Circular Centro, aqui jaz: o fim dos ônibus brancos em Curitiba

Pintura de lançamento do Caio Carolina. Ou, como diz ‘Sêo Jorge’: “Caroliiiiiiiiiiiiina”.

INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO

Por Maurílio Mendes, “O Mensageiro”

Publicado em 10 de junho de 2014 (originalmente via ‘emeio’).

Subido pra página em março de 2015, acrescido de  atualizações posteriores; re-ordenado em setembro de 2022.

Maioria das imagens puxadas da internet, créditos mantidos sempre que impressos nas mesmas. As que forem de minha autoria identifico com um asterisco ‘(*)’.

maceio

Anos 80: Gabriela da Real Alagoas em ação em Maceió, uma das cidades que gosta de decorar os busos no Natal.

O tempo passa, não? Nosso canal retrô relembra como era a vida no fim do século 20, dos refrigerantes aos chicletes. Mas com ênfase especial nos ônibus, evidente.

Dos anos 70 aos 90, a Caio batizava seus modelos com nome de mulher, como todos os busólogos sabem. Seu carro-chefe, ou melhor seu ônibus-chefe, era o Gabriela.

Só que aqui o tema não é o ônibus de tamanho normal, mas o micro, chamado Carolina, tão comum em nossas cidades então. Já retorno a esse ponto.

Anos 80: início do modal ‘Opcional’ ou ‘Seletivo‘ no Recife. A viação Borborema optou por Caio Carolina – a pintura é similar a da Real Alagoas da foto anterior porque ambas as empresas são do mesmo grupo.

Já escrevi sobre a ascensão e queda dos ônibus azuis em Curitiba.

Hoje vamos falar sobre o fim dos ônibus brancos. comecemos do começo.

Na mesma época Curitiba revolucionou o transporte coletivo, em escala mundial.

Implantou o sistema de ônibus “Expressos“, que hoje chamam pela sigla em inglês ‘BRT‘.

circular centro anos 80

Próximas 9: Circular Centro em Curitiba. Nos anos 80 e começo dos 90 só Carolinas em ambas as viações que a operavam.

A frota foi pintada conforme a categoria de linha, modelo que também foi adotado em Belo Horizonte-MG, Recife-PE, Fortaleza-CE, entre as capitais.

E mais Sorocaba e Piracicaba-SP, Londrina e Ponta Grossa-PR, Joinville, Blumenau e Criciúma-SC, e até em Los Angeles-EUA, entre outras cidades.

No caso de Curitiba inteira de forma unicolor: Expressos em vermelho, Interbairros verde, Convencionais e Alimentadores em amarelo, Estudantes em azul;

Esse e o anterior são Carolina ‘1’, mais antigo. Fabricados (e clicados) nos anos 80 – com a inscrição ‘Circular Centro‘ desde o início.

Opcional laranja, e Circular-Centro e Vizinhança eram branco (as últimas 3 categorias feitas por micro-ônibus).

Essa foi a configuração inicial, adotada na virada dos anos 70 pros 80.

Os Convencionais e Alimentadores só traziam na lataria o ‘Cidade de Curitiba’ e a numeração e empresa, no início sem nome da categoria.

Os Expressos vinham com o eixo que atendiam pintado: ‘Leste’, ‘Norte’, ‘Oeste’, ‘Sul’, ‘Boqueirão‘.

“Carol, Carol, Carol”… Esse é Carolina ‘2’, da viação Cristo Rei, em foto dos anos 90. Sua publicação no sítio da prefeitura em 2014, quando ele já estava aposentado a muito, é o que originou essa postagem.

(Nota: há dois eixos na Zona Sul, por ela ser a maior de Curitiba.

Como não dava pra colocar ‘Sul-2’ inseriram ‘Boqueirão’, que na época era o bairro mais populoso de Curitiba.)

As demais linhas tinham o nome da categoria escrita na lataria: inter-bairros, Circular-Centro, etc. .

