“Desse lado do Morro”: a Cidade do Vinho, Mendonça-Argentina

Mendonça, Argentina: ao pé da Cordilheira dos Andes.

Por Maurílio Mendes, O Mensageiro

Publicado em 18 de março de 2019

Fechamos a série sobre a Argentina.

E pra encerrar com chave de ouro, vamos falar sobre a cidade de Mendonça.

Mendonça, a “Cidade do Vinho”.

A 4ª maior do país, na base dos Andes, quase na fronteira com o Chile.

……….

Em 18 de março de 2017 eu estava em Buenos Aires.

E de lá, diretamente da capital argentina – vendo o famosíssimo Obelisco de minha janela – eu desenhei e joguei no ar um casal dançando tango.

Por toda cidade há canais nas ruas pra escoar a água que desce dos Andes.

Assim, a série de postagens sobre a Argentina foi aberta ‘in loco’, da própria Argentina.

Por isso, em 18/03/18, em comemoração ao primeiro aniversário, publiquei justamente a matéria sobre Buenos Aires, chamada ‘O Número da Besta.

Agora, em 18 de março de 2019, marcando o segundo aniversário, escrevo sobre Mendonça.

E concluo essa saga de reportar o que presenciei na vizinha nação.

Falamos também sobre Córdoba, sobre futebol, transportes, política, sobre como as mulheres se vestem, e muito mais.

Panorâmica de Mendonça (clique pra ampliar): são poucos prédios altos, concentrados no Centro.

Então agora foquemos em Mendonça, que tem pouco mais de 1 milhão de habitantes, incluindo a região metropolitana – já falarei melhor sobre isso.

Vamos da um panorama geral, depois adentramos melhor em cada tópico.

Resumiremos agora os pontos mais marcantes de Mendonça:

“A Cidade do Vinho” – são diversas vinícolas.

Isso faz que na periferia de Mendonça um copo de vinho de boa qualidade custe mais barato que um de Coca-Cola.

Um espírito interiorano: em Mendonça não há muitos edifícios com elevador (acima a dir.).

3:20 da tarde, dia útil: comércio fechado no Centro – as pessoas estão em casa sestando.

E de tarde o comércio fecha, todo mundo vai pra casa tirar a sesta.

Depois voltam pra trabalhar a noite (esq.).

Valas nas calçadas em todos os bairros: tanto no Centro quanto burguesia e periferia, a cidade é inteira marcada por canaletas nas calçadas.

Elas servem pra distribuir a água oriunda do desgelo da Cordilheira dos Andes.

Quase 8:30 da noite, o comércio está aberto.

Aos pés da qual a cidade está erguida, e da qual depende pra consumir água.

Uma ligação muito forte com o Chile, de quem é vizinha.

Muita arborização, no Centro e periferia igualmente.

………

Carreta chilena na periferia de Mendonça.

Vamos lá então desenvolver melhor esses pontos. O clima favorece o plantio de uvas.

Assim, a produção de vinho é o que mais marca o Espírito Mendoncino, com certeza.

Andava eu, uns dias antes, pela Zona Central de Buenos Aires, quando passei por uma loja de vinhos.

Pois bem. Já estava adesivado na fachada, em letras garrafais: “Somos Produtores. Somos de Mendonça”.

Loja em Buenos Aires: “Somos Fabricantes de Vinho. Somos de Mendonça”. Precisa dizer mais?

Por isso. Mendonça é vinho, e vinho – ao menos na Argentina – é Mendonça.

Nisso, se parece muito com a Cidade do Cabo, África do Sul, que visitei 3 semanas depois.

Essa é outra ‘Cidade do Vinho. Mas da África já nos ocupamos em outra hora.

Aqui, nosso tema é Mendonça. Andando pela periferia da cidade, parei numa mercearia pra comprar um refrigerante.

A cidade é muito arborizada (padrão na Argentina): aqui no Centro.

Levei um susto. Vinho era mais barato que o refri. E vinho bom.

Não estou falando naquele metanol colorido que é vendido em garrafões no Brasil.

Em Mendonça, os alcoolatras não bebem cachaça. Nem vodca, uísque ou tequila.

Eles bebem vinho, e vinho de qualidade razoável. Um privilégio? Não necessariamente.

Na periferia, carros muito velhos (como também é o padrão na Argentina): mas veja quantas árvores adornam a rua!

Dá no mesmo né? Em Mendonça, exatamente pelo preço do vinho ser baixo, não há nenhum glamour em se embriagar com ele.

Cada povo tem uma bebida que cumpre esse papel. No Brasil, é a cachaça

Por isso as pessoas da classe média acham que a cachaça é deprimente.

No entanto, fora do Brasil, a cachaça é cara e tem um glamour.

Próximas 6: valas nas calçadas pra escoar água (destacada). Aqui também na periferia: muitas árvores,  e rua em cimento.

Na Europa, quando uma pessoa da alta burguesia quer presentear um amigo, dá uma garrafa da legítima ‘Cachaça Brasileira’.

Tem mais. Você já parou pra pensar que é assim em todos os lugares? Quero dizer com isso o seguinte:

Na Escócia, é o uísque que é barato e nada chique, e é com ele que os bêbados se entorpecem.

No Centro.

Nos bairros populares de Glasgow, Edimburgo e demais cidades escocesas o uísque está disponível a um preço baixo.

Assim, na Escócia ficar entorpecido com uísque escocês não é nada chique, exatamente ao contrário, é trágico.

