INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO“
Por Maurílio Mendes, O Mensageiro
Publicado em 13 de agosto de 2015.
Composto da maior parte de material inédito, porém acrescido de algumas mensagens publicadas (via ‘e-meios’) de 2014.
Maioria das imagens puxadas da rede, créditos foram mantidos sempre que estavam impressos. As imagens que forem de minha autoria identifico com um asterisco ‘(*)’.
Segue a série sobre a Transgenia Automotiva. Começamos por um emeio de 14 de novembro de 2014:
Alexandria não abriga mais a tempos a famosa biblioteca que a consagrou.
Em compensação, ainda tem um sistema de bondes operando.
O que não deixa de ser uma lembrança do passado. Isso eu já sabia.
O que descobri agora, e compartilho com vocês seguindo nossa série que retrata o transporte coletivo pelo globo, é a existência desse curioso veículo:
Um bonde dois andares, certamente herança da colonização inglesa no Egito. Só faltava essa . . .
TRILHO? ASFALTO?
PRO BUSO-TREM, TANTO FAZ …
Em 1995, surgiu na cidade-gêmea ‘Porto União da Vitória’ (Porto União-SC/União da Vitória/PR) o Bis-Bus. Um veículo rodo-ferroviário.
Ônibus normal, que anda nas ruas, com pneus. Só que com algo mais.
Ao se posicionar sobre um trilho de trem, o motorista aciona uma alavanca e’, ‘voilá’:
O negócio se transforma numa litorina (um mini-trem, em que o único vagão é também a locomotiva).
Assim ele podia utilizar a ferrovia da (então) RFFSA, que corta a cidade-gêmea, e que só é usado por trens uma vez ao dia.
Veja ele nas ruas ao lado, e abaixo nas ferrovias. Na foto acima visto de dentro, propriamente identificado pela plaquinha da finada Busscar.
(Aquela mesmo, que voltou em 2018, mas só no modal rodoviário).
No começo o bichão teve placas azuis, pelo seu caráter peculiar.
Só que temos que relatar que o projeto não teve continuidade.
Veja um pouco mais pra baixo o que sobrou do Bis-Bus.
O bichão está em estado ainda mais avançado de decomposição.
E o autor informa que o motor dele foi retirado e colocado numa draga.
Assim constatamos que o revolucionário Bis-Bus virou …uma droga:
Se decompondo no mato, sendo “devolvido a natureza”…
Pois infelizmente o trabalho desses pioneiros não foi compreendido.
Alias como frequentemente acontece na humanidade.
Assim só foi feito mesmo esse único exemplar experimental. Não houve continuidade no projeto.
Nem nessa e muito menos em outras cidades. Uma pena.
Pois há centenas ou mesmo milhares de cidades mundo afora que tem trilhos de trem sub-utilizados ou mesmo abandonados.
Algumas delas se reinventam com VLT’s ou trens de subúrbio.
Entretanto, em muitos caso o transporte ferroviário foi abandonado por completo.
Em Porto União/União da Vitória não teve jeito. O Bis-Bus foi abandonado e hoje apodrece num terreno baldio.
“TREM-BUS”:
O ‘PAI’ DO VLT CEARENSE –
O Ceará também teve um híbrido entre ônibus e trem (tomada logo abaixo).
Atenção: note que o Bis-Bus mostrado ao lado e acima é bi-modal, andava tanto no asfalto quanto nos trilhos.
Esse é diferente, é apenas uma carroceria do modelo Amélia (doada pela viação São Benedito) que foi -re-ecarroçada sobre um vagão ferroviário. Ou seja, um trem com cobertura de ônibus, e não um ônibus-trem.
Além disso, ele não atuou no transporte urbano da Grande Fortaleza.
Realizou pequenas viagens esporádicas, a maioria pro interior do Ceará e uma pro vizinho Piauí.
Seja como for, é um projeto interessante, por isso conhecido carinhosamente como “o pai do VLT” que hoje existe na cidade.
TERRA? ÁGUA? DÁ NO MESMO:
CONHEÇA O ANFÍBIO VERDE-AMARELO –
Uma vez que o tema é bi-modalidade, vamos relembrar.
