INTEGRA A “ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO“
Por Maurílio Mendes, O Mensageiro.
Publicado em 29 de março de 2018, 325 anos da fundação de Curitiba.
Atualizado em janeiro de 2014, quando o Ligeirão Norte enfim se tornou o Ligeirão Norte/Sul.
Maioria das tomadas baixadas da internet – créditos mantidos sempre que impressos nas mesmas. As que forem de minha autoria identifico com um asterisco ‘(*)’
Em 2018 enfim começou a rodar a linha do Ligeirão Norte – esse o apelido, o nome oficial era 200-Ligeirão Santa Cândida/Praça do Japão.
A inauguração foi na véspera do aniversário de Curitiba (fundada em 29 de março de 1693 pela história oficial, que só conta desde a chegada dos europeus).
Em 2024 houve uma grande ampliação, o novo ponto final passou a ser o Terminal Pinheirinho. Com a isso a linha mudou de nome pra 250-Ligeirão Norte/Sul.
A matéria original é de 2018, quando funcionava apenas o Ligeirão Norte.
Vou dar umas pinceladas no decorrer do texto pra atualizá-lo a nova realidade. Isto posto, vamos lá. Como o nome indica:
O Expresso 200-Ligeirão Stª. Cândida/Pç. Japão ia do Terminal S. Cândida, na Zona Norte, até a divisa da Água Verde e Batel, na Zona Central.
Passando e parando pelos Terminais Boa Vista e Cabral.
Bem como as estações-tubo Passeio Público, Central, Eufrásio Correia (onde há o “shopping” Estação) e Praça Osvaldo Cruz.
Nos demais tubos o Ligeirão passa direto, sem encostar.
No tubo Bento Viana era o ponto final. Os passageiros desciam, o bi-articulado contornava (vazio) a Pça. do Japão.
A seguir encostava no tubo do outro lado da rua pro embarque de quem seguiria pro sentido oposto.
Em 2024 o projeto foi finalmente concluído. A linha 200 até a Praça do Japão foi desativada.
Em seu lugar surgiu, repito, o Expresso 250-Ligeirão Norte/Sul.
Do Term. S. Cândida até a estação Bento Viana o trajeto e pontos de parada permanecem os mesmos. Apenas ali não mais é compulsório o desembarque.
Já que o busão segue viagem pelo eixo Sul, parando apenas nos Terminais Portão, Capão Raso e Pinheirinho.
Quando surgiu o Ligeirão S. Cândida/Pç. Japão foi divulgado que esse trecho que leva 40 minutos na linha paradora passa a ser feito em pouco mais da metade disso, perto de 25 minutos.
Com a extensão por todo o eixo Sul a economia de tempo será ainda maior.
Utilizei o trajeto completo da nova linha 250 no 3º dia útil de operações, ainda em janeiro de 2024.
O bi-articulado gastou mais ou menos 45 minutos de Santa Cândida até o Pinheirinho. Antes do novo Ligeirão era preciso 1 hora e meia.
Pois além do 203-Santa Cândida/Capão Raso ser paradora, encostar em todos os tubos, como o nome indica finaliza no C. Raso. Quem segue até o Pinheirinho precisava descer e esperar outro ônibus.
Portanto aqueles usuários que atravessam toda a cidade estão economizando 1 hora e meia na ida e volta.
São bem poucas pessoas, verdade, que vão diariamente de um extremo a outro de Curitiba.
Então vamos falar do público, esse sim bastante numeroso, que foi mais beneficiado com a chegada do novo Ligeirão:
Os moradores da Zona Sul (‘Z/S’) que trabalham na Zona Central ou começo da Zona Norte.
Não é segredo, quem é curitibano sabe que a Z/S é a mais populosa e popular da cidade, portanto onde mais gente usa transporte coletivo.
A linha de Expresso paradora 603-Pinheirinho demora perto de uma hora pra ir desse terminal ao Centro. O novo Ligeirão faz o mesmo percurso em pouco mais de meia-hora.
