e Lamenha Lins criou a Zona Oeste

nova polônia, nova itália: a z/o (e partes das z/n e z/s) de ctba começou como colônias rurais.

avenida manoel ribas 1920

Av. Manoel Ribas no ano de 1920 (r).

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 25 de agosto de 2010

Maioria das imagens de minha autoria. As que foram baixadas da internet identifico com um ‘(r)’, de ‘rede’ – créditos mantidos sempre que impressos nas mesmas.

Nas fotos e suas legendas (algumas formam um texto a parte, bem longas) aproveitamos pra mostrar e falar um pouco mais da cidade, mesmo que de outras partes dela fora da Z/O.

Bairro Centro_Vista aérea da Rua XV de Novembro Universidade Federal_Anos 60 RogŽrio Machado/SMCS (18597-14)

Centro nos anos 60 (r). Em primeiro plano está a UFPR. Repare que a Rua 15 de Novembro, a esquerda do prédio histórico, ainda não era calçadão, os carros tinham trânsito livre pra cruzarem todo o Centro por ali. O calçadão, implantado em princípios da década seguinte, foi o primeiro do Brasil. No início, houve forte resistência de moradores e comerciantes. Na imagem, estamos olhando pro poente, exatamente a região abordada no texto. Repare como a parte urbana da cidade termina poucas quadras após o Centro. O Rio Barigui marcava então o limite ocidental da ocupação urbana. Só eram urbanizados na porção oeste de Curitiba os bairros do Batel, Seminário, Santa Quitéria, Mercês, enfim, os mais próximos ao Centro. Regiões como Santa Felicidade, Campo Comprido e CIC (que nem sequer existia, pois data de 73) eram vazios ou ainda rurais. É claro que já haviam núcleos urbanos nesses bairros, mas eles ainda eram a parte de Curitiba, embora pertencessem ao mesmo município. Essa situação ainda permaneceria por um tempo. Nas décadas de 60, 70 e 80, o crescimento da Zona Oeste foi pequeno. Em uma foto de satélite datada do não tão distante ano de 1993, ainda se via claramente que a ocupação urbana mais densa acabava as margens do Rio Barigui. Há 22 anos atrás a Cidade Industrial e Santa Felicidade já eram áreas urbanas consolidadas, a época das colônias já havia ficado pra trás há muito, é claro. Mas essa parte já urbanizada a oeste ainda era separada por um grande pedaço ainda esparsamente ocupado, compreendido pelos bairros Campo Comprido, Orleans, São Braz, Santo Inácio (entre outros), que só foi experimentar vertiginoso crescimento urbano nas últimas duas décadas. Hoje, não há mais grandes áreas verdes separando o núcleo da metrópole de sua parte mais ocidental, mas até os anos 90 haviam. Ainda me lembro de pegar a Rua Eduardo Sprada e praticamente sair da cidade, no Campo Comprido haviam muitas chácaras ao lado de algumas vilas, bem isoladas. Pouco antes da rua entrar na Cidade Industrial, próximo da igreja do Campo Comprido, era quando o cenário urbano voltava a predominar. Essa cena atualmente faz parte apenas da memória, mas não faz muitos anos até haras existiam na região.

Tudo isso posto, podemos continuar a viagem pela metrópole.

A Rua Lamenha Lins é uma das principais da Zona Central curitibana, ligando o Centro aos bairros do Rebouças e Parolin.

Homenagem ao presidente da província (cargo equivalente hoje ao governador do estado) Adolpho Lamenha Lins.

Famoso por ter implantado a iluminação pública na parte central de Curitiba, já urbanizada.

Além disso, criou diversas colônias a oeste da cidade, em regiões que ainda eram desabitadas.

Assim, vamos contar hoje como foi povoada a Zona Oeste da Grande Curitiba.

(Na verdade incluindo igualmente  partes que já estão nas Zonas Sul e Norte, mas que são vizinhas da Z/O e foram formadas junto.)

