INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO“
Por Maurílio Mendes, O Mensageiro
Publicado em 19 de janeiro de 2017
Maioria das imagens baixadas da internet. Os créditos foram mantidos sempre que impressos nas mesmas. As que forem de minha autoria identifico com um asterisco (*).
Fiz uma postagem sobre os ônibus em testes. Acabo de ampliá-la com dezenas de novas fotos, com muitos busos brancos.
Também traçamos vários casos do mesmo ônibus sendo testado em diferentes partes desse imenso Brasil, confira.
E essa atual postagem também é ampliação daquela. Nosso tema de hoje é ‘Tabela Trocada’.
Pra quem não é íntimo do jargão da busologia, isso significa:
Ônibus que deveriam estar cumprindo um determinado tipo de serviço, mas estão de maneira improvisada em outro.
Vamos nos focar em busos com pintura de uma cidade operando em outra.
Seja emprestados em testes ou quando foram vendidos e o novo dono simplesmente não repintou.
Também aparecerão ônibus com ‘tabela trocada’ (‘Paese’, em SP) dentro da mesma cidade.
Em todos os casos, vamos ver sempre a ‘tabela trocada’ (o ônibus em situação excepcional, emprestado ou vendido) e a ‘tabela original’ (ele na linha/cidade corretas).
………..
Veja a legenda das fotos acima:
– Bi-articulado da viação Itajaí de Campinas-SP estreou primeiro em Porto Alegre-RS, pela Carris (placa: CUB-4651).
Na postagem sobre os busos em testes há outra foto dele no Rio Grande do Sul.
– E depois o exato mesmo veículo com seu dono definitivo, no interior paulista, a Viação Itajaí.
……….
E nas 3 fotos a seguir, até essa ao lado:
Tróleibus em Rosário, Argentina. Mas a linha vai pra Venda Nova?
É simples. Esses veículo (vide imagem acima) foram produzidos pra rodar em Belo Horizonte-MG.
Chegaram a comprar e pintar os veículos, e num pedaço da Cristiano Machado teve instalada a rede eletrificada.
Acontece que não deu certo, esses ônibus elétricos vermelhos nunca rodaram no Brasil.
Após alguns anos sem uso no depósito, foram vendidos pra Argentina.
Quebraram muitos tabus lá: foram os únicos tróleis brasileiros exportados.
E ao mesmo tempo foram os únicos ônibus brasileiros que rodaram na Argentina, incluindo elétrico e a dísel.
Pro que nos interessa aqui, os tróleis foram pro país vizinho.
Onde operaram a princípio sem serem repintados. Em alguns não trocaram sequer o letreiro.
…….
Acima e ao lado: o Sistema Estrutural Integrado (SEI) do Recife-PE agora tem linha até pro Itaum?
Obviamente não. O buso foi emprestado, antes de seguir pra Pernambuco fez testes em Joinville-SC.
A direita um articulado azul do SEI ‘em casa’, em Jaboatão, Grande Recife.
Nota: esse Viale acabou sendo vendido pra Grande Curitiba.
No entanto foi repintado antes de circular aqui, destino idêntico a dezenas de outros sanfonados recifenses. Portanto não configura ‘tabela trocada’, pois essa se refere ao improviso.
Se houve readequação a padronização da cidade-destino, a transação foi consolidada em definitivo.
Acima: também no Itaum, Joinville. Mas na lataria: “Piraquara”, e o ‘M’ do sistema metropolitano de Curitiba?
Esse já estava operando em Curitiba (direita) há um tempo e depois foi emprestado pro norte de Santa Catarina.
Um caso diferente: geralmente os busos com pintura de uma cidade operando em outra são novos. Circulam em testes emprestados zero km, antes de irem pro seu dono definitivo.
Só que nesse caso esse bichão já estava em ação no Paraná, e foi por uns dias ajudar o estado vizinho. “De Curitiba pro mundo“, mais um caso.
Agora “de Resende-RJ pro mundo”, ou mais especificamente pra São Luís.
O grupo da viação São Miguel que opera nessa cidade do interior do estado do Rio também tem filiais na capital do Maranhão.
Um dia o conglomerado “trocou a tabela”:
Acima a esquerda o buso em situação emergencial em São Luís.
A direita em sua tabela de origem, em Resende, Rio de Janeiro.
………….
UBERABA É NO ESTADO DE SÃO PAULO?
