INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO“
Por Maurílio Mendes, “O Mensageiro”
Publicado em 12 de agosto de 2014
Fotos extraídas da internet, créditos mantidos sempre que impressos nas mesmas.
Segue a série mostrando os ônibus Mercedes Monoblocos.
Começamos por Brasília, Distrito Federal (dir).
Agora em tomada colorida, pra que apreciem bem o logo azul da T.C.B. sobre fundo branco.
Como suas colegas do Rio e SP, a viação estatal do DF se consagrou em sua Saga Celeste.
A esquerda, Anápolis-GO, ali pertinho. De “B” pro “A”, da T.C.B. pra T.C.A. .
Se a TCB é a Transportes Coletivos de Brasília, a T.C.A. só pode ser a Transportes Coletivos de Anápolis, Goiás.
Que possuía esse imponente M1 em sua frota. Peraí, o que é ‘M1’?
Explico: os que vieram antes do 0-362 chamo de Monoblocos ‘Jurássicos’, porque esses não cheguei a ver em linhas normais.
Por “M1” quero dizer “Monobloco 1”, e me refiro a esse modelo mais arredondado e antigo, fabricado nos anos 60 e 70, o 0-362 na classificação da Mercedes.)
O que tinha 2 faróis redondos de cada lado, e está mostrado nas 2 primeiras fotos no topo da página).
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Dois Monos 2, que operaram na parte Continental da Grande Florianópolis-SC:
Em verde, Viação Ribeironense, indo pro bairro do Abraão, no município de Florianópolis mesmo.
Já em azul, o 151 da Viação Biguaçu, que ligava o Centro de Floripa ao bairro de Barreiros, no município de São José.
Esse bichão é um valente que circulou ininterruptamente por praticamente 20 anos.
19, pra ser exato. Fabricado em 1986, só saiu da ativa em 2005 (foi preservado e virou o ônibus-museu da viação).
Nessa outra postagem radiografia completa do transporte em Floripa com dezenas de fotos, incluso mais uma tomada desse guerreiro.
Veja que ele é o único que tem placa de 3 letras (detalhe). 2 décadas sem tirar de dentro.
É o Monobloco, irmão. Alma Forte. Respeito a quem merece.
(Segue a nota explicativa: “Mono 2” é o “Monobloco 2”, que é minha forma de chamar esse que só tinha 1 farol redondo de cada lado.
O que foi produzido no fim dos anos 70 e anos 80, também arredondado mas nem tanto.
A Mercedes geralmente o numerou como 0-364 e 0-365.
Depois, o último modelo é o Monobloco3, fabricado na virada dos 80 pros 90, e 1ª metade dos anos 90.
Chamado 0-371, com dois faróis quadradinhos de cada lado.
Também era redondo, pois essa era a marca registrada dos Monos mas, como o ‘Mono2’, um pouco menos que o modelo pioneiro ‘Mono1’.
No apagar das luzes ainda circulou o 0-400, que também é Monobloco3.
O desenho da carroceria era o mesmo do 0-371, por isso é o mesmo modelo.
Mas o 0-400 – e alguns ainda assinados como ‘0-371’ – tinha apenas 1 farol redondo de cada lado.
Os Monoblocos 1 e 2 nunca tiveram versões articuladas, pois foram fabricados dos anos 60 aos 80.
Os articulados começaram na virada dos anos 70 pra 80 mas só se popularizaram mesmo uma década depois, na virada dos 80 pros 90.
Além disso, os Monos 1 e 2 só saíram de fábrica com 2 portas.
As versões que existiram com 3 portas foram ‘transgenia automotiva’, isso é, foram adaptadas.
Já o Monobloco 3 já saía de fábrica com 3 portas, pois é dos anos 90.
[Exceto se o comprador especificasse que queria só com 2, o que também acontecia. Ao lado temos um exemplo, muitos dos Monos3 que operaram em SP só tinham 2 portas].