Boa parte de seus bairros começaram como colônias agrícolas. Essa é a história:

O século 19 caminhava pro final. Imigrantes europeus chegavam em massa a nosso país, que ainda era monarquia. 

Pra alojar os recém chegados, especialmente italianos e poloneses.

Alguns desses assentamentos hoje são bairros curitibanos Riviera, Augusta, Santa Felicidade, Santo Inácio, Orleans e Lamenha Pequena;

Além de Tomás Coelho, no município de Araucária, e Dom Pedro 2º, em Campo Largo.

Todos são desdobramentos dessas colônias fundadas em 1876.

Cada uma delas tinha cerca de 200 a 300 hectares, e era dividida entre 40 a pouco mais de cem lotes.

Foram criadas no meio do mato, quando haviam poucas estradas. Falemos um pouco de algumas delas:

Colônia Augusta, atual bairro Augusta:

Terminal Campo Comprido (na divisa desse bairro com a Cid. Industrial, mas já dentro da CIC): dali saem vários alimentadores pros bairros que se formaram a partir das colônias criadas por Lamenha Lins – como veremos nas próximas 3 imagens.

Repetindo o que já foi pro ar em outra mensagem, começou como Colônia Dom Augusto.

Homenagem a Pedro Augusto de Saxe-Coburgo e Bragança, neto do então imperador brasileiro Dom Pedro 2º.

Com o tempo, o nome acabou sendo feminilizado.

Dom Augusto deve estar tendo calafrios no túmulo, sabendo que hoje é conhecido por Augusta.

Augusta (r): apesar do nome 100% do trajeto dentro do CIC, pois parte da Augusta foi desmembrada pra criação da Cid. Industrial.

O bairro da Augusta perdeu boa porcentagem de seu território em 1973.

Foi desmembrado pra formar parte da Cidade Industrial de Curitiba (‘C.I.C.’).

Por isso, o conjunto Augusta um dia fez parte da Augusta que o nomeia mas hoje pertence a CIC.

O ônibus Augusta (abaixo), que o serve e sai do Terminal Campo Comprido, pelo mesmo motivo tem seu itinerário 100% dentro da Cidade Industrial.

Riviera (r): essa e a anterior são municipais, antigamente feitas pela A. V. Curitiba e com ‘carros’ grandes; hoje são micrões, e a Curitiba foi extinta  na “licitação” de 2010.

Uma vez que o referido terminal está (como a legenda da foto dele acima já informou) na divisa entre a CIC  e Campo Comprido, mas já do lado da Cidade Industrial.

Quando surgiu, a Colônia Augusta tinha seu território dividido entre os atuais municípios de Curitiba e Campo Largo.

Toda a região era chamada de “Nova Polônia”, indicando a origem da maioria de seus habitantes.

Linha Dom Pedro 2º (r): pela inscrição ‘Campo Largo’ nota-se que é metropolitanafoto recente, pois já está bege da Comec, anteriormente essa linha era laranja.

E isso me refiro não apenas a Colônia Augusta.

Também as vizinhas Colônias Orleans, Santo Inácio, Riviera, Dom Pedro 2º e Tomás Coelho.

Como última curiosidade, há no bairro uma creche da prefeitura chamada ‘Colônia Augusta’, pra preservar a origem do nome.

Assim como pelo mesmo motivo no Boqueirão há outra creche municipal nomeada ‘Fazenda Boqueirão’.

– Colônia Orleans, hoje bairro do Orleans:

Outra homenagem a família real brasileira, especialmente ao príncipe Luís Felipe de Orleans e Bragança, também neto de dom Pedro 2º.

O Orleans da mesma forma cedeu território pra formação da Cidade Industrial.

Terminal Central de Tamandaré, linha metropolitana pra capital “via Lamenha” – tomada antiga, esse apesar de inter-municipal ainda no padrão municipal de Ctba. (r): laranja, numeração alfa-numérica (’26C98′) e o selo da Urbs na lataria.

Por isso a igreja do Orleans está na verdade em território da CIC.