ENTÃO PORQUE LÁ TAMBÉM TEM EMTU?????
Certamente o caso mais clássico e conhecido (pelo menos no Sudeste Brasileiro) de tabela trocada são os busos da Piracicabana que circularam em Uberaba, Minas Gerais.
Ou deveríamos dizer Uberaba, Estado de São Paulo????
Como é sabido, perto da virada do milênio o governo de SP padronizou em azul os ônibus metropolitanos da Capital, Santos e Campinas.
Agora isso avança pelo estado, e abrange também Sorocaba, Vale do Paraíba, e quem sabe outras partes.
Pois bem. Isso não é tabela trocada, porque é a pintura oficial dessas cidades.
É um “ataque dos clones”, tema de matéria que levanto pro ar em breve:
Quando várias cidades têm a mesma pintura, mas isso não é improviso, e sim uma decisão deliberada.
Mas Uberaba obviamente não pertence a São Paulo, e portanto não faz parte da padronização EMTU.
A questão é que a Viação Piracicabana (grupo Constantino/Gol), que domina a Baixada Santista, também tem uma filial no Triângulo Mineiro.
E ela leva seus carros usados pra Minas Gerais, botando pra rodar sem se dar ao trabalho de repintar.
Ou ao menos fez isso por um bom tempo num passado recente. Assim é tabela trocada, pois se configura improviso.
(Nota: flagramos na internet um micro Carolina também no interior mineiro, e igualmente com o “padrão” EMTU.
Esse não circula mais, é uma homenagem, “Energia nunca morre“, e não transporte urbano regular.)
Não pense você que são só os ‘carros’ de tamanho normal que a Piracicabana leva pra Minas com a pintura de São Paulo.
E nem que a padronização EMTU é a única que tem o ‘privilégio’.
A direita: micro rodando em Uberaba. Mas…. com a pintura do sistema municipal de Praia Grande, na Baixada Santista.
Vejamos agora então um desses micrinhos ‘em casa’:
Praia Grande, São Paulo. Comprovamos a esquerda.
……………
A história do transporte coletivo na maior cidade do interior paulista é bastante tumultuada.
Greves, locautes, embates de empresários contra perueiros, de empresários contra a prefeitura, de perueiros contra a prefeitura, o cardápio é extenso.
Em 1989, houve um dos capítulos mais significativos desse conflito.
Várias empresas decretaram locaute, que é a greve de patrão.
Se recusaram a pôr os ônibus pra circular, e pra não terem que fazê-lo judicialmente retiraram a frota da cidade na calada da noite.
Um dia a situação ficou tão crítica que Campinas pediu arrego.
A prefeitura da capital mandou 100 monoblocos da CMTC pra ajudar.
Acima a direita o comboio na Anhangüera.
E a esquerda, já em Campinas, o secretário dessa cidade faz a vistoria, pra pôr a frota pra rodar.
O governo do estado também mandou mais 100 busões.
Na ocasião a EMTU tinha frota própria, pois era operadora, e não somente fiscalizadora como hoje.
Na mesma época (1989) uma das mais tradicionais viações campineiras, a CCTC, deixou o sistema.
A Companhia Campineira de Transporte Coletivo, apesar do nome parecido com a CMTC e CSTC, não era estatal, ao contrário das outras duas.
Ao contrário, a CCTC pertencia a Viação Cometa, que também teve um dia viações urbanas em SP Capital e Ribeirão Preto, no interior do mesmo estado. Agora nos foquemos na foto acima.
É a garagem da VCG (Viação Campos Gerais) em Campinas.
Os busos das duas pontas vieram do espólio da CCTC. No meio, inteiro de amarelo, um buso com a pintura de Curitiba.
Adiciono a gravura desse mesmo veículo. E a esquerda operando em Curitiba, na Praça Rui Barbosa de saída pra Zona Leste.
Digo, eu não sei se é exatamente o mesmo carro, mas é um do mesmo lote.
Uma retificação ao desenho a direita: esse ônibus que foi pra Campinas não tinha 3 portas, somente 2.
E provavelmente não era motor traseiro mas dianteiro, como o que está a esquerda.
Justifico: não houveram Nimbus Haragano 3 portas em Curitiba.
Pois esse modelo é do fim dos anos 70, e a terceira porta só foi introduzida aqui em 1986 (com exceção dos primeiros Expressos da Zona Oeste, que de qualquer forma são do ano de 1980).
