INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO“
Por Maurílio Mendes, O Mensageiro
Levantado pra página em 21 de junho de 2016
Publicado originalmente (em emeios) entre junho e agosto de 2014
Maioria das imagens baixadas da internet. Os créditos foram mantidos sempre que estavam impressos nas fotos. As que forem de minha autoria identifico com um asterisco ‘(*)’.
Quais são as cores mais comuns dos ônibus, em nível global?
Certamente azul, amarelo e vermelho, não necessariamente nessa ordem.
Hoje vamos centrar nosso foco somente nos busos Celestes.
As ‘Frotas Públicas‘ do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, por exemplo, se consagraram nesse tom.
Entretanto, curiosamente Curitiba era exceção a regra.
No sistema municipal essa cor só foi adotada já agora na década de 10 (texto de 2014, lembre-se).
Durante muitas décadas, na maior parte do século 20, foi inexistente.
Porém nos metropolitanos houveram sim ônibus azuis aqui.
Tanto na pintura livre como na 1ª padronização dos anos 90.
Alias uma das viações se chama ‘Expresso Azul’ exatamente por essa razão.
………
Comentávamos isso com alguns colegas, o que suscitou um debate sobre como era o transporte coletivo nos anos 80 e 90.
Aí lembramos de um outro detalhe: no século 20 “Volvo era Volvo.”
Quem entende de busologia e de automotor em geral sabe o que isso quer dizer:
Que antes a Volvo se destacava por fazer somente ônibus de modelo ‘Padrão’, que têm qualidade superior:
Alongados, motor central, portas mais amplas – geralmente 3, mas mesmo quando eram só 2 eram maiores. Tudo isso traduz em mais conforto pros usuários do transporte coletivo, e também pros que trabalham operando os ônibus:
Facilita a entrada e saída do veículo e a circulação no salão do mesmo, e não causa surdez nos motoristas e cobradores.
Pra se adaptar ao “mercado”, entretanto, infelizmente a Volvo passou a fazer ônibus “cabritos”:
Mais baratos certamente, mas também muito piores, de motor dianteiro. Uma verdadeira regressão. Tristes tempos!
………
De forma que o título está explicado. No século 20, ‘Volvo era Volvo’, não era ‘cabrito’. E Curitiba não tinha ‘azulões’ no municipal, só no metropolitano.
Com isto posto, vou emendar aqui vários emeios que fiz ‘abrindo essa máquina do tempo’ e relembrando o passado.
Vamos ver ônibus azuis de diversas partes do Brasil em ação – em especial a Frota Pública.
E também os Volvos ‘Padrão’ na pista, e depois documentamos a dura metamorfose para cabritada.
………
O primeiro emeio foi publicado em 1º de junho de 2014:
“Trovão Azul”: em SP, BH, Rio, Recife e PoA, desde sempre; em Curitiba, novinho em folha
Mandei a um colega que morou em Belo Horizonte uma mensagem com a foto de um ônibus antigo dessa cidade.
Reproduzida ao lado. O título seguiu como “Esse é do teu tempo”.
Pois bem. De fato foi a “máquina do tempo”, fez ele abrir o baú da memória e regressar a sua época de moleque. Ele me escreveu:
“ Bicho! Na frente do parque ainda !
Me faz lembrar de uma BH ainda em pari passu com a minha inocência de criança.
Esta é uma pintura icônica, lembro bem deles passando velozes na rua do prédio.
Uma ainda calma rua, no Bairro Santa Efigênia.
Eles passavam reduzindo, pois era o final de uma decida.
Lembro do motor respirando mais calmo, resfolegando como um cavalo diminuindo o passo.
E dos escapes do sistema de freio a ar bem sincopados.
Porém, diferente desse que você mandou na foto, mais potente e moderno.
Os que eu via mais comumente tinham o modelo de carroceria parecido.
Com a frente muito similar, porém eram mais altos, curtos.
Esse normalmente eram movidos por um motor Mercedes ao lado do motorista…
Um esquema bem mais comum do que esse seu que parece vir com “motor de popa”, não tenho certeza.
Digo isso, por que é uma solução bastante comum que a Volvo utiliza.
Pra ser sincero, não me recordo de ter visto sequer um único Volvo com motor dianteiro. Sempre ou Central ou Traseiros…
Sua foto, carrega um gosto de picolé de fruta, com pipoca. A lembrança de uns moleques . . . ”
(Aqui sou eu de novo, O.M. . Interrompo a fala dele por um motivo:
A seguir esse colega prossegue sua viagem ao passado, e conta relato detalhado de parte de sua infância em Minas Gerais.
Como não está relacionado ao transporte, não irei reproduzir aqui. Devolvo a palavra pra ele concluir.)
Enfim, meu amigo… Um tempo muito bom, (aqui cortei mais um trecho que foge de nosso escopo. Tudo somado, colega, faz o arremate) :
Isso é o que acontece quando “o raio azul” nos fulmina… kkkkkkkkkkkk
Aquele abraço fraterno, e, como diria um amigo meu: ‘Paz e Alegria’. ”
Já seguimos com nossa troca de correspondência. Antes segura essa bomba a direita:
Alguém pegando o ‘Trovão Azul’ no Centro de Sampa. De meu próprio punho.
Volta o texto original. Abaixo minha tréplica ao camarada que foi criado em Belo Horizonte: ” Então cara.
O referido ônibus belo-horizontino pintura Metrobel Amélia Volvo não é motor “de popa” (traseiro) mas sim central.
Nos anos 80 e 90, a Volvo só fazia ônibus com motor central.
Adotaram o traseiro apenas já nesse milênio. Atualização: Isso era o que minha memória me indicava.
Pesquisando vi que foi em 1994 que a Volvo lançou o modelo com motor traseiro importado, e fabricado nacionalmente em 1997
Mas até eles se tornarem comuns mesmo o milênio já tinha virado. Abaixo falamos mais disso.