De lá pra cá muita coisa mudou, obviamente. Em 1991 surgem os Ligeirinhos, que são cinzas.

Afora isso, já tentaram mudar 3 vezes a cor dos Expressos:

Mais um Carolina ‘2’ na garagem da Cristo Rei. No detalhe os encostos almofadados, esses micros não tinham bancos.

Laranja (1987), cinza (1992) e azul (2011). Todas malograram. Eles sempre voltam a ser vermelhos.

Por quase 10 anos Convencionais e Alimentadores compartilharam o amarelo, como dito.

Em 1988 os Alimentadores herdam a cor laranja, que não deu certo implantar nos Expressos.

Por 30 anos Convencionais e Alimentadores usaram pinturas diferentes, amarelo e laranja respectivamente. 

Até que a partir de 2018 os Convencionais se tornam igualmente laranjas, voltando a ter serem pintados iguais aos Alimentadores.

Mesmo modelo na viação Luz – já no século 21, depois de deixarem esse modal, cheguei a ver um desses ônibus ainda na mesma pintura nas linhas municipais de Rio Branco do Sul, distante subúrbio da Grande Curitiba.

Na virada pros anos 90 todos os ônibus passam a ter a categoria escrita:

No ‘Inter-Bairros’ e ‘Circular-Centro’ não muda nada, já havia esse detalhe. ‘Seletivo’ (depois chamado ‘Opcional’) e Vizinhança haviam sido extintos.

Agora ‘Convencionais’ e ‘Alimentadores’ também são identificados assim.

E nos ‘vermelhões’ não há mais o nome da região, todos agora veem assinados como ‘Expresso’.

Fizemos toda essa introdução pra falar dos ônibus brancos, como o título indica.

A Cristo Rei deixou de comprar Caio. Esse é Marcopolo, na Praça 19 de Dezembro.

No início da padronização 2 categorias ficaram inteira alvas: Circular-Centro e Vizinhança, repetindo.

Em 1982 é criada a linha Zoológico, que saía do Terminal Boqueirão até o referido zoo, no vizinho Alto Boqueirão.

E o Zoológico no início também é operado por veículos brancos, no caso decorado com desenho dos bichos.

A Luz se manteve cliente da Caio.

Então temos 3 categorias de ônibus brancos em Curitiba. Não por muito tempo, entretanto.

O ‘Vizinhança’ não pegou, e deixou de existir ainda na 1ª metade da década de 80 (tanto que nem fotos deles se acha na internet).

A linha Zoológico, passado o furor inicial, passou a ser feitos por Alimentadores na cor normal da categoria (amarelo até 1988, laranja desde então).

Só restou o Circular-Centro. Até que em 1994 é criada a Linha Turismo, que também usa o branco.

Esse micro pertenceu a 3 viações, sempre na mesma linha (explico no corpo do texto).

A princípio operados por ‘carros’ de segunda mão, oriundos de outras categorias e adaptados pra nova função.

A linha ‘pegou’. Virou uma coqueluche na cidade, e com isso perto da virada do milênio passou a ser feita com veículos trazidos 0km, ainda brancos.

Em 1997 é criada a linha Inter-Hospitais, igualmente nessa mesma cor.

No “apagar das luzes” do Circular Centro ainda deu tempo de testar um ônibus elétrico. Logo a seguir a linha foi extinta, um ano e pouco após essa foto sendo mais exato.

Portanto Curitiba vota a ter 3 categorias usando o branco. Por 11 anos.

Em 2008 a Linha Turismo passa a contar com ônibus 2-andares, quando chega a nova pintura:

Bege com um arco vermelho (usada também nos veículos de somente 1 andar).

Em 2015 foi a vez da Inter-Hospitais mudar de cor. Resta o Circular Centro.

Porém em 2020 tanto o Circular-Centro quanto o Inter-Hospitais – que a 5 anos já tinha outra pintura – são extintos.