Portanto quase uma hora a menos dentro do busão por dia, somando os dois sentidos da migração pendular laboral. Um grande avanço.
O “Ligeirinho” 700-Pinheirinho/Cabral (e seu reforço, o X35-Pinheirinho/Prefeitura) não ajudam muito, porque precisavam ir pela Via “Rápida”- que de ‘rápída’ no horário de pico não tem nada, são muitos congestionamentos.
Resultando que o “Ligeirinho” leva cerca de uma hora a até o Centro, mesmo tempo do 603 que vai pela ‘canaleta’ (termo curitibano pra ‘corredor exclusivo de ônibus’).
Agora que as estações-tubo das Avenidas República Argentina e Winston Churchill foram desalinhadas, o Ligeirinho poderá utilizar a canaleta ao lado dos Expressos, afinal se tornando mais ligeiro de fato.
Estendendo a economia pra Zona Sul, que a Zona Norte já usufruía desde 2018. Escrevi na ocasião da inauguração do Ligeirão 200-S. Cândida /Pç. Japão:
Poupando 15 minutos na ida e o mesmo tempo na volta, permitindo ao trabalhador ganhar mais meia-hora pra ficar em casa com a família.
Sem pagar um centavo a mais por isso. Muito bom mesmo! E já não era sem tempo desse dia chegar.
Depois de 5 anos de atraso a linha foi enfim entregue, as obras começaram em 2012!
A previsão de inauguração era 2013. Já com um ano de atraso, ficou pronto em 2014, e a seguir 4 anos parado.
Sim, exatamente. Gastaram R$ 16 milhões (apenas no trecho Norte), que por muito tempo não tinham servido pra nada. Finalmente foi posto pra funcionar. Antes tarde que nunca, né?
Por isso o título original dessa reportagem era “Chegou o Ligeirão Norte – Depois de 5 anos…. Ufa!” (esse ainda é o endereço eletrônico que hospeda a postagem).
Demorou mas quando saiu tornou possível ir do Norte de Curitiba a sua parte que concentra os empregos no setor de serviços muito mais rapidamente que antes.
Agora que a linha acaba de ser ampliada pros terminais da Zona Sul (o eixo Portão, Capão Raso e Pinheirinho) a economia será ainda maior.
Pois bem. 12 anos depois do início das obras chegou a hora do Ligeirão Norte/Sul estar na pista ….Ufa! Não era sem tempo!!!
……..
Já damos mais detalhes de como funciona, ainda no primeiro dia de operação fui conferir, e fotografei tudo. Antes vamos pôr no contexto. Começo pelo mais importante:
Não estou fazendo campanha pelos políticos que concluíram essas obras (já falo melhor disso), vou apenas citar os fatos.
Curitiba está vivendo uma boa era pro transporte, após muito tempo de abandono.
De uns tempos pra cá, essa é a segunda grande notícia.
Pois no meio de 2016 o Terminal Roça Grande, em Colombo, enfim foi reformulado e passou a operar como um terminal de verdade. Ele fica já na região metropolitana mas a poucas centenas de metros do S. Cândida na capital.
O Roça Grande ficou pronto e fechado por 3 anos, de 2006 a 2009.
Aí foi inaugurado entretanto de maneira errada:
Simplesmente as linhas que já passavam em frente ao terminal passaram a entrar nele, mas o trajeto não foi alterado.
Assim não se criaram opções de integração onde contava, das vilas de Colombo pra Área Central da capital.
Portanto, de 2009 a 2016 o Roça Grande não era um terminal de verdade, com linhas troncais e alimentadoras.
Era, como podemos dizer?, um ‘ponto normal’ de luxo.
Se não agregava opções de integração não era usado.
Pois quem iria descer de um ônibus pra pegar outro que dali pro Centro tem o mesmo trajeto?