Já falamos sobre o ônibus-barco que há na Holanda. Então se prepare pro que vem aí.
Vamos dar uma volta pela Zona Sul do Rio? O ponto de partida é a Urca.
Ao pé do Pão-de-Açúcar e seu bondinho mundialmente famoso – na tomada ao lado ele está exatamente ali.
Até aqui nada diferente de tantas e tantas opções de giros turísticos que há por lá.
Nessa que é uma das cidades que mais recebe turistas no mundo.
A novidade vem agora: a 1ª metade do passeio é por terra.
A segunda parte é pelas águas da Baía da Guanabara.
E não é preciso fazer baldeação entre os modais.
Pois trata-se do buso-barco brasileiro, um veículo anfíbio bi-modal. Como seus colegas dos Países Baixos.
O transporte carioca tem muitos modais, desde o clássico bonde de Santa Teresa (em operação desde 1896) até as barcas pra Niterói.
Passando pelo VLT, metrô, trem de subúrbio e, claro, os ônibus a dísel, tanto BRT quanto convencionais.
O buso-barco, ainda assim, se destaca por ser bastante inusitado.
Na verdade notamos que há dois modelos diferentes em ação no Rio.
Acima e ao lado um deles, na sequência horizontal abaixo vemos ambos.
Então vamos a mais algumas fotos dos ônibus anfíbios em ação na Cidade Maravilhosa.
GABRIELA ‘PITOCO’ COM 4 PORTAS?
ESSA VEIO DIRETO DO CHILE
(atualização de agosto/16) –
Muitas cidades até hoje não adotaram a 3ª porta, os busos ainda têm somente 2.
Quando o Gabriela era fabricado (fim dos anos 70/começo dos 80) era dificílimo 3ª porta.
99% dos Gabrielas (não-articulados) são de duas portas.
Nessa matéria sobre ônibus elétricos estão mostrados Gabrielas Tróleibus de Araraquara-SP 3 portas, o que já é raro.
E o que dizer de Gabriela pitoco (não-articulado) de 4 portas???? Sim, eu disse 4 portas!!! Pois no Chile existiu….É um Scania, claro.
Agora segura essa cena a esquerda: Brasília-DF, 1967. Frota de Papa-Filas na Rodoviária do Plano Piloto.
O da frente vai pra Taguatinga via Núcleo Bandeirante (Ceilândia sequer existia).
Um atrás segue por Gama Via Eixo. Carretas com cavalo FNM. Todos os motoristas usam gravata, bons tempos.
Nessa outra postagem, mais fotos dos Papa-Filas candangos, incluso uma raríssima colorida.
FENEMÊ-ESTÚDIO FOTOGRÁFICO E BI-ARTICULADO VOADOR FACHADA DE MUSEU
(atualização de outubro/16) –
Acima em preto-&-branco vimos um ‘Fenemezão’ velho de guerra funcionando até como ‘avô’ do ônibus articulado em Brasília.
O F.N.M. é o caminhão-semente brasileiro. Quem iniciou a arte de puxar carga nas nossas rodovias.
É a sigla da ‘Fábrica Nacional de Motores’, mas como todos sabem conhecido popularmente por ‘Fenemê’.
Pois bem. Graças a essa transgenia presente num posto em Registro-SP, qualquer um pode saber como é dirigir uma dessas máquinas.
Ao menos de mentirinha: nessa transgenia, a frente de um FNM é um cenário, como se fosse num estúdio de cinema.
Acima, o rosto do que que um dia foi um caminhão, pela frente e por trás.
Por onde você pode subir e alguém tira uma foto sua pelo para-brisas (inexistente, alias) na boleia do bichão. E ao lado a placa que há no local.
Logo abaixo há um articulado Volvo Marcopolo que virou discoteca.
Vejam agora a frente de um de mesmo modelo se revoltou, quis ser avião e saiu do local onde foi produzido voando, arrebentando a parede do barracão.
Trata-se da fachada do Museu de Segurança no Transporte.
Que fica no mesmo terreno da fábrica da Volvo, no bairro Cidade Indsustrial, Zona Oeste de Curitiba.
…………
Volta o texto original. Eis um buso-discoteca: Bi-articulado ex-Curitiba (dir. abaixo). Agora com um uso inusitado no interior de Minas Gerais. Alias pelo visto isso é comum por lá.