Nas próximas 8 tomadas vamos ver outras categorias que já tiveram ônibus brancos em Curitiba: de 1994 a 2008 a Linha Turismo foi assim (aqui no ponto final da Pç. Tiradentes).

Decretando, dizendo de novo, o fim dos ônibus brancos na cidade.

De todos os busões curitibanos que utilizaram a cor, a Circular-Centro foi a mais longínqua. Foram quase 40 anos, de 1981 a 2020.

Tinha 2 sentidos, horário e anti-horário. O primeiro ficou a cargo da viação Nossa Srª. da Luz, o outro da Cristo Rei.

Ambas as empresas usavam o modelo Carolina ‘1’, da Caio – aquele cuja frente era igual a do caminhão 608D o popular ‘Mercedinho’.

Pintura atual da Linha Turismo, operada por 2-andares, mas no pico os ‘carros-reservas’ de 1 andar vem dar uma força (foto no mesmo local, a Tiradentes, Marco-Zero de Ctba.).

O detalhe curioso é que o veículo não tinha bancos, apenas um encosto estofado, chamado pelos ‘piás’ de “banco de vina” (‘piá’ é ‘menino’ e ‘vina’ é ‘salsicha’ no ‘curitibês, pra quem não é daqui).

A tarifa era metade das demais linhas. Quando foi instituída a ficha de vale-transporte o Circular Centro a aceitava.

O motorista que também fazia a função de cobrador dava o troco.

Nos anos 80 o trajeto do horário e anti-horário era igual, apenas em sentidos inversos evidente.

Micro ‘Vizinhança‘ (essa rara imagem foi captada de um vídeo feito em 1982).

Na década seguinte houveram mudanças. Ambas as empresas operadoras continuaram usando Caio.

Dessa vez o modelo Carolina ‘2’ (esse não tinha o mesmo desenho do simpático caminhão ‘Mercedinho’).

Na década de 90 os trajetos foram diferenciados. O sentido horário continuou com o seu roteiro original.

Entretanto, o anti-horário foi estendido, dos dois lados.

A categoria ‘Vizinhança’ foi extinta ainda no começo da década de 80 – em 2019 foi criado um Alimentador com esse nome, preservando a herança; liga os Terminais Tatuquara e Cidade Industrial, na Zona Sul.

Passando a abranger o começo do Batel a oeste do Centro, e a leste dele a ter um ponto na Rodoferroviária e mais um no Viaduto do Capanema, atendendo portanto o começo do Cristo Rei.

Deus certo. A mudança agregou público a linha. No auge, em 2011, o Circular Centro tinha 5 ‘carros’ no sentido anti-horário, e 3 no horário. A fonte é a própria prefeitura:

“    Segundo dados da Urbs, no sentido horário o movimento mensal de usuários é de aproximadamente 11,5 mil passageiros nessa linha, nas 87 viagens diárias.

29 de março de 1982, aniversário de 289 anos de Curitiba: entra em operação a nova linha Zoológico, que então saía do Term. Boqueirão. Na época ela tinha pintura própria. Sobre fundo branco a bicharada vinha decorando a lataria do busão, ou seja, o veículo tinha que ficar fixo nessa linha.

Já no sentido anti-horário, são aproximadamente 35 mil pessoas que mensalmente utilizam os micro-ônibus que diariamente realizam 113 viagens.    ”

Depois da virada do milênio a Luz se manteve fiel a Caio, dessa vez do modelo Piccolo.

A Cristo Rei não comprou mais da montadora paulista, optando por Marcopolo e Neobus.

Os ônibus passaram a ter bancos normais, e a tarifa, embora menor que a das demais linhas, deixou de ser somente metade da aplicada nas outras categorias.

A linha Zoológico ainda existe, mas ainda há décadas é feita por Alimentadores na cor normal; a partir de 2022 o ponto final passou a ser no Terminal Sítio Cercado.

A Luz acabou soçobrando na “licitação” de 2010.

A linha foi pra Marechal (que posteriormente igualmente também foi absorvia por uma viação maior, a Glória).