………..
Cara, você sabe quais são as cores mais comuns pra se pintarem ônibus a nível global? Fazendo um balanço em todos os continentes?
A parte do branco que serve de pano de fundo em muitos esquemas, são o azul, vermelho e amarelo, como já dito acima. Não necessariamente nessa ordem.
Aí é que está. Curiosamente, Curitiba nunca teve ônibus municipais azuis, até 2011.
O que sempre me intrigou. Universal em praticamente todas as cidades maiores, aqui ausente.
Por que? Qual o motivo dessa ausência??
Não mais. Os Ligeirões bi-articulados são assim, vieram suprir essa lacuna.
Comemoramos sua chegada com mensagens nesse canal de comunicação, obviamente, e como seria diferente???
Já volto a questão da pintura. Antes, um pouco da mecânica. Como bem o sabes, há dois tipos de ônibus, os cabritos e os padrões.
– Os cabritos são de qualidade muito inferior, e por isso mais baratos: chassis de caminhões encarroçados, são curtos, apertados, portas estreitas e com motor dianteiro.
Estrovando o embarque (desembarque onde é invertido). E ainda detonam a longo prazo a audição do cobrador e motorista.
Quase todos Mercedes-Benz, e mais recentemente também Volkswagen.
Num passado remoto existiram até alguns Fiat (como foi tema de série de comunicação nossa) e Ford.
– Já os Padrões são os “Ônibus de Verdade”: mais longos e amplos, com portas mais largas e com motor traseiro ou central.
Ou seja, só Scania ou Volvo, no milênio passado certamente. Atualmente a Mercedes também faz ônibus ‘Padrão’.
…………
Voltando a pintura da lataria. Em outras cidades, me repetindo, o azul está presente desde sempre.
E quando os busões são do modelo padrão eram os chamados “Trovão Azul”.
Mais uma nota: pra quem não é “daquele tempo”, o “Trovão Azul” original era um helicóptero.
Como é de domínio público, nome de um enlatado ianque que a Globo passava sábado a tarde nos anos 80.
O povão foi rápido e adaptou o modal: quando chegaram alguns ônibus Padrões azuis moderníssimos, foram apelidados assim.
Pois eram tão eficientes, confortáveis e silenciosos que pareciam que voavam.
Vê aqui os “Trovões Azuis” rasgando as ruas de diversas cidades brasileiras.
Numa época que Curitiba não tinha ônibus azuis, e não os teria por décadas ainda.
Curitiba, curiosamente, não gostava do azul. Nossos “Trovões Azuis” são todos novinhos em folha, ainda ‘cheiram a fábrica’.
Antes tarde que nunca….
NO SÉCULO 20 HOUVE “AZULÕES” EM CURITIBA; AGORA, VOLVO MOTOR TRASEIRO EU NÃO LEMBRO
Outro emeio, publicado no mesmo dia 1º de junho de 2014.
Pois no anterior eu dissera que Curitiba ‘não tivera ônibus azui’, pois só levei em conta o municipal.
Aí retifiquei: Curitiba teve sim ônibus azuis no século 20.
Apenas eram metropolitanos, e não municipais.
Não importa. A região metropolitana faz parte da cidade, e eles vinham até o Centro da capital.
Eu quis dizer que o azul era tabu no sistema municipal de Curitiba.
E isso é um fato evidente. Vamos a um parecer técnico.
A respeito disso, aquele colega cuja missão na Terra parece ser a decodificar a mecânica aos leigos se manifestou novamente. Ele me escreveu:
” É verdade o que você se atentou e realmente faz a gente estranhar depois de notar… aqui não tinha a “coqueluche” das grandes cidades, os “azulões”!
Sempre vermelhos, amarelos, verdes, laranjas! Nunca azuis! Que loucura isso…
Parece aquele momento em que todo mundo parou de falar e você começa a rir de uma piada contada há algum tempo… rapaz, um fato simples e ao mesmo tempo tão esquisito.
Acho que não estranhava tanto por que os ônibus da “Trans Isaak” e também os que eram do ________ (nome do colégio particular onde ele estudava) eram pintados de azul pra baixo da faixa amarela de “escolar”… mas de fato… os de linha nunca.
Quanto aos Volvo, foi já na década de 90, mesmo que os B-58E se popularizaram, se não me falha a memória, em ambas as configurações…
Aliás, talvez você possa me responder o porquê da predileção pelos Volvo aqui em Curitiba em detrimento de outros fabricantes.
Deve haver mais do que simplesmente a proximidade da fábrica e os empregos para justificar, que me escapa.
Enfim, notaste, como sempre com muita acuidade, meu amigo. “
…………..
E eis minha resposta.
Vamo que vamo.
Em 1992/93, nas gestões Lerner (a derradeira dele) e Greca houve a última grande onda de modernização do transporte de Curitiba.
Aí veio a última leva de terminais, como já escrevi centenas de vezes.
E comprou-se um grande número de ônibus Padrão, todos Volvo.
Porque Volvo? Ora, por motivos técnicos, porque de fato Volvo é melhor, e por isso mais caro.
E também políticos, evidente que o fato da fábrica ser aqui – mais, ter sido trazida pra cá por projeto de Lerner que foi a Cidade Industrial – influenciou.
…………….
Agora, note que a enorme frota de Volvos que foi comprada então – boa parte deles Caio Vitória – eram todos com motor central.
Alias, se minha memória estiver me traindo de novo, e tiverem rodado por aqui nos anos 90 Volvo com motorização na retaguarda, que algum leitor me aponte isso – de preferência enviando fotos.
Que então eu modifico a postagem de novo. Volta o texto original:
O Volvo motor traseiro, embora infinitamente melhor que o motor dianteiro, ainda é uma frequência inferior ao “Padrão Volvo” estabelecido anteriormente.
………..