Em 16, isso mudou. Várias linhas foram seccionadas ali e viraram alimentadoras.
O troncal pro Centro passou a ser feito por articulados.
Logo no início de 2017 a coisa ficou ainda melhor.
Aí a até a linha pro Centro de Colombo foi seccionada no Roça, então ele passou a ter bastante demanda.
Nosso tema de hoje é Santa Cândida, evidentemente.
Faço essa recapitulação do Roça Grande porque ambos são muito próximos.
E agora estão corretamente interligados, como deveria ter sido desde o início.
Com enfim o Roça Grande funcionando como deveria passaram a formar um eixo.
Ou melhor, o Roça se integrou ao eixo que já contava com os Terminais do Cabral, Boa Vista e Santa Cândida.
Já fiz matéria específica sobre o Roça Grande com muitas fotos, confira.
Aqui, voltando a contar a história pelo alto, no meio de 2017 ficou ainda mais completo:
Foi inaugurado o alimentador Santa Cândida/Roça Grande.
Enfim integrando essa parte de Colombo (incluindo seu Centro, a ‘Sede’ no jargão) a rede da Grande Curitiba.
E no fim desse mesmo ano de 2017 a linha passou a ser feita com articulados, novamente eu estive ali e documentei.
Portanto essa região da cidade foi olhada com carinho.
Os três maiores melhoramentos da rede em muito tempo foram ali. Como já dito:
– Adequação do Roça Grande prum terminal de verdade.
Com linha troncal com articulados e as outras ex-convencionais viram alimentadoras – foi preciso esperar 10 anos;
– Integração do Roça com a rede municipal e metropolitana da capital.
Aqui foram nada menos que 11 anos de luta até virar realidade;
– Agora no municipal de Curitiba chegou o Ligeirão Norte.
Depois de 5 anos de espera. Pior, sendo 4 com a obra pronta inutilizada!
– Foi criada a linha integrando o município de Quatro Barras (na Zona Leste da Gde. Curitiba, divisa com Zona Norte) ao mesmo Terminal Santa Cândida.
Nesse caso então foram décadas de uma longa espera.
Nunca havia existido essa possibilidade dos quatro-barrrenses usarem a rede da capital sem pagar de novo.
Da mesma forma já reportei essa inovação com fotos;
– Voltou a linha de Ligeirinho Colombo/CIC, que havia sido desmantelada em 2015.
E há ainda mais por vir (o texto é de 2018, e refletia a realidade da ocasião. Vou atualizando conforme novos desdobramentos vão ocorrendo):
– Retomaram-se as obras da Linha Verde Norte/Leste.
(No jargão oficial apenas ‘Norte’. Digo Norte/Leste porque ela divide as duas regiões, Bairro Alto já é Zona Leste.)
O trecho Sul da Linha Verde foi inaugurado no já distante ano de 2009.
Portanto quando escrevo (2018) são 9 anos de espera pela conclusão.
As obras ficaram paradas ou andaram a passos de cágado pelas últimas duas gestões, que pouco ou nada olharam pelo transporte coletivo.
Atualizando: a Linha Verde Norte/Leste foi inaugurada em julho de 2021, por enquanto incompleta.
Só 3 estações-tubo do trecho novo foram entregues:
PUC, Vila Olímpica e Fagundes Varela. Ainda faltam 5.
Por conta disso, entre as estações PUC e V. Olímpica o busão percorre 5 km sem paradas.
Dessa forma não sendo útil aos moradores dos bairros da Zona Leste (Cristo Rei e Jardim Botânico) que ele corta .
Olhando pelo lado positivo agora: as estações PUC e F. Varela são mini-terminais.
Além disso, agora temos certeza que em breve a Linha Verde será concluída. Quando isso ocorrer atualizo novamente a matéria.
– E será feito o Terminal do Tatuquara, na Zona Sul, outro melhoramento que a cidade espera a duas décadas.