Os Nimbus Haragano circularam na capital do Paraná em duas configurações:
Expressos vermelhos, motor traseiro, 2 portas, a de saída no meio; e Convencionais amarelos, motor dianteiro, também 2 portas, a de saída no fundo.
Oras, vemos claramente na foto que ônibus ex-Curitiba tem porta nos fundos. Portanto foi um Convencional na origem (e não um ex-Expresso repassado pra Convencional).
Assim era motor dianteiro, igual ao amarelo visto na Rui Barbosa na foto acima a esquerda, isso se não for exatamente esse.
………
E como esse curitibano foi parar em Campinas?
Como dizíamos acima, o fim dos anos 80 foi complicado nessa cidade paulista. Com a saída da CCTC, a coisa complicou de vez.
Assim a Viação Campos Gerais, de Ponta Grossa-PR, foi convidada a assumir algumas linhas.
Veja que os 2 busos das pontas ainda estão na pintura da CCTC, que se recusara a adotar a padronização EBTU (branco, com uma faixa indicando a região da linha).
Acontece que a Campos Gerais é dos Gullin.
Grupo que também controlam várias viações na Grande Curitiba, inclusive a finada Marechal que forneceu esse ônibus amarelo pra Campinas.
E sequer repintaram, configurando mais uma ‘tabela trocada’.
Continuamos com a conexão SP Capital/Curitiba/Campinas.
Acima a direita (vide legenda) vimos articulado Interbairros de Curitiba em testes na maior metrópole do interior do estado de São Paulo, numerado 2999.
Do interior pra capital, o resto é igual:
Acima a esquerda um articulado da S. Brígida com o verde dos Interbairros de Curitiba vai pra Perus, Z/N de Sampa.
A direita um outro sanfonado Interbairros, também Marcopolo, circulando aqui em Curitiba, esse na tabela correta.
Acima e ao lado:
CMTC’s verde e amarelo, que deveriam ter sido Interbairros e Convencionais aqui em Curitiba.
Não é modo de falar. Está tudo documentado:
Em 1987, a prefeitura curitibana lanço licitação pra adquirir 55 ônibus padrão (alongados, 3 portas, etc.)
A Mafersa ganhou a concorrência e produziu o material nas condições requeridas.
A questão é que a prefeitura de Curitiba cancelou a compra, não sei porque motivo.
Assim vários foram pra CMTC, que botou pra rodar sem repintar, e outros pra Vitória-ES.
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Agora a conexão é só SP Capital/Campinas.
A esquerda acima um Amélia na primeira padronização de pintura campineira:
Ônibus branco, com uma faixa colorida indicando pra que parte da cidade ele vai.
Agora segura essa bomba:
A direita um Amélia na mesma pintura.
Só que circulando na Zona Leste da Capital.
Dá pra ver que veio usado de Campinas, apagaram o logotipo e numeração.
Ainda assim não repintaram pro padrão ‘Saia-&-Blusa’ paulistano então vigente. Improviso. Tabela trocada.
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Já que estamos aqui na Capital Paulista, vamos ver uma ‘tabela trocada dentro do mesmo município.
Em 2003 foi implantado o padrão ‘Inter-Ligado’, que vigora até hoje (texto atualizado em 22).
A cidade foi dividida em 8 faixas, os busos têm a cor da região.
A faixa 2 é de cor azul escura, e fica na Zona Norte.
O consórcio responsável pelas linhas é a Sambaíba, a mesma que tem muita força em Campinas e região.
A esquerda um exemplo, a linha tem o ponto final na Estação do Metrô Santana.
Prefixo 2, cor azul, Sambaíba, Z/N. Tabela normal.
A faixa 7 é roxa (ou violeta se preferir, ou ‘vinho’ como as mulheres diriam), e fica na Zona Sul.
A região do Capão Redondo, Jd. Ângela e entorno.
As linhas são do Consórcio 7, do Grupo Ruas, aquele que detêm perto de 60% da frota paulistana.
Não é pouco, o total são 14 mil veículos portanto só as empresas de ônibus do Ruas têm perto de 8 mil veículos.
Suas viações são concentradas nas Zonas Sul e Leste, as mais populosas.
O grupo Ruas também é desde os anos 90 dono da Caio.
A montadora faliu, e só não fechou porque foi comprada por esse conglomerado.
Logo 100% de sua frota é dessa encarroçadora, pois o conglomerado compra dele mesmo, e nem teria como ser diferente.