Nos bares de Moscou-Rússia e Varsóvia-Polônia, a vodca não é chique, é barata.

Ali, ficar bêbado com o que pra nós é a melhor das vodcas é lamentável, e não um símbolo de ‘status’.

De novo no Centro: quando vazios, canais acumulam lixo que as pessoas jogam nas ruas.

No México, é a tequila – que pra burguesia brasileira é tão cultuada – que é uma desgraça, uma droga legalizada que destrói vidas e sonhos.

Então. Em Mendonça é o vinho que cumpre esse papel, o de ser a bebida mais barata nos botecos.

Sendo mais barato que o refrigerante, não é difícil imaginar o estrago que ele causa em muitas famílias de pessoas que são alcool-dependentes.

Num bairro da Zona Central.

Assim, nos bares da periferia de Mendonça, é fácil e barato obter bastante vinho de boa qualidade pagando pouco.

O que não necessariamente é uma vantagem, pois o custo que ele cobra depois é bem elevado.

Óbvio, foquei aqui nessa parte negativa porque é preciso, o vício no álcool é um problema gravíssimo na Terra, na Argentina como em toda parte.

Numa região de classe-média.

Mas evidente, há uma maioria que sabe apreciar uma boa taça de vinho sem necessitar usá-la como entorpecente.

Pra esses, bem, aí Mendonça é quase uma visão do paraíso.

Imagine entrar numa adega e poder levar uma garrafa de marca conceituada por um valor quase equivalente a de uma garrafa de Coca-Cola ou Pepsi de 2 litros?

No Iraque e na Venezuela, encher o tanque de gasolina custa mais barato que um almoço popular num restaurante do Centrão.

Na periferia da região metropolitana: toda Mendonça tem essas canaletas.

Porque claro, Venezuela e Iraque nadam em petróleo. Analogamente, quase que podemos dizer que Mendonça nada em vinho!

………..

Mesmo sendo uma metrópole, Mendonça ainda tem clima de interior.

O exemplo mais marcante é que ali todos ainda tiram a sesta depois do almoço.

O comércio fecha a 1:30 da tarde, e só reabre as 5. Daí fica aberto até as 9 da noite.

Nas próximas 2, bancas de jornais e revistas: Mendonça é muito ligada ao Chile, por isso vendem ali o jornal chileno ‘Mercúrio’ – além de não estar imune a violência urbana (detalhe).

É só no interior que funciona dessa forma, em Buenos Aires não.

Bem, já escrevi anteriormente que Buenos Aires e o interior da Argentina são mundos a parte.

Politicamente fazem parte do mesmo país, evidente.

Mas cultural e até racialmente são bastante distintos.

É impressionante de ver. Você anda pelo Centro de Mendonça as 2, as 4 da tarde, e está tudo fechado.

No entanto, você anda pelo mesmo calçadão a noite, e está tudo aberto.

O Condorito (principal personagem das HQ do Chile) também é popular em Mendonça.

Aí alguém me perguntou: “mas não tem perigo de ladrões?”

Respondi: “Não, a questão da violência urbana no interior da Argentina é infinitamente menor que no Brasil”.

A Argentina, no geral mesmo na capital, é menos violenta que o Brasil.

Não quer dizer que Buenos Aires seja calma, bem ao contrário.

Carro chileno no Centro.

Foi até os anos 80 e começo dos 90, mas não mais a muito.

Como já escrevi antes e é notório, a Argentina no fim do século 19 e começo do 20 era um país de 1º Mundo.

Evidente pelo fato que Buenos Aires teve metrô em 1913, apenas 4 anos depois de Nova Iorque/EUA.

Outra do Centro: destaquei as valas pra água e que o estacionamento regulamentado (‘Zona Azul’) segue o horário da sesta.

O metrô de B. Aires foi o primeiro:

1) da América Latina;

2) do Hemisfério Sul;

e 3) de um país de língua espanhola, pois veio antes do de Madri/Espanha.

O metrô de Buenos Aires, sendo de 1913, antecedeu o de São Paulo em 61 anos (inaugurado em 1974), e o da Cidade do México em 56 anos (inaugurado em 1969).

Próximas 2: bairro no extremo da Zona Oeste, já na subida da Cordilheira.

Isso basta pra mostrar o quão a frente a Argentina esteve a frente de suas nações-irmãs da América Latina num ciclo anterior.

E por isso Buenos Aires durante quase todo o século 20 teve baixa violência urbana.

Com os assaltos a mão armada e assassinatos sendo raros.

Só que não mais. Na segunda metade do século 20 a Argentina entrou num ciclo de estagnação e mesmo decadência econômica.

Buenos Aires inchou muito. Se em 1970 a cidade (incluindo região metropolitana) contava com perto de 5 milhões de pessoas, em 2010 era o triplo disso. 

Mendonça sob neve (r) – as imagens que forem puxadas da internet identifico com esse ‘(r’) de ‘rede’, todas as demais de autoria própria.

E boa parte dos recém-chegados a capital vieram engrossar as favelas e loteamentos populares do subúrbios.

Onde a infra-estrutura oscila entre precária a quase inexistente.

Some-se a isso que o país entrou numa crise política após a ditadura militar (1976-83) que ainda não conseguiu se recuperar totalmente.

Vinícola.

Se tudo fosse pouco, somado ao alto desemprego e crise política, nos anos 90 chegou com tudo o ‘paco’.

