso e prosa…

Ainda assim aceito o desafio, e farei uma série de matérias relatando o que observei nesses quase 6 dias que passei no Rio.

UMA CIDADE ABSOLUTAMENTE MARAVILHOSA; MAS . . . SOB OCUPAÇÃO MILITAR –

Sabe o Yin-Yan, aquela bola metade escura e metade clara em que as metades se entrelaçam?

É o Oráculo-Mor do Universo, e se isso fosse possível resumiria numa imagem como as Leis da Energia (que regulam toda a Vida, em todas as dimensões) funcionam.

SOB OCUPAÇÃO MILITARPraia de Ipanema, feriado de 7 de Setembro de 2020: várias viaturas da Polícia Militar e Guarda Municipal fazem pressão na orla, pra manter a ordem. O Rio de Janeiro está inteiro assim, fortemente ocupado pelas forças de segurança, pra tentar impedir assaltos no asfalto e invasões nos morros; Como vê, a força-tarefa envolve todas as esferas, afinal obviamente a P.M. é do governo estadual, e a Guarda Municipal é gerida pela prefeitura como o nome indica. Quando é preciso ações mais pesadas nos morros, Exército, Marinha e Aeronáutica  (a esfera federal) também participam – vide próx. imagem.

“O Preto e o Branco vem juntos”, o que quer dizer que as partes boas e ruins muitas vezes caminham lado-a-lado.

Funciona assim sempre, mas em nenhum lugar esse contraste é tão óbvio quanto no Rio.

Não estou contando o segredo do Santo Graal, estou?

Como diz a música Rio 40º, é a “capital do melhor e do pior do Brasil”.

Acho que não poderia haver melhor definição que essa.

Então isso é o que mais chama a atenção no Rio de Janeiro:

Um lugar deslumbrante, espetacular, a própria “Cidade-Maravilhosa” mesmo e não poderia haver outra.

GUERRA NA CIDADE – Favela da Rocinha, Zona Sul do Rio, setembro de 2017 (r): 4 mil Homens das 3 Forças Armadas (mil na linha de frente e mais 3 mil na retaguarda) com dezenas de blindados – verdadeiros tanques de guerra, como vê na imagem – e helicópteros sobem a Rocinha, pra apoiar grande operação das Polícias Civil e Militar que visava pacificar a favela após dias de tiroteios entre facções do tráfico, que assustaram a Zona Sul. Como dito, fotos com ‘(r)’ são puxadas da internet.

Por outro lado, com problemas gravíssimos de segurança pública. Bota ‘gravíssimos’ nisso.

Alias essa parte já se deteriorou tanto que os tumultos se tornaram crônicos, ou seja permanentes.

Em setembro de 2020, quando lá estive, o que vi foi uma cidade sob ocupação militar:

Uma força-tarefa que reúne duas esferas – municipal e estadual – satura as Zonas Sul e Central de polícia.

(Nota: não tive tempo de ir a Zona Norte infelizmente, e na Zona Oeste só estive na Praia da Barra.

Então sinceramente não sei como estava a situação no subúrbio.)

Vamos então olhar esse Rio de Janeiro, ‘lado A & lado B‘, suas belezas e suas mazelas. Aqui, em foto tirada no Cristo Redentor, vemos o Pão de Açúcar obviamente, abaixo dele a Urca, e o bairro de Botafogo. Mais uma vez o agudo contraste, repare quantos barquinhos ancorados na baía; no entanto (também no bairro de Botafogo) na encosta do morro, repare na parte que tem sombra, a favela de Santa Marta/Dona Marta, aquela em o cantor estadunidense ‘Michael Jackson’ gravou um clipe. Do outro lado da Baía de Guanabara, visualizamos ainda Niterói.

Seja como for, o que presenciei já foi bastante impressionante.

Viaturas ocupam todas as partes da Zona Sul, o tempo todo, e no Centro a presença também é  intensa.

Pra tentar reduzir, temporariamente que seja, os assaltos e tiroteios entre traficantes, que tiveram grande explosão no inverno de 2020.

Quando preciso, até a esfera federal – as Forças Armadas – também participa dos cercos as favelas, como nota na imagem a direita.

Fiz outra matéria, falando mais especificamente sobre essa situação.

Por hora, vamos dar um panorama geral da cidade e no decorrer da série nos aprofundaremos na questão da (in)segurança pública.

………

Agora invertemos: vemos o Cristo Redentor do alto do Pão de Açucar (estava bem nublado no dia que subi o bondinho, outro dia conto mais).

Trata-se, como todos sabem, da 2ª maior cidade do Brasil.

O Grande Rio tem pouco mais que 12 milhões de habitantes.

(Foram contados 11,7 milhões no Censo de 10, a projeção pra 2020 é de 12,7. Logo teremos os resultados do Censo de 2020.)

Os Arcos da Lapa, no Centro (sobre eles passa o bonde de Santa Teresa, só o Rio e Santos-SP têm linhas de bonde antigo ainda ativas no Brasil, mas esse do Rio é o único que vem sendo operado de forma contínua desde o século 19 – o de Santos havia sido desativado em 1971 e retornou somente em 2000).

Somente na capital, o município do Rio, são 6 milhões de pessoas (6,3 no censo, 6,7 é a projeção pra 2020).