Igualmente parte da “Nova Polônia”, embora os registros indiquem que um bom número de alemães se assentou ali.

Bem, nessa época boa parte do que hoje é território polonês fazia parte do Império Alemão.

Essa confusão foi uma das causas das duas guerras mundiais que devastaram a Europa.

Scania Comil na linha Troncal 901-Santa Felicidade: dentre essas colônias de 1876 definitivamente a mais famosa (foto de dentro de um 2-andares que aparece no canto da imagem, operando a Linha Turismo).

O que interessa a nós curitibanos é que a divisa entre os territórios da Alemanha e Polônia era bastante volúvel.

Tanto que houve trocas de posse de grandes áreas findas os conflitos bélicos, com o vencedor ‘retomando’ o que cria ser seu de direito.

Então nada mais natural que entre o que pra história ficou registrado como poloneses estivessem muitos alemães.

Da mesma forma que chamamos sírios e libaneses de ‘turcos’.

Pessoal se exercita no Pq. Barigüi, ao fundo bairro do Bigorrilho, onde estão os prédios.

– Colônia Santo Inácio: o atual bairro do Santo Inácio também pertencia a “Nova Polônia”.

Não tenho muitas informações sobre a origem do nome além do óbvio, que é uma homenagem ao santo.

Pra quem não sabe, parte do Parque Barigüi está localizado no Santo Inácio (o parque ocupa ainda pedaços das Mercês, Cascatinha e uma pequena porção no Bigorrilho).

Santo Inácio: as casas de madeira a frente provavelmente são do tempo da colônia. No fundo, o padrão que o bairro vem tomando atualmente.

Dos que ficam no município de Curitiba, o Santo Inácio foi o único bairro entre os que formavam a Nova Polônia que não perdeu território com a formação da Cidade Industrial. Por ficar distante desse novo bairro que surgia.

Colônia Riviera:

O atual bairro da Riviera começou como Colônia Rivièrre, em homenagem ao engenheiro Henrique Rivièrre.

Que muitos serviços prestou ao presidente da província Lamenha Lins, criador de todas essas colônias. Com o tempo, o nome foi aportuguesado.

Em 1º plano S. Inácio, que quase não tem prédios. Ao fundo, ao contrário, os arranha-céus do Mossunguê e Bigorrilho – apesar da diferença no número de andares, toda a região é de mesmo padrão social elevado.

A Colônia Riviera também fazia parte da Nova Polônia e também tinha parte de seu território no município de Campo Largo.

Igualmente cedeu parte de seu território quando a CIC surgiu.

Por isso, durante muitos anos, o ônibus Riviera só andava pelo território da Cidade Industrial, não indo até o bairro da Riviera.

Bairro da Campina do Siqueira, outro pedaço dessa Zona Oeste, tema de hoje (r). A avenida é a Mário Tourinho. Eis a origem do nome: no início do século 19 ali era uma grande fazenda, de propriedade do português Antônio Sebastião Siqueira. Ele loteou sua propriedade em terrenos urbanos, e passou a comercializa-los. É uma região plana, de campina. Não tardou pro empreendimento ficar conhecido como a ‘campina do Siqueira’.

Nos anos 2000 (1ª década do novo milênio), porém, a linha foi estendida.

Agora seu ponto final é no bairro que a nomeia, ao contrário da linha Augusta.

A Riviera é o menor bairro de Curitiba em população. Ainda é majoritariamente rural.

Ali só residem cerca de 250 pessoas – menos que em um único prédio da Região Central.

Colônia Dom Pedro 2º: No município de Campo Largo, vizinha a Colônia Riviera, também era parte da Nova Polônia.

É homenagem óbvia ao então imperador de nosso país. Atual Vila Dom Pedro 2º.