Agora, um detalhe. Curitiba teve sim ônibus azuis no século 20. Municipais nunca, mas metropolitanos sim.
1) Até o começo da década de 90, a pintura metropolitana era livre.
Duas empresas tinham seus ‘carros’ majoritariamente de azul: a Santo Antônio que serve Colombo (Zona Norte).
E também a Expresso Azul que atende Pinhais, então distrito de Piraquara (Zona Leste).
Bem, nesse último caso a pintura celeste determinou mesmo o nome da viação.
2) Quando a Comec (governo do estado) fez com que os metropolitanos fossem pintados só de uma cor, dividiu a cidade em várias fatias, e cada uma delas teria uma cor.
A região que engloba os municípios de Pinhais e Piraquara (agora separados, até há pouco Pinhais era distrito de Piraquara, repito) era também azul.
Assim, os ônibus da Expresso Azul e também da Viação Piraquara ficaram inteiros azuis, por toda a década de 90.
A Azul continuou azul, se você quiser ver dessa maneira.
Logo acima vemos dois articulados nesse tom, o primeiro exatamente uma notícia sobre a inauguração do Terminal Autódromo – a padronização marcou também o início da integração no sistema metropolitano.
Logo a seguir a foto que está acima da manchete, no Terminal Autódromo, em “Pinhais” como o letreiro informa.
A Piraquara tornou-se azul, como notamos acima a direita (essa e outras tomadas vieram da Revista Portal do Ônibus).
Já fiz matérias específicas tanto sobre a pintura livre quanto sobre a primeira padronização dos metropolitanos de Curitiba, com dezenas de fotos em cada uma mostrando quase todas as viações.
O QUE CURITIBA, JOINVILLE E LOS ANGELES TÊM EM COMUM?
ÔNIBUS NA LINHA DIRETA/LIGEIRÃO NÃO PEGOU –
Já vimos acima, Curitiba implantou os Ligeirões azuis em 2011, mas abandonou a cor em 2018.
O ‘Ligeirão’, obviamente, é uma linha que tem menos paradas, apenas nos terminais e principais tubos da Zona Central, enquanto que a linha ‘paradora’ encosta em todos os tubos.
Por isso adotaram o azul, pra essa diferenciação ficar clara. Não pegou em Curitiba. Em alguns anos a cor foi extinta e a linha mais rápida voltou a cor do resto da frota (vermelho nesse caso).
Na maior cidade do interior de Sta. Catarina aconteceu o mesmo.
A Linha Direta tem menos paradas, apenas nos terminais e algumas nas principais avenidas.
Por isso adotaram o azul, pra essa diferenciação ficar clara. Não pegou em Joinville. Em alguns anos a cor foi extinta e a linha mais rápida voltou a cor do resto da frota (amarelo nesse caso).
Quando houve a nova padronização haviam 2 tipos de ‘Linhas Diretas’:
O ‘Rápido’ tinha menos paradas que o convencional e recebeu a cor vermelha, já o ‘Expresso’ ia direto, sem paradas exceto os pontos inicial e final.
Por isso adotaram o azul pra esse último, pra essa diferenciação ficar clara. Não pegou na 2ª maior cidade estadunidense, igualmente. Em alguns anos a cor foi extinta e a linha mais rápida voltou a cor do resto da frota (novamente vermelho nesse caso).
Vamos para mais um emeio, que circulou em 3 de junho de 2014.
TEMPO BOM: NO SÉCULO 20, “VOLVO ERA VOLVO”
Continuamos a série sobre o transporte urbano. Debatíamos quando afinal a Volvo introduziu em sua linha produção ônibus com motor traseiro.
A partir de 1994, alguns Volvo com motor traseiro foram importados da matriz, na Suécia.
Mas certamente foram pouquíssimos. Em 1997, passaram a ser produzidos no Brasil (veja a esquerda matéria extraída do portal oficial da Volvo com a cronologia).
Ainda assim, sabem que tudo começa devagar. Até a coisa engatar mesmo, até eles atingirem as ruas em quantias significativas a ponto de serem notados, o milênio já havia virado.
Já voltamos a falar da mudança de rumo dessa transnacional sueca que tem sua fábrica sul-americana aqui na cidade de Curitiba.
Antes, como introdução, vamos recapitular de novo um pouco da mecânica busóloga, também conhecida como engenharia de transporte.
O ônibus pode ter o motor em 3 posições. Por ordem de eficiência:
1) Motor Central: Definitivamente o melhor projeto, não toma espaço nem da porta dianteira nem da traseira.
E por reduzir o barulho interno dentro do veículo, não prejudica a audição do motorista e cobrador. Mas por ser mais avançado, é mais caro.
No Brasil, só a Volvo produz ônibus assim. É sua marca registrada.
2) Motor Traseiro: Uma opção bem razoável, intermediária. Ocupa espaço na “popa” do veículo, estrovando portanto a porta traseira.
Prejudica assim o embarque nas cidades onde ainda se entra por trás.
Salvador-BA e Fortaleza-CE são os exemplos que me vem a mente entre capitais, mas no interior ainda é comum em muitas cidades.
Mas como na maioria das cidades se entra pela frente, não atrapalha tanto o desembarque, pois geralmente o veículo tem 3 portas, ou seja 2 pra descida.
Além disso, assim como o motor central, não prejudica a audição dos trabalhadores, pois eles ficam longe do motor.
3) Motor Dianteiro: Disparado a pior configuração, e por isso a mais barata, logo a mais usada: 75% dos ônibus vendidos no Brasil são assim, infelizmente.
Atrapalha a circulação no busão, pois espreme quem entra (ou sai) por um corredorzinho, quase um chiqueirinho.
E se ainda fosse pouco acaba com o nível da audição do motorista (principalmente).
Porque ele está praticamente dentro da ‘casa de máquinas’ do veículo, em menor medida também do cobrador.
Resumindo, ônibus com motor dianteiro é como TV sem controle remoto: uma tecnologia ultrapassada, que não deveria mais ser produzida.