O Rio de Janeiro é de um espetáculo natural indescritível.

E eu diria mesmo “incomparável”, em escala global.

Tudo isso por boa parte da cidade – e certamente nos seus bairros mais caros – ficar espremida entre a serra e o mar.

Aqui e a esq.: escultura de areia na Praia de Copacabana mostra os 3 símbolos maiores do Rio, o Cristo Redentor, os Arcos da Lapa e o Pão de Açúcar – o autor se deu ao trabalho de pôr mesmo um teleférico suspenso entre os morros, como ampliei no detalhe.

No meio da cidade há uma grande cadeia de montanhas, o Maciço da Tijuca. Eis a glória do Rio, que lhe confere sua beleza singular.  

Os dois símbolos maiores do Rio estão no alto de morros: me refiro, evidente, ao Cristo Redentor no Corcovado e o bondinho no Pão de Açucar.

O imponente Cristo pode ser visto pela maior parte da cidade (na África do Sul a Cidade do Cabo tem a Mesa-Montanha, que cumpre o mesmo papel; bem, como o Rio o Cabo é outra cidade linda mas cheia de problemas e contrastes sociais).

No meio da imagem a escultura de areia que descrevi na legenda anterior. O Rio é belo, mas repleto de contradições: no canto esquerdo da foto vemos alguns sem-teto dormindo na praia, a luz do dia. Ao fundo o Forte de Copacabana, que sofreu o famoso motim dos “18 do Forte”, liderado pelo tenente Siqueira Campos. Repare também no desenho da calçada da orla, outro ícone indelével da cidade. Tem mais: veja as bandeiras de alguns países sul-americanos (Chile, Uruguai e Colômbia) numa ‘banquinha’ da praia. É comum esses comércios ambulantes desfraldarem os pavilhões dos países cujos turistas que estão no Rio, que eles tentam atrair pra consumir ali – já cliquei a mesma cena em Florianópolis.

Nada mais natural, posto que a montanha do Corcovado que o sustenta tem 750 metros de altura.

Fotografei-o em diversos pontos da Zona Sul (infelizmente o tempo foi curto e não pude visitar a Zona Norte, como já informei).

Por outro lado, de certa forma essa geografia é também uma provação.

Não é difícil entender o porquê. A cidade fica muito quente, falando de forma literal e também figurada.

Aqui uma tomada melhor do calçadão de Copacabana, com seu marcante desenho ondulado. Retratados igualmente o mesmo prédio da 1ª foto da matéria, no topo da página – dessa vez a favela do Pavão/Pavãozinho não aparece; uma carreta Scania ‘cara-chata; e as famosas ‘bancas’ ou ‘barracas’, barzinhos e lanchonetes já dentro da praia, muito procurados pra petiscos e um choppinho, pra quem aprecia. No detalhe uma banca na areia com a bandeira do Pará ao lado de escudos do Remo e Paysandu, há muitos paraenses no Rio – também é frequente as banquinhas ostentarem bandeiras de clubes de futebol, sejam do Rio, outros estados brasileiros como nesse caso, ou do exterior.

Fisicamente no subúrbio do Rio faz muito calor, pois ele está numa espécie de estufa entre duas cadeias de montanhas:

O Maciço da Tijuca quase a beira-mar e a Serra do Mar um pouco mais adiante, no alto da qual ficam Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, etc.

A orla ainda é mais fresca, pois recebe a brisa marítima que alivia o calor.

Mesmo assim quando estive lá em alguns dias a temperatura beirava os 35º – olhe que oficialmente ainda estávamos no inverno, afinal a primavera começa no dia 22 de setembro.

No entanto, o subúrbio carioca é muito, mas muito quente. Justamente pelo que acabo de dizer acima, ele se localiza entre 2 serras.

Isso causa uma estufa que faz com que os termômetros fervam. Um mês depois disso, em outubro de 20, o calor chegou a nada menos que 43º!!!

Segundo diz quem morou nas duas cidades, o Rio é mais quente que Salvador-Bahia (cidade sobre a qual também visitei e estou publicando uma série de matérias).

Aliado a isso, há também uma situação social explosiva. Todos sabem, novamente não vou contar nenhum segredo.

Nos feriados (nesse caso era 7 de Setembro) e fins-de-semana a avenida beira-mar fica fechada pro tráfego de veículos, sendo liberada a pedestres e ciclistasem João Pessoa-PB é ainda melhor, lá é diariamente das 5 as 8h. Voltando ao Rio, veja que em Copacabana esse posto de gasolina reproduz na parede a calçada, de tão famosa ela é.

A encosta dos morros foi ocupada de maneira completamente desordenada. Com isso, o Rio tem favelas em quase todos os bairros.

A princípio eu havia escrito “com exceção talvez da Urca”. Só que mesmo a Urca tem uma pequena favela na divisa com Botafogo.

(Embora a Urca seja segundo alguns o bairro mais seguro do Rio, questão que me aprofundarei outro dia.)

Não tem jeito, são praticamente onipresentes. No Centro, na orla, ao lado dos bairros mais ricos, ou seja, por toda parte.

Duas notas: 1) como já disse muitas vezes, eu não falo ‘favela’ com desprezo burguês. Gosto de periferia, e gosto das favelas.

