Por Maurílio Mendes, “O Mensageiro”
Organizado em 24 de março de 2015.
Publicado em emeios em 2013, 2014 e mais uma foto inédita, capturada e subida pra rede em março de 15.
Eu mantive os créditos, como solicitado. Visite as fontes das fotos: Urbs, órgão da prefeitura de Curitiba; A Folha do Omnibus; Megabus Flogão; Ônibus Brasil; Blog Ponto de Ônibus; A Todo Bus Chile; Cia. de Ônibus.
Mais uma vez vou fundir 2 emeios numa mensagem e ainda adicionar uma foto, pois tratam do mesmo tema, que é o micro-ônibus Carolina. Claro que a trilha sonora é essa.
Dos anos 70 aos 90, a Caio batizava seus modelos com nome de Mulher, como todos os busólogos sabem.
Seu carro-chefe, ou melhor, seu ônibus-chefe, era o Gabriela. Veja a esquerda um Gabi da Real Alagoas em ação em Maceió, anos 80
Desenhei um deles com Papai-Noel ao volante – pois a capital de Alagoas é uma das cidades que decoram os busos no Natal.
Mas aqui o tema não é o ônibus de tamanho normal, mas o micro, chamado Carolina. Claro esse ponto, começo enfileirar os emeios e fotos onde tratei disso.
O primeiro é de 10 de junho de 2014. O título é o que batizou essa mensagem como um todo, “Como diz Sêo Jorge, . . .”
Ele surgiu porque abrindo a página da prefeitura
Vi uma matéria sobre transporte. Nem vou entrar em questões polêmicas. Quero apenas comentar da foto.
Ao invés de postar com uma recente, botaram uma imagem de arquivo, antiga.
Que mostra um ônibus que não circula mais pois já saiu do sistema há muito. Está baixado.
E não qualquer ônibus, mas sim um micro Caio Carolina da Viação Cristo Rei.
Na descrição acima eu falei da foto que está bem no topo da página, a direita, com a legenda ‘Carol, Carol . . .’ . É da virada do milênio. O veículo foi fabricado nos anos 90. É o Carolina 2.

Mafra-SC, mar.15: Carol 1 feito nos anos 80 ainda opera, como escolar. Foto de minha autoria. Um colega que foi a Cuba viu o mesmo por lá.
Os dois micros brancos logo acima são do modelo Carolina 1, mais antigo. Fabricado nos anos 80, e clicados nessa mesma década.
Essas duas fotos não constavam do emeio original, baixei da rede agora pra ilustrar melhor a mensagem.
……………
Volto agora ao emeio de junho de 14:
Abriu o baú…….
Lembrança de um tempo que já se foi:
– Quando a Caio batizava seus modelos com nomes de Mulher. “Carolina” era o micro.

Carolina no modal ‘Seletivo’, Curitiba anos 80. Era pra ser um serviço executivo, como há em Florianópolis-SC, BH-MG e tantas outras cidades. Mas não pegou, e foi eliminado ainda nos anos 80. Em postagem que detalho o transporte da cidade nessa década há a foto de um Seletivo Marcopolo. Hoje em Curitiba só há uma linha executiva, a do Aeroporto.
“Amélia da Tânia de Saia”? E se acontecesse do modelo, viação e pintura serem nomes femininos e ‘Coisas de Mulher’? Pois aconteceu . . .
– Quando a Cristo Rei comprava Caio, o que já não o faz há muito, muito tempo. Esse Carolina é da última leva, depois dele só Marcopolo, Neobus, etc.
Por fim, recordamos quando a Cristo Rei era uma empresa independente. Já que em 2010 ela foi absorvida por um conglomerado maior.
…………
(Agora veja como eram, na mesma época, os ônibus metropolitanos de Curitiba antes da padronização)
Voltemos ao micro branco. Tudo mudou, como viram.