O Caio Picollo de placa ALJ-8231, por exemplo, pertenceu a essas 3 viações diferentes.

Tendo ao todo 4 numerações. Foi comprado 0km pela Luz em 2003. Numerado CN010.

Pras quem não conhece como os ônibus de Curitiba são catalogados, a 1ª letra indica a viação, ‘C’ é a Luz. A 2ª letra mostra a categoria, ‘N’ é micro.

A linha Inter-Hospitais foi criada em 1997 – também de branco pra lembrar o uniforme da equipe médica; a princípio por conta da viação Luz, que utilizava micrões Caio Alfa.

Em 2010 foi incorporado a Marechal, onde a princípio usou o mesmo número CN010.

Pela mesmo dono foi renumerado AN999. ‘A’ é o código da Marechal, e os busos cujo número começa por 900 foram remanejados, de viação e/ou categoria.

Quando a Marechal veio a pique e foi assumida pela Glória, o businho virou o BN999 – vocês já pegaram o jeito, ‘A’ é a letra da Glória, atualmente a maior viação da capital.

Os Alfas tinham 3 portas; tinham também que ficar fixos na linha pela pintura própria.

Seja como for, na segunda metade da segunda década do novo século o público começou a declinar, e em 2020 a linha deixou de existir.

Já o Inter-Hospitais era operado pela extinta viação Nossa Sra. da Luz, que usava Caios Alfa e depois Neobus, sempre micrões.

A linha durou 23 anos (1997-2020). No começo fez sucesso.

Como aconteceu com o Circ. Centro, quando a Luz faliu a Marechal assumiu; operou a Inter-Hospitais a princípio com o espólio da frota da Luz, a seguir usou Marcopolos, também na decoração específica da linha.

Eram 2 ‘carros’ na linha, e como o trajeto era menor na ocasião o intervalo entre as viagens era de perto de 40 minutos.

Como o nome indica, foi criado pra ligar os principais centros de atendimento a saúde da cidade.

No entanto, a maior parte dos passageiros era saudável.

Não utilizavam a linha pra ir a hospitais, e sim pra se deslocar normalmente entre a Zona Central.

Eu mesmo cheguei a pegar o Inter-Hospitais quando era novinho em folha, pra ir do Batel ao Cristo Rei – do trabalho pra casa, sem ver o médico.

2015: com a queda no movimento a Inter-Hospitais perdeu a pintura própria, vieram os micrões amarelos da frota Convencional normal – aqui em frente ao Hospital Cajuru, que apesar do nome fica no Cristo Rei; em 2020 a linha também deixou de existir.

Na época tinha um bom movimento. Em 1999 a média era de 517 pessoas transportadas por dia.

Porém o tempo foi passando e a linha foi ficando redundante. Em 2015 foram apenas 82 passageiros diários, queda de 84%.

No meio da década de 10 do séc. 21 reduziram a Inter-Hospitais pra apenas um veículo.

Com isso fazendo com que o intervalo entre uma viagem e outra fosse de impressionantes 1 hora e 40 minutos.

Além disso deixaram de usar ônibus brancos com pintura própria (na época a Luz já havia sido extinta, a Marechal e depois a Glória assumiram, repito).

seletivo

Carolina no modal ‘Seletivo’, anos 80 – esse foi o 1º ônibus laranja de Ctba., cor que depois foi usada pelos Expressos (de 1987 ao começo dos anos 90), Alimentadores (a partir de 1988) e agora até Convencionais (desde 2018). A linha era Batel/Jardim Social  – os 2 bairros de renda mais alta da cidade – passando pelo Centro. Depois foi chamado ‘Opcional’, era pra ser um serviço executivo, como há em Florianópolis-SC, BH-MG e tantas outras cidades. Mas não pegou, e foi eliminado em pouco tempo.  Hoje em Curitiba só há uma linha executiva, a do Aeroporto.