O melhor, repetindo, é central. Fica sob o piso de veículo. No “Tempo Bom”, a Volvo só fabricava ônibus assim.
“Um Porche é um Porche”, dizem os automobilistas.
Na “Era Dourada” do século 20, nós busólogos analogamente dizíamos: “Volvo é Volvo”, era um símbolo de qualidade.
Era, no passado.
Como veem pela fonte mais oficial possível, o portal da empresa na internet:
Do meio pro fim da década de 90 houve uma guinada prum nível inferior.
Cujos efeitos foram sentidos nas ruas a partir da virada do milênio:
Volvo motor traseiro…
Ainda melhor que os de motor dianteiro.
Até porque o difícil mesmo seria ser pior que a cabritada.
Já que esses são o famoso “ruim e barato”.
Ainda assim já uma queda.
Só que o pior estava por vir.
Agora nessa década de 10 a Volvo passou por segunda queda de frequência.
Lançando seu modelo com motor dianteiro. Péssima notícia:
E agora essa: no século 21, Volvo é Pé-de-Boi
Publicado também em 3 de junho de 14.
Veja essa bomba a esquerda: os mais velhos vão se lembrar que antigamente havia um tipo de carro chamado ‘Pé-de-Boi’:
Tiravam dele tudo que não era absolutamente essencial pra andar, pra baratear o custo.
Por exemplo, a porta da direita só abria por dentro. Por fora sequer tinha maçaneta.
O ‘Pé-de-Boi’ não tinha rádio tampouco. Um pouco mais barato sim, mas muito mais desconfortável.
Pois bem. Ônibus com motor dianteiro é próprio ‘Pé-de-Boi’.
Tanto que a Volvo resistiu por 32 antes de começar a fabricá-lo, pois esperava que o ser humano evoluísse a ponto de aposentar esse troço.
Não foi assim que ocorreu, mesmo cidades ricas continuam a apostar no “ruim e barato”.
Uma imagem vale por mil palavras. Estamos vendo os Volvo do milênio anterior circulando por diversas cidades do Brasil, e também Costa Rica e Uruguai.
Só motorização central, podem ver que não há abertura pra acessar o motor nem na frente nem atrás dos veículos. Tempo bom.
Agora vejam como tá: observa a matéria de revista, um pouco pra cima):
O laranja da esquerda veio aqui pra Curitiba, já o azul do meio e vermelho da direita foram pra Belo Horizonte.
…………..
São Paulo Capital é o único lugar que não compra mais ônibus com motor dianteiro.
Ônibus com motor dianteiro é o mesmo atraso que TV sem controle remoto, repito:
Algo que só deveríamos ver num museu.
Que nada. É difícil o ser humano evoluir, por isso esse modelo mais popular continua a responder por 4 de cada 5 ônibus vendidos no Brasil.
A Volvo simplesmente cansou de perder dinheiro, e se rendeu. “É isso que vocês querem, então toma.
Jogamos a toalha. Táqui o ‘Volvo Pé-de-Boi’, o Volvo Cabrito”.
Veja matéria a esquerda. Nas palavras literais da própria Volvo (os grifos são meus):
“ A Volvo do Brasil começou a produzir ônibus no País, em 1979.
Já nessa época o mercado e concessionárias esperavam o lançamento de um chassi de ônibus com motor dianteiro.
Mais de 30 anos se passaram até que a Volvo o lançasse.
“As motorizações central e traseira reduzem o nível de ruído e aquecimento dos veículos (…).
A Volvo apostava que o mercado brasileiro iria reconhecer essas qualidades e que a demanda por chassi de motor dianteiro iria diminuir drasticamente.
Essa previsão não se concretizou”, explica Pimenta.
“Lançamos o B270F para atender ao mercado (…) .
Mas continuamos a acreditar que as motorizações central e traseira são soluções melhores para o transporte de passageiros”, completa. ”
…………
Taí, dito por ninguém menos que o presidente da Volvo Ônibus América Latina.
Eu estou só me aquecendo. Se tudo fosse pouco, vou passar mais um relato pra vocês.
O mesmo que colega que cresceu em Belo Horizonte é especialista nesse setor vai explicar a questão. Fogo no pavio:
“ Bom. Assim como você, não “gosto” da solução motor dianteiro para o transporte de pessoas. Mas eu gostaria de ressaltar também:
– A dificuldade de acesso à “boléia” por parte do motorista, que tem que subir sobre a cobertura do motor;
– A altíssima temperatura do próprio engenho, somada ao calor dos componentes do câmbio, igualmente próximos ao condutor.
Nunca é demais lembrar que por não possuir velas um motor a diesel comprime e “esquenta” a mistura ar/combustível em expansão a algo próximo de 600° antes de sua explosão e do início do ciclo reciprocante ;
– A proximidade de fluidos aquecidos, sob alta pressão e inflamáveis a áreas onde circulam pessoas, e onde opera o próprio condutor;
– Excesso de vibrações, mesmo com o advento de motores mais avançados e mais eficientes, pois a robustez das peças – mais distantes entre si, como os elementos de cardã – mesmo balanceadas, provocam trepidação, e ainda é algo que causa bastante incômodo;
– Por fim faço o adendo de que a solução – rápida, barata e que considero emergencial – justifica-se apenas por uma questão de economia de escala para o fabricante.
Pois os “cabritos” como você diz, podem ser facilmente convertidos em veículos de configuração de carga – com o uso de plataformas intercambiáveis que a Volks adora, quando são de concepção mais “moderna”.
E quando não são, simplesmente possuem chassis “compartilhados”, com alterações mínimas em amortecedores e a adoção de menos pontos rígidos.
Isto também resulta em um “efeito colateral” bastante negativo, que é a altura relativa do veículo em relação ao solo, mais elevada, prejudicando a acessibilidade.