A região (além do Tatuquara os vizinhos Campo de Santana e Caximba) entrou num crescimento populacional explosivo desde os anos 90, que ainda continua.
Resultando que já comporta e demanda há muito um terminal. Os prefeitos anteriores sempre prometeram, mas nunca fizeram.
Em maio de 2021 foi inaugurado o Terminal do Tatuquara.
Ao contrário do que a prefeitura prometeu inúmeras vezes, as linhas pro Campo de Santana e Caximba (além da metropolitana pra Vila Tupi em Araucária) não foram seccionadas ali.
O Term. Tatuquara não tem linhas troncais nem alimentadores próprios.
Todos os Alimentadores que param ali continuam tendo seu outro ponto final nos Terminais Pinheirinho e CIC.
Ou seja: as linhas que já passavam próximo do local afora entram no terminal.
Da forma como está, o “Terminal” Tatuquara não é de fato um terminal, mas um ‘ponto de parada normal mais empolado’.
Uma hora a prefeitura vai corrigir o erro e transformar o Tatuquara num terminal de verdade, como já ocorreu no Roça Grande
(No caso do R. Grande de responsabilidade do governo do estado, pois é terminal metropolitano.)
Quando agregarem novas opções de integração, igualmente eu atualizo a matéria. Espero que seja breve.
…….
Agora deixa eu concluir meu aviso que comecei lá em cima.
Alguns numa análise mais superficial poderiam achar que estou fazendo propaganda dos mandatários que tornaram isso realidade.
Eu não estou, tanto que nem citarei no texto o nome deles. Eu voto nulo, desde 2010.
Não votei no prefeito que inaugurou o Ligeirão, uma vez que anulei em 2016.
Tampouco votei nele em sua campanha de re-eleição, até porque eu estava no Recife-PE no dia do pleito.
Eu não voto em ninguém, não tenho qualquer partido.
Apenas acompanho a evolução do transporte coletivo na cidade.
Quem melhora o sistema de ônibus (e nas cidades que existem, também metrô, trem e VLT) eu reconheço.
Agora, quando os gestores não investem nesse setor tão vital ao conforto e bem-estar da população é preciso que seja dito.
As gestões que governaram Curitiba de 2010 a 2016 tiveram sim seus pontos positivos.
Ainda assim os ônibus curitibanos não foram olhados com a atenção merecida nesse período.
O que eu posso fazer? São fatos, não há como brigar contra eles.
Repito, não estou fazendo propaganda pro atual prefeito e governador.
Não votei neles, não votarei (pra esses ou outros cargos), não cito sequer seus nomes.
A questão é que desde 2016 as esferas municipal e estadual promoveram essas ampliações que citei acima, e outras estão em andamento.
Quando melhora a rede de transporte eu divulgo, até por isso essa página se define como “Obsertvatório Urbano e do Transporte Coletivo”.
Nem tudo são flores, faço importante ressalva.
O atual prefeito (no momento da publicação, ficou no cargo entre 2017 e 2024) prometeu voltar todas as linhas de Ligeirinho metropolitanas que foram cortadas em 2015.
Até agora, no entanto só voltou a Colombo/CIC.
A Barreirinha/São José e Fazendinha/Tamandaré ainda estão aguardando.
Ele também prometeu a integração no cartão, e até agora nada.
Atualização de outubro de 2019: a linha Fazendinha/Tamandaré também foi retomada, agora com o nome correto de Caiuá/Cachoeira.
A plataforma do Terminal S. Cândida, que falo abaixo, foi entregue.
Ainda estamos aguardando a integração no cartão e a volta da linha Barreirinha/São José.
Agora segue o texto original, onde relato o que constatei ‘in loco’ em março de 2018:
Além disso, houve pressa de inaugurar o Ligeirão Norte.
Ele foi implantado no Terminal Santa Cândida sem que o terminal fosse adaptado corretamente.