O ‘carro’ que puxava a Inter-Hospitais passou a ser amarelo, como os outros Convencionais.

Ou seja, era mantida de uma forma praticamente simbólica.

Totalmente descaracterizada, na decoração e número de viagens diárias. Até que em 2020 acabou extinta.

Com isso acabaram os ônibus brancos na capital do Paraná, feito que durou 39 anos, enquanto o Circular Centro existiu de 1981 a 2020.

No decorrer da história a cor foi usada por 4 categorias, sendo que no começo dos anos 80 em 3 simultaneamente: Circ. Centro, Vizinhança e Zoológico.

E por quase 20 anos, de 1997 até (aprox.) 2015 por 2 ao mesmo tempo, o Circular Centro e Inter-Hospitais.

Como o Zoológico e o Inter-Hospitais (esse antes de ser extinto) a linha Jd. Social/Batel passou a ser feita por ônibus Convencionais, primeiro de tamanho normal e hoje micrões. Vemos um Monobloco ‘3’ (0-371), que a capital paranaense teve muitos; as viações Luz (eis um deles), Mercês e Água Verde dezenas cada uma; em menor escala a Marechal, Cristo Rei, Carmo e Curitiba também contaram com o modelo em suas frotas.

A ‘Zoológico’ tinha os animais do parque pintados no veículo de tamanho normal.

No Circular-Centro e Vizinhança os micros eram unicolores em alvo.

Justamente queria passar a mensagem que a linha era curta, percorria só algumas quadras.

A linha Vizinhança do Rebouças (Zona Central), por exemplo, ia do Teatro Paiol ao prédio-sede do DER (Dep. das Estradas) na Avenida Iguaçu.

Enquanto que no micrão do Inter-Hospitais o diferencial era a cruz vermelha que é o símbolo universal desse tipo de estabelecimento.

………..

Todo esse texto acima foi inserido na reformulação de 2022, que foca no fim dos ônibus brancos em Curitiba.

zebrinha-df

As próximas 7 fotos mostram Brasília, DF: em 1981 surgem as “Zebrinhas”, micros que faziam viagens curtas no Plano Piloto, pra atrair a classe média. Só se viajava sentado. Ou seja, a versão local do ‘Seletivo‘. A relação entre motoristas e passageiros era diferente, extremamente cordial. O registrado aqui é também um Carolina 1.

Com isso contamos breve história das categorias que um dia os utilizaram.

Vamos agora a mensagem original. Emendo com emeio publicado em 10 de junho de 2014.

O título é o que originalmente batizou essa mensagem:

Como diz Sêo Jorge, Caroliiiiiiiiiiiiina” (esse ainda é o endereço eletrônico dela).

Abrindo a página da prefeitura (em 2014) vi uma matéria sobre transporte coletivo.

Ao invés de postar com uma recente, botaram uma imagem de arquivo, antiga.

Que mostra um ônibus que não circula mais pois já saiu do sistema há muito. Está baixado. 

‘Zebrinha’ vermelha: numa rara foto em cores podemos ver como era a pintura que vigorou nos anos 80 (nesse caso Passat encarroçado).

E não qualquer ônibus, mas sim um micro Caio Carolina da Viação Cristo Rei.

Houveram os Carolinas ‘1’, ‘2’ e ‘3’. A Luz contou com todos na sua frota, a Cristo Rei só os 2 primeiros.

O Carolina ‘1’ começou a ser produzido no fim dos anos 70 e seguiu pelos 80.

Os que ilustram essa matéria foram clicados ainda na década de 80.

df-1981

Capital Federal, 1981. ‘Zebrinha’ (do modelo Passat), uma Brasília em Brasília, e ao fundo um Monobloco T.C.B. branco com faixa azul.

Enquanto que os posteriores Carolinas ‘2’ e ‘3’ foram fabricados nos anos 90.

zebrinha-anos 90 e 2000

Aqui e a esq.: nas décadas de 90, 2000 e começo de 10 as ‘Zebrinhas’ eram assim, ainda tinham uma única porta, pintura e nome próprios.