No final das contas, trata-se apenas de encarroçamento diferente.
Meus detratores podem alegar que, por ser “super dimensionada” a durabilidade é um ponto indiscutível.
É. Porém, vale ressaltar que este é um benefício relativo, pois a legislação obriga os frotistas a substituírem seus ativos, no máximo em 7 anos.
A concepção “cabine sobre o motor” é uma boa solução, mas não deveria se aplicar ao transporte de pessoas da forma como é.
Pois os caminhões nesta configuração possuem melhor proteção termo-acústica e anti ruído.
Além de barreiras “corta fogo” muito mais eficientes e robustas quando comparados aos ônibus. ”
……………..
Já prosseguiremos com o texto. Antes, mais fotos do “tempo bom” em que Volvo era “Ônibus de Verdade”.
3 da Costa Rica, América Central:
Direita: Rio do Sul-SC. Na sequência horizontal abaixo, 6 de São Paulo: 1 e 2) Vitórias articulados da CMTC; 3) Ciferal de viação particular;
4) Amélia da CMTC, da mesma leva e mesma linha daquele azul mostrado na abertura da página, só que esse tem 3 portas, foi repintado no padrão ‘Municipalizado’ e a entrada foi invertida pra frente;
5 e 6) 2 Ciferal de mesmo modelo ‘Municipalizados’ (branco com faixa), mas de fases diferentes: o com faixa veremelha e mini-faixa amarela é do último ciclo, o verde do ciclo intermediário, só os articulados e ônibus padrão (alongados) eram verdes, os pitocos vermelhos.
Na sequência acima, 3 Caio, os dois primeiros de Curitiba e o último da Grande São Paulo.
Precisa dizer mais alguma coisa? Acho que não, né?
Tristes tempos. Por 32 anos, a Volvo tinha altíssima qualidade.
Tentou não cair nessa mediocridade do motor dianteiro.
Tentou elevar o nível. Não deu.
A selvageria da sanha vampiresca do que se chama “mercado” engole tudo, como um monstro insaciável.
Alguém já disse que “De Wagner a Tokio Hotel, o declínio da Alemanha foi pronunciado e indelével”.
No campo da música certamente.
Taí. A busologia brasileira acaba de ter seu amargo momento “Tokio Hotel” :
Do Volvo “Ônibus de Verdade” do século 20 ao “Volvo Pé-de-Boi”, ao Volvo Cabrito recém-lançado, se igualando no século 21, a queda foi igualmente feia.
Estamos falando e vendo os ônibus azuis.
Agora o outro lado da moeda:
CONTRA-PONTO: OS ÔNIBUS ROSAS DO CHILE E IRLANDA DO NORTE –
Se azul é uma das cores mais comuns pra ônibus, rosa certamente é mais rara.
Porém em Santiago do Chile uma das faixas da cidade é nesse tom (esquerda).
Belfast (na Irlanda do Norte ocupada pelo Reino Unido) foi ainda mais radical.
E padronizou a frota inteira de rosa (direita).
Veja bem, aqui não estou falando dos “ônibus rosas” do México que são exclusivos das mulheres.
Esse é um serviço diferenciado, somente pro uso do sexo feminino.
E é pintado de rosa exatamente pra marcar esse nicho específico.
Estou me referindo aqui a ônibus que sejam pra uso geral, ambos os sexos, mas mesmo assim sejam rosas.
Até onde eu conheço da busologia entre as metrópoles globais, apenas as capitais do Chile e Irlanda do Norte são assim.
Em Belfast a frota inteira. Isso porque a Irlanda do Norte viveu uma guerra civil dos anos 60 até a virada do milênio, com milhares de mortes.
E exatamente por isso adotou o rosa, que é uma cor ligada a ternura e delicadeza, pra marcar essa nova era de paz.
Os católicos (irlandeses, habitantes originais da ilha) e protestantes (britânicos trazidos pela coroa) ainda não se amam como irmãos, é fato.
Mas também é fato que ao menos já não se matam mais selvagemente como arqui-arqui-inimigos.
O tom rosa adotado na frota indica isso.
Muitas vezes o ‘b’ é estilizado como um coração, pra dizer que agora Belfast é ‘a Cidade do Amor’.
Em tempo:
No Brasil tentaram uma época fazer com que a parte de baixo dos ônibus paulistanos fosse rosa.
……
Vamos ver mais ‘Azulões’.
Aracaju:
Londrina: na 2ª metade do século 20 existia o monopólio da viação Transporte Coletivo Grande Londrina (TCGL).
Tanto no sistema municipal quanto no metropolitano. Ambos na mesma pintura livre, mas mudava um detalhe:
No esquema ao lado o municipal, com faixa verde. Abaixo o metropolitano, com faixa azul. Entretanto no começo dos anos 90 houveram duas cisões:
Os roteiros metropolitanos passaram pra TIL (na verdade pertencente ao mesmo grupo).
No municipal a TCGL deteve ainda a maior parte da cidade mas a Francovig começou a operar algumas linhas da Zona Sul.
Além disso, a frota municipal de ônibus (de ambas as viações) recebe uma nova padronização de cores:
Azul claro – linha troncal rápida; Amarelo – linha radial; Azul escuro – linha troncal parador; Bege – linha alimentadora; Cinza – linha perimetral; Verde – linha distrital.
O foco dessa matéria são os ‘azulões’, as demais cores posto em matéria específica sobre a cidade de Londrina e seu transporte.
Mais um emeio, esse de 13 de agosto de 2014.
Clássico dos Clássicos”: os Monoblocos “Azulões” da Frota Pública do Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste
Seguindo a série sobre os Monoblocos.
Já fiz várias mensagens específicas sobre esse bichão, confira aqui, aqui e aqui.
Na mensagem original, por emeio, nos focamos nos urbanos que circularam nas metrópoles-esteio da Pátria, São Paulo e Rio de Janeiro.