Que é como eles chamam por lá a droga que em Brasília-DF e na Amazônia é conhecida como ‘merla’.

O craque já é um resíduo da cocaína. Pois bem. A merla na Argentina é chamada ‘paco’, repetindo.

Essa é uma droga ainda mais grosseira que o craque, tragicamente.

E na periferia de Buenos Aires infelizmente existe uma febre do paco.

São milhares de jovens viciados, que necessitam fumar diariamente várias doses.

Tudo isso fez com que dos anos 90 pra cá Buenos Aires se tornasse bastante conturbada.

Assaltos e assassinatos agora são rotineiros lá, bem diferente do que era até os anos 80.

Proporcionalmente Mendonça é a cidade argentina com mais articulados.

Claro, as metrópoles do Brasil são ainda mais violentas, uma dura realidade.

Buenos Aires não é calma, longe disso, mas tem bem menos problemas nesse quesito que as cidades de nossa nação brasileira.

E no interior da Argentina a violência urbana é menor ainda, falei tudo isso pra voltar nesse ponto.

Em Mendonça há alguns assaltos, uma situação preocupante.

Vi vários pequenos comércios, na periferia e mesmo no Centrão, atendendo gradeadas, pra evitar roubos com facas.

Eu mesmo entrei numa mercearia pra comprar uma garrafa de refrigerante na periferia de Mendonça, e o dono me atendeu, atrás do balcão, isolado da clientela por barras de ferro.

Aqui e a direita: filma a idade dos carros que eu flagrei circulando pelas ruas!

(Já havia passado pela mesma experiência no Chile, México, Colômbia e Belém do Pará.)

Ademais, lemos na manchete do jornal que houve duas tentativas de raptarem garotas no mesmo dia, uma frutífera e outra malograda.

Quando estive na Argentina (março de 2017) a capital Buenos Aires vivia grave onda de sequestros.

Infelizmente, o problema se desdobrou ao interior também.

Mesmo que não tivesse visto o jornal, vi várias mercearias em Mendonça gradeadas, enfatizando de novo.

Sinal que na periferia e mesmo no Centro há sim ladrões que atacam com facas no comércio.

Ainda assim, no calçadão do Centro, que ainda concentra burguesia da cidade (por isso bem policiado), o problema da violência é significativamente menor.

O que permite que as lojas fechem a tarde, e depois fiquem abertas até as 9 da noite.

Próximas 2: comércios abertos, mas atendendo atrás das grades. Esse na periferia.

Mas claro, há outra questão a se considerar, isso só dá certo numa cidade não tão grande.

Onde as pessoas possam ir pra casa no intervalo da sesta.

As lojas abrem as 9 da manhã e fecham 1:30 da tarde, reabrem 5 da tarde.

Logo, os funcionários precisam morar relativamente próximos ao serviço.

Pra dar tempo de ir pra residência, tirar um cochilo rejuvenescedor, e ainda voltar antes das 5 da tarde.

E agora em pleno Centro da cidade.

Por isso eu disse pra vocês, em Buenos Aires não se tira sesta.

Porque é inviável. A capital argentina tem, repetimos, perto de 15 milhões de habitantes.

Boa parte de sua classe trabalhadora vive em distantes subúrbios.

Pega o ônibus até uma estação de trem e pela linha férrea faz longa viagem até a Zona Central da capital.

Calçadão no Centro.

Leva de uma hora e meia a duas horas pra chegar de casa ao trabalho. Ida e volta dão de 3 a 4 horas.

Assim, não há como ir pro emprego de manhã, pra casa no meio do dia, de volta pro trabalho de tarde e mais uma vez pra casa a noite.

As pessoas passariam mais tempo no transporte coletivo que no emprego.

Uma cidade florida.

Resultando que em Buenos Aires não há mais pausa pra sesta a muito.

Em Mendonça, que tem pouco mais de um milhão, é o exato oposto, é universal.

Praticamente todo o comércio em Mendonça fecha a tarde.

O município de Mendonça é pequeno, pega só o Centro e parte da Zona Oeste da metrópole.

Tanto que até o estacionamento regulamentado (o ‘Estar’ aqui em Ctba., a ‘Zona Azul’ em SP) tem esse mesmo horário de operação.

Em Córdoba há um meio-termo. Algumas lojas ainda fecham a tarde pra sesta e reabrem a noite.

Enquanto que outras tocam direto a tarde e fecham a noite.

Assunção vive numa vibração similar a Córdoba: na capital do Paraguai a sesta já foi abandonada por muitos.

Próximas 2: comércio fechado a tarde pra sesta.

No entanto  alguns comércios ainda a exercem, mantendo a tradição.

Bem, Assunção tem perto de 1,5 milhão na região metropolitana.

Portanto uma população similar a Córdoba e pouco maior que a de Mendonça.

……….

Lojas ‘em sesta’ e restaurante vegetariano.

Outra diferença entre a capital e interior argentinos é na alimentação.

B. Aires adora pizza. No Centrão são centenas de pizzarias.

As vezes uma ao lado da outra, pra todos os gostos e bolsos.

Em Buenos Aires eles têm o costume de almoçar pizza.

Próximas 2: praças em Mendonça.

O que geralmente não acontece aqui no Brasil, nós ligamos a pizza mais ao jantar.

Já na capital argentina tudo acaba em pizza, não tem hora, é só sentar na mesa e pedir, sempre cai bem.

Então, meus amigos. No interior não é dessa forma, ao menos não tão acentuadamente.