Não é o primeiro que sai daqui e em MG é adaptado do transporte de massas pro lazer da moçada.
Sem vidros, como o outro, que virou ‘trem-bala’. Já esse aqui está na ‘Batida do Pancadão’.
…………
Em Acapulco, famoso balneário do México, existe o mundialmente famoso ‘disco-bus’.
É um caso diferente, são jardineiras que ainda operam no transporte urbano regular.
Mas que são decorados ao extremo, tem sistema de luzes e som, telões. Discotecas ambulantes.
Que ainda puxam linhas urbanas normais, dizendo de novo.
Andei neles em 2012. Levantei o texto pra página, fique ligado.
………
Esquerda, acima: mais um ‘Jipe-nei‘. Esse é brasileiro. em Caruaru-PE.
Transgenia interessantíssima, misto de jipe e ônibus.
Um modal de transporte asiático por excelência.
E que aqui na América existe no Sertão da Paraíba e Pernambuco, e também em Cali-Colômbia.
……….
Direita, em vermelho: Transgenia Curitibana. Com a implantação dos tubos adaptaram alguns ônibus normais:
Excluíram a roleta e 3 portas traseiras. E no lugar implantaram 2 elevadas.
………….
Hummm, toda essa conversa tá dando uma fome . . .
Que tal um lanchinho? E pra isso vamos até o buso 2 andares que está parado ali perto do porto:
CRUZOU O CANAL: O ÔNIBUS-RESTAURANTE EUROPEU (AINDA) RESISTE –
Publicado em 13 de julho de 2014.
Já fizemos uma série mostrando os restaurantes que funcionam/funcionaram em aviões no Sul do Brasil, nos estados do Paraná e Santa Catarina.
Seguimos na mesma temática, sem que eu planejasse.
Andava eu (não pessoalmente mas via Visão de Rua/’Google’ Mapas) pelo Porto de Brest, na França. Quando me deparei com isso aí:
Um ônibus 2 andares vermelhão, que um dia foi do transporte urbano de Londres-Inglaterra.
Agora cruzou o Canal da Mancha. Ali mesmo onde aportou ele ficou, foi adaptado e atualmente serve lanches.
Tem capacidade pra 30 pessoas. No andar de baixo está a cozinha e o caixa e algumas mesas, no de cima mais mesas e um balcão com cadeiras.
Nos dias quentes, colocam-se também algumas mesas e cadeiras de plástico no pátio a frente, como notam.
Esse veículo não é um cenário, uma montagem. É de fato um ônibus, que realmente transportou gente pela capital inglesa. Por isso as portas são a esquerda.
Assim, caso um dia você esteja em Brest, na Bretanha Francesa, e queira comer alguma coisa, já sabe onde ir.
Acrescento o seguinte: se quiser apreciar essa curiosidade, seja rápido.
O ônibus-restaurante está a venda. E se é assim, é porque não está rendendo o suficiente.
Se a maré não mudar logo, ou se não aparecer outro idealista pra tocar o projeto, breve esse singular empreendimento deixará de existir.
Quem sabe até já deixou: essa matéria anteriormente foi um ‘e-meio’, que seguiu exatamente 1 ano e 1 mês antes de subir a postagem pra rede.
Quando mandei o ‘e-meio’, nele seguiram 3 ligações (‘links’, pra quem prefere em inglês), então ativas, que falavam dele.
Acontece que agora fui testar as ligações pra jogar na página, e as 3 morreram. Sinal que a fonte delas, o buso-restaurante, pode não existir mais igualmente. Ele estava a venda, repito.
Há precedentes. As vezes os sonhos morrem. Na América, alguém já tentou tocar uma lanchonete num ônibus pitoresco adaptado.
Só que o trabalho de um sonhador chegou ao seu ponto final. E foi banido pra Sibéria . . .
Atualização de janeiro de 17:
kombis transgênicas e ‘casa-móvel pé-grande’
Falando em Sibéria: nessa outra matéria sobre transgenia mostramos o ‘Pé-Grande’ russo, um ônibus com rodas enormes.