Quem passa no Santa sabe, há uma plataforma inteira ociosa.
Inicialmente pretendiam colocar ali os pontos dos ligeirões.
Ou esse que ficou pronto agora ou o da Linha Verde que ainda está por chegar.
Só que não foi feito. Empurraram o Ligeirão Norte pras mesmas estações do parador Santa Cândida/Capão Raso.
Enquanto isso, onde deveriam parar os ligeirões está servindo apenas de um banco gigante pras pessoas sentarem.
Uma plataforma inteira ociosa, não custa nada repetir.
Onde os bi-articulados passam direto mas não param.
Enquanto isso os alimentadores se espremem na outra plataforma.
Especialmente depois que criaram novas linhas pra Colombo.
E as ligações pros terminais Roça Grande e Maracanã, no vizinho município, agora são operadas por articulados no pico.
Um aperto totalmente desnecessário, já que a plataforma vizinha está vazia.
Assim, ressalto ainda mais um vez, não tapo sol com peneira.
Nem estou fazendo propaganda do prefeito, governador e seus grupos políticos.
Onde há problemas, aponto. Mas fatos são fatos.
O transporte de Curitiba, municipal e metropolitano, deu uma renascida após duas décadas de abandono, e isso tem que ser mostrado.
O FIM DOS “AZULÕES”: OS BUSOS CELESTES DURARAM POUCO NO SISTEMA MUNICIPAL DE CURITIBA.
Tudo isso bem esclarecido, voltamos então a falar do Ligeirão Norte. Primeiro, ele é vermelho.
E não mais azul como os Ligeirões da Zona Sul.
Me refiro claro aos Ligeirões 500-Boqueirão e 550-Pinheirinho/Carlos Gomes (ambos compartilham a Av. Marechal Floriano enquanto percorrem a Zona Central).
Azul é a cor de ônibus mais comum ao redor de nosso planeta.
Sei disso porque sou busólogo, estudo o tema a fundo em todos os continentes.
No entanto aqui em Curitiba o azul ‘nunca pegava‘.
Me refiro nesse caso somente ao sistema municipal.
Curitiba por muito tempo teve ônibus azuis metropolitanos.
Tanto antes quanto depois da padronização dos anos 90.
No entanto a partir do começo pro meio da primeira década do novo milênio não haviam mais metropolitanos azuis.
Aí, até 2011 não haviam mesmo coletivos celestes na capital do Paraná, nenhum modal.
(Falando óbvio só a linhas regulares, sem incluir escolar, fretamento e outros.)
Municipal nunca havia tido, e metropolitano antes sim mas não mais.
Até que em 2011 vieram os bi-articulados azuis, Neobus.
Além disso, dois Marcopolo já com alguns anos de uso foram repintados no mesmo tom, caso único (busque pela legenda, há foto dele na matéria).
Então nessa década de 10 Curitiba teve e tem ‘Azulões’.
E ainda os terá por alguns anos, os bi-articulados Neobus azuis ainda circularão até perto do meio da década de 20.
A questão é que quando saírem de circulação uma era terá chegado ao fim.
Algumas coisas vem, outras vão… Paciência, é a vida, né?
(Alias se serve de consolo Joinville está passando por uma transição mais aguda.
A maior cidade do interior catarinense está perdendo um símbolo maior de sua identidade no que toca aos ônibus…)
Os expressos de Curitiba sempre foram vermelhos, começaram assim nos anos 70.
Porém uma década depois, no fim dos nos 80, a ‘Frota Pública’ da Urbs veio na cor laranja.
No começo dos anos 90, tentaram mudar todos os expressos pra laranja.
Vários ‘carros’ (pitocos e sanfonados igualmente) foram re-paginados nesse tom mais claro.
Logo voltaram a serem vermelhos. Laranja ficou só pro Alimentadores.
(Pra quem não lembra, até o fim dos anos 80 os Alimentadores eram amarelos como os Convencionais.)