Em Córdoba e Mendonça existem pizzarias, é claro, até porque esse é um prato quase oni-presente no planeta.

As praças do interior da Argentina são enormes, parecem parques.

Mas numa proporção muito, mas muito menor que em Buenos Aires.

Digamos assim, no interior argentino a quantia de pizzarias no Centro está mais próxima a que encontramos no Brasil.

Por outro lado, notei uma grande concentração de restaurantes vegetarianos no Centro de Mendonça, que em Buenos Aires são bem mais raros.

Existem estabelecimentos de alimentação na capital que servem somente pratos sem carne.

Quilmes, a cerveja mais vendida da Argentina (ao lado da Coca-Cola, refrigerante mais vendido no mundo): mesmo na ‘Cidade do Vinho’ a bera tem seu espaço.

Eu mesmo um dia almocei num deles no bairro de Palermo, na Zona Norte.

Mas, notem, Palermo, ao lado de seus vizinhos Recoleta, Belgrano e Nunhez, todos formam a parte mais rica da cidade, onde se concentra a burguesia.

E entre os burgueses o vegetarianismo é infinitamente mais comum que entre a classe trabalhadora, como todos sabem.

Quero dizer com isso o seguinte. Vi e mesmo fui cliente de um restaurante vegetariano na Zona Norte de Buenos Aires, no dia que visitei a região.

Favela na Zona Oeste (imagem via Visão de Rua do ‘Google Mapas’).

Porém no Centrão, que foi onde fiquei hospedado, não vi restaurantes vegetarianos em Buenos Aires.

Em Mendonça é diferente. São vários desses estabelecimentos que não servem alimentos feitos com corpos de animais.

Sinal que o hábito de não comer carne está proporcionalmente mais difundido em Mendonça.

Sim, eu sei, por Mendonça ser bem menor, nela o Centro ainda é o reduto da burguesia.

Mesmo assim a proporção de restaurantes vegetarianos ali é bem maior que na capital.

Alias, uma coisa curiosa, vi vários restaurantes vegetarianos em Mendonça que funcionavam somente no sistema ‘pra viagem’.

Próximas 4: Praça Independência, a “Praça de Armas” do Centro de Mendonça, com sua fonte das ‘águas coloridas‘.

Havia o bifê, mas não havia salão, sem mesas no estabelecimento.

Portanto não havia onde sentar, não sendo possível dessa forma comer ali.

Você fazia o seu prato e levava numa embalagem de isopor, com talheres de plástico.

Pra que você vá fazer sua refeição no escritório ou em casa, conforme o caso.

Outra coisa, a pavimentação das vias também marca o contraste entre capital e interior:

Em Buenos Aires, predomina o asfalto, exatamente como no Brasil.

Os Andes ao fundo. A dir. algo interessante: de noite o escudo da Argentina se acende.

No entanto, no Chile (e também no México) o modal preferido é o concreto.

Claro que nesses dois países as principais avenidas são em asfalto.

Mas as ruas secundárias geralmente têm o piso em cimento.

Pois bem. Mendonça tem grande proximidade física e cultural com o Chile.

Resultando que o concreto também é o escolhido pra boa parte das ruas da cidade.

Córdoba não fica perto do Chile. Mas nela as ruas em cimento já são bem mais comuns que na capital Buenos Aires.

……..

Ademais, contribuindo pra esse espírito interiorano, de cidade menor, vemos que Mendonça tem poucos prédios altos.

Próximas 2: em Mendonça as avenidas são numeradas como ‘eixos‘.

O contraste com Córdoba e Rosário é gritante. Essas duas são metrópoles.

Por toda Zona Central de ambas são centenas de edifícios imponentes, com elevador.

E agora está surgindo na extremidade oeste de Córdoba um subúrbio pros afluentes, parecido com a Barra da Tijuca no Rio (mas sem o mar, é óbvio).

Ou seja, o miolo de Córdoba e Rosário, e no caso de Córdoba até num subúrbio distante, está tomado por prédios altos.

‘Marco Zero’, onde os eixos ‘zero’ se encontram.

São muitas centenas deles, pelo Centro e bairros de classe média-alta vizinhos (e nem tão vizinhos).

Em Mendonça não é assim. Mendonça tem relativamente poucos edifícios com elevador.

São algumas poucas dezenas deles, e sempre somente no Centrão mesmo.

Aqui vemos o cruzamento da B. Mitre (eixo 4 Oeste) e Colombo (Eixo Zero).

Fora o Centro em Mendonça não há bairros verticalizados.

Nem mesmo na Zona Central, e muito menos na periferia.

…………

Mendonça tem as suas avenidas numeradas como os ‘eixos’.

Num sistema que guarda alguma semelhança com os nºs da Super-Quadras de Brasília.

Próximas 2: ruas de terra na periferia.

Funciona assim: o cruzamento das Avenidas San Martín e Colombo é o ‘Marco Zero’, onde os eixos ‘Zero’ se encontram.

Ou seja, a Avenida San Martín é o Eixo Zero na dimensão vertical, o que divide a cidade em Leste e Oeste.

Logo, a primeira paralela a leste dela é numerada como o Eixo 1 Leste.

Bairro de bom padrão com sobrados, mas a via em calçamento natural ainda.

A 2ª paralela, a Av. São João, é o Eixo 2 Leste, e assim sucessivamente.