Portanto preparado pra enfrentar as estepes da Sibéria, no inverno quando a neve cobre tudo, e na primavera quando o desgelo dessa torna tudo um lamaçal.
Então segura essa a direita: casa móvel pé-grande, você já viu?
Pra família que gosta de viajar sem precisar de hotel, simplesmente encosta em qualquer canto e ali dorme.
Agora eles podem conhecer a Sibéria, o Alasca, a Groenlândia, a Ucrânia no inverno, qualquer lugar que neve muito.
Ou podem ir a Amazônia na época de chuvas, ou outra parte do mundo que tenha mais lama que estrada.
Até pequenos rios ele cruza dispensando ponte. Com o Pé-Grande-Casa-Móvel, não há limites.
SEÇÃO DAS KOMBIS AGORA – Já que o tema é Pé-Grande, dá só uma olhada a esquerda acima !!!! O que seria isso?
Não, falando sério: o que é issooooooooooo?????????
Um Pé-Grande Kombi esticada como uma centopéia.
Segundo o Ploc Gigante, aquele que um dia foi o maior carro do mundo tinha 9 metros, e 4 janelas. Essa tem 16 janelas !!!!!!!!!!!!!!!
Cara, não sei se é brincadeira, ou se é sério quem fez esse veículo e porquê.
Achei na rede, e levantei pra página. Cada um que tire suas próprias conclusões.
……..
Já fiz uma matéria sobre os Tribus, os ônibus trucados (com 3° eixo).
Na verdade lá nós vimos que o 1° Tribus brasileiro foi uma perua Rural Willys. Mas e Kombi Tribus?
Curiosamente, as duas Kombis acima são na mesma cor, verde-claro com janelas brancas.
Essa mesma configuração de pintura é usada até hoje (texto de 2015) no transporte urbano da Cidade do México, no sistema municipal.
Na Região Metropolitana mais ainda, mas aí as Kombis são brancas, inclusive eu peguei elas.
E fechamos com as Kombis com reboque. Digo, reboque é normalíssimo, e isso por si não geraria pauta pra matéria.
Porém…. os reboques também são Kombis, cortadas ao meio ou ainda menores.
Como só tem um eixo, elas não podem sair do engate, porque senão tombam pra frente ou pra trás.
E, detalhe, mantiveram a frente e traseira originais.
Eu encerro meu caso.
“Deus proverá”
Mais um camarada comentou sobre a matéria. Como ele o fez por emeio, sou eu, O Mensageiro, quem assina o comentário. Mas reproduzo as palavras exatas dele:
” Esse FNM “Cenário” Fica em um posto da rede “Graal” na Régis, velho conhecido meu de tantas viagens por ali, normalmente voltando depois de passar a semana em SP. Não conhecia o “buso anfíbio”, muito muito legal! Já o Buso trem também eu desconhecia, embora o princípio em si não.
Explico: Há alguns anos, visitei a frente de obras da Norte Sul em GO e TO (ou Goiás Velho rsrs) e lá o pessoal se utilizava de um “Veículo híbrido de inspeção”, que era uma Ford Ranger 4×4 com opção para GNV e dois “truques” escamoteáveis na frente e na traseira. Os engenheiros paravam no começo da linha, um deles descia e ajudava a alinhar a caminhonete nos trilhos, enquanto o motorista/condutor abaixava o dispositivo da frente e avançava um pouco sobre a linha.
Depois, já com todo o chassi sobre os trilhos, abaixava-se o “truque” traseiro e “voilá”, tinha-se uma unidade pronta pra andar na ferrovia. Era especialmente útil, pois muitos trechos ainda não haviam passados nem por terraplenagem, e o “truque dianteiro” funcionava também como um “corta mato” ajudando a proteger a frente da Pick Up quando o terreno ficava mais hostil. E lá ia a Ranger, independente do que viesse à frente.
Uma pena ela não ser também anfíbia como o Busão que você mostrou! Aí, so faltaria mesmo voar! KKKKKKKKK “
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Material interessante
Esses dias vi um filme que se passa na África, e tinha um veículo assim pra transporte de tropas das Nações Unidas…
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Se você conseguir imagens desses veículos da ONU em ação no solo africano me envie que eu coloco na postagem.
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