Como se fôssemos o antigo Expresso Campina do Siqueira/Capão da Imbuia, vamos sair da Zona Oeste direto pra Leste (r). No outro lado de CWB vemos o Cajuru, bairro mais populoso da Z/L, terceiro da cidade. Abaixo está o Terminal do Capão da Imbuia – há até um Interbairros 2 parado, se preparando pra partir rumo ao Terminal do Hauer, na Zona Sul. O terminal está realmente localizado no bairro que o nomeia. Porém, basta cruzarmos a linha férrea, bem visível na imagem, pra entrarmos no Cajuru, que alias nessa parte é uma região de classe média, diferente de como ele é cruzando a outra linha do trem que corta seu território, na região das Vilas Autódromo, Trindade, São Domingos, Acrópole, etc. O barracão acima do terminal pertenceu ao antigo Instituto Brasileiro do Café. Esse finado órgão federal teve vital importância na economia brasileira na primeira metade do século 20, quando o café era o esteio de nossa balança comercial, e impulsionou o desenvolvimento industrial de São Paulo, o estado mais rico de nosso país. Hoje, o terreno abriga o varejão do Capão da Imbuia, nomeado dessa forma mas localizado esse sim no território já do Cajuru, pois está do lado oposto da linha de trem. Bem ao fundo vemos a linha de prédios da Região Central. Pra fechar: o nome ‘Cajuru’ é indígena, significa em tupi ‘entrada da mata’.

Há um ônibus intermunicipal que sai do Terminal Campo Comprido chamado “Timbotuva via Estrada Nova”. 

Vai até o bairro que a nomeia, em Campo Largo, pela BR-277.

Em oposição ao “Timbotuva via Estrada Velha”, que vai pela Avenida Mato Grosso, na Ferraria.

Pois bem. Nos horários de pico, há um ramal do Estrada Nova que entra na Vila Dom Pedro 2º.

Que fica a direita da rodovia, pra quem vai no sentido Curitiba-interior.

Chama-se então “Timbotuva via Estrada Nova (Vila Dom Pedro 2º)”.

Atualização: assim era em 2010, quando fiz o texto.

Atualmente o ônibus Dom Pedro 2º é uma linha a parte – vai pela ‘Estrada Nova’, mas continua só operando nos horários de pico.

A região do Timbotuva é atendida pela linha Rebouças, via Estrada Velha. Não há mais o ‘Timbotuva via Estrada Nova’.

Colônia Tomás Coelho: no município de Araucária, atual bairro Tomás Coelho.

Embora eu classifique Araucária como Zona Sul da Grande Curitiba, não deixa de também estar a oeste da cidade.

Torre Telepar Mercês z/c z/o ctba prtédio árvore classe média alta elite mirante

Mercês, entre as Zonas Oeste e Central. Ao fundo a ‘Torre Panorâmica‘ (antiga ‘Torre da Telepar’). A divisa entre Bigorrilho e Mercês é conhecida por alguns como ‘Champagnat‘.

Forma uma zona contígua com as demais colônias, e igualmente era parte da Nova Polônia.

Homenagem a Tomás José Coelho de Almeida, fazendeiro e político carioca.

Nascido em Campos, foi deputado provincial e geral (equivalente hoje a deputado estadual e federal).

Além de senador, e ministro, ocupando em sua carreira 4 ministérios:

contorno sul estrada ctba cic z/o juscelino kubitschek avenida jk caminhão carreta cara-chata trânsito vila barigui panorâmica periferia

Contorno Sul, Vila Barigüi, Cidade Industrial.

O dos Transportes, da Agricultura, da Marinha e da Guerra – esses dois últimos são equivalentes hoje ao Ministério da Defesa.

Era o ministro da Agricultura em 1876, quando todas essa colônias foram criadas, cabendo-lhe então nomear uma delas.

Vila Conquista, também no CIC – bem próxima, do outro lado do Contorno.

No Rio de Janeiro também há um bairro com seu nome, na Zona Norte.

Lá, então capital federal, a honra se deve ao seu viés como militar, no entanto.

Como ministro da Marinha criou o Colégio Militar do Rio de Janeiro.

Aqui nós encerramos a região da Nova Polônia.