Na mesma época, em 1992, foi inaugurado o bi-articulado pro Boqueirão, na Zona Sul, com embarque em nível pelos tubos.
Esses ‘carros’ (Ciferal e Marcopolo) eram cinzas, como os ligeirinhos que haviam começado um ano antes.
Não teve jeito, amigos. Novamente a mudança não pegou.
Vermelho mesmo é a cor-arquétipo do Expresso curitibano.
Confira nas fotos nas laterais a História do Sistema Expresso em Curitiba.
Logo o cinza ficou só pros Ligeirinhos, os Expressos voltaram ao rubro.
Tanto os novos já passaram a vir de novo assim de fábrica.
Como mesmo os da finada empresa Carmo citados no parágrafo acima que começaram prateados foram repintados de escarlate.
E em 2011 surgiu o azul. A terceira tentativa da cidade de ter Expressos de outra tonalidade.
Como as outras duas anteriores, teve seu ciclo e veio a pique.
Ainda há Ligeirões azuis, e certamente estarão entre nós por um tempo, enfatizando de novo.
Não muda o fato que os novos Expressos serão sempre vermelhos.
Assim, dentro de alguns anos todos os veículos dessa categoria estarão novamente padronizados numa única cor.
Sempre rubros, independente da canaleta (corredor) que operem.
E independente também de serem Paradores (encostando em todos os tubos) ou Ligeirões (pulam várias paradas e só encostam nos terminais e em alguns tubos selecionados).
Resultando que Curitiba voltará a não ter ônibus azuis de novo, nem municipais nem metropolitanos.
Ao contrário da maioria das metrópoles do planeta. Coisas da vida!
………..
Os Ligeirões voltaram ao vermelho por economia.
Foi triste saber do fim dos Azulões, sentimentalmente (e ver esse ocaso se materializar em breve).
Porém racionalmente faz sentido, temos que reconhecer.
Com uma cor específica só pros Ligeirões os custos aumentam.
Pois é preciso ter uma frota inteira diferenciada.
Falemos um pouco da logística. Existem os veículos que operam o dia todo.
Há também os que só rodam no pico, e mais os carros-reserva que ficam nas garagens e saem só quando outro quebra.
Com tudo isso tendo que ser azul somente pra poucas linhas, o gasto se amplia.
Claro, mesmo nas linhas que hoje são feitas pelos ‘Azulões’, no horário de pico entram alguns vermelhos.
Na busologia isso se denomina ‘Tabela Trocada’:
Quando um ônibus que deveria rodar em uma linha opera outra de forma improvisada.
E esse fato não passa desapercebido ao observador atento.
Então sim, hoje (2018) nas linhas Ligeirão Boqueirão e Pinheirinho/Carlos Gomes no geral (a ‘Tabela Correta’) são feitas exclusivamente por veículos azuis no meio do dia.
Entretanto, nos horários de maior movimento alguns ‘carros’ vermelhos já acodem (‘Tabela Trocada’).
Daqui a um tempo, entretanto, as renovações de frota farão com que todos os veículos novamente estejam padronizados em rubro.
Assim não terá mais como haver ‘Tabela Trocada’.
Os ‘carros’ que ficarão fixos nas linhas de Ligeirão trazem essa indicação na lataria. Por isso serão fixos.
Entretanto a frota auxiliar (do pico e reserva) não tem nada marcado.
Assim pode puxar tanto linhas de Ligeirão como Paradoras, e ninguém vai se espantar.
(Atualização de 2019: repare em algumas fotos no decorrer da matéria que quando a novidade começou os ônibus tinham a palavra ‘Ligeirão’ escrita bem grande na lateral.
Isso mudou, não há mais essa inscrição adesivada na lataria.
Agora todos os articulados e bi-articulados vermelhos podem fazer qualquer linha. Seja de ‘ligeirão’ ou paradora, não há nenhuma diferenciação entre a frota titular e reserva).