Abriu o baúVendo a foto desse Carol 2 Circular Centro, temos lembrança de um tempo que já se foi:

Quando a Caio batizava seus modelos com nomes de mulher. “Carolina” era o micro, dizendo mais uma vez.

“Amélia da Tânia de Saia”? E se acontecesse do modelo, viação e pintura serem nomes femininos e ‘coisas de mulher’? Pois aconteceu . . .

Quando a Cristo Rei comprava Caio, o que já não o faz há muito, muito tempo. Esse Carolina supra-citado é da última leva, depois dele só Marcopolo, Neobus, etc. .

Por fim, recordamos quando a Cristo Rei era uma empresa independente.

Já que em 2010 ela foi absorvida por um conglomerado maior.

Foto de 2009, esse é o modelo Carolina ‘3‘, que a C. Rei também teve aqui em Ctba. .

Como alias também aconteceu com a Luz, Carmo, Água Verde e Curitiba.

zebrinha-atual

Segue o texto original de 2014, na sequência atualizo. Escrevi que em 2013 as ‘Zebrinhas’ acabaram. Agora as linhas são feitas por micro-ônibus normais, com 2 portas e pintura igual ao resto da frota. Quando não há mais bancos quem entra depois vai de pé. Os ‘Seletivos’ curitibanos e as ‘Zebrinhas’ candangas surgiram quase juntos, com o mesmo propósito. No Paraná só durou uma década. No D.F. a sobrevida desse modal foi bem mais longa, superou 3 décadas. Mas afinal também acabou.

A “licitação” de 2010 foi mesmo “uma beleza”, se é que me entende.

Um dia, já distante, não foi assim. Houve um “tempo bom” em que a Cristo Rei existia como nome próprio (e não como uma sigla, ‘CCD’, como é agora), e comprava Caio, que tinha nome de mulher.

Por isso veem esse micro branco, Carol toda imaculada parecendo uma noiva, acabando de vir do Batel, entrou a esquerda na Avenida Sete de Setembro.

Está pegando essa passageira (como o veículo, também uma mulher toda de branco, tudo se alinhou) em frente ao “shopping” Curitiba e se prepara pra rumar a Rodoferrovária.

Vocês já sabem que em 2020 a linha foi extinta. Vou manter aqui o texto original, de 2014:

Como o nome indica o ‘Circular Centro’ circunda o Centrão da cidade.

Essa linha é a única de todo o sistema que é mais barata exatamente por seu curto trajeto ao redor do núcleo da urbe.

Deixemos a linguística e voltemos ao busão. Ou melhor, ao businho, pois é micro.

Na Colômbia esse tipo de veículo se chama ‘buceta’. Calma, não é nada a ver com o que você pensou.

Nesse vizinho país que visitei em 2011, ‘bus’ é ônibus. Pronuncia-se como se lê, com ‘u’, e não ‘bâs’ do inglês.

Se ‘bus’ é ônibus, ‘buseta’ – pronuncia-se ‘buceta’ – é micro-ônibus.

porto alegre-16-05-1977

Proxs. 7 fotos: Porto Alegre. Em maio de 1977 se inicia o Táxi-Lotação, a princípio com Kombis; vemos o ponto inicial no 1º dia de operação – linha pra Ipanema, Zona Sul.

Pensando bem . . . voltamos a linguística, né? Risos . . . Agora é sério: nos foquemos de volta no micro, a ‘buseta’ da foto:

Viação Cristo Rei, nome e sobre-nome e ainda por cima com CNPJ próprio, operando Caio Carolina.

Esse é do teu tempo, hein nego? Fala sério pombas!!!!!!!! Segue o baile.

……………….

Ônibus padronizados e taxi-lotação: novidades na capital gaúcha no fim da década de 70.

Nas fotos mostramos um pouco do que aconteceu com outras categorias de micro-ônibus em outras cidades que também foram implantadas no mesmo momento, o início dos anos 80 ou um pouco antes.