Assim a Caio tem garantido pra si um enorme mercado, o maior do país disparado.
As viações que não são do grupo Ruas compram ônibus de outras marcas sim.
Porém pela enorme presença dessa montadora na Grande SP, mesmo as demais viações adquirem majoritariamente da marca Caio.
Que dessa forma deve ter quase 90% do mercado na região metropolitana da capital paulista.
Seja como for, vejamos na foto a esquerda um pouco mais pro alto (busque pela legenda) mais um caso de tabela trocada:
Outro Apache da Sambaíba, e por isso com o azul da Zona Norte.
Só que está emprestado pro Consórcio 7, e daí a numeração que começa com 7.
Indo pro Terminal Santo Amaro, Zona Sul (o maior da cidade, inaugurado em 1985).
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A seguir (com a legenda “Branco, faixa verde: pintura de SP Capital”): também indo pro Terminal Santo Amaro e também Caio.
Um articulado Alfa, na pintura ‘Municipalizado’ dos anos 90.
Os veículos maiores (articulados e tipo ‘padrão’ alongados‘) usavam faixa verde, os pitocos faixa vermelha.
Pois bem. Em 1996, um articulado paulistano (branco, faixa verde) Volvo/Marcopolo foi testado em alguns lugares do Brasil antes de ficar em definitivo em SP.
Vimos duas cenas do busão em Itajaí, Santa Catarina.
E em preto-&-branco o mesmo veículo em Bauru, São Paulo.
Cumprindo a linha Octávio Rasi, que pelo visto é a ‘piloteira,’ a escolhida pra testar os carros novos que ainda não foram adquiridos em definitivo.
Outro detalhe: ainda pela ECCB, a famosa Empresa Circular Cidade de Bauru, que deixou muitas saudades.
Paciência. Tudo muda, e a ECCB se foi. Em seu lugar entraram outras viações como a Cidade Sem Limites e a Grande Bauru.
A direita acima vemos um Marcopolo da Grande Bauru, numa padronização de pintura da cidade.
E depois: um buso ex-Bauru agora em Cuiabá, da Integração Transportes.
Alias a capital do MT é famosa por absorver ônibus usados do Brasil inteiro e pôr pra circular sem repintar.
A campeã nacional da ‘Tabela Trocada’, sem sombra de dúvidas.
Quando estive no Mato Grosso, no já distante ano de 2006, isso foi o que mais me chamou a atenção.
Vamos a mais exemplos, que são bastante abundantes.
A direita: Apache da Sol em Cuiabá. Ainda na padronização de São José dos Campos, importante cidade do Interior Paulista.
Já a esquerda, o exato mesmo veículo na ‘tabela normal’, com seu antigo dono no interior paulista.
(Nota: alias vemos no buso atrás desse que em SJC pelo menos até 2010 ainda se usava escrever ‘Cidade’ quando a linha retorna ao Centro.
Décadas atrás foi assim também em SP Capital, Campinas, Rio, e quem sabe outras cidades, mas não mais a muito. Em SJC o costume adentrou o século 21.)
……..
Tou só me aquecendo. De branco e faixa azul, mais um Apache circulando em Cuiabá, pela Viação Sol. Agora com a pintura de Santos.
Mato a cobra e mostro o pau. Vemos acima o exato mesmo Apache.
Clicado anteriormente numa belíssima tomada na orla dessa importante cidade portuária paulista, e de brinde ainda ao pôr-do-sol (ou talvez um nascer-do-sol).
A conexão Santos/Cuiabá apenas se inicia. A direita: da mesma Viação Sol, outro Apache em Cuiabá.
Usando a decoração visual santista. Como comprovado a esquerda, um desses bichões com a ‘tabela normal’ no Litoral Paulista.
Conseguimos o flagra do exato mesmo carro nas duas cidades.
Em Santos (esq.) tinha letreiro eletrônico. Em Cuiabá (dir.) esse acessório acabou retirado.
Parece alias que colaram a linha no letreiro, aí o busão tem que ficar fixo nela
(Como por décadas era a realidade em Belém-PA e B. Horizonte-MG aqui no Brasil.
E em toda América Hispânica: Argentina, Paraguai, Colômbia, Chile, Rep. Dominicana, etc.).
Pensa que é só Uberaba que tem EMTU sem pertencer ao estado de São Paulo? Pensa?