Inversamente, a primeira paralela a oeste é o Eixo 1 Oeste. A Av. Bartolomeu Mitre, por mim fotografada (vide um pouco acima) é sua 4ª paralela pro ocidente, portanto o Eixo 4 Oeste.

Na Av. San Martín a Av. Colombo também muda de nome. Ela se chama assim, ‘Colombo’, a oeste da San Martín.

Próximas 4: como é típico da Argentina, Chile e do Nordeste do Brasil, casas mais humildes com a porta direto na calçada.

Após o cruzamento, a Av. Colombo se torna a Av. José Vicente Zapata. Seja como for, apesar de mudado o nome é a mesma avenida.

Então. E a Av. Colombo/J. V. Zapata divide Mendonça em Norte e Sul, pois é o Eixo Zero na dimensão horizontal.

A Av. São Lourenço (que cliquei na esquina com a B. Mitre) é sua primeira paralela ao norte, dessa forma numerada como o Eixo 1 Norte, a que vem a seguir o Eixo 2 Norte, e por aí vai.

Você já pegaram o jeito da coisa: a Av. Brasil é a 8ª paralela ao sul.

Logo, a avenida que homenageia nossa Pátria Amada é o Eixo 8 Sul de Mendonça.

Tudo isso resulta que de bater o olho na placa você já sabe onde está na cidade, a quantas quadras do Centrão.

Outra coisa: igual ao Brasil, na Argentina, Uruguai e Paraguai se usa o termo ‘Oeste’, como vimos.

Já contei antes, em Buenos Aires se diz ‘Zona Oeste’, exatamente igual fazemos aqui.

Digo isso porque nos demais países hispano-falantes (Colômbia, México, Chile, etc) não se usam nenhum desses termos, nem ‘Zona’ pra dividir cidades nem ‘Oeste’.

‘Norte’ e ‘Sul’ são ‘Norte’ e ‘Sur’. Mas Leste é ‘Oriente’, em todos eles, e Oeste é ‘Occidente’ no Chile e Colômbia, e ‘Poniente’ (‘poente do sol’) no México.

Repare sempre nas canaletas de água.

Assim: o que nós dizemos ‘Zona Norte’, eles dizem simplesmente ‘o Norte’, sem ‘zona’.

E nosso ‘Zona Oeste’ é ‘o Ocidente’ ou ‘o Poente’, sem ‘zona’ de novo.

Isso, repito, nos países trans-andinos e América Central (México incluído).

Na Argentina, como no Brasil, se usa a palavra ‘Oeste’ e também o termo ‘zona’ pra dividir cidade.

Agora como é típico da Argentina – mas do Nordeste brasileiro não! – residências de melhor padrão, mas ainda assim com a porta saindo na rua, sem muros.

Daí nós presenciamos chamado o Eixo ‘Oeste’ em Mendonça.

……

Apesar de nesse ponto Mendonça seguir o resto da Argentina, ela é muito ligada ao Chile, pois esse está logo ali, do ladinho.

É muito comum vermos caros e até carretas chilenos nas ruas de Mendonça.

Tem mais. Vi – e fotografei – na periferia de Mendonça um caminhão chileno vazio, parado em frente a uma casa.

Próximas 3: chegando a Mendonça, ainda na estrada, os primeiros subúrbios da cidade.

Sinal que o motorista estava hospedado na região, ou mesmo morasse ali.

É provável que o motorista seja dali de Mendonça ou no mínimo tenha parentes do lado argentino da fronteira.

Mais ainda: quando fui lá (03/17) o comércio de Mendonça estava pressionando as autoridades a endurecerem o ‘contrabando de roupas’ na fronteira.

Explico: no Chile, visando exatamente esse público argentino, existem centros comerciais populares que vendem vestuário no atacado (como ocorre no Brás, no Centro de São Paulo).

Os argentinos vão lá, enchem as sacolas e depois revendem na Argentina a parentes e conhecidos.

Aí, obviamente as lojas em Mendonça estão perdendo faturamento, e exigem ‘providências’.

A questão é que é um problema de difícil solução.

Mendonça é muito perto do Chile, e continuará sendo.

Setor de Engenharia na Universidade (Z/Oeste).

Enquanto as roupas chilenas forem mais baratas, natural que os mendoncinos continuem a fazer suas compras no país vizinho.

Parafernália legislativa não pode mudar essa lei da economia.

O clima é bem seco, veja quantos cactus a venda na floricultura no Centro.

A não ser que se criminalize totalmente o contrabando, com duras penas de prisão.

A questão é: vale o preço? Pôr na cadeia mães-de-família, que só queriam aproveitar a oportunidade pra vestir seus filhos e maridos?

(E também faturar um troquinho revendendo no escritório ou vizinhança, que mal tem nisso?)

Outra coisa: em 1989, quem tem idade suficiente e gosta de futebol vai se lembrar, Brasil e Chile disputavam no Maracanã um jogo pelas eliminatórias da copa de 1990.

Fachada de um banco. Não restam dúvidas, antigamente as coisas eram ais caprichadas.

Uma torcedora brasileira atirou um rojão no campo. Ele passou perto mas não acertou o goleiro chileno.

O arqueiro adversário, entretanto, simulou ter sido atingido, pra que o Chile ganhasse o jogo no tapetão.

A farsa envolveu a comissão técnica chilena, que derramou mercúrio no jogador pra simular sangue.

Vitral religioso (com as bandeiras do Chile e Peru, além da local). Na periferia, a Argentina ainda é um país extremamente católico.