Não sou de direita. Sei muito bem, na prática inclusive, que a imensa maioria das pessoas que moram em favelas e periferias são honestos e batalhadores.

O desenho ondulado no piso das 2 praias da Zona Sul que são ‘a Cara do Rio’, Copacabana e Ipanema evidente (na Barra, que fica na Z/Oeste, é diferente) é símbolo até do Campeonato Carioca de futebol. Uma imagem vale por mil palavras, não preciso dizer mais nada.

Agora, também não sou de esquerda. Então não vamos tapar o sol com a peneira.

Eu me recusei a substituir o termo favela por ‘comunidade’.

Sim, desse modo manda o dogma de uma estranha ‘novilíngua’.

Dogmas esses que hoje predominam na academia e boa parte da mídia.

Ainda assim, quando escrevo “comunidade”, o faço sempre entre aspas.

Bandeiras do Brasil, Alemanha e Israel na Praia de ‘Copa‘. O fluxo de turistas estrangeiros no Rio em setembro de 2020 não chegava a 10% do habitual, por conta do ‘corona-vírus‘. Viagens entre Brasil e EUA estavam proibidas, entre Brasil e Argentina havia sido liberado a menos de uma semana e ainda engatinhava, e pra Europa haviam voos mas apenas 2 ou 3 por dia, quando o normal seriam 2 ou 3 por hora. Copacabana estava bem vazia. Por um lado isso barateou em muito as coisas, paguei uma diária de casal num hotel com piscina a 4 quadras do mar por apenas R$ 84 (15 dólares, portanto quase de graça; na ocasião US$ 1 = pouco mais de R$ 5, a passagem de ônibus no Rio era R$ 4,05, em Curitiba R$ 4,50), as refeições nos restaurantes de Copa também saíam por cerca de metade do que seria pago em condições normais (estrogonofe bem servido pra 2 pessoas, com suco natural, por volta de R$ 50 a 60). Por outro lado, o Rio vive do turismo. Vários hotéis estavam fechados, muitos deles em definitivo, com as entradas já muradas. Se a situação não se normalizar em breve o desemprego irá pra estratosfera, com consequências sociais terríveis.

Pra indicar que é um sinônimo da palavra ‘favela’, e não seu sucessor. 

Eu gosto de favelas e periferias. Ainda assim, repito, não tapemos o sol com a peneira.

A presença de favelas em todos os bairros da cidade é uma situação altamente explosiva.

Não preciso explicar isso pra ninguém, e muito menos pros cariocas.

E assim de fato se dá. A cidade ferve, não apenas nos termômetros que medem a temperatura física, mas também em termos sociais. 

2ª nota: é claro que Curitiba também tem favelas. E como as têm!

No município da capital do PR são cerca de 300, e eu conheço todas elas, uma por uma.

Não apenas no mapa mas por dentro, andando em suas ruas e becos.

Curitiba não é Europa, muito longe dissoe olhe que a Europa também tem suas próprias favelas e seus problemas sociais crescentes.

Seja como for, a capital paranaense é uma metrópole da América Latina, como tudo que isso acarreta.

Aqui há desigualdade social, as vezes aguda. Há violência urbana, evidente.

Em julho de 2020 eu e minha companheira inclusive sofremos um assalto na Zona Norte.

Panorâmica, fiz uma colagem com 3 tomadas captadas do alto do Cristo mostrando o Centro e começo da Zona Norte: no canto esquerdo da imagem o Estádio do Maracanã; a seguir vários prédios do bairro da Tijuca – que é longe da praia, não confundir com a Barra da Tijuca; no meio da foto vemos duas favelas em morros, mais perto da Baía da Guanabara o Morro da Providência, que oficialmente é a 1ª favela do Brasil, de 1897, e logo abaixo o maior Complexo da favelas da Zona Central, que engloba os morros e favelas São Carlos, da Mineira, Zinco, Fallet, Fogueteiro, entre outros nomes. A direita o Centro, e no alto da imagem a Ponte Rio-Niterói, que com seus 14 km já foi a maior do mundo.

Então em Curitiba e todas as cidades brasileiras e podemos dizer em boa parte do planeta a questão da violência urbana é aguda.

Curitiba tem centenas de favelas, em diferentes graus de urbanização.

E ocorrem assaltos frequentes por toda cidade, Centro, burguesia e periferia.

Agora, e esse é o ponto, aqui a periferia é, bem, na periferia. Na periferia geográfica da cidade.

Porta de comércio em Copacabana mostra os símbolos do Rio: Estádio do Maracanã – que já sediou 2 finais de Copa do Mundo, façanha que só ele e o Estádio Azteca no México conseguiram; Cristo Redentor de braços abertos; Arcos da Lapa, sobre os quais passa o bondinho de Santa Teresa, também retratado no desenho; a orla da Zona Sul e sua calçada característica (por aí você vê o apreço que o carioca tem por esse desenho ondulado); e o Pão de Açúcar.

Bem longe óbvio da Região Central que concentra a classe média-alta

A capital paranaense tem duas grandes antigas favelas perto do Centro, Vila Parolin e Vila Capanema.

Agora foram urbanizadas, mas alguns problemas permanecem.

A questão da violência certamente é uma delas. É o Brasil, amigos.