Então filma a direita mais um da Viação Sol cuiabana.
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Ao lado: Tribus amarelo da Zona Leste de Sampa faz ‘Paese‘ (Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência).
Que é exatamente o jargão técnico paulistano pra ‘tabela trocada‘.
Deveria estar numa linha, mas em situação emergencial está em outra.
Como ele não faz esse roteiro normalmente, na época da lona a linha não constava no letreiro.
E por falar nisso voltamos pro interior paulista, a esquerda.
Neobus da Viação Itajaí de Campinas. Número de teste tradicional, 2999.
Com a pintura dos metropolitanos de Belo Horizonte.
Exemplificado a direita: um Mascarello na Grande B.H. .
Abaixo Marcopolo municipal de Belô, também laranja e amarelo.
Na capital de Minas, como em Curitiba, no SEI de Recife e muitas outras cidades, a cor do ônibus não indica pra onde ele vai.
E sim a categoria da linha: expresso, alimentador, diametral, circular, radial, inter-bairros, etc.
Não sei qual a categoria dos ônibus laranjas, sei que cada cor é uma categoria.
O buso é laranja. Mas a placa do itinerário é azul.
Logo, o buso é de uma categoria, mas está cumprindo linha de outra.
Mais duas ‘tabelas trocadas’ municipais. Exemplos aqui de Curitiba.
A direita articulado laranja da Frota Pública da Urbs. Pela cor deveria fazer linhas do Expresso.
Por um tempo os Expressos foram laranjas, depois voltaram ao vermelho, pra quem não sabe.
No entanto está fazendo linha de Interbairros, note a placa de itinerário verde atrás da porta.
Ao menos o letreiro está correto, ou seja, a lona estava preparada pra isso, a lataria é que não.
O ônibus que o ultrapassa, esse sim, está adequado a linhas de Interbairros inclusive na cor.
A esquerda um Viale ex-Carmo (foto de 2014, portanto já absorvida oficialmente pela São José dos Pinhais).
Também laranja, deveria fazer linhas alimentadoras da Zona Sul, mas puxa linha Convencional (letreiro amarelo) da Zona Oeste.
Tabela trocada dupla! Na categoria e região da cidade.
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Voltando a falar do Apache amarelo de SP, está escrito ‘Reservado’ no local apropriado.
E você tem que saber a linha por uma placa improvisada no para-brisas.
Cara, beleza. Na época da lona era totalmente normal. Agora filma o articulado bege (“quase branco”, especifiquei na legenda) um pouco mais pro alto na matéria.
No mesmo Terminal Guadalupe (Centrão de Curitiba) falado na foto acima a direita:
Vai partir pra Pinhais (na Zona Leste metropolitana).
A questão é que você tem que saber isso por uma placa no vidro.
Já que onde deveria vir a linha está grafado ‘Fora de Operação’. Detalhe…. o letreiro é eletrônico.
Não bastava simplesmente digitar a linha num teclado, como eu faço pra produzir esse texto?
Improviso na lona, vá lá, eu entendo. Agora, esse improviso no letreiro digital….
Sinceramente não pude compreender. Está registrado, cada um chegue a suas próprias conclusões.
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Direita acima, aquele ônibus vermelho que só aparece parte da lateral:
Belo Horizonte, novembro de 2012. Por falar em improviso, né?
Em Belô, e em Belém, por muitos anos a linha veio pintada na lateral ou adesivada no letreiro do veículo.
Portanto o ‘carro’ tem que ficar fixo nela, não dá pra mudar. Esse é o padrão em quase toda América Latina, ou era antes do letreiro eletrônico e das ondas de modernização.
No Brasil porém não era assim, exceto nas capitais do Pará e de Minas. Nelas, enfatizando de novo, o carro ficava fixo na linha.
O entrave é: e se precisasse mudar? Mete uma fita-crepe por cima da linha antiga e já era, como flagrei em B.H., em 2012.
Improviso? Tabela Trocada. Quem disse que não troca???
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Já que o tema é América Latina, emendamos essa (você já viu as fotos um pouco pra cima, busque pelas legendas):
Santo Domingo (Rep. Dominicana, Caribe), e Assunção (Paraguai), ambos no ano de 2013:
Busos cumprem linhas locais.
Foram importados usados do Brasil, e sequer mexeram nos letreiros laterais que informam quais linhas eles cumpriam no Grande Rio:
Respectivamente, como observado: “734- Madureira/Rio das Pedras” (municipal carioca) no Caribe, e “Piratininga” (Niterói) no Paraguai.