Av. Manoel Ribas, ano de 1878. Sta. Felicidade era recém-fundada, tinha só 2 aninhos (r).

Vamos falar agora das colônias criadas um pouco mais ao norte, embora igualmente dentro da Zona Oeste de Curitiba.

O esquema de implantação foi similar, mas nessa parte a predominância foi de italianos.

Colônia Santa Felicidade:

SEGUUUUUURA, PEÃO!!! A Zona Oeste começou como área rural (esse desenho foi publicado em 2 de setembro de 2020).

Recebeu esse nome em homenagem a senhora Felicidade Borges, pioneira do bairro.

Antigamente a região era chamada por Taquaral.

Nem é preciso dizer qual etnia ocupou majoritariamente a colônia. 

Santa Felicidade é quase um sinônimo de imigração italiana.

Até os que não moram em Curitiba mas vieram pra cá a passeio sabem disso.

A Augusta ainda conserva partes que lembram a ‘Colônia Augusta’ que a originou – casa de madeira pois é Sul do Brasil (destaquei a placa que diz “Rua/Estrada”, pleonasmo bem curitibano).

A foto em que aparece um desfile de carroças é de 1878, 2 anos após sua fundação.

Próximo a divisa com o bairro São João há uma parte que é conhecida inclusive como Jardim Itália.

O ônibus que serve ao local tem esse nome, e o ponto final é no Terminal Santa Felicidade.

É uma região que preserva ainda partes rurais. Alias, oficialmente Curitiba não tem população rural. Mas não é a realidade:

Parque Tingüi, que margeia o mesmo Rio Barigüi. Divisa entre as Zonas Oeste e Norte.

Nos extremos oeste e sul há sim pessoas que ainda extraem seu sustento da terra, plantando ou criando animais.

É claro que é uma porção bem pequena, mas existe.

Tanto que em Santa Felicidade e no Ganchinho (Zona Sul) há estabelecimentos agro-industriais

Posso citar como exemplo os ovos de uma granja em Santa Felicidade.

Vista Alegre, Z/O, atrás do Parque: região de contrastes. Sobrados de classe média-alta

E um abatedouro que há na Estrada do Ganchinho, onde se faz uma ‘linguiça de Blumenau‘ muito boa.

Enfim, escrevo com mais detalhes da Curitiba rural que ainda existe em outra oportunidade.

O fato é que mesmo em 2010 a Colônia Santa Felicidade ainda mantém partes que pouco se modificaram no último século e meio.

ao lado de casas modestas em que se criam galinhas soltas nas ruas. Me lembrei do Paraguai e da República Dominicana.

Também em Santa Felicidade e na Lamenha Pequena está a Rua Justo Manfron.

Que divide o municípios de Curitiba e Almirante Tamandaré.

O fato notável disto é que é o único local que o limite de Curitiba é marcado por uma rua, e não por um rio.

Nossa cidade é 95% uma ilha. Se não fosse a Justo Manfron ser única divisa seca, Curitiba seria a 4ª capital insular em nosso país, ao lado de Vitória-ES, São Luiz-MA e Florianópolis-SC.

justo manfron

Curitiba é quase uma ilha: 95% das suas divisas são rios. A Rua Justo Manfron é a única divisa seca. No caso, entre os municípios da capital do estado e Almirante Tamandaré. As casas a dir. na foto estão no Loteamento Montparnasse, em Tamandaré. A esquerda em Santa Felicidade, Z/O de Ctba. . A respeito da região um colega que tem mais conhecimento que eu de como o município de Tamandaré se divide acrescentou: “Apenas, para contribuir, a localidade de Botiatuba (em Almirante Tamandaré – PR) está próxima do centro da cidade e não faz divisa com Curitiba. Os bairros que dividem com Curitiba são: Lamenha Pequena, Tanguá, Lamenha Grande, Cachoeira e Graziele. Devem ser consideradas regiões, pois, muitos loteamentos com nomes distintos fazem divisa com Curitiba.” Vide os comentários, abaixo do texto, pra ler na íntegra o que ele escreveu.