Por conta disso, o Chile foi automaticamente eliminado das copas de 90 e 94.

O atleta-ator foi banido de jogar futebol profissional de forma perpétua.

E o que tudo isso tem a ver com Mendonça, Argentina?

É simples. Como uma punição adicional, quando o Chile enfim pôde voltar a disputar partidas internacionais, foi proibido por um tempo de fazê-lo em seu território.

Aí o Chile mandou seus jogos em Mendonça. Quase como se estivesse em casa.

Próximas 5: periferia de Mendonça.

Por conta de tanta proximidade, surgiu o título da matéria. Nomeei a série sobre o Chile de “Do Outro Lado do Morro”.

Posto que essa é a característica mais marcante chilena: a de ser uma nação trans-Andina, estar ‘do lado de lá’ da Cordilheira dos Andes.

Pois bem. Mendonça, como Santiago que é tão próxima, está também aos pés da Cordilheira. Mas do lado de cá.

Por isso “Desse Lado do Morro”. Pra mostrar que ela fica exatamente ao pé desses mesmos Andes, que a separam – e a unem – ao Chile.

……..

Sendo uma cidade de sopé de serra, Mendonça é muito fria no inverno.

Essa tirei de dentro de trem, vemos os trilhos.

E acredito que o clima seja seco, vocês viram que vender cactus é um bom negócio por lá.

Por conta disso, seu clima é propício pra produção de vinho.

Os picos dos Andes ficam com neve o tempo todo, mesmo no verão.

Fomos até lá ainda nos últimos dias da estação mais quente do ano.

E, veja a foto logo no começo da matéria, as montanhas mais altas ficam permanentemente cobertas de branco.

Claro, no inverno a neve toma conta da região. Centros de ‘ski’ são um atrativo pra quem pode pagar, já que não é um divertimento barato.

As montanhas ficam com tanta neve que você pode esquiar.

Ainda mais uma vez, repare sempre nas valetas da água dos Andes.

Mesmo na cidade de Mendonça propriamente dita neva com frequência.

Não todos os anos, é certo, mas ainda assim várias vezes por década.

Como comparação, a capital Buenos Aires só viu neve 2 ou 3 vezes em sua multi-centenária história, ou seja B. Aires está igual Curitiba nesse quesito.

Tomada noturna do Centro.

……….

Seja como for, o que ocorre todos os anos é que a neve se acumula nos Andes no inverno, e desgela na primavera.

E a cidade de Mendonça depende dessa água pra sobreviver.

Assim, por toda Mendonça há canais nas calçadas pra neve desgelada, agora em forma de água, escorrer.

Esse é outro dos pontos que mais chamam a atenção em Mendonça.

Próximas 2: a Zona Central, com muitas árvores.

Por toda cidade, Centro, bairros de periferia e da burguesia.

Todos eles são cortados por esses canais, em boa parte de suas ruas.

E os canais são abertos, verdadeiras valas nas calçadas, é preciso olhar bem onde pisa.

Isso, repito, de forma universal, por toda Mendonça – as imagens deixam claro.

Santiago do Chile – mais uma vez as duas cidades são ligadas – tem isso também.

Porém no caso chileno apenas em alguns pouquíssimos bairros da periferia da Zona Leste, que já ficam no pé dos Andes.

Em Mendonça não. É por toda cidade mesmo, inclusive em pleno Centro.

Alias por conta disso Mendonça deve ser o terror dos bêbados, hein?

Praça, elas sempre são gigantes.

Esteja a pé ou de carro, lá você tem que tomar muito, mas muito cuidado com seu trajeto.

Ou facilmente você cai numa dessas valas de escoar a água da Cordilheira.

Quebrando a perna ou as rodas de seu carro, conforme o caso.

Fui a Zona Oeste de Mendonça, nos bairros que já estão na subida dos Andes.

De lá dá pra ver a cidade inteira. E depois voltei a pé pro Centro.

No caminho, passei por um enorme canal de concreto.

Imagem ao lado, via ‘Google Mapas’ (minha câmera ficou sem bateria).

Mas como estávamos no fim do verão, só havia um pequeno filete fluvial.

Próximas 3: o que mais chama a atenção em Mendonça, as canaletas pra desgelo da montanha.

Infelizmente em alguns pontos havia muito lixo, muito mais que aparece na cena a esquerda.

Quanto a água mesmo, e é isso que eu quero lhes contar:

Um riachinho somente, que qualquer um pode atravessar a pé sem problemas.

Isso porque era final de verão, repito, começava a esfriar.

Portanto a neve começava a se acumular na montanha ao redor.

Se eu passasse ali 6 meses depois, isto é, na primavera, teria visto um portentoso rio que ocuparia quase todo o leito do canal.

……..

Mas claro, Mendonça também tem rios perenes, que são caudalosos de forma permanente.

Esses não dependem de desegelo, são fartos de janeiro a janeiro.

Enquanto outros são sazonais, como descrito acima: rios fortes só na primavera.

Nas demais estações se tornam riachos. Falar nisso, ao lado do canal que delimitava um desses arroios havia uma favela, uma das poucas favelas de Mendonça.

A cidade tem bolsões de miséria, é claro, pois é América Latina.

Já descrevi minha volta pela região no capítulo ‘Mad Max em Mendonça’, na matéria de abertura da série.

Então Mendonça tem favelas, passei por uma delas. Mas são poucas. Bem menos que em Buenos Aires.