Direita: articulado Mega Neobus (aquele redondão que é a “re-encarnação do espírito” Monobloco) sai do T5, em Manaus – prefixo em cor diferente porque é ‘Costa Norte Brasileira‘.
Antes de seguir pro Amazonas, essa safra fez testes em Salvador. Confira os bichões na Boa Terra, mas já na decoração manauara, com o ‘M’ de Manaus e tudo.
Pra fechar, vamos ver mais algumas viações que operam na Grande Curitiba fazendo ‘tabela trocada’ no interior/litoral do Paraná e Santa Catarina.
Esquerda: pintura municipal de Campo Largo, subúrbio que fica na Zona Oeste da capital do Paraná.
A viação é a Piedade, que pertence ao grupo Campo Largo.
Pois bem. Paraná e Santa Catarina compartilham 2 cidades-gêmeas, Rio-Mafra e ‘Porto União da Vitória‘.
Cada cidade-gêmea é composta por uma mesma cidade que se espraia por dois municípios, um em cada estado. Politicamente, estão separados.
Na prática formam uma e a mesma cidade em todos os outros aspectos: cultural, econômico, urbanístico, etc.
Ou seja, Rio Negro-PR e Mafra-SC formam uma única urbe, que é Rio-Mafra.
Porto União-SC e União da Vitória-PR são uma e a mesma cidade, Porto União da Vitória.
No passado, em ambos os casos não havia divisão, sequer na esfera política.
As cisões são herança da ‘Guerra do Contestado‘ (1912-1916).
Pro que nos interessa aqui, a Campo Largo comprou as viações locais das duas cidades gêmeas.
Tanto ‘Rio-Mafra’ quanto ‘Porto União da Vitória’.
A divisa PR/SC agora é dela, inconteste. O que a guerra separou, o grupo Campo Largo voltou a unir, segundo alguns.
Os busos vão usados da região metropolitana da capital.
E não são repintados pra operar no interior, como notam.
Nas 3 fotos acima já vimos os ex-Gde. Curitiba (pintura municipal de C. Largo).
Dos dois lados da divisa em ‘Porto União da Vitória‘ e também em ‘Rio-Mafra‘.
Duas tomadas em Rio-Mafra. Primeiro vemos um Viale (“março de 2015” na legenda).
Mais um ex-Campo Largo, ainda na pintura original (esse tenho certeza que foi fotografado em Mafra).
Mano, não apenas não re-pintaram. Não se deram o trabalho sequer de re-emplacar o veículo.
Eu tirei uma foto bem de perto, onde se lia na chapa “PR-Campo Largo”, infelizmente acabei apagando sem publicar pois o espaço é limitado.
(No entanto posteriormente puxei da internet uma foto que mostra um busão circulando na Grande Blumenau-SC com chapas de Campo Largo.)
E inteiro em amarelo também em Rio-Mafra um da mesma viação, dessa vez no padrão unicolor de Curitiba.
(Duas notas: 1-Até 2015 [quando foi feita a matéria sobre Mafra] diversas empresas metropolitanas de Curitiba usavam a mesma pintura do sistema municipal.
Mesmo após a separação da parte financeira várias linhas metropolitanas ainda usam as cores da capital.
A linha metropolitana mesmo Ctba/Campo Largo ainda é feita por ônibus amarelos [texto de 2017], e é exatamente por isso que vemos esse na divisa PR/SC.
E 2- Sinceramente, não lembro se tirei a foto acima a esquerda em Rio Negro ou se foi em Mafra.)
Não faz qualquer diferença, a maioria senão todas as linhas são inter-municipais, e portanto inter-estaduais.
Natural, pois, repetindo, Rio Negro e Mafra são uma e a mesma cidade, embora sejam 2 municípios distintos, um em cada estado.
Portanto o ônibus lá tem que ser ao mesmo tempo urbano e inter-estadual, assim como Foz do Iguaçu tem linha urbana e inter-nacional.
……….
Como foi bem ilustrado e explicado na matéria sobre os Ônibus Metropolitanos de Curitiba, 1992-Presente:
No começo dos anos 90 os busos inter-municipais da Grande Curitiba deixaram de ter pintura livre.
Foram padronizados em uni-color: a cidade foi dividida em várias faixas, cada uma com uma cor.