Brasília, DF, 1980: surgem as “Zebrinnhas”, micros que faziam viagens curtas no Plano Piloto, pra atrair a classe média. Só se viajava sentado. A relação entre motoristas e passageiros era diferente, extremamente cordial. Nesse caso é também um Carolina 1.
Mas, um dia, não foi assim. Houve um “Tempo Bom” em que a Cristo Rei existia como nome próprio (e não como uma sigla, ‘CCD’, como é agora), e comprava Caio, que tinha nome de Mulher.
Por isso veem esse micro branco, Carol toda imaculada de noiva, acabando de vir do Batel, entrou a esquerda na Sete de Setembro.
Está pegando essa passageira (como o veículo, também uma Mulher toda de branco, tudo se alinhou) em frente ao Centro Comercial Curitiba e se prepara pra rumar a Rodoferrovária.
Me refiro ao que está no topo da página. O de Mafra é outro esquema, fui eu quem tirou a foto. Leia a legenda.
Voltando a falar daquele que eu puxei da rede, aquele que a Mulher está embarcando:
Pra quem não é daqui, como o nome indica o ‘Circular Centro’ circunda o Centrão da cidade.
Essa linha é a única de todo o sistema que é mais barata exatamente por seu curto trajeto ao redor do núcleo da urbe.
“Centro Comercial” é o que alguns chamam de “shopping center”.
Mas eu prefiro grafar os termos sempre na língua nativa, sempre que possível.
……….
Deixemos a linguística e voltemos ao busão. Ou melhor, ao businho, pois é micro.

Capital Federal, 1981. ‘Zebrinha’ (do modelo Passat), uma Brasília em Brasília, e ao fundo um Monobloco T.C.B. branco com faixa azul.
Na Colômbia esse tipo de veículo se chama ‘buceta’. Calma, não é nada a ver com o que você pensou.
Nesse vizinho país que visitei em 2011, ‘bus’ é ônibus. Pronuncia-se como se lê, com ‘u’, e não ‘bâs’ do inglês.
Se ‘bus’ é ônibus, ‘buseta’ – pronuncia-se ‘buceta’ – é micro-ônibus. Pensando bem . . . voltamos a linguística, né? Risos . . .
Agora é sério: nos foquemos de volta no micro, a ‘buseta’ da foto:
Viação Cristo Rei, nome e sobre-nome e ainda por cima com CNPJ próprio, operando Caio Carolina.

Nas décadas de 90, 2000 e começo de 10 as ‘Zebrinhas‘ eram assim: ainda tinham uma única porta, pintura e nome próprios.
Esse é do teu tempo, hein nego? Fala sério pombas!!!!!!!!
Segue o baile.
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Já que estamos mostrando nas fotos quando foi implantado um sistema de micros em Curitiba e Brasília, vamos ver o mesmo em Porto Alegre-RS.
Em 1977 começa a rodar na capital mais austral do Brasil o sistema de ‘Táxi-Lotação’. A princípio com Kombis!!!
A direita um dos pioneiros. Essa ia pro Cristal, na Zona Sul.
No México as Kombis operam até hoje como transporte urbano. Andei nelas, em 2012.
Mas essa já é outra história. De volta a ‘Mais Leal e Valorosa Cidade Brasileira’, Porto Alegre é claro, como Dom Pedro definiu.
Ao lado em tomada P&B de maio de 1977, o início desse novo modal.
Repare na Kombi pintada inclusive no plaquinha do ponto. Indo pra Ipanema, também Z/S.
O local exato determinado de parada muito bem sinalizado só é necessário no Centrão, no ponto inicial.
Pois o diferencial do Táxi-Lotação é justamente não ter paradas fixas.
Basta você acenar na rua, ou pedir quando já está dentro, que o motorista encosta onde você quiser.
Na República Dominicana e também no Chile, igualmente há esse modal, mas em ambos é feito com carro de passeio.
De volta a Porto Alegre, Brasil. Logo perceberam que as Kombis eram muito pequenas.
Dificultavam embarque e desembarque.
E o propósito do táxi-lotação era exatamente oferecer mais conforto que os ônibus.
Assim, adotou-se o micro-ônibus, escolha que perdura até hoje.
Nos anos 80 essa era a pintura, herdada das Kombis: vermelha com faixa azul.
Atualmente houve ligeira modificação, azul e vermelho permanecem mas adicionados do branco. E agora também se pinta a linha na lataria do veículo.