Próximas 4: canais dos rios de Mendonça (alguns são perenes, outros – esse aqui como exemplo – só enchem de forma sazonal).

A capital argentina, inversamente, tem muitas favelas, e elas estão crescendo pros lados e pra cima.

Hoje as favelas portenhas já não mais se diferenciam das favelas brasileiras.

Em Buenos Aires são diversas favelas, dizendo ainda mais uma vez.

Elas são densas, as lajes já atingem fácil o 4º e 5º andar.

Em Mendonça são poucas e ainda não chegou a ‘cultura da laje’.

Se precisar puxadinho é nos fundo, horizontal (no Paraguai é assim também).

Em Córdoba e na capital, pelas cidades serem maiores, as casas na periferia estão se verticalizando:

Tanto dentro como mesmo foras das favelas, nas periferias cordobesa e bonarense (B. Aires) está sendo comum ‘subir a laje’, como vemos tanto no Brasil.

Em Mendonça isso não existe. As casas na periferia, mesmo dentro das poucas favelas, são térreas.

……

Apenas 4 cidades argentinas superam a marca do milhão:

Sem-tetos no Centro.

Na Grande Buenos Aires vivem praticamente um terço dos argentinos, são quase 15 milhões de pessoas na Capital Federal e seus subúrbios.

Em Córdoba são 1,5 milhão, e desses 1,4 milhão vivem no município de Córdoba mesmo, e apenas 100 mil em subúrbios metropolitanos.

Rosário (essa não pude visitar, infelizmente) vem logo atrás, são entre 1,2 a 1,3 milhão.

Em Mendonça a situação se inverte em relação ao que contei de Córdoba:

1 milhão de argentinos moram na cidade que é a Grande Mendonça.

Na Argentina (e Paraguai também) os bancos só funcionam até o almoço, das 8 a 1 da tarde.

E desses apenas 119 mil vivem no município de Mendonça, pouco mais de 10% portanto.

É que o município de Mendonça é minúsculo em área, como o mapa (visto mais acima na matéria) deixa claro.

Abrange apenas o Centrão e uma parte da Zona Oeste (onde ficam o estádio e a universidade) e outra da Zona Norte.

Quase toda a área urbana da cidade fica em outros municípios vizinhos.

A capital estadual é apenas o 6º município mais populoso da Grande Mendonça, você acredita nisso?

Pois é a realidade. O município mais povoado da Grande Mendonça é Guaymallén, com 320 mil. Pega quase toda a Zona Leste da cidade.

Xadrez no estacionamento da rodoviária? E quase 10 da noite??

Como acabo de dizer e é notório, o município da capital da província (estado) é muito pequeno.

Você está no coração de Mendonça, a Praça Independência.

Onde há aquela fonte com a bandeira argentina e a outra com as “águas coloridas”.

Eis a ‘Praça de Armas’ da cidade do tempo da colonização espanhola (no México o ‘Zócalo’).

Estacionamento na Argentina chama-se “Praia” (‘playa’). A noite a “praia está fechada”, diz a placa. “¡ Bamos a la Playa !

Ou seja no núcleo da metrópole mesmo, onde se iniciou sua colonização.

Pois bem. Caminhe 9 quadras pra leste. Apenas nove quadras o que dá menos de 1 quilômetro, quinze minutos a pé.

Você ainda está na Zona Central da Grande Mendonça, evidente.

Mas, isso que quero apontar, não mais no município de Mendonça, e sim em Guaymallén.

Depois vem Las Heras, com 227 mil, que corresponde a maior parte da Zona Norte.

Próximas 2 tomadas (a mesma em 2 escalas): carros velhos na periferia, rua de concreto.

A seguir Godoy Cruz, 203 mil. Se espraia entre as Zonas Oeste e Sul de Mendonça.

Seu vizinho em área e número de habitantes é Maipú, onde vivem 193 mil pessoas. Parte da Zona Sul e a parte da Zona Leste.

O extremo da Zona Sul já fica em Luján de Cuyo, moradia de mais 137 mil mendoncinos. 

Parece incrível mas é isso mesmo, o município de Mendonça é apenas o 6º mais populoso da cidade que é a Grande Mendonça.

No Brasil, temos um paralelo com essa situação no Espírito Santo.

Pois o município de Vitória, capital do estado, é apenas o 4º mais populoso da Grande Vitória, atrás de Serra, Vila Velha e Cariacica.

Voltando a Argentina, o município de Mendonça é conhecido como “a Cidade” dentro da Grande Mendonça.

Veja ao lado as fotos que tirei do comércio. Quando fica no município de Mendonça mesmo – e não na região metropolitana, é o que quero dizer – eles identificam como ‘Cidade’.

Próximas 6: cenas de Mendonça, suas canaletas nas calçadas, casas sem muros, ruas de concreto, etc.

Abreviação de “Cidade de Mendonça”. Mas não é preciso grafar tudo.

‘Cidade’ já está implícito que é dentro dos limites do município da capital do estado (na Argentina os estados se chamam ‘províncias’, você sabe).

………

No mais, o que podemos acrescentar? Mendonça é extremamente arborizada, as árvores cobrem praticamente todos os bairros.

A cidade mais verde que já estive certamente é Maringá-PR, que tem pouco mais de meio milhão de habitantes na área metropolitana.

Entre as com mais de 1 milhão, as cidades com mais árvores entre as que eu já pisei são Curitiba – onde eu vivo -, Assunção/Paraguai e João Pessoa/Paraíba.