Tanto estatais quanto privados. Na hora de subir para página adicionei também de outras cidades.
Volta o texto original. Nos anos 80, no eixo Rio-SP ambas tinham viações estatais, depois privatizadas:
A Companhia Municipal de Transporte Coletivo, ou simplesmente CMTC, da prefeitura de São Paulo, e a CTC-RJ, do governo do estado do Rio.
E ambas tinham extensas frotas de monoblocos, nessa época pintados de celeste: os “Azulões”.
A CMTC, como o nome indica, só operava linhas municipais de São Paulo. A CTC, por ser estadual, tinha maior flexibilidade:
Tinha linhas municipais no Rio de Janeiro e Niterói, e inter-municipais entre ambos, tudo isso no Grande Rio.
E também linhas municipais de uma cidade do interior, Campos.
……….
Comento algumas fotos. Lembre-se, nem sempre a imagem corresponde ao texto que está mais próximo.
Busque pelas legendas. Vemos espalhados pela página:
– “Azulão” Inter-municipal da CTC-RJ. Esse cruzava a ponte Rio-Niterói.
A CTC tinha o prefixo 100, ou seja, seus carros eram numerados sempre 100-ponto-alguma coisa: 100.240, por exemplo.
As viações particulares ficavam com 99 pra baixo, pelo menos entre os municipais do Rio. Fossem públicos ou não, eles só tinham números, sem letras.
Os inter-municipais, não apenas entre esses dois municípios mas em todo estado, tinham o prefixo RJ antes do número, como RJ 10.240.
Esses prefixos valem também pras empresas particulares.
Veja a direita, um Mono que liga Niterói a Caxias, ambas no Grande Rio.
A numeração do buso é RJ 166.029, com o ‘RJ’ mostrando que é intermunicipal.
Deus é um cara gozador e adora brincadeiras!!!! O Monobloco é o Fusca dos ônibus.
Ambos foram o Arquétipo em seu modal, carregaram esse país nas costas, se isso que se chama Brasil existe afinal, agradeça a eles.
As semelhanças são também físicas: eles são redondos e tinham motor atrás.
Enquanto os outros automóveis e ônibus eram quadrados com motor a frente.
Pois bem: o Cara Gozador lá do Alto quis que fosse fotografado (um pouco mais pro alto a direita) um Monobloco Azul ao lado…. de um Fusca Azul!!!!
É mole ou quer mais???? Vai ser Brincalhão assim lá em Niterói!!!!
Em tempo: no Rio de Janeiro da época, era tudo pintura livre.
Tanto nos municipais quanto metropolitanos. Cada viação, seja a CTC pública ou as particulares, decorava sua frota como bem entendia.
Pra fechar esse aqui: com capelinha. Pra quem não é busólogo, é aquele pequeno letreiro acima onde vai a linha do ônibus – nesse caso, a 996.
No Rio, as pessoas conhecem os ônibus mais pelo número que pelo nome da linha, então ali até Amélia teve capelinha. Já fiz uma mensagem sobre essa manifestação.
Que só ocorreu nas capitais do Sudeste Brasileiro e em Belém-PA de forma abundante.
E em Porto Alegre-RS, Brasília, Juiz de Fora-MG e Santos de maneira mais rara mas ainda presente.
……….
Na sequência horizontal 3 fotos de Salvador. A esquerda 2 Monos ‘Frota Pública’ da Transur. Depois 2 tomadas dos ‘Azulões’ da TSS, particular. Ambas viações já deixaram de operar.
Note na última foto um traço típico da capital baiana, no letreiro a numeração da linha vinha em vermelho.
Falando da 1ª foto da sequência horizontal, o Mono da frente na pintura especial pros movidos a gás metano, e o de trás na configuração e pintura normais da maioria da frota.
– M1 (por isso quero dizer ‘Monobloco 1’) “Azulão” da CMTC se preparando pra partir rumo ao Jardim Herplin, na Zona Sul de Sampa.
Essa foto foi tirada entre 1986 e 1988.
Sei disso pelo “Propriedade do Povo” que a CMTC mandou grafar abaixo do seu próprio nome. Nessa época pintaram os Azulões de vermelho, como já veremos.
Na São Paulo de então, só a CMTC tinha pintura livre. As particulares, desde 1978, tinham que seguir o padrão “saia-e-blusa”.
Já fiz mensagem específica ilustrando, abaixo dou mais uma pincelada.
– Outro M1 “Azulão da CMTC, também azul mas em outra configuração.
Esse é pra mim o “Arquétipo dos Arquétipos” da busologia. O modelo que mais gosto, na pintura que acho mais bonita.
Eu fiz um ônibus de papel muito bem elaborado, com vários detalhes.
Ele tem roleta, bancos, volante, cordinha pra puxar pra descer no ponto, portas que abrem, letreiro que gira mudando a linha.
Como você pode conferir. Alias nessa postagem há uma foto dele de lado.
Voltando ao ônibus de verdade, de metal, foto tomada no Anhagabaú, no Centrão, com o bichão de partida pra Chácara Santana, Zona Sul.
Tá vendo aquele “GLE” abaixo da placa? Significa “Garagem Leopoldina”.
A CMTC tinha várias garagens, e cada veículo trazia impresso no para-choque a qual delas ele era recolhido durante a noite.
– Mais um M1 Azulão. Esse sem propaganda. Também recolhe na Leopoldina.
– Ainda mais um. Oriundo da Zona Norte e rumando ao Largo do Paissandú, no Centro.
– Mono 2 com a mais bela das pinturas na linha Machado de Assis, que vai pra região do Ipiranga, Zona Sul.
Depois de SP essa pintura da CMTC foi homenageada de Porto Alegre-RS a Manaus-AM como já falamos anteriormente.
Nota: por ‘Monobloco 1’ me refiro ao fabricado nos anos 60 e 70, aquele mais redondão de todos, a frente eram dois faróis redondos de cada lado.