Abordo no decorrer da matéria Brasília, o Recife, o Rio e Santos-SP. Vamos ver o mesmo em Porto Alegre-RS.

Em 1977 começa a rodar na capital mais austral do Brasil o sistema de ‘Táxi-Lotação’.

A princípio usarm Kombis!!! A esquerda um dos pioneiros seguindo pro Jardim Ipê – atrás dois ônibus na padronização R.U./EBTU, então recém-implantada.

lotacao_antiga

Logo mudaram pra micro-ônibus, mantendo a pintura. Esse é um Marcopolo.

No México as Kombis operam até hoje (texto de 2014, como explicado muitas vezes) no transporte urbano. Andei nelas, em 2012.

Acontece que essa já é outra história. De volta a ‘Mais Leal e Valorosa Cidade Brasileira’, Porto Alegre é claro, como Dom Pedro definiu.

Acima direita, em tomada preto & branca de maio de 1977, o início desse novo modal.

taxi-lotacao1

Nas próximas 3 imagens Caio Carolina no Táxi-Lotação porto-alegrense. De lado um Carolina ‘1‘; a seguir o mesmo modelo em desenho, destaquei o ‘608-D’, nome oficial do que popularmente se chama ‘Mercedinho’.

Repare na Kombi pintada inclusive no plaquinha do ponto. Indo pra Ipanema, também Z/S.

O local exato determinado de parada muito bem sinalizado só é necessário no Centrão, no ponto inicial.

Pois o diferencial do Táxi-Lotação é justamente não ter paradas fixas.

Basta você acenar na rua, ou pedir quando já está dentro, que o motorista encosta onde você quiser.

Na República Dominicana e também no Chile, igualmente há esse modal, mas em ambos é feito com carro de passeio.

De volta a Porto Alegre, Brasil. Logo perceberam que as Kombis eram muito pequenas. Dificultavam embarque e desembarque.

taxi-lotacaoE o propósito do táxi-lotação era exatamente oferecer mais conforto que os ônibus, até porque a passagem é mais cara.

Assim, adotou-se o micro-ônibus, escolha que perdura até hoje.

Nos anos 80 essa era a pintura, herdada das Kombis: vermelha com faixa azul.

Atualmente houve ligeira modificação, azul e vermelho permanecem mas adicionados do branco.

Pintura atual do Táxi-Lotação.

E agora também se escreve a linha na lataria do veículo, como nota ao lado.

Onde o motorista posa orgulhosamente junto a porta um Marcopolo.

No entanto também houveram Caios Carolina. Vemos um pouco mais pro alto um Carol 1.

A esquerda Carol 2 – esse já havia saído do sistema, mas ainda conservava a pintura.

Valparaíso, 2012. Casa de madeira, é claro.

E na gravura de próprio punho um Táxi-Lotação Carolina 1 que igualmente serve o bairro/balneário de Ipanema.

………

Vou aproveitar a deixa e enxertar outro emeio, publicado em 8 de agosto de 2013.

Que mostra um micro Carolina brasileiro no Chile. Já desativado, entretanto.

E servindo a outro propósito bem diferente, esse é o ponto da questão.

chile

Chile, Carolina ‘2’ na ativa. Placa quase no vidro, como no Sudeste Brasileiro. Atrás um táxi-lotação, que lá é com carro de passeio.

A MORTE DE UM GIGANTE DE METAL:

VIROU VARAL –

Andava eu por uma das favelas de Valparaíso/Chile (nesse caso via Visão de Rua do ‘Google’ Mapas).

São muitas, em morro. O Chile tem enorme contraste entre suas duas capitais:

A periferia de Santiago (abreviada ‘Stgo.’, onde está o Palácio Presidencial de ‘La Moneda’) quase não tem favelas.

rj

Carolina ‘1’ no Rio de Janeiro, anos 80.  A esq. micro na brevíssima padronização carioca do século 21. Imagem rara

No litoral próximo a Stgo. está o maior porto e 2ª maior cidade chilena:

A metrópole costeira de Valparaíso (‘Valpo’)/Vinha do Mar (em ‘Valpo’ fica o Congresso).