E houve inclusive uma versão articulada do Monobloco3. Rodou em testes, mas não chegou a ser produzida em série.)
Volta o texto original. Eu dizia que um Monobloco rodou 22 anos em Florianópolis. Se você se impressionou com essa longevidade, espere até ver isso:
Vimos 2 tomadas mais pro alto na página de Monobloco 2 ainda na ativa em Lima-Peru em 2013!!!!
E no Brasil idem: nessa outra postagem, Mandaguari, Paraná. Monoblocos2 e Amélias na ativa em 2013. E em Santa Catarina Venezas e Nimbus TR na ativa em 2016.
Segura essa se for capaz! 30 anos sem tirar de dentro!!!! Alma Fortíssima é isso, e não há outro!!! Tem que tirar o chapéu.
Não fui ao Peru, puxei da rede essas fotos. Entretanto, eu fui ao Chile. E lá há tróleibus de 70 anos ainda rodando.
Troleibus geralmente são longevos, no Brasil em São Paulo, Santos e Araraquara (todas no estado de SP, obviamente) e no Recife-PE circularam até a virada do milênio ônibus elétricos com 4 e 5 décadas de uso.
Araraquara e Recife não têm mais tróleis. Mas mesmo hoje (2ª metade dos anos 10) há tróleis com 3 décadas em Santos e SP Capital.
7 décadas na pista??? Aí….é “Alma Imortal” ! Pronto, falei!
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De volta ao Brasil: “A Mais Valorosa e Leal Cidade Brasileira”: É Porto Alegre-RS, tchê, e onde mais seria?
Título dado por ninguém menos que o Imperador Dom Pedro 2º. Foi ele quem, em 1872, fundou a Carris Porto-Alegrense.
Cerca de 110 anos depois de sua fundação, no começo da década de 1980, o Monobloco 1 número 100 da Carris cumpria a linha 50-São Caetano, como visto acima.
Veja essa mesma safra de Mono 1 ainda na pintura livre da Carris. Há alguns TCB’s na mesma ligação.
E agora um giro no interior de São Paulo, acima Marília, e ao lado: M1 da Vima – Viação Manchester (veja por dentro) no ponto final da linha Parada do Alto em Sorocaba.
um redondão clássico é bom; agora, dois é demais!!!
Segura essa. Dois super-clássicos do auto-motor brasileiro juntos:
Os Monos Mercedes e o ‘Fuca’ da VW. E todos eles da CMTC.
São os modelos-arquétipo em seus modais, porque carregaram esse país nas costas. Mas o Fusca e o Mono têm mais em comum:
Ambos são redondos e tem o motor atrás, enquanto os seus companheiros contemporâneos são quadradões e com motorização dianteira.
Voltando a falar de ônibus, alguns rodoviários (o foco de nossa seção de busologia da página são os urbanos, mas pros Monoblocos abrimos uma exceção…
… até porque os Monoblocos urbanos e rodoviários era idênticos na carroceria e faróis, só as janelas mudavam, a dos rodoviários era inclinada e não era partida no meio, abria inteira).
Vamos ver fotos de autoria do inglês Donald Hudson, que passou férias no Brasil em julho de 1982.
De férias do trabalho dele lá na Inglaterra, mas aqui ele trabalhou muito, fotografando dezenas de ônibus em 3 estados do Sudeste.
Seu trabalho acaba de ser levantado pra rede (texto do começo da década de 10, lembre-se).
A direita: Monobloco ‘1’ da BrasItália, clicado no Rio, 1982.
Apesar de ser uma viação rodoviária, ela ostentava uma das pinturas clássicas das viações urbanas cariocas:
‘Blusa’ branca, ‘saia’ colorida, e do meio do fim do veículo faixa diagonal em 4 cores.
A esquerda acima, Rodoviária do Rio de Janeiro: Outro M1 da Itapemirim.