No geral, entretanto, as favelas de Curitiba são distantes do Centro.

E embora algumas delas sejam em ladeiras (a começar pela Vila Parolin supra-citada), nenhuma delas é em encosta de montanhas.

Em São Paulo, Brasília-DF e muitas outras cidades, o mesmo se repete.

(Digo, na Zona Norte de Sampa há algumas favelas na encosta da montanha, no caso a Serra da Cantareira.

A imagem acima da manchete, Cristo Redentor de braços abertos no alto do Corcovado, Abençoando a Cidade-Maravilhosa. Nas próximas 3 imagens, ele visto de diversos pontos de Zona Sul.

Só que são bem afastadas do Centro e dos bairros mais caros.)    

Há gravíssimos problemas sociais, evidente que sim. Quem tentaria negar?

Entretanto os bairros mais “quentes” da cidade (se é que me entendes) ficam nos arrebaldes, “longe dos olhos, longe do coração”.

No Rio, e também em Florianópolis-SC, Santos-SP e Vitória-ES, é diferente.

Nessas 4 cidades, todas no litoral do Atlântico (fora o Rio alias as outras 3 são ilhas), há uma grande cadeia de montanhas no centro – geográfico – do município.

Assim, os bairros ocupam a área plana disponível entre os morros e a água.

Copacabana.

Além disso, várias encostas estão bastante favelizadas.

O que faz com que existam favelas na orla, em alguns casos quase na beira-mar mesmo.

Voltando a falar especificamente do Rio de Janeiro, que é nosso foco hoje.

Praticamente todos os bairros da cidade têm grandes favelas.

Lagoa Rodrigo de Freitas: até 1971 havia a Favela da Catacumba naquele morro do centro da imagem – conto melhor essa história em outra mensagem da série (essa é mais uma colagem, e como em todas as colagens que faço você percebe as emendas entre as fotos; a intenção não é enganar ninguém, e se fosse eu não teria equipamento e técnica necessários, viso apenas mostrar uma visão panorâmica, que não seria possível em uma única tomada).

Seja nos morros (na região das Zonas Sul, Central e boa parte da Norte) ou planas (na Zona Oeste e alguns pontos da Norte).

Se tudo isso fosse pouco, o Rio de Janeiro, como não é segredo pra ninguém, tem um problema gravíssimo com o enraizamento de facções criminosas nos morros, favelas e periferias

O problema vem desde os anos 80, e pelo andar da carruagem não será solucionado tão cedo. 

Tomemos por exemplo o bairro de Copacabana na Zona Sul.

Jardim de Alá, parque ao redor do canal que liga a Lagoa ao mar, e que divide Ipanema (dir.) do Leblon (esq.). Há muitos sem-tetos no local, e inclusive revestiram uma das margens de areia como nota, então me dá a impressão que o local é usado como uma espécie de praia dos moradores de rua.

Antigamente, no meio do século 20, era a parte mais cara da cidade, ao lado da vizinha Ipanema.

(Isso antes da ascensão da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, como reduto da classe média-alta e elite.)

A questão é que boa parte da burguesia foi pra Barra, mas ‘Copa’ ainda retém o status de um bairro de classe média e média-alta.

Ainda que a maior parte dos que têm mais dinheiro já tenha preferido migrar pra condomínios fechados com maior segurança na orla da Zona Oeste.

Bem em frente ao Jardim de Alá está a Cruzada de São Sebastião, que é uma cohab popular. Portanto um bairro de periferia encravado na região mais cara do Rio e do Brasil. Os moradores da Cruzada têm empregos perto, essa é a vantagem. Em compensação, seu custo de vida é altíssimo, comparado a seu salário certamente, pois precisam pagar os preços do Leblon nos produtos e serviços que consomem, que são significativamente mais altos que nos morros e subúrbios. Mais uma faceta dos múltiplos contrastes cariocas.

Igualmente, falamos melhor sobre a Barra em outra ocasião. Por hora, fiquemos em Copa.

Mesmo sem a hegemonia do passado, ainda é um bairro caro.

Comparado com a Zona Central e os subúrbios das Z/N e Z/O certamente.

Pois bem. A ponta de Copacabana mais próxima do Centro é a Praia do Leme, como sabem (“Do Leme ao Pontal” da música famosa).

No Leme, praticamente a beira-mar, está a favela dos morros Babilônia e Chapéu-Mangueira.

(Sim, o nome é derivado do Morro da Mangueira na Zona Norte.)

Em outra colagem, a Praia do Leblon, sempre com sua calçada característica. Na encosta do morro ao fundo a favela do Vidigal.

No meio de Copa, dessa vez um pouco afastado da praia, temos outro complexo de favelas na encosta, o Morro dos Cabritos/Ladeira dos Tabajaras.

E na divisa com Ipanema há mais um morro com uma grande favela, a maior das 3 de Copa, o morro do Cantagalo/Pavão-Pavãozinho.

Em escala maior, o Vidigal. A beira-mar e ao lado do bairro de m2 mais caro do Brasil, o próprio Vidigal, ainda que seja uma favela, é um lugar caro de se morar. Segundo levantamento de uma revista especializada, um imóvel de 100 m2 ali sai por nada menos que  R$ 800 mil, mesmo preço do Centro e mais caro que em todos bairros da Zona Norte e Zona Oeste exceto a Barra, mas acima do Recreio dos Bandeirantes – os dados são de 2014. Mesmo que tenha havido ligeira alteração nos nos números de lá pra cá, o quadro geral permanece.