Também escreverei mais sobre isso em outra ocasião. Por enquanto vamos nos manter nas colônias da Zona Oeste.

– Colônia Lamenha:

Lamenha Lins resolveu batizar uma das colônias com seu próprio nome.

Justo, não? Afinal antes disso ele já havia homenageado o imperador, dois de seus netos (um dos quais virou mulher numa ‘homenagem’ póstuma), seu ministro da Agricultura, e um dos engenheiros que o auxiliou. Então…ninguém é de ferro!!

Era dividida entre os municípios de Curitiba e Almirante Tamandaré.

E assim se manteve, dando origem a um bairro em cada município.

Na verdade é o mesmo bairro que cruza a Rua Justo Manfron: em Curitiba, Lamenha Pequena, e em Tamandaré, Lamenha Grande.

Já que tocamos no assunto, acrescento que Tamandaré divide outros bairros com Curitiba: Botiatuva e Cachoeira.

A Cachoeira, da mesma forma, é um único bairro que se espalha por dois municípios.

Distinto é o caso do Butiatuvinha e Botiatuva. Assim como as Lamenhas, na origem era o mesmo bairro, Botiatuva.

céu sol Campina Siqueira z/o ctba anoitece fim tarde nuvens

Proxs. 3: ‘O Sol se põe no Oeste’. Fotos no Campina do Siqueira, ao fundo o Mossunguê

E assim como a Lamenha Grande (Tamandaré) e Lamenha Pequena (Curitiba), a parte que ficou em Curitiba foi pro diminutivo, Butiatuvinha. Tamandaré manteve o Botiatuva original.

Porém, ao contrário da Lamenha e Cachoeira (que são o mesmo bairro em dois municípios), hoje o Butiatuvinha não tem contato físico com a Botiatuva.

O nome é da época das colônias, quando a região era bem menos povoada, e um mesmo nome designava áreas muito maiores que hoje.

Campina Siqueira Mossunguê z/o ctba fim tarde anoitece céu nuvens linha prédiosPelo mesmo motivo, toda a Zona Leste de Curitiba foi dividida em apenas dois bairros (Cajuru e Tarumã) quando era área rural.

Votando a nosso foco no oeste da cidade, o atual Butiatuvinha faz divisa com o município de Campo Magro.

Esse foi desmembrado em 1996 de Almirante Tamandaré. "Lamenha Lins Criou a Zona Oeste"

Acontece que a região de Botiatuva não é em Campo Magro, se manteve na atual Almirante Tamandaré.

E, dizendo novamente, o Butiatuvinha não chega ao que atualmente é Tamandaré.

Ou seja, creio que no passado o termo Botiatuva englobava uma região muito maior, que pegava partes depois seccionadas:

As três fotos acima são de 2014. Essa é de 2022, no mesmo local da anterior: o prédio que oito anos antes estava em obras agora está pronto e habitado, obviamente.

Tamandaré cedeu parte de seu território pro município de Campo Magro, e a Botiatuva curitibana foi dividida em outros bairros.

Talvez aliás por ter diminuído tanto seu tamanho original é que o nome também foi pro diminutivo. É uma hipótese.

O que importa aqui é que Cachoeira, Botiatuva/Butiatuvinha e Lamenha Grande/ Lamenha Pequena compartilham o fato de serem bairros divididos (ao menos na origem) entre Curitiba e Tamandaré.

Ainda que Almirante Tamandaré seja Zona Norte da Grande Curitiba, as terras aqui tratadas são contíguas as demais colônias.

Terminal Campina Z/o prédio ctba céu nuvem ponto ônibus

O totem já informou: Terminal Campina do Siqueira, na divisa desse bairro com o Bigorrilho (onde estão os prédios ao fundo).

Pois embora as colônia criadas por Lamenha Lins abranjam partes da Zona Sul (Araucária) e Zona Norte (Tamandaré), elas formam um arco contínuo e uniforme a oeste do que então era a cidade de Curitiba.