Chile, Carolina na ativa. Placa quase no vidro, como no Sudeste Brasileiro. Atrás um táxi-lotação, que lá é com carro de passeio.
Um pouco mais pro alto (onde o motorista posa orgulhosamente junto a porta) um Marcopolo.
Mas também houveram Caios Carolina.
A esquerda um Carol 1. A direita acima, um Carol 2, que já havia saído do sistema, mas ainda conservava a pintura.
E um desenho que eu fiz. ‘Maurílio’ em Porto Alegre, ao lado de um Táxi-Lotação Carolina 1 que igualmente serve o bairro/balneário de Ipanema.
……….
Vou aproveitar a deixa e enxertar outro emeio.
Que mostra um micro Carolina brasileiro no Chile. Já desativado e servindo a outro propósito, esse é o ponto da questão.
Foi publicado em 8 de agosto de 2013.
A MORTE DE UM GIGANTE DE METAL: VIROU VARAL
O texto era esse aqui:
Mais uma mensagem com base no Visão de Rua do ‘Google’ mapas, e mais uma vez do Chile, já tão retratado.
Andava eu por uma das favelas de Valparaíso.
São muitas, em morro. O Chile tem enorme contraste entre suas duas maiores metrópoles: a periferia de Santiago quase não tem favelas.
No litoral próximo a capital está o maior porto e 2ª maior cidade chilena, a metrópole costeira de Valparaíso/Vinha do Mar. Sua periferia, inversamente, tem muitas favelas, e são em morro.
No subúrbio, Valparaíso parece as quebradas do Rio, SP, Salvador, BH, ou então Durban-África do Sul.

Agora sim: Valparaíso, Chile. Filmado em 2012. Casa de madeira, é claro.
Voltamos a busologia. Eu serpenteava (via ‘Google’ Mapas, por enquanto) pelas vias sinuosas das encostas de Val.
E no pátio de uma casa vi dois busões apodrecendo. O processo está avançado, estão se decompondo, só sobrou a carcaça. Um deles já está no esqueleto, alias.
Mas ainda dá pra reconhecer que são do modelo Carolina, indústria brasileira e exportados pra nação trans-andina.
O Chile sempre teve, e ainda tem, vários ônibus brasileiros, e igualmente várias características da busologia brasileira.

De volta pra Brasília: em 2013 as ‘Zebrinhas’ acabaram. Agora as linhas são feitas por micro-ônibus normais, com 2 portas e pintura igual ao resto da frota. Quando não há mais bancos quem entra depois vai de pé. Os ‘Seletivos’ curitibanos e as ‘Zebrinhas’ candangas surgiram quase juntos, com o mesmo propósito. No Paraná só durou uma década. No D.F. a sobrevida desse modal foi bem mais longa, superou 3 décadas. Mas afinal também acabou.
Veja um Neobus operando como alimentador em Santiago, nos dias de hoje.
Alias atualmente todos os busos de Santiago são brasileiros, entre os articulados e de tamanho normal (nos micros não todos mas boa parte)
………
Voltemos aos micros flagrados em Valparaíso pelo ‘Google’ Mapas. Não andam mais. Agora, servem de varal.
Triste final, morte indigna pra um gigante de metal, que um dia rasgou as vielas dos muitos e muitos morros e favelas de Valparaíso/Vinha do Mar.
Nada contra os varais, é claro. Todos nós usamos roupas – e elas precisam secar após serem lavadas.
Assim, repito, os varais são um instrumento muito útil e necessário.
Mas que dói o coração de um busólogo ver um ônibus reduzido a uma apoio pra segurar uma corda, isso dói mesmo.
O micro foi fabricado nos anos 80, e em 2012 já estava aposentado.
Já o micro não teve a mesma sorte. Agora está apenas servindo de estaca pra algumas calças e camisetas secarem.
Entretanto, veja você, os tróleibus de Valparaíso são muito mais antigos, e não pensam em parar.
Fazer o que, né? São as provas da Vida….
Valparaíso, Chile, América, 2012. A Vida Continua.
CAROLINA EMTU????? SÓ FALTAVA MESMO ESSA!!
Atualização de novembro.16: Carolina no interior de Minas Gerais pintado no padrão EMTU das regiões metropolitanas do estado de SP.
Esse buso nunca fez linha regular urbana intermunicipal nas metrópoles paulistas. Foi pintado assim numa homenagem a um modal que ele não participou, apenas admirou.
Nada mais natural. Energia nunca morre, apenas se transforma. É comum uma pintura (veja outro exemplo também azul, e igualmente iniciado em SP) se repetir em outros modais, em outros estados.
No entanto como é sabido, também no interior mineiro, mais especificamente em Uberaba, por um bom tempo os busos circularam de fato no padrão de pintura da EMTU, mesmo sem ser no estado de SP.
Caso flagrante de “Tabela Trocada”.
Tema que eu abordo com detalhes nessa outra postagem.
“Deus proverá”