Sendo que a Babilônia/Chapéu-Mangueira e Cantagalo/Pavão-Pavãozinho podem ser vistas até mesmo das areias da praia.

E também da maior parte das ruas próximas. Uma realidade que não pode ser ignorada.

Além do mais, se você for da orla da Zona Sul (Copacabana, Ipanema/Leblon) pra orla da Zona Oeste (Barra/Recreio dos Bandeirantes) terá que passar perto dos morros do Vidigal e Rocinha.

Babilônia/Chapéu-Mangueira, Cantagalo/Pavão-Pavãozinho e Cabritos/Tabajaras são favelas entre médias a pequenas.

Ou seja, têm alguns milhares de moradores em cada uma delas.

a Rocinha e o Vidigal são favelas bem grandes. Grandes mesmo.

O Vidigal tem algumas dezenas de milhares de habitantes.

Outra panorâmica do Centro feita do Cristo, dessa vez mais fechado nele, sem mostrar a Zona Norte. No alto de novo a Ponte Rio-Niterói. Bem no meio da imagem uma favela no morro, mas logo abaixo vemos que nem todas as encostas das montanhas da cidade estão favelizadas; ao contrário, algumas abrigam bairros de classe média, que têm inclusive temperatura mais amena que os outros bairros que ficam a nível do mar, por serem mais altos e mais arborizados. Numa cidade que os termômetros ultrapassam bastante os 40o com frequência, é um alívio estar num ambiente mais fresco.

E a Rocinha é ainda maior, quase de uma centena de milhar.

Nota: são comuns os relatos totalmente descabidos que a Rocinha teria, sozinha, ‘meio milhão de habitantes’.

Trata-se de um despropósito óbvio. A população total do município do Rio é de 6 milhões.

Então basta você olhar no mapa e ver a área que a Rocinha ocupa em relação ao total.

Assim ficará evidente que não é possível que a Rocinha concentre quase 10% dos cariocas.

Não é possível, e dizendo de novo, uma simples mirada no mapa deixa isso cristalino.

Muitos brasileiros têm problema crônico com os números.

Próximas 8: algumas tomadas do Centrão do Rio. Aqui a Igreja da Candelária, em cujas escadarias em 1993 ocorreu a matança de 8 menores de rua que ali dormiam.

E o desarranjo no relato de quanta gente mora nesse morro demonstra isso.

No censo de 10, o IBGE contou 69 mil pessoas vivendo na Rocinha.

Um ‘censo das favelas’ do governo do estado fixou o número um pouco acima, perto de 100 mil.

São por volta de 30 mil moradias na Rocinha, logo algo entre 70 a 100 mil moradores fica perto da realidade.

No entanto, a Rocinha não tem ‘200, 300 ou mesmo 500 mil habitantes’, como alguns falam sem atentar pra consequência de suas palavras.

Bem em frente a igreja, vemos que até hoje o local é escolhido como abrigo por sem-tetos.

Convenhamos, entre 70 a 100 mil moradores não é pouca coisa.

Trata-se ainda de uma das maiores favelas do mundo, a segunda maior do Rio.

Atrás do Complexo da Maré na Zona Norte que abriga perto de 120 mil pessoas.

Alias essa é a situação em todo Centro: em plena luz do dia, várias pessoas dormem nas calçadas – em algumas partes o odor de urina e outros dejetos é bem forte.

Há duas formas de ir da Z/S a Barra, e por qualquer uma deles você terá que passar na frente do Vidigal ou da Rocinha:

1) Pela Av. Niemayer, que segue ao lado da praia e até mesmo sobre ela em alguns pontos (é um elevado, um grande viaduto, pra quem não conhece).

Nesse caso você irá cruzar o Vidigal, até porque é a via de acesso a favela.

2) Via Auto-Estrada Lagoa/Barra. Nesse caso, após o túnel Zuzu Angel você sai na Rocinha.

Avenida Getúlio Vargas, a principal via do Centro, no cruzamento com a Avenida Rio Branco, em cujo piso vemos os trilhos do VLT.

Sim, a maior parte da favela você não vê, pois ela está sobre o morro que o túnel corta por baixo.

No entanto, mesmo o finalzinho da Rocinha, que você vê quando sai do túnel, já é bastante impressionante.

Mais uma vez repito, praqueles que têm sua mente bem lavadinha pelas ideologias em voga na academia/mídia possam entender:

Eu gosto de periferia, e gosto de favelas. Não falo com desprezo pela Rocinha, e nem por nenhuma favela.

Placa dessa famosa esquina. No Rio as placas de rua trazem uma breve biografia da pessoa, data ou local homenageado – recentemente Santos, no Litoral Paulista, adotou a mesma prática.

Ainda assim, as coisas são como são, e não como gostaríamos que fossem.

Favela é favela, chamá-la de “comunidade” não ameniza essa dura realidade.

A Rocinha é uma favela, e isso não deixa de ser reparado por quem passa ali.