E a maioria delas está mesmo no que hoje é a Zona Oeste.

Isto posto, vamos voltar a falar da Colônia Lamenha.

No mesmo local da foto anterior, porém 8 anos depois e virando a câmera pro lado oposto: esse prédio comercial é no Campina do Siqueira – isso é a Zona Oeste de Curitiba.

Seu nome homenageia quem a criou, o governador (na nomenclatura atual) Adolpho Lamenha Lins.

Que, dizendo mais uma vez, também foi lembrado com uma rua na Zona Central, que sai do Centro e termina no Parolin, cruzando o Rebouças.

Além das colônias, esse pernambucano de nascimento implantou a iluminação pública no Centro de Curitiba.

Abolicionista, havia sido anteriormente governador do Piauí.

Favela do Bom Menino, ou ‘Favela do Campina’, as margens do Rio Barigüio nome já entregou que é no mesmo bairro: isso também é a Z/O! Segura!!!

Creio que pouquíssimas pessoas sabem que já houve um homem que foi governador tanto do Piauí quanto do Paraná.

Não sei quais foram seus feitos no estado nordestino, mas por aqui creio que as homenagens a ele são justíssimas.

Afinal, além de trazer luz ao Paraná (de forma literal), ele foi o criador da maior parte do que hoje é a Zona Oeste da Grande Curitiba.

Assim tornou a cidade sustentável em termos de agricultura.

Por saber manejar bem a situação ao assentar os eslavos e italianos nas terras a oeste da cidade, explorando a afinidade desses povos com as técnicas agrícolas.

Rua Eduardo Sprada, Campo Comprido.

Foram os imigrantes poloneses, por exemplo, quem introduziram o uso da carroça na região.

Os europeus precisavam custear por conta própria a viagem pelo Atlântico.

Como compensação ao chegarem aqui recebiam além do lote agrícola (já com moradia erguida) um abono:

20 mil réis por família (independente do tamanho) e mais 20 mil réis pra cada membro com mais de 10 anos.

Mercês Z/C z/O ctba reflexo céu limpo nuvens burguesia

Mercês, já bem perto do Centro.

As colônias eram servidas por estradas, e no centro de cada uma delas construiu-se uma capela e uma escola, exceto naquelas mais próximas da área já urbanizada, onde essa benfeitoria fosse supérflua.

Todos esses núcleos se desenvolveram e foram integrados a metrópole, sendo alias sua parte mais desenvolvida economicamente.

A Zona Oeste é que tem o melhor padrão de vida e os menores índices de violência da cidade, se excluirmos a CIC.

Afinal, embora a Cidade Industrial esteja com a maior parte de seu território na Zona Oeste, é uma questão geográfica.

Socialmente, as vilas da CIC, em sua maioria, se assemelham muito mais a Zona Sul que a Oeste (vimos acima fotos das Vilas Conquista e Barigüi, que são vizinhas, uma de cada lado do Contorno).

"Expr*sso do Ocidente"

Pq. Passaúna, Augusta.

O fato aqui é que a Zona Oeste não é por acaso classificada por mim como a Cidade Verde.

E sua origem se deve em boa parte a Adolpho Lamenha Lins, que então pode ser com justiça ser chamado de ‘pai’ da porção ocidental da cidade.

Deus proverá”

4 comentários sobre “e Lamenha Lins criou a Zona Oeste

  1. VILSON ROGERIO GOINSKI disse:

    Olá, tudo bem?
    Gostei muito deste artigo.
    Apenas, para contribuir, a localidade de Botiatuba (em Almirante Tamandaré – PR) está próxima do centro da cidade e não faz divisa com Curitiba. Os bairros que dividem com Curitiba são: Lamenha Pequena, Tanguá, Lamenha Grande, Cachoeira e Graziele. Devem ser consideradas regiões, pois, muitos loteamentos com nomes distintos fazem divisa com Curitiba. Abraço,

    Vilson Goinski

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