Na Argentina não há tanta arborização quanto nessas acima citadas, mas chega perto. Todas as cidades argentinas são muito verdes, e Mendonça vibra na mesma frequência.

As praças da cidade são gigantes, parecem mini-parques. Em Córdoba ocorre o mesmo.

…………

Mendonça tem algumas linhas de tróleibus, e uma linha de VLT (bonde moderno).

Em ambos os casos alguns veículos vieram usados da América do Norte:

Os trens do VLT operaram antes a linha São Diego/Tijuana, na fronteira EUA/México.

E alguns ônibus elétricos de Mendonça são oriundos de segunda mão de Vancuver, no Canadá, por isso têm adesivos em francês dentro dele.

Sim, eu sei, Vancuver é Costa Oeste, onde não se fala francês.

Talvez apenas por ser canadense esse idioma seja obrigatório na comunicação visual, e de fato por isso está aí.

E proporcional a seu tamanho Mendonça é a cidade que mais tem articulados na Argentina.

Buenos Aires praticamente não tem articulados, em Mendonça eles são relativamente comuns.

Já falei melhor de tudo isso na matéria sobre os transportes.

Nas próximas 6 imagens, não estamos vendo Mendonça e sim Buenos Aires. Aqui e a esquerda os teatros em tomadas noturnas.

……….

No futebol, a Grande Mendonça não consegue ter expressão a nível nacional e muito menos internacional.

Nunca um time da cidade conseguiu ser campeão argentino, e muito menos de torneios sul-americanos.

A principal equipe mendoncina, o Godoy Cruz (conhecido como “Tomba”), está em 2019 disputando sua 4ª Libertadores da América.

É o único clube de Mendonça que já participou da principal competição do continente.

E sua melhor colocação foi uma classificação as oitavas-de-final.

O Godoy Cruz tem também um vice-campeonato argentino.

Todos os campeões da história da Argentina são da Grande Buenos Aires (incluindo os ‘subúrbios estendidos’) e Rosário

Famoso “Choripan”, o pão-com-linguiça, sanduíche nacional argentino.

Córdoba, Mendonça e todo o resto do interior não fazem cócegas ao eixo Bs. Aires-Rosário.

Igualmente já falei desse tema com mais detalhes na matéria sobre futebol.

………..

Documentei algo inusitado na Rodoviária de Mendonça:

Quase 10 da noite, ao ar-livre, duas pessoas jogavam xadrez no estacionamento.

Próximas 2: Metrô de Buenos Aires. Aqui umas poltronas confortáveis que há em algumas estações, e a direita anúncio defendendo a Rússia das acusações dos EUA.

Pelo horário e local, certamente eram pessoas do povão, sem estudo.

Provavelmente funcionários da rodoviária, quem sabe até vigias do estacionamento.

Não sei se foi uma cena ao acaso, ou se eles na Argentina curtem muito mais xadrez que no Brasil.

O que sei é isso seria impensável em nosso país. Aqui, o xadrez tem uma aura intelectual, jamais seria praticado num estacionamento.

ÚLTIMAS IMPRESSÕES DA ARGENTINA –

Como a legenda já informou, as últimas 9 tomadas – a partir daquelas noturnas dos teatros – não mostram Mendonça.

E sim 6 de Buenos Aires e 3 de Córdoba.  Achei essas imagens no arquivo, e as publico aqui.

Pedágio na Grande Buenos Aires.

Já vimos a região boêmia da capital com seus teatros, dizendo de novo.

Depois o ‘choripan’, abreviação de ‘chorizo’ + ‘pan’, ou seja, pão-com-linguiça.

Os argentinos adoram essa receita, tanto que já fotografei o ‘choripan’ aqui no Brasil, na praia que eles frequentam em Florianópolis-SC.

Daqui até o final: Córdoba. Assim é servido café na Argentina, com um copo d’água.

A seguir imagens do metrô: aquelas poltronas confortáveis, que alguns aproveitam até pra cochilar nelas.

E depois anúncios de um sítio da Rússia defendendo seu país das acusações de interferência nas eleições dos EUA.

Acima pedágio na estrada na saída da capital. Na Argentina há uma quantia absurda de pedágios.

Sai caro viajar de carro por lá. Bem, nada diferente do Brasil, não é mesmo?

Em pleno século 21??

Vamos pra Córdoba, pra fechar. A direita: sempre que você pede café na Argentina, eles servem junto um copo de água.

Dizem que é pra ‘limpar a garganta’, e você poder sentir melhor o gosto de seu café.

Ao lado: em pleno século 21, encontrei essa balança numa farmácia de Córdoba.

O farmacêutico tem que ir e regular o peso do medidor, pro aparelho poder indicar quanto você está pesando.

Antigamente no Brasil víamos essas balanças nas feiras-livres, mas aqui mesmo nesse modal está extinto.

Pra pesar gente eu nunca havia presenciado, e vocês? Foi como entrar num ‘túnel do tempo’.

2016: 200 anos da Argentina.

Como arremate: estive na Argentina em 2017. Essa vizinha nação ainda comemorava seu bi-centenário de independência.

Numa estrada no interior do estado (‘província’) de Córdoba, o escudo nacional com os dizeres ‘1816-2016’ estava por toda parte.

Que Deus Pai Ilumine a Argentina e também a toda Humanidade.

O Criador permitiu, cumprimos mais essa etapa do Trabalho.

“Deus proverá”.

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.