Ao menos pelo 99% das pessoas que não estão tão atreladas aos dogmas pregados com fervor religioso na “comunicação” e “educação” (entre aspas por algum motivo, deixo pra você decifrar).

Eis o VLT (‘Veículo Leve sobre Trilhos’) carioca. O Centro está bastante degradado, esse bonde moderno, que é limpo e eficiente, é uma tentativa de recuperação –  o Rio passou por grande modernização no transporte pra Olimpíada. Mas o dinheiro acabou e vários modais estão a beira do colapso.

E é impressionante passar pela Auto-Estrada e ver ali a Rocinha, ‘em toda sua Glória e Poder’ se podemos chamar assim.

Ocupando lugar de destaque entre os bairros mais caros do Rio de Janeiro.

……

Além disso, a composição racial do Rio de Janeiro é mais parecida com a de Minas e boa parte do Nordeste.

Ou seja, com uma proporção mais alta de negros e mulatos.

Próximo do chamado ‘Saara’ está o comércio popular. Várias ruas estão tomadas por camelôs.

Não vai aqui nenhum racismo, ao contrário. Amo a Raça Negra Original.

Já fui a África  e também a República Dominicana (que é a “África na América“).

Nunca fui a Europa e nem mesmo ao Uruguai – e ele faz fronteira com o Sul do Brasil, onde vivo.

(Esse país, embora tenha uma minoria negra significativa, certamente é mais associado a raça branca.)

Próximo a Praça 15, de onde saem as barcas pra Niterói, do outro lado da Guanabara.

Essas viagens que fiz são uma representação de minha Alma.

Então, enfatizando ainda mais uma vez e quantas se fizerem preciso, não vai aqui nenhum racismo.

Ainda assim, é evidente que existe um contraste entre Sul x Sudeste/Nordeste.

Óbvio que a composição racial do Rio (e também de Minas, Pernambuco e muito mais da Bahia e Maranhão) é bem distinta da capital do Paraná, onde eu morei toda minha vida.     

Vamos pra Niterói, cruzando a Baía da Guanabara. Várias tomadas feitas de dentro do ônibus em movimento, essa e a seguir sobre a Ponte Rio-Niterói. Aqui o Centro de ‘Niquíti‘ (apelido carinhoso de Niterói, pra quem não sabe).

Não é um juízo de valor, vamos entender bem esse ponto.

Não é questão de eleger um modelo como melhor ou pior.

Nosso país, e o mundo todo poderíamos acrescentar, está cego por uma intensa polarização arraigada.

Polarização política enorme, que ultrapassa os limites do ódio, e está agravando todos os conflitos, que já não são pequenos.

Ainda na ponte podemos observar grandes favelas nos morros que cercam o Centro de Niterói. Óbvio que os problemas que assolam o Rio – e o Brasil todo, além de boa parte do mundo, alias – se repetiriam aqui, e como seria diferente? Um outro detalhe, vemos os guindastes do porto. O Porto do Rio é o 2o maior do Brasil atrás do de Santos. O Porto de Niterói do outro lado da Guanabara é independente do Rio, mas estando tão próximo faz parte de um mesmo complexo portuário, digamos assim.

A extrema-direita cultua a raça branca normanda, enquanto a extrema-esquerda cultua a raça negra africana.

Vamos nos manter neutros nesse confronto. Curitiba não é melhor ou pior que o Rio, BH, Recife-PE, Salvador da Bahia e São Luís do Maranhão por ter uma composição racial distinta.

Entretanto, é diferente, sem dúvidas. Só que Curitiba (e boa parte do Sul em geral) que são a exceção, com sua população majoritariamente de pele mais clara.

(Um adendo: embora o que chamamos ‘brancos’ no Brasil são – e somos, porque me incluo nessa conta – mulatos-claros.

Se o Rio tem a Av. Pres. Vargas, Niterói também possui suas grandes avenidas no Centro – no detalhe a pichação no alto do prédio, tema sobre o qual também me estenderei futuramente.

Os ‘brancos’ do Brasil e América Latina quase todos não seríamos brancos nos EUA, Europa Ocidental e Anglosfera.

E com razão. Porque não somos brancos, no sentido de normandos/arianos.

Somos Latinos. Somos América, América Latina.

E os Latinos não somos brancos, mesmo os que temos a pele mais clara).

Você entendeu. No Hemisfério Norte os ‘brancos’ brasileiros são outra raça, os Latinos.

A Câmara Municipal de Niterói tem o escudo do Estado do Rio de Janeiro, isso porque está no prédio que um dia abrigou a Assembleia Legislativa quando Niterói era a capital estadual, até 1975 (também falarei mais disso numa próxima matéria).

Ainda assim, o que aqui no Brasil se classifica como ‘branco’ é ampla maioria no Sul,

Embora certamente hajam minorias negras/indígenas significativas.

No Rio não é assim. O Rio é uma cidade mestiça por natureza, com os negros com uma proporção alta da população.

Em verdade diria que o Rio é uma cidade de maioria mulata/mestiça.

Na orla os brancos são majoritários, nos morros os negros se não são maioria são quase.

Praça da República no Centro de Niterói. Importante espaço cívico que abriga diversos órgãos públicos. Estou na escadaria da Câmara vista na tomada anterior e registrando a Biblioteca Municipal, pra citar apenas 2. Ampliei nos detalhes a fachada da Biblioteca, a estátua que há em frente e uma parte da favela mais famosa do Centro de ‘Niquíti’, o ‘Morro do Estado‘.