O ‘2’ é o fabricado nos anos 80, com um farol redondo de cada lado.
E o ‘Monobloco 3’ é o derradeiro produzido pela MBB nos anos 90, os únicos que vieram disponíveis de fábrica com 3 portas.
Tinham dois faróis quadrados de cada lado, os últimos exemplares mantiveram o mesmo desenho da carroceria mas tinham 1 farol redondo de cada lado.
Essa é uma classificação particular minha, na oficial da Mercedes o modelo é mais complexo, 0-362, 0-364, 0-371, etc.
– M1 Executivo. Mais caro, com só uma porta, poltronas reclináveis. Resumindo, um ônibus de viagem fazendo linhas urbanas.
Entretanto, veja que por fora é o modelo urbano, as janelas são retas e a porta abre pro lado dobrando sobre si mesma, e não se deslocando inteira pra fora.
São Paulo, e também Brasília-DF e Goiânia-GO no Centro-Oeste, tiveram Monoblocos urbanos nas linhas executivas, sempre pelas viações estatais.
No Rio, as linhas executivas eram feitas pelas empresas privadas, com ônibus de viagem.
………
Vamos agora mais uma vez homenagear o trabalho do nosso amigo inglês Donald Hudson.
Que em julho de 1982 passou suas férias no Sudeste Brasileiro, fotografando dezenas ou mesmo centenas de ônibus.
Em muitos casos, mantive as fichas técnicas e os comentários dele, as vezes escritos em português macarrônico.
Relevamos, né? Donald não é falante nativo de nosso idioma. Mas é busólogo, e dos bons. Respeito a quem merece.
– Começamos em Niterói, no Grande Rio. Mono 1 da Miramar. Com capelinha – agora todo mundo já sabe o que é isso.
– No mesmo município, Mono 2 da Fortaleza.
Ligando o bairro de Santa Rosa a Estação das Barcas que vão pro Rio de Janeiro.
– Outro Mono 2, agora municipal do Rio de Janeiro. Empresa São Silvestre.
– Mesmo modelo, intermunicipal do Grande Rio, como vê pelo RJ antes do número.
Esse vai de Niterói a Duque de Caxias. Viação Rio Minho.
– De volta a SP, o mesmo Mono 1 já mostrado, agora com a ficha técnica.
– Mais um M1 Executivo, indo pra São Miguel Paulista, Zona Leste.
Por “carro baseado no Araguaia”, o autor, o inglês Donald, quer dizer que está escrito “GAR” no para-choque, ou seja, recolhe na Garagem Araguaia.
Repare na propaganda do Banco Nacional, assim como a CMTC e o próprio Monobloco, algo do passado, que não existe mais.
– Monobloco 1 Vermelhão. Já disse, na segunda metade dos anos 80 a CMTC pintou a frota nessa cor, sepultando os Azulões. Inspiração londrina.
– Mono 2 já na virada pros anos 90. Mudado o grupo político no poder, a CMTC pegou os Vermelhões e pintou a metade de baixo de branco.
Essas configurações só valeram pra CMTC. Já o inteiro branco com faixa vermelha que vê ao fundo se aplicaram igualmente as particulares.
Note que a entrada foi invertida pra frente, o que Curitiba já fizera 10 anos antes.
– M2 da CMTC numa das mais longas linhas de SP, a 701-U, que liga o Jaçanã, na Zona Norte ao Butantã-USP, na Zona Oeste.
O Jaçanã foi eternizado pelo “Trem das Onze” que um dia de fato passou por lá, tema que já tratamos em outra mensagem.
– Mesmo modelo, empresa Santa Cecília, particular. Eu disse que esse padrão de pintura valeu pra todos.
Essa viação também vai pra Zona Oeste, como notam pela faixa verde menor a frente.
No letreiro, a linha é “Pinheiros”, ratificando essa informação.
– Mais dois M2, e também Zona Oeste (tomada a direita abaixo).
Por isso de novo o do fundo com a faixa verde. Viação Castro.
Aqui pegamos uma transição.
Por quase toda sua vida, até o final dos anos 80, a CMTC tinha pintura livre, as particulares padronizadas desde 1978 no esquema “Saia-e-blusa” que falei acima.
A metade inferior era obrigatoriamente determinada pela região. Laranja era Zona Oeste.
Em cima era livre, a Castro fazia assim, uma faixa marrom e logo acima retornava o laranja.
A numeração também estava mudando. No saia-e-blusa, a Castro era 19, depois virou 34.
E a pintura branca com faixa vermelha, não custa repetir, valeu pra todas as viações, CMTC e demais igualmente.
– Monobloco 1 metropolitano, da São Camilo indo pra Santo André, no ABC, Grande SP (ao lado).
– Mesmo modelo, de novo o “Vermelhão” (a direita).
Além do “Propriedade do Povo” abaixo do logo, veja abaixo da janela do motorista outra assinatura do grupo político que estava no poder, uma vassoura desenhada.
Se esse aqui está parado no terminal (não-integrado) da Praça do Correio, ao lado do Anhagabaú, é porque essa linha serve a Zona Norte.
A linha 1178 pra São Miguel Paulista (na Zona Leste via Marginal), que era feita por busos ‘Padrão’ alongados, também vinha escrito ‘Correio’.
Só que ela parava na verdade no Anahagabaú, em frente. Dentro do terminalzinho mesmo era só Z/N.
– M2 metropolitano da Canarinho indo pro Parque Estela, Guarulhos, Grande SP.
– Mais um Mono 2 (direita). Da Tusa (“Transportes Urbanos S.A.”), na Zona Norte.
Bem, ao fundo veem o Pico do Jaraguá, então essa informação é supérflua.
– Veja quantos Monos numa foto (esquerda). Por aí você dimensiona quanto esse modelo foi popular.
Em primeiro plano, um Mono 2 da mesma Tusa, ao lado de um Mono 1 Azulão da CMTC.