Assim pela cor você já saberia pra qual município suburbano vai aquela linha.
Umas poucas linhas deveriam ser beges, excepcionalmente. Só que a exceção virou a regra.
Só a Viação São José dos Pinhais se manteve no esquema original e ainda é vermelha.
Todas as demais, incluso as outras empresas que também vão pra S. J. dos Pinhais, padronizaram toda sua frota em bege.
Que portanto é a cor arquétipa de ônibus metropolitano em Curitiba. Isto posto, vamos lá. Abaixo a tabela correta:
Pintura bege padronizada metropolitana de Curitiba, viação Graciosa em linha da Gde. Curitiba.
A Graciosa também atua no Litoral do Estado. E lá continua pintura livre.
Veja logo a seguir a esquerda esse Apache que liga Paranaguá a outras cidades costeiras.
Essa, por sua vez, é a tabela normal, branco e verde (cores e desenhos escolhidos pela empresa) perto do oceano.
Na maior parte do ano, fora da temporada, geralmente funciona assim mesmo.
Acontece que, como todos sabem, no auge do verão quando o calor está no pico o Litoral bomba de gente.
Aí o que acontece: a Graciosa desce parte da frota, pra ajudar por lá. E esses ‘carros’ extras trocam de tabela.
Abaixo, Busscar da Graciosa vai pro balneário de Guaratuba.
Entretanto, bege padronizado e com o ‘M’ do sistema metropolitano da capital. Mais: escrito ‘São José dos Pinhais’ na lata.
Outro caso similar. A viação Reunidas tem sede em Santa Catarina.
Ainda assim, ela opera também na Grande Curitiba.
Sua área de atuação é formada por alguns municípios bem distantes que ainda começam a se metropolizar de forma efetiva.
Pois estão numa situação intermediária, ainda são uma transição entre interior e subúrbio de metrópole.
Seja como for, observe a esquerda (onde aparece o terminal ao fundo) a tabela correta desse modal:
Marcopolo da Reunidas na Grande Curitiba. Bege, e com o ‘M’ de metropolitano.
Como dito vemos o Terminal Fazenda Rio Grande, mas os busos da Reunidas não integram, só passam em frente mesmo.
No entanto, a Reunidas também opera linhas suburbanas (pega estrada, mas é buso com catraca e 2 ou 3 portas) no interior do Paraná e Santa Catarina.
E nesses casos não existe padronização de pintura.
A direita um Marcopolo com pintura livre branco com detalhes em azul e vermelho, e o ‘Reunidas’ enorme.
Essa é portanto a tabela correta pras linhas do interior.
Agora ao lado a ‘Tabela Trocada’. A linha é Três Barras/Canoinhas (cidades vizinhas em SC).
Só que o buso é bege e tem a palavra ‘metropolitano’ e sua inicial ‘M’ grafados, padrão da Grande Curitiba.
O número de veículo também começa com o prefixo ’30’.
Regra estabelecida pela Comec (órgão estatal paranaense que regula o transporte metropolitano).
Apenas pra se adequar a cultura local a entrada foi invertida pra trás, além disso adicionaram um adesivo com o logotipo da Reunidas, configuração e detalhe inexistentes na Grande Curitiba.
……….
Aqui se encerra a matéria. Vamos aproveitar o embalo e pôr as ligações pras outras matérias que também foram atualizadas recentemente com várias fotos.
Gostou da Kombi Pé-Grande, com um gancho na frente?
E se tudo fosse pouco hiper-alongada com 16 janelas.
É trans-gênica, claro. Além dessa adicionei várias outras Kombis.
3 na verdade (uma trucada, ou seja, Tribus), e outras 2 com reboque – que é outra Kombi cortada.
Pra não falar de um inusitado ‘Pé-Grande Casa-Móvel’
(“Pé-Grande” é o que viram acima, rodas de trator em veículos de passeio, e “Casa-Móvel” é o que chamam em inglês de “Motor-Home”, eu traduzo tudo pro português.)
E essa jardineira na Linha Turismo? Atualizei a essa matéria contando ilustradamente a história de toda a frota que já operou e opera na Linha Turismo:
Jardineiras, ônibus 1-andar adaptado, ônibus 1-andar feito especialmente pra esse fim, e 2-andares.
Portanto desde as linhas que a precederam e geraram: Pro-Parque e Volta ao Mundo.
Deus proverá