Perguntamos então: e no subúrbio, que afinal é que concentra pelo menos 2/3 da população carioca?

Bem, nos subúrbios das Zonas Norte e Oeste o tipo majoritário é o que mistura o sangue das raças-formadoras da Pátria Amada.

Como diz outra canção: Uns de pele clara, outros mais escura. Mas todos viemos da mesma mistura”. 

E já que o tema é a música, pense no cantor Marcelo D2, que foi vocalista da banda ‘Planet Hemp‘ e depois partiu pra carreira-solo.

Se tivesse que escolher o carioca típico numa imagem, o biotipo majoritário, seria o D2.

Próx. 2: o Porto do Rio. Nessa visto da Ponte Rio-Niterói, ao fundo o Centro da capital do estado.

Um mulato de pele clara, a ‘Cara do Rio‘. O Rio é assim.

Muitos negros, e maioria mestiça. Ali, os brancos é que são a minoria.

Conhece a música “A Cara do Brasil”? – gravada, entre outros, por Ney Matogrosso.

Agora inverteu: estamos na Zona Central, em 2º plano a famosa ponte que cruza a Baía da Guanabara.

Ela fala dos múltiplos contrastes dessa nação-continente.

O Brasil em preto-&-branco. Pergunta a letra dela (eu mudei a ordem das estrofes):

O Brasil é o que tem talher de prata?

Ou aquele que só come com a mão?

Ou será que o Brasil é o que não come? 

O Brasil gordo na contradição?

Seguimos na mesma região perto das docas. Aqui e abaixo cenas dos morros (favelizados) da parte central da cidade.

O Brasil é o homem que tem sede?

Ou quem vive da seca do sertão?

Ou será que o Brasil dos dois é o mesmo?

O que vai e o que vem na contramão?

Me bateu a pergunta, meio a esmo: na verdade, o Brasil o que será?

São os Trens da Alegria de Brasília?

Ou os trens de subúrbio da Central?

Qual a cara da cara da nação? ”

E assim vai. O autor vai desfilando as múltiplas contradições.

2 tomadas noturnas da Praia de Copacabana.

Não esquecendo nem do futebol, comparando as seleções nas Copas de 82 – que jogou bonito e perdeu – e de 94 – que jogou feio e ganhou.

(Breve explicação pra quem não é muito ligado nesse esporte, ou então é muito novo e não presenciou:

Tanto o Brasil de 82 quanto o de 94 fez seu último jogo na Copa contra a Itália.

Em 82, na Espanha, fomos eliminados perdendo por 3×2 num jogaço memorável.

Já em 94 a decisão do título Brasil x Itália foi o 1º 0x0 da história numa final de Copas do Mundo.

O Brasil acabou vencendo nos pênaltis e levou a taça.)       

Já basta de futebol. Dei essa pincelada no esporte só pra pôr no contexto.

Próx. 3 imagens ainda em Copacabana. Aqui e na a seguir, ruas públicas que receberam grades ou cancelas e guaritas, transformando-se em condomínios fechados.

Voltemos a falar das disparidades sociais, que são o foco tanto da música quanto desse texto.

A certa altura, Ney Matogrosso fuzila, perguntando afinal qual é a ‘Cara do Brasil‘:

Quem vê, do Vidigal, o mar e as ilhas?

Ou quem das ilhas vê o Vidigal? ”

……..

Pois bem. Fui da Barra a Copa de ônibus, passando portanto perto da Rocinha e aos pés do Vidigal.

Alguns têm medo de assaltos (e justificadamente, não estou ironizando)…

Houve um momento de tensão, quando alguns meninos da uma dessas favelas invadiram o ônibus.

Eram meninos mesmo, bem crianças, e ao levarem uma dura do motorista não criaram problemas. Depois eu conto essa história melhor.

Aqui, pra resumir, eles queriam apenas uma carona pra Praia do Leblon.

Era feriado, fim-de-tarde e eles iriam curtir o pôr-do-sol na orla da Zona Sul.

enquanto outros estão mais preocupados em ter algo pra comer: velho caminhão recolhe reciclagem nas ruas de Copa – o “alta costura” na loja do fundo aumenta a ironia.

Andando pelos bairros mais caros do Rio num fim-de-semana prolongado pela comemoração da Independência, eu via toda aquela mistura.

Todos interagem, todos se misturam. O mar e as areias são de todos:

Da classe média e média-alta que vive nos prédios de Copacabana e Ipanema, que vão a praia a pé;

Do pessoal dos morros da Zona Sul, que também chega a pé;

Os edifícios de classe média-alta de São Conrado. Até o estacionamento é arborizado.

De quem vem do subúrbio de transporte coletivo – esse público aumentou muito desde a virada do milênio.

Pois as opções de metrô e ônibus melhoraram muito de lá pra cá;

Dos turistas, muitos deles estrangeiros (por outro lado, seu número estava bem limitado na ocasião.

Favela da Rocinha em 1º plano, ao fundo prédios de S. Conrado, que fotografei a nível do solo na imagem anterior (r). Definitivamente, muitos contrastes por toda parte.