Se preparando pra partir pra cidade que é sede dessa empresa, Cachoeiro do Itapemirim-ES.
Está “voltando pra casa”. Na mesma imagem, atrás dele um M2 da mesma viação.
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As 6 fotos da sequência abaixo foram tomadas em Belo Horizonte-MG, em 07/82, pelo britânico Donald.
Confira reportagens sobre os urbanos de Belô. Era a época da transição da pintura livre pro MetroBel.
Essa última padronização revolucionária que incluiu também a Região Metropolitana (daí seu nome).
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Vamos agora ver dois Monoblocos a serviço dos times de futebol.
Abaixo (em atualização de fevereiro de 2020), do Santa Cruz do Recife.
Voltando a mensagem original de 2014, emendo mais um emeio, que circulou 2 dias antes do emeio que originou essa postagem.
JABIRACA, O MONOBLOCO COXA
Por Maurílio Mendes, “O Mensageiro”
Publicado (via emeio) em 10 de agosto de 2014
Nota importante: não estou falando do time de futebol. O foco aqui é o ônibus, e não o clube.
Na verdade a troca de correspondência da Jabiraca foi o que abriu a presente série que resgata a Saga dos Monoblocos. Vejam o que escrevi a época:
Um colega que é busólogo e torcedor do Coritiba F.C. me mandou essa foto a direita – numa abordagem multi-dimensional alinhando suas duas preferências.
Trata-se do Jabiraca, carinhoso apelido do Mercedes-Benz Monobloco que transportava as categorias de base do referido clube nos anos 80 e 90.
Sou busólogo, e meu modelo-arquétipo de ônibus é justamente o Mono tão querido “Clássico dos Clássicos”.
Assim sempre me toca o coração ver um bichão desses, na cor que for, a serviço de quem for.
Assim, a energia foi colocada novamente em movimento, gerando mais uma onda de mensagens centrada em ônibus antigos.
Como introdução, vai o repasse do material que me chegou (me refiro a foto do ‘Jabiraca, o Monobloco Coxa’).
Apenas encobri o rosto do cidadão, não citando igualmente seu nome e cargo no clube, porque nosso foco é o ônibus, e não o Coritiba F.C., repetindo o óbvio.
O emeio original (o que chegou até mim, não o que eu produzi) era destinado a torcedores desse time, independente deles gostarem de ônibus ou não.
Aqui, invertemos o fluxo, trabalhamos com a outra dimensão:
Viso justamente os que apreciam ônibus, independente se curtem ou não futebol, e se sim qual sua preferência clubística.
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E Mono – do modelo mais antigo – com 3 portas, você já havia visto?
Pois existiu, e aqui em Curitiba.Vejam abaixo, é um Monoobloco ‘1’ (0-362, dois faróis de cada lado).
Porém, não é original de fábrica, veio com 2 e foi adaptado.
Trata-se portanto de mais um caso de transgenia busófila, digo de novo.
E agora segura essa: SP também teve Mono dos mais antigos que veio de fábrica com 2 portas e foi adaptado pra 3.
Já vimos ele mais pro ato da página, um CMTC vermelho. Apenas nesse caso é um Mono ‘2’ (0-364, um farol de cada lado).
Em ambos os casos, o motivo é o mesmo, os busões ganharam uma porta pra elevador de cadeirante.
Óbvio, nos anos 80 e 90 não existiam veículos que já saíssem de fábrica preparados pra isso.
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Iniciados os trabalhos, muito mais se seguirá (outras matérias sobre busologia, anos 80 e 90):
– Tróleibus Monobloco??? Existiu. Trólei Gabriela ???? Também;
– Rodoviária de Curitiba (damos uma palhinha até em São Paulo);
– Circular Centro (e diversos Carolinas, o micro da Caio);
– Primeiro articulado de Santa Catarina;
– “Romeu-&-Julieta”, o ‘pai’ do articulado.
“Deus proverá”