Como medida de transição, os Ligeirões trarão uma pequena plaquinha em azul, na janela perto da porta de entrada (imagens mais pro alto na página).
Isso indicará a transição. Pras pessoas entenderam que aquela linha é de Ligeirão (que elas ainda ligam ao tom celeste) apesar da lataria vermelha.
O mesmo já foi feito em muitas cidades, eu tenho publicado aqui na página exemplos em Joinville-SC e Bogotá-Colômbia:
Lá, como aqui, as linhas eram operadas por ‘carros’ de uma cor.
Quando mudou, adesivaram a frente do veículo com a cor antiga, pra ‘cair a ficha’ da galera.
Já vimos mais pro alto na página um ônibus adesivado como transição na maior cidade do interior catarinense.
E o mesmo na Colômbia (busque pelas legendas).
Bem, no Piauí e no Rio Grande do Sul foi ainda mais intenso:
Ali bolaram uma pintura de transição entre o livre e padronizado.
……
Enfim amigos, voltando ao Paraná pra fecharmos.
Dos anos 70 aos 90, Curitiba foi modelo de transporte não só pro Brasil mas pra todo mundo.
O esquema de terminais e corredores exclusivos aqui criado deu muito certo. Como deu.
O modelo foi copiado por nada menos que 250 cidades, em todos os continentes. do planeta Terra
Todavia, a partir da segunda metade dos anos 90 houve estagnação.
Pararam de investir no setor de transporte coletivo como deveriam.
As consequências vieram, como não poderia deixar de ocorrer.
Outras metrópoles, por todo Brasil e mundo, se modernizaram.
Tiraram o atraso, algumas superaram Curitiba.
Entre outras a Cidade de São Paulo com certeza.
Foi um período bastante difícil na capital do Paraná.
Ficamos mais de duas décadas e meia com poucos investimento na rede no sistema municipal.
Vejamos quais foram em todo esse tempo as únicas ampliações em larga escala de integração:
– Primeiro Terminal Caiuá (fica no CIC, Zona Oeste) em 1999, que é o menor do sistema;
– E uma década depois, a Linha Verde Sul de 2009.
Após esse último melhoramento (o 1° trecho da Linha Verde, que acabo de falar) veio um momento bastante difícil.
Com poucos investimentos nesse campo, infelizmente.
Onde não apenas não houveram avanços como se acelerou o desmantelamento do que já existia.
A coisa ficou tão crítica que rolou uma situação curiosa:
Partes da África passaram a dispor de um sistema de ônibus e trem eficientes.
Enquanto alguns bairros do subúrbio de Curitiba contam agora com um padrão ruim de qualidade.
Em algumas linhas com ônibus circulando somente de hora em hora.
Curitiba estagnou, até mesmo experimentando um retrocesso.
Depois de um tempo a cidade começa a enfim despertar novamente.
Levou uma longa década, porém o Roça Grande virou um terminal de verdade. não era sem tempo.
E passado mais um ano integrado a rede de Curitiba.
Depois de 9 anos (em 2018) parada ou praticamente, a Linha Verde Norte/Leste vai sair.
Espera-se que nessa o Terminal Tatuquara vire realidade.
A conclusão da Linha Verde e o Terminal Tatuquara por hora são apenas promessas, é verdade – quando fiz a matéria em 18, não custa enfatizar mais uma vez.
Vamos então nos ater somente aos fatos palpáveis, atualizando o que mudou de lá pra cá.
– Houve a re-adequação do Roça Grande no sistema metropolitano, levando o transporte integrado a todo o município de Colombo.
– Quatro Barras em 2017 e Campina Grande do Sul em 2021 também passaram a fazer parte da Rede Integrada.
E além disso o sistema municipal de Curitiba também renasce:
– Passados 5 anos e meio do início da obra, sendo 4 anos com ela pronta e sem uso, chegou enfim o Ligeirão Norte.