Atrás mais um M1, que não identifico a viação, e em sentido contrário mais dois Monoblocos 1 da CMTC.
E também quantos Fuscas. Nessa imagem são pelo menos 9. O Mono é o Fusca dos ônibus.
Guardando o Mono Azul, vemos um Fusca….azul. Não apenas 1, mas 3, um na frente, um atrás, e mais outro entrando na via lateral.
A mesma imagem se repete, em São Paulo e no Rio. Vai ser um Cara Gozador assim lá na Barra Funda, SP.
– Mono 1 da Viação Gato Preto, também Zona Oeste (esquerda abaixo).
A cor da saia indica a região:
Verde-claro da Tusa e marrom, Zona Norte. Amarelo e roxo, Zona Leste.
Azul-claro, azul-escuro e vermelho, Zona Sul. E por fim verde-escuro e laranja, Z/O.
Note que aqui me refiro ao sistema “Saia-e-blusa”, que vigorou de 1978 a 1991.
E não as cores atuais do sistema “Interligado”, que começou em 2003 (confira matéria completa sobre o transporte paulistano).
Como Donald observou: esse ônibus traz escrito “La Ciotat Jongkind” na lateral, abaixo do vidro do motorista.
Era costume da Gato Preto identificar seus veículos dessa forma:
Cada um trazia uma inscrição específica, geralmente uma frase sem pé nem cabeça, que só o autor compreendia, como é o caso aqui.
Esse veículo está parado no Viaduto do Chá, perto do Teatro Municipal.
As Praças Ramos de Azevedo e do Patriarca, que são vizinhas e unidas por esse viaduto, são o ponto final das linhas que vão pra Zona Oeste.
Ali, nos anos 80, só dava ônibus de saia verde-escura.
Fiquei muitas vezes parado ali, era um menino ainda, horas e horas vendo esses bichões chegando e saindo.
Já voltamos pro Sudeste. Antes, na sequência horizontal, mais uma parada no Centro-Oeste.
3 TCB atuais, o 1º é o mesmo que está acima dele mesmo.
Os outros dois adesivados, e assim a Capital Federal voltou a ter ‘Azulões’, na segunda década do século 21.
– Agora a direita um M2 da mesma Gato Preto, Z/O de Sampa.
Esse carro, chamado “SnowMass” (‘massa de neve’ em português, outra das loucuras da Gato), cumpre a linha 8507.
Que vai pro bairro do Pacaembu, na Zona Oeste claro, onde há o estádio que o consagrou.
– Continuamos na Z/O, mas migramos pra Zona Laranja.
A esquerda Mono 1 da Viação Santa Cecília, agora ainda de “Saia-e-Blusa”.
Compare com o Castro. Ambos iam pra Zona Oeste, por isso a saia era idêntica, laranja.
A blusa era livre, a Castro quis marrom com laranja, a Santa Cecília optou por ir toda de branco.
Quanto a esse busão específico, a linha tinha ponto final do bairro de Pinheiros, na Marginal ao lado da estação de trem.
Na época, estação da Fepasa – Ferrovias Paulistas, viação férrea estatal já extinta, que operava trens de passageiros e cargas.
Parte da rede foi assumida pela também estatal CTPM – Cia. Paulista de Trens Metropolitanos.
Essa só opera trem de passageiros. Os de carga foram privatizados.
– Vamos pra Zona Sul: ao lado Mono 2 da Tupi – Transporte Urbano Piratininga – indo pro Aeroporto de Congonhas.
Um mono azul e bege. Atrás, um Fusca…. bege, óbvio. Esse Cara é Gozador….
– Mono 1 da Gatusa (“Garagem Americanópolis de Transportes Urbanos S.A.”) ainda na pintura livre, a esquerda.
Ou seja anterior a “Saia-e-Blusa”, o que indica que essa foto foi tomada antes de 78.
Nos anos 70, a linha 6414 se chamava “Hípica Paulista-Rodoviária”.
Note que não era a atual Rodoviária do Tietê, na Zona Norte, pois essa não existia, e sim a Rodoviária que havia na Luz, no Centrão.
Justamente quando o Tietê foi inaugurado, também foi inaugurado na Zona Sul o ‘Shopping’ Morumbi.
De forma que, com modificações nas duas pontas, a linha foi renomeada “Shopping Morumbi-Estação da Luz”. E assim eu a conheci, nos anos 80.
Após a virada do milênio novas mudanças vieram.
Na Zona Sul, a linha foi estendida, e no Centro agora entra no Terminal.
Assim, ela se chama atualmente 6414-10 “Socorro-Terminal Bandeira”.
Agora dois “ataques em dupla” – ambas as tomadas feitas em julho de 1982, curiosamente em frente a agências bancárias.
Primeiro logo acima dois Monos 1 da CMTC, com ficha técnica (a frente de uma filial do Unibanco, que fechou as portas em 2008).
E por fim a direita mais dois da Auto Viação São João Clímaco. Note os antigos estilos de escrever a marca tanto do Bradesco e da Brahma.
Voltando ao busão, o da frente trabalha na linha 4634.
Que vai pro bairro do Parque Bristol, Zona Sul, quase na divisa com o A.B.C. .
E onde vemos esse número? Na capelinha, é claro. Estamos no Sudeste Brasileiro, afinal.
A direita: em 1986 avermelharam a CMTC, como já dito e é notório.
Na sequência veio o modelo ‘Municipalizado’, branco com faixa vermelha (abaixo).
Na tomada a esquerda, o busão do fundo já está nessa configuração. Mas os dois da frente estão em mais uma ‘pintura de transição‘.
A parte superior do ‘carro’ ainda é vermelha. Porém pintaram uma saia branca, pra indicar a mudança de gestão.
Fechamos com 6 Monos da Grande São Paulo:
Paz, Alegria e muitas fotos de ônibus pra todos.
“Deus proverá”