Estávamos na epidemia do Corona-vírus, que restringiu a maior parte do fluxo turístico, nacional e internacional);

E dos moradores de classe-média dos bairros longe da orla, que vêm de carro.

Na praia, é tudo ‘junto e misturado’. Vendo isso, pensei: “o Rio é mesmo ‘a Cara do Brasil’ ”.

Ao passar pelo Vidigal, então, a lembrança dessa canção se consolidou na minha mente.

“Anoitece no Rio” tirado dentro do bondinho do Pão de Açucar. O astro-rei encerra mais um ciclo de trabalho e fazemos o mesmo, fechando essa primeira matéria da série.

Taí. Num estalo, surgiu o título da matéria, e não pode haver outra:

Essa é a ‘Cara do Brasil’ – Rio de Janeiro, Cidade-Maravilhosa.

Assim É. 

Continua…. 

Confira a série sobre o Rio de Janeiro:

RIO 40º: CAPITAL DO MELHOR E DO PIOR DO BRASIL (setembro de 2022)

Abordando a tentativa da burguesia de se isolar num “subúrbio a estadunidense” na Barra da Tijuca – até os anos 90 deu certo, com a melhoria dos transportes que falamos em outro texto não mais.

E também do processo de remoção das favelas da Zona Sul no início do regime militar – igualmente começou com grande fôlego mas por diversos fatores foi interrompido.

Uma das que seriam retiradas seria a do Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, na divisa de Copacabana e Ipanema. Como você vê ao lado, não deu certo.

Conto a origem do nome de algumas favelas, inclusive a mais antiga do Brasil, o Morro da Providência no Centro, e mais o Chapéu-Mangueira no Leme/Copacabana, quase a beira-mar na Zona Sul.

Falo ainda do “TeteCá”, a “língua” inventada no RJ que inverte a ordem das sílabas, da pichação de muros, e mais.

O TRANSPORTE NO RIO: BONDE ANTIGO, BONDE MODERNO (VLT), AMPLA REDE DE TRENS DE SUBÚRBIO, METRÔ, BARCAS, POUCOS ARTICULADOS E CORREDORES:

De 2011 a 2016 o complexo de favelas do Alemão, na Zona Norte, igualmente foi servido por bondinhos (r) . . .

TELEFÉRICOS, BI-ARTICULADOS E PADRONIZAÇÃO DE PINTURA VIERAM MAS DURARAM POUCO (outubro de 2021) –

Houve enorme esforço de modernização pra Olimpíada, e alguns dos benefícios se mantiveram:

Ampliação do metrô, VLT, integração no cartão, elevador no Morro Santa Marta, e o próprio BRT, que na orla funciona bem.

. . . só que passada a Olimpíada tudo foi abandonado e está do jeito que estão vendo (r). Os teleféricos do Alemão e Providência (Zona Central) custaram mais de R$ 300 milhões. Tudo jogado no lixo. Esse é apenas um dos temas que abordo nessa matéria.

Por outro lado o dinheiro acabou, situação já presente após o Rio-16, e que se agravou muito com a epidemia.

Vários setores do transporte coletivo carioca estão a beira do colapso, como alias também outras áreas como saúde, segurança e a própria governabilidade política.

O teleférico nos morros do Alemão e Providência, os bi-articulados e a padronização de pintura já se foram.  A continuidade de todos os demais modais está ameaçada.

Extenso sistema ‘Trans-Carioca’ e suas extensões de ‘BRT’ nas Zonas Oeste e Norte,  inaugurado em 3 etapas, em 2012, 14 e 16 (r). Enfim o Rio de Janeiro passou a ter articulados em corredores exclusivos.

Além dessa radiografia do presente, traço uma perspectiva histórica do século 20, com ênfase especial dos anos 70 pra cá.

–  021: A CIDADE É MARAVILHOSA MAS . . .  SE LIGA MEU IRMÃO!!! (janeiro de 2021)

Que a situação está complicada e de forma multi-dimensional não é segredo pra ninguém.

Não o menor dos problemas é a violência urbana, evidente.

No começo o ‘BRT’ entusiasmou os cariocas. Só que com a falta de investimentos vem se sucateando. A foto anterior é na Barra da Tijuca. Na orla da Z/O (Barra e Recreio) funciona bem. No subúrbio a realidade é diferente: no começo de 2021 mais de 20 estações estavam interditadas, por ter sido vandalizadas. Dos mais de 400 articulados que deveriam operar apenas 1/3 vai pra rua, assim pessoas viajam penduradas com o busão em alta velocidade (r). Cenas que eram passado em nosso país voltaram a acontecer no RJ.

Faço uma breve retrospectiva histórica mostrando as origens dessa triste situação.

CAPELINHA: RIO, SP, B.H., BELÉM E POA; PLACA NO ALTO: ESTAMOS NO SUDESTE

(Publicado [originalmente via emeio] em agosto de 2014, muito antes dessa ida ao Rio portanto). Como o título indica, não é específica sobre a ‘Cidade-Maravilhosa’.

Abordo características dos ônibus (e até caminhões) que ocorriam em diversos estados brasileiros – e mesmo outros países latino-americanos. No entanto, falo um pouco do transporte carioca nesse texto.

“Deus proverá”

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