– Mais 6 anos de espera e ele virou o Ligeirão Norte/Sul.
– Em 2022, com décadas de atraso, o bairro do Pilarzinho, na Zona Norte, ganhou direito a integração no transporte; nesse caso de forma digital, com o cartão. Não foi preciso construir novo terminal.
– As obras do Ligeirão Leste/Oeste começaram em 2024: espero que o busão esteja nas pistas antes de 2030, que os curitibanos não precisem esperar mais 12 anos por outro Ligeirão.
– A Linha Verde Norte/Leste e o Terminal Tatuquara chegaram em 2021, mas ambos precisam ser concluídos/re-adequados.
– Ainda falta também a integração plena no cartão entre todas as linhas. E a transformação do Ligeirinho Inter 2 em ‘BRT’, com pistas exclusivas segregadas dos carros.
Houve uma boa retomada. Mas é preciso continuar.
“Deus proverá”
Sim, eu, que moro no Cabral e trabalho em Araucária, aguardei três anos pelo ligeirão. Fiquei feliz, ainda que com menos semáforos podia ser ainda mais rápido.
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Pois é. Agora estou utilizando direto o Ligeirão 250 pra fazer o trecho Pinheirinho/Passeio Público, e dali o parador 203 até o Juvevê. Houve uma economia de tempo de mais de meia-hora, o que ajuda bem.
Antes eu precisava pegar o “Ligeirinho” Pinheirinho/Cabral, cuja frequência fora do pico é de 20 em 20 minutos. Ou seja, a espera no terminal já era maior. Como o ‘carro’ é ‘pitoco’ (não-articulado) ia de pé, geralmente. Como disse no texto e todos que utilizam sabem de ‘ligeiro’ não tem nada, era uma hora nesse trajeto (isso fora do pico, no pico é uma hora e meia), mais a baldeação no Cabral, dois pontos no parador no sentido Centro pra chegar no Juvevê. Tudo somado quase uma hora e meia do Pinherinho ao Juvevê.
Com o Ligeirão já espero menos tempo na plataforma, ele passa de 10 em 10 minutos. Como é bi-articulado e pego ponto final muitas vezes dá até pra sentar. Com perto de 40 minutos chego ao Passeio Público, ainda tenho que baldear pro parador mas não preciso passar pelo Cabral, já desço no meu destino. Com 1 hora, ou até um pouco menos, faço o trajeto completo.
Ainda assim é um paliativo. BRT de verdade precisa ter prioridade nos semáforos. A prefeitura promete isso desde 2009, quando surgiu o primeiro Ligeirão, o do Boqueirão. Até agora não cumpriu. A sigla ‘BRT’ significa em inglês ‘Ônibus de Tráfego Rápido’, como sabem.
Pois bem. Então pra ser BRT mesmo não basta ter pista segregada e embarque de nível pré-pago. Isso os Expressos curitibanos têm. O Ligeirão, além disso ainda faz menos paradas. Tudo ajuda. Mas é preciso que os bi-articulados tenham prioridade nos sinais de trânsito.
A longo prazo o ideal seria que fossem feitas várias trincheiras, eliminando de vez os cruzamentos ou ao menos diminuindo-os significativamente ao longo da canaleta (‘corredor exclusivo’ em ‘curitibês’, pra quem não é daqui). No mínimo é necessário que os Ligeirões disponham de sensores que abram os sinais verdes quando eles se aproximam.
Enquanto isso não for feito as melhorias, embora úteis, serão sempre paliativas. Tem mais: é importante investir nas canaletas, mas já passou da hora da linha Inter 2, que as conecta perimetralmente, também seja transformada em BRT, com pistas exclusivas.
Obrigado por compartilhar sua experiência, abç. .
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Que site sensacional. Será que há algo sobre minha região?
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Valeu pelo elogio irmão. Mas pra responder eu preciso saber qual a sua região?
Abraços.
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