Sua periferia, inversamente, tem muitas favelas, e são em morro.

No subúrbio, Valparaíso parece as periferias do Rio, SP, Salvador-BA, BH-MG, ou então Durbã-África do Sul.

Voltamos a busologia. Eu serpenteava (virtualmente, como explicado) pelas vias sinuosas das encostas de Valpo.

E no pátio de uma casa achei dois busões apodrecendo.

O processo está bem avançado, estão se decompondo.

Só sobrou a carcaça. Um deles já está no esqueleto, alias.

Porém ainda dá pra reconhecer que são do modelo Carolina ‘1’.

Fabricação brasileira pela Caio, exportados pra nação trans-andina.

O Chile sempre teve, e ainda tem, vários ônibus brasileiros.

Seletivo santista em 2015 (*): em 2020 o modal também acabou sendo extinto.

E igualmente várias características da busologia brasileira.

Alias atualmente (por isso me refiro ao meio da década de 10 dp séc. 21)  todos os busos de Santiago são brasileiros.

Isso entre os articulados e de tamanho normal – nos micros não todos mas boa parte (veja um Neobus operando como alimentador em Santiago).

Voltemos aos micros flagrados em Valparaíso pelo ‘Google’ Mapas.

Mais uma do micro Caio Carolina do começo do modal ‘Opcional’ do Recife na década de 80, ainda tinha o ‘Área 01’ no fundo.

Não andam mais. Agora, eles servem somente de varal.

Triste final, morte indigna pra um gigante de metal, que um dia rasgou as vielas dos muitos e muitos morros e favelas de Valparaíso/Vinha do Mar.

Nada contra os varais, é claro. Todos nós usamos roupas – e  elas precisam secar após serem lavadas.

Assim, repito, os varais são um instrumento muito útil e necessário.

A capital de PE ainda conta com ‘Opcional‘ (no letreiro). Mas agora são ônibus grandes e na pintura padronizada dos ‘Consórcios‘.

Que dói o coração de um busólogo ver um ônibus reduzido a uma apoio pra segurar uma corda, isso dói mesmo.

O micro foi fabricado nos anos 80 (ou final dos 70), e em 2012 já estava aposentado.

Entretanto, veja você, os tróleibus de Valparaíso são muito mais antigos.

Bem mais mesmo. E eles ainda não pensam em parar. Já o micro não teve a mesma sorte.

Agora está apenas servindo de estaca pra algumas calças e camisetas secarem.

Um triste final. Fazer o que, né? São as provas da vida….

Valparaíso, Chile, América, 2012. A vida continua. Tem que continuar.

CAROLINA EMTU?????

capa outra postagem: "caroliiiiiina" tabela trocada ônibus lateral uberaba minas mg piracicabana pintura emtu ex- sp paulistaSÓ FALTAVA ESSA!!

Atualização de novembro.16: acima a esquerda Carolina no interior de Minas Gerais pintado no padrão EMTU das regiões metropolitanas do estado de SP.

Esse buso nunca fez linha regular urbana intermunicipal nas metrópoles paulistas.

Foi pintado assim numa homenagem a um modal que ele não participou, apenas admirou.

Nada mais natural. Já disse antes, Energia nunca morre, apenas se transforma.

É comum uma pintura se repetir em outros modais, em outros estados (veja outro exemplo também azul, e igualmente iniciado em SP).

No entanto como é sabido, também no interior mineiro, mais especificamente em Uberaba, por um bom tempo os busos circularam de fato no padrão de pintura da EMTU (esq.), mesmo sem ser no estado de SP.

Caso flagrante de “Tabela Trocada”, tema que eu abordo com detalhes nessa outra postagem.

Deus proverá

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